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GESTÃO ESTRATÉGICA EMPRESARIAL W B A 00 64 _v 2. 0 2 Edson Massola Junior Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020 GESTÃO ESTRATÉGICA EMPRESARIAL 1ª edição 3 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Henrique Salustiano Silva Juliana Caramigo Gennarini Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Tayra Carolina Nascimento Aleixo Revisor Larissa Maria Palacio dos Santos Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Gilvânia Honório dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)__________________________________________________________________________________________ Massola Junior, Edson M419g Gestão estratégica empresarial/ Edson Massola Junior, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020. 42 p. 42 p. ISBN 978-65-5903-066-8 1. Diferenciação do produto. 2. Planejamento empresarial. 3. Concorrência I. Título. CDD 658 ____________________________________________________________________________________________ Raquel Torres – CRB 6/2786 © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 4 SUMÁRIO As escolas clássicas e o conceito de estratégia ______________________ 05 O planejamento estratégico e a sua importância ___________________ 21 As principais ferramentas estratégicas ______________________________ 36 O intraempreendedorismo e a inovação como estratégias competitivas ______________________________________________________________________ 52 GESTÃO ESTRATÉGICA EMPRESARIAL 5 As escolas clássicas e o conceito de estratégia Autoria: Edson Massola Junior Leitura crítica: Larissa Maria Palacio dos Santos Objetivos • Apresentar as escolas clássicas e o conceito de estratégia. • Identificar os elementos que constituem uma estratégia. • Evidenciar a importância do posicionamento estratégico. 6 1. O conceito de estratégia Caro estudante, toda empresa que busca sobreviver nos dias de hoje e sobressair-se diante de seus concorrentes possui uma gestão considerada profissional e faz uso de estratégias para conseguir a perenidade de seus negócios. Desse modo, pensar estrategicamente e fazer uso de uma gestão profissional significa criar um caminho único para o atendimento das necessidades e desejos dos clientes, por meio de uma administração ótima dos recursos financeiros, físicos/materiais, tecnológicos e humanos, monitorando o mercado e suas demandas, interpretando cenários e tendências, para assim, manter o seu empreendimento vivo. Assim, fazer uso de estratégias é buscar o melhor caminho para se chegar aos melhores resultados. É como jogar uma partida de xadrez, onde você avalia frequentemente a posição atual de suas peças e as de seu adversário, e pensa em possíveis jogadas à frente com uma estratégia vencedora, e assim, pega de surpresa o seu oponente, minando o seu exército e decretando a derrubada de seu rei e o final do jogo. Isso pode parecer algo simples, mas não é, pois, poucas pessoas se interessam em aprender e a se desenvolver nesse jogo, dada à sua complexidade e exigência de atenção e dedicação. No mundo empresarial isso não é diferente. A palavra estratégia vem do grego “strategos”, que significa a arte do general quando exerce a sua liderança. Ela tem a ver com o plano de um comandante-chefe que visa colocar as suas tropas em prontidão para neutralizar um exército inimigo. Por isso, a ligação estreita com um tabuleiro de xadrez. 7 Figura 1 – A estratégia e o tabuleiro de xadrez Fonte: prostock-studio/iStock.com. A noção de estratégia é antiga e surgiu da atividade militar desde o tempo do general Sun Tzu, há aproximadamente 2500 anos. Pelo antigo conceito militar, estratégia se refere à aplicação de forças em larga escala contra um adversário, com o objetivo de derrotá-lo. A organização de recursos e esforços para o alcance de objetivos passa obrigatoriamente pela definição assertiva de uma estratégia. Com o passar dos anos, e sabendo que os executivos sempre gostaram de adaptar os conhecimentos militares para a realidade de seus negócios diante da similaridade do mercado com um campo de batalha, esses conceitos migraram para a administração com o propósito de aumentar a competitividade dessas organizações. 8 A Primeira Revolução Industrial, ocorrida no século XVIII, foi um marco na história da humanidade, pois, a partir desse evento, o mundo do trabalho sofreu grandes alterações, saindo da produção manufatureira que era essencialmente artesanal, para o advento da indústria mecânica que aumentou a produtividade, disseminou novas tecnologias e também trouxe novos concorrentes para o mercado. Na área dos negócios, a palavra estratégia diz respeito à mobilização de todos os recursos de uma empresa, visando atingir objetivos a longo prazo. Além disso, ela possui uma ligação visceral com os verbos agir, reagir, avançar e recuar. Em muitas das vezes, a estratégia diz respeito ao ato de manter-se em sua posição inicial com o intuito de definir o que deve ser feito, quem deve fazer, como deve ser feito, quando fazer, onde fazer, por que fazer, e também o que não fazer em uma determinada situação para obter vantagens competitivas diante de seus concorrentes e adquirir um posicionamento de destaque na mente de seus consumidores. 2. As escolas do pensamento estratégico Segundo Lobato et al. (2005), o ato de se pensar em estratégia ascendeu e ganhou destaque a partir dos anos de 1950, tendo evoluído até nos dias de hoje, principalmente por meio de suas 6 escolas consideradas clássicas. Na década dos 1950, iniciou-se à primeira fase da evolução do pensamento estratégico, conhecida como escola do planejamento financeiro. Sendo voltada ao controle do que ao planejamento propriamente dito, essa escola valorizou a figura do administrador que aprovava os orçamentos para monitorar diretamente o desempenho 9 dos negócios, e por esse motivo, era considerado o grande “estrategista” da época. O simples fato de possuir o controle sobre essas planilhas em uma administração totalmente hierarquizada fazia com que as habilidades desse “estrategista” fossem valorizadas, apesar de se resumirem a respeitar o que foi definido nos orçamentos e a observar os seus respectivos prazos. O cumprimento dessas regras e o foco nas atividades operacionais para minimizar riscos, inibiam sobremaneira a formulação de estratégias realmente assertivas, reduzindo as já existentes à uma mera combinação de números e a ineficazes achismos. A segunda fase do pensamento estratégico se refere ao planejamento a longo prazo. Essa escola teve seu início na década de 1960 e mencionava sobre a possibilidade de se realizar projeções pela observância de históricos e fatos atuais. Por sua vez, o seu método era simples e consistia na interpretação de cenários passados para explicação de possíveis acontecimentos mais complexos que ocorreriam ainda no futuro em favor de uma realidade almejada. As projeções e as curvas de experiência eram o grande alicerce da escola do planejamento a longoprazo, que tinha na esperança da estabilidade o seu ponto vulnerável, já que sua lógica consistia basicamente em observar planos anteriores e seguir os seus padrões no futuro. A escola do planejamento estratégico é conhecida por representar a terceira fase do pensar em estratégia. Ela teve seu início na década de 1970 e foi baseada na análise SWOT, que é uma ferramenta desenvolvida em Harvard para avaliação dos ambientes (interno e externo) de uma empresa, levando-se em conta as suas forças (strengths), as suas fraquezas (weaknesses) como também as oportunidades (opportunities) e ameaças (threats) ofertadas pelo mercado em que atua. 10 Nessa fase, a elaboração da estratégia era considerada reflexo de um monitoramento e análise constante do mercado e das características peculiares de uma organização, ou seja, a estratégia não surgia de forma intuitiva, mas de uma habilidade adquirida com foco nas decisões. Essa escola pregava a necessidade de formular-se por completo e inicialmente a estratégia para somente depois implementá-la, o que desvinculava o pensamento da ação e o planejamento da execução. Alguns estudiosos achavam que o planejamento estratégico, por ser baseado na análise, não refletia a síntese e, por isso, essa fase em sua essência, nunca foi uma geradora de estratégias e que o seu nome deveria ser alterado para escola de programação de estratégias. A próxima fase é conhecida como a escola da administração estratégica. Ela teve seu início nos anos de 1980 e, apesar de respeitar os princípios das escolas anteriores, trouxe algo de novo: a valorização da implementação diante da já reconhecida importância da fase da formulação. Um de seus principais representantes foi o pensador Igor Ansoff, que definia estratégia como sendo um conjunto de regras que orientavam o comportamento de uma empresa e levam a um processo de tomada de decisão que garante o sucesso da organização no futuro. Outra autoridade no tema “Estratégia Competitiva” é Michael Porter, com sua matriz que contemplava 5 forças competitivas: a concorrência, a possibilidade de novos entrantes, a influência dos produtos substitutos e o poder de negociação dos fornecedores e compradores. Nesse modelo, que é sustentado pela interação desses vetores, é possível definir o nível de concorrência e rentabilidade que representam a essência de uma competição, como também a assertividade das estratégias que foram adotadas por determinada empresa diante de 11 seus adversários. Após vários experimentos, Porter identificou três tipos de estratégicas genéricas relacionadas à competição: a de diferenciação, a de baixo custo e a de foco, ainda hoje utilizadas no meio empresarial. Com a escola da administração estratégica, as ferramentas de análise melhoraram a sua