Buscar

Prévia do material em texto

CONTABILIDADE 
SOCIAL
Luciane Rosa de Oliveira 
Finanças públicas: 
conceitos e medidas 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Conceituar finanças públicas.
 � Identificar os principais instrumentos das finanças públicas brasileiras. 
 � Relacionar despesa pública com investimento público.
Introdução
Neste capítulo, você vai entender como funcionam as finanças públicas. 
Além de o governo ter responsabilidade em vários setores, como saúde, 
educação e segurança, ainda possui algumas empresas, como a Petrobras, 
o Banco do Brasil, entre outras. 
Dessa forma, o Estado possui funções, como a alocativa, distributiva 
e estabilizadora. A partir dessas funções, você poderá identificar os ins-
trumentos das finanças públicas e ainda entender como as despesas se 
relacionam com o investimento público. 
O que são finanças públicas?
A finança pública analisa e organiza a atividade financeira do Estado, que é 
responsável por setores, como saúde, educação e segurança, os quais geram 
despesas e gastos. Assim, o Estado, para manter essas atividades, precisa 
de recursos. Para isso, arrecada tributos que geram receitas, que podem ser 
impostos, taxas e contribuições, aplicando esses recursos na realização de 
programas, obras de infraestrutura e serviços básicos para sociedade, como 
saúde e educação (LIMA, 2015).
Essa atividade financeira de receitas e despesas gera um grande impacto 
na economia, mas a administração dos recursos públicos é norteada pelas 
funções do Estado. Dessa forma, Richard Musgrave (1974) propôs que o 
Estado moderno possui três funções modernas específicas: 
Função alocativa — É uma forma de interferência do Estado no funciona-
mento do sistema econômico. Esses sistemas econômicos são as relações 
de geração de renda, consumo e trabalho (empresas, consumidores, terras, 
trabalho, entre outros), ou seja, tudo o que é necessário para a produção de 
bens e serviços. O Estado altera o funcionamento do sistema para prover à 
sociedade um determinado bem ou serviço que a população precisa, podendo 
ser a construção de um imóvel ou ainda a criação de uma empresa para atender 
a uma necessidade.
São exemplos da função alocativa a construção de um hospital em determinado 
município pelo Governo Federal ou ainda a construção de uma creche. 
Outro exemplo é oferecer um produto ou serviço por meio das empresas estatais 
ou de economia mista. Essas empresas são criadas para atender a essa demanda, por 
exemplo, os Correios, que levam uma encomenda em qualquer lugar do Brasil, ou ainda 
a Petrobras, que distribui combustíveis para todo o território nacional (LIMA, 2015).
Função distributiva — O Estado interfere no funcionamento da economia, 
como acontece na distribuição da renda, por meio da tributação (mais imposto 
de quem recebe mais, como, por exemplo, o Imposto de Renda) e de programas 
de transferência de renda. É a forma pela qual o governo busca a redução das 
desigualdades de renda entre as diferentes camadas sociais ou regiões do 
País. Um exemplo da função distributiva no Brasil é o Imposto de Renda, que 
possui alíquotas diferenciadas dependendo do salário da pessoa. Assim, no 
ano de 2018, quem recebia até R$ 1.903,98 era isento de pagar imposto, mas, 
à medida que aumenta o salário, sua alíquota de imposto de renda também 
aumenta, chegando até a 27,5% da renda do contribuinte, conforme Quadro 1. 
Outra forma da função distributiva é o Programa Bolsa Família, que visa a 
distribuição de renda (BACHA; SCHWARTZMAN, 2011). 
Finanças públicas: conceitos e medidas2
Base de cálculo 
mensal (R$)
Alíquota (%) Parcela a deduzir 
do imposto (R$)
De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80
De 2.826,66 até 3.751,05 15,0 354,80
De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13
Acima de 4.664,68 27,5 869,36
Quadro 1. Tabela do Imposto de Renda Retido na Fonte de 2018
Função estabilizadora — Para realizar o controle do ciclo econômico, o Estado 
intervém em momentos de crise ou aumenta a inflação. Também interfere no 
mercado, por exemplo, quando há um crescente desemprego ou ainda reduz 
impostos (políticas fiscais ou monetárias).
De 2012 a 2014, o Governo Federal, com a então presidenta Dilma Rousseff, realizou 
uma diminuição do Imposto de Produtos Industrializados (IPI) em produtos como 
geladeiras, eletrodomésticos e também automóveis, o que resultou em um aqueci-
mento econômico (BRASIL, 2017).
