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LU CAPÍTULO 4 ^ ffiw v m lw L <lv <yviaQ/m: u / m rix> fiÃÃM QL ju > r « Ja jl Dizemos que “os dois se tornam um”. Tudo bem, mas o perigo é que, na verdade, seis pessoas estejam casando-se e que eventualmente a casa fique um tanto lotada. Afi nal, são os pais dos noivos e seus dois filhos, crianças do passado. David Seamands, Putting Aiutiy Childish Things 'sv__^ /o i a viagem mais longa que fiz sem dormir. Em 1973, 13 jovens ainda no ensino médio e quatro líderes (eu era um deles) alugamos um trailer e uma picape e dirigimos sem escalas de Chicago, em Illinois, a Denver, no Colorado. Então, embarcamos em um ônibus escolar e dirigimos direto até Ouray, em Utah, de onde partimos para um rafting pelas águas revoltas do rio Green.13 A viagem atravessando o país - fui eu quem mais dirigiu - levou 26 horas, de modo que ficamos completa mente exaustos. Um pouco antes de embarcarmos em um dos maiores bo tes de borracha que jamais vimos na vida, o guia nos advertiu sobre os riscos da viagem que íamos começar a fazer. “Desliga dos” seria a palavra que melhor poderia descrever seus ouvintes, que estavam ainda ofegantes e exaustos por causa da fadiga da viagem. Ele nos falou da força da correnteza na cabeceira do rio e nos trechos mais abaixo. O guia disse que em alguns momen tos alguns de nós daríamos “mergulhos sem querer”. E então explicou o que fazer e o que não fazer quando isso acontecesse. “Mantenha suas pernas para cima,” ele ensinou. “Se vocês ficarem com elas para baixo, seus pés podem ficar presos nas pedras, o que costuma ser fatal.” Sua objetividade fez alguns de nós levantarmos as pálpebras. E então disse o seguinte: “O rio por si só já parece perigoso. Mas o perigo que a gente pode ver nem se compara com o que acontece embaixo d’água — sob a superfície”. 59 O que todo noivo precisa saber Nos quatro dias seguintes, os conselhos do guia se com provaram. Muitos de nós deram “mergulhos sem querer”. Os maiores — em geral jogadores de futebol americano e lutadores — que pensaram que o guia estava exagerando no que dizia sobre a correnteza descobriram que as advertências eram reais. O momento mais memorável foi num final de tarde, quando nosso bote foi direto a um “buraco” em que a água es pumava em fúria. Naquela hora, Bill Jackson, talvez o cara mais atlético da excursão, pulou que nem um míssil guiado — da popa do bote, ele voou e caiu a uns cinco metros atrás da gente, espirrando muita água. Durante os cinco minutos de violência aquática que se seguiram, agarramos as cordas nos abaixamos, tentando evitar o mesmo destino. Jax manteve as pernas para cima e conseguiu ficar junto a nós, parecendo mais uma rolha do que um garoto. À noite, brincamos muito a respeito do as sunto, mas quando aconteceu de verdade ninguém conseguiu rir. Ainda bem que todos nós conseguimos chegar ao fim daquela aventura. Alguns levaram para casa hematomas e arra nhões, mas podemos dizer que a missão foi cumprida. Casamentos atuais O casamento é como descer as corredeiras de um rio encachoei- rado num bote. A cada curva do rio, enfrentamos uma aventura diferente. Mas as lembranças que trazemos para o nosso casa mento da família em que crescemos atuam como as poderosas correntezas sob a superfície. Em alguns momentos, aproveita mos as corredeiras que nos impulsionam rio abaixo. Mas, outras vezes, as correntezas nos puxam por baixo para áreas perigosas e 60 Família de origem: um rio passa por ela destrutivas — especialmente quando nos engolem como ondas traiçoeiras. Quando Bobbie e eu nos casamos, nossa vida foi tomada por pontos de vista diferentes ligados a como a família dela fazia as coisas em comparação com a minha. Certa noite, depois do jantar, Bobbie perguntou se eu queria uma taça de sorvete. “Claro”, respondi, “será ótimo”. Pouco depois, ela me trouxe uma travessa com sorvete. Quando digo uma travessa, quero dizer uma TRAVESSA, e das grandes. “Isso dá para uma