Prévia do material em texto
LIÇÃO DE NÚMERO 7 A IGREJA EM ATOS (Extraída da Revista Palavra & Vida da Convenção Batista Fluminense – Ano 20 – nº 81 – 2T2024, com diversos Comentários Bíblicos e Notas Pessoais) APRESENTAÇÃO E ABERTURA Olá! Graça e paz da parte de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, Amém! Você que nos assiste e nos acompanha seja muito bem-vindo, você está no Canal Beit Sêfer Escola Bíblica à distância. E eu estou muito feliz pela sua audiência e grato a Deus por todos que nos assistem e nos acompanham. Nós estamos estudando a Revista Palavra & Vida da Convenção Batista Fluminense cujo tema central neste trimestre é: Atos da Igreja Primitiva – Estudando atos e os relatos da Igreja Primitiva. Hoje na Lição de número 7 o tema será: A Igreja em Atos. INTRODUÇÃO Atos dos Apóstolos é o livro histórico do Novo Testamento. Portanto, este livro inspirado pelo Senhor nos permite, sob a ótica de Lucas, perceber os primeiros passos daquela que chamamos Igreja Primitiva. Como vimos na lição anterior os resultados da primeira pregação feita pelo apóstolo Pedro foram espantosos. A igreja de Jerusalém viu de um momento para o outro ser agregado quase três mil pessoas ao seu pequeno grupo de crentes que tinham sido cheios com o Espírito no Pentecostes. Esse aumento foi fenomenal e sem dúvida causou problemas administrativos. Pense comigo: Como foi formada esta Igreja no seu início? Qual era a sua organização? Quais eram as ênfases dadas pelos apóstolos? Para dar início ao nosso estudo eu convido você a abrir e acompanhar com a sua Bíblia a leitura em vamos ler a Bíblia em Atos 2.41-42,44-45 (NVI) – “Os que aceitaram a mensagem foram batizados, e naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas. 42 Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações... 44 Todos os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. 45 Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade” DESENVOLVIMENTO Os novos convertidos após serem batizados se juntaram a pequena igreja e perseveravam na doutrina (melhor "ensino", didache) dos apóstolos, e na comunhão (koinonia) com os demais irmãos. Isto nos mostra que havia entre eles uma unidade de fé e de espírito. É de suma importância que estudemos o início da Igreja em Jerusalém para analisar o que temos feito, e para onde devemos ir como Igreja do Senhor. Nesta lição daremos atenção a esta temática. Que Deus nos ensine a amar a sua Igreja todos os dias. 1. O ESPÍRITO SANTO E A IGREJA Após a manifestação permanente do Espírito Santo na Igreja primitiva, durante sua missão de espalhar o Evangelho, algumas características distintas surgiram. É crucial entender que a missão da Igreja e a presença do Espírito Santo estão intrinsecamente ligadas. Uma igreja sem missão não está cumprindo seu propósito, assim como uma igreja sem a atuação do Espírito Santo não pode ser considerada como tal. Para capacitar a Igreja a cumprir sua missão, o Espírito Santo concedeu dons espirituais, fortalecendo o corpo da Igreja e mantendo-o unido e firme no ensino de Jesus. Esses dons capacitam os servos do Senhor para o serviço, como destacado por Paulo ao afirmar que “a manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso” (1 Coríntios 12.7). Antes de continuar vamos ler a Bíblia em Atos 2.43 (NVI) – “Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos” Segundo o Comentário do Novo Testamento – Exposição de Atos dos Apóstolos – Volume 1 por Simon J. Kistemaker… Lucas descreve a beleza da igreja crescendo e se desenvolvendo. Ele retrata a espontaneidade, a dedicação e a devoção dos cristãos primitivos em relação a Deus e aos cultos de adoração. Lucas descreve a igreja em culto formal e informal, bem como sua influência na comunidade. [...] Um senso de espanto enchia o coração dos crentes porque eles sentiam a proximidade de Deus em seu meio. [...] Isso se dava por causa dos “muitos prodígios e sinais” que os apóstolos realizavam (Atos 5.12). Para o Comentário Expositivo Hagnos... uma igreja cheia do Espírito teme a Deus e experimenta os seus milagres. Uma igreja cheia do Espírito é formada por um povo cheio de reverência. Ela tem compreensão da santidade de Deus. Ela se curva diante da majestade de Deus. Hoje as pessoas estão acostumadas com o sagrado. Há uma banalização do sagrado. Há saturação, comercialização e paganização das coisas de Deus. Quem conhece a santidade de Deus