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FERROGRAFIA LUBRIN - LUBRIFICAÇÃO INDUSTRIAL LTDA. AV. IRERÊ, 1806 - PLANALTO PAULISTA 04064-004 - SÃO PAULO - SP FONE: (011) 5585.1039 FAX: (011) 5584.0652 1 ÍNDICE ITEM ASSUNTO PÁG. 1 - INTRODUÇÃO 01 2 - A ORIGEM 01 3 - A TÉCNICA 01 4 - FERRÓGRAFO ANALÍTICO 02 5 - PARTÍCULAS PRESENTES NA AMOSTRA 05 5.1 - PARTÍCULAS FERROSAS GERADAS POR DESGASTE 05 5.1.1 - ESFOLIAÇÃO E AMACIAMENTO 06 5.1.2 - ABRASÃO 07 5.1.3 - FADIGA DE ROLAMENTO 09 5.1.4 - DESGASTE SEVERO POR DESLIZAMENTO 11 5.2 - PARTÍCULAS METÁLICAS NÃO FERROSAS 13 5.2.1 - METAIS BRANCOS 13 5.2.2 - LIGAS DE COBRE 15 5.2.3 - METAL PATENTE 16 5.3 - ÓXIDOS DE FERRO 19 5.3.1 - ÓXIDOS VERMELHOS 19 5.3.2 - ÓXIDOS ESCUROS 21 5.4 - PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO DO LUBRIFICANTE 24 5.4.1 - DESGASTE CORROSIVO 24 5.4.2 - POLÍMEROS DE FRICÇÃO 26 5.5 - CONTAMINANTES 29 5.5.1 - CONTAMINANTES EM ÓLEOS NOVOS 29 5.5.2 - CONTAMINANTES EM GRAXAS NOVAS 30 5.5.3 - MATERIAIS DE FILTROS 32 5.5.4 - FLOCOS DE CARVÃO 34 5.5.5 - BISSULFETO DE MOLIBDENIO 34 2 ÍNDICE ITEM ASSUNTO PÁG. 6 - DIAGNÓSTICOS DE FERROGRAFIA 37 6.1 - OBSERVAÇÃO ÓTICA DE FERROGRAMAS 37 6.2 - LEITURAS DE FERROGRAMAS 39 6.2.1 - FERROGRAMA ANALÍTICO 39 7 - QUANTIFICANDO A SITUAÇÃO DE DESGASTE 50 7.1 - AQUECIMENTO DE FERROGRAMA 42 8 - MANUTENÇÃO PREDITIVA POR FERROGRAFIA 45 9 - “WEAR CHECK” POR FERROGRAFIA 46 10 - AMOSTRAGEM 50 10.1 - OBTENDO UMA AMOSTRA REPRESENTATIVA 50 10.1.1 - COMPORTAMENTO DAS PARTÍCULAS NUMA MÁQUINA 50 EQUILÍBRIO DINÂMICO 10.2 - TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM 58 10.3 - AMOSTRAGEM PELA TUBULAÇÃO 59 10.4 - AMOSTRAGEM DE RESERVATÓRIO 60 10.5 - FRASCOS DE AMOSTRAGEM 62 11 - FREQÜÊNCIA DE AMOSTRAGEM 63 12 - PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS 64 12.1 - DILUIÇÃO DE AMOSTRAS 65 LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 1 1 - INTRODUÇÃO A Ferrografia é uma técnica que permite uma avaliação das condições de desgaste dos componentes de uma máquina. Através de processos específicos, descritos mais adiante, possibilita a separação, classificação, medição e visualização das partículas existentes em uma amostra de lubrificante. É empregada na análise de falhas, na avaliação rápida do desempenho de lubrificantes e também como uma técnica e manutenção preditiva. 2 - A ORIGEM Foi idealizado em 1971, por Vernon C. Westcott, um tribologista de Massaschussets, Estados Unidos. Nos anos subsequentes, contou com a colaboração de Roderic Bowen e patrocínio da Naval Air Engeneering Center. O suporte técnico para pesquisas foram proporcionados por empresas e entidades como: FOXBORO, COLORADO INTERSTATE GAS COMPANY, CORPUS CHRISTI ARMY, DEPOT, MIT, DOW CHEMICAL COMPANY, SOLVAY AND CIE S/A e EASTERN AIRLINES. 3 - A TÉCNICA O desenvolvimento da técnica foi baseada nas seguintes premissas: • Todas as máquinas se desgastam. • O desgaste gera partículas. • O tamanho e a quantidade das partículas geradas indicam o grau de severidade. • O formato, o estado das superfícies e a cor das partículas geradas, indicam o tipo de desgaste e apontam possíveis causas. • A maior parte das partículas geradas é constituída de ligas de ferro, que são magnéticas. • Desde que a velocidade de fluxo seja baixa o suficiente, a maioria das partículas suspensas no óleo (desgaste, contaminação, etc.), se decantam. Baseado nessas premissas, Westcott inventou um instrumento para a separação das partículas. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 2 Simplificando, ele se constitui de uma lâmina de vidro inclinada, onde o óleo flui a uma velocidade baixa entre duas barreiras que determinam um caminho de escoamento. Embaixo desta lâmina foi colocado um imã poderoso. Desta forma, as partículas suspensas presentes na amostra de lubrificantes, se depositam na lâmina, conforme segue: Em função de seu tamanho (volume), as partículas ferromagnéticas grandes se depositam preferencialmente na entrada do ferrograma, onde o fluxo de óleo se inicia; sucessivamente o tamanho das partículas vai diminuindo, até que, na saída do ferrograma, se concentram as partículas ferromagnéticas com o tamanho da ordem de submícrom. Esta distribuição de partículas, conforme tamanho, já tinha sido pesquisada por Westcott e Bowen e concluído ser de extrema valia na análise de tendência da severidade do desgaste. Todas as demais tipos de partículas, como metais não ferromagnéticos (ligas de cobre, alumínio, etc.), contaminantes, óxidos, produtos de oxidação do lubrificante, se depositam por gravidade e aleatoriamente, ao longo da lâmina. 4 - FERRÓGRAFO ANALÍTICO Tem a função de preparar a lâmina onde ficam depositadas as partículas suspensas existentes na amostra de lubrificante. Esta lâmina, depois de pronta, é chamada de FERROGRAMA. O esquema básico do ferrógrafo Analítico é mostrado na figura 1. Fig. 1 - Ferrógrafo Analítico LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 3 A lâmina de vidro que recebe o fluxo de amostra do lubrificante apoia-se, ligeiramente inclinada, sobre um imã de forte campo magnético. Esta inclinação mantém o fluxo na direção desejada e melhora a eficiência da separação, pois cria um gradiente magnético positivo no sentido descendente, facilitando a deposição das partículas menores. Como o fluxo do lubrificante deve ser lento e independente da viscosidade, uma bomba peristáltica é utilizada para efetuar seu bombeamento. Quando todo o lubrificante colocado no tubo de ensaio tiver passado pela lâmina, a mesma é lavada com solvente para eliminar o óleo e melhorar sua transparência. As partículas permanecem na lâmina devido às forças de Van Der Valls. Nos ferrógrafos atuais, a vazão é de 0,3 ml por minuto e o campo magnético de 3000 gauss. As partículas de liga de ferro se depositam na lâmina, formando fileiras e seguindo as linhas de força do campo magnético, as maiores na entrada do ferrograma e as menores, daí para baixo. O campo magnético e a velocidade do fluxo são tais que as partículas maiores do que 5 mícrons se depositam na entrada do ferrograma e as menores do que estas, em sua maioria com 1 a 5 mícrons, depositam-se 6 milímetros abaixo. Estas posições são de suma importância, pois são consideradas como severas as partículas de desgaste à partir de 15 mícrons e como normais, as de desgaste em torno de 1 a 5 mícrons. O aspecto de um ferrograma típico é mostrado na figura 2. Fig. 2 - Ferrograma típico LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 4 A observação visual das partículas do ferrograma é feita através do Ferroscópio, que nada mais é que um microscópio metalográfico e biológico fundido em um único aparelho. Os recursos de luz transmitida e refratada, a magnificência das partículas através de vários aumentos, a utilização de lentes coloridas e polarizadas, são recursos disponíveis para a melhor visualização e estudo de cada partícula presente. As figuras 3 e 4 mostram o desenho de um Ferrógrafo Analítico e um Ferroscópio, respectivamente: O Analista de ferrografia, de posse das informações obtidas no ferrograma, tais como morfologia, cor das partículas, classificação por tamanhos, sua distribuição e concentração, aliada a sua grande experiência em manutenção e modos de operação de cada tipo de máquina em seus ambientes específicos, monta um cenário onde as possíveis causas das falhas são analisadas, identificadas e definidas. É importante observar que o processo é visual, o que torna a técnica confiável. Esta vantagem pode ser ofuscada por uma coleta de amostra mal feita, pois variações na forma de coleta podem introduzir na amostra, contaminações que poderão gerar informações que levarão a diagnósticos equivocados. Especial atenção devem ser tomadasquanto aos procedimentos de amostragens (ver item amostragem). Fig. 3 - Ferrógrafo Analítico Fig. 4 - Ferroscópio LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 5 5 - PARTÍCULAS PRESENTES NA AMOSTRA As partículas presentes na amostra de lubrificante pode ser classificadas em: 5.1 - Partículas ferrosas geradas por desgaste 5.1.1 - Esfoliação e Amaciamento 5.1.2 - Abrasão 5.1.3 - Fadiga de Rolamento 5.1.4 - Severo por deslizamento 5.2 - Partículas metálicas não ferrosas geradas por desgaste 5.2.1 - Metais brancos (alumínio, magnésio) 5.2.2 - Ligas de cobre (latão, bronze) 5.2.3 - Ligas de metais patentes (estanho, chumbo) 5.3 - Óxidos de ferro 5.3.1 - Óxidos vermelhos (ferrugem) 5.3.2 - Óxidos escuros (metais oxidados) 5.4 - Produtos de degradação do lubrificante 5.4.1 - Corrosão (ataque ácido) 5.4.2 - Polímeros de fricção (gel, borras, vernizes, oxidação do lubrificante) 5.5 - Contaminantes 5.5.1 - Contaminantes em óleos novos 5.5.2 - Contaminantes em graxas novas 5.5.3 - Materiais de Filtros 5.5.4 - Flocos de Carbono 5.5.5 - Bissulfeto de Molibdênio 5.1 - PARTÍCULAS FERROSAS GERADAS POR DESGASTE São partículas predominantes em grande maioria das amostras. Trata-se do metal base mais utilizado nas máquinas. