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1 COGNIÇÃO E APRENDIZAGEM 1 Sumário FACULESTE ............................................................................................ 2 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 1. COGNIÇÃO .................................................................................... 4 1.1 Teoria cognitiva: breve história .......................................................... 6 1.2 Cognição e ciência cognitiva ............................................................. 8 2. DESENVOLVIMENTO COGNITIVO ............................................. 15 2.1 Teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget ............................... 18 2.2 Alfabetização: O Desenvolvimento Cognitivo Segundo Piaget ........ 22 2.3 A brincadeira no desenvolvimento cognitivo da criança na pedagogia romântica de Fröebel ............................................................................. 24 2.4 A brincadeira no desenvolvimento cognitivo da criança na pedagogia romântica de Montessori ........................................................................ 25 3. APRENDIZAGEM E SISTEMA NERVOSO ....................................... 29 3.1 Os 4 estágios da aprendizagem ...................................................... 32 3.2 Deficiência intelectual ou atraso cognitivo ....................................... 34 CONCLUSÃO ........................................................................................ 43 REFERÊNCIA ........................................................................................ 44 2 FACULESTE A história do Instituto FACULESTE, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACULESTE, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A FACULESTE tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇÃO A capacidade de absorver e de assimilar informações é essencial para o processo de aprendizagem do ser humano. Considerando que o cuidado com a questão deve surgir ainda na educação infantil, é papel da escola trabalhar o desenvolvimento cognitivo de maneira adequada, desde o primeiro dia de aula da criança, levando em conta as características inerentes a cada fase do desenvolvimento. Para tanto, muitos educadores se baseiam na teoria de Jean Piaget, importante pensador do século XX e um dos psicólogos mais conhecidos. Segundo ele, o desenvolvimento humano ocorre em quatro estágios sucessivos, que costumam surgir em faixas etárias específicas, independentemente da origem ou cultura da criança. O conceito de cognição, portanto, nos remete aos processos cognitivos que são desenvolvidos desde a mais tenra infância até os findos anos do envelhecimento. Importante notar que o desenvolvimento está diretamente relacionado à aprendizagem, ou seja, um não ocorre sem o outro. Este processo acontece em espiral crescente nos dando a noção de avanços no desenvolvimento em contínuo crescimento: Aprendizagem é toda mudança de comportamento em resposta a experiências anteriores porque envolve o sujeito como um todo, considerando todos os seus aspectos, sendo eles psicológicos, biológicos e sociais. Se algum desses aspectos estiver em desequilíbrio haverá a dificuldade de aprendizagem. É importante ressaltar que o sujeito é sempre ativo, é autor do seu conhecimento, ele constrói sua modalidade de aprendizagem e a sua inteligência que marcará uma forma particular de relacionar-se, buscar e construir conhecimentos, um posicionamento de sujeito diante de si mesmo como autor de seu pensamento. 4 1. COGNIÇÃO A cognição tem como origem a palavra “cognoscere” do latim que significa conhecer, é um termo geralmente utilizado quando nos referimos ao conhecimento, ou acúmulo de informações adquiridas através do processo de aprendizagem, tanto de forma científica quanto empírica. A cognição é a habilidade de processar diferentes informações através de estímulos recebidos de sentidos diversos como sonoros, luminosos, táteis e químicos, ou seja, através da percepção, incluindo diferentes processos como atenção, memória, raciocínio, linguagem, aprendizagem entre outros. Esses conhecimentos adquiridos nos permitem integrar todas as informações analisá-las e interpretá- las, ou seja, assimilar essas informações processando-as de forma que sejam convertidas em conhecimento. Existem diferentes funções cognitivas que desempenham importante papel nos processos cognitivos para aquisição de conhecimento ou tomada de decisões. Dentre essas funções cognitivas temos a percepção, memória, atenção, raciocínio e todas funcionam integralmente formando novos conhecimentos e gerando novas interpretações de tudo o que ocorre ao nosso redor. Esses processos, apesar de serem fatores básicos para qualquer indivíduo, formarão experiências únicas de acordo com todas as percepções 5 envolvidas, um exemplo: o cheiro de um perfume para algumas pessoas pode trazer lembranças de algo vivido porém não necessariamente as lembranças serão as mesmas, por mais que as condições que levaram ao indivíduo interpretar aquela situação seja idêntica a outro indivíduo, isso se dá pois a intensidade dos estímulos são diferentes para cada um. Como já citdo nos parágrafos anteriores a percepção participa do processo cognitivo, ela nos permite entender o mundo através da interpretação dos estímulos recebidos através de vários meios, como a percepção visual, que é importante para a geração de novos conhecimentos pois é o tipo de percepção que mais gera novas informações. Em casos de perda desse tipo de percepção há redirecionamento para outros sentidos, uma adaptação biológica. A percepção auditiva também faz parte dos processos cognitivos, e através dos estímulos sonoros nosso cérebro é capaz de interpretar diversas situações, o simples fato de ouvir uma música e sentir uma emoção nos prova essa capacidade cognitiva em relacionar eventos sonoros com emoções do nosso cotidiano. A percepção tátil é capaz, através de se sensores distribuídos em nossa pele, de perceber diversas sensações como vibrações e pressão como no simples fato de notar a chuva quando uma gota de água cai em sua pele. A percepção gustativa e a olfativa que se integram fazendo com que sintamos os sabores de forma mais intensa, fato dessa união se comprova quando estamos com obstrução nasal, numa gripe por exemplo, e não sentimos direito o sabor dos alimentos. A atenção também é um processo cognitivo que possibilita a concentração em determinado estímulo para processar essas informações de maneira mais profunda posteriormente e é um importante processo fundamental para a evolução de situações do dia a dia. De fato, este é um processo muito importante dado a necessidade de focarmos em algum estímulo para aprendê-lo. Uma vez o estímulo aprendido entramos em outro processo cognitivo chamado dememória, que nos permite armazenar as informações codificadas e posteriormente recuperá-las. É um processo básico para o aprendizado, existem vários tipos de memória dentre elas temos a de curto e a de longo prazo. A de curto prazo retém uma determinada quantidade de informação por um curto espaço de tempo e a de 6 longo prazo nos dá a capacidade de lembrar de uma determinada informação por um tempo maior. Outros tipos de memória são a auditiva, contextual, nomeação e de reconhecimento. A aprendizagem como parte do processo usamos para relacionar as informações recém adquiridas ao conhecimento já estabelecido, cada tarefa do nosso cotidiano possui elementos aprendidos ao longo da vida, e todos eles passam pela cognição. O pensamento também é um processo cognitivo que nos permite avaliar e analisar todos os estímulos recebidos. A linguagem nos permite expressar pensamentos e sentimentos também é considerada um processo cognitivo. 1.1 Teoria cognitiva: breve história A Teoria cognitiva surgiu nos Estados Unidos entre as décadas de 1950 e 1960 como uma forma de crítica ao Comportamentalismo, que postulava, em linhas gerais, a aprendizagem como resultado do condicionamento de indivíduos quando expostos a uma situação de estímulo e resposta. 