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LIÇÃO DE NÚMERO 3 A ASCENSÃO DE JESUS (Extraída da Revista Palavra & Vida da Convenção Batista Fluminense – Ano 20 – nº 81 – 2T2024, com diversos Comentários Bíblicos e Notas Pessoais) APRESENTAÇÃO E ABERTURA Olá! Graça e paz da parte de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, Amém! Você que nos assiste e nos acompanha seja muito bem-vindo, você está no Canal Beit Sêfer Escola Bíblica à distância. E eu estou muito feliz pela sua audiência e grato a Deus por todos que nos assistem e nos acompanham. Nós estamos estudando a Revista Palavra & Vida da Convenção Batista Fluminense cujo tema central neste trimestre é: Atos da Igreja Primitiva – Estudando atos e os relatos da Igreja Primitiva. Hoje na Lição de número 3 o tema será: A Ascensão de Jesus. INTRODUÇÃO A ascensão de Jesus é um marco tanto histórico quanto espiritual. É histórico pois encerra um ciclo da vida terrena de Jesus, que agora está à destra do Pai no céu (Atos 2.33; Efésios 1.20-21), e aguarda a ordem para a Sua segunda vinda, como prometido (Mateus 24.36- 44). Também é espiritual quando abre a possibilidade para a descida do Espírito Santo, como escrito por João, que Ele (Jesus) não nos deixaria órfãos, mas enviaria o consolador, e para isso Ele precisava ir (João 16.7). Este evento não é isolado. Ele é único e compõe uma sequência narrativa, onde Lucas o faz de maneira segmentada por meio das suas perícopes (parágrafos ou blocos), portanto, precisa-se de uma grande atenção para que entendamos todo o texto dos Evangelhos bem como o livro histórico de Atos dos Apóstolos. Para dar início ao nosso estudo eu convido você a abrir e acompanhar com a sua Bíblia a leitura em vamos ler a Bíblia em Atos 1.9-10a (NVI) – “Tendo dito isso, foi elevado às alturas enquanto eles olhavam, e uma nuvem o encobriu da vista deles. 10 E eles ficaram com os olhos fixos no céu enquanto ele subia...” DESENVOLVIMENTO Segundo o Livro Atos – Introdução e Comentário por I. Howard Marshall... embora demos a esta seção o título de “A ascensão”, duvida-se se o ato propriamente dito da ascensão é o aspecto central na história. Lucas se preocupa mais com aquilo que se disse do que com aquilo que aconteceu. A pergunta vital foi aquela que os discípulos fizeram: agora que Jesus foi ressuscitado dentre os mortos, Deus estava para completar Seu propósito mediante o estabelecimento definitivo do Seu domínio? A resposta dada tinha dois aspectos. O primeiro é que o tempo deste evento permaneceu sendo segredo de Deus; o que era mais importante era a tarefa imediata dos discípulos, que era a de agir como testemunhas de Jesus desde Jerusalém até aos confins da terra. A difusão do domínio de Deus devia ser levada a efeito através dos discípulos, no poder do Espírito Santo. Era este o mandamento final que Jesus deu antes de deixar os discípulos. O segundo era que a partida de Jesus era interpretada como sendo o padrão da Sua volta final a terra para inaugurar o estabelecimento final do domínio de Deus. Estes versículos, portanto, definem o propósito de Deus e o papel da igreja dentro dele. Percebe-se em Atos que a ênfase continua na pessoa de Jesus Cristo, mas sob a perspectiva de relembrar Suas ações, promessas e ordenanças por meio do poder do Espírito Santo. Ele é quem tem o poder de nos fazer lembrar tudo aquilo que Jesus havia ensinado. 