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 6 Como é ferromagnético, eles se apresentam enfileirados, conforme linhas de força magnética e são normalmente muito fáceis de serem identificados. Após o aquecimento a + de 300ºC, se mostra na cor azul, se for aço de baixa liga e na cor palha, se for aço de média liga. 5.1.1 -ESFOLIAÇÃO E AMACIAMENTO Os desgastes por esfoliação são gerados em condições normais de operação de uma máquina. São partículas com formato de escamas finas e largas, de aspecto liso e formas arredondadas. Geralmente o tamanho fica entre 0,5 e 5 mícrons, chegando em alguns casos a 15 mícrons. São conhecidas como partículas de desgaste normais; enquanto este modo de desgaste permanecer, há uma garantia de que nenhum mal súbito deva ocorrer na máquina. O excesso de partículas de esfoliação ou normal, indicam envelhecimento acelerado do equipamento, podendo ser corrigido com a utilização de lubrificantes de alto desempenho. Na fase inicial de operação de uma máquina, ocorre sempre um amaciamento, decorrente da acomodação das superfícies. Irregularidades superficiais, devido a marcas de usinagem, eventuais defeitos materiais, levam a este tipo de desgaste. São geradas grandes quantidades de partículas prismáticas, típicas de usinagem, cizalhadas em movimento de deslizamento, que ficam no óleo lubrificante. Em movimentos de rolamento, estas irregularidades provocam arrancamento de material por fadiga, formando pequenos “pittings” nas superfícies. Estas partículas devem ser removidas através de “flushing” após 30 dias de operação da máquina, sob o risco delas gerarem outros tipos de desgaste, cada vez piores. A utilização de lubrificantes de alto desempenho, que não sacrifica a superfície, é altamente desejável para esta fase de amaciamento. A figura 5 e 6 mostram as fotos de desgaste normal e amaciamento, respectivamente: LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 7 5.1.2 - ABRASÃO É o desgaste resultante da penetração de uma superfície em outra, num trabalho semelhante ao executado por um torno; o resultado são partículas finas e compridas. Identificamos dois tipos de desgaste por abrasão: 5.1.2.1 - Abrasão a dois corpos É o caso típico de um desalinhamento, onde um canto vivo de uma superfície toca a outra, gerando uma partícula fina, comprida e geralmente reta. Fig. 5 - Desgaste normal, após aquecimento a 330ºC Fig. 6 - Desgaste amaciamento LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 8 Estas partículas deixam de ser geradas conforme as interferências, vão sendo eliminadas pelo próprio desgaste. Podem chegar de 25 a 100 mícrons de comprimento. 5.1.2.2 - Abrasão a três corpos É o caso típico da contaminação por areia abrasiva. As partículas de areia menores que a folga “passam direto” sem provocar nenhum dano; as maiores “não passam” e também não provocam dano. Os piores são areias do “tamanho das folgas”, que entram “rasgando”. As partículas de areia se engasta em uma das superfícies e começa a usinar a outra, gerando partículas finas, compridas e encaracoladas. O tamanho médio é de aproximadamente 50 mícrons. A solução é eliminar, ou pelo menos diminuir a entrada dos contaminantes; dependendo do caso, filtrar constantemente o óleo ou instalar um sistema de filtragem adequado. As figuras 7 e 8 mostram partículas de Abrasão à três corpos e a dois corpos, respectivamente: Fig. 7 - Abrasão a dois corpos. Canto superior direito Fig. 8 - Abrasão a três corpos LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 9 5.1.3 -FADIGA DE ROLAMENTO É típico de mancais de rolamentos, embora possa ocorrer também na região da linha primitiva de um dente de engrenagem. Três tipos de partículas diferentes são associadas com a fadiga de rolamento. • partículas esféricas • partículas de fadiga (NACO) • partículas laminares Quando um processo de fadiga ocorre, a superfície do metal é trabalhada intensamente com carga alternada. A superfície começa a apresentar micro trincas de fadiga. No interior da micro trinca, pequenas lascas de material se desprendem. Conforme o processo prossegue, a interface da micro trinca se movimenta uma em contato com a outra, num movimento circular (movimento semelhante que se faz com as mãos, quando queremos produzir uma esfera de uma massa qualquer), pouco a pouco, as lascas tomam o formato esférico e são expulsas das micro trincas, em quantidades que chegam a milhões de partículas, em geral entre 1 a 5 mícrons. Com o prosseguimento do trabalho, as micro trincas avançam e se propagam, voltando novamente para a superfície, ocasião em que pedaços de material se desprendem da superfície, deixando em seu lugar, uma cavidade conhecida como “pitting”. Isto significa que o aparecimento de esferas de fadiga antecipam o aparecimento de “pitting” e de partículas de fadiga, em pistas de rolamentos ou dentes de engrenagens. Estas partículas de fadiga podem atingir o tamanho de 100 mícrons, durante o período de micro falhas, perto da falha catastrófica, atinge tamanhos bem maiores. No início do aparecimento dos “pittings” é normal a presença de grandes quantidades de partículas de fadiga, em torno de 10 mícrons ou mais. São partículas de formato plano, com relação espessura-comprimento de 1:10, a superfície é lisa e as bordas são irregulares. É importante observar que em alguns casos onde a carga no rolamento é muito alta ou em sistemas limpos, as partículas de fadiga podem ocorrer sem a presença de esferas. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 10 A presença de esferas não significa necessariamente existência de fadiga; a erosão por cavitação, processos de soldagem, retificas e fundição também geram esferas. Fadiga por rolamentos geram poucas partículas esféricas acima de 3 mícrons, enquanto outros processos geram, freqüentemente, partículas acima de 10 mícrons. Os lubrificantes fornecidos pelos fabricantes freqüentemente contém partículas metálicas, incluindo esferas e outras partículas contaminantes. Portanto, devemos tomar cuidado para não confundirmos as esferas contaminantes com aquelas geradas por fadiga. As partículas laminares são muito finas, com tamanho entre 20 a 50 mícrons, com relação-espessura de 1:30. Acredita-se que as partículas laminares são formadas pela passagem de partículas de fadiga entre as superfícies em rolamento. As partículas laminares são geradas durante toda a vida do elemento, aumentando sensivelmente quando as partículas de fadiga começam aser geradas. Consequentemente quando a taxa de geração de partículas laminares aumenta, é sinal de que problemas de contato em superfícies de rolamentos estão ocorrendo. Dependendo da carga (alta) e velocidade (baixa), as engrenagens podem gerar partículas de fadiga e laminares de dimensões muito maiores do que as citadas, podendo chegar a valores muito acima de 100 mícrons. Nas engrenagens, o volume e a quantidade de partículas são muito maiores que nos mancais de rolamentos. As figuras 9, 10 e 11, mostram respectivamente, as partículas esféricas, de fadiga e laminares. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 11 5.1.4 -DESGASTE SEVERO POR DESLIZAMENTO É o tipo de desgaste que ocorre normalmente entre duas superfícies que deslizam uma com relação à outra. Quando geradas em condições não muito severas, podem ser confundidas com partículas de desgaste normal, em tamanho, porém a diferença fundamental é que as superfícies são rugosas e o formato é irregular, muitas vezes apresentando farpas. Fig. 9 - Partículas Esféricas com média em torno de 2 microns Fig. 11 - Partículas Laminares finas e largas. Superfície lisa. Fig. 10 - Partículas de Fadiga por Rolamento. Superfícies lisas e bordas irregulares. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 12 Conforme a carga aumenta ou a velocidade diminui, o atrito de deslizamento se torna muito severo; o lubrificante não suporta mais aquela carga e o contato metálico acontece, quando intenso calor, ocorrendo muitas vezes a oxidação em algumas partículas que se tornam escuras. O surgimento de algumas partículas de cor palha ou azul indica temperaturas acima de 300ºC; são partículas de aço de média liga ou baixa liga, geradas em presença de temperatura. As partículas geradas em condições severas de deslizamento só diferenciam daquelas geradas em condições mais leves, devido seu tamanho, que são maiores do que 15 mícrons. Muitas destas partículas apresentam superfícies arranhas, com estrias retas e bordas irregulares e farpadas. Quando o aumento da carga é gradual, aparecem primeiro as partículas de esfoliação, que vão aumentando de tamanho, seguido das partículas de deslizamento, leve e severo. Uma vez iniciada, a quantidade de partículas geradas é muito alta. Este tipo de desgaste ocorre em todas as máquinas onde existe deslizamento entre superfícies, sendo mais comum o contato existente entre dois dentes de uma engrenagem, nas duas regiões, compreendidas entre a linha primitiva e a raiz ou topo. Fig. 12 - Partícula de desgaste severo por deslizamento LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 13 5.2 - PARTÍCULAS METÁLICAS NÃO FERROSAS GERADAS POR DESGASTE As partículas metálicas não ferrosas são reconhecidas devido ao padrão de deposição, no ferrograma, típico de material não magnético. Enquanto materiais ferromagnéticos se depositam enfileirados, conforme tamanho, em linhas ordenadas com o campo magnético, as partículas não ferrosas se depositam aleatoriamente ao longo de todo o ferrograma, obedecendo apenas a lei da gravidade. 