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1 GINECOLOGIA 11 Marina Prietto HPV E CÂNCER DE COLO DE ÚTERO INTRODUÇÃO: Papiloma Vírus Humano (HPV) é um vírus de DNA dupla hélice simples, que infecta principalmente as células do epitélio escamoso; É a etiologia mais comum do câncer de colo de útero (quase que obrigatória); Prevalência é muito alta (quase que metade dos adultos jovens pode ter contato pelo HPV) Entretanto a capacidade de eliminação espontânea pelo sistema imune é bastante elevada. Aos que não conseguem, o vírus é persistente e torna-se um possível transmissor pelo contato sexual O HPV está relacionado principalmente com o câncer de colo uterino, mas também de vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca; e a infecção por esse vírus é extremamente prevalente. (responsável por cerca de 5% de todos os cânceres); Existem mais de 100 subtipos, dentre eles: Oncogênicos: 16, 18, 31, 33 e 35; Não oncogênicos: 6 e 11 – são mais benignos (aparecimento das verrugas – condiloma acuminado –) LESÕES CERVICAIS: Colo do útero é diferenciado em 2 epitélios: ENDOCÉRVICE (recobre o canal cervical): Epitélio glandular colunar; ECTOCÉRVICE (recobre a parte mais externa do canal): Epitélio escamoso estratificado; Esses dois epitélios encontram-se na JEC (junção escamo colunar) É importante lembrar a existência de uma parte de: METAPLASIA: é a região de transformação entre o epitélio glandular em escamoso; Essa zona de transformação é a região mais vulnerável à ação do HPV COLPOCOSPIA: Ele atua como uma lente de aumento para avaliar todo o colo do útero e a zona de transição; 2 GINECOLOGIA 11 Marina Prietto Utiliza-se como corante na colposcopia o: Ácido Acético; ▪ Ele vai corar, principalmente as proteínas intracelulares; ▪ Células alteradas (aquelas que estão infectadas pelo HPV, vão ter muita atividade celular dentro e com isso vão corar após a aplicação do ácido acético); ▪ Áreas acetorreagentes – fica branco; (zonas de transição anormais) Lugol ▪ Ele vai corar o glicogênio celular; ▪ Células alteradas, vai ser chamada de: Iodo negativo / Schiller positivo; ▪ A apresentação normal de uma célula com glicogênio é uma cor amarronzada. ▪ Nas células infectadas pelo HPV, haverá uma redução na produção de glicogênio, apresentando uma coloração mais amarelada (mais pálida) RESUMINDO A COLPOSCOPIA: “If it is WHITE, take a BITE” (biopsia) Além da infecção pelo HPV de alto risco, outras condições aumentam o risco para o desenvolvimento de lesões pré-neoplásicas e de carcinoma invasor do colo uterino: I. Tabagismo; II. Iniciação sexual precoce; III. Multiplicidade de parceiros sexuais; 3 GINECOLOGIA 11 Marina Prietto IMPORTANTE: O HPV (papilomavirus humano) é responsável por 90% dos cânceres da região anorretal. Porque, nas mulheres a contaminação também ocorre pela passagem do vírus através da vagina para a região anorretal que tem epitélio semelhante. VACINAÇÃO: − É considerada um tipo de prevenção primária; − As vacinas anti-HPV são compostas pelo capsídeo viral, a proteína L1 do HPV que não tem poder infectante. − Uma vez administrada, a vacina gera uma resposta imunogênica com grande produção de anticorpos circulantes no sangue periférico, que se mantém elevados durante anos − A resposta imune produzida pelas vacinas é mais intensa e consistente que as encontradas nas infecções naturais; − A vacina atualmente é do tipo tetravalente: fornecendo