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Critica Espirita 2016_todas as edições

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Jornal Crítica Espírita 
ANO II - 2016 
 
 
Janeiro (#13) 
01 - (Dora Incontri) O diálogo e o problema do ego - sobre o diálogo e o problema do ego, 
cuja abordagem representa bem nossa filosofia, de que o diálogo sincero, aberto, não-vio-
lento e empático é a única forma de construir algo de modo sólido e efetivo. 
02 - (Lizarbe Gomes) Magnetismo Crítico - demonstra como a capacidade de Kardec em 
dialogar, em perceber a pertinência da crítica e das contribuições alheias, permitiu-lhe dar 
ao espiritismo um lastro científico e filosófico muito mais robusto e interessante, o que não 
ocorreria se tivesse se fechado em seus próprios pensamentos. 
03 - (Bernadete Faé) analise a novela "Além do Tempo" 
 
 
Fevereiro (#14) 
01 - (Raphael Faé) Corrupção, ética e espiritismo - necessidade de romper com o pensa-
mento que não enxerga solução para os problemas do passado (dialogo com Raymundo 
Faoro) 
02 - (Adilson Mota) A VONTADE E O PODER DO MAGNETIZADOR* (Nov 2015) 
03 - Opinião - Uma reportagem da Folha de São Paulo, intitulada Grávidas com zika fa-
zem aborto 
sem confirmação de microcefalia*, de 31.01.2016, noticia o que qualquer um conectado 
com os temas sociais e espíritas já esperava: que a mera suspeita de possível má-forma-
ção fetal, por causa do vírus zika, levaria futuras mamães a abortar. 
04 - Entrevista - Alexandre Fontes da Fonseca (Física Quântica) 
 
 
Março (#15) 
01 - (Felipe Sellin) A Mulher e o Espiritismo - interessante análise da relação entre espiri-
tismo e mulher. 
02 - (Raphael Faé) Opinião - sobre Geni e o Zepelin e a sociedade patriarcal 
03 - (Raphael Faé) Violência contra a Mulher 
04 - (Raphael Faé) Opinião sobre aborto 
05 - Entrevista - Izaulina Maria Soares 
 
 
Abril (#16) 
01 - (Carlos Friedrich Loeffler) As Duas Edições de “O Livro dos Espíritos” - traz aponta-
mentos sobre as duas edições de “O Livro dos Espíritos” 
02 - (Bernadete Faé) Opinião - convicções sobre a pertinência de Kardec 
03 - (Cássio Drumond Magalhães, Salatiel Brasileiro, Felipe Sellin)Diferentes visões sobre 
o processo de impeachment da Presidente da República, Dilma Rousseff. 
04 - (Associação Brasileira de Pedagogia Espírita) Espíritas em defesa da democracia 
 
 
Maio (#17) 
01 - (Laísa Emanuele) CONSCIÊNCIA POLÍTICA COMO EXERCÍCIO DE ALTERIDADE - 
proposta espírita para um mundo melhor, construído por pessoas emancipadas. 
02- (Raphael Faé) demonstra que o mantra “espiritismo e política não combinam” só vem 
do desconhecimento do sentido profundo da política e do espiritismo. 
03 - (Raphael Faé) Ponto de Vista - que analisa o conceito de trabalho trazido pelos espí-
ritos da 
codificação, como “toda ocupação útil”, com a compreensão ordinária de trabalho. 
04 - (Raphael Faé) Sobre um grupo de leitura 
05 - Entrevista - Lino Petelinkar 
 
 
Junho (#18) 
01- (Raphael Faé) A Responsabilidade Espírita na Era da Informação 
02 - (José Marcus Baptista) Que sentido tem a mídia para o espiritismo 
03 - (Adilson Mota) REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA DO PASSE NAS CASAS ESPÍRI-
TAS 
04 - (Felipe Sellin) 9 CANAIS COM CONTEÚDO ESPÍRITA QUE VOCÊ PRECISA CO-
NHECER! 
 
 
Junho (#19 - Especial Direitos Humanos e Espiritismo I) 
01 - (Adriano Medeiros) Espiritismo, direitos humanos e o ‘E(e)spírito’ de Rousseau” - 
traça uma linha entre o mentor da revolução francesa e o espiritismo, e enfatiza a neces-
sidade de o espiritismo protagonizar a promoção da dignidade da pessoa humana, reto-
mando o paradigma do espírito como essencial para a compreensão do ser humano. 
02 - (Mônica Paulino Lannes) DIREITOS HUMANOS E A CONSTRUÇÃO DE OUTRA 
SOCIABILIDADE – MUNDO DE REGENERAÇÃO - faz uma apresentação histórica e crí-
tica dos direitos humanos e sua importância para que, concretamente, possa surgir uma 
sociabilidade regenerada, o que não acontecerá sem lutas e escolhas. 
03 - (Ana Vargas) DIETA ESPECIAL: NECESSIDADE DA REFORMA ÍNTIMA PELO 
MAGNETIZADOR 
04 - (Bernadete Faé) ADOÇÃO POR CASAIS HOMOAFETIVOS 
 
 
Agosto (#20 - Especial Direitos Humanos e Espiritismo II) 
01 - (Eduardo Ferreira Valério) DIREITOS HUMANOS NOS PRESÍDIOS: O QUE OS ES-
PÍRITAS PODEM FAZER? - trata de uma temática que ainda deve vencer muitos precon-
ceitos, especialmente no movimento espírita: a questão carcerária. 
02 - (Marco Antônio Lucindo Bolelli Filho) OS EXTREMOS DOS DIREITOS HUMANOS: A 
JUSTIFICAÇÃO DA MISÉRIA E A SUA SUPERAÇÃO - nova abordagem sobre direitos 
humanos, mais que discurso e legislação, é algo a ser vivenciado, deve integrar a vida e, 
para isso, é necessário repensar o que é efetivamente importante para nós. 
03 - (Bernadete Faé) ENVELHECIMENTO - trata de um grupo social muito vulnerável: os 
idosos. De modo objetivo, ela evidencia aspectos dessa fase da vida e propõe a necessi-
dade de o movimento espírita se dedicar a este tema e de exigir o respeito aos direitos 
estabelecidos no Estatuto do Idoso. 
04 - (Franklin Félix) Um olhar sobre o novo-velho movimento espírita: por um movimento 
mais diverso e menos heteronormativo 
 
 
Setembro (#21) 
01- (JCE) “Opinião” conta com um texto sobre o impedimento de Dilma Rousseff 
02 - (Raphael Faé Baptista) Brasil, Corações de Ferro, Pátria da Violência sobre a ima-
gem messiânica que Humberto de Campos delineia em “Brasil, coração do mundo, pátria 
do evangelho”. 
03 - (Heleno José Vidal) UM PAÍS EM CONSTRUÇÃO - faz uma análise espírita e crítica 
sobre a independência do Brasil. 
04 - (Bernadete Faé) aborda as próximas eleições municipais e a atenção que todo cida-
dão consciente deve ter antes de votar. 
 
 
Outubro (#22) 
01 - (Dora Incontri) KARDEC CODIFICADOR? 
02 - (Adriano Medeiros) A DECADÊNCIA DA ARTE COMO ESPELHO DA 
DECADÊNCIA DA SOCIEDADE - reflexões e indagações sobre a relação entre arte e es-
piritismo, e seus reflexos sociais. 
03 - (Miguel Rios) PAGÃO, POLITEÍSTA E ESPÍRITA. GOSTEM OU NÃO! Ao falar sobre 
sua espiritualidade e sua relação com o espiritismo, o autor coloca no papel toda a pu-
jança de seu mundo interior, de suas crenças e sua afetividade, assim como desmascara 
a face opressora da religiosidade cristã ocidental. 
04 - ENTREVISTA - Alessandro Cesar Bigheto 
 
 
Novembro (#23) 
01 - (Felipe Sellin) O Mito da Democracia Racial e o Espíritismo - faz interessante relação 
entre o mito da democracia racial e o discurso contido na obra “Brasil, coração do mundo, 
pátria do evangelho”. 
02 - (Ana Fiori, Cynthia Santos) A quem serve a miséria institucionalizada? 
03 - (Sócrates Pereira Silva) As vozes de uma nova Era - conforme textos de Kardec e da 
espiritualidade superior, de uma geração de jovens, mas composta por espíritos já caleja-
dos por muitas experiências reencarnatórias, que não mais aceitam os horizontes morais 
de um planeta de provas e expiações e clamam pelo novo. 
04 - Entrevista - Mãe Valda de Piripama, yalorixá do Ilê Asé Sango Ayra Ibona (Candom-
blé) 
 
 
Dezembro (#24) 
RECAP 
 
#13 Janeiro de 2016 
 1 
O Diálogo e 
o Problema 
do Ego 
O Diálogo e 
o Problema 
do Ego 
#13 Janeiro de 2016 
 2 
Editor 
Raphael Faé Baptista 
 
Editoração: 
Felipe Sellin 
 
Colaboram nessa Edição: 
Bernadete Faé 
Dora Incontri 
Lizarbe Gomes 
Raphael Faé Baptista 
 