Dessa forma, as funções do Estado são:
 � alocativa;
 � distributiva;
 � estabilizadora.
Principais instrumentos das finanças públicas
O principal instrumento para análise das finanças públicas é o orçamento 
público, que é feito anualmente visando à alocação de recursos para evitar 
gastos desnecessários e trazer um retorno à sociedade com relação aos seus 
3Finanças públicas: conceitos e medidas
impostos. Dessa forma, Lima (2015) afirma que, no momento em que é feito 
o orçamento público, são seguidas várias regras, relacionadas à atuação dos 
diversos participantes desse processo, à forma, às restrições dos gastos e às 
exigências de publicidade e legais, seguindo fundamentos e princípios.
A Lei Orçamentária pode ser considerada a segunda lei mais importante 
para o gestor, perdendo apenas para a Constituição Federal brasileira, pois a lei 
orçamentária irá ordenar como devem ser alocados os recursos de um ano para 
o outro, com recursos definidos em cada área de atuação, demonstrando, assim, 
como serão feitas, de forma efetiva, as ações governamentais (LIMA, 2015). 
Ainda com relação ao processo para elaboração do orçamento anual, no 
caso da União, Lima (2015) pontua que, devido à pluralidade de seguimen-
tos, as ações devem ser tomadas por razões políticas, assim, a elaboração 
do orçamento é marcada por conflitos entre ministérios e secretarias para 
distribuição e alocação dos recursos. 
A organização do orçamento é aprovada por meio da Lei Orçamentária Anual (LOA), 
que possui diretrizes da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que segue o Plano 
Plurianual (PPA). Em âmbito federal, a Secretaria de Orçamento Federal formalmente 
coordena e organiza a elaboração da LDO e do orçamento federal, sendo que o 
PPA e seus anexos (Anexo de Metas e Prioridades da LDO) são de competência da 
Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos, vinculada ao Ministério do 
Planejamento (LIMA, 2015).
Plano Plurianual 
O PPA é descrito pelo Ministério do Planejamento e Gestão (BRASIL, 2015a) 
como um instrumento destinado a organizar e viabilizar a ação pública, com 
vistas a cumprir os fundamentos e os objetivos do Executivo. Esse plano é 
previsto no art. 165 da Constituição Federal, propondo as políticas públicas 
para o período de quatro anos, por meio de metas para o atingimento das ações 
nas mais diversas áreas, como saúde e educação. 
Finanças públicas: conceitos e medidas4
Lei de Diretrizes Orçamentárias
A LDO (BRASIL, 2015b) é um instrumento anual que estabelece as metas e 
prioridades para o exercício financeiro seguinte, sempre enviadas do Executivo 
para o Legislativo até 31 de agosto. Esse instrumento orienta a elaboração 
do orçamento, dispõe sobre a alteração na legislação tributária e estabelece a 
política de aplicação das agências financeiras de fomento. 
Lei Orçamentária Anual
De acordo com o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão 
(BRASIL, 2015b), a LOA é o projeto no qual o governo define as prioridades 
contidas no PPA e as metas que devem ser atingidas naquele ano, tendo, assim, 
a previsão das despesas e receitas.
Em âmbito nacional, a LOA disciplina todas as ações do Governo Federal, 
sendo que Estados, Distrito Federal e municípios também possuem uma LOA, 
sendo esta proposta pelo Executivo e aprovada pelo Executivo. Dessa forma, 
todas as despesas estão previstas na LOA. 
Em muitos casos, a proposta de lei é mandada para o Legislativo. Caso 
seus membros (no caso do município, os vereadores; no caso dos Estados, os 
deputados estaduais; e, no caso da União, os deputadosfederais) entendam 
que devam ocorrer mudanças e modificações, eles propõem modificações, 
chamadas de emendas. Após a discussão sobre a LOA, esta é votada e, após 
sua aprovação, é devolvida para o Executivo, que a sanciona. 
