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- PETIÇÃO INICIAL - JALVA - MATERIAL CIRURGICO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA ___VARA MISTA DA COMARCA DE JOÃO PESSOA-PB
 
 
 URGÊNCIA – AUTORIZAÇÃO DE MATERIAL PARA CIRURGIA DE CÂNCER – IDOSA 63 ANOS
 
 
MARIA JALVA LOPES DUARTE, brasileira, casada, aposentada, inscrita no CPF sob o nº 123.912.714-68, portadora da cédula de identidade OAB/PB N. 6.220, residente e domiciliado na Rua Rosa Lima dos Santos, 585 Bancários, CEP: 58051-590, João Pessoa- PB, por seus advogados, abaixo assinados, mandato incluso, com endereço profissional situado na Av. João Machado, nº 553, sala 026 - Térreo, Edifício Plaza, Centro, João Pessoa/PB – CEP 58.013-520, e-mail: deyselopes.adv@gmail.com , Tel. (83) 99600-9619, vem a honrosa presença de Vossa Excelência, propor a presente:
 
 
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
COM TUTELA ANTECIPADA DE URGÊNCIA
(FORNECIMENTO DE MATERIAL – CIRURGIA DE CÂNCER)
 
 
Em face da GEAP AUTOGESTAO EM SAUDE, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob n° 03.658.432/0001-82 (CNPJ FILIAL JOÃO PESSOA Nº 03.658.432/0013-16), com sede na Rua Deputado Odon Bezerra, 184 Piso E2, salas 216/225 - Tambiá Shopping, Bairro Centro, Cidade: João Pessoa – PB, CEP: 58.020-500, onde deve ser citada, na pessoa de seu representante legal para, querendo, responder à presente, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
 
 
I – PRELIMINARMENTE
I.1 – DA ASSISTENCIA JUDICIÁRIA GRATUITA:
 
Preliminarmente, pugnar-se-á de Vossa Excelência, pela concessão dos favores da JUSTIÇA GRATUITA, com fulcro nos preceitos elencados no art. 4º da Lei n° 1060/50, e art. 5º, inciso LXXIV da CF/1988, que asseveram que a parte gozará dos benefícios da Assistência Gratuita mediante simples afirmação, e a qualquer tempo do processo, porquanto não possua ao Autor condições financeiras de arcar com as custas e demais despesas do processo.
 
Não podemos deixar de destacar que se o benefício requerido não for concedido, o acesso à justiça restará obstaculizado, posto que o valor das citadas custas, supera demasiadamente o montante recebido mensalmente pela Autora, pessoa aposentada pelo Ministério da Saúde. Ademais, atesta a documentação em anexo que o valor das custas processuais prévias é de R$ 3.333,48 (três mil trezentos e trinta e três reais e quarenta e oito centavos), bem como o contra-cheque da parte comprova o seu rendimento mensal R$ 4.814,56 (quatro mil e oitocentos e catorze reais e cinquenta e seis centavos) BRUTO.
Todavia, também de acordo com o acostado, a idosa recebe o salário LÍQUIDO de somente em torno de R$ 2.683,81 (dois mil, seiscentos e oitenta e três reais e oitenta e um centavos), salientando que seu plano de saúde é pago com débito em conta corrente, restando diminuído ainda desse montante valor considerável, bem como, diante do retorno do câncer já em grau de metástase, a maior parte de seus proventos tem sido para a quitação dos gastos com sua saúde.
 
Assim, nos termos da citada Lei Federal, requer-se a isenção ao necessitado, de custas, despesas processuais, bem como de honorários advocatícios, permitindo à idosa o acesso ao Poder Judiciário, podendo, desta forma, exercer direitos conceituados como fundamentais.
I.2 – DA PRIORIDADE PROCESSAL – IDOSA E PORTADORA DE DOENÇA TERMINAL
Conforme documentos pessoais anexados à inicial, a Autora conta hoje com 63 (sessenta e três) anos de idade, bem como restou recentemente diagnosticada com espécie de câncer extremamente agressivo já em grau de metástase.
O Novo Código de Processo Civil dispõe que:
Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais:
I – em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6o, inciso XIV, da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988;
II – regulados pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
§ 1o A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará ao cartório do juízo as providências a serem cumpridas.
§ 2o Deferida a prioridade, os autos receberão identificação própria que evidencie o regime de tramitação prioritária.
§ 3o Concedida a prioridade, essa não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite ou do companheiro em união estável.
§ 4o A tramitação prioritária independe de deferimento pelo órgão jurisdicional e deverá ser imediatamente concedida diante da prova da condição de beneficiário.
Por sua vez o Estatuto do Idoso (Lei 10.741 de 2003) expressa em seu art. 71:
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.
A Lei nº 9.784, de 29 de Janeiro de 1999, dispõe sobre, vejamos quais Doenças tem este Direito, doenças contidas no inciso IV:
Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão ou instância, os procedimentos administrativos em que figure como parte ou interessado:
I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos;
II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental;
IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após o início do processo.
Diante disto, com estes benefícios concedidos a pessoas específicas (idosos e portadores de doenças graves) necessitam de comprovação deste estado de saúde.
Deste modo, diante da mencionada documentação acostada ao processo, resta axiomática a comprovação do preenchimento dos requisitos autorais, fazendo, por isso, jus ao benefício da prioridade na tramitação de procedimentos judiciais, nos termos do art. 1.048 do Código de Processo Civil e art. 71 do Estatuto do Idoso, e da prioridade na tramitação em razão de doença grave (CÂNCER), nos termos da lei. 9.784/1999.
 