 
Interaja conosco, sua opinião 
é muito importante para nós: 
criticaespirita@gmail.comQUADRINHOS 
#13 Janeiro de 2016 
 3 
EDITORIAL 
O jor-
nal 
Crítica Espírita completa um ano de vida, e 
não é possível expressar, com palavras, nossa 
felicidade com essa conquista. 
Há aproximadamente três anos, Felipe Sellin 
e eu vínhamos conversando e amadurecendo a 
ideia sobre como iniciar um movimento que 
pudesse colocar o espiritismo no centro dos 
debates da sociedade contemporânea. Mas 
não do modo como a maioria das mídias e 
imprensas espíritas normalmente o fazem, 
cujos discursos parecem aquém da verdadeira 
capacidade que o espiritismo tem de respon-
der às graves questões de nosso tempo e, em 
alguns casos, assumindo uma feição conserva-
dora e legitimadora de injustiças e de misérias 
morais e materiais. 
Dessas conversas, que expressavam a indigna-
ção com este mundo e com o modo como o 
espiritismo era subaproveitado ou utilizado 
para manutenção do status quo, surgiu este 
jornal. 
Gestado na Associação Jurídico Espírita do 
ES, na tentativa de agregar esforços e onde 
encontramos ressonância para a proposta, o 
jornal, ao longo de 2015, transcendeu as im-
portantes abordagens de cunho jurídico-
espírita, e a tendência natural foi encontrar 
seu caminho próprio, abrindo-se para novas 
visões e abordagens. 
Desse modo, se o leitor encontra aqui alguns 
textos mais contundentes ou algumas visões 
diferentes das demais mídias espíritas, é por-
que nossa proposta é realmente a de gerar o 
debate e a reflexão acerca da sociedade e do 
espiritismo, com responsabilidade e ética, 
tirando-o do marasmo, do dogmatismo e do 
"lugar-comum" onde foi encerrado pelo movi-
mento espírita brasileiro ao longo das últimas 
décadas, obviamente com as devidas exceções. 
Por isso, em 2016 continuaremos com o olhar 
atento à nossa realidade absurda e sofrível e à 
nossa sociedade opressora, violenta e desi-
gual, pois, enquanto for assim, enquanto ti-
vermos a capacidade de fazer o melhor, mas 
fizermos o que há de mais deprimente e de-
gradante, o espiritismo continuará sendo im-
portante ferramenta para a superação das 
mazelas que nos afligem, e a crítica continuará 
sendo o meio mais eficaz para cumprir essa 
missão. 
Para este ano, teremos algumas mudanças, 
para melhor, mas que virão apenas a partir de 
Fevereiro e de Março. Esperamos que o leitor 
aprecie. 
Abrindo o ano, na matéria da capa, reproduzi-
remos um artigo de Dora Incontri sobre o 
diálogo e o problema do ego, cuja abordagem 
representa bem nossa filosofia, de que o diálo-
go sincero, aberto, não-violento e empático é a 
única forma de construir algo de modo sólido 
e efetivo. Na coluna Magnetismo Crítico, con-
tamos com interessante texto de Lizarbe Go-
mes, colaboradora do Jornal Vórtice, que de-
monstra como a capacidade de Kardec em 
dialogar, em perceber a pertinência da crítica 
e das contribuições alheias, permitiu-lhe dar 
ao espiritismo um lastro científico e filosófico 
muito mais robusto e interessante, o que não 
ocorreria se tivesse se fechado em seus pró-
prios pensamentos. Na coluna Crítica Mediú-
nica, o leitor encontrará uma pertinente análi-
se de Bernadete Faé, nossa nova colaboradora, 
sobre a novela "Além do Tempo", que se en-
cerrou há alguns dias. 
Finalizando, desejamos aos leitores e parcei-
ros um excelente 2016, um ano que, se depen-
der de nós, não faltarão debates, críticas e 
reflexões, para que daí surja a esperança que 
precisamos para cumprir a missão de qual-
quer espírito encarnado, com relação a si mes-
mo e ao seu redor – evoluir. 
Boa leitura! 
Raphael Faé Baptista 
Caras Leitoras e Caros Leitores, 
#13 Janeiro de 2016 
 4 
Entre os eixos temáticos que trabalhamos 
na Universidade Livre Pampédia, estão a 
Comunicação Não-violenta, o diálogo 
inter-religioso, a educação para a paz. 
Ora, em todos esses temas, aparece a 
questão central do diálogo. Trabalhamos 
com pluralismo, diversidade – que é o 
diálogo entre diferentes correntes de pen-
samentos – e com interdisciplinaridade – 
que é o diálogo entre diversas áreas do 
conhecimento. 
Diálogo que é relação, troca. Diá-
logo que é escuta, respeito. Diálo-
go que é sobretudo valorização do 
outro, pensar que podemos apren-
der com o outro. Ao mesmo tem-
po, nos disponibilizarmos a ensi-
nar, de forma clara, não impositi-
va e afável. 
Quem dialoga, de fato, aprende e 
ensina, influencia e é influenciado. 
Podemos nos transformar, sem perder a 
identidade. Porque dialogar não significa 
impor nossas posições ou aceitar as posi-
ções do outro. O diálogo é a aceitação do 
diferente, sem escândalo, sem desgosto, 
sem reprovação. 
Tudo isso, porém, esbarra num problema 
de fundo: o ego inchado. A vaidade, o 
orgulho, o empavonamento, a centralida-
de em si, o desejo de poder sobre os ou-
tros, o desprezo pelo próximo, o desinte-
resse em aprender, o sentir-se dono de 
todas as verdades… essas atitudes, que 
estão arraigadas no psiquismo humano 
de forma visceral, impedem que haja um 
diálogo sincero, despojado, amoroso e 
enriquecedor entre as pessoas de diferen-
tes crenças, de diferentes visões de mun-
do, de diferentes áreas do saber. 
Quem fala demais, compulsiva-
mente (e quantas pessoas há as-
sim), não escuta, não aprende, não 
dialoga. 
Quem despreza os que não pensam 
igual não enxerga valor nenhum na 
visão de mundo do outro, não exer-
cita a empatia, para compreender 
por que o outro pensa assim, não 
se coloca em pé de igualdade, não 
dialoga. 
MATÉRIA DE CAPA 
O diálogo e o problema do ego O diálogo e o problema do ego 
http://bloguniversidadelivrepampedia.com/2015/10/30/o-dialogo-e-o-problema-do-ego/#
#13 Janeiro de 2016 
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Quem tem estruturas mentais muito rígi-
das, dogmas muito fechados, e sente-se 
inseguro de colocá-los em cheque (como 
dizia Erich Fromm, o fanatismo é fruto da 
insegurança), tem medo do diálogo, nem 
finge dialogar, foge de qualquer confronto 
com suas posições. 
Quem ironiza demais, usa o ácido da des-
construção permanente das posições dife-
rentes da sua, demonstra profundo des-
dém pelo outro, impedindo o diálogo. 
Aliás, a ironia congela qualquer conversa. 
Por tudo isso, em nosso ideário da Uni-
versidade Livre Pampédia, está a ideia de 
“propiciar o encontro entre os seres hu-
manos, mas também o cultivo de si”. Não 
é possível trabalhar o diálogo apenas ci-
tando Sócrates e Paulo Freire, Gandhi e 
Rosemberg (o criador do conceito de Co-
municação não violenta). É preciso olhar-
se, conhecer-se, analisar-se e ver quais 
são as posturas nossas, que impedem o 
diálogo, que canais de empatia, ternura, 
compreensão, humildade e sabedoria 
teremos de abrir, para ir ao encontro do 
outro, de mãos estendidas e coração lim-
po, de mente aberta e desejo genuíno de 
trocar. 
O diálogo não significa a adoção de um 
relativismo radical, de achar que tudo está 
bom, que nada seja reprovável.Mas um 
certo relativismo sim, é necessário: aquele 
saudável, que aceita o questionamento, 
embora não se recuse a alguma conclusão 
possível. 
Nem significa o diálogo uma extinção do 
espírito crítico, ferramenta indispensável 
para a melhoria da sociedade, para o de-
bate das ideias e para a progresso do pen-
samento. Mas justamente quando há diá-
logo real, a crítica é exercida com cuidado 
e o melindre não entra em cena. 
Difícil tudo isso? Sim! Mas possível, ne-
cessário e urgente! 
Dora Incontri é educadora, jornalista e 
escritora; autora de mais de 20 obras pu-
blicadas. Mestre, doutora e pós-doutora 
em história e filosofia da educação pela 
USP. 
#13 Janeiro de 2016 
 6 
O século XIX caracterizou-se pelo avanço 
científico (importantes descobertas em 
várias áreas do conhecimento, progressos 
nos transportes, comunicações, novas 
formas de lazer), pela diversidade do pen-
samento filosófico e político, por profun-
das transformações sociais e econômicas 
resultantes da Revolução Industrial e da 
consequente urbanização. 
Naquela época, Paris, a cidade-luz, era o 
centro para o qual convergiam a atenção e 
o interesse dos mais eminentes pesquisa-
dores dos mais diferentes ramos do saber. 
Era lá que publicavam suas teses e, por 
conseguinte, ela era importante centro 
irradiador de cultura e de conhecimento. 
A efervescente Paris oitocentista era, por-
tanto, sede de importantes publicações 
como livros, jornais e revistas, veículos de 
propaganda de diferentes correntes de 
pensamento. Certamente por essa razão 
que, na capital francesa, eram também 
editados o Jornal do Magnetismo (desde 
1845) e a Revista Espírita (desde 1858). 
Ambos se propunham a ser tribunas atra-
vés das quais os mais renomados pesqui-
sadores mantinham contato, revelavam 
resultado de suas experiências, promovi-
am debates em torno dos temas mais pal-
pitantes da época. 
Nas páginas do Jornal do Magnetismo, 
por exemplo, podemos observar a impor-
tante repercussão, todo o impacto do sur-
gimento do Espiritismo e os acendrados 
debates que provocou entre os magnetiza-
dores, que já vinham se dedicando com 
afinco e há vários anos, ao estudo do mag-
netismo, suas características, aplicações e 
implicações. Obviamente muitos deles 
apoiavam e aceitavam as idéias trazidas 
pelo Espiritismo nascente, incentivando 
com gosto o seu estudo. Nota-se, porém, 
que outros tantos recebiam estas idéias 
com bastante reserva e até mesmo muita 
desconfiança. Os temas apresentados 
pelos espíritas que geravam mais contro-
vérsias eram: a comprovação da existên-
cia dos espíritos, a possibilidade de comu-
nicação com eles; a verificação da autenti-
cidade destas comunicações; o fato de 
muitos fenômenos nos quais se afirmava 
a ação de seres espirituais acontecerem na 
obscuridade; a interferência dos espíritos 
nos fenômenos de sonambulismo; a re-
muneração dos médiuns; a definição 
quanto ao Espiritismo ser ou não uma 
nova religião. Como o Jornal do Magne-
tismo foi publicado até 1861, seus colabo-
radores acompanharam atentamente os 
primeiros passos da recente doutrina, 
com base no Livro dos Espíritos, lançado 
em 1857 e nos artigos publicados na Re-
vista Espírita, bem como através dos inú-
meros fenômenos ocorridos em diversos 
locais, relatados e enviados diretamente 
ao referido jornal. Tanta cautela é com-
preensível, tendo em vista que os magne-
tizadores vinham se dedicando a um tra-
balho nem sempre bem aceito pela comu-
nidade científica; pelo contrário, também, 
eram constantemente alvo de ataques, 
suspeitas e acusações como fraudes e 
charlatanismo. Ora, nada mais natural 
que eles, justamente por haverem experi-
mentado a severidade do julgamento 
alheio, se preocupassem em alertar aos 
divulgadores da recém-nascida Doutrina 
Espírita, quanto à importância de se exa-
minar cuidadosamente os acontecimentos 
envolvendo a participação de médiuns e a 
intervenção de espíritos. Neste sentido, o 
Barão Du Potet já enfatizava: ”os espiritu-
alistas imaginam que o público aceitará 
toda a doutrina, sem exame e sem provas 
peremptórias! Eles se enganam! O espiri-
Magnetismo Crítico 
SEMPRE EM BUSCA DA VERDADE SEMPRE EM BUSCA DA VERDADE 
#13 Janeiro de 2016 
 7 
tualismo assim como o magnetismo deve 
dar provas e não deixar nenhuma dúvida 
à respeito dos espíritos e é justamente 
porque somos espiritualistas que adverti-
mos os homens tão confiantes nos mé-
diuns, que entre eles há os charlatães, os 
enganadores, pessoas que simulam admi-
ravelmente os fenômenos extraordinários 
produzidos por agentes desconhecidos. O 
Espiritualismo, assim como o sonambu-
