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EMAIL IDENTIFICADOR DO TWITTER TELEFONE URL DO LINKEDIN CC PROFESSOR Marco Choy – P. da OAB CÓDIGO CIVIL PESSOA NATURAL ❖ Pessoa Natural / Física ❖ Pessoa Jurídica ❖ TGDC ❖ Obrigações ❖ Contratos ❖ Responsabilidade Civil O início da personalidade das pessoas naturais ou físicas inicia com os ART 2º ART. 2 DO CÓDIGO CIVIL - LEI 10406/02 Institui o Código Civil. Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. O que é nascimento com vida A personalidade jurídica garante o usufruto dos direitos no campo social. Entretanto, o início da personalidade abre um leque de debates surgidos a partir da própria redação do artigo do Código Civil, que na primeira parte adota a teoria natalista ("A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida”), já a segunda parte, uma teoria concepcionista (“mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”). A questão do início da vida acompanha os estudiosos do Direito, que tomam como base a ciência, sociologia e até teologia para a formulação e análises das teorias deste. 1.0 Etimologia do vocábulo nascituro http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 CC CÓDIGO CIVIL PROFISSÃO OU SETOR | LINK PARA OUTRAS PROPRIEDADES ONLINE: PORTFÓLIO/SITE/BLOG 2 O termo nascituro tem origem na palavra em latim nasciturus que significa aquele que não nasceu, mas há de nascer. Para a autora Maria Helena Diniz, nascituro é: “Aquele que há de nascer, cujos direitos a lei põe a salvo. Aquele que, estendo concebido, ainda não nasceu e que, na vida intra-uterina, tem personalidade jurídica formal, no que atina aos direitos de personalidade, passando a ter personalidade jurídica material, alcançando os direitos patrimoniais, que permaneciam em estado potencial, somente com o nascimento com vida.” (DINIZ 1998, p. 334.) Fica claro que o nascituro é o indivíduo, fruto da concepção humana, que ainda vive no ventre da mãe. Não podemos saber se este irá nascer com vida, é uma expectativa. Mesmo assim, o Direito Civil já lhe assiste. 2.0 O início da vida e o direito à personalidade O momento da morte do ser humano é definido pela parada do funcionamento do cérebro, ou seja, o conceito de morte cerebral. Pesquisadores questionam- se, então, sobre o início da vida, que poderia ser associado ao início da atividade cerebral. No entanto, o início da vida é ainda mais além e profundo do que isso. Em alguns países, fala-se do blastocisto, células no período entre o quarto e quinto dia após a fecundação, antes de ser implantado no útero. Porém ainda há divergências sobre o tema, se o blastocisto pode ou não ser considerado um ser humano. Já a Igreja Católica considera o momento em que ocorre a fecundação, o início da vida humana. Para o rabino presidente da Comissão de Bioética do Conselho Rabínico da América, o óvulo com fertilização in vitro não possui humanidade ainda. CC CÓDIGO CIVIL PROFISSÃO OU SETOR | LINK PARA OUTRAS PROPRIEDADES ONLINE: PORTFÓLIO/SITE/BLOG 3 O embrião no estágio inicial, para muitos, não é considerado um ser humano. De acordo com esse pensamento foi criado o termo pré-embrião. Os profissionais que são a favor de células embrionárias para tratamentos afirmam que o embrião ainda não se fixou no útero materno, portanto, não pode ser considerado vivo e este não conseguirá continuar seu desenvolvimento. Tal maneira, há quatro correntes sobre o início da vida humana: as que defendem que começa com a fertilização; as que afirmam que começa com a implantação do embrião no útero; as que dizem que dá-se ao início da atividade cerebral; as que dizem que é a partir do nascimento com vida. A questão do início da vida além de influenciar na conduta ética médica para a realização de tratamentos terapêuticos, também influencia na interpretação da legislação levantando a seguinte indagação: afinal, se todos os seres humanos têm direitos e devem estar sob proteção da lei, teria o embrião diretos? Seria o feto sujeito de direitos? É importante destacar que doutrinadores do direito penal usam a seguinte classificação após fertilização: ovo ou zigoto, até três semanas de gestação; embrião, de três semanas a três meses; feto, após três meses. 