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PEDIATRIA- RN na sala de parto e Ressuscitação neonatal

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1 FPM VI - PEDIATRIA 
Recepção do RN na 
sala de parto 
INTRODUÇÃO 
o 2,5 milhoes de RN morrem anualmente 
o 7.000 mortes ao dia 
o 47% dos óbitos de crianças < 5 anos de idade em 2018 
o 30-35% das mortes neonatais são por asfixia neonatal 
o No mundo = 1 milhao de óbitos por ano 
MEDIDAS PARA REDUÇÃO DA 
MORTALIDADE 
1. Medidas de prevenção primaria, com melhora da 
saúde materna e reconhecimento de situações de 
risco no pre natal 
2. Tratamento do evento, que consiste na reanimação 
neonatal imediata 
3. Tratamento das complicações do processo de 
asfixia 
AO NASCIMENTO 
o 1 em cada 10 RN necessita de ajuda para iniciar a 
respiração efetiva 
o 1 em cada 100 precisa de intubação traqueal 
o 1 RN em cada 1.000 requer intubação acompanhada de 
massagem cardíaca e/ou medicações 
o A necessidade de procedimentos de reanimação é 
maior quanto menor a IG e/ou peso ao nascer 
o O parto cesárea, mesmo no RN a termo sem fatores de 
risco antenatais para asfixia, também eleva a chance de 
que haja ventilação ao nascer 
FATORES DE RISCO 
FATORES ANTENATAIS 
o Idade < 16 anos ou > 35 anos 
o Diabetes 
o Síndromes hipertensivas 
o Doenças maternas 
o Infecção materna 
o Aloimunização ou anemia fetal 
o Uso de medicações 
o Uso de drogas ilícitas 
o Óbito fetal ou neonatal anterior 
o Ausência de cuidado pre natal 
o Idade gestacional < 39 ou > 41 semanas 
o Gestação múltipla 
o Rotura prematura das membranas 
o Polidrâmnio ou oligodraminio 
o Diminuição da atividade fetal 
o Sangramento no 2° ou 3° trimestre 
o Discrepância de idade gestacional e peso 
o Hidropsia fetal 
o Malformação fetal 
Fatores relacionados ao parto 
o Parto cesario 
o Uso de fórcipe ou extração a vácuo 
o Apresentação não cefálica 
o Trabalho de parto prematuro 
o Parto taquitocito 
o Corioaminionite 
o Rotura de membranas > 18 horas 
o Trabalho de parto > 24 horas 
o Segundo estagio do parto > 2 horas 
 
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o Padrão anormal de frequencia cardíaca fetal 
o Anestesia geral 
o Hipertonia uterina 
o Liquido amniótico meconial 
o Prolapso ou rotura de cordão 
o Nó verdadeiro de cordão 
o Uso de opioides 4 horas anteriores ao parto 
o Descolamento prematuro de placenta 
o Placenta previa 
o Sangramento intraparto significante 
O QUE É NECESSÁRIO? 
o Equipe profissional de saúde treinada 
o Materiais prontos para uso 
o Medicações aspiradas 
o No caso de gemelares → dispor de material e equipe 
próprios para cada criança! 
EQUIPE 
o 1 profissional de saúde capaz de realizar os passos 
iniciais e a ventilação com pressão positiva (VPP) por 
meio de mascara facial esteja presente em todo parto 
o 2-3 profissionais treinados se anamnese com fator de 
risco 
o Pelo menos 1 medico apto a intubar e indicar massagem 
cardíaca e medicações precisa estar presente na sala de 
parto 
o Tal medico deve ser de preferencia pediatra 
 
MATERIAIS 
o Sala de parto e/ou de reanimação com temperatura 
ambiente de 23-26°C 
o Mesa de reanimação com acesso por 3 lados 
o Fontes de ocigenio umidificado e de ar comprimido com 
fluxometro 
o Blender para mistura O2/ar 
o Aspirador a vácuo com manômetro 
o Relógio de parede com ponteiro de segundos 
MATERIAIS PARA MANUTENÇÃO DA 
TEMPERATURA 
• Fonte de calor radiante 
• Termômetro ambiente digital 
• Campo cirúrgico e compressas de algodão estéreis 
• Saco de polietileno de 30x50cm para prematuro 
• Touca de lã ou algodão 
• Colchão térmico químico 25x40cm para prematuro 
<1000g 
• Termômetro clinico digital 
 