7 O termo cognição pode ser definido como o conjunto de habilidades mentais necessárias para a construção de conhecimento sobre o mundo. Os processos cognitivos envolvem, portanto, habilidades relacionadas ao desenvolvimento do pensamento, raciocínio, linguagem, memória, abstração etc.; têm início ainda na infância e estão diretamente relacionados à aprendizagem. De acordo com os principais teóricos cognitivistas, dentre os quais se destacam Piaget, Wallon e Vigotsky, é preciso compreender a ação do sujeito no processo de construção do conhecimento. Apesar de diferenças entre suas teorias, procuraram compreender como a aprendizagem ocorre no que se refere às estruturas mentais do sujeito e sobre o que é preciso fazer para aprender. Jean Piaget (1896-1980) centraliza sua explicação para o desenvolvimento cognitivo nas fases de desenvolvimento da criança. Para ele, o desenvolvimento cognitivo ocorre em uma série de estágios sequenciais e qualitativamente diferentes, através do quais vai sendo construída a estrutura cognitiva seguinte, mais complexa e abrangente que a anterior. Nesse sentido a teoria piagetiana considera a inteligência como resultado de uma adaptação biológica, aonde o organismo procura o equilíbrio entre assimilação e acomodação para organizar o pensamento. O que determina o que o sujeito é capaz de fazer em cada fase do seu desenvolvimento é o equilíbrio correspondente a cada nível mental atingido. Henry Wallon (1879-1962) compreende o desenvolvimento cognitivo como um processo social e interacionista, no qual a linguagem e o entorno social assumem um papel fundamental. Assim como Piaget, Wallon também categoriza o desenvolvimento em etapas, mas procura o entendimento do sujeito em sua integralidade: biológica, afetiva, social e intelectual. Desta forma, a existência do indivíduo se dá entre as exigências do organismo e da sociedade e seu desenvolvimento ocorre por meio de uma construção progressiva em que predominam ora aspectos afetivos, ora cognitivos estabelecidos, através das relações entre um ser e um meio que se modificam reciprocamente. Lev Vygotsky (1896-1934) postula que o desenvolvimento do indivíduo e a aquisição de conhecimentos é resultado da interação do sujeito com o meio, 8 através de um processo sócio-histórico construído coletivamente e mediado pela cultura. De acordo com sua teoria, a aprendizagem promove o despertar de processos internos de desenvolvimento que não ocorreriam senão por meio das interações estabelecidas com o meio externo ao longo da vida. Como fruto dessas trocas e interações, o cérebro tem a capacidade de criar novos conhecimentos, isto porque o contato com outras experiências ativa as potencialidades do aprendiz em elaborar seus conhecimentos sobre os objetos, em um processo mediado pelo outro. Podemos apontar que a principal contribuição das teorias cognitivas é permitir um maior nível de compreensão sobre como as pessoas aprendem, partindo do princípio de que essa aprendizagem é resultado da construção de um esquema de representações mentais que se dá a partir da participação ativa do sujeito e que resulta, em linhas gerais, no processamento de informações que serão internalizadas e transformadas em conhecimento. 1.2 Cognição e ciência cognitiva O que é a cognição? Significado e definição O que é a cognição? O termo vem da raiz latina cognoscere, que significa “conhecer”. Quando falamos de cognição, geralmente fazemos referência a tudo o que está relacionado com o conhecimento. Em outras palavras, a acumulação de informações que adquirimos através da aprendizagem ou experiência. A definição mais aceita de cognição é a habilidade para processar informações através da percepção (estímulos que recebemos através dos diferentes sentidos), conhecimentos adquiridos através da experiência e nossas características subjetivas, que nos permitem integrar todas essas informações para avaliar e interpretar nosso mundo. Em outras palavras, a cognição é a habilidade que temos para assimilar e processar as informações que recebemos de diferentes meios (percepção, experiência, crenças…) para que sejam convertidas em conhecimento. A cognição inclui diferentes processos cognitivos, 9 como a aprendizagem, atenção, memória, linguagem, raciocínio, tomada de decisões, etc., que fazem parte de nosso desenvolvimento intelectual e experiências. Diferentes disciplinas estudaram a cognição, como a neurologia, psicologia, antropologia e mesmo as ciências da informação. Porém, foi a psicologia cognitiva quem começou a analisar como o processamento de informações influencia o comportamento e que relação têm os diferentes processos mentais na aquisição do conhecimento. A psicologia cognitiva surgiu no fim da década de 1950 como oposição ao comportamentalismo predominante no momento. Autores como Piaget e Vigotsky revolucionaram o panorama científico com suas teorias sobre o desenvolvimento e a aprendizagem cognitiva, ainda relevante na atualidade. No início da década de 1960, o interesse na cognição e nas habilidades cognitivas cresceu exponencialmente, e a pesquisa que gerou nos permitiu saber mais sobre esses processos. Os avanços na área da neuroimagiologia nos permitiu proporcionar um conhecimento psicológico e neuroanatômico para esses estudos, que são importantes para compreender os processos mentais e como eles influenciam nosso comportamento e emoções. Processos cognitivos 10 O que são os processos cognitivos? Entendemos por processos cognitivos os procedimentos que usamos para adicionar novos conhecimentos e tomar decisões baseadas nesses conhecimentos. As diferentes funções cognitivas desempenham um papel nesses processos: percepção, atenção, memória, raciocínio... Cada uma dessas funções cognitivas funcionam em conjunto para integrar os novos conhecimentos e criar uma interpretação do mundo que nos rodeia. A PERCEPÇÃO COMO PROCESSO COGNITIVO: A percepção cognitiva nos permite organizar e entender o mundo através de estímulos que recebemos dos diferentes sentidos como a vista, a audição, o gosto, o cheiro e o tato. Enquanto a maioria das pessoas conhecem os sentidos mais comuns, outros menos conhecidos como a propriocepção (estímulo que percebe inconscientemente nossa posição no espaço e determina a orientação espacial) e a interocepção (a percepção dos órgãos no corpo. É o que nos permite saber quando temos fome ou sede). Quando o estímulo é recebido, nosso cérebro integra todas as informações, criando uma nova memória. AATENÇÃO COMO PROCESSO COGNITIVO: A atenção é o processo cognitivo que nos permite concentrar em um estímulo ou atividade para processá-los mais profundamente depois. A atenção é uma função cognitiva fundamental para o desenvolvimento de situações cotidianas, usada para a maioria das tarefas que realizamos no dia a dia. De fato, foi considerada um mecanismo que controla e regula o resto dos processos cognitivos: da percepção (precisamos da atenção para focar em um estímulo que nossos sentidos não alcançam) à aprendizagem e processos complexos de raciocínio. A MEMÓRIA COMO PROCESSO COGNITIVO: A memória é a função cognitiva que nos permite codificar, armazenar e recuperar informações do passado. É um processo básico para a aprendizagem, pois é o que nos permite criar um sentido de identidade. Existem muitos tipos de memória, tais como a memória de curto prazo, a habilidade para reter informações do passado durante um curto período de tempo (lembrar de um número de telefone até anotar ele em um papel) e a memória a longo prazo, todas as memórias que mantemos durante um período longo de tempo. A memória a longo prazo pode ser dividida em grupos mais pequenos, a memória declarativa e a memória processual. A memória declarativa consiste no conhecimento adquirido através da linguagem e da 11 educação (como os conhecimentos sobre a Segunda Guerra Mundial, finalizada em 1945), e também os conhecimentos aprendidos através das experiências pessoais (lembrar do que minha avó fazia para mim). A memória processual faz alusão à aprendizagem através das rotinas (saber como dirigir ou andar de bicicleta). Outros tipos de memória são a memória auditiva, memória contextual, nomeação e o reconhecimento. O PENSAMENTO COMO UM PROCESSO COGNITIVO: O pensamento é fundamental para todos os processos cognitivos. Nos permite integrar todas as informações recebidas e as relações estabelecidas entre os acontecimentos e conhecimentos. Para isso, ele usa o raciocínio, a síntese e a resolução de problemas (funções executivas). A LINGUAGEM COMO PROCESSO COGNITIVO: A linguagem é a habilidade para expressar os pensamentos e sentimentos através da palavra falada. É uma ferramenta que usamos para