proteção contra os 4 principais tipos de vírus ( 6 e 11 – não oncogênicos – o 16 e 18 – oncogênicos – ) População alvo: Meninas; De 9 a 14 anos; 2 doses (0 e depois de 6 meses) Meninos; De 11 a 14 anos; 2 doses (0 e depois de 6 meses) Não indica a bivalente para esse grupo; Mulheres HIV + De 9 a 26 anos; 3 doses (0, 2 e 6 meses) Pacientes oncológicos (que estão fazendo uso ou de QT ou RT) ou são transplantados: Fazem o uso de 3 doses (0, 2 e 6 meses) Gestantes: não devem ser vacinadas! PAPANICOLAU: Também chamado de: preventivo, exame citopatológico do colo do útero ou colpocitologia oncótica; Importância do exame: prevenção secundária (referente ao diagnóstico e tratamento precoce) Rastreamento de lesões precursoras pré malignas: assintomáticas e curáveis; essas lesões podem ter uma progressão para o câncer em média de 8 a 10 anos; Indicado para: ▪ Mulheres que já tiverem relação sexual; ▪ Idade: dos 25 aos 64 anos Após os 64 anos pode abdicar do exame, DESDE QUE: Tenham pelo menos 2 exames normais nos últimos 5 anos e não tenham nenhum histórico de doença invasora pré-maligna de câncer de colo de útero. Frequência: Após 2 exames normais e anuais consecutivos, pode ser feito de 3 em 3 anos; Como colher? ▪ É necessário apresentar uma amostra ectocervical e uma endocervical; ▪ Utiliza-se a escova endocervical e a espátula de Ayre (para a ectocévice) 4 GINECOLOGIA 11 Marina Prietto Adequabilidade da amostra: ▪ É necessário ter a presença de uma amostra de células: escamosas, glandulares e metaplasicas (nas zonas de transição); Situações especiais: ▪ Em gestantes o exame é feito sem nenhum tipo de alteração; ▪ Em mulheres na pós menopausa é feito e indicado normalmente, entretanto é comum ocorrer uma atrofia em decorrência do hipoestrogenismo; ▪ Histerectomizadas: O ideal é parar o rastreamento desde que a histerectomia tenha sido total (onde retira-se o útero e o colo do útero) e não tenha tido nenhuma lesão maligna prévia. ▪ Imunossuprimidas (transplantes, HIV, corticoides, câncer): nesses pacientes é realizado semestral no primeiro ano e se normal, realizar anualmente; OBS: Se HIV + com CD4 < 200 células: indicação é sempre semestral até a correção do CD4; IMPORTANTE DIFERENCIAR ENTRE A HISTOLOGIA E A CITOLOGIA. A histologia é após uma biópsia e irá analisar o padrão do tecido; A citologia é um achado do Papanicolau, que irá avaliar células isoladas; Classificação em “NIC” 1, 2 e 3: ▪ É diferenciação e maturação da camada basal do epitélio escamoso e vão subindo conforme essa progressão, é graduado o nível: NIC 1 2 ou 3 ▪ É POSSIVEL visualizar a diferença da relação núcleo / citoplasma bem evidente conforme a progressão; ALTERAÇÕES NO EXAME PAPANICOLAU: ASC-US: Células escamosas (ectocervices) atípicas de significados indeterminados provavelmente não neoplásicas (ATIPIA CITOLÓGICA MAIS COMUM) Conduta altera conforme a idade MAIOR que 30 anos = repetir em 6 meses; Entre 25 e 29 anos = repetir em 12 meses MENOR que 25 anos repetir em 3 anos. SE, imunossuprimidas ou HIV positivas: indica direto a colposcopia 5 GINECOLOGIA 11 Marina Prietto ASC - H: É uma célula escamosa atípica quando não pode afastar lesões de alto grau (o que difere da ASCUS) Indica-se a colposcopia direta; AGS: Células glandulares atípicas de significado indeterminado (não pode afastar lesões de alto grau) Indica-se a colposcopia direta; SE, maior que 35 anos ou se apresentar um