lismo, não está isento disso; muitas pes-
soas tem simulado este último estado e o 
simulam ainda.” (Jornal do Magnetismo, 
pág.465, 1859). É muito pertinente a pre-
ocupação destes estudiosos interessados 
em bem compreender não só as relações 
com o mundo invisível mas principal-
mente com a autenticidade do fenômeno 
e as conseqüências morais deste inter-
câmbio. Conhecedores da natureza huma-
na, já antecipavam o quanto os homens 
poderiam tirar bom ou mau proveito des-
tas práticas, conforme suas conveniên-
cias, questão, aliás, que continua a nos 
inquietar nos dias atuais. Sabiam também 
que, se bem conduzida, a nova revelação 
poderia contribuir e muito para a regene-
ração da humanidade, colaborando deci-
sivamente para sua evolução. Em um 
século marcado pelo racionalismo, era 
inadmissível, para eles, o retorno ao fana-
tismo, ao obscurantismo, à fé cega. Por 
isso insistiam na importância do exame 
criterioso, de tudo submeter à razão. Nes-
te sentido, é de supor que os alertas e as 
críticas dirigidas a Allan Kardec, longe de 
desestimulá-lo, contribuíram ainda mais 
para que ele examinasse cuidadosamente 
as manifestações dos espíritos, identifi-
cando e mais ainda, ajudando a identifi-
car os abusos e as fraudes, entraves cons-
tantes no caminho da verdade. Certamen-
te estas advertências foram levadas em 
consideração e podem ter influenciado na 
elaboração do “Livro dos Médiuns”, de 
1862, obra sabidamente reconhecida pelo 
cunho de rigor e seriedade no exame da 
grande variedade das manifestações me-
diúnicas e de suas nuances, até então 
bastante incompreendidas. Nesta obra, de 
capital importância, estão muitas respos-
tas às dúvidas não só dos contemporâ-
neos de Kardec mas também dos homens 
das gerações posteriores. Ali encontramos 
diretrizes seguras a respeito de como 
identificar os espíritos, as relações dos 
comunicantes com as qualidades morais 
do médium, as oscilações próprias das 
faculdades mediúnicas, bem como a vari-
edade de gêneros de manifestações entre 
outras tantas questões importantes. Mais 
uma vez se fez presente o apelo ao estudo 
constante, ao trabalho sério e equilibrado, 
à prática da mediunidade com amor, ori-
entações que tornam o Livro dos Médiuns 
indispensável a todos que desejam conhe-
cer o fascinante universo da mediunida-
de. Posteriormente, mais informações 
foram sendo trazidas pela Espiritualida-
de, paulatinamente, eliminando outras 
tantas dúvidas e oferecendo mais segu-
rançaà prática mediúnica num incessante 
trabalho em curso ainda nos nossos dias. 
De tudo isso se extrai os benefícios que o 
livre exame traz toda a vez que surge um 
pensamento filosófico. Talvez se Kardec 
não tivesse sido exigido da maneira como 
foi pelos acadêmicos da época, se não 
tivesse sido questionado da maneira co-
mo foi, se todas as suas afirmações hou-
vessem sido aceitas passivamente, sem 
discussão, seu trabalho certamente não 
teria alcançado a dimensão e a qualidade 
que alcançou e não teria se tornado refe-
rência para bem se compreender as rela-
ções que se estabelecem ente o mundo 
físico e o imaterial. Talvez por este moti-
vo, por ter tido o bom senso de não rejei-
tar as advertências que lhe eram feitas 
mas, pelo contrário, servir-se delas para 
fazer um bom trabalho, Kardec tenha 
escrito, na abertura do Evangelho Segun-
do o Espiritismo a sábia afirmação: “Fé 
inabalável só o é a que pode encarar fren-
te a frente a razão em todas as épocas da 
Humanidade”. 
Lizarbe Gomes é professora de hitória 
no Rio Grande do Sul e colabora com o 
Jornal Vórtice. 
#13 Janeiro de 2016 
 8 
 Opinião 
"Parece que, na base disso tudo, 
está a tensão entre liberdade e 
respeito, entre ser livre para agir 
e o dever de considerar meu pró-
ximo. Por isso, 'sou Charlie Heb-
do', porque entendo que a liber-
dade, como a de expressão, é 
uma das maiores conquistas da 
humanidade [...] e a ironia é fun-
damental para dessacralizar 
regras sociais absurdas e morali-
dades ridículas. Porém, também 
'não sou Charlie Hebdo', porque 
acredito que, pareado ao meu 
direito de me expressar, também devo respeitar o meu 
próximo, um ser humano tão imperfeito, limitado e per-
fectível quanto eu, com sua visão de mundo, seu modo de 
interpretar a realidade e de se realizar existencialmente. 
Em ambos os casos, a violência é injustificável, seja a pra-
ticada pelos e contra os cartunistas, e fico a pensar se não 
teríamos ganhado mais, enquanto civilização, se os cartu-
nistas assassinados tivessem voltado todo o talento e ca-
pacidade para denunciar a hipocrisia e o fundamentalis-
mo de nossa sociedade liberal-capitalista e seu terrorismo 
diário, que produz um batalhão de miseráveis, de prisio-
neiros do consumo e do trabalho alienado, os quais cultu-
am diariamente o Deus-Dinheiro, ofertando em sacrifício 
as vidas próprias e alheias." 
Se numa sociedade caridosa tudo é 
de todos, se ninguém distribui rou-
pas porque ninguém passa frio, se 
ninguém dá sopa porque não há fo-
me, se a existência é um universo de 
possibilidades para a realização do 
ser, então o desafio é começar a se 
indignar com este mundo velho e 
esquizofrênico, enfrentar suas ques-
tões de frente, e deixar de encobrir 
artificialmente suas dores e defeitos 
com práticas superficiais e falas ba-
tidas. [...] No horizonte cristão, esse 
enfrentamento é contado na parábo-
la do Samaritano. [...] O verdadeiro 
irmão, o modelo de pessoa caridosa, é aquele que descon-
sidera apriorismos, preconceitos, leis e convenções sociais 
em prol da contingência e da concretude da vida. Para o 
Samaritano, a única verdade é que a dor, a fome, o anal-
fabetismo, a ignorância e a marginalidade alheias são 
concretas e, portanto, suas também. Para ele, quem mor-
reu afogado não foi Aylan, um menino sírio que fugia da 
guerra, mas seu irmão mais novo, seu filho e, num grau 
mais elevado, ele próprio. Enfim, o Samaritano sabe que 
o 'Médicos Sem Fronteiras' é uma instituição fantástica, 
mas também sabe que o desafio é construir uma socieda-
de onde ela não seja mais necessária." 
Mais uma vez, os cartunistas do jornal 
Charlie Hebdo explicitaram toda a sua 
intolerância eurocêntrica contra o dife-
rente, revelando o que há de mais mes-
quinho e vil a permear as relações indivi-
duais e sociais, e como estamos muito 
mais próximos do nazismo do que do 
reino de Deus. 
Na charge acima, de extremo mal gosto, 
afirma-se que se Aylan Kurdi, o menino 
sírio que morreu afogado numa praia da 
Turquia, tivesse sobrevivido, ele cresceria 
e viraria "apalpador de nádegas de mu-
lheres na Alemanha", como referência aos 
fatos que ocorreram no réveillon da cida-
de de Colônia, em que várias mulheres 
foram atacadas por suspeitos que, em sua 
maioria, são apontados como imigrantes 
do norte da África e do "mundo árabe". 
Com isso, os cartunistas disseram que 
Aylan viraria um criminoso, mais ou 
menos como muitos brasileiros se refe-
rem às crianças pobres das favelas como 
"aprendizes de marginal" ou "sementes 
do mal". Afora toda a xenofobia euro-
peia, que adora criar demônios para de-
pois sair como herói por tê-los derrotado 
com o discurso cínico do desenvolvimen-
to e dos direitos humanos, esta charge 
expressa parte da opinião pública euro-
peia sobre os imigrantes, e mostra que 
pouco aprenderam com o século XX, 
onde os heróis europeus deram ao mun-
do duas guerras mundiais, guerras regio-
nais, regimes totalitários e ditatoriais, 
colonialismo, niilismo, esgotamento dos 
recursos naturais, dentre outras promis-
sórias que as gerações futuras terão difi-
culdade em pagar. 
Por isso, convido o leitor a reler as edi-
ções de Fevereiro e de Setembro de 2015 
do jornal Crítica Espírita, onde se tratou 
do ataque ao jornal francês e da morte de 
Aylan Kurdi. São abordagens de como o 
espiritismo permite uma leitura da socie-
dade que rompa com a violência e a hipo-
crisia nossa de cada dia. Num mundo que 
clama pelo diálogo sincero e acolhedor, 
como assevera a matéria da capa desta 
edição, parece que temos a oferecer ao 
mundo muito mais do que imaginamos. 
#13 Janeiro de 2016 
 9 
Há um bom tempo acontece a veiculação, 
na mídia, de produções que abordam te-
mas espiritualistas. Foram produções 
inicialmente tímidas, algumas até um 
pouco bizarras voltadas para o humorísti-
co, objetivando exclusivamente divertir o 
telespectador com boas gargalhadas, evi-
denciando significativo amadorismo, uma 
superficialidade e banalização no trato 
com as “coisas do além”. 
Mesmo apresentando enredos mais elabo-
rados, histórias mais coerentes, essas 
produções ainda deixam a desejar, diante 
de uma análise mais aprimorada que se 
faz quando se tem o conhecimento do 
referido tema. Mas não há como ignorar a 
melhora no enredo dessas produções. 
A recente e bem sucedida produção abor-
dando o tema espiritualista foi a telenove-
la “Além do tempo”, de autoria de Eliza-
beth Jhin, escritora mineira, nascida em 
13 de janeiro de 1949. 
Elizabeth Jhin, que carrega o rótulo de 
“autora espírita da Rede Globo”, declarou 
em entrevista à Federação Espírita Brasi-
leira, através da Rede Amigo Espírita, 
alguns aspectos que caracterizam suas 
produções, alguns descritos aqui: 
- “Sempre gostei de trabalhar com novelas 
com o tema 'espiritualidade'." 
- “Muitas coisas me motivam a trabalhar 
com este assunto, principalmente a minha 
curiosidade e meu encanto sobre ele.” 
Também declara, na entrevista, que 
“meus trabalhos não são focados em uma 
religião específica e que a grande mensa-
gem de 'Além do tempo' é que colhemos o 
que plantamos, ou seja, a lei de causa e 
efeito e a reencarnação.” 
Entre outrasdeclarações, Elizabeth Jhin 
afirma “é buscar o perdão aonde magoou, 
o amor aonde odiou, fazer o bem para 
receber o bem de volta.” 
Quanto à excelente audiência que a nove-
la alcançou, declara: “fico muito feliz de 
saber que a mensagem alcança tantas 
pessoas.” 
Ao assistir o último capítulo, muito bem 
montado por sinal, em uma das cenas, a 
mãe respondendo à inquietação da filha 
que se dizia “incapaz de ser feliz e de que-
rer o bem para os outros”, a mãe respon-
de: “filha, ame mais, odeie menos, o ódio 
volta para nós e o amor também.” Pode-
mos perceber que a autora não desperdi-
çou a oportunidade de levar uma boa 
mensagem. 
Certamente, caro leitor, esse não seria o 
modo mais eficaz de ser informado com 
segurança das tramas que norteiam a 
solidariedade das existências e o trato 
com a vida espiritual.. Não! O que gostarí-
amos de observar é que, em se tratando 
de aprendizes num plano de expiações e 
provas, e ainda, que todos deverão ter 
acesso ao conhecimento desta realidade, 
porque não, através de um trabalho as-
sim? 
O que gostaria de chamar a atenção, neste 
caso, é a possibilidade de “cairmos em 
tentação”, assumir atitudes radicais que 
não levaria a lugar nenhum, ou pior, faria 
com que alguém se desinteressasse pelo 
assunto e adiasse algo que poderia acon-
tecer naquele momento. 
Muitos chegam ao espiritismo movidos 
por curiosidade que aquele enredo susci-
tou. 
Certa vez, uma pessoa, ao relatar suas 
dúvidas em relação ao que tinha visto em 
uma novela com tema espiritualista, rece-
beu de volta a seguinte resposta: “esquece 
isso, você já começou errado. Onde que 
novela ensina alguma coisa de bom para 
alguém?” 
Não seria esta uma atitude radical? Por 
que não aproveitar esse recurso? Preparar 
uma aula atraente, no caso de um grupo 
de estudos, destacando os pontos a serem 
pesquisados, estudados? 
A Mídia Espiritualizada? 
Crítica Mediúnica 
A Mídia Espiritualizada? 
#13 Janeiro de 2016 
 