A tramitação dessas leis ocorre da seguinte forma (LIMA, 2015):
 � o Executivo cria o PPA para quatro anos;
 � o PPA é aprovado pelo Legislativo;
 � o PPA volta para o Executivo, que o sanciona;
 � a LDO é feita, anualmente, para atender ao PPA e é enviada até 31 de 
agosto para aprovação;
 � a LDO é discutida e, depois de aprovada pelo Legislativo, é sancionada 
pelo Executivo;
 � o Executivo propõe a LOA e envia para o Legislativo para atender ao 
disposto na LDO;
 � o Legislativo propõe emendas, discute e aprova, depois encaminha para 
o Executivo para sancionar a lei.
5Finanças públicas: conceitos e medidas
Despesa pública e investimento público
Após a aprovação da LOA, é o momento da execução, sendo que, nesse mo-
mento, são detalhadas as despesas, incluindo os elementos de despesa, que 
objetivam alcançar os objetos de gasto. Dessa forma, na lei orçamentária, 
existe uma classificação que restringe o grupo de natureza de despesa (GND), 
ou seja, o detalhamento é muito menor, só abrangendo seis categorias, sendo 
elas (LIMA, 2015): 
 � pessoal e encargos (GND 1); 
 � juros e encargos da dívida (GND 2); 
 � outras despesas correntes (GND 3); 
 � investimentos (GND 4);
 � inversões financeiras (GND 5);
 � amortização da dívida (GND 6).
Alguns exemplos de despesa são:
 � aposentadorias do regime próprio de previdência (elemento 1); 
 � pensões (elemento 3); 
 � contratação por tempo determinado (elemento 4); 
 � benefício mensal ao deficiente e ao idoso (elemento 6); 
 � contribuição a entidades fechadas de previdência (elemento 7); 
 � salário-família (elemento 9);
 � vencimentos e vantagens fixas — pessoal civil (elemento 11); 
 � vencimentos e vantagens fixas — pessoal militar (elemento 12);
 � diárias — civil (elemento 14);
 � diárias — militar (elemento 15);
 � aquisição de imóveis (elemento 61);
 � sentenças judiciais (elemento 91);
 � aporte para cobertura do déficit atuarial do regime próprio de previ-
dência (elemento 97). 
São 99 elementos segundo a norma em vigor na esfera federal (Portaria In-
terministerial nº 163, de 4 de maio de 2001) (BRASIL, 2001). Tal detalhamento 
é realizado diretamente no sistema de execução orçamentária do Governo 
Federal: o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo 
Federal (Siafi). Os Estados e municípios seguem sistemática própria, mas a 
maior parte adota a classificação federal (LIMA, 2015).
Finanças públicas: conceitos e medidas6
Investimento público
Para Pires (2018), o investimento é o item do gasto público com maior efeito 
multiplicador.
Em 2003, o investimento público federal sofreu um ajuste importante: as despesas 
com manutenção de estradas despencaram e as estatísticas de mortes em estradas 
apresentaram um crescimento expressivo. Por conta disso, nos anos seguintes, o 
governo iniciou uma série de ações para elevar o investimento público e corrigir esse 
equívoco. Assim, nasceram programas como o Projeto Piloto de Investimento (PPI) 
e, posteriormente, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que ajudaram a 
elevar o investimento público no período.
Assim, do ponto de vista de gerenciamento de demanda agregada, o gasto 
deveria ser preservado, o que não ocorre pelo elevado grau de rigidez do or-
çamento e pela não aprovação de reformas. Observando essa questão a partir 
do crescimento de longo prazo, verificamos que é o item do investimento do 
gasto público com maior efeito sobre a produtividade da economia.
Existem divergências relacionadas ao limite gasto pelo Estado e o que pode 
ser considerado um indutor de desenvolvimento econômico. A importância 
do investimento do governo, de forma estratégica, em infraestrutura pode 
influenciar a economia, sendo que esses ativos aumentam o patrimônio líquido 
do governo e geram fluxos de receitas (ORAIR, 2016).
Sob o ponto de vista da economia, quanto maior o investimento público, 
menor a flutuação da economia, auxiliando a diminuição da vulnerabilidade 
em momentos de instabilidade econômica, pois é um condutor de crescimento 
econômico (ORAIR, 2016). A Figura 1 faz uma comparação entre o Produto 
Interno Bruto (PIB) e os investimentos no período de 1947–2017.
7Finanças públicas: conceitos e medidas
Figura 1. Investimento público no Brasil (em % do PIB).
Fonte: Pires (2018, documento on-line).