comunicar, organizar e transmitir informações que temos sobre nós mesmos e o mundo. A linguagem e o pensamento se desenvolvem em conjunto e estão estreitamente relacionadas, além de se influenciarem mutuamente. A APRENDIZAGEM COMO PROCESSO COGNITIVO: A aprendizagem é o processo cognitivo que usamos para incorporar novas informações a nosso conhecimento prévio. A aprendizagem inclui elementos tão diversos como os comportamentos ou hábitos, tais como escovar os dentes ou aprender a andar, e como realizar essas ações através da socialização. Piaget e outros autores já se manifestaram sobre a aprendizagem cognitiva como processo de informação, entrando em nosso sistema cognitivo e alterando ele. 12 Os processos cognitivos podem ocorrer de forma natural ou artificial, consciente ou inconsciente, mas geralmente são rápidos e funcionam constantemente sem a gente perceber. Por exemplo, quando estamos na rua e vemos um semáforo ficar vermelho, iniciamos o processo cognitivo que nos indica que temos que tomar uma decisão (atravessar ou não). A primeira coisa que devemos fazer e prestar atenção ao semáforo, através da vista percebemos que está vermelho. Em apenas alguns milissegundos, obtemos da memória que quando o semáforo está vermelho não devemos atravessar, mas também lembramos que, às vezes, se não há nenhum carro então podemos atravessar. Aqui é quando provavelmente tomarmos a primeira decisão: esperar até o semáforo ficar verde, ou ver para a direita e a esquerda (alterando novamente nossa atenção) para comprovar se há algum carro passando. É possível melhorar a cognição? É possível melhorar a cognição? Como? Abaixo, apresentaremos uma ferramenta e uma estratégia orientada para melhorar a cognição e o desempenho cognitivo: O PROGRAMA DE ESTIMULAÇÃO COGNITIVA DE COGNIFIT: O programa foi desenhado por uma equipe de neurologistas e psicólogos cognitivos que estudam a plasticidade sináptica e os processos de neurogénese. Apenas são necessários 15 minutos por dia (de 2 a 3 vezes por semana) para estimular seus processos cognitivos. O programa está disponível online e 13 inclui exercícios específicos para indivíduos, pesquisadores, profissionais da saúde e escolas. Os exercícios de estimulação cognitiva de CogniFit avaliam eficazmente mais de 20 funções cognitivas fundamentais, claramente definidas e sujeitas a um controle objetivo que proporciona resultados padronizados de idade e critérios demográficos baseados em milhares de resultados. Os diferentes exercícios interativos são apresentados no formato de divertidos jogos cerebrais que podem ser reproduzidos em seu computador. Após cada sessão, CogniFit aprensetará uma imagem detalhada, mostrando a evolução do estado cognitivo do usuário. Também compara o desempenho cognitivo dele com o de outros usuários. Foi provado que os exercícios clínicos online de CogniFit estimula a criação de novas sinapses e circuitos neurais para reorganizar e recuperar o funcionamento das áreas cognitivas mais deterioradas. Sabemos que, com o tempo, a estrutura e funcionamento do cérebro podem mudar. Isso é o que chamamos de plasticidade cerebral ou neuroplasticidade Devido à plasticidade cerebral, ou neuroplasticidade, podemos melhorar nossas habilidades cognitivas e também recuperar (ou manter) elas se o cérebro é afetado por um traumatismo cerebral (traumatismo ou derrame) ou uma doença neurológica (Esclerose múltipla, Alzheimer, deterioração cognitiva…). A plasticidade cerebral nos permite criar novas conexões e incrementar os circuitos neurais, que, finalmente, melhoram a funcionalidade. Se a neurociência e o estudo da plasticidade cerebral mostraram alguma coisa, é porque quanto mais usamos um circuito neural, mais forte ele se torna. O programa de estimulação cognitiva de CogniFit trabalha para explorar os processos cognitivos. Quando somos capazes de distnguir o estado cognitivo de cada indivíduo, oferecemos um programa de treinamento cognitivo personalizado. Focar nas tarefas mais desafiantes vai garantir a criação e o estabelecimento de novas conexões neurais, que se tornarão cada vez mais fortes quanto mais sejam treinadas. 14 REDUZIR O NÍVEL DE ESTRESSE: O estresse aumenta os níveis de cortisol, que ataca a mielina dos axônios e impede a transmissão eficiente das informações. Se somos capazes de reduzir o estresse em nossas vidas, podemos ser capazes de melhorar nossa cognição, pois a redução do estresse melhora as conexões sinápticas. Manter uma atitude positiva nos torna mais criativos para solucionar problemas e provavelmente mais flexíveis cognitivamente. MEDIAÇÃO: A mediação também pode ajudar a cognição. Durante os últimos anos, surgiram mais estudos focados nos efeitos da mediação durante os processos cognitvos. Ela requer concentração e atenção consiênte, que, como foi mencionado, são importantes para a criação de novos circuitos funcionais. O estudo parece apoiar essa ideia e a meditação foi relacionada com as melhoras nas áreas da atenção, memória, funções executivas, velocidade de processamento e a cognição geral. EXERCÍCIO FÍSICO: Fazer exercício também pode ajudar a melhorar a cognição. Não precisam ser atividades particularmente intensas. De fato, caminhar durante 45 minutos, 3 vezes por semana, parece que ajuda a melhorar a memória e o raciocínio (funções executivas), e praticar Tai-Chi melhora principalmente o funcionamento executivo. 15 2. DESENVOLVIMENTO COGNITIVO A cognição é o processo de conhecimento através do qual o indivíduo é capaz de selecionar, adquirir, compreender e fixar informações,além de expressar e aplicar o conhecimento em determinada situação (MOURA E SILVA, 2005). O desenvolvimento cognitivo é um processo interno, mas que pode ser observado e “medido” através das ações e da verbalização da criança. Ele envolve o processo de pensamento, incluindo as seguintes capacidades: compreensão de fatos que ocorrem a sua volta, percepção de si mesmo e do ambiente, percepção de semelhanças e diferenças, memória, execução de ordens, compreensão de cor, forma, tamanho, espaço, tempo, aquisição de conceitos e o estabelecimento de relação entre fatos e conceitos (PIAGET, 1975; LE BOULCH, 1992). O desenvolvimento cognitivo orienta-se para o equilíbrio, assim como ocorre um crescimento orgânico, também a vida mental evolui chegando à maturidade como espírito adulto (SOUZA E FERRARETO, 1998). As estruturas 16 cognitivas permitem ao indivíduo conhecer e reorganizar o mundo, de modo que aprender é o resultado da atuação dele sobre os objetos do mundo físico, enquanto um ser ativo e pensante (THOMPSON, 2000). O processo de maturação também regula o desenvolvimento da inteligência e das condutas de aprendizagem (THOMPSON, 2000). A conduta inteligente é uma forma de adaptação biológica ao meio ambiente, além de uma adequação nos meios de procura de um equilíbrio com os objetos, os problemas ambientais e as ações mentais da criança (PIAGET, 1975). O aprendizado ocorre à medida que a criança exercita seu intelecto e com isso desenvolvem suas funções psíquicas superiores (PERES, 2003). Os processos psicológicos superiores, que se caracterizam por serem específicos do ser humano, terem controle voluntário e necessitarem de regulação constante, não estão em localizações anatômicas fixas e estruturadas. Assim sendo, a organização cerebral é dinâmica e pode mudar constantemente o desenvolvimento das funções psicológicas superiores, utilizando o mecanismo de plasticidade (VYGOTSKY, 1993). É a partir da interação entre os homens, da experiência social e da colaboração das crianças com seu meio, que se desenvolvem as funções superiores de pensamento (PERES, 2003). A cognição abrange mais do que a percepção e as inferências sobre outras pessoas, envolvendo a compreensão das relações entre os próprios sentimentos, pensamentos e ações, tanto quanto as relações entre esses fatores pessoais e os fatores correspondentes nas outras pessoas (RAMIRES, 2003). Também constituem a cognição: a inteligência corporal – sinestésica, as inteligências pessoais, espacial, musical, linguística, naturalística e lógica – matemática (OLIVEIRA, 2000). A dimensão cognitiva da inteligência corporal – sinestésica envolve o conhecimento do corpo, o conceito corporal, o esquema corporal e a representação corporal. Quanto às inteligências pessoais relacionadas à 17 cognição estão a imagem corporal, a