não brinca com as coisas de dele. [Precisamos compreender que] dependemos do Senhor, que opera através do Seu Espírito. Como vimos na última lição, como a igreja pode pregar a Palavra e gerar transformação sem a obra do Espírito Santo? Desde pregação até investimento em missões, tudo é guiado pela Palavra iluminada pelo Espírito Santo. Jesus prometeu aos discípulos poder para testemunhar antes de ascender ao céu, mas apenas quando o Espírito Santo descesse sobre eles, capacitando-os para a missão global a partir de Jerusalém (Atos 1.8). Embora cada discípulo tenha suas próprias características pessoais e físicas, a capacitação divina impulsionou a missão, tornando-a eficaz ao longo dos tempos. 2. COMUNHÃO – UNIDADE – ORAÇÃO O Espírito Santo gera a unidade e a comunhão da igreja. O termo grego para a comunhão citado em Atos 2.42 é Koinonia (κοινωνία). Este termo está ligado não só à comunhão espiritual da Igreja, mas também à partilha de recursos, para que não houvesse desigualdade no corpo. Imagine pessoas com múltiplas diferenças entre si (famílias diferentes, variadas classes sociais, históricos de vida, conceito e estilo de vida distintos), mas que são como membros de um mesmo corpo! Somente uma igreja movida pelo poder do Espírito para seguir de mãos dadas, em unidade, para o cumprimento da missão. A igreja é também esta “casa” (oikos) onde se reúnem para adoração. Lucas relata um local fixo (templo), um ponto de referência, mas também cita as casas, onde havia diariamente “o partir do pão”. Em ambos, todos se esmeravam em preservar e perseverar na doutrina ensinada pelos apóstolos e na comunhão, como cita Paulo a Timóteo falando sobre a “casa de Deus” (1 Timóteo 3.15). Antes de continuar vamos ler a Bíblia em Atos 2.46 (NVI) – “Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração” O Comentário Esperança do N.T diz que... igualmente, porém, eles perseveravam “na comunhão”. [...] Essa comunhão não é apenas espiritual e edificante, mas uma comunhão de vida concreta. Isso se expressa no “partir do pão”. Tomavam a refeição juntos, obviamente, em grupos nas casas. Nesse contexto a comunhão podia tornar-se concreta na partilha e na doação. [...] Por fim, são também persistentes “nas orações”. [...] Crer em conjunto impele para orar em conjunto. Já em Atos – Introdução e Comentário, por I. Howard Marshall diz que... não devemos, portanto, tirar a conclusão de que tomar-se cristão necessariamente acarretasse uma vida numa comunidade cristã estreitamente fechada em si. 0 que realmente aconteceu foi, talvez, que cada pessoa deixava seus bens à disposição dos outros quando surgia a necessidade. [...] A devoção religiosa dos cristãos primitivos era assunto de todos os dias. Reuniam-se em espírito de unanimidade no templo. [...] Ao mesmo tempo, porém, os cristãos se reuniam para seus próprios ajuntamentos religiosos. Reuniam-se de casa em casa, nos lares uns dos outros, e juntamente partiam o pão num espírito de gozo intenso e sincero. [Podemos constatar que] cada casa servia às pessoas e promovia o propósito dos apóstolos e dos líderes da segunda geração de cristãos, guiados pelo Espírito Santo. Em Atos 2.42, vemos a comunhão unida por propósitos e amor, alimentada pela vitalidade espiritual. A oração era fundamental para discernir a vontade de Deus e encorajar os crentes, mesmodiante da perseguição. Era o elo entre a vontade divina e a prática diária da igreja. Uma igreja saudável cresce unida na missão de amar, servir e cuidar uns dos outros, reconhecendo a total dependência de Deus e de Sua Palavra. 3. ETIMOLOGIA “IGREJA” O termo mais utilizado para definir “Igreja” no Novo Testamento é Ekklésia (ἐκκλησία) que significa “Ek” = “fora de”; “kaleo” = “chamar” ou “convocar”. Sendo assim, temos a tradução literal para: “chamados para fora”. Esta expressão sempre foi muito bem aceita pela tradição e história da Igreja, até mesmo pela sua natureza missiológica, que faz todo o sentido ao estudarmos Atos dos Apóstolos. O termo do Antigo Testamento que foi traduzido do hebraico para o grego na Septuaginta, que traz a ideia de Igreja é Qahal ( קָהָל (que significa “assembleia” ou “congregação”. Esta expressão no AT é utilizada para se referir à assembleia do povo de Deus (Deuteronômio 9.10), assembleia de profetas (1 Samuel 19.20). Lucas, sendo grego, provavelmente teve acesso à Septuaginta, uma tradução do Antigo Testamento feita durante o