eficácia e se ajustaram devidamente ao ambiente de negócios, dando ênfase às pesquisas e à aplicação prática de conceitos e cálculos analíticos no dia-a-dia das empresas. A quinta fase é conhecida como escola da gestão estratégica. Ela se iniciou nos anos de 1990, valorizando o termo gestão e ampliando o processo de planejamento já abordado em fases anteriores. Além de planejar, entraram em pauta outras funções que ajudaram, não só a formular, mas também a executar a estratégia empresarial. As atividades de organização, direção (conhecida de forma mais abrangente como liderança) e também o controle, tiveram mais espaço na rotina dos executivos para a busca de um maior equilíbrio entre as demandas internas e externas. Nessa fase, a integração dos setores de uma empresa é de fundamental importância para a devida alocação de recursos em prol dos objetivos pré-definidos. Logo, tudo é visto como um grande e complexo organismo, como algo maior e interligado que busca estar sempre em harmonia com o meio. A escola da gestão estratégica é baseada na sintonia e interpretação de determinada organização diante de seus ambientes, interno e externo, que merecem ajustes constantes pela volatilidade das demandas, necessidades e desejos. Assim, não existe uma receita pronta, existe a possibilidade de diferentes leituras e conjecturas em vista de inúmeros cenários para a 12 formulação e implantação de estratégias, que podem ser vencedoras ou simplesmente, levarem uma empresa à bancarrota. A última escola clássica do pensamento estratégico, que apareceu na literatura a partir dos anos 2000, foi a da gestão estratégica competitiva. Sendo proposta por Lobato et al. (2005), essa fase apresentou um conceito mais abrangente quando comparada às escolas anteriores que expunham somente soluções particulares e em conformidade às suas premissas. Pela crescente dinâmica dos mercados e de seus agentes, ficou impossível uma empresa possuir o controle total de suas ações e dos impactos decorrentes. Diante desse contexto, a elaboração e a execução de uma estratégia tornaram-se um dos grandes desafios para os gestores. A definição de estratégia pelos princípios da escola estratégica competitiva, acontece dentro de um importante processo de aprendizagem que merece atenção e constante monitoramento por parte de todos os colaboradores de uma empresa. Para isso, a atuação global, a proatividade, a responsabilidade social, a valorização da criatividade, a busca por alianças estratégicas e o aprendizado contínuo são considerados elementos indispensáveis para o planejamento ideal e assertivo de uma estratégia. A forma de observar e agir diante de cenários mais abrangentes, atuais e complexos fez que, através dessa escola, a administração de mudanças ficasse no passado, dando espaço para uma nova forma de pensar a estratégia empresarial, norteada agora pela administração por mudanças (LOBATO et al., 2005). O conhecimento das escolas clássicas bem como as etapas que nortearam a lapidação do conceito de estratégia empresarial ao longo 13 dos tempos, só fortalecem a máxima de que uma empresa só será vencedora em seu mercado se formular e executar com exatidão. 3. Ser competitivo: uma questão de sobrevivência Como você pode ver, o termo estratégia empresarial é amplo e envolve muitos conceitos e abordagens, pois, se refere a um comportamento que resulta em uma posição de destaque no mercado. A estratégia é algo que precisa ser planejado e implementado com exatidão e coerência para a obtenção de resultados positivos. Com uma estratégia bem formulada, é possível ir além, diferenciar-se, chegar antes que seus concorrentes. Figura 2 – A estratégia e a concorrência Fonte: masterzphotois/iStock.com. 14 A estratégia é considerada um caminho para se chegar a um objetivo e manter uma empresa competitiva e em posição de destaque em seu mercado de atuação e em evidência diante de seus adversários. Já a competitividade é tudo o que uma empresa procura nos dias de hoje, pois, aumentando as suas vantagens diante de seus concorrentes, certamente ela aumentará com o passar do tempo, a sua participação no mercado que, por sua vez, garantirá a sua sobrevivência em ciclo de vida virtuoso. Independentemente de seu mercado de atuação ou de seu porte, se uma empresa tiver um único concorrente (o que é muito difícil acontecer nos dias de hoje), ela precisará se destacar, se diferenciar para prosperar e permanecer viva na mente e também no coração de seus clientes. Essa competitividade se dá pela correta adequação das atividades de um negócio somada a uma estratégia singular e promissora, em detrimento às necessidades e desejos de seus clientes, às diferenciações percebidas em relação aos seus concorrentes, ao bom relacionamento com fornecedores e colaboradores para assim, realizar vendas, contabilizar receitas e finalmente, obter lucro sobre os investimentos. Assim, quanto maior for esse grau de compatibilização entre os recursos, os esforços e a estratégia, maior será a sua competitividade no mercado e a sua chegada ao sucesso será uma mera consequência, uma questão de tempo. Qualquer empresa sem uma estratégiadefinida é como uma embarcação sem leme, sem direção, à deriva em um imenso mar de ameaças e oportunidades. A estratégia deve ser o primeiro passo que uma empresa deve dar em favor de conhecer as suas potencialidades e limitações para saber como agir diante de um território inóspito chamado mercado, repleto de tubarões, que seriam os concorrentes, e ameaças. 15 Estratégia é o planejamento que se tornou ação e representa um caminho único e de valor para o sucesso empresarial, impossível de ser copiada pela concorrência, por isso, a sua importância. 4. As principais características da estratégia empresarial Em suas pesquisas, Chiavenato (2007) elencou as principais características de uma estratégia empresarial para facilitar a definição de seu propósito e o sucesso em sua execução, sendo elas: 1. Reflete um comportamento global e sistêmico: uma estratégia vencedora é o reflexo da soma de suas partes, por isso, deve abranger uma instituição em sua totalidade, pelo desdobramento das metas globais até chegarem às realidades operacionais. 2. Diz respeito ao comportamento de uma empresa frente ao seu ambiente externo: a estratégia de uma empresa deve estar mais voltada para fora do que para dentro, pois assim, representará uma resposta de valor aos anseios do mercado no qual está inserida. 3. Tem foco no futuro: tem a ver com mirar em um ponto à sua frente e planejar no longo prazo como chegar até ele, mesmo que a estratégia seja formulada no presente. Para isso, são necessários conhecimento e atitude no sentido de, até criar esse futuro que hoje é almejado pela empresa. 4. Deve ser formulada e definida pela instituição: como aborda prioritariamente o caminho para chegar-se as metas de uma organização, a estratégia deve ser comunicada a todos os níveis hierárquicos, não ficando sob responsabilidade exclusiva da direção, para assim convencer e engajar a organização por completo na busca dos objetivos empresariais. 16 5. Requer um esforço unificado: independente da hierarquia, a implantação da estratégia é um dever de todos que, conjuntamente, contribuirão para a sua disseminação e seu êxito. 6. Representa uma mudança na organização: a definição de uma estratégia, por mais simples que ela seja, demonstra o compromisso da empresa em querer mudar e desenvolver mecanismos para sua sobrevivência e perenidade. 7. Deve ser definida em um planejamento estratégico: a estratégia é um caminho para o alcance dos objetivos de uma empresa. Iniciando-se pelo alto escalão, o planejamento com metas globais deve ser desmembrado em metas menores no sentido up- down, ou seja, de cima para baixo, através de planos táticos que abranjam os departamentos e setores, e de planos operacionais que contemplem a linha de produção e funções mais técnicas. 5. A constituição de uma estratégia Por ser importante para a ação empresarial, ter ligação direta com os movimentos do mercado e fazer uso de manobras diante das adversidades e contingências, a estratégia constitui-se basicamente de três elementos que se inter-relacionam de forma dinâmica: 1. O ambiente: representado pelo mercado com sua volatilidade, demandas, ameaças e oportunidades. 2. A empresa: organizada em áreas, com sua missão, visão de futuro, pontos fortes e características peculiares que ainda carecem de melhorias. 3. A integração ambiente-empresa: demonstrada pela relação com o mercado e a postura assumida pela empresa diante dos recursos disponíveis, esforços dispensados, competências adquiridas e objetivos almejados no sentido de aproveitar o máximo das 17 oportunidades e resguardar-se das ameaças, adversidades e contingências que ocasionalmente aparecerão em sua trajetória. 6. O posicionamento estratégico e a vantagem competitiva Segundo Chiavenato (2007), uma estratégia bem-definida e implantada com êxito retrata uma posição única que determinada empresa conseguiu frente ao seu mercado de atuação. O arranjo interno de seus recursos e de suas atividades se tornam peças fundamentais para a diferenciação diante de seus concorrentes, a fácil percepção de vantagens competitivas e um posicionamento singular junto a seus clientes. O posicionamento estratégico faz com que a empresa se destaque, saia da multidão para adquirir um espaço em evidência no mercado e a preferência de seus consumidores. Portanto, para se alcançar o êxito é preciso levar em consideração três importantes quesitos: 1. O mix de produtos e serviços: é necessário produzir uma variedade de soluções diferenciadas, através de produtos e serviços, que correspondam aos anseios dos consumidores e gerem vantagens competitivas. 