organização da expressão e a expressividade (OLIVEIRA, 2000). O esquema corporal é o núcleo fundamental da personalidade, a partir do qual são organizados todos os comportamentos e condutas. Constitui a consciência formal do indivíduo no seu mundo das sensações (FRUG, 2001). Dessa forma, inclui o conjunto de sensações sinestésicas construídas pelos sentidos (audição, visão, tato, paladar), baseados nas experiências vividas, onde o indivíduo pode criar um referencial do seu corpo (MATURANA, 2004). O esquema corporal relaciona-se diretamente a organização e a estruturação espaço-temporal (LAPIERRE, 1982). O corpo é um instrumento fundamental ao desenvolvimento da criança, através dele ela interage com o seu meio, com as pessoas com quem vive e com os objetos a sua volta; assim, conhecendo seu corpo ela é capaz de diferenciá-los (OLIVEIRA, 2001). A inteligência espacial, que é a capacidade para a representação mental dos objetos, abrange o esquema corporal, a percepção global do corpo, e a estruturação espacial por meio de percepção espacial, posição, relação e adequação espacial, direção, lateralidade, análise e síntese, semelhanças e diferenças, composição e decomposição, reprodução, figura e fundo (OLIVEIRA, 2000). A coordenação global, fina e óculo–manual são essenciais para que se tenha um bom domínio do gesto e do instrumento. Com isso, o indivíduo ganha noções de espaço, localização e lateralidade (OLIVEIRA, 2001). A inteligência musical, que é a habilidade voltada ao universo sonoro, compreende a percepção sensorial auditiva, a percepção temporal (noções básicas, sequências de ações, duração e ritmo), figura e fundo auditivos (OLIVEIRA, 2000). A partir do movimento surgem as noções de tempo, sequência, ordenação e ritmo. (OLIVEIRA, 2001). Já a inteligência linguística está mais relacionada à palavra e sua dimensão cognitiva é a compreensão de conceitos, a construção de frases, a percepção, posição, relação e estruturação no espaço – capacidades fundamentais para o desenvolvimento da linguagem escrita (OLIVEIRA, 2000). 18 A habilidade voltada ao conhecimento na relação com o meio ambiente é a inteligência naturalística, que requer os seguintes aspectos cognitivos: percepção sensorial e temporal, a orientação e organização espacial, percepção auditiva, visual e tátil, a capacidade de agrupar, classificar e resolver problemas (OLIVEIRA, 2000). A inteligência lógica – matemática relaciona-se ao mundo dos objetos, através da análise das situações, objetos e símbolos, da avaliação de quantidade, da ordenação e reordenação (OLIVEIRA, 2000). Além disso, Piaget (1975) associa o desenvolvimento cognitivo ao afetivo, que são considerados componentes paralelos do desenvolvimento intelectual, sendo que o afetivo pode influenciar, diminuindo ou acelerando, o ritmo do cognitivo e determinar seus conteúdos. Então, as funções cognitivas e psico – afetivas, tais como atenção voluntária, memória, abstração, comportamento intencional, entre outras, têm uma base biológica, já que resultam da atividade cerebral, mas são produto fundamental da interação do indivíduo com o mundo (FACCI, 2004). A alteração do papel que a criança ocupa nas relações humanas leva à evolução do desenvolvimento psíquico, dessa forma, a assimilação da experiência histórico – social influencia a atividade consciente do homem (FUJISAWA, 2002). 2.1 Teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget O desenvolvimento cognitivo seria o processo pelo qual o ser humano obtém conhecimento, através de sua interação com o meio que o rodeia. Segundo a teoria de Piaget, este processo se dá através das várias etapas evolutivas que vão se sucedendo no ser humano, desde seu nascimento até a fase adulta. Os princípios básicos que regem o desenvolvimento cognitivo e a evolução progressiva de um estágio até o outro são: 19 Organização e adaptação. De maneira inata, as pessoas organizam em mapas mentais a informação que recebem e, assim, adaptam-se às exigências do ambiente em que nós desenvolvemos. Assimilação e acomodação. Moldamos a informação que recebemos para acomodá-la aos esquemas mentais do momento. Se ela diverge de nossos esquemas mentais atuais, os ajustamos para acomodarem a informação nova. Mecanismos de desenvolvimento. Os mecanismos que condicionam o desenvolvimento cognitivo e a passagem pelos diferentes estágios, serão determinados pela maturação das estruturas físicas herdadas, pelas experiências físicas com o ambiente, pela transmissão social de informação e pela busca contínua de equilíbrio, que se dará através dos processos de assimilação e acomodação. Os estágios do desenvolvimento cognitivo de Piaget 20 Piaget acreditava que o conhecimento evoluía no decorrer de uma série de estágios, diferentes qualitativa e quantitativamente, e que compartilham quatro características: A sequência de aparição segue uma ordem fixa pré-determinada Cada estágio apresenta uma estruturade conjunto e um modo de funcionamento próprios Os estágios são hierarquicamente inclusivos, isto é, cada estágio inclui os anteriores A transição entre os estágios é gradual, não abrupta e apresenta uma grande variabilidade individual As quatro etapas ou estágios que Piaget identificou são os seguintes: Estágio sensório-motor (0-2 anos aprox.) O bebê interage com seu entorno através dos sentidos e das ações motrizes que realiza através de seu corpo. A repetição dos reflexos inatos permite que ele interaja com seu corpo, inicialmente, e com o exterior, posteriormente, através dos sentidos e de ações concretas. Começa a criar os primeiros esquemas internos para estruturar os aprendizados que vai adquirindo do mundo que o rodeia. Estágio pré-operacional (2-7 anos) Nesta etapa inicia-se uma integração mental de todas as ações/reações realizadas no período anterior. Deste modo, começa a abstrair toda esta informação, criando esquemas mentais que permitem à criança ir desenvolvendo a linguagem e os jogos simbólicos (utilizando gestos, palavras, números e imagens). O egocentrismo segue presente nesta etapa, mas pouco a pouco vai evoluindo para uma abertura até o outro. Estágio das operações concretas (7-11 anos) Neste estágio os processos de racionalização tornam-se lógicos e podem ser aplicados para solucionar problemas concretos. Alguns dos processos 21 cognitivos que se desenvolvem neste período são a seriação, o ordenamento mental de conjuntos e a classificação dos conceitos de casualidade, espaço, tempo e velocidade. A nível social, as crianças já dispõem de desenvolvimento maduro o suficiente para interagir socialmente e são precisamente suas novas estruturas lógicas que permitem a elas solucionar problemas sociais concretos. O egocentrismo da etapa anterior, vai transformando-se em um comportamento cada vez mais empático. Estágio das operações formais (a partir dos 11 anos) De acordo com a teoria de Piaget, nesta etapa, que continua durante toda a vida adulta, os adolescentes já são capazes de realizar abstrações de problemas concretos e utilizá-los em racionalizações lógicas indutivas e dedutivas. Isto permite que eles desenvolvam, de maneira mais profunda, a percepção de si mesmos, dos outros e do mundo, o que os leva a se interessarem e desenvolver os valores morais. Apesar das críticas feitas posteriormente à teoria de Piaget, e sem desconsiderá-las, vale ressaltar que ela gerou uma mudança de paradigma no que diz respeito à aprendizagem que as crianças têm de suas experiências de vida. Comparado com a passividade que era atribuída a elas, sendo modeladas unicamente através de sua relação com o ambiente ou condicionadas exclusivamente por seus atributos genéticos, Piaget introduziu um modelo inovador que integra ambas as influências. Sua abordagem da criança como agente ativa de sua aprendizagem e a descrição de seus estágios iluminaram a pedagogia, que orientou boa parte das aplicações educativas realizadas a partir deste momento. Sendo assim, nunca devemos baixar a guarda; e revisar e repensar as teorias e aplicações são uma parte primordial do processo educativo para garantir a nossos filhos uma educação com cada vez mais qualidade. 