2.1 Fecundação O momento em que dá-se o início da vida no ventre materno, é chamado fecundação. Nascituro é o feto fecundado. De acordo com Amabis e Martho, “A fecundação ou fertilização é a fusão de um par de gametas, com formação do zigoto. Na espécie humana a fecundação ocorre no terço inicial do oviduto e, em geral, nas primeiras 24 horas após a ovulação, que é o processo de liberação do gameta feminino pelo ovário.” (AMABIS e MARTHO, 2004, p. 363). CC CÓDIGO CIVIL PROFISSÃO OU SETOR | LINK PARA OUTRAS PROPRIEDADES ONLINE: PORTFÓLIO/SITE/BLOG 4 Assim, do ponto de vista biológico, a vida se inicia da ocasião do encontro do óvulo com o espermatozoide, formando o ovo ou zigoto. 2.2 Teoria concepcionista A teoria concepcionista tem origem sob influência do Código Civil francês. Quando ocorre a fecundação, já se tem uma vida sendo formada. Embora o indivíduo ainda não tenha nascido, já existe vida no ventre materno. Partindo-se deste princípio, ao feto cabe todos os direitos do indivíduo que já nasceu, pois ele é vivo. No caso de países que adotam essa teoria no Código Civil, a lei protege o nascituro e reconhece nele, como um sujeito de direitos. Os concepicionistas afirmam o atributo de personalidade desde a concepção pela lei. Carlos Roberto Gonçalves afirma que “Para a Escola do Direito Natural, os direitos da personalidade são inatos e inerentes ao ser humano, independentemente do que prescreve o direito positivo.” (GONÇALVES, 2007, p. 81). Discordando do direito positivo, tal Escola afirma que no Direito Natural, a personalidade é devidamente do ser humano, nascendo com vida ou não, ou seja, também contempla o nascituro. Para os adeptos, citar o direito do nascituro é reconhecê-lo como pessoa, pois todo o titular de direitos é pessoa. A exemplo, o Código Civil argentino estabelece que “todos os entes suscetíveis de aquisição de direitos são pessoas”, sendo assim, o nascituro (ente humano) é considerado pessoa. A teoria firma-se no Código Civil que protege os direitos do nascituro desde a concepção. 2.3 Teoria natalista É a teoria mais aceita dentre os doutrinadores pelo fato de que alguns direitos só podem ser exercidos pelos que já existem. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 CC CÓDIGO CIVIL PROFISSÃO OU SETOR | LINK PARA OUTRAS PROPRIEDADES ONLINE: PORTFÓLIO/SITE/BLOG 5 Segundo esta teoria, o nascituro é apenas uma expectativa de vida, portanto seus direito também são apenas expectativas. É entendido que não é o feto uma vida independente da mãe e sim apenas parte do ventre da genitora. Desse modo atribui-se o início da personalidade ao nascimento com vida. No Brasil, os natalistas sustentam sua teoria de acordo com o Código Civilvigente, que explana os direitos do nascituro um a um, portanto, não é pessoa de direitos porque se o fosse, seus direitos seriam conferidos automaticamente como qualquer outra pessoa de direito. De acordo com Carlos Roberto Gonçalves, o nascimento com vida não é um requisito para a obtenção do direito a personalidade, porém, alguns direitos apenas podem ser exercidos por quem já existem fisicamente na ordem civil. “A personalidade do nascituronão é condicional; apenas certos efeitos de certos direitos dependem do nascimento com vida, notadamente os direitos patrimoniais materiais, como a doação e a herança. Nesses casos, o nascimento com vida é elemento do negócio jurídico que diz respeito à sua eficácia total, aperfeiçoando-a.” (GONÇALVES, 2007, p. 81). 3.0 O nascer, ou não, com vida A docimasia, perícia médico-legal, verifica se a criança veio ao mundo com vida ou não (natimorto). Em caso de morte, averigua as condições em que se deu o fato. Se chegou a ter sua primeira troca gasosa, isto é, se chegou a respirar, a criança nasceu viva e tempo depois veio a falecer. Tal exame é realizado por médicos, com capacidade e perícia para tanto. Os procedimentos são: avaliação pulmonar visual, que analisa características como cor, consistência, intra viatam ou post mortem, entre outros aspectos do http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 CC CÓDIGO CIVIL PROFISSÃO OU SETOR | LINK PARA OUTRAS PROPRIEDADES ONLINE: PORTFÓLIO/SITE/BLOG 6 pulmão; a hidrostática, que consiste, basicamente, em imergir o parênquima pulmonar num meio