2. O atendimento às necessidades: todo cliente ao ser atendido espera uma resposta de valor para os seus desconfortos que se manifestam como verdadeiras soluções. 3. A percepção e o acesso do cliente: além de atender às necessidades, a empresa tem de ser facilmente encontrada e falar a linguagem de seus consumidores para gerar uma experiência positiva de compra e um relacionamento duradouro. 18 Como visto, a estratégia desempenha uma função tão importante no meio empresarial que deve ser desenvolvida logo no início de um negócio, sem que muitas vezes, ele nem tenha ainda saído do papel. Pensar em estratégia é um investimento que ocorre bem antes de uma empresa iniciar as suas atividades, não requer grandes gastos somente tempo para a sua formulação, e é crucial para o sucesso de qualquer empreendimento. 7. O conceito, a estratégia e o modelo de um negócio Para Aidar (2007), um negócio deve ser definido sob três dimensões: a. Sob a dimensão de quem deve ser atendido pelo futuro negócio para antecipadamente definir o seu público. b. Sob quais as necessidades que os produtos e serviços da empresa atenderão. c. De que forma essas necessidades serão atendidas. Sabe-se que a declaração de missão de uma organização deriva-se basicamente das respostas a essas indagações, apresentando a razão de sua existência, a direção e a intensidade de seus esforços para o alcance dos objetivos. A missão norteia o conceito do negócio, enquanto que a visão define uma situação futura desejável com conotação inspiradora para a busca de resultados cada vez mais ambiciosos, mas que sejam possíveis de serem alcançados. Nesse contexto, a estratégia tem um lugar de destaque, pois representa a maneira única com que cada empresa faz negócios, ou seja, diz 19 respeito à sua identidade e à sua imagem diante do mercado e de outros interessados por dados e informações gerados por ela. A estratégia destaca-se na ação empresarial por ser considerada um caminho para a diferenciação e a aquisição de vantagens fundamentais para a sobrevivência de qualquer empresa, de qualquer segmento, em qualquer mercado. O conceito de negócio juntamente com a escolha correta de uma estratégia competitiva são etapas para a definição de um modelo de negócio que não podem ser colocadas em segundo plano. Um bom modelo de negócio deixa claro desde a sua elaboração, qual será o segmento de clientes que se pretende atender, qual será a sua proposta de valor, como será entregue esse valor ao cliente e sob qual custo e, como será monetizado este futuro empreendimento. Mesmo sabendo que as definições de estratégia e de modelo de negócios são bem distintas, na vida real elas sempre se encontram interlaçadas, pois uma não sobrevive sem a outra. Aidar (2007) diz que o termo “modelo de negócios” ganhou popularidade com o advento das planilhas eletrônicas, pois graças a elas, foi possível conciliar números e realizar estudos estatísticos sobre as percepções de empreendedores e investidores diante das dinâmicas do mercado e de suas forças. Assim, as previsões ficam mais robustas, mesmo sem ainda garantirem o sucesso de uma empreitada. Ao se identificar uma oportunidade pela concepção de um modelo de negócio, é possível se ter uma noção mais assertiva de sua viabilidade econômico-financeira, ao ponto que, emum plano de negócios, as projeções tendem a serem exageradas, sem uma base sólida e pouco confiável. 20 O grande diferencial de um modelo de negócios é a sua integração, o seu olhar sistêmico sobre um empreendimento, contemplando desde o seu segmento de clientes, passando pela sua proposta de valor até chegar aos seus custos e receitas pela aplicação eficaz de uma estratégia. Em suma, podemos afirmar que ter uma ideia diferenciada é considerado um bom começo para qualquer negócio, mas não significa garantia para o sucesso. Além de muito planejamento para transformar uma ideia em oportunidade, é necessário definir uma boa estratégia e executar fielmente o que foi planejado para que a empresa atinja os seus objetivos e torne-se perene e lucrativa com o passar do tempo. Referências Bibliográficas AIDAR, M. M. Empreendedorismo. São Paulo: Thomson Learning, 2007. CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. LOBATO, D. M. et al. Estratégia de empresas. Rio de Janeiro: FGV, 2005. 21 O planejamento estratégico e a sua importância Autoria: Edson Massola Junior Leitura crítica: Larissa Maria Palacio dos Santos Objetivos • Definir planejamento estratégico. • Apresentar os níveis de tomadas de decisão. • Explicar os conceitos de missão, visão e valores. 22 1. O conceito de planejamento Caro aluno, uma das ações mais importantes que uma empresa deve realizar para alcançar êxito em suas operações é a de planejar. Planejar é uma atividade de preparação que elimina a sorte, os exercícios de futurologia e o comportamento passivo de uma organização diante do dinamismo do mercado e de suas diversas inter-relações. Para obter um desempenho consistente em cenários repletos de incertezas e desafios, uma empresa precisa previamente definir objetivos e elaborar planos para superá-los de forma eficiente e eficaz, obtendo assim um maior faturamento, um maior lucro, uma posição de destaque e a sua perenidade. Um mercado pode ser comparado à uma selva perigosa com areia movediça; se você adentrar e sem perceber, começar a afundar, deve reagir de maneira consciente para buscar novas alternativas e não sucumbir. Movimentos bruscos, impulsivos e descompassados não trarão bons resultados. E optar por ficar inerte como se nada estivesse acontecendo, também não é uma boa saída, pois em terrenos alagadiços, o simples fato de ficar parado, não garante a sobrevivência. A cada minuto que se passa, mesmo sem reação, a pessoa acaba afundando cada vez mais, e a morte torna-se questão de tempo. Desse modo, planejar não elimina os perigos do mercado, mas alerta sobre possíveis percalços na trajetória de um empreendimento, ou seja, reconhece as áreas de areia movediça e as sinaliza antecipadamente para evitar acidentes. O ato de planejar proporciona a possibilidade de se escolher antecipadamente qual será o melhor caminho a ser tomado em prol dos objetivos empresariais, fazendo-se uso do mínimo esforço e do menor 23 custo possível, e deixando de fora os achismos e as adivinhações sem fundamentos. Assim, planejar é estruturar um caminho para realização de um desejo que não pode ainda ser realizado. Esse processo gera maior assertividade, economia de tempo, confiança dos colaboradores, fornecedores, clientes, e se torna uma referência para as outras ações empresariais, principalmente nos momentos de grandes mudanças como os atuais. Essa função tem por objetivo descartar a forma simplista de pensar e o improviso na gestão corporativa, dando lugar à uma ação ativa e protagonista que concilia competências, recursos, projeções e principalmente meios para tornar o que foi planejado, uma realidade. Em uma empresa, conhecer o presente para vislumbrar uma posição no futuro, tornou-se um exercício importante para calcular riscos e minimizar falhas na busca por melhores resultados. Nesse contexto, é preciso saber bem qual é a condição atual da instituição, onde ela está agora para situá-la em um ponto desejado à sua frente, formular estratégias e planos vencedores para chegar-se assim a esse novo patamar com sucesso, conforme apresentado na Figura 1. 24 Figura 1 – As premissas básicas do planejamento Fonte: adaptada de Chiavenato (2007). De acordo com Chiavenato (2007), as organizações devem se adequarem continuamente para assimilar mudanças e rever os seus processos para não ficarem obsoletas e não perderem a competitividade. Não só as organizações, mas também os seus gestores precisam mudar, crescer e evoluir de forma gradativa e permanente. Para Zimmerman (2013), o conceito de planejamento tem a ver com um processo abrangente, sistemático que engloba várias ações integradas para facilitar as tomadas de decisão e o alcance de objetivos. A forma como se realiza o planejamento é determinante para o seu sucesso ou fracasso, porque cada empresa ao envolver os seus colaboradores, faz isso de forma única, conforme a sua cultura organizacional, os seus princípios e a sua interpretação sobre o mercado, que definem o seu jeito particular de enfrentar ameaças, detectar novas oportunidades e de fazer negócios. O planejamento, por sua vez, é uma função administrativa importante que contempla toda uma organização e se subdivide em planos, que por sua vez, são distribuídos para os diversos níveis hierárquicos existentes. 25 Desse modo, só será possível obter-se êxito em sua implantação, se todos os colaboradores forem devidamente comunicados e engajados em seus propósitos, independente de cargo, área ou nível de responsabilidade. A empresa precisa estar totalmente envolvida. Figura 2 – A importância do engajamento dos colaboradores Fonte: scythers/iStock.com. Conforme Chiavenato (2007), existem três tipos de planejamento, considerados os principais em qualquer organização, e estabelecidos por níveis de tomadas de decisão e hierarquia: 1. Planejamento estratégico: de forma ampla, esse nível considera a empresa como um único sistema, complexo e aberto. É elaborado para compreender um período mais extenso e preocupar-se com os objetivos globais por meio do envolvimento de todas as áreas da organização. Por referir-se à empresa como um todo, ele é elaborado pelo nível institucional, ou seja, pelos cargos diretivos e altas gerências que possuem um olhar mais abrangente sobre um determinado negócio na busca por sua excelência organizacional. 