MATERIAL PARA AVALIAÇÃO 
o Estetoscópio neonatal 
o Oxímetro de pulso com sensor neonatal 
o Monitor cardíaco de 3 vias com eletrodos 
o Bandagem elástica para fixar o sensor do oxímetro e os 
eletrodos 
MATERIAL PARA ASPIRAÇÃO 
• Sondas 
o Traqueais N° 6, 8, 10 
o Gástricas curtas N° 6 e 8 
• Dispositivos para aspiração de mecônio 
• Seringas de 10ml 
MATERIAL PARA VENTILAÇÃO 
• Reanimador manual neonatal – balão auto 
inflamável com volume máximo de 750ml, 
reservatório de 02 e válvula de escape com limite 
de 30-40cmH20 e/ou manômetros 
• Ventilador mecânico manual neonatal em T com 
circuitos próprios 
• Mascaras redondas com coxim N° 00, 0, 1 
• Mascara laríngea para RN n°1 
MATERIAL PARA IOT 
• Laringoscópio infantil com lamina reta n° 00, 0, 1 
• Cânulas traqueais sem balonete de diâmetro 
interno uniforme 2,5/3/3,5/ 4 mm 
• Material para fixação da canula – fita adesiva e 
algodão com SF 
• Pilhas e lâmpadas sobressalentes para 
laringoscópio 
• Detector colorimétrico de CO2 expirado 
MEDICAÇÕES 
 
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• Adrenalina 1/10.000 em 1 seringa de 5ml para 
administração única endotraqueal 
• Adrenalina 1/10.000 em seringa de 1ml para 
administração endovenosa 
• Expansor de volume – soro fisiológico em 2 seringas 
de 20 ml 
MATERIAL PARA CATETERISMO UMBILICAL 
• Campo fenestrado esterilizado, cadarço de algodão 
e gaze 
• Pinça do tipo Kelly reta de 14cm e cabo de bisturi 
com lamina n° 21 
• Porta agulha de 11cm e fio agulhado mononylon 4.0 
• Cateter umbilical 3,5F, 5F, 8F, PVC ou poliuretano 
• Torneira de 3 vias 
OUTROS 
• Luvas e óculos de proteção individual para os 
profissionais de saúde 
• Gazes esterilizadas e álcool etílico 
• Cabo e lamina de bisturi 
• Tesoura de ponta romba e clampeador de cordão 
umbilical 
 
 
 
 
CLAMPEAMENTO DO CORDAO 
• Quanto maior o tempo de clampeamento do 
cordão maior a transfusão placentária para o RN 
• Benefícios 
o Aumenta o fluxo sanguíneo pulmonar 
o Auxilia na estabilização da pressão arterial 
o Auxilia nas adaptações cardiovasculares ao 
nascimento 
o Aumenta os estoques de ferro – diminui 
anemia 
RECOMENDAÇÃO ATUAL > 34 SEM 
• RN saudável e com boa vitalidade ao nascer 
clampear o cordão no mínimo 60 SEGUNDOS após 
a extração do concepto 
• RN que NÃO começa a respirar logo após o 
nascimento, fazer o estimulo tátil no dorso de modo 
delicado e no máximo 2x 
• As evidencias existentes são insuficientes para 
recomendar a ordenha de cordão em RN com idade 
gestacional > ou igual a 34 sem 
RECOMENDAÇÃO ATUAL < 34 SEM 
• RN < 34 semanas começou a respirar/ chorar e se 
está ativo, indica-se aguardar 30 s ou mais, antes de 
clampear o cordão umbilical 
• RN < 34 semanas que não respira ou se apresenta 
hipotônico ao nascer, antes do clampeamento 
imediato do cordão, fazer o estimulo tátil no dorso 
de modo delicado e no máximo 2x e a seguir levar o 
RN a mesa de reanimação 
CASOS ESPECIAIS 
• Gestantes/ parturientes vivendo com HIV – 
clampeamento tardio do crodao umbilical para as 
gestantes vivendo com HIV e aquelas cujo status 
sorológico para o HIV é desconhecido, não havendo 
aumento no risco de positividade para o RN 
• Mães de RH negativo aloimunizadas – os dados são 
controversos quanto aos riscos aumentados de 
anemia no RN submetido ao clampeamento tardio 
do cordão. Nesses casos deve-se considerar a IG e 
condições ao nascimento, devendo haver consenso 
entre o obstetra e o neonatologista 
 
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PRINCIPAIS PERGUNTAS 
1. Gestação a termo? 
2. Respiração ou choro presente? 
3. Tônus muscular em flexão? 
 