II – DOS FATOS
A Promovente, desde que foi nomeada para o serviço público em 1984, firmou contrato de prestação de serviço de plano de saúde, com a Promovida anteriormente nomeado Assistência Patronal dos Servidores do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários, atualmente designado de GEAP, tendo como objeto a prestação continuada de serviços ou cobertura de custos assistenciais na forma de plano privado de assistência à saúde, sempre arcando com todas as suas obrigações financeiras.
Em 2018, a Autora descobriu ser portadora de neoplasia maligna de mama, conforme documentos anexos, vindo a se submeter a tratamento quimioterápico, radioterápico e cirurgia para remoção dos tumores na mama direita e esquerda, esta última no mês de Agosto de 2018. Após todo tratamento passou a ter acompanhamento médico para monitorar o seu estado de saúde.
Ocorre que, no mês de Outubro de 2019, sentindo fortes dores no braço, procurou o hospital Nossa Senhora das Neves, onde, em atendimento emergencial, descobriu, através de exames de tomografia, que estava com novos tumores na coluna, braço e pulmão. Ao se dirigir ao médico oncologista, ele indicou exames complementares e acompanhamento por médico neurologista.
Após vários exames verificou-se o quadro de metástase, onde a ressonância indica a presença de um tumor na coluna, causando lesão especificamente na vértebra C5, com compressão da medula, resultando em fortes dores irradiadas para o braço, risco de tetraplegia e óbito.
O diagnóstico, comprovado pelos exames e confirmado pelo DR. Rodrigo Marmo da Costa e Souza,neurocirurgião inscrito no CRM 5975, atesta A NECESSIDADE DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO DE URGÊNCIA SOB PENA DA DEMORA REPRESENTAR MAIORES RISCOS A SAÚDE DA PACIENTE, TAIS COMO TETRAPLEGIA E ÓBITO.
Em caráter de urgência foram solicitados os demais exames para cirurgia e a autorização para o procedimento a ser realizado no Hospital Memorial São Francisco, que restou autorizado.
Ocorre que, para surpresa da Autora, a empresa Ré enviou autorização para material cirúrgico fora das especificações requisitadas pelo médico, DESCONSIDERANDO TOTALMENTE AS RECOMENDAÇÕES DO NEUROCIRURGIÃO RESPONSÁVEL PELO PROCEDIMENTO. Ao perceber o erro da empresa Ré, o médico entrou em contato por e-mail, informando da gravidade do caso, e solicitando o envio do material correto, com a devida justificativa, atentado para a urgência que o caso demanda. Tais alegações podem ser verificadas conforme e-mail acostado aos autos, enviado pelo Dr. Rodrigo Marmo, em 29/10/2019.
Diante da demora e do erro da empresa Ré, o Advogado da Autora, Dr. Ivison Sheldon, entrou em contato com o teleatendimento da GEAP em 31/10/2019, através do protocolo de atendimento n. 32308020191031182952 solicitando informações sobre o envio do material correto e prazo para resolução do caso.
Qual não foi a surpresa ao ser informado que as únicas solicitações de materiais que constavam no sistema da GEAP haviam sido autorizadas em 24/10/2019, sob os números 352427440 para a empresa TECNOCENTER MATERIAIS MEDICOS HOSPITALARES LTDA e 352427450 para a empresa OPERA MATERIAIS CIRURGICOS LTDA.
Solicitações estas fora do requisitado pelo médico cirurgião e em desconformidade com a necessidade terapêutica da paciente. OU SEJA, ATÉ A PRESENTE DATA A PRESTADORA DE SERVIÇO DA SAÚDE GEAP NÃO PROCESSOU SEQUER A SOLICITAÇÃO DO MATERIAL CIRÚRGICO CORRETO.
Ao pagar mais de três década seu plano de saúde, viu-se a Autora profundamente decepcionada, negligenciada, humilhada, preterida e abalada psicologicamente com a impossibilidade de concluir seu tratamento do Câncer. 
Douto Juízo, a idosa encontra-se aguardando o procedimento cirúrgico desde 18/10/2019, sob o efeito de opioide, fosfato de codeína e paracetamo, sofrendo com os FORTES E CONSTANTES DORES e com todo o desdobramentos da doença. Mesmo diante da axiomática necessidade de tratamento urgente a GEAP insiste em atentar contra a DIGNIDADE DE UMA SENHORA DE 63 ANOS COM METASTASE EM TODO O CORPO, inclusive, elencando um procedimento cirúrgico para retirada de tumores como eletivo.
Todos os procedimentos administrativos e médicos necessários já foram feitos e autorizados, conforme autorização n. 90033571364.
Concluindo que o quadro de saúde da consumidora é extremamente grave; podendo a demora do tratamento permitir que o câncer se espalhe pela medula óssea, atingindo o sistema nervoso central, ocasionando tetraplegia e óbito, conforme e-mail enviado em 29/10/2019 à auditoria da GEAP em que o Dr. Rodrigo Marmo, o material necessário é o que se segue à descrição:
“Venho por meio deste apresentar o caso da paciente Maria Jalva Lopes Duarte portadora de câncer de mama com metástase para coluna cervical e compressão medular com dor refratária à analgesia e risco de tetraplegia por compressão medular e solicitar a mudança do material autorizado em virtude das seguintes fundamentações técnicas:
1 - O CAGE que substituirá o corpo vertebral necessita de um sistema de travas para melhorar a estabilidade da artrodese, tendo em vista a extensa descompressão e instabilidade provocada.
2 - O sistema de placas e parafusos necessitam ser compatíveis com o CAGE que será autorizado.
3 - O Sistema de monitorização neurofisiológica é necessário pelo alto risco de compressão medular e dano permanente e até o presente momento nunca foi utilizado ou sequer apresentado ao cirurgião assistente o sistema que foi liberado para empresa OPERA.
4 - Esclareço também que o material autorizado nunca foi usado pelo cirurgião assistente, sendo o caso da paciente extremamente arriscado em virtude da compressão medular, não sendo recomendado o seu uso.
5 - A matriz dural tipo DURAGEN exerce maior efeito na prevenção e tratamento da fístula liquórica pelas características de absorção e não necessidade de sutura que nessa região cervical encontra-se inviabilizada pela área de ressecção vertebral.
A solicitação do código de tumor ósseo, apesar de não liberado pela GEAP, notadamente fará parte principal do procedimento, considerando que a metástase é para a vértebra. Portanto venho solicitar encarecidamente a autorização.
Foram solicitados, conforme recomendação da ANVISA, três fornecedores(PROMED, MEDIOLY, WAYMED) que possuem a especificação correta do material e que já foram utilizados em casos semelhantes com excelentes resultados.
Por fim venho encarecidamente solicitar a mudança em caráter de urgência pelo risco iminente de compressão medular, tetraplegia e até mesmo óbito.”
Ainda, para completar a inteira invasão à esfera psicológica e humana da Autora, atenta-se para o fato de que a mesma se encontra em quadro de dor aguda, com uso de medicação que não impede o avanço da doença. 
O que aparenta é a INTENÇÃO de prejudicar de forma DOLOSA à Autora, vez que, anteriormente, TODOS OS PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS FORAM SOLICITADOS CORRETAMENTE E ATÉ A PRESENTE DATA NADA FOI RESOLVIDO. Cumpre salientar que cada dia sem o devido tratamento diminui imensamente as chances de cura, ainda mais por conta da localização do tumor na coluna, reitera-se, com grande risco do câncer atingir a medula óssea da Autora. A conduta da empresa força à Autora a procurar o Poder Judiciário para ter a sua sobrevivência oportunizada por meio do tratamento indicado pelo médico neurocirurgião que conduzem seu tratamento, o que impõe-lhe apreensões, dor, sofrimento e constrangimentos. Por outro lado, a recusa da GEAP em cumprir com seu dever contratual causa-lhe indignação e aflição emocional, o que lhe atinge em sua dignidade humana.
A conduta da GEAP é negligente, denotando a sua atitude como DOLOSA; intencional, vez que tem profundo conhecimento do Estado de Saúde da Autora.
É diante dos fatos apresentados que a Autora vem perante este Juízo, pleitear as medidas judiciais cabíveis ao caso em discussão, pois está convicta de que está sendo lesada física e moralmente, requerendo SEJA DETERMINADA EM CARÁTER LIMINAR À AUTORIZAÇÃO PARA PROCEDIMENTO CIRURGICO COM FORNECIMENTO DE MATERIAL SOLICITADO PELO MÉDICO, DR. RODRIGO MARMO DA COSTA E SOUZA, NEUROCIRURGIÃO CRM 5975, assim como a reparação pelos danos morais sofridos.
 