2. Planejamento tático: com uma abrangência menor, mas não menos importante, esse nível de planejamento traduz as orientações 26 e diretrizes que foram firmadas no planejamento estratégico para o dia a dia dos departamentos e áreas específicas, situados no nível intermediário da empresa. Por ser derivado do institucional, o planejamento tático em geral corresponde a 12 meses (médio prazo), define objetivos para centro de custo e diz respeito às operações internas de uma organização. 3. Planejamento operacional: é aquele que, partindo do nível estratégico, apresenta as atividades e tarefas de forma mais detalhada para uma execução mais assertiva, sendo um norteador para as rotinas diárias, semanais e até mensais. É projetado para o curto prazo e focado no alcance de metas para atingir-se a eficiência operacional através da valorização do ato de se fazer bem feito e de forma correta. 2. O planejamento estratégico e suas etapas O planejamento estratégico é basicamente desenvolvido pelos dirigentes de uma empresa, que buscam entender o mercado e as suas relações, analisando variáveis incontroláveis e incertezas para posteriormente, definirem diretrizes para a sua organização. Desse modo, muitas empresas operam sem planos formais, principalmente as recém fundadas. Os administradores não destinam tempo para planejar as suas ações, pois acham que realizar é mais importante do que planejar. Outros pensam que o ato de planejar é uma atribuição exclusiva das grandes corporações ou dizem que nunca necessitaram de um planejamento formal. Tristeengano. A interpretação dos movimentos de mercado e a ação efetiva dos gestores constitui a base para a concepção do planejamento estratégico de uma empresa. Por sua vez, o planejamento estratégico, conhecido como institucional, pode ser definido como um conjunto de 27 métodos que auxiliam uma organização no desenvolvimento de uma trajetória para o alcance de seus objetivos e propósitos, através de um comportamento proativo e a análise constante de ambiente. Pode-se dizer que planejamento estratégico é o processo que analisa uma realidade, detecta oportunidades e define como elas serão aproveitadas por meio de discussões, projeções e elaboração de objetivos, metas e acompanhamento de indicadores de uma determinada organização. Diante das diversas ameaças que envolvem a gestão de uma empresa, os seus dirigentes precisam de um norte, uma bússola que demonstre ao menos uma direção que venha a ser redefinida lá na frente, mas que hoje, seja um pontapé inicial para a tomada de decisões. Desse modo, a empresa necessita conciliar seus recursos e esforços, agir em ambientes incertos, voláteis, complexos e ambíguos para orientar- se no futuro por um período considerável. Para minimizar possíveis impactos negativos e riscos em decisões e, até mesmo, preservar a imagem diante do mercado, a elaboração de um planejamento estratégico se torna premente. Para Kotler e Armstrong (1999), o planejamento estratégico é o conjunto de atividades que destinam ao desenvolvimento e a manutenção de uma referência estratégica pela busca da conciliação entre objetivos, competências e oportunidades. Trata-se da base de qualquer planejamento em uma empresa. Pelo olhar de Chiavenato (2007), um bom planejamento estratégico se consolida por meio de sete etapas: 1. Definição antecipada dos objetivos. 2. Análise do ambiente externo (oportunidades e ameaças). 3. Análise da organização e de seu ambiente interno. 28 4. Estudos dos meios alternativos para o alcance dos objetivos (estratégias). 5. Elaboração do planejamento propriamente dito. 6. Implementação e comunicação do que foi planejado. 7. Avaliação e interpretação dos resultados. Figura 3 – As etapas de um planejamento estratégico Fonte: adaptada de Chiavenato (2007). Na etapa 1, sobre a definição dos objetivos, a empresa explana suas pretensões diante de seus propósitos e determina um lugar, estado ou situação que pretende chegar, tendo como referência a linha do tempo. Esses objetivos podem almejar o lucro para o retorno de seus donos/ investidores e/ou aplicação no próprio negócio, a expansão da empresa 29 e de sua participação no mercado, uma maior segurança e perenidade e, também, uma autonomia para decidir o seu destino. A segunda etapa do planejamento estratégico refere-se à capacidade dos gestores em conhecer o ambiente no qual a empresa está inserida e realizar diagnósticos sobre eventos que possam vir a ocorrer. A análise do ambiente externo abrange variáveis que a empresa não possui domínio como: políticas, econômicas, sociais, tecnológicas, ambientais e legais, restando somente a possibilidade de adaptar-se a elas. A terceira etapa, sobre a análise da organização, diz respeito ao conhecimento profundo das potencialidades e os pontos que necessitam de aperfeiçoamento em uma organização. A empresa mensura os seus recursos (financeiros, tecnológicos, físicos/materiais e humanos) e competências essenciais para descobrir quais são os seus pontos fortes e fraquezas e poder explorar as oportunidades e defender-se de ameaças mercadológicas. No próximo passo está a formulação da estratégia, que é definida após a criação dos objetivos e a realização das análises interna e externa. A estratégia pode ser elaborada de acordo com os padrões e históricos já conhecidos ou ter características inovadoras e altamente criativas, sempre baseadas em dados e informações confiáveis. Em via de regra, uma empresa de grande porte, já conhecida no mercado e detentora de uma posição consolidada, opta por desenvolver uma estratégia ofensiva perante os seus concorrentes, enquanto que as menores, sem muitas alternativas, escolhem a defesa nos mercados maduros e uma estratégia mais agressiva em mercados aonde as empresas dominantes não possuem tanto interesse ou em nichos com diferenciação e agilidade para destacarem-se. Na etapa 5, o planejamento estratégico é elaborado e apresenta a forma como a estratégia será trabalhada efetivamente em direção aos 30 objetivos. Sua abrangência deve contemplar toda a empresa, mesmo sendo de responsabilidade do alto escalão o seu desenvolvimento. Por isso, é descentralizado e deve ser desmembrado em níveis tático e operacional para abranger todas as áreas e departamentos. Não menos importante do que as demais, a etapa de implementação e comunicação consiste em, literalmente, colocar a mão na massa e fazer acontecer. Ela busca comunicar e envolver as pessoas com as metas e tirar do papel as decisões para que se tornem ações, espalhadas por todos os níveis hierárquicos. A formulação de uma estratégia é considerada uma etapa bastante complexa, mas a implementação e a comunicação são determinantes para o êxito de qualquer projeto, pois se falharem, simplesmente a estratégia não se consolida, trazendo prejuízos financeiros, perda de tempo, desconfiança sobre a capacidade dos gestores e outras frustações sem precedentes. Por fim, a etapa 7 que evidencia a importância do acompanhamento de todo esse processo para avaliação frequente de seus resultados e execução de possíveis ações corretivas quando necessárias, visando ao bom andamento das operações em favor dos objetivos empresariais e a manutenção dos níveis de confiança, essenciais para o sucesso de um planejamento. 3. A missão, visão e os valores de uma empresa O planejamento estratégico deve ser reflexo de uma boa observação e tradução do mercado e de suas demandas, diante das forças e limitações de uma empresa que optou por operar nesse ambiente; e para sagrar-se vencedora frente a seus adversários, definiu uma estratégia que pode ser assertiva ou não. 31 Quando o assunto é estratégia, as habilidades, as atitudes e os valores de uma organização facilitam muito a sua trajetória, mas o autoconhecimento é crucial para que as metas e os objetivos sejam realistas e motivadores. Nesse contexto, as definições de missão, visão e valores de uma empresa têm a capacidade de separar as instituições sérias e profissionais das aventureiras e amadoras. Ter uma missão e uma estratégia bem formulada denotam compromisso, seriedade e passam confiança para os parceiros de negócios e os colaboradores. O conjunto formado pela missão, visão e valores revela a identidade de uma empresa e, principalmente, busca divulgar o seu propósito, a sua razão de existência, e estimular mais e mais pessoas na busca por seus objetivos. Essa divulgação, tanto para o mercado quanto para os seus colaboradores e demais interessados, aumenta a motivação da equipe, gera direcionamento e fortalece laços comerciais, pois exaltam os princípios que levaram os fundadores a iniciarem o negócio, o que resulta em um maior nível de confiança para todos os envolvidos. Uma declaração de missão bem elaborada de uma empresa por exemplo, possibilita que o mercado diferencie uma organização de outra, pela transparência em seus processos, objetivos e pela propagação da forma como faz negócios. Consequentemente, isso gera aumento do faturamento e do lucro. Mas, o que realmente é a missão de uma empresa? A missão é uma apresentação concisa, clara, abrangente, duradoura e consistente do propósito e das responsabilidades de uma empresa, focada em seus clientes. É uma declaração inspiradora que expressa a finalidade, a razão de ser de uma instituição para determinar referências em sua atuação em prol da perenidade dos negócios, independente de 32 percalços ou restrições que possam vir a ocorrer em sua trajetória. A missão tem de motivarà ação. Segundo Kotler e Keller (2014), para definir sua missão, uma empresa deve responder às seguintes questões: qual é o seu negócio, o que ele faz e por que ele existe? Quem é o seu consumidor? O que é valor para o seu consumidor? O que é importante para os seus colaboradores, fornecedores, sócios e outros interessados no negócio? Parecem perguntas fáceis de serem respondidas, mas não são. Precisam de muita atenção. O