3,0 3,0
4,5 4,6
5,6
5,0
6,1
6,1
6,8
7,3
10,6
5,8
6,6
6,5
5,1
5,2
4,3
3,5
3,9
3,2
2,4 2,6
2,8
4,0
4,6
2,9
7,3
1,8
19
47
19
49
19
51
19
53
19
55
19
57
19
59
19
61
19
63
19
65
19
67
19
69
19
71
19
73
19
75
19
77
19
79
19
81
19
83
19
85
19
87
19
89
19
91
19
93
19
95
19
97
19
99
20
01
20
03
20
05
20
07
20
09
20
11
20
13
20
15
20
17
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
Sobre os investimentos no período de 1947–2017, Pires (2018, documento 
on-line) apresenta:
Período de 1947–1956 — O investimento público médio é de 3,65% do PIB e 
há um esforço de elevação no final dos anos 1940, mas depois os investimentos 
começam a cair, atingindo 3% do PIB neste último ano.
Período de 1957–1975 — É o período de expansão mais prolongado do in-
vestimento público e que apresenta os maiores valores da série histórica, 
com grandes obras e ampliação da atividade empresarial do setor público. 
Inicialmente, o financiamento desses investimentos foi feito por meio de 
endividamento e do orçamento monetário. Em 1960, no entanto, a expansão 
foi financiada com o aumento da carga tributária, que foi ampliada em 10 
pontos percentuais do PIB entre 1963 e 1970.
Período de 1976–2003 — Ocorre forte queda do investimento público, quando, 
no final dos anos 1990, observam-se os menores valores da série histórica até 
então. Uma parte dessa queda representa uma reversão para a média de valores 
muito elevados nos primeiros anos. A partir dos anos 1980, a crise da dívida 
Finanças públicas: conceitos e medidas8
forçou uma expressiva revisão dos planos de investimento do governo; a partir 
dos anos 1990, prevalece uma nova visão do papel do Estado na economia 
com maior participação do setor privado.
Período de 2004–2014 — Esforço mais recente e sustentado de investimento 
público, que, em média, foi de 3,53% do PIB. Foi o período de criação do PAC 
e da retirada dos investimentos das metas fiscais.
Período de 2015–atual — Período de ajuste fiscal com redução dos investi-
mentos, que atingem os valores mais baixos de toda a série histórica. Em 2017, 
o investimento de todos os entes (inclusive estatais federais) atingiu 1,8% do 
PIB, apenas. No atual contexto, a tendência é que os investimentos continuam 
em patamares muito reduzidos por bastante tempo.
Esses dados demonstram a real situação dos investimentos no Brasil.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Visando a um controle mais efetivo das contas públicas, foi criada uma lei 
abrangente, propondo regras, normas e limites com relação ao gasto público, 
que atende às esferas municipal, estadual e federal e que vale para os três 
poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Essas regras visam a um com-
promisso do Poder Público com a eficiência e eficácia dos gastos públicos. 
Dessa forma, foram fixados limites com os gastos públicos para pagamento 
de pessoal, conforme a Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, no 
Capítulo 19, que determina que (BRASIL, 2000, documento on-line): 
Art. 19 Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a 
despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da 
Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a 
seguir discriminados:
I — União: 50% (cinquenta por cento);
II — Estados: 60% (sessenta por cento);
III — Municípios: 60% (sessenta por cento).
§ 1º Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, não 
serão computadas as despesas:I — de indenização por demissão de servidores ou empregados;
II — relativas a incentivos à demissão voluntária;
III — derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6º do art. 57 da 
Constituição;
9Finanças públicas: conceitos e medidas
IV — decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior 
ao da apuração a que se refere o § 2º do art. 18;
V — com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Roraima, 
custeadas com recursos transferidos pela União na forma dosincisos XIII e 
XIV do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emenda Constitucional nº 19;
VI — com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, custeadas 
por recursos provenientes:
a) da arrecadação de contribuições dos segurados;
b) da compensação financeira de que trata o § 9º do art. 201 da Constituição;
c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal 
finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem 
como seu superávit financeiro.
§ 2º Observado o disposto no inciso IV do § 1º, as despesas com pessoal 
decorrentes de sentenças judiciais serão incluídas no limite do respectivo 
Poder ou órgão referido no art. 20. 
Com relação aos limites ainda nas esferas municipal, estadual e federal, 
a Lei de Responsabilidade Fiscal, no seu art. 20, determina que (BRASIL, 
2000, documento on-line):
Art. 20 [...]