22 2.2 Alfabetização: O Desenvolvimento Cognitivo Segundo Piaget O trabalho desenvolvido por Piaget, ao longo de aproximadamente 50 anos, revelou-se em substancial estudo a respeito do desenvolvimento infantil, contribuindo para diversos campos que na atualidade usufruem de suas pesquisas. Na área educacional Piaget demarcou época, suas obras alicerçam nossos trabalhos e suplementam nossa prática em sala de aula, tendo elas 23 lançado termos e enfatizado expressões chaves do desenvolvimento cognitivo que as caracterizam. Recorremos, portanto, a Piaget para conhecermos um pouco mais as características padrões da evolução mental infantil, enfocando, especialmente, os primeiros dois anos de vida, classificados como período sensório-motor e subdividido em três estágios: I – Dos Reflexos; II – Da Organização das Percepções e Hábitos e III – Da Inteligência Sensório-Motor. Dos Reflexos – A vida inicial do bebê sintetiza-se nos reflexos, nos impulsos instintivos acionados pela fome, voz da mãe, dor, sensações prazerosas, sono, sensações táteis, etc. Antecipando a presença de uma atividade, sensório-motor. Um dos reflexos que se destacam é o da sucção, sendo sua função principal tornar-se um instrumento, por intermédio do qual a criança toma conhecimento do seu mundo material externo. Ela experimenta sabores, texturas, sensações táteis, levando para o cérebro informações importantes para a construção de seu conhecimento futuro. É como a construção de um quebra-cabeça que se inicia nesta experimentação e vai sendo composto quando outras funções orgânicas já estiverem desenvolvidas. É ponto comum entre as mães saberem e afirmarem que seus filhos recorrem à boca para colocarem os objetos que estão ao seu alcance, sugando- os. Essa é a forma do bebê sentir, perceber, conhecer, degustar, provar... Essa capacidade cognitiva desenvolve-se antes mesmo de a criança poder enxergar ou manusear com precisão. Das Organizações das Percepções e Hábitos - Após utilizar seus reflexos e aperfeiçoá-los em função das suas necessidades, o bebê inicia uma fase mais complexa de assimilação. É quando chega o momento de organizar suas percepções, compreendendo um pouco mais do que ocorre exteriormente. Assim, a partir da quinta semana, aproximadamente, o bebê começa a sorrir e a reconhecer pessoas mais próximas. Embora isso não indique ainda que essa evolução no comportamento faça parte da noção de dissociação do ambiente exterior ao seu “eu”. 24 Nessa fase o bebê ainda percebe-se sendo parte de um todo e não algo dissociado do ambiente que o cerca. Este estágio chega ao fim e é visualizado quando o bebê consegue pegar objetos do seu interesse, conquistando a capacidade de preensão e manipulação. Pode-se dizer, então, que ele está apto a organizar novos hábitos. 2.3 A brincadeira no desenvolvimento cognitivo da criança na pedagogia romântica de Fröebel Muito influenciadas pelo naturalismo pedagógico de Rousseau, como descrito por Soto e Bernardini (1984), além de serem guardas florestais, essas duas influências em Fröebel marcaram uma marca indelével no papel da brincadeira na educação das crianças em sua idade. pré-escola, "como um jardim que acolhe belas flores", uma metáfora que o levou a criar e descobrir o sistema educacional e o método do jardim de infância, em 1848. Na era romântica, na cidade de Mariental, Na Alemanha, foi criado o primeiro centro educacional "jardins de infância". A pedagogia lúdica de Fröebel pode ser resumida da seguinte forma, citando Soto e Bernardini: - O objetivo geral da educação é “desenvolver e aprofundar o que foi dito no homem, e o divino é a criatividade; há, portanto, um reflexo de Deus na criança que brinca” (51). Assim, a criança que brinca reflete o caráter divino da criatividade. 25 - A definição da faculdade lúdica da criança, decorrente desse grande objetivo pedagógico, é a seguinte: “o jogo é o maior grau de desenvolvimento da criança nesta época (como em Rousseau, por ser a manifestação livre e espontânea do interior (sua jurisdição interna), a manifestação do interior exigida pelo próprio interior, de acordo com o significado próprio da voz do jogo ”(51). - Neste momento de existência (crianças em idade pré-escolar), o jogo é o testemunho mais eloquente de inteligência; Portanto, é o modelo e a imagem quintessencial da vida, é comparável a Deus, que "brinca cria". Foi Nietzsche quem disse essas palavras, referindo-se à "metamorfose do espírito, o leão se torna criança, e isso é inocência, esquecimento, um novo princípio, um jogo, umaroda que se põe, uma caminhada, um santo para dizer que sim”. “.. é por isso que o jogo cria alegria, liberdade, satisfação, paz consigo mesmo e com os outros, paz com o mundo: o jogo é, em suma, a origem dos maiores bens. 2.4 A brincadeira no desenvolvimento cognitivo da criança na pedagogia romântica de Montessori A diversão para esse grande educador italiano começa com a descoberta e o ensino da liberdade, entendida como auto-responsabilidade ou "disciplina ativa"; antes, como “saber impor uma norma de vida voltada para a perfeição e saber segui-la” (Soto e Bernardini, 1984: 187). Liberdade também significa "... 26 dar o máximo que alguém é capaz de contribuir para um trabalho comum, a fim de exercer suas próprias forças internas" (Soto e Bernardini, 1984: 187). Por fim, para Montessori, liberdade é sinônimo de disciplina para a atividade; quando a criança cresce, essa atividade se traduz em trabalho, mas essa disciplina ativa na criança é uma atividade lúdica e inclui os seguintes aspectos: 1. Na “Casa das Crianças”, estas serão ensinadas com muito boas intenções por adultos; havia prateleiras abertas oferecidas por adultos para que a criança tivesse acesso. Esses pequenos livros eram um material didático para brincar. 2. O material didático continha objetos muito diferentes: sólidos geométricos para introduzi-lo no conhecimento científico. 3. O material didático também incluía botões que deveriam ser feitos para passar pelos ilhós; amostras de lã em diferentes tons de cores; caixas para aprender a diferenciar sons, tecidos de diferentes texturas, etc. com o objetivo de que a criança aprenda brincando no mundo da arte e, dessa forma, apresentá-la ao trabalho requintado. 4. Objetos da vida cotidiana: pequenas vassouras, ferros, limpadores de sapatos, para que a criança aprenda a trabalhar e a ser independente. 5. Com o jogo didático e aplicando disciplina ativa, a criança acordou cognitivamente por meio da educação sensorial. “Por esse motivo, o ponto de partida de todo o seu ensino é a educação sensorial. O refinamento sensorial também será o primeiro passo para uma educação estética”(Soto e Bernardini, 1984: 189). 27 Síntese: a criança que aprende pela ludicidade Mas como o jogo influencia o desenvolvimento cognitivo da criança? A atividade recreativa gratuita é projetada para formas ou presentes geométricos, cuja importância será uma base científica para o desenvolvimento cognitivo da criança, incluindo suas sensações, tanto em Fröebel quanto em Montseessori, uma vez que se tratava de estimular integralmente desenvolvimento mental com A aprendizagem. As formas, as cores, o conceito de unidade e multiplicidade nascido do princípio do brinquedo educacional, proposto por Fröebel, uma vez que, segundo Soto e Bernardini "... ... Uma intuição filosófica e religiosa-panteísta também presidiu a fabricação do" presentes ”: eles deveriam representar os mimos primordiais nos quais o dinamismo divino da natureza se manifestava” (Soto e Bernarini, 1984: 189). Os últimos quatro presentes estão diretamente relacionados à inteligência, no sentido de que a criança precisa “construir e destruir”, brincando com objetos da seguinte maneira, de acordo com a tese de Fröebel: 1. Um objeto de madeira em forma de cubo que se divide em paralelepípedos iguais. 2. Um cubo dividido em vinte e sete pequenos pedaços, alguns dos quais são divididos na diagonal. 28 3. Um cubo dividido em vinte e sete paralelepípedos ou tijolos. 4. Com esses “presentes” ou “objetos”, a criança deve brincar com um duplo objetivo, como já indicamos; aplicando o princípio do brinquedo infantil, a criança deve originalmente construir, destruir e procurar novas formas, de acordo com o movimento interior e exterior de sua personalidade (Soto e Bernardini, 1984: 53). 5. No jardim de infância, foi ensinado a brincar com esses “presentes: exercícios de canto, jardinagem, desenho, trança. Tecelagem, dobragem, corte, construção com paus e bolas, modelagem”etc. (Soto e Bernardini, 1984: 53). 