1. MORTE, RESSURREIÇÃO, ASCENSÃO Estes três eventos (a morte de Jesus, Sua ressurreição ao terceiro dia e Sua ascensão ao céu), logo após ter passado 40 dias com seus discípulos, estão intimamente ligados um ao outro. Sem morte, não haveria ressurreição e nem ascensão. O fato de Jesus ter morrido e vencido a morte, por si só, já seria importante para compreendermos Seu poder e soberania. Entretanto, ao ascender aos céus, após ter passado 40 dias com os seus discípulos logo após sua ressurreição, faz-se cumprir aquilo que Ele mesmo havia prometido. Isto é, a Sua palavra sendo confirmada. Lucas, de forma minuciosa, faz com que Atos dos Apóstolos seja uma continuidade daquilo que ele narra no evangelho. No último capítulo do evangelho, (Lucas 24), o autor fala sobre a ressurreição, o resgate dos discípulos que estavam retornando a Emaús, e em seguida, Jesus reaparece aos seus discípulos e encerra dizendo: Ele os levou para Betânia e em seguida, despedindo-se deles, foi elevado ao céu. Quando Lucas inicia Atos, ele já faz um breve resumo de como havia concluído o Evangelho, porém com uma grande ênfase na obra do Espírito Santo (Atos 1.1-5), e no verso 6, já começa apresentar a ascensão com mais detalhes que não havia narrado no evangelho. Antes de continuar vamos ler a Bíblia em Atos 1.6 (VIVA) – “Em outra ocasião, quando Jesus apareceu a eles, perguntaram: "O Senhor vai libertar Israel de Roma agora e nos restaurar como uma nação independente?” A pergunta feita pelos discípulos ao Mestre nesta reunião era pertinente. Segundo o Comentário Bíblico Beacon... "Eles esperavam um reino material, porque o Espírito ainda não havia descido sobre eles para dar-lhes uma concepção mais esclarecida sobre os fatos". [...] Em certo sentido, não nos surpreende que os discípulos tenham feito essa pergunta. Na ressurreição, Jesus tinha triunfado sobre os seus inimigos. Não era esse o sinal para o estabelecimento do Reino? Além disso, o seu ministério ficara quase inteiramente restrito a Israel. Isto não indicava que as promessas do Antigo Testamento, da glória futura do povo de Deus, deveriam ser cumpridas, agora que o Messias tinha vindo? Ficara conclusivamente provado, pela ressurreição, que Jesus era o Messias. Mas Cristo lembrou aos seus discípulos que a escolha da época adequada era um segredo pessoal do Pai. Já para Moody... a missão de Cristo, não foi a de introduzir o reino no esplendor terreno, mas introduzi-lo em poder espiritual. Foi uma lição difícil para os discípulos aprenderem. [Como pode-se observar] na ascensão narrada por Lucas em Atos percebemos a ênfase pneumatológica (Atos 1.5), a perspectiva escatológica (Atos 1.6), a soberania divina (Atos 1.7), e a natureza missiológica da Igreja (Atos 1.8). Sendo assim, é fundamental para a sã doutrina que a morte, a ressurreição e a ascensão posicionem a Igreja a viver sob o senhorio de Cristo e Sua palavra, e para andar conforme a direção do Espírito Santo, que nos dá o poder para cumprirmos a missão que Deus nos confiou para o resgate dos perdidos. A ascensão sela o término do ministério terreno de Jesus, mas é a introdução de um tempo em que seríamos dependentes do seu Espírito. 2. DA HUMILHAÇÃO À EXALTAÇÃO Quando olhamos para a ascensão, vemos a exaltação do Cristo que passou por todas as fases da vida humana, exceto cometer pecado, fazendo isso por nós, como diz Paulo em 2 Coríntios 5.21 (leia). É vital para a nossa compreensão teológica que a exaltação de Cristo é parte da obra de redenção da humanidade. Paulo inclusive cita em Filipenses 2 que “...Todo joelho se dobrará e toda língua confessará...”