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Mulher! ao ver-te nua, as formas opulentas Indecisas luzindo à noite, sobre o leito, Como um bando voraz de lúbricas jumentas, Instintos canibais refervem-me no peito. Como a besta feroz a dilatar as ventas Mede por dar-lhe o bote ajeito, Do meu fúlgido olhar às chispas odientas Envolvo-te, e, convulso, ao seio meu t'estreito: E ao longo de teu corpo elástico, onduloso, Corpo de cascavel, elétrico, escamoso, Em toda essa extensão pululam meus desejos, — Os átomos sutis — os vermes sensuais, Cevando a seu talante as fomes bestiais Nessas carnes febris — esplêndidos sobejos! (http://prosacaotica.blogspot.com/2004/08/antropofagia-mulher-ao-ver-te-nua-as.html) [1] O Decadentismo é uma das facetas do Simbolismo, não podendo ser encarado propriamente como um estilo, mas uma forma de recusar um mundo visto por eles como decadente, afundado num pessimismo à la Schopenhauer. A torre de marfim parnasiana, indiferente ao tédio decadentista, continuava intacta em sua soberania. Apresentamos abaixo alguns textos ilustrativos do Decadentismo: HINO AO RISO MEDEIROS E ALBUQUERQUE A Silvio Romero, amigo e mestre Eu que sou filho deste tempo insano em que tudo na dúvida se agita e em nevroses histéricas palpita o triste e louco pensamento humano; eu que sou filho desta nossa idade cheia de escárnio e de zombarias, que troca os preitos pelas ironias e finge apenas te adorar, Verdade, alegremente minha parte aceito nas ruínas fatais da Decadência até mesmo do brilho da Ciência folgo, zombo, sorrio satisfeito... (in PEIXOTO, 1999, p. 209) 52