 
 
RN TERMO COM BOA VITALIDADE 
➔ Independentemente do aspecto do liquido amniótico 
o Deve continuar junto de sua mae depois do 
clampeamento do cordão umbilical 
o Prover calor – temperatura da sala 
o RN em contato pele a pele com a mae, coberto 
com tecido de algodão seco e aquecido 
o Secar o corpo e o segmento cefálico com 
compressas aquecidas 
o Manter as vias aéreas pervias 
o Avaliar a sua vitalidade de maneira continuada 
 
GOLDEN HOUR 
• Contato pele a pele por 1h 
• Introdução da amamentação nos primeiros 30min 
• Aumenta liberação de prolactina 
• Diminuiu risco de hemorragia materna 
• Controle térmico do RN 
• Aumenta vinculo RN – mãe 
• Diminui mortalidade do RN 
REANIMAÇÃONO RN MAIOR OU IGUAL A 34 
SEM 
• Conduzir o RN a mesa de reanimação se: 
o IG diferente do termo – erro de data 
o RN que não inicia movimentos respiratórios 
regulares 
o Tônus muscular esta flácido 
PASSOS INICIAIS DA REANIMAÇÃO 
• Prover calor – campos aquecidos/ berço aquecido 
• Posicionar a cabeça em leve extensão 
• Aspirar boca e narinas se necessário 
• Secar – desprezar campos úmidos 
• Execução em no máximo 30 segundos 
 
 
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ASPIRAÇÃO – SE NECESSÁRIO 
• Sonda traqueal n°8-10 conectada ao aspirador a 
vácuo sob pressão máxima de 100mmHg 
• Evitar a introdução da sonda de aspiração de 
maneira brusca ou na faringe posterior, pois pode 
induzir a resposta vagal e ao espasmo laríngeo → 
apneia e bradicardia 
• Se o liquido meconial – sonda de aspiração traqueal 
n°10 
 
FREQUENCIA CARDIACA 
• Palpação do cordão umbilical 
• Ausculta do precordio com estetoscópio (6s x 10) 
• Detecção do sinal de pulso pela oximetria 
• Atividade elétrica do coração pelo monitor cardíaco 
• Se FC for < 100bpm ou o RN não apresenta 
movimentos respiratórios regulares 
o Enquanto um profissional de saúde inicia 
VPP (antes 60s) 
 
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o Outro fixa (bandagem elástica) os três 
eletrodos no monitor cardíaco e o sensor 
do oxímetro 
o Um eletrodo em cada braço próximo ao 
ombro e o terceiro eletrodo na face 
anterior da coxa 
o VPP por 30s 
ASPIRAÇÃO COM LIQUIDO MECONIAL 
• Após 30s de VPP → sem melhora 
• Pensar em obstrução de vias aéreas 
• Aspiração da hipofaringe e da traqueia sob 
visualização direta 
• Canula traqueal conectada a um dispositivo para 
aspiração de mecônio e ao aspirador a vácuo com 
uma pressão máxima de 100mgHg 
• Uma única vez 
 