6 As críticas que Soto e Bernardini (1984: 53) fazem à pedagogia lúdica de Fröebel estão no raciocínio: “elas decaem em geometria e mecanismo, ao mesmo tempo que a “intenção” de uma atividade recreativa livre e criativa é transformada em uma atitude excessivamente “direta” e também intelectual. Papert diz, sintetizando o pensamento de seu professor: “... Piaget enfatizou a importância, para o desenvolvimento intelectual, da capacidade de refletir sobre seu próprio pensamento. Tudo sugere que esse paradoxo matemático do qual Papert fala se refere à estrutura epistemológica da criança, sua estrutura mental estritamente científica; isto é, Piaget, através de seu pensamento epistemológico, contribuiu muito para o desenvolvimento da aprendizagem infantil, na teoria da aprendizagem baseada no conhecimento de como as crianças aprendem, especialmente na matemática. 29 3. APRENDIZAGEM E SISTEMA NERVOSO Ao nascer, o ser humano apresenta algumas estruturas já prontas e definidas, como a cor dos olhos, do cabelo e o sexo. Porém, nessa fase, algumas estruturas ainda estão se desenvolvendo, como o sistema nervoso, composto por um conjunto de órgãos que têm em comum a função de integrar e regular o funcionamento do corpo. Esse processo é modificado por meio da aprendizagem e do conhecimento. Os anos iniciais da vida do indivíduo são cruciais para o desenvolvimento do córtex cerebral, substância cinzenta que reveste o cérebro, presente desde o nascimento do indivíduo, porém, de forma rudimentar. Portanto, é importante oferecer uma boa educação e hábitos saudáveis para a criança, pois certamente isso irá contribuir para o bom desenvolvimento de certas estruturas do sistema nervoso. Na medida em que o indivíduo aprende e adquire novos conhecimentos, seu sistema nervoso sofre alterações. As experiências não são apenas armazenadas, já que elas mudam a percepção do indivíduo, seu comportamento, modo de pensar e planejar, além de transformar fisicamente a estrutura do sistema nervoso. Assim, se, por exemplo, uma pessoa lê bastante e obtém muito conhecimento, ela poderá passar a apresentar um comportamento diferenciado de quando não tinha o hábito da leitura. 30 Formas de aprendizagem A aprendizagem é dividida em quatro formas básicas. Aprendizagem perceptiva A aprendizagem perceptiva envolve o córtex sensorial, recebendo informações táteis do corpo. A percepção pode ser considerada como um conjunto de processos pelos quais o indivíduo mantém contato com o ambiente. O estudo da aprendizagem perceptiva é fundamental para a compreensão das experiências vivenciadas pelos seres humanos, pois a maneira de perceber o ambiente tem uma profunda ligação com a essência de cada indivíduo. Aprendizagem estímulo-resposta A aprendizagem estímulo-resposta também pode ser chamada de reflexo condicionado. Para exemplificar esse tipo de aprendizagem é possível citar o resultado da experiência de Pavlov com um cão. Nela, a visualização de um pedaço de carne sempre provocava uma salivação no animal. Logo, nesse caso, a carne atuava como estímulo para que o cachorro se manifestasse por meio da salivação. 31 Numa segunda parte do experimento, era tocada uma campainha, e seu som gerava uma reação de orientação no cachorro. Ao ouvi-lo, o animal simplesmente olhava e virava a cabeça na tentativa de descobrir a origem daquele estímulo sonoro. Quando a campainha era tocada, e logo depois a carne era exibida ao cão, e essas duas ações eram repetidas algumas vezes, num dado momento, o simples tocar da campainha era suficiente para que o cão salivasse e preparasse seu trato digestivo para receber a carne. Assim, a campainha era um sinal de que a carne surgiria logo em seguida.Esse exemplo ilustra bem o que é a aprendizagem estímulo-resposta. Aprendizagem motora A aprendizagem motora é vinculada a habilidades motoras desenvolvidas nas mais variadas situações. A partir do momento em que, por exemplo, o indivíduo estuda um determinado instrumento musical, como o violino, ele passa a adquirir cada vez mais habilidades motoras necessárias para tocá-lo. Esse tipo de aprendizagem também possui elo com a aprendizagem estímulo-resposta. Em outras palavras, quanto mais o indivíduo pratica, mais habilidoso ele se torna. Orientação sensorial A orientação sensorial está preponderantemente vinculada ao próprio senso de espaço e distância, e relacionada à aprendizagem motora. No basquete, por exemplo, o jogador precisa ter uma noção espacial e deduzir a qual distância ele deve arremessar a bola com o intuito de fazê-la cair na cesta. Aprendizagem relacional A aprendizagem relacional está vinculada à interação mantida com o meio ambiente. Ao visualizar uma maçã, o indivíduo poderá decidir de acordo com o estado da fruta, se ele irá ou não consumi-la. Às vezes, as pessoas erram, pois a maçã está azeda ou com seu interior apodrecido. Em outras ocasiões é possível acertar e comer uma fruta saborosa. O ato de pegar a maçã e mordê-la são características de interações diretas com o ambiente. A interação com a fruta proporcionará ao indivíduo o 32 aprendizado necessário para que ele saiba em quais condições a maçã estará propícia para o consumo. Logo, as próprias consequências das ações ensinam a observar e realizar ajustes de acordo com o ambiente. O aprendizado, nesses casos, consiste exatamente em descobrir como estabelecer relações com o meio ambiente para que seja possível tirar conclusões vinculadas a essas interações. A aprendizagem relacional estabelece a recuperação das memórias ligadas a eventos. Isso significa que, a partir do momento em que o indivíduo passa por determinada experiência ou a relaciona com algo, esse evento poderá acabar sendo recuperado pela memória todas as vezes em que ele se deparar com uma situação correlacionada. Por isso, a aprendizagem relacional é extremamente útil no que tange à consolidação da memória. 3.1 Os 4 estágios da aprendizagem 1) Incompetência subconsciente Sempre que o indivíduo começa a aprender uma nova habilidade, ele entra em uma fase chamada de incompetência subconsciente. Essa etapa é caracterizada pelo fato de nem o subconsciente ter ideia do que ele está fazendo. Um exemplo que ilustra bem essa fase ocorre quando alguém está começando a aprender a andar de bicicleta. Neste momento, o indivíduo não faz ideia do que é necessário para andar de bicicleta. Ele pode pensar sobre o equilíbrio e a velocidade de deslocamento, por exemplo. Porém, o fato é que ele só saberá realmente o que é necessário para manter o equilíbrio em uma bicicleta quando começar a movimentá-la. 2) Incompetência consciente Nesse ponto, o indivíduo sai da fase de incompetência subconsciente e chega a de incompetência consciente, que é quando seu consciente tem noção de que ele não sabe muito sobre aquela habilidade, e precisa treiná-la mais. 33 3) Competência consciente Ao começar a treinar, o indivíduo começa a ganhar competência consciente, e mesmo que ele ainda não seja o melhor do mundo ao executar aquela tarefa, ele já sabe o que está fazendo. 4) Competência subconsciente Com muito treino é possível alcançar um estado elevado de compreensão de uma nova habilidade. Neste ponto, surge a fase de competência subconsciente, que é quando aquele comportamento se tornou um hábito natural para o indivíduo, a ponto dele realizá-lo de forma quase automática. Como estimular a cognição Estimular a cognição consiste em trabalhar as funções do cérebro relacionadas à percepção, sensação e resolução de conflitos e problemas. A estimulação do cérebro deve começar na infância e perdurar até o fim da vida. No entanto, na maioria dos casos esse processo é super valorizado apenas na infância, e ao chegar à vida adulta, muitos acabam deixando de realizar algumas atividades de aprimoramento das habilidades cognitivas. A estimulação cognitiva pode ser realizada diariamente e de uma forma muito simples. Grande parte das pessoas está habituada a receber diversas informações prontas, deixando o estímulo cerebral em segundo plano. De qualquer modo, a estimulação cognitiva pode ocorrer através da realização de diversas atividades, como: Leitura; Jogos de palavras-cruzadas; Sudoku; Ouvir músicas em idiomas diferentes e tentar traduzi-las; Efetuar contas sem o auxílio de calculadoras. 