I — na esfera federal:
a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legislativo, incluído 
o Tribunal de Contas da União;
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para o Executivo, 
destacando-se 3% (três por cento) para as despesas com pessoal decorrentes 
do que dispõem os incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31 
da Emenda Constitucional nº 19, repartidos de forma proporcional à média 
das despesas relativas a cada um destes dispositivos, em percentual da receita 
corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente 
anteriores ao da publicação desta Lei Complementar; (Vide Decreto nº 3.917, 
de 2001)
d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da União;
II — na esfera estadual:
a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do 
Estado;
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;
d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados;
III — na esfera municipal:
a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do 
Município, quando houver;
b) 54% (cinquenta e quatro por cento) para o Executivo.
Finanças públicas: conceitos e medidas10
Com relação aos limites dos pagamentos, será proporcional a média das 
despesas com pessoal com o percentual das receitas correntes líquidas, ana-
lisando os últimos três exercícios financeiros, como determina o § 1º do art. 
20 da Lei de Responsabilidade Fiscal (BRASIL, 2000, documento on-line): 
Art. 20 [...]
§ 1º Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os limites serão 
repartidos entre seus órgãos de forma proporcional à média das despesas 
com pessoal, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três 
exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei 
Complementar.
§ 2º Para efeito deste artigo entende-se como órgão:
I — o Ministério Público;
II — no Poder Legislativo:
a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal de Contas da União;
b) Estadual, a Assembleia Legislativa e os Tribunais de Contas;
c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e o Tribunal de Contas do Dis-
trito Federal;
d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o Tribunal de Contas do Município, 
quando houver;
III — no Poder Judiciário:
a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da Constituição;
b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, quando houver.
§ 3º Os limites para as despesas com pessoal do Poder Judiciário, a cargo da 
União por força do inciso XIII do art. 21 da Constituição, serão estabelecidos 
mediante aplicação da regra do § 1º.
§ 4º Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Municípios, os percen-
tuais definidos nas alíneas a e c do inciso II do caput serão, respectivamente, 
acrescidos e reduzidos em 0,4% (quatro décimos por cento).
§ 5º Para os fins previstos no art. 168 da Constituição, a entrega dos recursos 
financeiros correspondentes à despesa total com pessoal por Poder e órgão 
será a resultante da aplicação dos percentuais definidos neste artigo, ou aqueles 
fixados na lei de diretrizes orçamentárias.
§ 6º (VETADO). 
A Lei de Responsabilidade Fiscal visa ao controle das receitas e despesas, 
determinando que o gestor público deve obedecer a certas regras, como não 
criar despesas continuadas (mais de dois anos), sem apresentar fonte de receita, 
respeitando, assim, o orçamento futuro. Dessa forma, a despesa só pode ser 
transferida para o ano seguinte se houver disponibilidade de caixa. Outro 
ponto importante é a fixação de gastos públicos até um certo período nos anos 
de eleições, sendo o governante impedido de contratar operações de crédito 
por antecipação de receita orçamentária (ARO) e ainda contrair despesa que 
11Finanças públicas: conceitos e medidas
não possa ser paga no mesmo ano. Além disso, a contratação de servidores é 
vedada 180 dias antes das eleições (BRASIL, 2015b). 
Ainda, a Lei de Responsabilidade Fiscal determina que, para a criação de 
novas despesas, estas devem respeitar as receitas e a capacidade de pagamento. 
No momento que o governante verificar que ultrapassou os limites estabeleci-
dos, tem até 12 meses para reduzir os excessos ou pelo menos diminuir 25% 
nos primeiros quatro meses. Caso não consiga atender aos índices, o governante 
ficará impedido de contratar novas operações de crédito. A determinação das 
metas fiscais é trienal, visando atingir e resolver alguma eventual distorção 
(BRASIL, 2015b).
Sobre as despesas e os investimentos públicos, no Brasil, existe a Lei de Responsabilidade 
Fiscal, que trata da execução do orçamento com base na arrecadação (com base no 
ano anterior). Para conhecer melhor o assunto, acesse o link a seguir:
https://goo.gl/EwKSAk
Por fim, o Estado precisa atender às demandas e suas funções modernas, 
que são a alocativa, distributiva e estabilizadora. Para isso, utiliza ferramentas 
previstas em lei para atender às demandas da nação. Como as finanças públicas 
são complexas, existe a necessidade de uma gestão eficiente e eficaz. 