III – DA NECESSIDADE DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA
 
Resta evidente, que a autorização para recebimento de tratamento de saúde pela GEAP, serviço de prestação de serviço de saúde, ainda mais ante o diagnóstico de CÂNCER, com solicitação efetuada junto ao plano desde o dia 18/10 e reiterada por e-mail em 29/10; sendo o início do tratamento imprescindível para manutenção da vida da Autora é medida URGENTE, vez que, no momento, a cada dia sem a realização da cirurgia as chances de sobrevivência é menor, sendo, pois, serviço indispensável a sua sobrevivência enquanto ser humano.
Reitera-se, a Autora encontra-se em dor intensa aguardando a 13 (treze) dias o procedimento cirúrgico, permanecendo até hoje aguardando a boa vontade da GEAP enviar autorizar o envio do material correto ao Hospital Memorial São Francisco, conforme requisitado pelo médico neurocirurgião que acompanha a paciente. 
Salienta-se, por oportuno, que os exames da Autora, como também os diversos laudos médicos juntados, comprovam o absoluto prejuízo que a ausência de tratamento vem causando.
O câncer diagnosticado, já em estado de metástase na Autora, espécie alojado na coluna cervical, é extremamente agressivo, e; sobretudo, no estado em que se encontra, na forma disposta pelo médico condutor do tratamento, pode atingir sua medula e por fim a sua vida.
A Autora vem sofrendo demasiadamente pela conduta da Ré, notadamente porque teve seu direito de acesso ao tratamentocorreto obstaculizado pela Ré. OU SEJA, A CONDUTA DA RÉ É DOLOSA, ATENTATÓRIA À DIGNIDADE DA IDOSA.
Tendo em vista a necessidade da Tutela de urgência, e concessão de seus efeitos, alude o artigo 300, § 2º do hodierno código de processo civil o seguinte texto;
 