5.2.1 -METAIS BRANCOS NÃO FERROSOS Estas partículas são virtualmente iguais, sendo indistingüíveis aos microscópios ópticos. Todos são lustrosos e brancos, exceto quando cobertos de óxidos ou algum composto. A tabela 1 mostra um guia para a identificação de metais brancos não ferrosos na indisponibilidade de um microscópio eletrônico. TABELA 1 IDENTIFICAÇÃO DE METAIS BRANCOS NÃO FEROSOS 0,1 N HCl 0,1 N NaOH 330° C/ 625° F 400° C/ 750° F 480° C/ 900° F 540° C/ 1000° F Al sol sol S.A. S.A. S.A. S.A. * Ag insol insol S.A. S.A. S.A. S.A. Cr insol insol S.A. S.A. S.A. S.A. Cd insol insol palha - - - Mg sol insol S.A. S.A. S.A. S.A. Mo insol insol bronzeado com palha e fundo púrpura - Ti insol insol S.A. palha claro palha fundo palha Zn sol insol S.A. S.A. palha palha e azul NOTA: Coloque o ferrograma sobre uma placa quente a 90°C (150°F). Adicione gota de ácido ou base. Deixe o ferrograma até a evaporação total Cada teste acima é realizado colocando-se o ferrograma sobre o prato na temperatura especificada por 90 segundos Abreviações: sol = solúvel insol = insolúvel LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 14 S.A. = sem alteração (*) pode tornar-se mais brilhante em algumas circunstâncias. As duas primeiras colunas resumem o resultado de ataque químico, com soluções 0,1N ácido ou 0,1N básico, aplicado com conta gotas, no material sobre o próprio ferrograma, aquecido a 90ºC, numa chapa quente de laboratório. O aquecimento catalisa e acelera a reação química e evapora com rapidez a solução. As gotas de solução tem que ser pequenas o suficiente para não perder de vista a partícula que está sendo atacada. As últimas quatro colunas, descrevem as mudanças de cor que os metais sofrem, quando tratados termicamente nas temperaturas indicadas. Desta forma, a maioria dos metais brancos podem ser identificados, exceto prata e cromo, que apresentam resultados similares. Podemos distinguir entre cromo e prata, por exemplo, examinando o tamanho das partículas e seu formato; o cromo, por ser um material duro, se apresentam menor com o formato irregular. É importante ter em mente que os resultados da tabela foram obtidos usando-se metais puros existentes no mercado. Portanto, ligas com porcentagens pequenas de metais podem ter comportamentos diferentes dos citados na tabela. O alumínio é o metal branco mais comum encontrado em máquinas. Magnésio, molibdênio e zinco não são comuns em contatos lubrificados. O Titânio é usado em turbinas à gás de aeronaves, com maior freqüência em locais que não são lubrificados. Locais com ligas de titânio devem ser muito bem lubrificados, devido a tendência a escoriação. O cromo aparece em vários locais como camada protetora, devido a sua alta resistência ao desgaste; não se fabricam peças com este material devido ser muito quebradiço. A prata pode ser usada, ocasionalmente, como revestimento de mancais de alta qualidade. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 15 O cádmio pode ser usado, algumas vezes, como componente em liga de material para mancais ou como revestimento. A figuras 13 mostra uma partícula de alumínio Note que o alumínio se depositou aleatoriamente entre os campos de força magnética, entre as partículas pequenas ferromagnéticas. 5.2.2 -LIGAS DE COBRE Ligas de cobre são facilmente reconhecíveis pelas suas características de cor: amarelo - avermelhado ou marrom avermelhado. Nenhum outro metal apresenta esta coloração, à exceção do ouro, que só é aplicado em casos excepcionais. Entretanto, outros metais podem se apresentar na coloração amarelado ou palha, devido a exposição à temperaturas excessivas durante sua geração, que pode causar confusão com ligas de cobre. As partículas ferromagnéticas com coloração palha dificilmente são confundidas com ligas de cobre, pois devido suas características magnéticas, eles se depositam no ferrograma, conforme linhas de forças magnéticas. Outras partículas como o titânio, aços inoxidáveis austeníticos ou metal patente podem ser cor palha, dependendo da condição de formação, mas na maioria das Fig. 13 - Partícula de Alumínio LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 16 vezes têm a coloração de uma liga de cobre e em nenhuma circunstância será avermelhada, como são algumas ligas de cobre. Se por acaso alguma partícula apresentar coloração semelhante às de ligas de cobre e puder levar a alguma confusão, temos que procurar alguma outra cor adicional que o caracterize (azul, verde ou púrpura). É improvável que qualquer processo de desgaste gere temperatura para temperar todas as partículas na mesma cor. 5.2.3 -LIGAS DE ESTANHO / CHUMBO (METAL PATENTE)É improvável encontrar metais soltos de chumbo e estanho nos ferrogramas, porque estes metais são tão dúcteis que irão escorrer antes de quebrar para formar partículas. Quando partículas de Pb/Sn, são encontrados nos ferrogramas, normalmente estão oxidadas, pois eles são suscetíveis a oxidação, mesmo em temperaturas consideradas baixas em metalurgia. De fato, um modo de desgaste encontrado em mancais de deslizamento é um modo de desgaste oxidativo, associado à uma manutenção de um filme hidrodinâmico durante a partida ou parada da máquina. Fig. 14 - Ligas de Cobre. Note-se que a coloração é inconfundível. Fig. 15 - Ligas de Cobre LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 17 A desmontagem do mancal com este tipo de problema mostrará uma crosta escura de Pb/Sn oxidada. Duas outras principais falhas em mancais Pb/Sn é a contaminação e desgaste corrosivo. A contaminação por abrasivos provoca partículas de abrasão a 3 corpos nos eixos. Desgaste corrosivo apresenta um depósito pesado de finas partículas no final do ferrograma. O desgaste corrosivo é muitas vezes encontrado em motores de combustão interna, notadamente em motores diesel, onde o enxofre dos combustíveis forma ácido sulfúrico quando há passagem dos combustíveis para o cárter. Nos motores a gasolina e a gás, há formação de ácidos orgânicos como conseqüência da oxidação do óleo do cárter. Estes ácidos atacam os mancais de Pb/Sn, causando desgaste nos anéis dos cilindros. O chumbo é mais suscetível à corrosão que o estanho. Em alguns mancais de deslizamento, partículas de ligas de cobre, facilmente reconhecíveis, são encontradas junto com partículas Pb/Sn oxidadas. Neste tipo de mancal, uma fina camada de metal patente cobre a superfície da liga de cobre, resultando numa capacidade superior de resistência a fadiga, devido a liga de cobre, com uma desejável propriedade de superfície oferecido pelo metal patente. Mancais construídos desta forma são muito sensíveis à ferrografia, pois o aparecimento de partículas de ligas de cobre nos indica com certa segurança que a camada de metal patente foi rompida. É por isso que detalhes de construção de cada máquina é importante, ele nos traz informações decisivas na hora do diagnóstico. Com a finalidade de reconhecer ligas utilizadas em mancais, pedaços de mancais usados e sucatados devem ser obtidos, usando finas lixas ou processos semelhantes, friccionar o metal e preparar um ferrograma. A observação das partículas geradas serão de grande valia, pois aumenta nossa capacidade de reconhecimento àquele tipo de metal. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 18 No aquecimento do ferrograma e a cada variação de 100ºF, observe que uma partícula típica de Pb/Sn tem uma aparência multicolorida e pontilhada. À pequena magnificência, ele aparece enegrecido, mas a um aumento de 400 a 1000 vezes, apresenta pontos de azul e laranja em sua superfície. Cuidado porque ligar Pb/Sn fundem à temperaturas abaixo a 330ºC, temperatura esta usada para distinguir ligas de ferro nos ferrogramas. Notem que eles mostram evidência de oxidação com aspectos multicoloridos. Fig. 16 - Partícula de Pb/Sn Fig. 17 - Partícula de Pb/Sn LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 19 5.3 - ÓXIDOS DE FERRO Os óxidos de ferro estão divididos em duas categorias: ∗ Óxidos vermelhos ∗ Óxidos escuros Como regra geral, os óxidos vermelhos são o resultado final de uma reação do ferro com o oxigênio à temperatura ambiente e indica a presença de umidade no sistema de lubrificação, enquanto os óxidos escuros indicam lubrificação inadequada e excessivo calor durante a geração de partícula. 5.3.1 -ÓXIDOS VERMELHOS DE FERRO Em estudo completo para caracterizar o regime de desgaste entre superfícies ferrosas em deslizamento, óxidos vermelhos, que foram determinados como sendo hematita (X Fe2O3) pela análise de difração por raio X, foi produzida sob condições de pobre lubrificação. As partículas eram de dois tipos: o primeiro tipo é um policristal, com coloração laranja em luz branca refletida; aparece como laranja mais forte em luz refletida polarizada. Fig. 18 - Óxidos vermelhos do tipo policristalino que aparece laranja claro em luz branca refletida. Fig. 19 - Óxidos vermelhos do tipo policristalino em luz refletida polarizada, fica laranja saturado. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 20 Óxidos vermelhos são difíceis de serem encontrados em condições de plena lubrificação, mas é comum onde houve entrada de água. Os óxidos vermelhos são conhecidos como FERRUGEM. Não há necessidade de presença de água na hora da coleta de óleo para que haja presença de óxidos vermelhos. Se em alguma ocasião, anterior à coleta, houve água, é possível a presença de óxidos vermelhos na amostra coletada posteriormente. Usualmente a existência de óxidos vermelhos, principalmente as grandes, indica presença de água. Óxidos vermelhos mostram variadas cores e aparências porque: (1) X Fe2O3 não e a única forma cristalina de Fe2O3; (2) Em presença de excesso de água, óxidos de ferro hidratado de variação Stoichiomettry poderão acontecer; (3) Em presença de outros elementos ou compostos, ferros vermelhos contendo compostos podem ocorrer; (4) O tamanho dos cristais policristalinos aglomerados podem influenciar sua aparência em luz polarizada. Os óxidos de ferro na forma alfa hematita encontradas como aglomerados policristalinos laranja, vermelho, são paramagnéticos e podem não se depositar de uma maneira fortemente magnética de tal forma que grandes partículas de óxidos vermelhos são encontrados em qualquer local do ferrograma. O segundo tipo de óxidos vermelhos produzidos em condições de fraca lubrificação são achatados, partículas de desgaste por deslizamento que apresentam cor cinza em luz refletida branca, são marrom avermelhado fraco sob luz branca transmitida. As superfícies destas partículas, são altamente refletidas em luz bicromática (luz vermelha refletida e verde transmitida); elas podem ser confundidas com partículas de desgaste. Exames cuidadosos irão revelar que estas partículas não são vermelho brilhante em luz bricromática como partículas de metais livres; em seções extremamente finas alguma luz verde penetrará por baixo. As figuras seguintes mostram óxidos vermelhos formados numa condição de lubrificação pobre. Estas figuras mostram óxidos vermelhos formados numa condição de lubrificação pobre. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 21 Se uma amostra de óleo for analisada e partículas de óxidos vermelhos forem encontradas é questão de bom senso fazer um teste de água, pingando uma gota de óleo numa chapa quente de aproximadamente 150ºC. Se crepitar ou chiar mais que 0,25% de água, está presente. 5.3.2 - ÓXIDOS ESCUROS DE FERRO Óxidos escuros são associados numa das formas mais severas de desgaste por lubrificação inadequada. Fig. 20 - Partículas de óxidos vermelhos em luz bicromática Fig. 21 - As mesmas partículas em luz branca refletida e luz verde transmitida. Fig. 22 - Em luz branca transmitida, aparece marrom avermelhado. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 22 Óxidos escuros aparecem em cachos com uma superfície rochosa e tem pequenas manchas azuis e laranja perto do limite inferior de resolução do microscópio óptico. As figuras acima mostram um aglomerado de óxidos escuros depositado na entrada do ferrograma, preparado com uma amostra de óleo de um motor diesel, sofrendo uma severa escoriação no cilindro. As bordas das partículas de óxidos escuros permitem uma transmitância de alguma luz porque sua estrutura não é metálica. Fig. 23 - Aglomeração de óxidos escuros, depositados na entrada do ferrograma. Fig. 24 - Podemos observar partículas ferromagnéticascobertas por óxidos escuros. Fig. 25 - Vista ampliada da fig. 23 LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 23 Entretanto eles não brilham em luz polarizada, pois são eficientes absorventes de luz. Óxidos escuros parecem similares ao metal patente oxidados, quando eles estão escuros e com superfície rochosa. Entretanto Fe3O4, magnetita, é ferromagnético. Desta forma, óxidos escuros aglomeram de modo similar ao material ferromagnético. Partículas metálicas ferrosas parcialmente oxidadas de cor menos escura são também variações de óxidos escuros conforme mostram as figuras 26 a 28. Fig. 26 Fig. 27 Fig. 28 LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 24 Partículas oxidadas parcialmente de grandes proporções são indicativas de uma clara falha catastrófica. A presença destas partículas podem ser consideradas como proveniente de desgaste anormal. A figura 26 mostra uma fileira de partículas de desgaste consistido de partículas de desgaste normal e partículas de oxidação parcial. Ambas se depositam magneticamente. As partículas oxidadas parcialmente aparecem cinza escuro e as partículas de metal livre aparecem brancos e lustrosos. A figura 27 mostra a mesma vista após aquecimento do ferrograma à mais ou menos 330ºC. Note que as partículas oxidadas permaneceram com a mesma coloração, enquanto que os metais livres ficaram azuis ou palha. A figura 28 tirada de uma amostra de óleo de motor diesel com o cilindro apresentando escoriação, mostra vários graus de oxidação. 5.4 - PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO DO LUBRIFICANTE É o resultado da reação do lubrificante com oxigênio do ar. Todo lubrificante quando submetido à altas temperaturas ou longos períodos de utilização, tende a sofrer oxidação. Desta oxidação podem surgir dois subprodutos: acidez e formação de gel. 5.4.1 -DESGASTE CORROSIVO Em motores de combustão interna, principalmente aqueles que trabalham com diesel, OC4 ou combustíveis pesados, tem uma forte tendência à formação de ácidos, devido a presença de enxofre nestes combustíveis. Quando há uma contaminação do óleo de cárter com o óleo combustível, o enxofre reage com a umidade normalmente existente no interior dos cárteres, e forma o ácido sulfúrico. Até um certo nível, o ácido formado é neutralizado pelo TBN contido nos óleos lubrificantes. Após certo tempo de uso, esgotada esta reserva alcalina, o óleo torna-se ácido e o desgaste corrosivo acontece. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 25 Ela se caracteriza pelo aparecimento de uma quantidade imensa de partículas muito menores que 1 mícron. As figuras mostram a mesma vista com aumentos sucessivos; observe que mesmo em altas magnificências, as partículas não são distinguíveis. As figuras 29, 30 e 31, mostram uma pesada presença de partículas de desgaste corrosivo em três aumentos diferentes. Estes ferrogramas foram preparados com uma amostra de óleo em um motor diesel que foi propositadamente contaminado para produzir desgaste corrosivo. Fig. 29 Fig. 30 Fig. 31 LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 26 O objetivo do teste foi o de produzir grande quantidade de finas partículas , muitas das quais abaixo do limite mínimo de resolução de um microscópio óptico, partículas descritas como submícrom. 5.4.2 -POLÍMEROS DE FRICÇÃO São caracterizadas como partículas de desgaste metálico envolto numa matriz amorfa. Acredita-se que são formadas devido a uma pressão excessiva sobre o lubrificante num contato crítico. Sua estrutura é resultado aparentemente de uma polimerização das moléculas e forma uma estrutura grande e aderente. Se uma amostra de óleo contém polímeros de fricção, eles sempre apresentam partículas de metal envolto em uma estrutura amorfa. Esta observação indica que os polímeros de fricção são formados em áreas de alta tensão de contatos críticos e que a presença de metais podem ser necessárias para catalização do processo. A presença de polímeros de fricção pode ou não ser preocupante, dependendo das circunstâncias. Em lubrificantes usados corretamente, os polímeros de fricção são produzidos sob influência de cargas elevadas. Para certos equipamentos, especialmente os de alta solicitação, como em engrenagens de transmissão de helicópteros, os polímeros de fricção previnem o desgaste por arrastamento que de outra forma poderiam ocorrer. Entretanto, na maioria dos casos, a presença de polímeros de fricção é negativa; (1) A viscosidade do óleo aumenta; (2) Podem ocorrer entupimento de filtros. Os polímeros de fricção são encontrados nos óleos de diversos tipos de máquinas. Sua presença em máquinas que normalmente não produzem polímeros é indicativo de ocorrência de sobrecarga. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 27 As figuras 32 e 33 mostram polímeros de fricção gerados por um desgaste aço contra aço, num teste em condições de alta carga. Partículas severas e de abrasão também estavam presentes neste ferrograma, comprovando a presença de sobrecarga. Iluminação bicromática é a melhor forma para identificar os polímeros de fricção, porque eles realçam as partículas de desgaste metálicas (vermelho), enquanto mostra a natureza transparente da matriz (verde). Muitos dos polímeros de fricção são resistentes à degradação térmica. Fig. 33 Fig. 32 LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 28 Temperaturas de 300ºC usada na classificação de ligas de ferro, normalmente causam pequenas alterações. Temperaturas de 480ºC, devastador para a maioria dos materiais de origem orgânica, causa somente uma evaporação parcial. Polímeros de fricção também são resistentes ao ataque de solventes orgânicos, portanto, uma vez formado em sistema de lubrificação, os polímeros de fricção não são facilmente destruídos. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 29 5.5 - CONTAMINANTES Consideramos como contaminante todo aquele material que aparece no óleo lubrificante de forma fortuita ou casual, sem que faça parte do sistema 5.5.1 -CONTAMINANTES EM ÓLEOS NOVOS A maioria dos óleos novos contidos em latas ou tambores, contém variados tipos de partículas de contaminantes. Os danos às máquinas devidos aos contaminantes de óleos novos, depende de: • sua dureza • seu tamanho • seu volume ou quantidade • criticidade de sua aplicação Mancais de alta precisão podem ser prejudicados pelo uso de óleos novos contaminados. Felizmente, muitas máquinas são protegidas por filtros adequados que impedem a chegada dos contaminantes nos pontos de lubrificação. Em máquinas de precisão não protegidos por sistemas de filtragem, é conveniente filtrá-lo antes do abastecimento. Fig. 34 Fig. 35 LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 30 A fig. 34 mostra a entrada do ferrograma de um óleo sintético à base de poliester de uma amostra colhida de uma lata recentemente aberta. A concentração de partículas é muitas vezes a concentração normalmente encontrada neste tipo de lubrificante em certos tipos de motores a jato. A fig. 35 mostra uma vista da fig. 34 com um aumento maior. A fig. 36 mostra a mesma vista, com luz refletida polarizada. Entre as partículas encontradas, estão partículas de metal livre, óxidos escuros e óxidos vermelhos e alguns fragmentos de não metais cristalinos. Todos eles, potencialmente nocivos devido ao seu tamanho e dureza. 