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Estilística presente nos diferentes tipos de texto Rosiani Machado Estilística presente nos diferentes tipos de texto 2 Introdução Cada um de nós se expressa de modo individual e tem o que é denominado de estilo. A estilística do texto, seja ele falado ou escrito, seguirá essa mesma expressividade, caracterizando os diferentes tipos e gêneros textuais que compõem a discursividade. Neste conteúdo você tomará conhecimento sobre a estilística presente nos diversos tipos textuais, além de identificar a estrutura do texto e as diferentes situações de produção discursiva. Os tipos textuais e gêneros também farão parte de nossos estudos neste conteúdo. Você tomará conhecimento de que existe uma quantidade determinada de tipos de texto. Mas que, em relação aos gêneros, estes são em maior número e sofrem alterações de acordo com as necessidades comunicativas, tanto em relação ao espaço quanto ao momento em que são produzidos, o que os torna mais abrangentes. Com esse conteúdo, esperamos contribuir com sua habilidade de produção e de leitura, para que possa aprimorar sua competência leitora cada vez mais. Objetivos da Aprendizagem • Compreender a necessidade da estilística no texto escrito. • Identificar a estrutura e a situação textual. • Compreender os diferentes tipos de textos de acordo com a situação de uso. • Identificar gêneros textuais em contextos diversos de escrita. 3 A estilística do texto Toda vez que alguém fala em texto, possivelmente o que vem à nossa cabeça é um grande e estruturado componente escrito. Seja em jornal, em sites, em revistas, o termo parece remeter à escrita de textos extensos. No entanto, texto é toda produção com sentido que informa e que está presente nos atos comunicativos de nosso dia a dia. São muitos os elementos que compõem um texto, o estilo é um deles. Estilo diz respeito ao modo como cada um se expressa, seja na fala, no gesto, na escrita etc. Cada de um de nós terá uma maneira somente sua de se expressar, fazendo parte de nossa individualidade. Com o texto ocorre o mesmo. Cada um terá uma composição individual e é isso que denominados estilística do texto. Este será o assunto deste conteúdo, ou seja, o estilo presente nos diversos tipos de texto. Texto é algo que já estamos abordando desde o início de nosso conteúdo. No entanto, você já parou para pensar sobre o que é texto? Vejamos uma citação em que Savioli e Fiorin (2006, p. 11) trazem em sua primeira lição de texto: Figura 1 - O que é texto? Fonte: Adaptada de Savioli e Fiorin (2006, p. 11). Perceba que essa frase nos faz refletir sobre o que é texto, ou, ainda, sobre o que ele NÃO é. 4 O texto não é resultado de inspiração. Como você entende essa afirmação? Você concorda ou discorda dela? O que estimula alguém a escrever um texto? Reflita sobre isso. Reflita Quando falamos em texto, não nos referimos somente a seu tamanho, formato ou conteúdo, como nos livros de literatura. O texto se manifesta em várias situações de comunicação, como na notícia, no conto de fadas, no relato de viagem, na carta do leitor, no editorial, no artigo de opinião, no currículo, na receita médica, no bilhete, na mensagem do celular. Enfim, são inúmeras as situações em que o texto se faz presente. Sobre elas, estudaremos de maneira mais aprofundada no tópico 3. O termo texto é repetido dentro de várias situações cotidianas. É comum ouvirmos: Seu texto ficou muito bom! O texto de seu trabalho está muito grande. Terá de ser revisto. Os atores de teatro decoram longos textos para suas encenações. O texto constitucional versa sobre as leis que regem o cidadão brasileiro, dentre outras. Quadro 1 - Texto em situações cotidianas Fonte: Elaborado pela autora (2018). Conceituar texto não é algo tão fácil assim. Trazemos, aqui, o conceito de três autores, pesquisadores de texto e de suas funções comunicativas: 5 “Texto é o resultado de uma ação linguística cujas fronteiras são em geral definidas por seus vínculos com o mundo no qual ele surge e funciona” (MARCUSCHI, 2008, p. 72). “Texto é um todo organizado de sentido, delimitado por dois brancos e produzido por um sujeito num dado espaço e num dado tempo” (SAVIOLI; FIORIN, 2006, p. 18). Quadro 2 - Texto em situações cotidianas Fonte: Elaborado pela autora (2018). Como podemos perceber, o texto é algo dotado de sentido e que tem como finalidade comunicar algo em algum momento, dentro das concepções de uma ação linguística, a qual irá estabelecer vínculos com o mundo que o