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressacir os danos que a outra parte pode vir a sofrer; caução pode ser dispensada se a parte econômicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência, de natureza antecipada, não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
 
Assim, nos termos do artigo 300, a tutela de urgência será concedida, independentemente de sua natureza, quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito (fumus boni iuris) e o perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo (periculum in mora), podendo as tutelas de urgência ser concedidas de forma antecedente (ou seja, a parte entra com o pedido antes da existência de qualquer processo sobre o tema).
 
No presente caso está iniludivelmente comprovado o dano, cuja verossimilhança in casu se extrai da prova documental em anexo, por meio da qual se observa que a Autora teve impedido sua cirurgia, sem nenhuma justificativa plausível, mediante o envio de material incorreto e a demora em solucionar tal erro, que, comprovadamente vem repetidas vezes atrapalha o tratamento da Autora no sistema do plano de saúde.
Nesse sentido, o Egrégio STJ em voto condutor da Ministra Nancy Andrighi emanou o seguinte entendimento:
"Somente ao médico que acompanha o caso é dado estabelecer qual o tratamento adequado para alcançar a cura ou amenizar os efeitos da enfermidade que acometeu o paciente; a seguradora não está habilitada, tampouco autorizada a limitar as alternativas possíveis para o restabelecimento da saúde do segurado, sob pena de colocar em risco a vida do consumidor. (…)- A negativa de cobertura de transplante – apontado pelos médicos como essencial para salvar a vida do paciente –, sob alegação de estar previamente excluído do contrato, deixa o segurado à mercê da onerosidade excessiva perpetrada pela seguradora, por meio de abusividade em cláusula contratual.(REsp 1053810/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/12/2009, DJe 15/03/2010)"
Ora, a vasta documentação acostada, ainda mais com comprovação das várias solicitações efetuadas pelo hospital, a tratativa direta entre o advogado da consumidora e a empresa por telefone, comprovam a necessidade e urgência da cirurgia.
Vale-se, ainda, à premissa adotada por a quase absoluta jurisprudência de que somente ao médico, exímio conhecedor da patologia, ministrar os meios mais adequados ao caso.
 Acrescente-se que interpretação diversa acabaria por atribuir às seguradoras e planos de saúde o poder de questionar os métodos a serem empregados pelo médico para o tratamento da doença, cuja cobertura está abrangida pelo contrato.
Urge salientar que o deferimento da medida não acarretará nenhum problema ou dificuldade a Ré caso venham a ser deferidas a antecipação de tutela, pois se o promovente vier a sair derrotado no presente litígio, o que não se acredita, o valor do tratamento pode ser cobrado em sua integralidade. Logo, não há perigo de irreversibilidade da decisão.
 
Todavia, em sendo negada a pretendida antecipação de tutela, ficará a Autora até a decisão final do processo, a qual não se sabe o tempo de sua duração, correndo hodiernamente o risco de vida, sem receber qualquer tratamento para seu câncer, definhando sem nem ao menos receber alguma medicação para minimizar sua dor, caracterizando o dano irreparável presente na demanda.
FRISA-SE, A AUTORA ENCONTRA-SE NESSE MOMENTO SEM NENHUM TRATAMENTO MÉDICO-HOSPITAR, APENAS TRATANDO PALEATIVAMENTE AS DORES E DEMAIS SINTOMAR PROVENIENTES DA DOENÇA.
Outrossim, também destaca-se a completa adimplência ao plano de saúde, visto que mensalmente o valor é descontado diretamente em sua conta corrente.
Desse modo, à guisa de sumariedade de cognição, os elementos indicativos de ilegalidades contido na prova ora imersa traz à tona circunstâncias de que o direito muito provavelmente existe.
Verifica-se, douto Magistrado, que a situação da Autora atende, perfeitamente, a todos os requisitos esperados para a concessão da medida antecipatória de urgência, fumus boni juris e periculum in mora, pelo que se busca, antes da decisão do mérito em si, a ordem judicial para que a Ré autorize o envio do material cirúrgico solicitado pelo médico neurocirurgião Dr. Rodrigo Marmo da Costa e Souza, CRM 5975. 
 