VENTILAÇÃO COM PRESSÃO POSITIVA 
• Ciclos de 30s 
• Iniciar com ar ambiente 
• Verificar e corrigir a técnica da ventilação 
• Aumentar a concentração de o2 para 40% → 60% 
... 95% 
• Reduzir assim que estabilidade do RN 
• Ambu = aperta/solta/solta 
• Ventilador mecânico manual em T – 
oclui/solta/solta 
AMBU – BALÃO AUTOINFLAVEL 
• Barato e obrigatório em toda sala de parto 
• A pressão inspiratória máxima é variável e limitada 
pela válvula de escape que deve estar ativada em 
30-40cm H20 – barotrauma 
• Concentração de 02 21% em ar ambiente 
• 90-100% se conectado ao 02 a 5lmin e ao 
reservatório 
VENTILADOR MECÂNICO MANUAL EM T 
• Controlado a fluxo e limitado a pressão 
• Fonte de gas comprimido 
• Concentração de 02 pode ser titulada – Blender 
• Pressão inspiratória e PEEP constantes e ajustáveis 
de acordo com a resposta clínica do RN 
• CPAP nos pacientes que respiram 
espontaneamente 
• Interface – mascara facial, mascara laríngea ou 
canula traqueal 
MASCARA FACIAL 
• Material maleável transparente ou 
semitransparente 
• Borda acolchoada 
• Três tamanhos – para o RN a termo, para o 
prematuro e para o prematuro extremo 
• Cubir a ponta do queixo, a boca e o nariz 
• Envolve a borda da mascara com os dedos indicador 
e polegar formando a letra C 
• Leve pressão na borda 
• Os dedos médio, anular e mínimo formam a letra E 
• 40-60 movimentos /minuto 
• Após 30 segundos 
o RN mantém FC<100 bpm ou não retoma a 
respiração regular 
o Conduta: 
▪ Corrigir a técnica 
▪ Oferecer oxigênio suplementar 
▪ IOT 
CÂNULAS TRAQUEAIS 
• Sem balão 
• 34-38 semanas e peso de 2000-3000g: 3,5mm 
• > 38 semanas ou > 3000g: 3,5-4mm 
• Deixar sempre a disposição uma canula de diâmetro 
superior e outra inferior aquela escolhida 
• Cada tentativa no máximo 30s, depois VPP 
 
FIXAÇÃO DA CANULA 
 
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PESO ESTIMADO RN (KG) + 6 
 
APÓS 30 SEGUNDOS DE USO DA CÂNULA: 
• Avaliar respiração, FC, SatO2 
• Se o RN apresenta FC >100bpm movimentos 
respiratórios espontâneos e regulares 
• RN extubado 
• Titular a oferta de o2 suplementar de acordo com a 
SatO2 
• Porém... se após 30s persiste em falha: 
o Checar técnica e tubo 
o Aumentar oxigênio 
o RN mantem apneia ou respiração irregular, 
continuar a ventilação por cânula traqueal 
o Se a FC está <60bpm = MASSAGEM 
CARDIACA 
MASSAGEM CARDÍACA 
• Só é indicada se após 30s de VPP com técnica 
adequada se a FC estiver <60bpm 
o Terço inferior do esterno 
o Duas técnicas – 2 polegares ou a com os 
dois dedos 
o Relação de 3:1 (massagem/ ventilação) 
o O2 de 100% 
o Ciclos de 60s enquanto FC<60bpm 
 
 
MEDICAÇÕES 
• Via endovenosa – cateter umbilical 1-2cm 
introduzido 
• Via endotraqueal 1x 
• Via intraossea 
Medicações: 
• Adrenalina 3-5min 
• Soro fisiológico 
 
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PECULIARIDADES <34SEM 
• Sempre ser conduzidos a mesa de reanimação após 
o clampeamento do cordão 
• Depois de posicionar o paciente sob fonte de calor 
radiante sem seca-lo introduzir o corpo, exceto a 
face dentro do saco plástico 
• Dupla touca – plástica e de algodão ou lã 
 
RESUMO 
1. RNPT com FC>100 bpm, respiração regular, sem 
desconforto respiratório e Sato2 adequada 
a. Conduta = UTI NEONATAL 
2. RNPT com FC>100 bpm e desconforto respiratório 
ou Sat02 baixa 
a. Conduta = CPAP 
3. RNPT em apneia e/ou respiração irregular e/ou 
bradicardia 
a. Conduta = VPP 
 
➔ Ambu não é ideal, preferencia pelo ventilador manual 
em T 
➔ Se IOT – peso estimado (kg) + 6 
 
(procurar imagem melhor) 
TRANSPORTE A UTI NEO 
• Contra indicado com FC <100bpm 
• Incubadora de transporte de dupla parede 
• Coxim sob as espaduas – pescoço em leve extensão 
• Travesseiro com orifício central para o encaixe da 
região occipital do paciente – diminuir 
movimentação da cabeça 
• CPAP/ ventilação manual 
 
ASPECTOS ÉTICOS 
• RN com <22 semanas de gestação são muito 
imaturos para sobreviver com a tecnologia atual 
• 22-24 semanas – zona cinzenta 
• > 25 semanas: boa evolução 
• Doenças/malformações graves 
• 20min para interromper esforços de ressuscitação 
para SBP e AHA 
• Presença da família 
 
 
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