família de seis pessoas,” disse eu brincando, sem perceber que estava sendo desrespeitoso e arrogante. Bobbie não gostou nem um pouquinho do meu co mentário. Cresci em uma família na qual a frugalidade e a sim plicidade eram a norma. Mesmo sendo a quarta geraçáo de americanos de origem alemã, um povo sério e sensível, o gosto por tudo “alinhadinho” e a implicância com aqueles que correm nos locais inadequados estava gravada nos meus cromossomos. Quando minha mãe nos dava sorvete, era numa tacinha. Se nós tivéssemos nos comportado muito bem, e o papai estivesse via jando, quem sabe ganharíamos uma tacinha e meia. Já a família de Bobbie, por outro lado, não fazia menor ideia a respeito desse tipo de restrição. Assim, para Bobbie, uma TRAVESSA de sorvete era algo absolutamente normal. E eis que surge a palavra mais importante deste capítulo: Normal. O normal para Bobbie não era uma tacinha. Uma travessa de sorvete era simplesmente uma travessa de sorvete. Aquilo era normal. Já o normal para mim era outra coisa. E eu trouxe muito da minha cultura familiar para o nosso casamento. 61 0 que todo noivo precisa saber Meu pai não prestava muita atenção à vizinhança. Não que ele fosse rude ou desagradável em relação a eles. A questão é que papai não se dava ao trabalho de falar com aquelas pessoas ou de preocupar-se em conhecê-las. Participar de festas com os vizinhos devia ocupar uma posição inferior a gargarejar com gasolina na sua lista de atividades preferidas. Para mim, o nor mal era o comportamento do meu pai, comprometido a passar o maior tempo possível com sua família, e dedicando aos vizi nhos nada mais que um alô ao encontrar casualmente com eles ao ir e vir — nada mais que isso. Da primeira vez que visitei a casa de Bobbie, na Virgí nia, ela estava na cozinha, dando os toques finais em um lindo bolo de aniversário. Embora ainda fosse um momento inicial do nosso relacionamento, já éramos namorados — o que já era alguma coisa, por assim dizer. “Para quem é?”, perguntei. “General Illig”, ela respondeu alegremente. “Quem é o General Illig?”, perguntei, tentando não pare cer ciumento. “Ele é o nosso vizinho de porta”, disse. Lembro que fiquei totalmente chocado. Não sabia se ele era um cara legal, mas não entendia por que gastar um bolo daqueles com um vizinho? Para mim, normal seria nem sequer saber a data do ani versário de um vizinho. Além disso, o normal para mim nem incluiria a compra de um cartão de aniversário. E certamente eu jamais compraria um bolo de aniversário para ele - e fazer um, nem pensar! O que era normal para Bobbie me parecia uma completa perda de tempo e energia. Um bom vizinho, para mim, é uma pessoa que não é meu irmão, que cuida da pintura da sua casa, que mantém a grama aparada e que remove ao máximo as ervas daninhas. 62 Família de origem: um rio passa por ela Mas, aí vai uma coisa muito importante a respeito dessa questão da “normalidade”. A maior parte dos conceitos de normal que trazemos para o nosso casamento não tem uma carga moral — ou seja, não são nem bons nem maus, nem certos nem errados. Eles são simplesmente as coisas com que nos acostumamos ao crescermos — não questionamos essas coisas porque elas eram tudo o que conhecíamos do mundo. Podemos apostar com segurança que a maioria do que acha mos que é normal é diferente do que nossas esposas chamam de normal. Alguém disse uma vez que todos nós entramos no casa mento com os nossos “dez mandamentos” sobre o que é normal. Mas a única vez em que esses mandamentos aparecem é quando o nosso cônjuge viola um deles. Antes disso, eles permanecem no nível do nosso subconsciente. As nossas duas filhas e seus respectivos noivos foram alunas de Mark e Susan no aconselhamento pré-nupcial. Julie e Missy nos disseram que,sem dúvida, o exercício de aconselhamento pré-nupcial mais produtivo (e mais per turbador) pelo qual passaram abordava essa questão da normalidade. Utilizando um genograma — um tipo especial de árvore genealógica que começa nos avós de alguém — Mark e Susan conseguem rastrear informações que lhe permitem estabelecer padrões de normalidade. Eles fazem perguntas do tipo: “O que uma criança crescendo nesse sistema aprenderia sobre como deve ser um marido normal? Uma esposa normal? Como deve ser um casamento normal? Um conflito normal? Uma vida espiritual normal?”