No caso da telenovela “Além do tempo” 
podemos destacar três pontos a serem 
explorados, mas que não diminuiu a bele-
za e coerência da obra. Vamos aos pontos: 
1º- o fato de os personagens reencarna-
rem com os mesmos nomes da existência 
anterior. Pode acontecer? Pode, mas sem 
a obrigatoriedade de assim ser. No caso 
da novela, foi exclusivamente didático 
para facilitar o entendimento da transição 
entre uma existência e outra. 
2º- a maioria dos casais se reencontraram 
como casais novamente. Não necessaria-
mente isso acontece. Pode-se reencontrar 
como amigos, parentes, pode ser que não 
tenha mais a necessidade de se encontrar, 
dependendo do planejamento para a atual 
existência, cujo mecanismo a Doutrina 
Espírita traz esclarecido arcabouço teóri-
co, principalmente e primeiramente nas 
obras que compõe a Codificação Espírita. 
3º- no último capítulo, o personagem foi 
morto por quem ele matara na existência 
anterior. Mesmo trazido de forma diferen-
ciada, agora com um disparo acidental, a 
ação de tirar a vida de alguém não deve 
ser repetida. Não retornamos para fazer a 
mesma coisa, mas para fazer melhor, para 
progredir, mas que nem sempre consegui-
mos. E aí? O que vai acontecer depois? 
Não seria uma boa oportunidade para 
estudar sobre a justiça divina, brilhante-
mente esclarecida na obra “O Céu e o In-
ferno”? 
Finalizando, o convite é estarmos abertos 
para novas possibilidades e preparados 
para esclarecer, sem inibir, sem humilhar. 
É estudar os postulados espíritas com 
profundidade sem, no entanto, esquecer 
de burilar nossos sentimentos e ações. É 
prestar atenção no que se fala, como se 
fala e para quem se fala, quando chama-
dos a discutir ou dialogar sobre determi-
nada postura ou assunto. O convite é que 
o nosso olhar busque cada vez mais o 
mundo e as pessoas que nele habita, como 
seres capazes de produzir coisas boas em 
todos os lugares. 
 