segredo para a longevidade está em respondê-las continuamente, com clareza nos detalhes, humildade para realinhar percursos e muita seriedade em todo o esse processo. A organização deve redefinir a sua missão quando sentir que está perdendo a sua credibilidade, ou mesmo quando não mais consegue avançar e nem colocar em prática uma nova trilha para o seu crescimento. Uma dica que pode ser utilizada como base para a elaboração de uma missão eficaz é mencionar em seu corpo: A empresa faz o quê? Para quem? De que maneira ela cria, captura e entrega valor para os seus clientes? E a visão, qual é a sua definição e importância dentro de um contexto empresarial? Para Lobato et al. (2005), a visão é o ponto de partida para a formulação das estratégias que busca descrever uma posição desejada no futuro, ou simplesmente, um local aonde se quer chegar. Ao vislumbrar uma visão de futuro, o estrategista deve alinhar as motivações, os valores e os desafios com essa situação desejada que pode a princípio, ser até considerada um sonho, algo utópico, mas motivador. A visão pode ser traduzida como um alvo a ser perseguido, algo almejado que representará uma vitória, fruto dos esforços 33 individuais, das ações assertivas de uma equipe e da alocação ótima dos recursos empresariais em prol dos objetivos. Esse exercício de “enxergar além do alcance da maioria” e chegar a um novo patamar, precisa vir imbuído de muita aspiração, inspiração e transpiração. A aspiração remete-se ao desejo e a esperança de tornar o comum, algo de valor; a inspiração tem a ver com o mover-se de maneira determinada em direção a objetivos que valham a pena; e a transpiração traduz em sua essência o agir e toda a energia que foi despendida pois, sem suor e muito trabalho, não se chega a lugares novos, somente aos já conhecidos. A redação de uma visão empresarial precisa ser simples, clara, realista e de linguagem acessível, de fácil entendimento. Deve sintetizar um negócio, sua proposta de valor, suas aspirações, crenças e, ao mesmo tempo, demonstrar ambição e ser inspiradora. Vale salientar que escrever de forma muito técnica, torna a visão excludente, o que poderá gerar complicações e interpretações dúbias que atrapalhem sistematicamente os seus negócios. É o tiro saindo pela culatra, literalmente... Para facilitar a elaboração de uma visão mais assertiva, os gestores devem buscar incansavelmente, respostas para os seguintes questionamentos: O que a nossa organização quer se tornar? Em diferentes espaços de tempo (curto, médio e longo) e de forma processual, aonde a nossa empresa quer chegar? E ao chegar, o que essa nova empresa se tornará? Uma dica que pode ser utilizada como base para a projeção de uma visão mais abrangente e realista, é utilizar sempre um verbo em tempo futuro, adicionar a ele uma pretensão ou um desejo de tornar- se referência em seu mercado de atuação, juntamente com alguns objetivos desafiadores e, por fim, mencionar até quando pretende-se 34 chegar à essa posição de destaque. E para complementar a tríade que formata a uma identidade de uma empresa, faltou somente definir valores e os seus impactos sob os negócios. Ao se falar de planejamentos, estratégias e operações de uma empresa, é impossível não mencionar os valores que a norteiam. Os negócios, sejam eles físicos e/ou digitais, são capitaneados por pessoas, as quais baseiam as suas vidas em princípios e valores, que servem como verdadeiros guias, ou mesmo critérios, que definem comportamentos, atitudes e decisões, sejam elas de cunho individual ou empresarial. A empresa, por sua vez, tem uma forma singular de fazer negócios e de se relacionar com o seu mercado. Assim, espera-se que ela tenha responsabilidade e aja com transparência, respeito, lisura e justiça quando busca os seus objetivos, relaciona-se com outros atores e executa a missão em favor de sua visão projetada. Mas não são todas as empresas que agem assim infelizmente. Os valores são também um conjunto de regras e procedimentos básicos que norteiam os comportamentos e atitudes dos colaboradores de uma instituição e conferem a ela uma identidade, uma personalidade que determina parâmetros para a atuação das pessoas e da organização com um todo. Uma vez definidos, os valores se tornam a marca registrada de uma empresa e ajudam a consolidar a sua imagem, facilitando a execução da missão, o alcance da visão em longo prazo, gerando também resultados operacionais que ajudam na remuneração de investidores, sócios e na posterior reaplicação de recursos no próprio empreendimento. Os valores são verdadeiras colunas que sustentam um negócio, ajudam a desenvolver a missão, a visão e a maneira como uma empresa espera ser conhecida no mercado. São referências éticas que pautam as transações comerciais, o comportamento dos colaboradores e geram 35 bons relacionamentos para novas vendas, indicações, fortalecimento da imagem institucional e aumento do nível de empresabilidade. Além de serem as bases para as decisões dos gestores, os valores promovem a uniformidade das posturas dos funcionários, a continuidade dos negócios e das decisões em caso de alteração dos dirigentes, o aparecimento de um sistema realmente eficiente de comunicação interna (endomarketing), a diminuição de erros e negligências e a propagação do ‘fair play’ (jogo justo com conduta ética) em âmbito empresarial. Como você pode observar, o planejamento estratégico, a missão, a visão e os valores são assuntos muito importantes para uma empresa alcançar os seus objetivos; oferecem diretrizes para as operações de uma organização, além de serem base para a formulação de uma estratégia corporativa, responsável por definir se uma história empreendedora terá ou não, um final feliz. Referências Bibliográficas CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. Rio de Janeiro: Editora LTC, 1999. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2014. LOBATO, D. M. et al. Estratégia de empresas. Rio de Janeiro: FGV, 2005. ZIMMERMAN, F. Planejamento e gestão governamental. Brasília: ENAP/DDG, 2013. 36 As principais ferramentas estratégicas Autoria: Edson Massola Junior Leitura crítica: Larissa M. Palacio dos Santos Objetivos • Apresentar a matriz SWOT e a sua análise sobre o mercado. • Analisar o modelo de Porter e a competitividade. • Conhecer a matriz BCG, as estratégias de expansão segundo Ansoff e a metodologia OKR. 37 1. A matriz SWOT Caro aluno, o monitoramento frequente do mercado e de seus agentes para a tomada de decisões, é uma das habilidades mais importantes que um gestor deve possuir. Diante das variáveis que não estão sob o controle das empresas, resta ao gestor interpretar cenários e tendências mercadológicas para definir estratégias de adaptação diante de forças e informações que são relevantes ao seu negócio, mas que não podem ser influenciadas e nem dominadas por ele. Uma das formas mais assertivas de monitorar o mercado é fazendo uso da matriz SWOT. Apesar de não se ter ao certo quem é o seu verdadeiro criador, essa metodologia ganhou o mundo como uma ferramenta estratégica de referência. SWOT é uma sigla em inglês que significa strenghts, weaknesses, opportunities e threats, ou seja, ela se refere às forças, fraquezas, oportunidades e ameaças que uma empresa deve conhecer quando se propõe a entrar em um mercado e fazer um planejamento estratégico.Conhecida também como PFOA, quando traduzida para o português, esse instrumento auxilia na gestão estratégica de uma organização através da relação entre as oportunidades e ameaças presentes no ambiente externo e dos pontos fortes e fraquezas, encontrados em todas as operações empresariais. Esse modelo pode ser utilizado como um instrumento para a concepção e seleção de estratégias e auxilia nas tomadas de decisão. Essa matriz ajuda na elaboração de uma série de ensaios e exercícios que orientam os gestores sobre a importância de se entender melhor os cenários e as tendências que envolvem um negócio para assim, definir planos de ação e facilitar o alcance dos objetivos. 38 Para isso, é necessário primeiramente analisar o negócio, conhecer as suas principais atividades e estabelecer parâmetros para a sua atuação, sabendo de suas competências, dos processos que o identificam e quais estão mais intimamente ligados ao seu real motivo de existência (core business). Para essas atividades, é aconselhável nunca se cogitar a possibilidade de terceirização, pois assim, não se corre o risco de perder a essência e o propósito do negócio com passar do tempo. Monitorar os ambientes externo e interno é uma ação empresarial de suma importância, assim, o acompanhamento do mercado é uma questão de sobrevivência empresarial. Os gestores devem supervisionar a sua dinâmica em relação a possíveis oportunidades e ameaças. A avaliação sob essas esferas inicia-se pela observância de variáveis externas, também conhecidas como exógenas e sem o controle da empresa, passando pelas variáveis internas de uma empresa, também chamadas de endógenas e que estão sob o seu domínio. Juntamente com a análise PEST, que diz respeito a informações relevantes sobre a Política, Economia, Sociedade e Tecnologia; o estudo SWOT tem como objetivo entender os fatores que podem influenciar as atividades da empresa e antecipar oportunidades e ameaças. Conforme Paixão (2011), na palavra PEST, o P refere-se às variáveis políticas e legais como mudanças na legislação, informações tributárias, particularidades trabalhistas, situação política de um país, incentivos fiscais, leis ambientais e outras, o E é associado ao cenário econômico, taxa de juros, inflação, poder de compra etc.; o S representa os fatores relacionados à sociedade e cultura que impactam em um negócio, como o comportamento do consumidor, taxa de crescimento populacional, religião, qualidade de vida , e por fim o T de tecnologia que preocupa-se com o acesso à internet, aspectos voltados à telecomunicações, pesquisa e desenvolvimento de novos materiais, automação e outros assuntos que interferem no dia a dia de uma empresa. 