34 3.2 Deficiência intelectual ou atraso cognitivo Deficiência intelectual ou atraso cognitivo é um termo que se usa quando uma pessoa apresenta certas limitações no seu funcionamento intelectual, para aquisição da aprendizagem e no desempenho de tarefas como as de comunicação, cuidado pessoal e de relacionamento social. Estas limitações provocam uma maior lentidão na aprendizagem e no desenvolvimento dessas pessoas. As crianças com atraso cognitivo podem precisar de mais tempo para aprender a falar, a caminhar e a aprender as competências necessárias para cuidar de si, tal como vestir-se ou comer com autonomia. É natural que enfrentem dificuldades na escola. No entanto aprenderão, mas necessitarão de mais tempo. É possível que algumas crianças não consigam aprender algumas coisas como qualquer pessoa que também não consegue aprender tudo. Quais são as causas da Deficiência Intelectual ou Atraso Cognitivo? 35 Os investigadores encontraram muitas causas da deficiência intelectual, as mais comuns são: Condições genéticas: Por vezes, o atraso mental é causado por genes anormais herdados dos pais, por erros ou acidentes produzidos na altura em que os genes se combinam uns com os outros, ou ainda por outras razões de natureza genética. Alguns exemplos de condições genéticas propiciadoras do desenvolvimento de uma deficiência intelectual incluem a síndrome de Down ou a fenilcetonúria. Problemas durante a gravidez: O atraso cognitivo pode resultar de um desenvolvimento inapropriado do embrião ou do feto durante a gravidez. Por exemplo, pode acontecer que, a quando da divisão das células, surjam problemas que afetem o desenvolvimento da criança. Uma mulher alcoólica ou que contraia uma infecção durante a gravidez, como a rubéola, por exemplo, pode também ter uma criança com problemas de desenvolvimento mental. Problemas ao nascer: Se o bebê tem problemas durante o parto, como, por exemplo, se não recebe oxigênio suficiente, pode também acontecer que venha a ter problemas de desenvolvimento mental. Problemas de saúde: Algumas doenças, como o sarampo ou a meningite podem estar na origem de uma deficiência mental, sobretudo se não forem tomados todos os cuidados de saúde necessários. A mal nutrição extrema ou a exposição a venenos como o mercúrio ou o chumbo podem também originar problemas graves para o desenvolvimento mental das crianças. Nenhuma destas causas produz, por si só, uma deficiência intelectual. No entanto, constituem riscos, uns mais sérios outros menos, que convém evitar tanto quanto possível. Por exemplo, uma doença como a meningite não provoca forçosamente um atraso intelectual; o consumo excessivo de álcool durante a gravidez também não; todavia, constituem riscos demasiados graves para que não se procure todos os cuidados de saúde necessários para combater a doença, ou para que não se evite o consumo de álcool durante a gravidez. A deficiência intelectual não é uma doença. Não pode ser contraída a partir do contágio com outras pessoas, nem o convívio com um deficiente 36 intelectual provoca qualquer prejuízo em pessoas normal típicas. O atraso cognitivo não é uma doença mental (sofrimentopsíquico), como a depressão, esquizofrenia, por exemplo. Não sendo uma doença, também não faz sentido procurar ou esperar uma cura para a deficiência intelectual. A grande maioria das crianças com deficiência intelectual consegue aprender e fazer muitas coisas úteis para a sua família, escola, sociedade e todas elas aprendem algo para sua utilidade e bem-estar da comunidade em que vivem. Para isso precisam de mais tempo, manejos adequados e de apoios para lograrem sucesso. Como se faz o diagnóstico da Deficiência Intelectual ou Atraso Cognitivo? A deficiência intelectual ou atraso cognitivo diagnostica-se, observando duas coisas: A capacidade do cérebro da pessoa para aprender, pensar, resolver problemas, encontrar um sentido do mundo, uma inteligência do mundo que as rodeia (a esta capacidade chama-se funcionamento cognitivo ou funcionamento intelectual) A competência necessária para viver com autonomia e independência na comunidade em que se insere (a esta competência também se chama comportamento adaptativo ou funcionamento adaptativo). Enquanto o diagnóstico do funcionamento cognitivo é normalmente realizado por técnicos devidamente habilitados (psicólogos, neurologistas, fonoaudiólogos, etc.), já o funcionamento adaptativo deve ser objeto de observação e análise por parte da família, dos pais e dos educadores que convivem com a criança. Para obter dados a respeito do comportamento adaptativo deve procurar saber-se o que a criança consegue fazer em comparação com crianças da mesma idade cronológica. 37 Certas competências são muito importantes para a organização desse comportamento adaptativo: As competências de vida diária, como vestir-se, tomar banho, comer. As competências de comunicação, como compreender o que se diz e saber responder. As competências sociais com os colegas, com os membros da família e com outros adultos e crianças. Para diagnosticar a Deficiência Intelectual, os profissionais estudam as capacidades intelectuais da pessoa, suas habilidades e competências adaptativas. Estes dois aspectos fazem parte da definição de atraso cognitivo comum, sendo que à maior parte dos cientistas que se dedicam ao estudo da deficiência intelectual utilizam-se destes critérios. O fato de se organizarem serviços de apoio a crianças e jovens com deficiência intelectual, deve-se primeiro proporcionar uma melhor compreensão sobre a situação de funcionamento da criança ou pessoa de quem se diz que tem um atraso cognitivo. Após uma avaliação inicial, devem ser estudadas as potencialidades e as dificuldades que a criança apresenta. Levar em consideração a quantidade e natureza de apoio de que a criança possa necessitar para estar bem em casa, na escola e na comunidade. Esta perspectiva global dá-nos uma visão realista de cada criança. Por outro lado, serve também para reconhecer que a “visão” inicial pode, e muitas vezes devem mudar ou evoluir. À medida que a criança vai crescendo e aprendendo, também a sua capacidade para encontrar o seu lugar no mundo aumenta. Qual é a frequência da Deficiência Intelectual? 38 A maior parte dos estudos aponta para uma frequência de 2% a 3% sobre as crianças com mais de 6 anos. Não é a mesma coisa determinar essa frequência em crianças mais novas ou em adultos. A Administração dos EUA considera o valor de 3% para efeitos de planificação dos apoios a conceder a alunos com atraso cognitivo. Esta percentagem é um valor de referência que merece bastante credibilidade. Mas não é mais do que um valor de referência. Orientação aos Pais: 1. Procure saber mais sobre deficiência intelectual: outros pais, professores e técnicos poderão ajudar. 2. Incentive o seu filho a ser independente: por exemplo, ajude-o a aprender competências de vida diária, tais como: vestir-se, comer sozinho, tomar banho, arrumar-se para sair, manejo de dinheiro, autonomia para fazer tarefas. 3. Atribua-lhe tarefas próprias e de responsabilidade. Tenha sempre em mente a sua idade real, a sua capacidade para manter-se atento e as suas competências. Divida as tarefas em passos pequenos. Por exemplo, se a tarefa do seu filho é a de pôr a mesa, peça-lhe primeiro que escolha o número apropriado de guardanapos; depois, peça-lhe que coloque cada guardanapo no lugar de cada membro da família. Se for necessário, ajude-o em cada passo da tarefa. Nunca o abandone numa situação em que não seja capaz de realizar com sucesso. Se ele não conseguir, demonstre como deve ser. 4. Elogie o seu filho sempre que consiga resolver um problema. Não se esqueça de elogiar também quando o seu filho se limita a observar a forma como se pode resolver a tarefa: ele também realizou algo importante, esteve consigo para que as coisas corram melhor no futuro. 5. Procure saber quais são as competências que o seu filho está aprendendo na escola. Encontre formas de aplicar essas competências em casa. Por exemplo, se o professor lhe está ensinando a usar o dinheiro, leve o seu filho ao supermercado. Ajude-o a reconhecer o dinheiro necessário para pagar as compras. Explique e demonstre sempre como se faz, mesmo 39 que a criança pareça não perceber. Não desista, nem deixe nunca o seu filho numa situação de insucesso, se puder evitar. 6. Procure oportunidades na sua comunidade para que ele possa participar em atividades sociais, por exemplo: escoteiros, os clubes, atividades de desporto. Isso o ajudará a desenvolver competências sociais e a divertir- se. 7. Fale com outros pais que tenham filhos com deficiência intelectual: os pais podem partilhar conselhos práticos e apoio emocional. 