5.5.2 - CONTAMINANTES EM GRAXAS NOVAS Generalizadamente podemos dizer que as graxas são utilizadas onde é impraticável o uso do óleo. A graxa, nada mais é que um óleo no qual foi acrescido um espessante afim de aumentar a “viscosidade”, formando a mistura mais coesiva. Quando a graxa é cizalhada entre duas superfícies de uma máquina, o óleo contido na graxa é liberado para fazer a lubrificação. Fig. 36 LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página31 Partículas em amostras de graxa podem ser examinadas dissolvendo-a num solvente adequado, e então preparar o ferrograma, como no caso de óleo. Geralmente os solventes usados são o tolueno ou hexano. Partículas grandes abrasivas numa graxa é mais prejudicial do que as mesmas partículas no óleo, pois uma vez aplicada não há mais oportunidade de remover estas partículas por filtragem. Fig. 37 Fig. 38 Fig. 39 LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 32 A figura 37 mostra uma partícula contaminante num ferrograma preparado com uma amostra coletada de graxa nova para uso em aeronaves militares (MIL-G- 81322 B) típica para lubrificação de ranhuras. A concentração não parece excessiva se considerarmos que a mesma quantidade (1cc) de amostra pode conter centenas a milhares de vezes mais partículas. Muitos dos metais ferrosos encontrados são aços de alta liga, sugerindo que os equipamentos que produz a graxa esteja contaminando. A fig. 38 mostra o mesmo ferrograma visto com luz branca refletida, depois de um aquecimento a 480ºC e com ampliação de 400x. A maioria das partículas ferrosas tornaram-se cor bronze ou marrom, indicando aço de alta liga (inoxidável). A fig. 39 mostra uma pequena partícula com aspecto de fibra, proveniente, provavelmente da enchedora de graxa.. Estas finas partículas ficaram depositadas na saída do ferrograma abaixo da posição de 30 mm. 5.5.3 -MATERIAIS DE FILTROS Os filtros são usados de forma ampla em todos os sistemas de lubrificação, motores de combustão interna e hidráulicos, com a finalidade de reter contaminantes e partículas de desgaste. Freqüentemente estes filtros rasgam ou se desmancham sob a ação do óleo e do tempo e desprendem fibras. Pequenas quantidades de fibras podem ser encaradas como normal e não é motivo para maiores preocupações. Porém quando quantidades razoáveis começam a aparecer no ferrograma, pode significar uma falha mais séria no sistema de filtragem, o que normalmente ocorre junto com altas concentrações de contaminantes e partículas de desgaste, deve ser relatado como sério e preocupante. O mais comum dos filtros usados em motores de combustão interna são a base de papel de vários tipos. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 33 A fig. 40 mostra fibras de celulose em luz polarizada transmitida A fig. 41 é uma vista de fibras de vidro, facilmente reconhecida pelo fato do centro da fibra não interromper a luz polarizada, mas o eixo é brilhante devido a dispersão e reflexão da luz polarizada. Fibras sintéticas como o rayon, dracon, poliester, etc., mostram efeitos de coloração birrefringente em luz polarizada. A fig. 42 mostra uma fibra de poliester em luz polarizada transmitida. Fig. 40 Fig. 41 Fig. 42 LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 34 5.5.4 – FLOCOS DE CARBONO As partículas de carvão não são contaminantes, são partículas de desgaste. Estas partículas foram depositadas no ferrograma feito com uma amostra de óleo coletada de um compressor com selos de carbono. A figura 43 mostra a fotografia de um ferrograma com magnificência de 400x. As manchas azuis visíveis na foto 400x é provavelmente de finas partículas de aço aderente ao carbono. 5.5.5 -BISSULFETO DE MOLIBDÊNIO O Bissulfeto de Molibdênio quando presente no ferrograma pode causar confusão devido a sua semelhança com partículas metálicas não ferrosas. Entretanto, depois de aprendido como reconhecê-la, eles se tornam óbvios. São usados como aditivos sólidos em óleos e graxas, em aplicações onde altas temperaturas e altas cargas são envolvidas. Ele é um excelente sólido lubrificante, porque suporta pressões de compressão intensas e mesmo assim deslizam com grande facilidade. Devido a sua baixa taxa de cizalhamento, as partículas de MoS2 exibem muitos planos de cizalhamento e têm eixos retos com ângulos regulares. Fig. 43 LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 35 A fig. 44 mostra uma partícula típica de MoS2. A cor é cinza-púrpura (púrpura - entre escarlate e violeta) e totalmente diferente do branco e lustrosa aparência de um metal não ferroso. MoS2 causa confusão com metais não ferrosos porque bloqueia luz como as partículas metálicas, apesar de ser um composto. Ele é descrito como composto semi metálico devido à suas características metálicas. A fig. 45 mostra partículas pequenas de MoS2 depositadas ao longo das barreiras do ferrograma. Este ferrograma foi feito com um óleo novo aditivado com MoS2. Neste caso, o MoS2 está finamente dispersado do que a amostra da fig. 44. O MoS2 tem susceptibilidade magnética negativa, portanto em sua forma pura é repelido pelo campo magnético. A deposição ao longo da barreira é sintomático desta característica. Fig. 44 Fig. 45 LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 36 A fig. 46 mostra partículas de desgaste de um ferrograma feito com o mesmo óleo da fig. 45. O ferrograma foi aquecido a 330º de tal forma que as partículas de aço se tornaram azuis. As partículas de MoS2 nada sofreram o que só acontece se for aquecido a temperaturas mais altas; desta forma são distinguidas de partículas ferrosas. As partículas de MoS2 podem ser magnetizadas pelo ferro devido ao contato intenso entre os dois. No ferrograma 46 há presença de polímeros de fricção que envolve as partículas de MoS2 e ferrosas. As partículas ferrosas fazem com que o MoS2 se depositem eficientemente no ferrograma. Fig. 46 LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 37 6 - O DIAGNÓSTICO DE FERROGRAFIA 6.1 - OBSERVAÇÃO ÓTICA DE FERROGRAMAS A melhor avaliação sobre o tipo e composição das partículas é obtida através de uma observação ótica usando um microscópio bicromático. Os requisitos básicos para este tipo de microscópio é que eles possuem os recursos de luz transmitida e refratada, que podem ser usadas simultaneamente. A objetiva de maior aumento deve ter uma abertura numérica de 0,85. A abertura numérica é o seno do semi ângulo do cone de incidência de luz que a lente aceita. Se o ângulo não for grande o suficiente, esferas e características superficiais das partículas não são suficientemente identificadas. A figura 47 mostra como funciona um microscópio bicromático. A luz transmitida vem da parte de baixo do microscópio, passa através do ferrograma e prossegue em linha reta para cima, passa pelo espelho de 2 vias e vai para o ocular. Fig. 47 LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 38 A luz refletida passa de cima para baixo pela lente da objetiva. É refletida pelo objeto que são observadas, passa de volta pela lente da objetiva e através do espelho de duas vias, até o ocular. Os recursos de luz transmitida é normalmente recurso de microscópios biológicos, onde as amostras são transparentes e extremamente finas. Luz refletida em microscópios são usadas para observação de corpos opacos, assim como corpos de prova de metalúrgica, onde são reveladas características de micro estrutura. Microscópio de luz refletida são freqüentemente chamados de microscópios metalúrgicos. As partículas metálicas são observadas com microscópio com recursos bicromáticos, porque a distinção entre elas pode ser complicada se usarmos isoladamente luz refletida ou transmitida. A forma usual de distinguir partículas de metal de compostos é usar luz refletida vermelha e luz transmitida verde, que é conhecida como iluminação bicromática. Partículas de metais livres aparecem como vermelho brilhante, enquanto não metais e compostos aparecem como verde e amarelo, dependendo do grau de atenuação da luz. Partículas não metálicas espessas, que bloqueiam a maior parte da luz transmitida vinda de baixo, pode aparecer nublado (turvo) vermelho, ele não aparecerá vermelho brilhante, como as superfícies de metais livres. Iluminação bicromática é usada principalmente para possibilitar uma fácil detecção das partículas metálicas mais importantes. Este recurso é particularmente usado para observação de polímeros ou partículas amorfas. Metais livres envoltos em matriz amorfo é difícil de ser observado por qualquer outra iluminação.Luz branca refletida é usada adicionalmente para observação de superfícies de partículas. A vantagem principal do uso da luz branca é que as cores poderão ser observadas. Ligas de cobre aparece amarelo ou marrom avermelhado, enquanto a maioria dos outros metais livres aparecem como branco prata. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 39 Partículas ferrosas aparecem com a coloração azulada ou palha, se durante sua geração forem submetidas a temperaturas significativas. Estas colorações são devido a formação de finas camadas de óxidos nas superfícies dos metais ferrosos. Ligas de estanho e chumbo usados intensivamente em mancais, mostram variadas cores, dependendo do ambiente térmico e químico a que ela for submetida, o que permite sua identificação. Observação com iluminação branca transmitida determina se a partícula é transparente, translucente ou opaco. A atenuação da luz em metais livres é tal que as partículas mesmo em espessuras de submicrons aparecem como opacos. Conseqüentemente, partículas de metais livres aparecem pretas quando examinadas com esta iluminação. Por outro lado muitos elementos e todos os compostos aparecem translucente ou transparente e as cores são características dos materiais. A Hematita (Fe2O3) por seu lado, transmitirá luz vermelha através da espessura de alguns microns dependendo do tamanho do cristal. Muitas vezes pode ser apurado se um óxido contém um núcleo de metal pelo fato deles serem opacos. O uso das luzes polarizadas para observar partículas tem sido totalmente aprovado e conveniente como ajuda para a identificação de partículas não metálicas, particularmente óxidos, plásticos e vários contaminantes no óleo. Resumindo, muitos cristais não metálicos, agrupamentos policristalinos e muitos plásticos e materiais biológicos, poderão despolarizar luz polarizadas, mas, materiais amorfos como vidros e líquidos, não. 6.2 - LEITURAS DE FERROGRAMAS 6.2.1 -Ferrografia analítica O processo visual com a utilização dos recursos vistos em 6.1. O analista foca primeiramente a região da entrada do ferrograma e depois em varreduras laterais e longitudinais avança em direção à saída do ferrograma. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 40 De posse de uma folha de informações como o da tabela 2, vai preenchendo conforme os dados são coletados. A decisão de nada, pouco, moderado ou pesado é grosseiramente baseada na porcentagem de área coberta por cada tipo de partícula. Pouca corresponde de 1 a 5%, moderada de 5 a 25%, e pesada de 25% ou mais, a marca entre muito pouco e pouco pode ser menor que 1%. Este julgamento é quase sempre baseado, usando-se um aumento reduzido (10x). Freqüentemente há uma confusão na distinção entre partícula de esfoliação e partículas severas ou nacos e partículas laminares. Como convenção para completar as análises de ferrografia, é recomendável que somente tamanho e formato sejam considerados critérios para apontar as partículas numa dessas categorias. TABELA 2 DISTINÇÃO ENTRE PARTÍCULAS DE METAL LIVRE TIPO DE PARTÍCULA TAMANHO (maior dimensão) FATOR DE FORMA (maior dimensão ÷ espessura) Desgaste Normal - Esfoliação > 15 µm na maior dimensão < 5 µm ~ 10:1 Sem consideração ao Fator de Forma Partículas de Desgaste Severo > 15 µm na maior dimensão > 5:1 mas < 30:1 Nacos > 5 µm na maior dimensão < 5:1 Partículas Laminares > 15 µm na maior dimensão > 30:1 A tabela 2 lista as diferença essenciais. O fator de forma é o quociente entre a maior e menor dimensão, e pode ser considerada como taxa entre comprimento e espessura. O comprimento pode ser medido usando-se o retículo, calibrado da lente ocular do microscópio. A espessura pode ser obtida medindo-se o curso entre focos no plano do ferrograma e o topo da partícula. A tabela 2 funciona como um guia. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 41 Claramente, 15 microns, é a divisão entre partículas de esfoliação e severas. Por exemplo, existe uma substancial diferença entre a população de partículas de esfoliação normal menores que 5 microns e uma outra população, que cobre uma mesma área do ferrograma e que tem partículas maiores que 15 microns. Ainda, ambas estas populações, podem ser descritas como partículas normais de esfoliação, seguindo a tabela 2. A categoria “nacos” foi, no passado chamado de “nacos de fadiga”, que era uma denominação incorreta, porque partículas geradas por fadiga em elementos rolantes são muitas vezes maiores, em formato de plaquetas com fator de forma de a 10:1. Estes podem ser classificados como partículas de desgastes severos, seguindo a tabela 2. Partículas de desgaste por deslizamento, podem ser distinguidos de partículas geradas por fadiga em contatos de rolamentos, pela presença de estrias retas enquanto que partículas geradas por contatos de rolamento tem superfícies macias e contornos dentados. Contatos de rolamento produz partículas mais grossas que as partículas de deslizamento. Óxidos escuros são produzidos tipicamente em contatos com altas cargas, pobremente lubrificados, assim como óxidos vermelhos são devidos ao ataque da água presente no óleo. Partículas de desgaste corrosivo são geradas pelo ataque químico de ácidos formados no óleo, resultando em partículas extremamente finas. Partículas corrosivas são freqüentemente encontradas em motores diesel. A habilidade em distinguir estes três desgastes oxidativos permite escolher uma medida corretiva apropriada. Partículas não ferrosas são facilmente reconhecidas pelo seu padrão de deposição paramagnético. Ligas de cobre são reconhecidas pela sua coloração dourada, como ouro. As distinções entre partículas não ferrosas são facilmente reconhecíveis através de aquecimento e ataques químicos. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 42 7 - QUANTIFICANDO A SITUAÇÃO DE DESGASTE O número de partículas no óleo lubrificante de uma máquina alcançará um equilíbrio dinâmico, porque o número de partículas geradas será igual às perdidas. O tempo que uma partícula leva para ser perdida é função do tamanho das partículas. As partículas de maior tamanho são perdidas rapidamente. Se a máquina opera normalmente, não somente a concentração permanece constante, mas também a distribuição por tamanhos deve permanecer constante. Modos de desgaste anormal, excetuando se o desgaste corrosivo, deve gerar partículas grandes. O processo normal de desgaste, típico de superfícies trabalhando de forma normal e estável, gera partículas de desgaste de tamanho máximo de 15 microns. As informações quantitativas obtidas pela ferrografia sinaliza as situações de mudança de desgaste. 7.1 - Aquecimento de Ferrogramas Significativas informações são obtidas com o aquecimento de ferrogramas, com a sua composição pela mudança que ocorre na sua aparência. Aços de baixa liga se tornam azuladas, as de média liga amareladas (palha) e os de alta, inalteradas. Ligas de estanho e cobre são inteiramente afetadas devido a sua baixa temperatura de fusão e são susceptíveis à oxidação. Outro material muito comum em máquinas são as ligas de alumínio, cromo, prata e titânio, que não são afetadas pelo aquecimento abaixo de 550ºC, exceto titânio que se tornará palha leve à 400ºC. As ligas de cobre são reconhecidas facilmente pela sua coloração dourada antes do aquecimento. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 43 O aquecimento é feito sobre placa quente com exposição por um período de 90 segundos, na temperatura escolhida. A cor palha é devido ao desenvolvimento de uma fina camada de óxido quando o metal é aquecido em presença de ar. Aços de baixa liga incluem aquelas mais macias e aquelas de alta dureza, como as usadas em elementos rolantes, contem menos que 1,5% do carbono. Aços de média liga com 2 a 4% de carbono, é ferro fundido. Aços de alta liga contem uma fração substancial de outras ligas como cromo e níquel não muito carbono. Fig. 48 Fig. 49 Estas figuras mostram aço de baixa liga antes e depois do aquecimentoà 330ºC. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 44 Fig. 50 Fig. 51 Estas figuras mostram aço de média liga (ferro fundido) antes e após aquecimento à 330ºC. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 45 8 - MANUTENÇÃO PREDITIVA POR FERROGRAFIA A figura 52 (também conhecida como curva da ASA, por sua semelhança com a asa de uma ave) mostra o gráfico da evolução do desgaste ao longo do tempo. Já a fig. 52 mostra o mesmo gráfico indicando a evolução das participações de partículas grandes e pequenas, conforme o desgaste aumenta. Observe que a linha tracejada corta a ASA na posição de partículas com 5 microns. Fig. 52 EVOLUÇÃO DESGASTE SEVERO “CURVA DA ASA”CONCENTRAÇÃO DAS PARTÍCULAS DE DESGASTE TAMANHO DAS PARTÍCULAS (micros) LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 46 9 - “WEAR CHECK” POR FERROGRAFIA Outro uso da Ferrografia é na verificação do estado de desgaste que a máquina apresenta. Através deste teste visualizamos a deterioração, contaminação e desgaste que está ocorrendo, o que possibilita tomar medidas corretivas que impeçam a sua evolução. Não tem a pretensão de ser uma técnica de manutenção preditiva, porém é extremamente ÚTIL, permite detetar e corrigir falhas ocultas ainda não reveladas existente nas máquinas. A Ferrografia é a única técnica que permite a quantificação e visualização do desgaste, tal como ela se apresenta. Se não tivermos a preocupação de determinar de onde vêm as partículas, de que forma foram geradas, quais as possíveis ocasiões para a ocorrência de falhas catastróficas (embora possa fazê-las de forma informativa), o “Wear Check” tem se mostrado um aliado poderoso do homem de manutenção. Baseado nas mesmas premissas usadas na Manutenção Preditiva por Ferrografia, é diferenciada desta por sua simplicidade. Para ilustrarmos, observem as figuras 53 e 54 Fig. 54 - Teste de Óleo SintéticoFig. 53 - Teste de Óleo Mineral LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 47 A fig. 53 e 54 mostram o “Wear Check” realizado numa mesma caixa de transmissão, trabalhando nas mesmas condições, usando dois óleos diferentes, um mineral e outro sintético. Não é necessário ser nenhum especialista para diagnosticar que o resultado com óleo sintético, neste caso, foi superior. Podemos até quantificar esta diferença visualmente, como sendo ± 10:1 a favor do óleo sintético. Chegamos a esta conclusão baseado nas seguintes informações: 1 - Ausência de partículas grandes 2 - Desgaste normal com partículas na faixa de 2 a 3 microns, em ambas as fotos. 3 - Fato mandativo é o volume de partículas pequenas. Continuando, foram efetuados mais dois testes nas mesmas caixas anteriores, usando em ambas o óleo sintético, porém de viscosidades diferentes ISO 150 e ISO 220 (fig 55 e 56). Também neste caso o diagnóstico é muito simples, o resultado melhor é a da caixa com óleo ISO 220. Fig. 55 - Teste de Viscosidade em Óleo Sintético ISO 150 Fig. 56 - Teste de Viscosidade em Óleo Sintético ISO 220 LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 48 Os fatos relevantes observados foram: 1) Volume total de partículas com óleo ISO 150 mais de três vezes superior. 2) Presença de partículas grandes, azuis e palha, indicando início de desgaste severo. 