Bernadete Faé é psicóloga e dirigente 
no movimento espírita. 
"Então, é possível que tenhamos raiva ou que tenhamos ódio, é possível, sem termos direito para isso. 
Porque o ódio que sentirmos ou a cólera que alimentemos recai sempre sobre nós, no sentido de doença, de 
abatimento, de aflição e só pode causar mal, já que deixamos, há muito tempo, a faixa da animalida-
de para entrarmos na faixa da razão. Somos criaturas humanas e por isso devíamos sentir a verdadeira 
fraternidade de uns para com os outros, sem possibilidade de nos odiarmos, porque os irmãos verdadeiros 
nunca se enraivecem, uns com os outros". 
Chico Xavier 
(Mensagem Exibida em áudio original no final da novela) 
#14 Fevereiro de 2016 
 1 
ANO II—#14 Vitória/ES Fevereiro de 2016 
Corrupção, ética 
e espiritismo 
#14 Fevereiro de 2016 
 2 
Editor 
Raphael Faé Baptista 
 
Editoração: 
Felipe Sellin 
 
Colaboram nessa Edição: 
 
Adilson Motta 
Felipe Sellin 
Raphael Faé Baptista 
 
 
Interaja conosco, sua opinião 
é muito importante para nós: 
criticaespirita@gmail.com 
QUADRINHOS 
#14 Fevereiro de 2016 
 3 
EDITORIAL 
No último cam-
peonato mundi-
al de handebol, a seleção holandesa perdeu a 
final para a Noruega. Mas a equipe da Holan-
da fez tanta festa em quadra, pois, apesar da 
derrota, conquistar o segundo lugar era um 
feito. Enquanto as equipes comemoravam, 
cada qual ao seu modo, os comentaristas bra-
sileiros enfatizaram que, caso fosse a seleção 
brasileira derrotada na final, a maioria das 
pessoas iriam criticar, apontar defeitos, en-
fim, iriam menosprezar os esforços realizados 
e a segunda posição. 
Isso é um pequeno exemplo para mostrar que 
os brasileiros estão acostumados a certa ma-
nia de grandeza: maior país da América Lati-
na e maior economia da região, maior floresta 
do planeta, maior rio, melhor no futebol, no 
vôlei, melhor nisso e naquilo. Até mesmo 
quando está ruim, há a certeza que não há 
pior. Nossa desigualdade, violência urbana, o 
latifúndio, etc. são constantemente vistos co-
mo os piores do mundo, e a corrupção, em 
especial, é tomada como o maior de nossos 
problemas. 
Essa visão não é recente. Muitos intérpretes 
do Brasil buscaram encontrar as razões que 
levaram a existência da confusão entre o pa-
trimônio publico e o privado na herança cul-
tural do império português. Daí, a "Matéria de 
capa" deste mês dialoga com Raymundo Fao-
ro, um dos mais importantes intelectuais des-
sa tradição. Em mais uma contundente críticaà realidade social, o filósofo Raphael Faé Bap-
tista mostra-nos a necessidade de romper 
com o pensamento que não enxerga solução 
para os problemas do passado. Ao mesmo 
tempo, apresenta a tarefa do espírita como de 
constante transformação dele próprio e do 
meio em que ele está inserido. Segundo o au-
tor, há um papel ativo a ser realizado por nós 
perante uma série de desafios, como a corrup-
ção ou mesmo nossa megalomania que impe-
de de vermos a imbrincada teia evolutiva em 
que nós, brasileiros, estamos inseridos. 
Além disso, os desafios da existência num 
mundo de provas e expiações ganharam uma 
nova atenção nos últimos meses com o vírus 
Zika e sua possível relação com a má forma-
ção cerebral do feto de grávidas infectadas. A 
comunidade médica prevê entre 6 e 15 mil 
crianças com microcefalia nascendo no brasil 
até o fim do ano de 2016 em decorrência do 
vírus. A Zika reacendeu o debate sobre con-
trole de natalidade e sobre aborto, temas que 
devem ser aprofundados pelo movimento 
espírita, o que é feito na coluna "Opinião". 
A entrevista deste mês é reproduzida do site 
“Correio Fraterno”. Eles conversaram com o 
físico Alexandre Fontes da Fonseca, professor 
da UNESP, que mostra o abismo existente 
entre os conceitos e pesquisas da física e o 
espiritualismo. Ele critica as propostas apres-
sadas de articulação e defende que faltam 
muitos anos para que sejam possíveis estudos 
experimentais com conceito espirita na fron-
teira com a matéria. 
Portanto, o jornal deste mês traz importantes 
reflexões, que merecem toda a nossa atenção. 
Boa Leitura, 
Os Editores 
Caras Leitoras e Caros Leitores, 
#14 Fevereiro de 2016 
 4 
Geralmente, não se parabeniza quem cum-
pre seus deveres: pais que educam os fi-
lhos, filhos que obedecem os pais, alunos 
que respeitam o professor, devolver o que 
pegou emprestado ou o que não é seu, etc. 
Porém, preocupados ficamos quando o 
que se deve fazer vira notícia ou é admira-
do, pois, assim como marinheiros já não 
sentem mal-estar com a oscilação das ma-
rés, acostumamo-nos com condutas noci-
vas e perniciosas a ponto de nem mais nos 
incomodarmos com elas. 
Esse é o caso do povo brasileiro que, de 
tão acostumado com a omissão, o errado, 
a corrupção, o relativismo moral e o clien-
telismo, adquiriu altos níveis de tolerância 
com a degradação moral que sempre este-
ve presente nas relações sociais e políticas 
brasileiras, e que atualmente tem ocupado 
a "grande mídia", essa mesma que, por 
trás das câmeras, participa de conchavos e 
alianças políticas escusas para manter 
seus negócios bilionários e, daí, seleciona 
o que deve ser lido ou assistido nos notici-
ários, na internet e nas telenovelas. 
Agora, o cenário econômico adverso favo-
rece um clima geral de insatisfação, onde 
se percebe que há tributos de mais e quali-
dade no serviço público de menos, que há 
privilégios demais e inclusão e oportuni-
dades de menos e, principalmente, que há 
corrupção e impunidade demais e soluções 
de menos. 
Tudo isso é verdadeiro. O problema é que 
o debate em torno disso é muito limitado, 
e afeta até as mobilizações populares, que 
são individualizadas, ambíguas, sem clare-
za de objetivos, e não tocam nas mudanças 
que devem ser enfrentadas: pedem a saída 
de governantes, como se o problema fosse 
a pessoa ou o partido político, e não todo o 
sistema político-eleitoral voltado para 
agraciar as oligarquias atuais; exigem cres-
cimento econômico, evitando o debate 
sobre o capitalismo, que não resolve os 
problemas que cria; reclamam por uma 
saúde e uma educação de qualidade, es-
quecendo do poderio da indústria farma-
cêutica e que a educação deficiente é ne-
cessária a uma sociedade estruturalmente 
desigual como a nossa; por fim, deman-
dam o fim da corrupção, como se fosse 
uma doença que só atingisse determinadas 
pessoas, a ser resolvido num estalar de 
dedos, e não parte constitutiva da forma-
ção sociopolítica brasileira. 
Óbvio que é necessário protestar, manifes-
tar e exigir. Mas também precisamos rom-
per com esse discurso raso e conhecer um 
pouco melhor as raízes político-culturais 
brasileiras, para, então, termos condições 
refletir sobre as contribuições éticas que o 
espiritismo lança sobre esse cenário socio-
político viciado em que, por mais de cinco 
séculos, temos vivido e submetido os seres 
que reencarnam por essas bandas. 
Na obra Os donos do poder, o jurista e 
filósofo Raymundo Faoro explica a forma-
ção do patronato político brasileiro, da 
reconquista portuguesa até Getúlio Var-
gas. Segundo Faoro, a economia portugue-
sa girava em torno do comércio, e não de 
atividades produtivas, como agricultura ou 
indústria. O objetivo de vida do português 
não era produzir por um longo período e 
construir uma riqueza sólida e sóbria. As-
censão social significava enriquecer rapi-
damente, da noite para o dia, bastando 
obter um empréstimo junto ao dono da 
nação – o rei –, buscar os produtos orien-
tais e vendê-los com uma margem de lucro 
assustadora. Alcançado o sucesso, com-
MATÉRIA DE CAPA 
Corrupção, ética e espiritismo 
#14 Fevereiro de 2016 
 5 
prava-se um título nobiliárquico para viver 
como parasita do orçamento público. 
Falando em orçamento público, em Portu-
gal o rei era o proprietário de praticamente 
todas as riquezas, não havendo diferença 
entre bens públicos e privados. Esse é o 
chamado "Estado patrimonial". Daí, as 
relações com o poder político não eram de 
confiança e de respeito, mas de submissão 
e servilismo, favorecendo mais os bajula-
dores de plantão do que os merecedores de 
reconhecimento. 
Faoro ainda argumenta que a estrutura 
política portuguesa era estamental. O esta-
mento é uma casta absoluta e impenetrá-
vel, com seu regime jurídico próprio, for-
mada por um grupo de dirigentes e servi-
dores, juristas e burocratas, que assessora-
vam o Rei e cuidavam dos negócios reais. 
O Brasil assume essa visão de ascensão 