sangramento uterino anormal: associar com uma USG Transvaginal; Lesão de baixo grau (LSIL): É uma manifestação citológica da infecção pelo HPV (2º atipia citológica mais comum) q possui uma grande possibilidade de regressão: NIC 1 Conduta altera conforme a idade MAIOR que 25 anos = repetir em 6 meses; MENOR que 25 anos repetir em 3 anos. SE, imunossuprimidas ou HIV positivas: indica direto a colposcopia. SE gestante: repetir em 3 meses no pós parto; Lesão de alto grau (HSIL): Risco para progressão para o câncer – NIC2 ou NIC 3; Indica-se a colposcopia direta; SE achados anormais: Está autorizado realizar o ver e tratar (ressecção da lesão se encontrar);Menor que 25 anos e gestante (realiza apenas uma biópisa) 6 GINECOLOGIA 11 Marina Prietto ESTADIAMENTO DO CANCER DE COLO UTERINO: Tipos histológicos: 80% Carcinoma Escamoso invasor (CEC); 20% Adenocarcinoma in situ O estadiamento é clínico, entretanto atualmente a FIGO tem associado: exame físico + imagem; Estadiamento clínico: Via toque retal e vaginal Intuito de analisar se a lesão é restrita ao colo do útero e se ela tem menos que 4 cm; SE SIM = É operável; SE NÃO = não é operável; Estadiamento pela imagem: A nova atualização da FIGO tem lançado mão do exame de imagem para que seja possível a avaliação dos linfonodos para aórticos e pélvico; Uso da RM ou TC; ESTADIAMENTO PELA FIGO 2018: ESTADIO 1 A = Carcinoma restrito ao colo uterino; 1 A1 = Menor que 3mm de invasão 1 A2 = De 3 a 5mm de invasão ESTADIO 1 B = Tumor clinicamente visível restrito ao colo uterino; 1 B1 = De 5mm até 2 cm de invasão 1 B2= De 2 até 4 cm de invasão 1 B3 = Maior que 4cm de invasão; ESTADIO 2 = Passa o colo uterino e invade o útero, mas não o 1/3 inferior da vagina; 2 A = Não acomete o paramétrio; 2 A1 = É um tumor que já pega o 2/3 superior da vagina, mas é menor que 4cm 2 A2 = É um tumor igual ao 2 A1, só que MAIOR que 4cm. 2 B = Acomete paramétrio (ou seja, começa a se tornar um tumor não operável) ESTADIO 3 = Esse tumor chega ao 1/3 inferior da vagina, pode acometer parede pélvica, hidronefrose ou linfonodo; 3 A = Se atingir o terço inferior da vagina; 3 B = atinge a parede pélvica ou gera hidronefrose; 3 C = Acomete linfonodos; 3 C1 = Linfonodo pélvico 3C2 = Linfonodo para aórtico; ESTADIO 4 4 A = Extensão para bexiga ou reto; 4 B = Metástase a distância; 7 GINECOLOGIA 11 Marina Prietto TRATAMENTO: 1 A1 = Preferencialmente a histerectomia simples (ou tipo I ou extrafascial) ou a conização; Se desejo de engravidar = Conização; Sem desejo de engravidar = Histeroscopia tipo I 1 A2 = Histerectomia radical + linfadectomia pélvica Se desejo de engravidar = traquelectomia radical + linfadectomia pélvica Sem desejo de engravidar = Histerectomia radical TIPO II + linfadectomia pélvica 1 B = Histerectomia radical + linfadectomia pélvica Se desejo de engravidar = traquelectomia radical + linfadectomia pélvica Sem desejo de engravidar = Histerectomia radical TIPO III (Cirurgia de Wertheim-Meigs) + linfadectomia pélvica 2 A1 = Histerectomia radical TIPO III (Cirurgia de Wertheim-Meigs) + linfadectomia pélvica e aórtica OU Quimioterapia 2 A2 = Histerectomia radical TIPO III (Cirurgia de Wertheim-Meigs) + linfadectomia pélvica e aórtica OU Quimioterapia 2 B = Quimioterapia + Radioterapia 3 A = Quimioterapia + Radioterapia 3 B = Quimioterapia + Radioterapia 4 A = Quimioterapia + Radioterapia 4 B = Quimioterapia + Radioterapia paliativa