. 63 O que todo noivo precisa saber Criando seu próprio genograma Para criar seu próprio genograma, você e sua noiva podem começar desenhando, cada um, sua árvore genealógica, que de verá ter mais ou menos a seguinte aparência: Mãe da Mãe do minha Quando Mark e Susan completam seu trabalho sobre o genograma com um casal, eles pedem à noiva ou ao noivo uma breve descrição de cada pessoa em seu próprio genograma. Essas descrições pode variar muito entre comentários muito específicos — “presidente da IBM”, “dona de casa” ou “tempo de serviço” — para palavras gerais como “educador”, “estrito” ou “um néscio”. Quando os casais compartilham essas infor mações, Mark pede que digam a primeira coisa que lhes vêm à mente, e não para pensar muito antes de responder. As respos tas rápidas e imediatas são as que garantem as melhores dicas sobre o senso de normalidade de cada um. 64 Família de origem: um rio passa por ela Depois de que essas notas descritivas são obtidas, Mark pede mais informações sobre pais e avós — sempre fazendo as seguintes perguntas: O que você sabe sobre o casamento deles? Como eles lidavam com conflitos? Como era a sua vida espiritual? Mark e Susan também perguntam aos noivos se há gran des modelos de casamento na sua família. Em seguida, eles tentam levantar informações sobre tensão entre os membros de cada uma das famílias. Com base nessas informações, Mark redige um “Relatório de Normalidade”, que fornece aos noi vos um retrato do que uma pessoa típica crescendo em sua família entenderia como normal. Esse relatório responde a cinco perguntas: 1 2 3 4 5 1. O que uma pessoa que crescesse nesse sistema familiar entenderia como um marido normal? 2. O que uma pessoa que crescesse nesse sistema familiar entenderia como uma esposa normal? 3. O que uma pessoa que crescesse nesse sistema familiar entenderia como um casamento normal? 4. O que uma pessoa que crescesse nesse sistema familiar entenderia como uma maneira normal de lidar com conflitos? 5. O que uma pessoa que crescesse nesse sistema familiar entenderia como uma vida espiritual normal para um casal? 65 O que todo noivo precisa saber Quando Mark e Susan conversam com os casais sobre as respostas dadas às perguntas que fizeram, o resultado é surpre endente. A grande maioria de casais entende bem o mecanismo do genograma. Eles saem da reunião com os olhos bem abertos, compreendendo que precisam começar o casamento prepara dos para fazer mais do que somente “o feijão com arroz do dia a dia”. E prestem atenção a isto: embora se possa conseguir mais informações com a análise de um genograma e a ajuda de con selheiros especializados, podemos fazer descobertas incríveis, identificando os nossos próprios padrões de normalidade, e usando o mesmo processo em relação a si mesmo. "Dez mandamentos" de padrão de normalidade Depois de criar seu genograma, pode ser útil preparar uma lista de “dez mandamentos”. Para ajudá-lo a começar, eis uma lista de “mandamentos” que observamos. Quantos você identifica como normais? 1 2 3 4 5 6 7 1. Mulheres casadas só trabalham até ter o primeiro filho. A partir daí passam a ficar em casa. 2. A alegria da manhã de natal é dormir até tarde. 3. Sexo é um assunto que não deve ser discutido. 4. A alegria da manhã de natal é acordar cedo e vestir-se formalmente para tomar um café da manhã especial com a família. 5. Duas pessoas que se amam de verdade não devem jamais discutir. 6. Nenhum lar não está completo sem um gato. 7. A infantilidade não deve ter espaço. 66 Família de origem: um rio passa por ela 8. Os homens sempre dirigem. 9. Duas pessoas que se amam sempre discutem. 