social, de relação entre bem público e o 
privado e de funcionamento do Estado. Há 
uma crença de que a ascensão social é fru-
to da ocasião, e não do trabalho duro, a 
ponto de profissões braçais serem social-
mente menos consideradas: prefere-se ser 
um médico mediano e pobre a um marce-
neiro reconhecido e rico. Na gestão da 
coisa pública e na base da estrutura políti-
ca mandavam, e ainda mandam, o patri-
monialismo e o estamento, na relação pro-
míscua entre um Estado gigantesco e seus 
dirigentes, os quais sempre tiveram nas 
mãos a tutela da nação e do povo, dando 
os contornos jurídicos e administrativos 
exigidos pelos ventos políticos e econômi-
cos. 
Então, para produzir um país como o Bra-
sil, o primeiro ingrediente foi herdar a 
pesada estrutura de poder patrimonialista, 
do Rei como o grande empresário da na-
ção, acompanhado da casta estamental 
para organizar os negócios do Estado. Não 
adicione os imperativos das relações con-
tratuais, de direitos e deveres recíprocos, 
pois a relação não é entre iguais, mas entre 
autoridades e súditos. Não coloque nenhu-
ma pitada de Revolução Francesa, pois a 
autoridade é explicada em si mesma, e não 
emfunção do interesse público, nem de 
enriquecimento através do trabalho duro, 
intelectual ou manual; unte a fôrma com a 
ideologia de ascensão social fundada nas 
facilidades do favor, da ocasião ou do su-
borno, pois o trabalho é para ingleses, 
franceses, holandeses e, no nosso caso, 
escravos negros; mantenha essa mistura 
no fogo baixo da hipocrisia política e social 
e do analfabetismo por cinco séculos; ao 
final, adicione educação deficiente e falta 
de cultura pela leitura e pelo debate. 
Daí, ainda hoje permanece a humilhação 
das senzalas, nas favelas, que aparecem 
nas telenovelas como algo bom, cultural, e 
não como um lugar a ser dotado de infra-
estrutura minimamente decente; perma-
necem os navios negreiros, nos ônibus 
abarrotados rasgando os mares das grande 
cidades em viagens longas e cansativas, já 
que a senzala moderna não fica mais no 
quintal da Casa Grande; permanecem a 
exploração social, a desigualdade e a vio-
lência, frutos do banditismo de uma aris-
tocracia ociosa e de uma gangue política. 
Como resultado, milhares de leis não são 
cumpridas, pois uma coisa é o Brasil-
Estado, imaginado pelos dirigentes, outra 
coisa é o Brasil-Nação, real, cotidiano. Por 
isso, há a sórdida cultura do "sabe com 
quem está falando?", pois a autoridade 
pública não está aí para servir, mas para 
ser servida. Por isso, setores do funciona-
lismo são agraciados com mordomias re-
pugnantes. Por isso, servidores públicos e 
particulares desviam verba pública, pois o 
dinheiro público não é um bem coletivo, 
mas para o mais esperto colocar no bolso. 
Por isso, membros dos poderes legislativo 
e executivo, de qualquer partido político, 
brincam de joguinhos de poder, observa-
dos à distância por um judiciário omisso e 
fraco, onde o que importa é se utilizar da 
máquina pública e da imprensa para a 
garantir a permanência no poder, e não 
em discutir os grandes temas da nação. 
Nesse contexto, a sensação que cada um 
de nós nutre é de impotência e desânimo 
para fazer algo. 
Mas é aqui que nos enganamos, e esse 
engano reside em esperarmos muito das 
classes dirigentes, quando essa mesma 
classe, nas diversas civilizações e países, 
sempre esteve mais próxima da manuten-
ção de uma determinada ordem de coisas 
do que da mudança para o melhor. 
No Brasil, o estamento de ontem, que legi-
timou a escravidão do índio e do negro, 
que submeteu o povo à disciplina dos 
"coronéis" e seus jagunços, que comprou, 
estocou e queimou sacas de café para ga-
rantir a economia cafeeira, que fez coro às 
ditaduras de Vargas e a militar, é o mesmo 
que hoje mantém este país num atraso 
social, econômico e moral absurdos, sem 
solução para problemas sociais relativa-
mente simples, mas garantindo o paga-
mento de juros para o mercado financeiro. 
#14 Fevereiro de 2016 
 6 
O estamento de hoje, que conta obviamente 
com pessoas boas e bem-intencionadas, é a 
classe política e jurídica de um modo geral 
que, usando e abusando do dinheiro públi-
co, está na "direção" desse 
País, ainda que o leme esteja voltado, há 
séculos, para o próprio umbigo. Mudam 
regimes, pessoas e partidos políticos, e a 
situação continua a mesma. 
Diante desse cenário sociopolítico decaden-
te e esquizofrênico, parecendo mais um 
paciente em fase terminal, a pergunta fun-
damental é: num contexto moral tão degra-
dante, qual deve ser a ética do espírita? No 
que o espiritismo pode contribuir no debate 
sobre as melhores formas de convivência 
humana? 
Indo direto ao ponto: é a ética do enfrenta-
mento e da luta pela transformação. Confor-
me apontam os espíritos da codificação, um 
dos objetivos do espiritismo é reformar as 
instituições1, ou seja, elas estão erradas e 
precisam ser repensadas. Além disso, os 
objetivos da encarnação é fazer o espírito 
chegar à perfeição e de concorrer para a 
obra da criação(2), e o da reencarnação é 
permitir o melhoramento progressivo da 
humanidade(3). 
Portanto, o espiritismo traz ao debate é a 
necessidade ética de se opor às injustiças e 
incorreções da cultura e da moral de um 
tempo, ainda que isso seja agir como uma 
voz no deserto ou como um louco. Assim, 
reencarnar numa sociedade guerreira im-
põe ao espírito a ética de promover a paz; se 
entre ladrões, a ética de viver honestamen-
te; se num tempo de covardia, é para de-
monstrar coragem para enfrentar as situa-
ções; se num a época de vazio existencial, é 
para apresentar uma realidade mais profun-
da e interessante; se num ambiente de cor-
rupção e torpeza, é para viver a correção e a 
honradez. 
Essa ética espírita do enfrentamento e da 
transformação é anárquica e poderosa, e 
não depende de Estado, de lei ou de autori-
dades constituídas. Mas demanda várias 
coisas. Vou elencar duas: 
Primeira, demanda a compreensão profun-
da do amor - amar com generosidade e 
energia, para que a luta por direitos não se 
converta em espírito de guerra -, e da reen-
carnação - em conceber a existência terrena 
em seu complexo temporal, de ver a história 
atual a partir do passado e do futuro, onde 
receberemos, de nós mesmos, aquilo que 
hoje estamos dando. Segunda, o exemplo 
pessoal é fundamental. Aqui, é de pouca 
validade gritar em redes sociais contra polí-
ticos e empresários corruptos se você é tão 
corrupto, mentiroso, autoritário e antiético 
quanto eles. 
Assim, a descrença em nossa capacidade de 
transformar reside na ignorância da revolu-
ção social que a mudança de baixo para 
cima é capaz de gerar, principalmente se 
fundamentada no amor ativo, na visão soci-
al da reencarnação e no exemplo pessoal. 
Para ficar claro: a ética que o espírita quer 
para a sociedade deve estar nele, deve per-
mear todas as suas relações com o mundo e 
as pessoas. E essa sociedade, uma vez reno-
vada, agirá sobre outros indivíduos, como 
bem sintetiza 
Herculano Pires: "a renovação do homem 
implica a renovação social, mas desde que o 
homem renovado se empenhe na transfor-
mação do meio que vive, sendo esta, aliás, a 
sua indeclinável obrigação" (PIRES, 1950). 
Já advertia Maquiavel que a Roma Antiga se 
manteve de pé quando a corrupção circula-
va apenas entre os políticos, pois a popula-
ção era sadia. Bastou a corrupção chegar ao 
povo para que, daquela civilização, restas-
sem apenas escombros. Para nós, isso é um 
alerta. As sociedades mundiais, e a brasilei-
ra, sobrevivem por causa de uma ética diá-
ria que cada um de seus habitantes possui e 
exerce em seu cotidiano, e não há dúvidas 
em dizer que a maioria é boa, quer o melhor 
e que sua voz precisa ser ouvida. 
Em tempos em que a torpeza moral está tão 
generalizada, e em que admiramos quem 
nada mais faz que a obrigação, o exemplo 
romano é um aviso antes da derrocada final. 
A notícia boa é que a derrocada poderá ser 
das estruturas sociopolíticas injustas e ar-
caicas e de quem lhes dá sustentação, para 
que, daí, surja o novo e o melhor, que virá 
daqueles que, na medida das possibilidades, 
quiserem e fizerem o novo e o melhor. 
Raphael Baptista Faé é Mestre em Filo-
sofia, bacharel em direito e servidor públi-
co. 
Referencias 
BAPTISTA, Raphael Faé. Estado e política à 
luz do espiritismo, p. 149-192. In Direitos 
contemporâneos e espiritismo. Sollidum 
editora, 2014. 
 