Assim, no caso em testilha evidente que a discussão posta diz respeito ao direito à saúde da Promovente, não se vislumbrando, pois, configuradas as hipóteses para a negativa e atraso da concessão da medida, ou seja, pleiteia-se que este Douto Juízo determine que Ré EM CARÁTER LIMINAR À AUTORIZAÇÃO PARA RECEBIMENTO DE TRATAMENTO MÉDICO – CIRURGICO COM FORNECIMENTO DO MATERIAL CORRETO SOLICITADO PELO MÉDICO DA AUTORA, DE FORMA IMEDIATA, , determinando, outrossim, em caso de descumprimento desta obrigação de fazer, a imposição de multa diária arbitrada por V. Exª. Fixada em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), de conformidade com o que dispõe os arts. 497 e 537 do NCPC.
Por fim, valendo-se da atitude reiterada da Ré, necessário seja verificada a majoração da multa pelo descumprimento, evitando, assim, que mais uma vez a idosa permaneça desamparada.
 
 
IV – DO DIREITO
 
IV. 1 – DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
 
O Código de Defesa do Consumidor prescreve, em seu art. 2º, ser consumidor: “toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. Sendo assim, inexistem maiores dificuldades em se concluir pela aplicabilidade do referido Código, visto que este corpo de normas pretende aplicar-se a todas as relações desenvolvidas no mercado brasileiro que envolva um consumidor e um fornecedor.
 
A Carta Magna do Direito Brasileiro, em seu artigo 5º demonstra a preocupação do legislador com o consumidor, ao declarar através do inciso XXXII –“ o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; “. Por seu turno, o Código de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/90, assegura, expressamente, a indenização por dano, assim dispondo:
 
Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
VI - A efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
 
Do mesmo modo, o art. 23 do mesmo diploma legal é taxativo ao dispor que a ignorância do fornecedor sobre a qualidade do serviço prestado não o exime de responsabilidade, IN VERBIS: 
 
Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade.
 
Nobre Julgador, diante dos ensinamentos advindos dos artigos mencionados, podemos aquilatar o entendimento de que a Ré deveria ter prestado o serviço de forma adequada, eficiente e segura. Todavia, se isto não ocorrera, como relata o tópico dos fatos e toda prova documental acostada, restando a Autora à mercê da boa vontade do plano em autorizar exame necessário para seu tratamento ao seu bel prazer.
 
Ademais, cuida o diploma legal acima, especialmente da responsabilidade pelo fato do produto e do serviço, onde, através do art. 14 consagra a responsabilidade objetiva, posto que onde estão os bônus também deverão estar os ônus. Dessamaneira, a responsabilidade da empresa Ré, independentemente de culpa, assenta-se no risco da atividade. Postula o CDC in verbis:
 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como kpor informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
 
Desta feita, a responsabilidade objetiva do fornecedor, como se sabe, tem no seu fundamento a equidade, pois seu intuito é garantir a igualdade entre sujeitos de uma relação jurídica, cuja desigualdade é intrínseca, como é o caso da relação de consumo.
 
Saliente-se que, no caso presente, é cabível a inversão do ônus da prova, em virtude de estarem devidamente satisfeitos os requisitos para a sua ocorrência. A verossimilhança está comprovada através dos indícios apresentados nessa exordial e a hipossuficiência é evidente, tendo em vista que a Ré possui maiores condições técnicas de trazer aos autos elementos fundamentais para a resolução da lide. Nesse sentido disciplina o Código de Defesa do Consumidor ao preceituar:
 
Art. 6º. (...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação, ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias da experiência.
 
A mera exploração da atividade da prestação de serviços, seja ela qual for, traz em si o dever anexo de segurança e de bom trato aos consumidores, eis que a própria essência do serviço oferecido constitui risco.
 
Destarte, mais uma vez é importante salientar que não é necessário o consumidor demonstrar a culpa do fornecedor ao ser vítima da falha do serviço, muito embora as provas documentais acostadas, assim como o áudio do atendimento telefônico comprovem todo o exarado. Atribuir ao consumidor tal ônus seria desprezar o risco da atividade desenvolvida pela empresa, é dizer que o risco é do próprio consumidor que utiliza dos serviços, reconhecendo-se o Réu como vulnerável e não ao consumidor.
 
Por conseguinte, negar essa disposição seria incorrer contrariamente ao preceituado peço artigo 14 do CDC, bem como se insurgir contra o texto constitucional, desconsiderando a política pública disposta no artigo 5º, XXXII que determina a obrigação do Estado de defender o consumidor.
 