10. Os maridos sempre planejam as férias. 11. O limite são dois filhos. 12. Chegar atrasado é legal. 13- Homens não precisam se envolver em discussões apro fundadas. Isso não é algo natural. 14. Chegar na hora é fundamental. 15- Os homens sempre tomam a inciativa no sexo. 16. Mulheres cujos pais não conversam de maneira aprofun dada têm a liberdade de dizer isso a seus amigos. 17. A vida é algo agradável. 18. A quantidade de filhos que um casal tem é da vontade de Deus. 19- Armários de cozinha com portas são um contrassenso; é por isso que devem ser deixados abertos. 20. As mulheres escondem dos maridos as suas bolsas. 21. Homens não devem fazer serviços domésticos. 22. O álcool, em qualquer apresentação, não deve ser consi derado uma má ideia. 23. Com exceção da ira, homens não expressam seus sen timentos. 24. A casa deve ser sempre imaculada. 25. Carros devem ser idolatrados e mantidos sempre limpos. 26. Jantar não é jantar sem uma taça de vinho. Futebol não é futebol sem uma lata de cerveja. 27. Carros são meios de transporte. Ponto parágrafo. 28. Orar antes das refeições é inegociável. Até no McDonalds. 29. Os maridos devem assinar os cheques. 30. Os homens devem fazer tarefas domésticas sem que nin guém peça. 67 O que todo noivo precisa saber 31. O marido deve sempre segurar a porta para a esposa. 32. Sanduíches devem ser sempre feitos com páo branco. 33. Mulheres fazem a contabilidade da família. 34. Não é necessário agradecer antes das refeições. Deus sabe que lhe somos gratos. 35. Sentar-se para ler um livro é um total desperdício de tempo. 36. A mulher não deve ganhar mais que o marido. 37. Um lar só está completo com um cachorro — dos gran des. 38. Um café da manhã quente só existe se pusermos um fós foro aceso nos nossos cereais. 39. Um marido amoroso deve fazer vista grossa se a sua espo sa engordar. Quanto ao resto, tudo é amor condicional. 40. Assistir esportes pela TV é uma completa perda de tempo. 41. As esposas são responsáveis pela paixão e pelo carinho no relacionamento. 42. Jamais devemos consultar nossos parentes. 43. Uma tabela de basquete na entrada da garagem é um equipamento padrão para toda casa. 44. Gritar c sempre a pior ideia. Jamais subimos o nosso tom de voz. Nunca gritamos. 45- As esposas devem estar prontas para mudar-se a fim de acompanhar as carreiras de seus maridos. 46. Homens cuidam do jardim. 47. Casais jamais devem pedir dinheiro emprestado a seus parentes. 48. Segurar a porta para uma mulher é um comportamento machista. 49. Engordar é um sinal claro de que você não liga mais para a sua esposa. 50. Seu casamento é para o resto da vida, por isso está fora de discussão. 68 Família de origem: um rio passa por ela Você pode querer anotar em um pedaço de papel os seus próprios conceitos de normalidade que náo fazem parte dessa lista. Vá em frente — registre no papel também alguns concei tos de normalidade na visão de sua esposa. Possuindo suas regras tácitas Quanto mais você estiver a par dessas regras tácitas — o seu próprio conceito de normalidade — , mais as dominará. Em vez de atribuir valores morais a eles e constranger sua mulher se ela não adequar-se, você terá a oportunidade de simplesmente reconhecer que sua familiaridade com elas vem da sua criação. E muito comum que, no momento em que os profissio nais de aconselhamento confrontam seus clientes em respeito a seus padrões de normalidade, eles, os clientes, se mostrem céticos. “Isso deve tersido normal na minha família”, alegam os clientes, “mas com certeza é algo que não me afeta”. Se esti véssemos lidando com a verdade, é claro que não. Analisemos os seguintes fatos — de certa forma assustadores — sobre esses padrões: Os padrões não se manifestam antes que marido e esposa comecem a estabelecer seu próprio sistema Como essas regras tácitas sobre o que é normal são quase sempre invisíveis para a pessoa que aceita, elas não se revelam antes de os noivos se casarem e se mudarem para a sua nova casa. Durante