39 O acrônimo PEST fornece substrato para a elaboração da SWOT através da avaliação do macroambiente, evidencia as variáveis que podem ser observadas fora dos muros da empresa, ajuda a definir estratégias para o alcance dos objetivos, enfim, valoriza a importância da interpretação mercadológica e o poder de adaptação de uma determinada organização, frente a forças que não possui domínio e, às vezes, são até desconhecidas. Acompanhar o setor de atuação e os principais participantes do microambiente como fornecedores, consumidores, concorrentes, agências reguladoras e o público em geral que possua interesse na empresa (stakeholders) também gera informações estratégicas para a gestão ótima de um empreendimento, assim como, identificar as principais áreas funcionais de uma organização, as suas habilidades, capacidade de mobilização de recursos e competências para responder às mais variadas demandas; esses são quesitos que devem ser contemplados por uma SWOT. Segundo Kotler e Keller (2006), a matriz SWOT concilia as informações dos ambientes externo e interno em prol do sucesso empresarial. Todo empreendimento tem de conhecer os vetores que compõem o seu macroambiente e os agentes que impactam o seu microambiente, regido por relacionamentos que melhoram o seu desempenho e consequentemente, garantem melhores resultados e facilitam na detecção de novas oportunidades de mercado. Há três origens de oportunidades que uma empresa deve constantemente acompanhar e impulsionar, utilizando a ferramenta SWOT. A primeira delas é a oferta de produtos escassos que demandam poucos esforços no atendimento de necessidades eminentes; a segunda é a de oferecer um produto já conhecido de maneira nova ou com uma percepção diferente e superior, e por fim, uma terceira que apresenta um produto totalmente novo e inédito no mercado para chamar a atenção de todos sobre as suas novas características e atributos. 40 Os objetivos da análise SWOT concentram-se em detectar oportunidades e tirar proveito delas, evitar ou minimizar impactos negativos e ameaças que possam ocorrer durante toda a vida empresarial, divulgar os pontos fortes e eliminar/ amenizar as fraquezas e as vulnerabilidades que são consideradas os seus “tendões de Aquiles”. Quadro 1 – Exemplos de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças em uma matriz SWOT Forças Fraquezas Competências básicas em áreas- chave Falta de foco no negócio Recursos financeiros adequados Instalações obsoletas Liderança/imagem de mercado Ausência de competências básicas Acesso à economia de escala Problemas operacionais internos Posicionamento competitivo que gera barreiras à entrada de competidores Tecnologia ultrapassada e processo moroso de pesquisa e desenvolvimento Propriedade sob a tecnologia (patente) Linha de produtos ultrapassada Gestão de custos Rede de distribuição limitada Campanhas publicitárias assertivas Baixa capacidade de comercialização Investimentos em inovação Falta de acesso a recursos financeiros Vanguarda na curva de experiência Altos custos unitários Gestão profissional Capacidade operacional superior Oportunidades Ameaças Mudanças de hábitos do consumidor Mudanças de hábitos do consumidor Novos mercados Entrada de novos concorrentes com habilidades 41 Diversificação do mercado Aumento das vendas de produtos substitutos Possibilidades de integração vertical Desenvolvimento de novas tecnologias e obsolescência Queda de barreiras comerciais Mudanças na regulamentação Expansão de mercado Volatilidade cambial adversa Desenvolvimento de novas tecnologias Barreiras tarifárias e não- tarifárias específicas Mudanças de regulamentação Aumento do poder de barganha de consumidores e fornecedores Surgimento de novos canais de distribuição Mudanças demográficas adversas Fonte: adaptado de Lobato et al. (2005). Todos os itens presentes no Quadro 1 são considerados relevantes para a administração de um negócio, por isso, eles devem ser analisados e correlacionados para a elaboração de indicadores que reflitam a real situação de um empreendimento. Logo após a conclusão dessa análise estratégica, é possível detectar os cenários (favoráveis ou não), as tendências, as ameaças e as oportunidades que o ambiente externo oferece. E ao juntar essas informações às do ambiente interno, obtém-se caminhos viáveis para a empresa trilhar em busca de seu sucesso, restando somente, a elaboração de estratégias de implementação para que esse sonho possa se tornar uma realidade. Na análise SWOT, tudo é centrado na criação de novos diferenciais, na elaboração de vantagens competitivas e na capacidade de resposta de uma empresa diante dos vários desafios impostos pelo mercado. A empresa precisa interpretar essas dinâmicas, se destacar de seus concorrentes, buscar um posicionamento único na mente de seus clientes e entregar valor para sobreviver e se manter com um lugar ao sol. 42 2. As 5 forças de Porter Esta matriz é um instrumento muito importante para o entendimento das forças mercadológicas exercidas sob uma organização é o conhecido modelo de Porter. Conforme Assen, Berg e Pietersma (2010), Michael Porter é um professor de administração e economia da Universidade de Harvard que publicou na década de 70, um artigoque fala sobre estratégias que moldam a competitividade dos negócios. As chamadas “5 forças de Porter” orientam as ações e dão um direcionamento mais assertivo em todas as fases de um negócio. Para Assen, Berg e Pietersma (2010), a análise de Porter detecta cinco forças que definem o nível de competitividade e atratividade de uma empresa ou mesmo, de um setor, sendo elas: 1. As forças relacionadas aos novos entrantes, ao poder de negociação dos fornecedores, ao poder de negociação dos compradores, à ameaça de bens ou serviços substitutos e à rivalidade entre os concorrentes (competidores existentes). Novos entrantes ou novos concorrentes: busca informações sobre a possibilidade de surgirem novos competidores. 2. Poder de negociação ou barganha dos fornecedores: avalia a quantidade e a concentração de fornecedores em um determinado mercado, como também seus portes, força de suas marcas, preços e, se são ou não parceiros estratégicos para um negócio. 3. Poder de negociação ou barganha dos consumidores: apresenta uma força que reflete a facilidade que um cliente tem para trocar de fornecedor, o seu poder de barganha relacionado aos preços ou às condições para pagamento e entrega. 43 4. Bens ou serviços substitutos: analisa a possibilidade de alteração de produtos atuais por similares que atendam às necessidades e desejos dos clientes. A rivalidade entre concorrentes expõe a realidade dos competidores de um setor, levando-se em consideração seus tamanhos, históricos e posições no mercado, disputas de preços e regiões, entre outros. A criação de Porter serve para avaliar o mercado sob diversos pontos de vista, baseando-se nessas cinco forças e as suas influências sob as empresas ou setores. Com essa ferramenta é possível entender melhor as relações e transações dos integrantes de um setor, para que uma organização consiga interpretar essas movimentações, tome decisões mais assertivas, obtenha lucro e chegue a uma posição mais confortável que a de seus concorrentes. De acordo com Lobato et al. (2005), Porter defende a máxima de que uma estratégia empresarial só será realmente competitiva se conseguir relacionar uma empresa com os seus ambientes. Essa metodologia auxilia na análise do setor de atuação, facilita o entendimento sobre a concorrência para se saber onde atuar e, fornece subsídios para a formulação de estratégias competitivas que respondam sobre como determinada empresa deve competir para sobreviver em ambientes cada vez mais inóspitos. Para Porter, uma empresa é considerada competitiva quando consegue decidir a sua estratégia, utilizando como base as informações que possui sobre o seu público-alvo e os seus conhecimentos sobre a atratividade do setor em que atua, através do monitoramento das cinco forças já mencionadas. 44 3. A matriz BCG A matriz BCG foi projetada por Bruce Henderson na década de 1970, fundador da Boston Consulting Group, e está mais atual do que nunca. Henderson baseou-se no ciclo de vida dos produtos para analisar de forma visual e detalhada, o nível de participação de produtos em um mercado, bem como o seu potencial de crescimento. Por isso, parte da premissa de que uma empresa precisa ter em seu portfólio, tanto os produtos de alto crescimento que necessitem de investimentos contínuos quanto itens que, sem muitos esforços, gerem caixa e garantam a perenidade do negócio por um longo período (ASSEN; BERG; PIETERSMA, 2010). Logo, trata-se de uma metodologia de representação gráfica, que serve para comparar diferentes produtos ou negócios e definir ações estratégicas que monitorem a vida de um produto desde a sua inserção, evolução até o declínio no mercado. A BCG auxilia na identificação de prioridades para a redefinição do portfólio de uma empresa através do reforço de investimentos para os produtos líderes, redirecionamento de esforços para produtos em situação desfavorável ou mesmo, retirada de itens obsoletos que não mais geram margens atrativas nem lucros sobre a sua operação. Assim, essa ferramenta é útil para empresas que comercializam uma série de produtos diferentes e precisam decidir quais produtos e unidades estratégicas necessitam de mais investimentos, ou quais destes devem simplesmente, não serem mais ofertados. Desta forma, a matriz BCG revela-se também como uma ótima ferramenta para a gestão de vendas. Na matriz BCG, alguns parâmetros são levados em consideração como: 45 1. A participação relativa de mercado em comparação aos concorrentes. 