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O Homem Egípcio – apresentação de seminários, (O Escravo, (pp.160 - 187.) cap VII. LOPRIENO, Antonio
	DONALDONI, Sérgio. O Homem Egípcio. Lisboa: Editorial Presença, 1994.
	Quando nos remetemos aos escravos no antigo Egito, nos remetemos a um grupo especifico que no passar do tempo da história egípcia sobreviveu ao passar dos anos nas condições econômicas, sociais, politicas e legais de escravidão.
Os pesquisadores e historiadores não se sentem confortáveis ao classificar o papel do escravo no Egito, tendo em vista que não concordância nos estudos acerca de conceituar que a escravidão tenha existido no tipo clássico conhecido no ocidente para o termo, no vale do Nilo. A sociedade egípcia no que tange ao papel do escravo não possuiu nenhuma codificação, nenhum documento que estabeleça esse papel no estado.
Há uma escassez de informações acerca do conceito de escravo para os egípcios antigos, onde os textos administrativos, ou decretos reais, colocam que várias classes do Egito estavam sujeitas ao trabalho forçado e as restrições de liberdade com diversas definições diferentes, além claro, dos textos literários realizados pelas observações realizadas pelos povos greco-romanos-judaicos-cristãos, devendo o exame dessas fontes serem estudados com cuidados.
Desse modo deve-se realizar uma contextualização geográfica e histórica, bem como uma delimitação temporal ao falar do papel desse personagem no Egito. Muitas vezes os estudiosos tendem a tratar a cultura egípcia como estática, o que não pode acontecer acerca de um povo com três mil anos de história, onde houve diversas alterações de forma substancial em aspectos da política, cultura e sociedade ao passar dos anos.
Assim, podemos delimitar o papel do escravo no espaço cronológico compreendido no intervalo entre o inicio do antigo império (2660 a.C) até o fim do novo império, período em que o Egito expandiu as suas fronteiras ate a Ásia e parte do território núbio, num domínio politico e militar, que possibilitava uma reformulação da sociedade e a modificação da figura do escravo.
Tem que ser levado em conta, que assim como outras civilizações da antiguidade a escravidão e a exploração do trabalho forçado por parte dos povos era algo comum e que consistia ainda em fonte de comercio. Dai o motivo de conceitos diferentes da realidade ao longo dos diversos períodos históricos do antigo Egito acerca desse personagem. 
Pode-se colocar que a escravidão poderia ser decorrente de três formas. A alienação fiduciária, onde o devedor se colocava na função de escravo, por não ter como pagar a sua dívida, e assim servir ao seu credor, uma auto venda, desistindo de tudo que possuía, bem como a modalidade de trabalho forçado, esta determinada pelo estado, e assim alcançando todas as funções do antigo Egito, onde os trabalhadores da população em geral, eram obrigados a trabalhar para o estado como exploração militar, na mineração, nas pedreiras, nas construções de templo, das pirâmide, o que já demonstra que o conceito de escravo, trabalhador forçado, já não é o que conhecemos e por fim, a escravidão decorrente dos prisioneiros de guerra.
A interpretação advinda apenas de uma fonte literária, criada por duas visões, a de Heródoto e a da Bíblia, permaneceram por muito tempo como as únicas fontes de informação sobre o que se viveu no antigo Egito. Desse modo, tais imagens judaico cristãs, parcialmente erradas desse personagem no Egito antigo, possibilitaram a criação desse dogma massificado ate hoje acerca dos escravos, como suas condições no Egito, seu trabalho e seu sofrimento.
Somente quando se desenvolve a possibilidade da analise pela ciência, pôde-se desmistificar o papel do escravo. Ao contrario de outros povos como a babilônia, os gregos, no Egito não foi realizado uma codificação com uma regulamentação jurídica, regendo os aspectos da vida dos escravos. Ressalte-se que essa analise cientifica e histórica ainda deve diferenciar as fontes literárias e as administrativas, constantes do dia a dia do Egito, mais realistas, como decretos reais, bibliografias, anais e que são muito mais funcionais que os contos. Mas não so isso, deve ainda dentro disso, das fontes administrativas, conseguir diferenciar o caráter parcial das informações ali constantes, pois além de terem sido escritas por uma parcela pequena da população, os escribas, ainda se alteraram ao longo do tempo e dos impérios.
Assim, o Egito antigo, como outras civilizações, tinha uma hierarquia social rígida, bem definida e com um alto grau de desigualdade, havendo um rígido controle de qualquer mobilidade social, onde o papel do escravo, ou servo por trabalho forçado evoluiu ao longo do tempo.
Durante o império antigo, época de paz duradoura, foi onde se construíram as pirâmides do Egito. Desse ponto observa-se que tendo havido paz por tantos anos, a concepção de Heródoto estava equivocada no que se refere a mão de obra, pois a maior fonte de captação de escravos seria a guerra.
Desse modo, observamos que toda população egípcia de um modo ou de outro estava a serviço do estado e esse serviço era uma condição vertical que vinha de cima, uma obrigação para com o estado, para com o faraó, onde as funções dos escravos se situavam na esfera doméstica. Esse serviço forçado tinha uma variação com o estatuto social, propiciando vínculos com os trabalhos mais ou menos pesados ou desprestigiantes. 
Durante o império médio, em que houve uma grande fase de brilhantismo cultural e de relações com outros povos, propiciada pela reunificação do Egito e que possibilitou uma época de prosperidade com um desenvolvimento das estruturas da sociedade egípcia, melhorando a posição dos menos favorecidos, apresentando uma certa promoção social, principalmente da classe trabalhadora, onde todos que estavam a serviço do faraó partilhavam a mesma condição, podendo ser egípcios ou estrangeiros. Assim a figura do escravo que conhecemos como mero instrumento de trabalho não estava identificada no período, não havia provas desse tipo de escravidão, bem como a sua utilização como meio preferencial de trabalho não estava institucionalizada.
Durante o império novo, houve uma grande transformação do Egito em uma potência no mundo e que não se deu de forma pacifica e por consequência trouxe um grande numero de prisioneiros de guerra aumentando a quantidade de escravos.
Assim, a caracterização do personagem do escravo no Egito antigo, é difícil uma vez que não houve codificação a respeito dessa classe, devendo para sua caracterização um conhecimento dos princípios políticos e religiosos que regulavam a sociedade, sendo diferente totalmente do conceito greco-judaico-cristão ocidental. A concepção egípcia continha essa distinção e no final, as condições de vida dos escravos eram iguais a dos camponeses.

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