o meu noivado, eu tinha um carro que estava meio desalinhado, com um leve desvio para direita. E como 69 O que todo noivo precisa saber eu tinha mais força do braço direito do que na minha carteira, “deixei a coisa pra lá”. Depois de algum tempo, passei a nem mais notar. Quando nos casamos, Bobbie um dia teve de usar o meu carro, porque o dela estava na oficina. “O seu carro quase me jogou para fora da estrada,” ela reclamou quando chegou em casa. “E podia ter morrido!” (Pelo que me lembro, minha resposta foi dizer que eu havia me esquecido do problema — o que era verdade, pelo menos até aquele momento — e desde nhei da sua reação excessiva.) O normal para mim era o meu carro sair para a direita, e até que o estilo seguro de direção de Bobbie encontrar-se com o meu, eu jamais havia refletido sobre o meu padrão de normalidade. Esses padrões surgem principalmente quando estamos passando por uma situação estressante Para muitos casais, o matrimônio produz ansiedade emocional logo após a lua de mel acabar. Solidão, depressão e frustração por causa de uma surpreendente falta de comunica ção podem acometer a noiva ou o noivo muito antes de todos os cartões de agradecimento de casamento terem sido escritos. Por causa desse estresse, você e sua esposa acabam baixando a guar da e expondo os seus conceitos de normalidade imediatamente. Certa noite, eu estava em um ônibus escolar da igreja re pleto de crianças. Estávamos indo para uma excursão — boliche, minigolfe e coisas assim. O motorista teve de dar uma freada de repente para evitar baterem um carro que tinha avançado o sinal em um cruzamento. Um adolescente chamado Bubba (estou falando sério!), que estava em pé no corredor, foi pego 70 Família de origem: um rio passa por ela de surpresa e levou um tombo daqueles. Ao cair, ele soltou um palavrão a plenos pulmões. O ônibus ficou em silêncio imedia tamente. “Não sei de onde tirei isso”, ele disse com um olhar angelical. Como você e eu, Bubba possuía padrões de normalidade que conseguia manter sob controle em determinadas circuns tâncias e outros padrões a que ele recorria quando estava sob estresse. Ele pode até “não saber de onde tirou aquilo”, mas você e eu temos uma boa ideia. Interpretar o seu genograma é como avaliar um raio X — pode crer! Quando interpreta genogramas de casais em processo de aconselhamento, ele costuma dizer: “Estou avaliando o seu raio X”. E, como um raio X de verdade, os genogramas são capazes de mostrar um problema que não apresenta sintomas visíveis. Um de meus amigos mais próximos recentemente se sub meteu à bateria de exames que faz todo ano. Uma das enzimas em seu hemograma indicava a possibilidade de câncer. Tes tes complementares confirmaram o diagnóstico de leucemia. Quando ele me contou essa história, perguntei se ele havia per cebido algum sintoma, como dor ou desconforto. “Nenhum” foi a sua resposta. “Absolutamente nada.” Mas meu amigo acreditou no relatório e agora se encontra em um rigoroso processo de tratamento. Não apresentar sinto mas pode ser algo traiçoeiro. Às vezes, identificamos padrões ao reagir a eles Nosso destino não é repetir o padrão de normalidade do nosso sistema familiar — mas é possível assumirmos uma 71 O que todo noivo precisa saber postura que tenta nos afastar o máximo possível dos padrões que herdamos. Mark me contou uma vez que, na sua família, os homens eram dados ao rigor e à seriedade. Quando ele se deu conta da quele padrão, decidiu que seria diferente. Ele seria uma pessoa feliz, custasse o que custasse! Ele passou muitos dos seus anos de juventude forçando-se a ser uma pessoa feliz, tentando tornar todos à sua volta felizes também. Pensando que havia declarado independência em relação ao seu sistema familiar, Mark acabou descobrindo que ainda era controlado por aquele sistema. Os casais geralmente brigam por causa daquilo que combatem Você pode achar que sua noiva e você estão enfrentando um conflito envolvendo dinheiro, sexo, parentes