Entender essa complexidade e as diferenças entre despesas e investimentos 
são pontos importantes para uma análise, visando não só o pagamento de 
passivos, mas também, por meio de recursos, realizar investimentos para 
trazer o crescimento econômico para o País.
No link a seguir, o Senado Federal descreve como foi a trajetória do investimento 
público no Brasil até dezembro de 2017.
https://goo.gl/RXBFxY
Finanças públicas: conceitos e medidas12
BACHA, E. L.; SCHWARTZMAN, S. (Orgs.). Brasil: a nova agenda social. Rio de Janeiro: 
LTC, 2011.
BRASIL. Câmara dos Deputados. Portaria Interministerial n. 163, de 4 de Maio de 2001. 
Dispõe sobre normas gerais de consolidação das Contas Públicas no âmbito da União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios, e dá outras providências. Brasília, DF, 2001. 
Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/marg/portint/2001/portariainter-
ministerial-163-4-maio-2001-347032-publicacaooriginal-1-sof_stn.html>. Acesso em: 
16 jan. 2019.
BRASIL. Ministério da Fazenda. Redução de IPI continua para carros, eletrodomésticos e 
material de construção. 2017. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/economia-e- 
emprego/2012/08/reducao-de-ipi-continua-para-carros-eletrodomesticos-e-material- 
de-construcao>. Acesso em: 15 nov. 2018.
BRASIL. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Leis e princípios or-
çamentários. 2015b. Disponível em: <http://www.planejamento.gov.br/servicos/faq/
orcamento-da-uniao/leis-e-principios-orcamentarios>. Acesso em: 15 nov. 2018.
BRASIL.Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. O que é o PPA? 2015a. 
Disponível em: <http://www.planejamento.gov.br/servicos/faq/planejamento-go-
vernamental/plano-plurianual-ppa/o-que-eacute-o-ppa>. Acesso em: 15 nov. 2018.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei Complementar n. 101, de 04 de maio de 
2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na 
gestão fiscal e dá outras providências. Brasília, DF, 2000. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp101.htm>. Acesso em: 16 jan. 2019.
LIMA, E. C. P. Curso de finanças públicas: uma abordagem contemporânea. São Paulo: 
Atlas, 2015.
MUSGRAVE, R. A. Teoria das finanças públicas. São Paulo: Atlas, 1974.
ORAIR, R. O. Investimento público no Brasil: trajetória e relações com o regime fiscal. Rio 
de Janeiro: IPEA, 2016. (Texto para Discussão, n. 2215). Disponível em: <http://www.
ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_2215.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2019.
PIRES, M. A evolução dos investimentos públicos: 1947- 2017. 2018. Disponível em: <ht-
tps://observatorio-politica-fiscal.ibre.fgv.br/posts/evolucao-dos-investimentos-publi-
cos-1947-2017>. Acesso em: 16 jan. 2019.
Leituras recomendadas
ABREU, C. R.; CÂMARA, L. M. O orçamento público como instrumento de ação gover-
namental: uma análise de suas redefinições no contexto da formulação de políticas 
públicas de infraestrutura. Revista de Administração Pública (RAP), v. 49, n. 1, p. 73-90, 
13Finanças públicas: conceitos e medidas
jan./fev. 2015. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/
view/42962/41682>. Acesso em: 16 jan. 2019.
RELATÓRIO de Acompanhamento Fiscal: dezembro de 2017. Brasília: Senado Federal, 
Instituição Independente, 2017. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/
bitstream/handle/id/535500/RAF11_DEZ2017_pt04.pdf >. Acesso em: 16 jan. 2019.
ROSSI, P.; DWECK, E. Impactos do novo regime fiscal na saúde e educação. Cadernos de 
Saúde Pública, v. 32, n. 12, p. 1-5, 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/
v32n12/1678-4464-csp-32-12-e00194316.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2019.
TAVARES, P. A. Efeito do Programa Bolsa Família sobre a oferta de trabalho das mães. 
In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 16., 2008, Caxambú. Anais... 
Caxambú, MG; ABEP, 2008. Disponível em: <http://www.abep.org.br/publicacoes/
index.php/anais/article/viewFile/1897/1855>. Acesso em: 16 jan. 2019.
Finanças públicas: conceitos e medidas14
Conteúdo:

Mais conteúdos dessa disciplina