aquoso para a constatação se se houve o recebimento de ar externo pelos pulmões; radiológica, que verifica se houve dilatação do órgão devido o recebimento de ar e a existência de bolsa de ar no estômago e existência de gases intestinais; a histológica, com uma análise microscópica confirma as lesões intra vitam e post mortem; eventuais que examinam se há corpos estranhos nas vias respiratórias ou tubo digestivo. De acordo com a legislação brasileira, se a criança nascer com vida (independente de anomalias, deformidades ou tempo em que permaneceu viva), esta recebe direito a personalidade, adquirindo e transferindo direitos. Se a criança nascer morta (natimorto), esta não chega a obter personalidade, não recebendo e nem transmitindo direitos. A constatação de nascer ou não com vida é determinante para muitos casos, como por exemplo, uma partilha de bens. Supomos um indivíduo que morreu e tenha deixado grávida sua esposa. Se a criança nascer morta, o patrimônio passará a seus herdeiros (podendo ser os pais, se ainda os houver), porém, se a criança nascer viva e pouco tempo depois venha a falecer, o patrimônio de seu pai passará à criança e dela aos seus herdeiros, que no caso é a mãe. Apenas um laudo médico e no primeiro caso, os bens passar-se-ão aos pais, ou aos irmãos e no segundo caso, para a criança e, devido a morte desta, para a mãe. A todo modo, para que se constate nascimento com vida é necessário dar sinais inequívocos de vida, vagidos. Se houver, nem que seja um movimento cardiorrespiratório, já é considerado que a criança nasceu com vida. 3.1 Caso de anencefalia CC CÓDIGO CIVIL PROFISSÃO OU SETOR | LINK PARA OUTRAS PROPRIEDADES ONLINE: PORTFÓLIO/SITE/BLOG 7 Ora, se atualmente o conceito de nascer com vida é que haja uma respiração e o conceito de término da vida é o fim da atividade cerebral, como a lei e a medicina se posicionam em relação ao caso da anencefalia? Não existe cura ou tratamento para a anencefalia e o prognóstico é de morte. A maioria não sobrevive por muito tempo, muitos nem ao nascimento. Em vários países, a interrupção da gravidez de anencefálicos, chamada de aborto terapêutico, foi permitida. No Brasil, no dia 1 de julho de 2004, o Ministro Relator Marco Aurélio, decidiu com efeito vinculante que todas as gestantes cujo feto é anencefálico, têm o direito a interromper a gravidez. A OAB e o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana apoiaram o Ministro em sua decisão. Segundo grupos contrários a manutenção da vida de anencefálicos, a interrupção da gravidez, nesse caso, seria diferente do abortamento, pois interromperá o desenvolvimento do feto que, de qualquer modo, morreria durante o processo ou durante o parto. Campara-se a interrupção dessa gravidez com o caso de tirar a vida de uma pessoa em estado terminal. Porém, ainda há os que contestam alegando que toda vida tem valor, deve receber amparo legal independentemente de seu tempo de duração. 4.0 Direito Comparado No direito comparado encontramos várias teorias sobre o nascituro e seus respectivos direitos. Na Espanha, exige-se que o recém nascido tenha forma humana e tenha vivido pelo menos 24 horas para que se possa adquirir personalidade. CC CÓDIGO CIVIL PROFISSÃO OU SETOR | LINK PARA OUTRAS PROPRIEDADES ONLINE: PORTFÓLIO/SITE/BLOG 8 Nos códigos argentino e húngaro, o direito à personalidade é dado desde o momento da concepção (teoria concepcionista). Os códigos suíço e italiano são do mesmo modo do brasileiro, afirmando que o direito à personalidade é dado a partir do nascimento com vida, não importando se segundos depois venha a falecer. 