3) Principal fator para diagnosticar pior situação é a presença de partículas de desgaste severo, secundário o volume total de partículas. As figuras de nº 57 e 58, mostram um caso mais difícil: Observamos neste caso que o volume total de partículas é maior na fig. 57, aproximadamente três vezes. Por outro lado, a figura 58 mostra uma situação onde o tamanho médio das partículas é muito maior, estando presentes, inclusive algumas partículas azuis e palha de tamanho razoável, indicando o início de um desgaste severo. Podemos dizer com certa segurança que a figura 58 mostra um caso mais crítico. Certeza maior só conseguiremos com uma reamostragem a 30 ou 60 dias, quando as tendências devem estar mais evidentes. Fig. 57 - Teste de Engrenagem com Engrenagem Temperada Fig. 58 - Teste de Engrenagem com Engrenagem Cementada LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 49 Mais um caso típico porém evidente pode ser visto nas figuras 59e 60: A figura 59 é a vista de entrada de um ferrograma aumentado 500 vezes, onde aparecem partículas de desgaste normal com média de 3 a 4 microns. A figura 60 é a vista da entrada de um outro ferrograma, porém com aumento de 100 vezes. Fica evidente que a presença de partículas superiores a 100m da figura 60, mostra que este é o caso mais crítico. Este foi o caso onde foi recomendado o uso de um lubrificante de alto desempenho, afim de evitar uma falha catastrófica. Apesar do “Wear Check” não ter compromissos como na preditiva, todos os fatos significativos encontrados são relatados. Aliás, o relatório do “Wear Check” é muitas vezes mais detalhado que o da preditiva. Fig. 60Fig. 59 LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 50 10 - AMOSTRAGEM É um dos pontos mais críticos da técnica da Ferrografia. A escolha do local mais adequado, é fundamental para o diagnóstico correto. O óleo coletado deve ser representativo do óleo em uso. 10.1 - Obtendo uma amostra representativa É importante observar e determinar um padrão para coleta de amostra para cada máquina. Se a amostra não for coletada apropriadamente a concentração e o tamanho das partículas, pode variar de forma drástica, dando uma falsa indicação da condição de máquina. 10.1.1 - Comportamento das partículas numa máquina A razão fundamental para o uso das informações quantitativas como sinal de mudança da situação de desgaste é o fato da concentração de partículas num equipamento com operação normal, atinge um equilíbrio dinâmico. Experiência têm mostrado que este fato é verdadeiro para diversos equipamentos. Vários relatórios foram citados nas literaturas sobre motores a jato, motores diesel e caixa de transmissão de helicópteros. Modelos matemáticos dando suposições simplificadas tem sido desenvolvidas para mostrar como um equilíbrio na concentração é atingido. A figura 61, mostra o esquema de uma máquina hipotética que a uma dada condição operacional com carga, velocidade, temperatura do óleo na entrada, etc., gera x partículas por unidade de volume de óleo que passa através dele. Estamos assumindo que o fluxo de óleo é constante. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 51 A válvula de amostragem está localizada na tubulação de retorno, logo na saída da máquina. O ciclo se inicia com o óleo novo no reservatório; Quando o primeiro ciclo for completado, isto é, todo o volume do reservatório passou uma vez através da máquina, o óleo na válvula contem X partículas por unidade de volume. Durante a passagem do óleo através do sistema, existem vários mecanismo para a remoção das partículas. São eles: 1 - FILTRAÇÃO 2 - DECANTAÇÃO 3 - UNIÃO E ADESÃO (A Aglomeração e Aderência à superfícies sólidas) 4 - TRITURAÇÃO (Pulverização) 5 - DISSOLUÇÃO (Ataque químico por oxidação ou outros) 6 - SEPARAÇÃO MAGNÉTICA (Como ocorre em máquinas elétricas) Com o propósito de desenvolver este modelo, assumimos que este mecanismo é proporcional ao número de partículas presentes, o que é razoável se as partículas são suficientemente diluídas, isto é, se as partículas não interagem com outras partículas para formar aglomerados ou se as partículas são mutuamente repelidas. Perdas de óleo devem ser desprezadas neste modelo. Claramente, este mecanismo sofre forte influência do tamanho, densidade e formato das partículas. Fig. 61 LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 52 Para o primeiro ciclo do óleo através do sistema, a concentração, N, é: N (ai,1) = X ( 1 ) Onde ai é a eficiência de remoção para partículas de tamanho i. O segundo termo entre parênteses, o 1 , refere-se ao número de ciclos que o óleo passou pelo sistema. Após o segundo ciclo do óleo no sistema, a fração aix, de partículas geradas durante o primeiro ciclo é removida, a fração esquerda é (1- ai) e outras X partículas são geradas de formaque após 2 ciclos a concentração é: N(ai,2) = X + X (1- ai) (2) Após três ciclos, o termo do terceiro ciclo será X(1-ai) (1-ai) de forma que N(ai,3) = X + X (1- ai) + X (1- ai) (1- ai) (3) Para o quarto ciclo, cada termo na equação 3 é multiplicado por (1- ai) e uma outra porção X de partículas é gerada: N(ai,4) = X + X (1- ai) + X (1- ai) ² +X(1- ai) ³ (4) Após n ciclos, a concentração será: N(ai,n) = X + X (1- ai) + X (1- ai) ²... X (1- ai) n-1 Para somar estas parcelas, façamos: (1- ai) = Y então N (ai,n) = X (1 + Y+ Y ²+ Y ³+ Y n-1 ) (5) que é igual a: n 1-Yn X Σ Yr-1 = X ( ) (6) r=1 1-Y Trocando Y por (1- ai) : 1-(1- ai)n 1-(1- ai)n N (ai, n) = X ( ) = X ( ) (7) 1-(1- ai) ai Para a condição de equilíbrio N = ∞ (infinito) LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 53 o termo (1- ai)n tende a zero, e: 1 N (ai, ∞) = X ( ) (8) ai Que diz que a concentração é inversamente proporcional a taxa de remoção. As figuras 62 e 63 dão um exemplo numérico do estabelecimento do equilíbrio de concentração de partículas para uma taxa de produção de 500 partículas para cada mililitro de óleo fluindo através da máquina com uma eficiência de remoção de 40%. Se um óleo isento de partículas é introduzido na máquina após o 1º ciclo, a concentração de partículas será 500 partículas/mililitro. Conforme o óleo passa através do filtro (ou é atuado através de outros mecanismos de remoção), 40% ou 200 partículas, serão removidas. O segundo ciclo adiciona 500 partículas aos 300 remanescentes do primeiro ciclo. No ciclo três, 40% dos 300 remanescentes do 1º ciclo e 40% das 500 do ciclo 2, deixando 180 do ciclo 1 e 300 do ciclo 2, outras 500 partículas são adicionadas durante o ciclo 3. Após 12 ciclos (figura 64), apenas duas partículas do 1º ciclo remanescem. Fig. 62 TAXA DE PRODUÇÃO = 500 PARTÍCULAS/ML EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO = 40% LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 54 Fig. 63 Se as partículas remanescentes de cada um dos 12 ciclos são somados, a concentração de 1247 partículas/ml resultante é próximo ao equilíbrio de concentração de partículas, dado por: 1 N(ai, ∞) = X ( ) = 1250 part ai X = 500 ai = 40% (0,4) Se as partículas removidas durante o último ciclo é adicionado, o resultado é 498,2 partículas/ml, o que mostra que conforme o equilíbrio se aproxima, a taxa de remoção é igual à taxa de produção. É de maior interesse para o analista saber após quantos ciclos ocorre o equilíbrio, para que uma amostra representativa seja coletada. O termo β é introduzido de forma que após R ciclos, a situação é: N (ai, R) ≥ (1-β) (9) N (ai,∞) Sobra de Partículas Partículas removidas no Ciclo Anterior LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 55 Onde β << 1. Se β for igual a 0,01, a equação (9) mostra que após R ciclos, a concentração alcança (1- β), ou (1-0,01) = 99% do equilíbrio final para se obter uma amostra representativa. Para avaliar a equação (1) para 12, quando ai e β são especificados, as equações (7) e (8) são usadas. 1 - (1- ai) R X ( ) ai ≥ (1 - β) (10) 1 X ( ) ai Simplificando: 1-(1- ai)R ≥ (1 - β) (11) (1- ai)R ≤ β (12) Tomando os logaritmos R ln (1- ai) ≤ ln β (13) O resultado é: ln β R ≥ (14) ln (1- ai) Onde R é tomado como o menor valor integrado para que (14) seja válido. Na tabela 3, valores da quantidade N (ai,n) são dados para vários valores de n e a, pode se ver que esta série é menos convergente quanto menor o valor de a. No meio da tabela 3, os valores de N (ai, ∞) são listados para vários valores de a. Nas últimas linhas da tabela, observamos que o número de ciclos, R, necessários para a concentração de partículas aproximar de 99% (β = 0,01) do valor de equilíbrio. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 56 TABELA 3 VALORES DE N (ai, n) para X = 1 n ai = 0.8 ai = 0.1 ai = 0.05 ai = 0.01 ai = 0.001 2 1.2 1.9 1.95 1.99 1.999 5 1.2496 4.095 4.524 4.901 4.990 100 1.25 9.9997 19.88 63.49 95.21 ∞ 1.25 10.0 20.0 100.0 1000.0 3* 1.24 44* 9.903 90* 19.802 459* 99.007 4603* 990.0 Estes números de ciclos são para quando a concentração de partículas aproximar de 99% do valor de equilíbrio. Este é um valor prático que permite estimar por quanto tempo a máquina tem que operar antes que uma amostra representativa possa ser obtida. Uma máquina com pequena capacidade de óleo, alto fluxo e filtração eficiente, o tempo é curto, entretanto, tempos mais longos são necessários nos sistemas não filtrados com grande capacidade de óleo e baixo fluxo. Se a concentração de partículas pequenas é preocupante, grandes tempos de equilíbrio podem ser esperados porque os mecanismos de remoção (filtração, sedimentação, união, trituração, etc.,) são menos eficientes para partículas pequenas. A tabela 3 mostra que partículas grandes, que tem altos ai e que são mais interessantes para monitoramento, alcança o equilíbrio rapidamente. A concentração de partículas alcança o valor de teto máximo baseado no primeiro princípio, os resultados não são, muitas vezes, tão óbvios quando definindo estratégias de coleta para análise de partículas. Este exercício mostra uma fundamental diferença entre espectrometria e ferrografia, quando aplicada a uma mesma máquina. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 57 A fig. 64 mostra como as leituras de espectrometria e ferrografia variam conforme a máquina passa da fase inicial de acomodação, para a fase de desgaste normal e finalmente, para a fase de desgaste anormal. A leitura ferrográfica mantém o equilíbrio dinâmico durante o desgaste normal, mas a leitura de espectrometria aumenta linearmente. Isto é consistente com o modelo de equilíbrio de concentração de partículas visto anteriormente, onde consideramos que a leitura espectrométrica integra o total de partículas desde as moleculares até aquelas possíveis de vaporização. Partículas muito pequenas diminuem a eficiência de filtração, conforme o tamanho diminui até atingir o tamanho molecular, onde a eficiência de remoção é igual a zero (metal dissolvido). A contribuição do metal dissolvido na leitura de espectrometria deve aumentar com o tempo, enquanto o óleo não é trocado, mas a concentração de partículas grandes, medido pela ferrografia deve estacionar no equilíbrio dinâmico. Fig. 64 LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 58 A figura 64 mostra de que forma as medidas de taxa de desgaste variam na ferrografia, enquanto a espectromeria mede o desgaste total. A premissa fundamental da monitoração de máquina através de análise de partículas de desgaste é a de que um desgaste anormal causa um incremento na concentração e na distribuição de tamanho de partículas de desgaste acima do valor de base previamente estabelecido. Outros autores chegaram à mesma conclusão, de que o equilíbrio na concentração de partículas é estabelecido, por meio de equações diferenciais baseados no balanço de materiais. 10.2 - TÉCNICAS DE AMOSTRAGENS Considerando o que foi visto no item 10.1., de que ambas; geração de partículas e mecanismo de remoção, afetam o nível de equilíbrio de partículas em óleos lubrificantes fluidos. As seguintes recomendações feitas: a) Se a amostragem é feita com o sistema em operação, é desejável fazê-la durante uma condição de operação conhecida. Tem sido observado que a concentração de partículas no óleo varia significativamente conforme o modo de operação. b) Se a amostragem é efetuada após parada da máquina, o efeito sedimentação deve ser considerado. Coletar a amostra logo em seguida à parada ou no máximo até 2 horas após. Futuras demonstragens devem acompanhar a 1ª, isto é, sea primeira foi coletada uma hora após a parada, as demais devem seguir o mesmo tempo. c) A troca de óleo deve ser considerada de modo que a amostragem somente seja efetuada quando houver recuperação no equilíbrio de concentração de partículas. Fatores que influenciam o tempo para o equilíbrio são: • Filtração, isto é, o número de vezes que uma partícula de um dado tamanho e material, pode, na média, passar através do filtro. Melhor o filtro, menor o tempo para equilíbrio. • Taxa do ciclo de bombeamento. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 59 Esta taxa é a taxa de bombeamento expressa em volume por unidade de tempo, dividido pelo volume de lubrificante no sistema, em alguns sistemas todo o volume de óleo é circulado cinco vezes por minuto, enquanto que em outros, uma vez por hora ou mais pode ser normal. Este fator é mais usado quando se trata de remoção por filtração. • Até mesmo um sistema que não circulam lubrificantes, como em redutores, no qual o dente da engrenagem fica parcialmente submerso no óleo, alcança o equilíbrio na concentração, devido principalmente a sedimentação e trituração, aglomeração e adesão, embora o tempo necessário do equilíbrio seja longo se comparado com sistemas circulatórios. • Qualidade dispersiva do óleo lubrificante. Em sistemas onde o óleo contém aditivos detergentes e dispersantes, não há aglomeração de partículas, nem adesão nas superfícies. d) Amostra devem ser tomadas sempre de um único ponto do sistema. Diferentes partes de qualquer sistema apresentam diferentes concentrações de partículas, por exemplo, antes e depois do filtro. Um filtro de óleo pode modificar profundamente a distribuição de partículas no lubrificante das máquinas. O filtro modifica a população de partículas de duas formas: Primeiro, o filtro diminui a concentração de partículas no óleo. A média das partículas remanescentes no óleo de sistemas filtrados, foram geradas mais recentemente do que no caso de sistema sem filtragem. Segundo, o filtro removerá as partículas grandes com maior eficiência do que as partículas pequenas, de forma que a concentração de partículas grandes é reduzida, o que pode eventualmente retardar a deteção do início de um desgaste severo. Se a amostra for coletada antes do filtro, a presença de partículas grandes é uma indicação de que sua taxa de geração é alta, isto é, elas foram geradas neste momento e a deteção de desgaste severo é facilitada. 10.3 - AMOSTRAGEM PELA TUBULAÇÃO É a técnica de amostragem que fornece uma amostra de melhor qualidade, quando coletada na tubulação de retorno do óleo, antes do filtro. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 60 Claramente, ela é necessária nas máquinas onde a amostragem deve ser com ela em operação. Para que a amostragem seja representativa, o óleo que retorna deve ter lubrificado todas as partes da máquina. Se a tubulação for muito grossa e o fluxo for muito lento, amostragem do fundo do fundo do tubo deve ser evitada. Válvulas em tubulações tem que sofrer flushing, pois ela é um foco de deposição de partículas, além de contribuir com partículas geradas durante sua abertura e fechamento. Um procedimento para este caso é descrito a seguir: 1 - Limpar a válvula externamente. 2 - Deixar escoar um volume suficiente para lavar a válvula com um balde sob a mesma. 3 - Sem fechar a válvula, introduza o frasco no fluxo de óleo; quando chegar no nível , retire o frasco. 4 - Somente então feche a válvula. Não reutilize o óleo do balde, pois poderá ter se contaminado. 5 - Limpe a válvula, tenha certeza de que não está vazando, reponha o nível de óleo, caso necessário. 6 - Preencha a etiqueta do frasco com todos os dados solicitados. Informe eventuais trocas ou atuações ocorridas durante o período desde última amostragem. 10.4 - AMOSTRAGEM DO RESERVATÓRIO DE ÓLEO Existem duas principais fontes de problemas quando coletamos óleos de reservatórios, ambas devido a tendência de sedimentação das partículas: • Se coletarmos a amostra do fundo do reservatório, há possibilidade de obtermos uma alta concentração de partículas como resultado da sedimentação. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 61 • Se a coleta for feita diretamente do reservatório perto da superfície, após a parada da máquina, uma concentração muito baixa de partículas pode ser obtida também devido a decantação. A maneira clássica da velocidade de afundamento de uma partícula é calculada através da aplicação da LEI de STOKES para formatos esféricos. A viscosidade do fluído e sua densidade, juntamente com o diâmetro da partícula e densidade, são usadas para calcular a velocidade de afundamento, considerando que a única força que age é a gravidade. A velocidade calculada revela o potencial de perda de partículas grandes. A fig. 65 mostra a taxa de decantação de partículas de vários tamanhos. Na realidade, a taxa de decantação pode ser muito lenta. Vários fatores agem para a redução da velocidade: • Existem correntes de convecção na maioria dos fluidos. Mesmo parado, as máquinas são normalmente mais quentes do que o ambiente. Como resultado, a corrente de convecção se mantém ativo no óleo, retardando a decantação das partículas. A maioria das partículas não é esférica, tem geralmente um formato plano, onde a relação área x peso é maior do que nas partículas esféricas. Conseqüentemente estas partículas afundam mais lentamente do que partículas esféricas de mesmo peso. Fig. 65 LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 62 • Partículas de desgaste estão muitas vezes envolvidas por gel. Estes géis tem densidades pouco superiores a do óleo, abaixando a densidade efetiva do conjunto, provocando um afundamento lento das partículas. Considerando o que foi discutido anteriormente, faremos a seguir algumas recomendações: 1) É considerado preferível coletar a amostra com a máquina em operação. Caso não seja possível, a amostragem deve ser feita tão logo possível após a parada do equipamento. No caso de coleta de amostra de um reservatório, a seguinte regra deve ser seguida: “O tubo de amostragem deve mergulhar pelo menos 5 cm de profundidade do óleo, e a cada hora de atraso na coleta, deve se afundar mais 2,5 cm”. Devido a possibilidade de perda de grandes partículas, não é prudente coletar amostras de equipamentos parados há mais de 2 horas. 2) Se o sistema possui instalado definitivamente numa válvula de amostragem, então a linha onde está a válvula deve ser lavada (flushing) antes da amostragem. O volume morto de óleo no local deve ser estimado e aproximadamente duas vezes este volume deve ser considerado para lavagem. 10.5 - FRASCOS DE AMOSTRAGEM O uso de bombonas de plástico para óleos nos quais devem ser analisados o conteúdo de partículas deve ser evitado, porque há possibilidade de contaminação com partículas de plástico, gel ou líquidos corrosivos (principalmente óleos à base de poliester). A dificuldade maior é que a superfície pode ficar pegajoso e acumular partículas, fazendo com que as amostras deixem de ser significativas depois de certo tempo de estocagem. Frascos de metais podem ser usados, porém partículas geradas deste metal podem se confundir com partículas de desgaste. É conveniente o uso de vidro. Pode ser usado o polietileno de alta densidade, que dentre os plásticos, é o mais resistente. LUBRIN Lubrificação Industrial Ltda. Página 63 É recomendável que os fracos contenham, pelo menos 150 ml e feitos de material transparente. A vantagem dos frascos transparentes é a possibilidade de um exame visual. O exame visual pode permitir importantes informações, como: • Cor - oxidação devido a temperaturas elevadas, escurecem o óleo. • Turvamento - a presença de água ou gás no óleo provoca um turvamento. • O grau de presença de sedimentos pode ser observado após curto tempo. • Partículas de desgaste muito severas - partículas grandes individuais podem ser observadas à olho nu. • Presença de líquidos estranhos - por exemplo a presença de um líquido mais pesado que o óleo pode