 
IV. 2 – DA REALIZAÇÃO DO TRATAMENTO CIRURGICO – DEVER DE COBERTURA
 
A condução feita pela Ré é totalmente ilegal. Sem qualquer dúvida, ofende às disposições contidas no Código de Defesa do Consumidor. As declarações médicas, juntadas com esta petição inicial, evidenciam que a CIRURGIA é imprescindível para tratamento clínico da Autora.
Ademais, é dever de a Ré fornecer tratamento condizente com a prescrição médica; isso é impostergável. Não cabe a essa rechaçar, unilateralmente, a condição clínica imputada à Autora, sobretudo quando enfaticamente embasada em laudos médicos de especialista em oncologia e neurocirurgia.
A autorização do tratamento ocorreu mesmo com pedido expresso efetuado no sistema da Ré dia 18/09; e a solicitação do material cirúrgico em 24/10, reiterado por e-mail no dia 29/10; com justificativa detalhada médica; permanecendo a silente a Ré, dificultando o acesso da Autora ao tratamento oncológico, e, inclusive, em casos onde o câncer já está se espalhado por outros órgãos, passível de atingir a medula óssea da consumidora.
Ocorre, porém, que os contratos de plano de saúde devem ser analisados também sob a ótica do Código de Defesa do Consumidor, razão por que os limites e condições de cobertura devem ser vistos com maior amplitude, mormente em se tratando de contrato de adesão, em que o consumidor normalmente não tem como discutir as cláusulas ali existentes.
Isso porque, a relação jurídica decorrente de contrato de plano de saúde submete-se às normas protetivas do Código de Defesa do Consumidor, pois configura relação de consumo.
Ademais, pouco importa a forma assumida pela empresa na prestação dos serviços de saúde aos seus clientes, pois o que se releva em contratos desta natureza é o perfeito enquadramento do cliente como consumidor (artigo 2º do CDC) e da operadora de plano de saúde como fornecedora de serviços (artigo 3º do CDC).
Tanto faz se os fornecedores dos serviços de cobertura médico-hospitalar são sociedades comerciais, cooperativas ou associações, importa, sim, o objeto que é oferecido, mediante remuneração, aos participantes e, que, na espécie dos autos, é comum a qualquer delas, daí porque protegidos os associados pela Lei 8.078/1990.
Nesse diapasão, deve-se sobrelevar os princípios basilares da sociedade política brasileira, insculpidos em sua magna carta de 1988, quais sejam: a dignidade da pessoa humana, a vida e a saúde, mesmo que em detrimento de eventuais direitos patrimoniais.
Desta forma, e havendo pedido médico expressando a gravidade do quadro de saúde do paciente, bem como, a necessidade de realização da CIRURGIA, não pode a empresa responsável pelo Plano de Saúde negar a autorização ou obstaculizar o referido tratamento, pois é ponto pacífico na jurisprudência que incumbe ao médico determinar o tratamento adequado a determinada doença.
Assim, se há manifestação expressa do médico que cuida do paciente quando a necessidade de realização do procedimento cirúrgico com adequado material, não é dada a empresa de Plano de Saúde a faculdade de, sob eventual argumento de não cobertura específica prescrito, deixar de fornecê-lo ao paciente, sendo que inúmeras decisões tem respaldado este direito dos pacientes com câncer:
“O plano de saúde pode estabelecer quais doenças são cobertas, mas não que tipo de tratamento está alcançado para a respectiva cura.”[vi]
“Ao contratar um plano de saúde, o segurado tem a expectativa de que será prontamente atendido, independentemente da espécie de procedimento sugerido pelo seu médico. Assim, qualquer obstáculo ao tratamento prescrito pelo médico do segurado viola a função social do contrato e o coloca em desvantagem perante o plano de saúde. O objetivo contratual da assistência médica comunica-se necessariamente, com a obrigação de restabelecer ou procurar restabelecer, através dos meios técnicos possíveis, a saúde do paciente. Se a patologia do autor está coberta pelo plano, a ré deve cobrir o tratamento indicado pelo seu médico, mesmo que seja mais oneroso à seguradora.”
E, no mesmo sentido é o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça acerca da matéria:
Seguro saúde. Cobertura. Câncer de pulmão. Tratamento com quimioterapia. Cláusula abusiva. O plano de saúde pode estabelecer quais doenças estão sendo cobertas, mas não que tipo de tratamento está alcançado para a respectiva cura. Se a patologia está coberta, no caso, o câncer, é inviável vedar a quimioterapia pelo simples fato de ser esta uma das alternativas possíveis para a cura da doença. A abusividade da cláusula reside exatamente nesse preciso aspecto, qual seja, não pode o paciente, em razão de cláusula limitativa, ser impedido de receber tratamento com o método mais moderno disponível no momento em que instalada a doença coberta. Recurso especial conhecido e provido.
Ainda, a recusa injustificada ou fora da razoabilidade das empresas de Plano de Saúde na autorização para tratamento e/ou realização de exames, constitui fato causador de danos morais para o paciente, considerando-se que estes fatos geralmente ocorrem quando o paciente se encontra numa situação de saúde extremamente difícil e com eventual risco de morte, como é o caso da Autora.
 