5.0 Conclusão Por mais que a medicina tenha avançado muito ao longo dos séculos, algumas dúvidas ainda se mantêm na cabeça do ser humano, como por exemplo, o início da vida. Várias correntes surgiram para tentar explicar o que seria o nascer com vida, em que momento esta se inicia. À partir da teoria adotada pelo Brasil, baseia-se a nossa Constituição para garantir e preservar o direito de todos, inclusive do nascituro. De acordo com Art 2º/CC"A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro". Ainda não existe uma certeza de quando começa a existir uma vida, quando passa a existir um ser humano de fato, porém, o Código Civil deixa claro na primeira parte do Art 2º que todos os nascidos com vida, de acordo com a teoria aceita no Brasil, têm o direito à personalidade e quanto o nascituro, reserva-se seus direitos na segunda parte do artigo que não lhe confere direito à personalidade, mas garante outros direitos que o proteja. • DOCIMASIA HIDROSTÁTICA DE GALENO - exame médico legal «onde um pequeno pedaço do pulmão é retirado e colocado em uma solução hidrostática, se o pedaço flutuar é porque houve respiração, e a http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731219/artigo-2-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 CC CÓDIGO CIVIL PROFISSÃO OU SETOR | LINK PARA OUTRAS PROPRIEDADES ONLINE: PORTFÓLIO/SITE/BLOG 9 criança nasceu com vida, ao contrário, se afunda, é porque não houve respiração, e a criança nasceu sem vida A palavra docimasia tem origem no grego dokimasia e no francês docimasie (experiência, prova). Trata-se de medida pericial, de caráter médico-legal, aplicada com a finalidade de verificar se uma criança nasce viva ou morta e, portanto, se chega a respirar. Após a respiração o feto tem os pulmões cheios de ar e quando colocados numa vasilhame com água, flutuam; não acontecendo o mesmo com os pulmões que não respiram. Se afundarem, é porque não houve respiração; se não afundarem é porque houve respiração e, conseqüentemente, vida. Daí, a denominação docimasia pulmonar hidrostática de Galeno. No âmbito jurídico a docimasia é relevante porque contribui para a determinação do momento da morte, pois se a pessoa vem à luz viva ou morta, as conseqüências jurídicas serão diferentes em cada caso. Exemplos: Quando um homem, ao morrer, deixa a mulher grávida e a criança vêm à luz morta, o patrimônio do de cujus transmitir-se-á aos herdeiros deste, que poderão ser seus genitores. Se, por outro lado, a criança nascer viva e morrer imediatamente após o nascimento, o patrimônio do pai passará aos seus herdeiros, no caso, a mãe da criança. NATIMORTO - É a designaçãodada ao feto que morre ainda dentro do ventre da mãe ou durante o parto. Note-se que não é considerado natimorto o feto que falece logo após o nascimento com vida, pois, neste caso, será obrigatória a lavratura de dois assentos, o de nascimento e o de óbito, devendo constar prenome e apelidos familiares, o que não ocorre com o natimorto. Fundamentação: Lei nº 6.015/73 Personalidade Condicional - a Teoria da Personalidade condicional, a personalidade se inicia com a concepção se houver nascimento com vida; o nascimento com vida é uma condição suspensiva, contudo, alguns direitos já estão assegurados desde a concepção, como por exemplo, o direito de nascer. CC CÓDIGO CIVIL PROFISSÃO OU SETOR | LINK PARA OUTRAS PROPRIEDADES ONLINE: PORTFÓLIO/SITE/BLOG 10 Pode se pensar que se ver a personalidade como a capacidade, que existe, mas somente se o feto chegara a nascer, uma personalidade existente masque que se completa (Produz efeitos) com a condição de se nascer com vida. CC - LEI Nº 10.406 DE 10 DE JANEIRO DE 2002 Institui o Código Civil. Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) III - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) Foi sancionada, no dia 6 de julho de 2015, a Lei 13.146/2015, que institui o Estatuto da Pessoa com Deficiência. A norma foi publicada no dia 7 de julho e entra em vigor 180 dias após sua publicação, ao final do mês de dezembro de 2015. Entre vários comandos que representam notável avanço para a proteção da dignidade da pessoa com deficiência, a nova legislação altera e revoga alguns artigos do Código Civil (arts. 114 a 116), trazendo grandes mudanças estruturais e funcionais na antiga teoria das incapacidades, o que repercute diretamente para institutos do Direito de Família, como o casamento, a interdição e a curatela. Interessante observar que a norma também alterou alguns artigos do Código Civil que foram revogados expressamente pelo Novo CPC (art. 1.072). Nessa realidade, salvo uma nova iniciativa legislativa, as alterações terão aplicação por curto intervalo de tempo, nos anos de 2015 e 2016, entre o período da sua entrada em vigor e o início de vigência do Código de Processo Civil (a partir de março do próximo ano). Isso parece não