2. A taxa de crescimento de um produto comparada ao mercado. 3. O faturamento relativo de um produto em comparação aos demais. Figura 1–Matriz BCG Fonte: GeorgesKyrillos/iStock.com. A apresentação da matriz BCG se dá sob dois eixos: um vertical referente à taxa de crescimento de mercado e outro horizontal que representa a participação relativa de mercado de um empreendimento. Além desses eixos, a matriz é dividida em quadrantes que possuem nomes populares para ajudarem na assimilação dos conceitos. Por Lobato et al. (2005), esses quadrantes são conhecidos como: 46 1. Produtos vaca leiteira: são aqueles que possuem alta parcela relativa de mercado em mercados com baixo crescimento, mas são geradores de caixa e podem financiar outros negócios. 2. Produtos cão, também conhecidos por abacaxi ou com nome de outros animais de estimação: são itens com baixa parcela relativa de mercado em mercados de baixo crescimento. Os produtos ou negócios que se estão nessa condição costumeiramente dão prejuízos, e só não serão descontinuados da produção se os gestores possuírem um grande apego a eles, por isso são chamados de animais de estimação. O produto cão ou abacaxi precisa ser analisado com muita atenção, pois geralmente pedem planos de recuperação. Nem sempre compensa investir na tentativa de ascender elementos como esse, pois a possibilidade de sucesso é mínima. 3. Produtos estrela: nesse quadrante estão os líderes do mercado, com alta parcela relativa em mercados de alto crescimento. Embora eles apresentem, em geralmente, um crescimento meteórico e geração de muita receita, eles também exigem muitos investimentos. Assim, o equilíbrio do fluxo de caixa acontece, enquanto a sua participação permanecer ativa. Ao primeiro sinal de queda, a tendência é que esses produtos se tornem vacas leiteiras. 4. Produtos interrogação ou criança problema ou gato selvagem: são aqueles que exigem altos investimentos para financiar as suas operações com baixa geração de caixa. O quadrante da interrogação refere-se aos produtos que estão sob questionamento. Em outras palavras: eles estão em decadência, exigem grandes esforços com baixa participação de mercado e baixo retorno sobre os investimentos. Entretanto, um produto em questionamento pode ainda se tornar uma estrela, e posteriormente vaca leiteira; tudo dependerá do fôlego financeiro e das decisões estratégicas de determinada empresa. 47 4. A matriz de produto/mercado de Ansoff Em referência aos estudos realizados por Assen, Berg e Pietersma (2010), essa matriz busca definir uma direção mais assertiva para a função do planejamento, trabalhando sob duas vertentes: a estratégia de portfólio e a estratégia competitiva, que unidas podem definir uma estratégia de expansão. Considera-se estratégia de portfólio, a resposta à uma determinada demanda, fruto da combinação de informações provenientes dos produtos da empresa com o monitoramento de mercado e, a estratégia competitiva que apresenta meios para o alcance dos objetivos. Nesse contexto, Ansoff elaborou uma teoria para realizar o planejamento estratégico que envolvesse todas as áreas de uma empresa, através da relação entre produto e mercado. Trata-se de uma matriz com quadrantes intitulados de mercado existente, mercado novo, produto existente e produto novo, que possibilita vários ensaios para identificação de estratégias. Quadro 2 – Matriz de Ansoff Mercado Existente Novo Existente Inserçãono mercado Elaboração de mercado Novo Elaboração de produto Diferenciação Fonte: adaptado de Lobato et al. (2005). Cada quadrante exposto no Quadro 2 representa uma estratégia originada do cruzamento de informações de um mercado com os produtos presentes em um portfólio, sendo eles: • Quadrante da Estratégia de penetração no mercado: tem como principal objetivo a obtenção de uma participação maior de 48 mercado (market share) com produtos já distribuídos em mercados considerados maduros. • Quadrante da Estratégia de desenvolvimento de produto: baseia-se nos investimentos de pesquisa e desenvolvimento para a criação de novos produtos com características e atributos diferenciados que atendam às necessidades e desejos de um mercado já existente. • Quadrante da Estratégia de desenvolvimento de mercado: aplica- se em novos mercados, mas pode também ser utilizado em produtos já existentes. Consiste em vender mais bens e serviços em mercados jovens. • Quadrante da Estratégia da diversificação: trata-se de uma estratégia muito desafiadora e vulnerável, pois tem por princípio ofertar produtos e serviços em mercados novos, desconhecidos. O seu sucesso está atrelado a fatores ainda muito subjetivos como o valor da marca para um determinado segmento de clientes e a capacidade gerencial e operacional da empresa em atender mercados que nunca atuou (sem histórico) e elaborar produtos ainda pouco conhecidos que, muitas vezes, demorarão para gerar caixa e cobrirem os investimentos. Apesar de ser bem conhecida no mercado e já existir há um certo tempo, a teoria de Ansoff permanece atual e com grande aplicabilidade no mundo empresarial. A matriz de produto/mercado é bastante útil para a detecção de oportunidades e definição de estratégias para a expansão de um negócio. Outra ferramenta estratégica e comprovadamente eficiente para a melhoria dos resultados de uma organização é a OKR (Objectives and Key Results). Considerada uma metodologia ágil, a OKR é simples, flexível e promove o engajamento dos colaboradores em prol dos objetivos empresariais. 49 A OKR foi utilizada pela primeira vez na empresa Intel, mas ganhou popularidade quando foi implementada no Google, logo no início de suas operações, e permanece ativa até nos dias de hoje. Segundo Ferreira (2019), OKR é uma ferramenta de gestão que estipula metas, relacionando todas as etapas de um processo à forma como elas são realizadas, bem como o acompanhamento detalhado do desempenho de cada uma delas. É simples, de fácil mensuração e requer o envolvimento de todos os colaboradores para a integração da empresa e alinhamento dos objetivos através do fortalecimento da comunicação interna. Para que essa metodologia possa dar bons resultados, todos devem caminhar em uma mesma direção, focando nos objetivos que são comuns a todas as áreas e departamentos de uma organização. Esses objetivos devem ser claros, estimulantes, diretos e inspiradores. Além da definição dos objetivos, é importante também saber como mensurá-los corretamente para que a performance seja apurada frequentemente, e se tenha conhecimento da atual situação da empresa e o que ainda lhe falta para alcançar as metas. Nesse sentido, Ferreira (2019) menciona que, para cada objetivo, é conveniente obter de 2 a 5 resultados considerados principais, pois acima disso, essa metodologia perde o seu efeito, tornando-se complicada, de difícil análise e pouco eficiente. A OKR pode ser utilizada para: 1. Formulação de metas claras e passíveis de cumprimento. 2. Definição de objetivos relevantes que deverão ser desmembrados em atividades menores para motivar a realização diária. 3. Estipular prazos adequados. 4. Dividir tarefas conforme o conhecimento de cada colaborador. 5. Monitorar as entregas da equipe. 6. Comunicar e compartilhar os objetivos e resultados com todos. 50 7. Avaliar periodicamente os resultados. Como visto, decidir por uma direção que será tomada em prol dos objetivos empresariais não é uma tarefa fácil e depende da análise minuciosa de vários fatores e da escolha assertiva de estratégias. Ele envolve riscos, investimentos em recursos, definição adequada de um portfólio que atenda às demandas do mercado e, principalmente, muita coragem para agir e pôr a mão na massa. Para planejar o futuro, uma empresa precisa ter conhecimento de suas potencialidades e fraquezas nos dias de hoje e assim, preparar-se para novos desafios, e para também muitas adversidades que surgirão em seu caminho. Nem tudo que foi planejado, será executado em seus detalhes. Do papel para a vida real, existem várias outras etapas que só serão descobertas durante a sua trajetória. Por isso, conhecer sistematicamente todos os processos que envolvem o dia a dia de uma organização, estudar as possíveis causas dos problemas cotidianos e fazer uso de ferramentas estratégicas para uma maior assertividade empresarial facilitam o percurso, faz as coisas ficarem mais fáceis, reduz desperdícios, gera economia de tempo e dinheiro, mas não elimina por completo, os riscos de um negócio. Neste contexto, as ferramentas estratégicas que aqui foram apresentadas, podem ser consideradas como um norte, um sentido, uma direção para o início de uma longa jornada, mas não garantem o sucesso empresarial. Essas ferramentas que foram por várias vezes testadas e são mundialmente conhecidas não representam receitas como as de bolo, mas com muita disposição, envolvimento e afinco dos gestores e demais colaboradores, podem significar um “virar de página” na vida de uma empresa, que busca continuamente melhorar seus processos, produtos 51 e pessoas para a construção de um futuro de vitórias e uma posição de destaque no mercado. Referências Bibliográficas ASSEN, M. V.; BERG, G. V. D.; PIETERSMA, P. Modelos de gestão: os 60 modelos que todo gestor deve conhecer. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. FERREIRA, M. Descubra o que é metodologia OKR, veja como funciona e como utilizar. Voitto, 27 ago. 2019. Disponível em: https://www.voitto.com.br/blog/artigo/ metodologia-okr. Acesso em: 10 out. 2020. KOTLER, P; KELLER, K. L. Administração de marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. LOBATO, D. M. et al. Estratégia de empresas. Rio de Janeiro: FGV, 2005. PAIXÃO, M. V. Pesquisa e planejamento de marketing e propaganda. Curitiba: Ibpex, 2011. 