FAORO, Raymundo. Os donos do poder. 
Ed. Globo, 2001. 
 
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. FEB. 
 
PIRES, J. H. Prefácio de: MARIOTTI, Hum-
berto. Dialética e Metapsíquica. Editora 
Édipo, 1950. 
#14Fevereiro de 2016 
 7 
Magnetismo Crítico 
Sabe-se que papel capital desempenha a 
vontade em todos os fenômenos do mag-
netismo. (...) A vontade é atributo essenci-
al do Espírito, isto é, do ser pensante – 
Allan Kardec 
Quando Jesus caminhou sobre as águas 
seguindo em direção ao barco onde se en-
contravam alguns dos seus discípulos, ele 
exercitava naquele momento o poder da 
sua fé. Essa fé se baseou em dois aspectos: 
querer e confiar. Um querer com firmeza 
não representando um desejo superficial, 
mas sim um movimento dinâmico que 
vem de dentro com força e convicção. Já a 
confiança seria a certeza da realização de 
algo, sem brechas para dúvidas. Isso pode 
ser resumido em uma palavra: vontade. 
A vontade é um dos principais mecanis-
mos utilizados pelo magnetizador. Sendo 
atributo da alma, a vontade se desenvolve 
através da reflexão e do exercício diário. 
Percebe-se facilmente uma pessoa sem 
vontade. Nos atos do dia-a-dia geralmente 
é alguém que não consegue levar adiante 
aquilo a que se propõe. Se planeja realizar 
algo, os menores empecilhos que surjem 
no seu caminho são suficientes para detê-
lo, devido à falta de confiança na capacida-
de de atingi-lo. Muda constantemente de 
foco, por não conseguir fixar sua atenção 
em uma só coisa por muito tempo, graças 
à falta de perseverança e coragem, acaban-
do por se cansar facilmente e deixando 
sempre os projetos inacabados. Não sus-
tenta os seus planos por não ter um querer 
treinado para identificar os seus reais ob-
jetivos. 
O magnetizador poderá desenvolver a sua 
vontade através do esforço, na realização 
das diversas atividades cotidianas, mesmo 
daquelas de pequeno porte, sendo de espe-
cial valor as de caráter repetitivo e mas-
sante, as quais exigem uma maior cota de 
perseverança e de concentração. 
Este exercício será de enorme valia no 
trabalho de magnetização ou de passes 
onde é exigido do aplicador uma certa 
dose de concentração, além do desenvolvi-
mento da vontade no sentido de querer 
atingir a cura e acreditar na possibilidade 
da mesma. 
O poder do magnetizador está na razão 
direta da sua força de vontade, disse Allan 
Kardec (O Livro dos Médiuns). A vontade 
deve ser a impulsionadora das energias 
curativas. Muitos passistas ainda acham 
que para emitir os fluidos, basta estender 
as mãos e que assim se determina a fluidi-
ficação, quando na verdade é a nossa men-
te que dá o comando. 
Às vezes as energias fluem de forma auto-
mática, entretanto, é preciso cuidado com 
esse automatismo, pois uma energia não 
controlada conscientemente pode gerar 
certas dificuldades tanto para o paciente 
quanto para o passista. O magnetizador 
deve assumir uma postura ativa fazendo 
uso da sua vontade para que a transmissão 
energética se dê de forma harmoniosa com 
relação ao momento adequado, ao direcio-
namento e à quantidade de fluidos. 
Além disso, a vontade sincera de auxiliar o 
paciente, o querer profundo e a confiança 
na cura, apesar de não poder garanti-la, 
fazem parte da mente do bom magnetiza-
dor. 
“Daí decorre que aquele que a um grande 
poder fluídico normal junta ardente fé, 
pode, só pela força da sua vontade dirigida 
para o bem, operar esses singulares fenô-
menos de cura e outros, tidos antigamente 
por prodígios, mas que não passam de 
efeito de uma lei natural.” – Allan Kardec, 
O Evangelho Segundo o Espiritismo. 
Adilson Mota é editor do Jornal Vórtice. 
Jornal Vórtice - julho/2008 
A VONTADE E O PODER DO MAGNETIZADOR 
#14 Fevereiro de 2016 
 8 
 Opinião 
Uma reportagem da Folha de São Paulo, 
intitulada Grávidas com zika fazem aborto 
sem confirmação de microcefalia*, de 
31.01.2016, noticia o que qualquer um co-
nectado com os temas sociais e espíritas já 
esperava: que a mera suspeita de possível 
má-formação fetal, por causa do vírus zika, 
levaria futuras mamães a abortar. 
Essas mulheres não são as "pobres, iletra-
das e irresponsáveis" do submundo social. 
Elas são, digamos, invejadas e admiradas: 
geralmente casadas, com curso superior, 
boa situação financeira e cuja gravidez foi 
planejada. Porém, talvez recebendo pela 
primeira vez um "não" da vida, tendo a 
natureza caprichosa negado o desejo legíti-
mo a um filho lindo e saudável, do modo 
como entendemos a beleza e a saúde, elas 
(e seus maridos, e quem sabe até os vovós) 
tem pagado até 15 mil reais para abortar. E 
como a culpa sempre recai sobre a mulher, 
lembro que os papais, como de costume, 
também estão tirando o time de campo 
quando descobrem a doença**, deixando a 
mãe e o bebê sozinhos para enfrentar a 
situação. 
Há muito o que se falar sobre isso. Neste 
pequeno espaço, porém, focarei num ponto 
que sempre reitero quando tenho oportuni-
dade: se temos a intenção de progredir, 
precisamos ir fundo nas questões humanas 
e sociais e, assim, reconhecer que estamos 
muito mais próximos do nazismo do que do 
Reino de Deus, e essa notícia revela como 
ainda é forte a ideia da raça perfeita, o des-
prezo pelos fracos, a segregação do diferen-
te e a construção de um mundo livre de 
toda "sujeira". 
Portanto, mais do que falar sobre o aborto, 
é cada vez mais urgente discutir algo real-
mente profundo: a podridão humana, as 
mazelas morais e sociais, dentre outras 
questões delicadas sobre nós, pois se reco-
nhecer doente ou ter coragem para colocar 
o dedo na ferida são indicativos de maturi-
dade e condição para a transformação. 
Porém, esse tipo de discussão é rapidamen-
te reprimido, visto como "antipático", 
"pessimista", que não vê os "avanços", que 
não fala de "esperança" e deixa as pessoas 
"para baixo". Sem disposição para falar a 
verdade, o resultado é que toda a complexi-
dade da vida tem sido artificialmente es-
condida: não existe o erro, não há o mal, e 
basta boa vontade para ver que tudo é bom 
e está bem. Tais falas querem apresentar 
um mundo simples e uma existência indo-
lor, como os pais fazem com as crianças, e 
prova disso é o sucesso de venda de livros 
de autoajuda, que reduzem o universo a um 
"decálogo de comportamentos" que levarão 
ao sucesso ou à felicidade. 
Então, num belo dia, o indivíduo topa com 
um mundo naturalmente complexo, às ve-
zes cruel, e com uma existência cheia de 
dilemas e escolhas, muitas difíceis e angus-
tiantes. Pior, descobre que esse mundo 
complexo e essa existência angustiante 
sempre estiveram aí, mas foram escamotea-
dos por fortes ideologias do sucesso materi-
al, da prosperidade econômica e da ausên-
cia de dor, que fazem do mundo um lugar 
onde os fracos – o miserável, o anencéfalo, 
o imigrante ilegal, o microcefálico, a mu-
lher, o nordestino, o negro, etc. – não têm 
vez. 
Mas essa descoberta também é bela e gran-
diosa, pois nada mais elevado que situar o 
ser em sua condição de espírito imortal, 
com suas plenas faculdades de escolher e 
que só cabe a ele a responsabilidade das 
escolhas. Isso é evoluir, tornar-se adulto e 
capaz de contestar um mundo medíocre e, 
assim, transformá-lo. No fundo, significa 
assumir a condição divina que cabe a cada 
um. 
Para isso, é necessário parar de se iludir e 
ser iludido, e essa notícia mostra como es-
tamos lidando de modo raso com a vida, 
própria e alheia, e a natureza, humana e 
social. Nesse ponto, nossos avós eram mais 
avançados. Nãoacreditavam num mundo 
de fantasia e de receitas infalíveis, pois sa-
biam que a vida era dura e a natureza im-
positiva, e lidavam com isso de frente. Te-
mos muito a aprender com eles. 
E, enquanto evitarmos esse debate profun-
do sobre nós mesmos (afinal, deve-se falar 
sobre "esperança"), enquanto não houver 
maturidade para reconhecer o mal, próprio 
e alheio (afinal, "o mal não existe"), e uma 
firme disposição para enfrentar o que há de 
mais degradante (afinal, "tudo depende de 
como você vê as coisas"), a ideologia nazista 
estará rondando por aí, a morte e a segre-
gação serão as opções mais fáceis, e o Reino 
de Deus continuará a ser uma ideia vaga e 
um sonho longínquo. 
Constatar isso é um grande otimismo, pois 
não vejo felicidade maior, numa cultura do 
diálogo, em perceber que estou em erro e 
que preciso modificar, enquanto os 
"otimistas" parecem se satisfazer em con-
templar a flor que teve a proeza de desabro-
char num imenso lamaçal. Mas, se a ideia é 
que esse lamaçal se transforme num imen-
so jardim, com flores nascendo e desabro-
chando com facilidade, aí, como dizia meu 
pai, isso já é papo de gente grande. 
fontes: *http://m.folha.uol.com.br/
cotidiano/2016/01/1735560-gravidas-com-
zika-fazem-aborto-sem-confirmacao-de-
microcefalia.shtml **http://
www.brasilpost.com.br/2016/02/04/
abandono-maes-
microcefalia_n_9156704.html?
ncid=fcbklnkbrhpmg00000004 
#14 Fevereiro de 2016 
 9 
Entrevista 
Alexandre 
Fontes da 
Fonseca 
Há pouco mais de um século, o físico Max 
Planck tentava compreender a energia 
irradiada pelo espectro da radiação tér-
mica, calor que todos os corpos emitem, 
e chegou a algumas conclusões que ba-
lançaram os princípios da física clássica. 
Nascia assim a física ou mecânica quânti-
ca, trazendo novos conceitos, como a não 
localidade. 
Mas o que a física quântica tem a ver com 
espiritualidade? Neste mês reproduzimos 
aqui a entrevista que o doutor e professor 
de física no Departamento de Física da 
Faculdade de Ciências da UNESP, em 
Bauru, Alexandre Fontes da Fonseca, 
concedeu a Eliana Haddad do site Correio 
Fraterno*. Ele fala sobre o assunto e aler-
ta para as conclusões apressadas e indevi-
das ao se falar sobre o tema no meio espí-
rita. 
 
 
 
O que é física quântica? 
Física quântica é o ramo da física que 
estuda e descreve o comportamento da 
matéria em escala microscópica (atômica 
e subatômica). Ela se baseia no fato de 
que trocas de energia entre sistemas atô-
micos só podem ocorrer em múltiplos de 
um determinado valor que é, então, cha-
mado de quantum, daí o adjetivo 
'quântico'. A energia do sistema não pode 
ter qualquer valor, mas apenas valores 
associados a determinados 'estados físi-
cos'. Podemos comparar esses 'estados 
físicos' a prateleiras de uma estante. Os 
livros só podem se situar em alturas da-
das por cada prateleira, mas nunca entre 
uma prateleira e outra. A física quântica, 
é preciso enfatizar, é uma teoria da maté-
ria, isto é, desenvolvida para descrever o 
comportamento de objetos materiais. 
 
O que a física quântica tem a ver 
com o espiritismo? Precisamos dela 
para compreendê-lo? 
 
Não tem nada a ver com o espiritismo. 
Ambas são teorias diferentes, desenvolvi-
das para descrição de 'objetos' de estudo 
distintos. Enquanto a física quântica é 
uma teoria da matéria, o espiritismo é a 
ciência do espírito. 
Para apreender e compreender o espiri-
tismo e seus pontos fundamentais, em 
nada precisamos da física quântica ou de 
outras teorias modernas da ciência. 
 
Percebe-se um alvoroçado interesse 
dos espíritas pela física quântica, 
muitas vezes para justificar a exis-
tência do espírito. Isso está cor-
reto? 
Apesar de a intenção ser boa, isso não 
está correto! Esse interesse decorre de 
algumas interpretações 'estranhas' da 
teoria quântica (isto é, que estão fora do 
senso-comum) que fazem pensar que os 
fenômenos espíritas (também considera-
dos fora do senso-comum) devam ter 
relação direta com essas interpretações. 
Esse tipo de extrapolação ou relação su-
perficial entre conceitos da física e do 
espiritismo não é uma prática científica! 
 
Como assim, interpretações estra-
nhas? Pode dar um exemplo? 
Ao tentar entender o comportamento 
quântico das partículas em nível micros-
cópico, surgem interpretações como: um 
objeto pode estar em mais de um lugar ao 
mesmo tempo; influência da consciência 
do observador nas medidas experimen-
tais; uma partícula pode se comportar 
como uma onda e vice-versa; a existência 
de universos paralelos; ligação não local, 
etc. 
Essas interpretações são estranhas, pois 
decorrem da tentativa de se perceber o 
comportamento das partículas microscó-
picas com as impressões que temos do 
mundo macroscópico, através dos nossos 
cinco sentidos. Essa é apenas uma das 
razões para evitar que se façam relações 
superficiais entre conceitos quânticos e 
conceitos espíritas. 
 