ter sido observado pelas autoridades competentes, quando da sua elaboração e promulgação, havendo um verdadeiro atropelamento legislativo. Partindo para a análise do texto legal, foram revogados todos os incisos do art. 3º do Código Civil, que tinha a seguinte redação: “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I – os menores de dezesseis anos; II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade”. Também foi alterado o caput do comando, passando a estabelecer que “são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 anos”. https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91577/cc-lei-n-10-406-de-10-de-janeiro-de-2002#art-1798 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/205855325/lei-13146-15 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731186/artigo-3-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 CC CÓDIGO CIVIL PROFISSÃO OU SETOR | LINK PARA OUTRAS PROPRIEDADES ONLINE: PORTFÓLIO/SITE/BLOG 11 Em suma, não existe mais, no sistema privado brasileiro, pessoa absolutamente incapaz que seja maior de idade. Como consequência, não há que se falar mais em ação de interdição absoluta no nosso sistema civil, pois os menores não são interditados. Todas as pessoas com deficiência, das quais tratava o comando anterior, passam a ser, em regra, plenamente capazes para o Direito Civil, o que visa a sua plena inclusão social, em prol de sua dignidade. Merece destaque, para demonstrar tal afirmação, o art. 6º da Lei 13.146/2015, segundo o qual a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: a) casar-se e constituir união estável; b) exercer direitos sexuais e reprodutivos; c) exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; d) conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; e) exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e f) exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Em suma, no plano familiar há uma expressa inclusão plena das pessoas com deficiência. Eventualmente, e em casos excepcionais, tais pessoas podem ser tidas como relativamente incapazes em algum enquadramento do novo art. 4º do Código Civil. Cite-se, a título de exemplo, a situação de um deficiente que seja viciado em tóxicos, podendo ser tido como incapaz como qualquer outro sujeito. Esse último dispositivo também foi modificado de forma considerável pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência. O seu inciso II não faz mais referência às pessoas com discernimento reduzido, que não são mais consideradas relativamente incapazes, como antes estava regulamentado. Apenas foram mantidas no diploma as menções aos ébrios habituais (entendidos como os alcoólatras) e aos viciados em tóxicos, que continuam dependendo de um processo de interdição relativa, com sentença judicial, para que sua incapacidade seja reconhecida. Também foi alterado o inciso III do art. 4º do CC/2002, sem mencionar mais os excepcionais sem desenvolvimento completo. O inciso anterior tinha incidência para o portador de síndrome de Down, não considerado mais um incapaz. A nova redação dessa norma passa a enunciar as pessoas que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir vontade, o que antes estava previsto no inciso III do art. 3º como situação típica de incapacidade absoluta. Agora a hipótese é de incapacidade relativa. Verificadas as alterações, parece-nos que o sistema de incapacidades deixou de ter um modelo rígido, passando a ser mais maleável, pensado a partir das circunstâncias do caso concreto e em prol da inclusão das pessoas com deficiência, tutelando a sua dignidade e a sua interação social. Isso já tinha ocorrido na comparação das redações do Código Civil de 2002 e do seu antecessor. Como é notório, a codificação material de 1916 mencionava os http://www.jusbrasil.com.br/topicos/49550023/artigo-6-da-lei-n-13146-de-06-de-julho-de-2015 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/205855325/lei-13146-15 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731052/artigo-4-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10730954/inciso-iii-do-artigo-4-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731052/artigo-4-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 CC CÓDIGO CIVIL