ou compro missos, entre outros assuntos polêmicos. Mas quase todos os conflitos no casamento — especialmente os destrutivos — vêm de uma origem diferente da que os produziu. Na maioria das vezes, esses conflitos surgem de um embate entre o seu padrão de normalidade e o dela. O valor de começar a definir os padrões de normalidade do seu próprio sistema familiar no início de seu casamento é que, ao conhecê-los, você poderá evitar que determinados atri tos produzam uma explosão. Para evitar um desastre, eis uma coisa que vale a pena dizer: “Quer saber? O razão de ter dito isso a você foi que, quando eu era criança, não era assim que a gente fazia. O que você fez não foi ruim; é só que eu não estava acostumado”. Você consegue imaginar como seria entrar na batalha que estava prestes a começar? 72 Família de origem: um rio passa por ela Ser precavido é melhor que ser indiferente O segredo para interpretar o seu genograma é concentrar o foco nos pontos problemáticos em potencial — nos locais em que os problemas subliminares estão se movendo em direções conflituosas e potencialmente destrutivas. Um guia de rafting que conhece bem o rio não perderá tempo falando sobre os pontos em que a correnteza é tranquila. Ele apontará as zonas de perigo. O propósito de identificar esses padrões de normalida de no seu casamento é preparar-se para os locais em que você enfrentará os maiores desafios. Na verdade, estar preparado sig nifica transformar perigo em aventura. O que você precisa ouvir é “Isso pode acontecer” ou “Esse pode ser um problema com que você terá de lidar”. Em muitos casos, a área potencialmente problemática não se chegará sequer a tornar-se um problema — e o casal ficará agradavelmente sur preso. É melhor ser precavido que ser indiferente. Uma severa advertência sobre um perigo que nunca se materializa é muito melhor que discutir despreocupadamente como as águas calmas serão — e infinitamente melhor que afogar-se nas corredeiras. Trabalhando em, não apenas em Quando abri minha empresa em 1986, meu sócio e eu conhe cemos um livro chamado TheE-Myth, de Michael Gerber. Esse livro nos deu alguns conselhos incríveis — e o mais impor tante deles foi: não basta trabalhar em sua empresa. O autor queria fazer seus leitores entenderem que não deviam deixar que as pressões de produção e de arcar com os pagamentos os distraíssem de que era preciso efetivamente dedicar-se ao trabalho pela empresa. 73 O que todo noivo precisa saber Isso significava que meu sócio, Mike Hyatt, e eu pre cisávamos nos reunir periodicamente para fazer as perguntas desagradáveis sobre os rumos da empresa. Termos uma “semana produtiva” ou um “mês de sucesso” não era suficiente. Preci sávamos garantir que nossas decisões e atividades estavam nos levando na direção que fosse coerente com a nossa visão. Nós nos forçamos a parar e conversar sobre nossa empresa, para não nos deixarmos afogar pelo dia a dia do trabalho. Algumas vezes, essas conversas acabavam gerando atrito entre Mike e eu, envolvendo a contratação de alguém para pre encher uma determinada vaga — ou continuarmos a cobrir essa carência nós mesmos. “Mas não seria melhor deixar isso como está?” alguém poderia perguntar.“Sabe como é, não mexe com o que tá quieto...”? Você e eu enfrentamos situações idênticas no casamento. Existe uma infinidade de atividades a cumprir no dia a dia, coi sas que nos ocupam. Mas será que estamos nos dedicando ao nosso casamento da maneira que devemos ou estamos apenas vivendo neles? Mark e eu já conhecemos milhares de casais. A maioria desses casais conseguirão descer o rio normalmente. Muitos curtirão a viagem. Mas você e sua esposa não vão querer ape nas chegar ao final, mas sim prosperar. Você quer que o seu casamento seja o melhor de todos. A diferença entre os bons casamentos e os melhores é: Todos trabalhamos no nosso casa mento, mas poucos de nós trabalhamos pelo nosso casamento. E o seu casamento pode ser um dos melhores. Aproveite a viagem! 74