#14 Fevereiro de 2016 
 
Mas que problemas acarretariam a 
aceitação desse tipo de relação en-
tre física quântica e espiritismo? 
A invigilância e a falta de conhecimento 
sobre o que é ciência e de como ela pro-
gride favorecem a abertura de brechas no 
movimento espírita para a assimilação de 
teorias e doutrinas pseudocientíficas que, 
por usarem conceitos da física quântica 
na sua descrição, encantam as pessoas 
fazendo-as achar que se trata de teorias e 
doutrinas científicas. Como Kardec, em A 
gênese, propõe que o espiritismo esteja 
sempre de acordo com a ciência, alguns 
companheiros espíritas um pouco apres-
sados e sem entendimento profissional do 
assunto adotam e propagam algumas 
teorias e práticas místicas, só porque elas 
se consideram científicas por usarem con-
ceitos da física. Esquecem-se de que o 
espiritismo orienta que "é melhor repelir 
dez verdades do que admitir uma só falsi-
dade" (Erasto, item 230 de O livro dos 
médiuns). A vigilância, portanto, com 
relação a esse tipo de assunto deve ser 
mais que redobrada! E tem gente se apro-
veitando da ignorância do público leigo 
para ganhar dinheiro com venda de livros, 
dvds, seminários, documentários, cursos, 
congressos, etc., todos utilizando-se o 
adjetivo "quântico" sem ter respaldo for-
mal e rigoroso da física. O movimento 
espírita deve se precaver contra isso. Se 
estudarem a fundo o que é ciência, o que é 
física e, o mais importante, o que é o espi-
ritismo, muitas dessas confusões vão dei-
xar de existir. 
 
Você teria exemplos de teorias e 
práticas baseadas na física quântica 
que mesmo bem intencionadas ca-
recem de bases científicas? 
Sim. Uma dessas teorias, que tem sido 
muito divulgada no movimento espírita, 
como demonstração científica de concei-
tos como Deus, alma, reencarnação e me-
diunidade, está contida na obra Física da 
alma, de Amit Goswami. Segundo ele, a 
alma após o desencarne permanece num 
estado permanente de sono, que perdura 
até a próxima encarnação. Para Goswami, 
o mundo espiritual não tem graça, por 
permanecerem os espíritos inconscien-
tes. Nosso Lar e André Luiz não existem 
no mundo espiritual de Goswami. Vê-se 
que não precisa saberde física quântica 
para perceber o absurdo doutrinário de 
suas teorias! 
Outra teoria que tem atraído alguns com-
panheiros espíritas é a chamada apome-
tria. Ela surgiu como uma técnica de des-
dobramento destinada a ajudar pessoas 
com problemas espirituais e de saúde. 
Suas obras básicas são apresentadas co-
mo totalmente baseadas em conceitos e 
equações da física. Porém, a teoria usa de 
maneira equivocada os conceitos da física, 
faz extrapolações no campo da pesquisa 
de maneira inapropriada e define equa-
ções sem nenhuma coerência interna ou 
com relação à física, não satisfazendo os 
rigores mínimos de desenvolvimento nes-
sa área. 
Há também uma teoria baseada na física 
conhecida e respeitada no movimento 
espírita. O autor dedicou muitos anos à 
pesquisa de fenômenos espíritas e foi 
muito idealista, além de pessoa fraterna e 
inteligente deixando inúmeros amigos e 
seguidores. Trata-se da teoria corpuscular 
do espírito ou, mais recente, teoria do psi 
quântico, de Hernani G. Andrade. Herna-
ni propôs uma teoria para a matéria psi 
similar à teoria quântica da matéria, pro-
pondo que o espírito fosse composto por 
essa matéria. A ideia é interessante, po-
rém a forma como as partículas da maté-
ria psi foram propostas não seguiram 
metodologia e rigores que se empregam 
#14 Fevereiro de 2016 
 
na pesquisa e desenvolvimento de novas 
teorias em física. A teoria de Hernani con-
tém erros de física, além de extrapolar 
conceitos sem o devido rigor formal usado 
na física. Apesar de valer a leitura pelas 
informações e pela criatividade, o psi 
quântico não pode ser considerado uma 
teoria científica legítima. 
 
Para o espiritismo, temos na base 
de tudo Deus, espírito e matéria. 
Onde a física quântica se encaixa-
ria? 
A física quântica nada mais é do que uma 
criação humana para tentar descrever 
alguns fenômenos naturais em escala 
microscópica. É uma tentativa de enten-
der, utilizando-se uma sofisticada lingua-
gem matemática, algumas leis naturais 
válidas para a matéria. 
 
Afinal, existe uma 'nova física' que 
possibilitaria outras vias de acesso 
ao conhecimento, além dos méto-
dos da ciência atual? Que novidade 
é essa? 
Não existe 'nova física' que possibilite 
outra via de acesso ao conhecimento! 
"Para coisas novas precisamos de palavras 
novas", já dizia Kardec! Quando uma no-
va via de acesso ao conhecimento surgir, 
será preciso dar um nome novo para dis-
tingui-la das vias de acesso conhecidas. 
Precisará também ser testada e verificada 
como, de fato, uma "via de acesso ao co-
nhecimento". Os defensores de uma nova 
física apenas estão pretendendo valorizar 
conceitos místicos, usando o status que a 
física tem na sociedade. Isso é uma forma 
moderna de enganar o público leigo que 
não conhece física e não sabe avaliar cien-
tificamente a 'novidade'. É preciso tomar 
muito cuidado, lembrando que Kardec 
sempre apoiou a ciência formal e não mo-
vimentos pseudocientíficos. 
 
Na sua visão, a física quântica vai 
identificar a existência do espírito, 
como inteligência, independente da 
matéria? 
Não! Não é a física quântica a origem da 
inteligência no espírito! O espírito se re-
vela pelo conteúdo de suas mensagens! E 
foi assim que o espiritismo identificou e 
comprovou a existência da alma, sua so-
brevivência e a possibilidade de comuni-
cação com os encarnados. No máximo, a 
física um dia irá contribuir no entendi-
mento de como ocorre a interação entre 
fluidos espirituais (perispírito, por exem-
plo) e matéria (corpo físico). 
Devemos combater a tentação de obter 
mérito sem o devido aprofundamento no 
estudo. Espiritismo é uma doutrina ao 
mesmo tempo simples e robusta. Simples 
nos seus propósitos de regeneração da 
humanidade através da regeneração de 
cada um de nós; e robusta nas suas bases 
que não são somente científicas, mas tam-
bém divinas. O espiritismo é a única dou-
trina conhecida na humanidade que tem 
um duplo caráter de uma revelação: o 
caráter divino e o científico (Kardec, item 
13 do cap. I deA gênese). Portanto, saiba-
mos valorizar o espiritismo na forma co-
mo foi revelado pelos bons espíritos, pois 
temos um compromisso de estudá-lo e 
compreendê-lo, para então poder ajudá-lo 
a se desenvolver dentro dos parâmetros 
de qualidade e seriedade que o tornarão 
conhecido e respeitado por todos. 
 
Alexandre Fontes da Fonseca é fun-
dador do Jornal de Estudos Espíritas 
(JEE), publicação online dedicada com 
artigos de pesquisa espírita. 
 *Texto publicado no jornal Correio 
Fraterno—edição 452 - julho-
agosto/2013 
https://sites.google.com/site/jeespiritas/
 
 1 
ANO II—#15 Março de 2016 Vitória/ES 
A Mulher e o 
Espiritismo 
 
 2 
Editor 
Raphael Faé Baptista 
Editoração: 
Felipe Sellin 
Colaboram nessa Edição: 
Bernadete Faé 
Felipe Sellin 
Laísa Emmanuelle Oliveira dos Santos 
Raphael Faé Baptista 
Tamiriz Lage 
 
 
Interaja conosco, sua opinião 
é muito importante para nós: 
criticaespirita@gmail.com 
QUADRINHOS 
ANO II—#15 Março de 2016 
 
A Esquerda é o que há de pior na sociedade! 
André Marouço, apresentando para a TV Mundo Maior o que ele acre-
dita ser a visão espírita sobre as manifestações de 13 de março de 
2016. Contraditoriamente ele afirma a necessidade de não se deixar 
levar por paixões. 
NOTA 10 
NOTA 0 
Para todas as mulheres em sua batalha diária numa socie-
dade patriarcal! 
Para os conflitos físicos entre manifestantes contra e a 
favor do governo nas ruas do Brasil. Rotular como coxi-
nha ou petralha inviabiliza o debate e a busca por solu-
ções de uma maneira conjunta. 
 
 3 
EDITORIAL 
ANO II—#15 Março de 2016 
Aproveitan-
do o mês em que se comemora o Dia Internacional da Mu-
lher, e todo o sentido de renovação e criação que a feminili-
dade significa, apresentamos um jornal diferente, conforme 
prometido. 
A primeira novidade é a formação da equipe do Jornal Críti-
ca Espírita, com novas e valorosas companheiras de ideal 
espírita (sim, são todas mulheres) que se apresentaram, e 
que certamente contribuirão para incrementar a qualidade 
do jornal. E o convite continua aberto aos interessados. 
A segunda é o lançamento do blog do Jornal, no endereço 
www.jornalcriticaespirita.com. Essa iniciativa se deu com 
dois objetivos. Primeiro, permitir o acesso ao conteúdo do 
jornal a partir de simples consulta em sites de busca. Segun-
do, conforme o retorno dos leitores, os artigos e demais pro-
duções são de alta qualidade, podendo ser utilizados como 
referência em debates, trabalhos acadêmicos ou profissio-
nais, etc. Portanto, visite, navegue e divulgue o blog. A pági-
na no Facebook continua a todo vapor, onde disponibiliza-
mos todas as edições e mantemos o leitor atualizado sobre as 
novidades. Por isso, visite, curta e compartilhe a página do 
jornal. Afinal, se você gostou, outras pessoas também pode-
rão gostar. 
Por

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