Desta forma, resta demonstrado que a recusa pela GEAP da autorização à paciente com câncer para realização do tratamento por CIRURGIA COM MATERIALCORRETO E ADEQUADO, quando o pedido for fundado em laudo médico demonstrando a urgência e necessidade, se mostram injustas e ilegais, podendo se buscar o direito do paciente na justiça, restando claro, porquanto, o direito da Autora.
IV. 3 – DA RESPONSABILIDADE CIVIL – DEVER DE INDENIZAR – DANOS MORAIS
A Ré, de outro contexto, deve ser condenada a reparar os danos sofridos pela Autora. A mesma está demasiadamente prejudicada, estando até a presente data, dia 01/11, sem receber qualquer medicação para tratamento da doença, AGUARDANDO PARA FAZER A CIRURGIA; tão somente auferindo os cuidados em relação aos sintomas provenientes do avanço drástico da doença. Ressalta-se que tal condição é atestada pelos exames incluídos nos autos, onde foi segmentado os principais documentos, consubstanciando a gravidade do Estado da Autora.
Em face da absurda negativa sob pretenso respaldo em ausência de preenchimento dos requisitos do plano e, NOVAMENTE, mesmo após todos os laudos atestarem a urgência em realizar o procedimento cirúrgico.
Impossível imaginar que alguém sofrendo com uma doença grave não se sinta moralmente abalado ao procurar uma clínica para realizar o único tratamento possível para sua doença por um ato de negligência contratual perpetrada pelo plano de saúde.
Portanto, a recusa em dar cobertura de tratamento de saúde para doenças não ressalvadas, transpassa o simples inadimplemento contratual e os meros dissabores da vida cotidiana, ensejando, ainda, a reparação pelos danos morais sofridos.
O direito da Autora tem arrimo e está amparado nos dispositivos legal abaixo-mencionados, sustentáculo desta ação. O Código Civil, através do artigo 186 que estabelece:
 
Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano.
 
Assim, a própria lei civil, estabelece a obrigação de indenizar como consequência jurídica pelo ato ilícito, (Artigos 1.518 a 1.533 do Código Civil). 
 
Com o advento da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a aceitação pela reparação do dano moral se consagrou, de forma irrestrita e abrangente, sendo alçado este direito à categoria de garantia fundamental, e considerada como cláusula pétrea, portanto, imutável, art. 5º, incisos V e X.
 
Mais adiante, a Lei Maior, no artigo acima referenciado demonstra a preocupação do legislador com o consumidor, ao declarar através do inciso XXXII –“ o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; “. Por seu turno, o Código de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/90, assegura, expressamente, a indenização por dano em seu artigo 6º, já transcrito acima.
 
Ademais, cuida o diploma legal acima especialmente da responsabilidade pelo fato do produto e do serviço, onde, através do art. 14, já anteriormente citado in verbis, consagra a responsabilidade objetiva, posto que onde estejam os bônus também deverão estar os ônus. Dessa maneira, a responsabilidade da Ré, independentemente de culpa, assenta-se no risco da atividade.
 
Neste sentido, também o Código Civil de 2002, em seu artigo 927, parágrafo único, estabelece que haverá a obrigação de indenizar, independente de culpa quando a atividade normalmente desenvolvida implicar por sua natureza em riscos para os direitos de outrem.
 
Por conseguinte, negar essa disposição seria incorrer contrariamente ao preceituado peço artigo 14 do CDC, bem como se insurgir contra o texto constitucional, desconsiderando a política pública disposta no artigo 5º, XXXII que determina a obrigação do Estado de defender o consumidor. Sendo, pois, tal entendimento ilegal e inconstitucional.
 
Em relação a dever de indenizar a doutrina do Mestre Pontes de Miranda, entende que:
 
(...) o homem que causa dano a outrem não prejudica somente a este, mas à ordem social; a reparação para o ofendido não adapta o culpado à vida social, nem lhe corrige o defeito de adaptação. O que faz é consolar o prejudicado, com a prestação do equivalente, ou, o que é mais preciso e exato, com a expectativa jurídica de reparação. (Manual do Código Civil, XVI, 3ª parte, Direito das Obrigações, "Das obrigações por atos ilícitos" p. 42).
 
Diante dos fatos expostos os três elementos componentes da etiologia da responsabilidade civil encontram-se aqui presentes:
	a ofensa a uma norma preexistente ou erro de conduta: envio de material incorreto para a cirurgia; omissão em enviar o material solicitado pelo médico cirurgião; mesmo diante de toda documentação médica atestando a necessidade de urgência em sua realização;
	um dano: a ausência do recebimento de tratamento para o tumor alojado em sua coluna cervical, extremamente grave, permanecendo sem receber o devido tratamento cirúrgico e lidando apenas com cuidados meramente paliativos aos efeitos decorrentes da falta de tratamento da doença;
	o nexo de causalidade relação direta entre a ação/omissão da Ré com os resultados danosos suportados pela Autora.
Sendo assim, a requerente requer a tutela jurisdicional como medida de inteira JUSTIÇA, haja vista os constantes e flagrantes abusos que a requerida vem praticando. 
A conduta da GEAP é negligente, denotando a sua atitude como DOLOSA; intencional, vez que tem profundo conhecimento do Estado de Saúde da Autora.
A negativa de cobertura para tratamento de câncer é prática abusiva, em caso de haver prescrição. O plano de saúde não pode definir o que é necessário ao paciente, em detrimento das decisões médicas. A negativa de cobertura para procedimento cirúrgico e fornecimento do material adequado deixa o paciente em uma situação de risco, causando estresse e desconforto emocional.
Logo, a indenização, além de servir para compensar a Autora dos transtornos causados pela humilhação que vem passando, fazendo com que fosse privado de sua vida digna, apresenta sem dúvida, um aspecto pedagógico, pois serve de advertência para que o causador do dano e seus congêneres venham a se abster de praticar os atos geradores desse dano.
 