52 O intraempreendedorismo e a inovação como estratégias competitivas Autoria: Edson Massola Junior Leitura crítica: Larissa Maria Palacio dos Santos Objetivos • Conceituar empreendedorismo e as características do comportamento empreendedor. • Apresentar o conceito e a importância do intraempreendedorismo. • Conhecer o termo inovação e a sua importância para as empresas. 53 1. O empreendedorismo e as Características do Comportamento Empreendedor (CCEs) Caro aluno, nos dias de hoje, o empreendedorismo é considerado uma alavanca para o desenvolvimento socioeconômico das nações. Por ser um meio para a criação de riquezas e inovação, esse tema é um dos preferidos para a realização de estudos e pesquisas pelo mundo, pois representa uma força motriz que conduz a humanidade para voos mais altos e ambiciosos, por meio de descobertas e invenções que resultem em uma vida mais fácil e de qualidade superior. O estudo do empreendedorismo se tornou relevante para a vida de qualquer pessoa, pois, além de ser uma fonte de inspiração para inúmeras ideias e oportunidades de negócio, ele se tornou uma resposta palpável às atuais demandas, tornando a sua mudança de comportamento um meio viável para a sobrevivência da espécie humana e das organizações. Com o advento da tecnologia e o acesso facilitado às informações, bem como do aumento de oferta no mercado o indivíduo, enquanto consumidor, tornou-se mais exigente, criando assim, novas necessidades e desejos. Para atender a este novo perfil de consumidor as empresas precisaram passar por processos de inovação, seja em seu mindset, cultura, oumodo de pensar, seja nos produtos que oferta ao mercado. Essa adequação é fundamental para a sustentabilidade dos negócios neste cenário de mercado marcado pelos altos índices de competitividade. Segundo Filion (1999a), a palavra empreendedor (entrepreneur) tem origem francesa e quer dizer aquele que assume riscos de forma calculada e começa algo novo. A pessoa que possui essas características tem uma visão diferente, conseguindo enxergar muito além do alcance 54 das demais e, com isso, detectar novas possibilidades para solução de problemas, desconfortos e obtenção de ganhos. Esse indivíduo tem o hábito de sempre se antecipar aos fatos, desenvolvendo produtos, serviços ou informações que se tornarão respostas viáveis para situações adversas do mundo atual. O empreendedor é uma pessoa atenta, focada, entusiasmada e muito bem informada, capaz de cativar outras pessoas na busca por causas e propósitos de valor. O empreendedor, por natureza, é um indivíduo observador e insatisfeito, que se utiliza de seu conhecimento, suas habilidades e principalmente, de sua atitude e capacidade de engajamento para mudar o mundo e as pessoas que estão ao seu redor, com o intuito de gerar resultados surpreendentes que beneficiem a todos. O termo empreendedorismo ganhou evidência a partir dos estudos realizados pelo economista Joseph Schumpeter, em 1945, que definiu a pessoa do empreendedor como sendo criativa e capaz de ser bem- sucedida com as inovações. De acordo com Filion (1999a), além da criatividade, o empreendedor é um indivíduo marcado pela capacidade de estabelecer e alcançar objetivos, detectar oportunidades e aprender continuamente, para assim tomar decisões moderadamente arriscadas. Por isso, além de ser peça fundamental para o desenvolvimento, o comportamento empreendedor é desejável enquanto perfil profissional. Para Filion (1999b), o empreendedor valoriza a inovação e a considera como uma geradora de vantagens competitivas, fundamental para a criação e o desenvolvimento de novas empresas, mas também, é uma pessoa que corre riscos, investe o seu dinheiro em oportunidades de forma visionária para o desenvolvimento da sociedade. 55 Conforme o Guia do Empreendedor Criativo do SEBRAE (2015), a UNCTAD (United Nations Conference on Trade and Development), ou em português, CNUDCI–Conferência das Nações Unidas para as Operações Econômicas Internacionais e Desenvolvimento, realizou vários estudos sobre o empreendedorismo, indivíduos empreendedores e suas características em comum. Esta organização internacional, que é um órgão da ONU, foi criada em 1964 durante uma assembleia, e tem por objetivo, cuidar do desenvolvimento das nações não suficientemente desenvolvidas, por meio das transações econômicas internacionais. Dada a comprovada importância do empreendedorismo para a geração de riqueza, a CNUDCI elaborou um curso chamado Empretec, que hoje é aplicado em mais de 34 países e cuja metodologia é voltada para o desenvolvimento das CCEs (Características do Comportamento Empreendedor), no Brasil é ministrado exclusivamente pelo SEBRAE. Esse curso, por meio de uma imersão, busca repassar aos seus participantes, conhecimentos sobre empreendedorismo, bem como busca sensibilizá-los para a necessidade urgente de uma mudança de comportamento, de mentalidade e o exercício constante da disciplina para o alcance de melhores resultados, dentro e fora das empresas. Por sua vez, a sua principal finalidade é fazer com que pessoas assumam novas formas de pensar, agir e ser, próprias de um empreendedor. Observe as principais características apresentadas nos cursos Empretec e veja como a mudança de comportamento pode ajudar na elaboração de uma estratégia competitiva voltada para o sucesso empresarial: • Busca por oportunidades e iniciativa: Apesar de todas as pessoas terem ideias das mais variadas formas, poucas delas tem a capacidade de torná-las oportunidades de negócio. Para isso, o empreendedor precisa ter iniciativa, coragem, determinação, ou 56 seja, precisa ter um comportamento que supere expectativas. Além disso, precisa planejar, executar, analisar os resultados e depois aprender com o seu negócio próprio para atender devidamente seus clientes, fornecedores e ter um produto competitivo, a preço justo, que se apresente como uma verdadeira solução para o mercado. • Persistência: O empreendedor é persistente na busca por dados e fatos confiáveis que se tornarão informações importantes para o seu negócio, e darão a ele condições para criar uma estratégia única e enfrentar desafios de forma repetitiva. • Assume riscos calculados: o empreendedor identifica, analisa, classifica e escolhe os riscos que pretende assumir, sempre com o intuito de reduzir a sua incidência e controlar os seus resultados. • Exigência de qualidade e eficiência: o empreendedor sempre busca novas formas para realizar as suas atividades e otimizar os seus processos, que o leve a fazer mais, com menos recursos e sempre da melhor forma, pois ele reconhece que qualidade é vital no mundo dos negócios. • Comprometimento: o empreendedor se sacrifica para realizar tarefas, ajudar os seus pares, fechar parcerias ou mesmo manter os seus clientes satisfeitos, demonstrando assim, prioridade e envolvimento com o seu negócio. • Busca por informações: o empreendedor participa de feiras/ eventos/ cursos, realiza pesquisas através da internet, adquire bibliografia específica sobre o seu segmento; tudo para obter informações sobre o seu mercado de atuação, os seus concorrentes, os novos fornecedores e os seus clientes. • Estabelecimento de metas: o empreendedor determina para si próprio metas e objetivos que são desafiantes, mas possíveis de alcançar, ao ponto de motivá-lo para ir além. 57 • Planejamento e monitoramento sistemáticos: o empreendedor não só planeja, mas monitora frequentemente os seus resultados e todo o contexto que envolve o seu negócio. • Persuasão e rede de contatos: o empreendedor é bem relacionado e utiliza isso a seu favor, com o intuito de envolver pessoas na busca por objetivos comuns, desenvolvendo e mantendo relações que são também benéficas para o seu empreendimento. • Independência e autoconfiança: o empreendedor expressa confiança em suas atitudes, já que, constantemente, busca conhecimentos e adquire habilidades para fazer aquilo que propôs ao mercado, com máxima excelência e diferenciação. Por esse motivo, os indivíduos empreendedores possuem uma relação direta com a criação de estratégias assertivas que culminam em negócios competitivos e duradouros. Apesar de não só abranger o ambiente empresarial, o empreendedorismo transforma comportamentos, promove atitudes e gera impactos positivos para toda uma coletividade. 2. Os tipos de empreendedorismo Segundo Sampaio (2017), existem formas de se identificar os empreendedores considerados clássicos, ou seja, aqueles que são ou se tornarão donos de seus próprios negócios, dividindo-os em três categorias: A primeira categoria é a do empreendedor por necessidade: refere- se ao indivíduo que abre a sua empresa motivado pela necessidade de sobrevivência, muitas vezes, fruto de uma demissão involuntária ou a falta de uma nova oportunidade no mercado de trabalho. Sem muitas opções, planejamento ou mesmo preparo, a pessoa aposta em 58 sua coragem e abre o seu empreendimento para pagar as suas contas pessoais, sem uma visão mais estruturada de futuro. A segunda é a do empreendedor por oportunidade: tem a ver com aquelas pessoas que identificam uma oportunidade de negócio, preparam-se devidamente, planejam suas etapas e abrem a sua empresa. Nesse caso, o empreendedor busca antecipadamente informações, pesquisa o mercado, elabora um plano de negócio, calcula riscos e decide por assumir o seu ônus, muitas vezes, em prol de uma realização pessoal. E a terceira categoria é a do autoempreendedor: composta por proprietários de empresas que conduzem sozinhos os seus