. Para tanto, Cristo já está em uma posição de governo e por isso Ele não apenas morre e ressuscita para nos salvar, mas Sua ascensão e posição à destra de Deus o põe como Senhor. Isso faz diferença e impacto, inclusive, na nossa estrutura litúrgica. Nossos cultos são cristocêntricos (centrados em Cristo). Nossa adoração está condicionada aos dois estados de Cristo. Cada vez mais, clamamos por um resgate a este tema que é fundamental para a nossa fé. Antes de continuar vamos ler a Bíblia em Atos 5.30-31 (NVI) – “O Deus dos nossos antepassados ressuscitou Jesus, a quem os senhores mataram, suspendendo-o num madeiro. 31 Deus o exaltou, colocando-o à sua direita como Príncipe e Salvador, para dar a Israel arrependimento e perdão de pecados” O Comentário Expositivo Hagnos diz que... a ascensão de Cristo foi o selo da sua vitória sobre o pecado, o mundo, o diabo e a morte. Sua ascensão foi visível, vitoriosa e gloriosa. Somente Lucas relata a ascensão de Cristo (Lucas 24.50-53;Atos 1.9-11). Dentre as várias implicações da ascensão de Cristo. A ascensão de Jesus foi uma obra do Pai, um dos componentes de sua exaltação. Paulo interpreta essa verdade da seguinte forma: Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, tw://bible.*/?id=42.24.50-42.24.53|_AUTODETECT_| para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra e toda língua confesse que Jesus é Senhor, para a glória de Deus Pai (Filipenses 2.9-11)... Jesus Cristo ascendeu à mão direita de Deus Pai. Está intercedendo pela sua igreja. Está conduzindo os destinos da história e aguardando o dia em que o Pai o enviará de volta para buscar sua noiva e estabelecer seu reino de glória. Já para o Comentário do Novo Testamento – Exposição de Atos dos Apóstolos – Volume 1 por Simon J. Kistemaker… a ascensão de Jesus e o fato de ele ter-se assentado à destra de Deus marcam sua entronização real. De seu trono Jesus governa este mundo, mesmo que o mundo não esteja disposto a reconhecer a soberania de Cristo. Quando “colocar todos os seus inimigos sob seus pés” (1 Coríntios 15.25), ele entregará o reino ao seu Pai e o fim terá chegado. [Cabe destacar que o apóstolo] Paulo foi o autor bíblico que mais falou sobre a Exaltação de Cristo. Ele traz também uma condição que os salvos herdam em Cristo, como citado em Efésios 2.4-7 (leia). Esta condição traz uma temática também escatológica, que há vitória sobre o mal, que também está ligada aos que O seguem: n´Ele somos mais do que vencedores! Assim como a ascensão introduz um novo tempo para os cristãos na terra, que é a presença do Espírito Santo na festa de Pentecostes, ela também faz o prelúdio da restauração de todas as coisas, como afirma C.S Lewis. Assim como Ele ascendeu e foi exaltado, a esperança dos filhos de Deus é que alcancemos o último estágio da condição do salvo: a glorificação. 3. PRESENÇA CONSTANTE DE CRISTO Entre a ascensão e segunda vinda, onde Cristo está? Como já citamos em referências anteriores, Ele está à destra de Deus, mas enviou o Espírito Santo. A Sua presença nos condiciona para a missão de ir a todo mundo. Em Mateus 28.20, Ele diz que “estaria conosco todos os dias até a consumação dos séculos”. Ele nos comissionou para isso. Reparou que o ato de ascender ao céu é posterior a sua ordenança de sermos testemunhas da Sua obra “até os confins da terra” (Atos 1.8)? Esta é uma condição que nós precisaremos experimentar, durante a missão, até que Ele venha. Precisamos falar mais sobre isso: JESUS VOLTARÁ! Estamos em missão e Ele conosco por meio do Espírito Santo. As primeiras igrejas, os primeiros cristãos viviam sob esta esperança. Lendo Atos dos Apóstolos percebemos que eles aguardavam a segunda vinda de Jesus com muito fervor. Antes de continuar vamos ler a Bíblia em Atos 1.10b-11 (NVI) – “...De repente surgiram diante deles dois homens vestidos de branco, 11 que lhes disseram: "Galileus, por que vocês estão olhando para o céu? Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado ao céu, voltará da mesma forma como o viram subir” tw://bible.*/?id=50.2.9-50.2.11|_AUTODETECT_| Segundo Barclay... esta passagem nos coloca frente à Segunda Vinda. Devemos recordar duas coisas a respeito dela. Primeiro, é tolo e inútil especular a respeito de quando e como acontecerá [...]. Em segundo lugar, o ensino essencial do cristianismo é que Deus tem um plano para o homem e o mundo. Temos que crer que a história não é um conglomerado casual de atos fortuitos que não vão a nenhuma parte. Temos que crer que o mundo vai a alguma parte, que existe algum feito divino longínquo rumo ao qual se move toda a criação. E devemos crer que quando chegar tal consumação Jesus Cristo será sem dúvida Juiz e Senhor de todos. A Segunda Vinda não é um assunto sobre o qual se deve especular nem bisbilhotar ilegitimamente. É uma convocatória a lutar pela chegada desse dia e a nos preparar para quando chegar. [Desta forma] podemos considerar a partida de Jesus em Sua ascensão não como uma despedida, mas como uma mudança de natureza, como afirma John Owen. Neste caso, a presença de Jesus com a Sua Igreja após a ascensão muda de natureza. Ele sai de uma realidade condicionante ao seu corpo físico, para então se colocar em uma realidade transcendente. Sendo assim, Sua presença permanece constante, até porque um dos Seus atributos que compõem a nossa teologia é a onipresença. Ao ascender ao céu, Jesus também assume uma outra condição, a de intercessor junto ao Pai. Veja o que está escrito em Hebreus 7.24-28, destacando o versículo 25. A ascensão faz parte da vida da Igreja. Após a ascensão, que é precedida pela morte e ressurreição, Jesus é reconhecido como nosso Salvador, mediador entre Deus e os homens e intercessor junto ao Pai. CONCLUSÃO (PARA PENSAR E AGIR) Por fim como podemos ver a ascensão é uma abordagem teológica que revela muitos pontos importantes sobre a natureza de Jesus e a forma que Deus tem de cumprir Suas promessas. Desde Sua humilhação tornando-se humano, até Sua ascensão, Jesus deu todo o caminho que precisamos percorrer como servos e Igreja. Cabe ainda destacar que a condição atual de Jesus aquece o nosso coração de fé para seguir firme na missão, pois Ele mesmo enviou o Espírito Santo para estar conosco, nos fazendo lembrar sobre Ele mesmo e sobre a compreensão da Sua Palavra. A palavra dita pelos anjos aos apóstolos, também nos faz olhar para o céu. Isto mesmo! Por isso devemos nos manter firmes prestando a atenção para aquilo que a Palavra de Deus nos garante. Mantendo nos olhos no Céu, pois de lá mesmo que Jesus voltará. O relato sobre a ascensão é mais profunda do que achamos. É mais real do que um fato do passado, é tanto histórico como espiritual. Ela nos põe na missão, pois agora é conosco, sua Igreja. Eu não sei quanto a você, porém eu quero completar a missão que Jesus me comissionou. Eu finalizo perguntando: 1. Cada fase na nossa caminhada com Deus é importante, assim como percebemos que a ascensão é primordial para a história da salvação. Em qual fase você se encontra hoje? 2. Não menospreze os sinais da vinda de Cristo. Você reconhece, à luz da Bíblia, esses sinais? 3. Todas as promessas estão se cumprindo, uma a uma. Ele prometeu que estaria conosco todos os dias até a consumação dos séculos. Como você deve viver neste mundo, diante desta realidade? Objetivo – Ao final desta lição você entenderá como foi a transição entre a ressurreição e ascensão de Jesus, preparando o caminho para a vinda do Espírito Santo.