Vale lembrar que a prova do dano moral é “in re ipsa”, ou seja, não precisa comprovar, pois nasce do próprio fato, configurando-se através da dor, sofrimento que retire a pessoa do seu bem estar, causando ao homem desgaste e ferindo a sua dignidade. Assim, o dever de reparar surge em razão de simples fato violador, capaz de mitigar a confiança do consumidor no serviço que lhe foi prestado, atingindo-lhe direitos consagrados pela norma abstrata. É essa a postura do excelso Superior Tribunal de Justiça:
 
INDENIZAÇÃO DE DIREITO COMUM. Dano moral. Prova. Juros moratórios. Súmula nº 54 da Corte. Não há que se falar em prova do dano moral, mas, sim, na prova do fato que gerou a dor, o sofrimento, sentimentos íntimos que o ensejam. Provado assim o fato, impõe-se a condenação, sob pena de violação ao art. 334 do Código de Processo Civil (RESP nº 86271/SP – Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito – j. 10.11.97)
 
Já em relação ao valor do dano moral, deve-se, primeiramente, atentar para a função social da reparação moral, que deve abranger três causas: a compensação de perda ou dano derivado de uma conduta; a imputabilidade desse prejuízo a quem, por direito, o causou; e a prevenção contra futuras perdas e danos.
 
Possui a indenização caráter punitivo-educativo-repressor, não apenas reparando o dano moral, repondo o patrimônio abalado, mas também atua de forma intimidativa para impedir perdas e danos futuros.
A Ré tem uma conduta lesiva e irresponsável. Merece a GEAP responder de forma mais gravosa, visto a atitude, a condenação base nos casos de negativa de tratamento médico; o agravante físico na saúde da Autora por obstaculizar o procedimento cirúrgico; e, pincipalmente, O RISCO DE MORTE CAUSADO.
 
Diante do exposto, é fácil concluir que a indenização por dano moral não deve ser adstrita à ideia de compensação à vítima pela ofensa impingida, devendo ser analisados por nossos pretores a extensão do dano, a situação patrimonial e a imagem do lesado, a situação patrimonial do ofensor e sua intenção,que, axiomaticamente no caso em comento é DOLOSA.
 
 
V – DOS PEDIDOS
 
Diante do exposto, a presente ação deve ser julgada totalmente procedente, determinando Vossa Excelência:
 
a) Seja concedido ao Autor o benefício da JUSTIÇA GRATUITA, uma vez que é pessoa pobre na acepção legal do termo, conforme contracheques acostados, não possuindo condições de arcar com as custas e despesas processuais sem prejuízo do sustento próprio e de sua família;
 
b) Seja dada a PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO PROCESSUAL, por ser a Autora pessoa idosa, com 63 anos de idade, assim como estar acometida por moléstia grave, nos termos do art. 1.048 do Código de Processo Civil, art. 71 do Estatuto do Idoso, nos termos da lei. 9.784/1999;
c) A ANTECIPAÇÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA para ordenar a Ré EM CARÁTER LIMINAR À AUTORIZAÇÃO PARA FORNECIMENTO DO MATERIAL CIRURGICO ADEQUADO, SOLICITADO PELO DR. RODRIGO MARMO DA COSTA E SOUZA, CRM 5975, BEM COMO SEJA DETERMINADA A REALIZAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS CIRURGICOS, DE FORMA IMEDIATA, determinando, outrossim, em caso de descumprimento desta obrigação de fazer, a imposição de multa diária arbitrada por V. Exª. Fixada em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), de conformidade com o que dispõe os arts. 497 e 537 do NCPC;
d) A CITAÇÃO da Ré na pessoa de seu representante legal, no endereço indicado no preâmbulo, para comparecer à audiência, a ser designada por esse digno Juízo, e, querendo, conteste a presente exordial no prazo legal, sob pena de revelia e de confissão quanto à matéria de fato;
e) A determinação da INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA em favor da Autora, consoante disposição do artigo 6°, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor, devendo as demandadas apresentarem em juízo documentação necessária para o deslinde do processo;
f ) A PROCEDÊNCIA da presente ação na efetivação da tutela provisória;
g) Julgue PROCEDENTE a presente ação, condenando a Ré ao pagamento de INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS no importe de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), em consonância ao dano causado à Autora, DIANTE DA GRAVIDADE DO DANO E A ATITUDE DA RÉ, sendo que o referido valor deverá ser devidamente atualizado e acrescido de juros legais desde o evento danoso até o efetivo pagamento;
g) A condenação da Ré ao pagamento das custas e honorários advocatícios no percentual de 20%.
 
Protesta em provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial, prova documental, PERICIAL, testemunhal e depoimento pessoal, sob as penas da lei.
 
Dá-se a causa o valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).
 
Nestes termos, pede deferimento.
 
João Pessoa/PB, 01 de novembro de 2019.
Deyse Elizia Lopes da Silva
OAB/PB nº 17.396
Rodrigo Lopes Duarte
OAB/PB 19.308
Robério Marques Duarte
OAB/PB 7.802
Ivison Sheldon Lopes Duarte
OAB/PB 14.293
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