PROFISSÃO OU SETOR | LINK PARA OUTRAS PROPRIEDADES ONLINE: PORTFÓLIO/SITE/BLOG 12 surdos-mudos que não pudessem se expressar como absolutamente incapazes (art. 5º, III, do CC/1916). A norma então em vigor, antes das recentes alterações ora comentadas, tratava das pessoas que, por causa transitória ou definitiva, não pudessem exprimir sua vontade, agora tidas como relativamente incapazes, reafirme-se. Todavia, pode ser feita uma crítica inicial em relação à mudança do sistema. Ela foi pensada para a inclusão das pessoas com deficiência, o que é um justo motivo, sem dúvidas. Porém, acabou por desconsiderar muitas outras situações concretas, como a dos psicopatas, que não serão mais enquadrados como absolutamente incapazes no sistema civil. Será necessário um grande esforço doutrinário e jurisprudencial para conseguir situá-los no inciso III do art. 4º do Código Civil, tratando-os como relativamente incapazes. Não sendo isso possível, os psicopatas serão considerados plenamente capazes para o Direito Civil. Em matéria de casamento também podem ser notadas alterações importantes engendradas pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência. De início, o art. 1.518do Código Civil teve sua redação modificada, passando a prever que, até a celebração do casamento, podem os pais ou tutores revogar a autorização para o matrimônio. Não há mais menção aos curadores, pois não se decreta mais a nulidade do casamento das pessoas que estavam mencionadas no antigo art. 1.548, inciso I, ora revogado. Enunciava o último diploma que seria nulo o casamento do enfermo mental, sem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil, o que equivalia ao antigo art. 3º, inciso II, do Código Civil, que também foi revogado, como visto. Desse modo, perdeu sustentáculo legal a possibilidade de se decretar a nulidade do casamento em situação tal. Em resumo, o casamento do enfermo mental, sem discernimento, passa a ser válido. Filia-se totalmente à alteração, pois o sistema anterior presumia que o casamento seria ruim para o então incapaz, vedando-o com a mais dura das invalidades. Em verdade, muito ao contrário, o casamento é via de regra salutar à pessoa que apresente alguma deficiência, visando a sua plena inclusão social. Seguindo no estudo das modificações do sistema de incapacidades, o art. 1.550 do Código Civil, que trata da nulidade relativa do casamento, ganhou um novo parágrafo, preceituando que a pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbil poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador (§ 2º). Trata-se de um complemento ao inciso IV da norma, que prevê a anulação do casamento do incapaz de consentir e de manifestar de forma inequívoca a sua vontade. Advirta-se, contudo, que este último diploma somente gerará a anulação do casamento dos ébrios habituais, dos viciados em tóxicos e das pessoas que, por causa transitória ou definitiva, não puderem exprimir sua vontade, na linha das novas redações dos incisos II e III do art. 4º da codificação material. Como decorrência natural da possibilidade de a pessoa com deficiência mental ou intelectual se casar, foram alterados dois incisos do art. 1.557, dispositivo que consagra as hipóteses de anulação do casamento por erro essencial quanto à pessoa. O seu inciso III passou a ter uma ressalva, eis que é anulável o http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11495186/artigo-5-da-lei-n-3071-de-01-de-janeiro-de-1916 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11495039/inciso-iii-do-artigo-5-da-lei-n-3071-de-01-de-janeiro-de-1916 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103251/c%C3%B3digo-civil-de-1916-lei-3071-16 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10730954/inciso-iii-do-artigo-4-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731052/artigo-4-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10631552/artigo-1518-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731186/artigo-3-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731122/inciso-ii-do-artigo-3-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10628172/artigo-1550-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 CC CÓDIGO CIVIL PROFISSÃO OU SETOR | LINK PARA OUTRAS