8. Não falte às reuniões de escola, em que os professores vão elaborar um plano para responder melhor às necessidades do seu filho. Se a escola não se lembrar de convidar os pais, mostre a sua vontade em participar na resolução dos problemas. Não desista nunca de oferecer ajuda aos professores para que conheçam melhor o seu filho. Pergunte também aos professores como é que pode apoiar a aprendizagem escolar do seu filho em casa. Orientação aos Professores: 1. Aprenda tudo o que puder sobre deficiência intelectual. Procure quem possa aconselhar na busca de bibliografia adequada ou utilize bibliotecas, internet, etc. 2. Reconheça que o seu empenho pode fazer uma grande diferença na vida de um aluno com deficiência ou sem deficiência. Procure saber quais são as potencialidades e interesses do aluno e concentre todos os seus esforços no seu desenvolvimento. Proporcione oportunidades de sucesso. 3. Participe ativamente na elaboração do Plano Individual de Ensino do aluno e Plano Educativo. Este plano contém as metas educativas, que se espera que o aluno venha a alcançar, e define responsabilidades da escola e de serviços externos para a boa condução do plano. 40 4. Seja tão concreto quanto possível para tornar a aprendizagem vivenciada. Demonstre o que pretende dizer. Não se limite a dar instruções verbais. Algumas instruções verbais devem ser acompanhadas de uma imagem de suporte, desenhos, cartazes. Mas também não se limite a apoiar as mensagens verbais com imagens. Sempre que necessário e possível, proporcione ao aluno materiais e experiências práticas e oportunidade de experimentar as coisas. 5. Divida as tarefas novas em passos pequenos. Demonstre como se realiza cada um desses passos. Proporcione ajuda, na justa medida da necessidade do aluno. Não deixe que o aluno abandone a tarefa numa situação de insucesso. Se for necessário, solicite ao aluno que seja ele a ajudar o professor a resolver o problema. Partilhe com o aluno o prazer de encontrar uma solução. 6. Acompanhe a realização de cada passo de uma tarefa com comentários imediatos e úteis para o prosseguimento da atividade. 7. Desenvolva no aluno competências de vida diária, competênciassociais e de exploração e consciência do mundo envolvente. Incentive o aluno a participar em atividades de grupo e nas organizações da escola. 8. Trabalhe com os pais para elaborar e levar a cabo um plano educativo que respeite as necessidades do aluno. 9. Partilhe regularmente informações sobre a situação do aluno na escola e em casa. Que expectativas de futuro têm as crianças com Deficiência Intelectual? Sabemos atualmente que 87% das crianças com deficiência intelectual só serão um pouco mais lentas do que a maioria das outras crianças na aprendizagem e aquisição de novas competências. Muitas vezes é mesmo difícil distingui-las de outras crianças com problemas de aprendizagem sem deficiência intelectual, sobretudo nos primeiros anos de escola. O que distingue umas das outras é o fato de que o deficiente intelectual não deixa de realizar e consolidar 41 aprendizagens, mesmo quando ainda não possui as competências adequadas para integrá-las harmoniosamente no conjunto dos seus conhecimentos. Daqui resulta não um atraso simples que o tempo e a experiência ajudarão a compensar, mas um processo diferente de compreender o mundo. Essa diferente compreensão do mundo não deixa, por isso, de ser inteligente e mesmo muito adequada à resolução de inúmeros problemas do quotidiano. È possível que as suas limitações não sejam muito visíveis nos primeiros anos da infância. Mais tarde, na vida adulta, pode também acontecer que consigam levar uma vida bastante independente e responsável. Na verdade, as limitações serão visíveis em função das tarefas que lhes sejam pedidas. Os restantes 13% terão muito mais dificuldades na escola, na sua vida familiar e comunitária. Uma pessoa com atraso mais severo necessitará de um apoio mais intensivo durante toda a sua vida. Todas as pessoas com deficiência intelectual são capazes de crescer, aprender e desenvolver-se. Com a ajuda adequada, todas as crianças com deficiência intelectual podem viver de forma satisfatória a sua vida adulta. Que expectativas de futuro têm as crianças com Deficiência Intelectual na Escola? Uma criança com deficiência intelectual pode obter resultados escolares muito interessantes. Mas nem sempre a adequação do currículo funcional ou individual às necessidades da criança exige meios adicionais muito distintos dos que devem ser providenciados a todos os alunos, sem exceção. Antes de ir para a escola e até aos três anos, a criança deve beneficiar de um sistema de intervenção precoce. Os educadores e outros técnicos do serviço de intervenção precoce devem pôr em prática um Plano Individual de Apoio à Família. Este plano define as necessidades individuais e únicas da criança. Define também o tipo de apoio para responder a essas necessidades. Por outro lado, enquadra as necessidades da criança nas necessidades individuais e únicas da família, para que os pais e outros elementos da família saibam como ajudar a criança. 42 Quando a criança ingressa na Educação Infantil e depois no Ensino Fundamental, os educadores em parceria com a família devem por em prática um programa educativo que responda às necessidades individuais e únicas da criança. Este programa é em tudo idêntico ao anterior, só que ajustado à idade da criança e à sua inclusão no meio escolar. Define as necessidades do aluno e os tipos de apoio escolar e extraescolar. 43 CONCLUSÃO A aprendizagem é uma mudança de comportamento, assimilações e informações nas quais o sentido de aprender não é impor barreiras e limites para a criatividade e disponibilidade de cada ser. O desenvolvimento de uma boa aprendizagem é a integração de aspectos: afetivo, físico, emocional, social e intelectual do aprendiz, ocasionando uma motivação interna e construindo o conhecimento a todo o momento. O desenvolvimento cognitivo seria o processo pelo qual o ser humano obtém conhecimento, através de sua interação com o meio que o rodeia. Segundo a teoria de Piaget, este processo se dá através das várias etapas evolutivas que vão se sucedendo no ser humano, desde seu nascimento até a fase adulta. O aprender significa também “perder” algo velho, mas utilizando-o para construir o novo, é o reconhecimento da passagem do tempo, do processo construtivo, o qual remete necessariamente, à autoria. Aprender é historiar-se, pois, sem esse sujeito ativo e autor que significa o mundo, aprendizagem será apenas uma tentativa de cópia. Para aprender precisamos entender e analisar a relação entre futuro e passado, assim entenderemos todo o processo de aprendizagem, ou seja, o sujeito tem que ser biógrafo de sua história. Concluímos que a aprendizagem é uma mudança de comportamento, assimilações e informações nas quais o sentido de aprender não é impor barreiras e limites para a criatividade e disponibilidade de cada ser. O desenvolvimento de uma boa aprendizagem é a integração de aspectos: afetivo, físico, emocional, social e intelectual do aprendiz, ocasionando uma motivação interna e construindo o conhecimento a todo o momento. 44 REFERÊNCIA FERNANDES, A. OS IDIOMAS DO APRENDENTE. SÃO PAULO: ARTMED, 2001. PAIN, S. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DOS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM. PORTO ALEGRE: ARTMED, 1985. PIAGET, J. A PSICOLOGIA. 2. ED. LISBOA: LIVRARIA BERTRAND, 1973 ABBAGNANO, NICOLA. (1994). HISTÓRIA DA FILOSOFIA I. BARCELONA: HORA. (1977). DICIONÁRIO DE FILOSOFIA. MÉXICO: FUNDO DE CULTURA ECONÔMICA. BATTRO, A. (1975). 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RUSSELL, BERTRAND. (1977). CONHECIMENTO HUMANO NÃO MADRI: TOURO. 45 SOTO, JOSÉ A. E AMALIA BERNARDINI. (1984). A EDUCAÇÃO EM SUAS FONTES FILOSÓFICAS. SAN JOSÉ: EUNED. VYGOTSKY, LEV S. (2000). O DESENVOLVIMENTO DE PROCESSOS PSICOLÓGICOS SUPERIORES. BARCELONA: CRÍTICA. FERNANDES, A. OS IDIOMAS DO APRENDENTE. SÃO PAULO: ARTMED, 2001. PAIN, S. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DOS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM. PORTO ALEGRE: ARTMED, 1985. PIAGET, J. A PSICOLOGIA. 2. ED. LISBOA: LIVRARIA BERTRAND, 1973.