período helenístico por 72 sábios de Israel a pedido do rei do Egito. Paulo também faz referências à Septuaginta em suas cartas. A palavra “igreja”, usada por Lucas em Atos, incorpora o sentido de “ser igreja”, tanto é chamada para fora (ekklésia), quanto como uma assembleia para tomar decisões importantes (Qahal). Outra prova do uso constante da Septuaginta nas primeiras comunidades cristãs é o uso da palavra DÓXA que significa “opinião”, mas que foi traduzido na Septuaginta e ganhou mais um significado passado a ser traduzido como “glória”, conforme afirma o site da Sociedade Bíblica do Brasil1. Antes de continuar vamos ler a Bíblia em Atos 2.47 (NVI) – “louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava todos os dias os que iam sendo salvos” Barclay ao citar as características da igreja nesta passagem faz um brilhante resumo das características da Igreja primitiva. 1) Era uma Igreja que aprendia. A palavra doutrina no verso 42 não é passiva; é ativa. A frase significa que persistiam em ouvir os apóstolos enquanto ensinavam. 2) Era uma Igreja em comunhão. Tinha o que alguém chamou a grande qualidade de estar juntos. 3) Era uma Igreja que orava. Aqueles primeiros cristãos sabiam que não podiam enfrentar a vida com suas próprias forças e que não tinham necessidade de fazê-lo. Sempre falavam com Deus antes de fazê-lo com os homens; sempre iam a Deus antes de sair ao mundo; podiam enfrentar os problemas da vida porque primeiro encontravam a Deus. 4) Era uma Igreja reverente. O cristão vive com reverência porque sabe que toda a Terra é o templo do Deus vivente. 5) Era uma Igreja na qual aconteciam coisas. Ocorriam maravilhas e sinais (v.43). 6) Era uma Igreja que compartilhava (vs.44-45). Aqueles primeiros cristãos tinham um intenso sentimento de responsabilidade um pelo outro. 7) Era uma Igreja que adorava (v.46). Nunca esqueciam de visitar a casa de Deus. 8) Era uma Igreja alegre (v.46). A felicidade estava ali. A alegria de um cristão não é necessariamente algo de que deva gabar-se; mas na profundidade de seu coração há uma alegria que ninguém pode tirar. 9) Era uma Igreja de gente que não podia deixar de ser querida por outros. O verdadeiro cristianismo é algo bonito. [Como vimos] podemos analisar a etimologia e chegar a esta conclusão diante de estudos teológicos ou análises exegéticas, entretanto, a Igreja é referenciada no Novo Testamento com muitos outros nomes e expressões, como por exemplo, Corpo de Cristo, Noiva de Cristo, Esposa de Cristo, entre outras. A igreja no Novo Testamento liderada pelos apóstolos inaugura um novo tempo, e esta igreja nos ensinará muitas coisas que farão sentido para dizer, de fato, como devemos viver aqui e agora. CONCLUSÃO (PARA PENSAR E AGIR) Por fim observe que os crentes permaneceram no templo e testemunharam e adoraram. O Espírito deu-lhes unidade de coração e de mente e acrescentou, dia a dia, crentes à congregação. [...] A Igreja de hoje não se encontra no templo judaico... Até os eventos de Atos 7, em que os líderes da nação resistem de novo ao Espírito e matam Estêvão, a oferta do reino ainda estava aberta aos judeus (Comentário Warren Wiersbe). Dessa forma precisamos olhar as expressões citadas de maneira figurada, e não literal, senão limitaremos a Igreja a um espaço físico e temporal. A Igreja tanto é física, pois é formada por pessoas, mas é de caráter espiritual, pois é o corpo de Cristo. A Igreja é organismo vivo impulsionada para cumprir a missão que Jesus deixou para ela. Além disso, ela promove um ambiente de adoração onde o povo de Deus se reúne para render glórias ao seu Santo nome. Jesus fundou a Igreja! Amemos aquilo que Jesus criou. Zelemos por aquilo que Jesus pôs diante de nós e carrega a marca de ser comparado ao Seu corpo, sendo Ele mesmo a cabeça (Colossenses 1.18). Eu finalizo perguntando: 1. Juntos somos a Igreja do Senhor. Já parou para pensar que privilégio! Qual o valor que você tem dado para a sua comunhão com esta Igreja? 2. Percebemos que a Igreja era igreja dentro e fora das quatro paredes do templo. Como é com você e sua igreja? O que pode ser feito para que esta dupla ação para uma só missão, ande mais equilibrada? 3. Qual é o seu papel nesta missão movida pelo Espírito Santo, já que tomos nós recebemos de Deus, pelo menos um dom para edificação e capacitação da Sua Igreja? 1 www.sbb.org.br/historia-da-biblia-sagrada/historia-da-traducao-da-biblia