PROPRIEDADES ONLINE: PORTFÓLIO/SITE/BLOG 13 casamento por erro no caso de ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência (destacamos a inovação). Em continuidade, foi revogado o antigo inciso IV do art. 1.557 do CC/2002que possibilitava a anulação do casamento em caso de desconhecimento de doença mental grave, o que era tido como ato distante da solidariedade (“a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado”). Essas foram as modificações percebidas na teoria das incapacidades, que foi revolucionada, e em sede de casamento. No nosso próximo artigo, a ser publicado neste canal, demonstraremos as alterações geradas pela Lei 13.146/2015 quanto à interdição e à curatela e os atropelamentos legislativos frente ao Novo CPC. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10627274/inciso-iv-do-artigo-1557-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10627437/artigo-1557-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/205855325/lei-13146-15 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 CC CÓDIGO CIVIL PROFISSÃO OU SETOR | LINK PARA OUTRAS PROPRIEDADES ONLINE: PORTFÓLIO/SITE/BLOG 14 Nulidade – Qual a diferença entre NULIDADE e ANULABILIDADE em Direito Civil? São várias as diferenças: 1º- Nulidade de um negócio jurídico está no artigo 166. Refere-se à simulação, CC CÓDIGO CIVIL PROFISSÃO OU SETOR | LINK PARA OUTRAS PROPRIEDADES ONLINE: PORTFÓLIO/SITE/BLOG 15 que é um vício social, e à falta dos elementos essenciais do negócio jurídico ( art. 104, CC). Já anulabilidade, art. 171, se refere aos vícios de consentimento e a incapacidade relativa do agente. 2º- Observa-se que, por dizer respeitos aos próprios elementos constitutivo, essenciais do negócio jurídico, a nulidade não é suscetível de ratific ação. Já o negócio jurídico anulável, poderá ser ratificado, sem problemas, por ser menos grave que o primeiro. 3º- Nulidade, por envolver um interesse público, poderá ser decretada inclusive, de ofício pelo juiz, o que não ocorre nos casos de anulabilida de, que envolve um interesse particular. 4°- A sentença que decreta a nulidade é ex tunc , isto é retroage desde que o ato foi realizado, desconstituindo-o, revogando os seus efeitos e, assim sendo, o ato não produziu efeito. Já no caso da sentença que decreta a anulabilidade o efeito é ex nunc, isto é, o negócio jurídico produziu sim os efeitos, mas a partir do momento que adveio a sentença de nulidade relativa, o negócio jurídico foi anulado dali para adiante e parou de produzir os efeitos a partir desse momento.5°- Contra ato anulável, ocorre a prescrição. Por outro lado, há alguns julgados, em que fala que o ato nulo, por atingir um interesse público, não se prescreve, CC - LEI Nº 10.406 DE 10 DE JANEIRO DE 2002 Institui o Código Civil. Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) Cessação de Incapacade pelo emancipação ❖ Concessão dos Pais ( intrumento Publico ) ❖ Setença Judicial: Tutela ( Responsabilidade pelo Menor ) https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91577/cc-lei-n-10-406-de-10-de-janeiro-de-2002#art-4 CC CÓDIGO CIVIL PROFISSÃO OU SETOR | LINK PARA OUTRAS PROPRIEDADES ONLINE: PORTFÓLIO/SITE/BLOG 16 ❖ Casamento ( Amancipa ) ❖ Exercicio de cargo / Emprego / Publico ( Gera Amancipação) ❖ Colação de Grau – Curso Superior ( Amancipa ) ❖ Estabelecimento civil / Empresárial / Emprego : Economia Propria ( Gera Amancipação) ❖ Fim da vida (Morte) – Art 6º CC - LEI Nº 10.406 DE 10 DE JANEIRO DE 2002 Institui o Código Civil. Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91577/cc-lei-n-10-406-de-10-de-janeiro-de-2002#art-6 https://www.passeidireto.com/arquivo/5698667/a-diferenca-entre-nulidade-e-anulabilidade-em-direito-civil https://www.passeidireto.com/arquivo/5698667/a-diferenca-entre-nulidade-e-anulabilidade-em-direito-civil https://www.passeidireto.com/arquivo/5698667/a-diferenca-entre-nulidade-e-anulabilidade-em-direito-civil https://www.passeidireto.com/arquivo/5698667/a-diferenca-entre-nulidade-e-anulabilidade-em-direito-civil https://www.passeidireto.com/arquivo/5698667/a-diferenca-entre-nulidade-e-anulabilidade-em-direito-civil https://www.passeidireto.com/arquivo/5698667/a-diferenca-entre-nulidade-e-anulabilidade-em-direito-civil