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apresentando lucros (mesmo depois dos seus pesados honorários) de 43% e 41%. Se você tivesse investido US$ 10 milhões na Long-Term, em março de 1994, eles estariam valendo um pouco mais de US$ 40 milhões, quatro anos depois. Em setembro de 1997, o capital líquido do fundo era de US$ 6,7 bilhões. A participação dos sócios cresceu por um fator de mais de dez. É claro que, para gerar esses lucros imensos no sempre crescente pool, ou consórcio de ações sob sua administração, a Long-Term tinha que fazer empréstimos, como George Soros. Essa alavancagem adicional lhes permitiu apostar mais do que o seu próprio dinheiro. No final de agosto de 1997, o capital do fundo era de US$ 6,7 bilhões, mas as ações financiadas por dívidas do seu balanço patrimonial somavam US$ 126, um coeficiente de ações para capital de 19 para 1.81 Em abril de 1998, o balanço patrimonial tinha atingido US$ 134 bilhões. Quando falamos em estar altamente equipados, a maioria dos acadêmicos se refere às suas bicicletas. Mas, quando Merton e Scholes o faziam, eles queriam dizer que a Long-Term estava tomando emprestada a maior parte do dinheiro que usava nas suas transações. Não que essa pilha de dinheiro os assustasse. Seus modelos matemáticos diziam que não havia quase nenhum risco envolvido. Para começar, eles estavam seguindo simultaneamente múltiplas estratégias de negociação, não relacionadas: cerca de cem dessas estratégias, com um total de 7.600 posições.82 Uma poderia dar errado, ou duas. Mas todas essas apostas diferentes não poderiam dar errado simultaneamente. Aquela era a beleza de um portfolio diversificado – outro insight-chave da teoria financeira moderna, que tinha sido formalizada por Harry M. Markowitz, um economista formado pela Chicago University da Rand Corporation, no começo dos anos 1950, e mais tarde aperfeiçoado pelo Capital Asset Price Model/CAPM [Modelo de Preço de Ação e Capital], de William Sharpe.83 A Long-Term ganhou dinheiro explorando as discrepâncias dos preços em mercados múltiplos; no mercado de hipotecas residenciais de taxa fixa; nos mercados de títulos governamentais americanos, japoneses, e europeus; no mercado mais complexo de swaps******* (conversões) de taxa de juros – em qualquer lugar, na verdade, onde os seus modelos encontrassem uma anomalia de apreçamento, na qual duas ações ou opções fundamentalmente iguais tivessem preços fracionariamente diferentes. Mas a maior aposta que a firma fez, e a mais obviamente baseada na fórmula Black-Scholes, foi vender ações das bolsas de valores dos Estados Unidos e da Europa em contratos de longo prazo; em outras palavras, a LTCM deu opções às pessoas, opções que elas poderiam exercer se houvesse grandes movimentos nos preços das ações no futuro. Os preços que essas opções estavam auferindo, em 1998, de acordo com a fórmula Black-Scholes, subentendiam uma volatilidade futura anormalmente elevada, de cerca de 22% ao ano. Acreditando que aquela volatilidade de fato se moveria na direção da sua média recente de 10%-13%, a Long-Term empilhou essas opções em grande quantidade e as vendeu barato. Os bancos que queriam se proteger contra uma volatilidade maior – por exemplo, outra crise no mercado de ações, como em 1987 – foram os felizes compradores. A Long-Term vendeu tantas opções que as pessoas começaram a chamar a firma de Banco Central da Volatilidade.84 No pico, eles tinham US$ 40 milhões