cerca. O texto pode ser, ainda, tido como “[...] um conjunto de ideias hierarquizadas e articuladas, que dialogam entre si e que estão ligadas ao contexto extraverbal” (TOMASI; MEDEIROS, 2014, p. 148). Tudo isso para que o texto seja considerado não como um agrupamento de frases e ideias desconexas e sem sentido, mas para que possa ser compreendido de forma competente em seu sentido amplo e geral. Atualmente, a comunicação é considerada o meio mais importante para que as pessoas possam se entender. Sendo assim, comunicar-se bem e da melhor forma possível é especialmente fundamental (MARTINS; ZILBERKNOP, 2010). Alguns critérios são fundamentais para que o texto produzido possua um estilo de acordo com a qualidade daquilo que se está querendo comunicar. Martins e Zilberknop (2010) consideram como mais importantes a harmonia, a clareza e a concisão presentes em um texto. Tendo abordado sobre a estilística textual, trazendo conceitos do que seja um texto, passaremos à sua estrutura e situação de produção. Estrutura e situação textual Para que um texto seja compreendido como tal, é importante levar em consideração sua estrutura. Sendo assim, alguns elementos irão constituir os fatores de textualidade, responsáveis por dar ao texto um todo significativo e estruturado. 6 Figura 2 - Coesão, intencionalidade, coerência e intertextualidade Fonte: Plataforma Deduca (2018). Esses fatores envolvem tanto o autor do texto quanto o leitor. Vejamos quais são eles: • coerência: responsável pelo sentido do texto. Quanto mais coerente o texto, melhor será sua compreensão; • coesão: responsável pela unidade do texto. Os elementos coesivos são ele- mentos de ligação que contribuem com sua leitura; • intencionalidade: referente ao objetivo do autor em escrever o texto; • informatividade: diz respeito ao nível de informação que o leitor tem sobre o assunto abordado no texto. Esse fator deve ser levado em consideração pelo autor no momento de escrita, utilizando termos que tornem a leitura fluente e de fácil compreensão; • aceitabilidade: refere-se à avaliação que o leitor faz do texto para que possa aceitá-lo ou rejeitá-lo; • intertextualidade: diz respeito ao conhecimento que tanto autor quanto leitor apresentam em relação a outros textos já produzidos sobre o mesmo assunto; • situacionalidade: referente à adequação do texto ao momento de produção ou de leitura. Levando em conta esses fatores, o texto poderá ser melhor compreendido pelo leitor, de modo a fazer jus a seu objetivo principal, qual seja, o da comunicação. Nesse sentido, para que haja melhor organização da estrutura de um texto, ele está agrupado em tipos. Veremos, no tópico a seguir, quais são eles e como se caracterizam. 7 Tipos de texto Tipo textual diz respeito a como o texto está teoricamente construído e qual sua natureza linguística. De acordo com Marcuschi (2008, p. 155), falar em tipo textual é o mesmo que referir-se ao modo textual, sendo que “[...] o conjunto de categorias para designar tipos textuais é limitado e sem tendência a aumentar”. Já Koch e Elias (2010, p. 63) denominam os tipos de sequências textuais, as quais seriam os “[...] esquemas linguísticos básicos que entram na constituição dos diversos gêneros e variam menos em função das sequências sociais”. Tanto Marchuschi (2008) quanto Koch e Elias (2010) consideram a mesma categorização para os textos. Acompanhe, nos tópicos que seguem, essa categorização proposta por esses autores.Narração A narração é o primeiro modo de texto que usamos. Desde crianças, aprendemos a narrar, a contar fatos e acontecimentos do nosso dia a dia ou sobre o dia a dia de outras pessoas. A narrativa é composta por personagens e acontecimentos, e que se passa em um determinado tempo e espaço. Sua estrutura está organizada em apresentação, complicação, clímax e desfecho. Os contos são ótimos para ilustrar exemplos de narrativas. Por exemplo, “O príncipe sapo” é um conto, mais conhecido pela versão dada pelos irmãos Grimm. Já a narrativa a seguir é uma adaptação moderna de Luis Fernando Verissimo para o mesmo texto. 8 Conto de fadas para Mulheres Modernas Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa, independente e cheia de autoestima1que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã. Então, a rã pulou para o seu colo e disse: - Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Mas, uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre…3 … E então, naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava: – Eu, hein?… Nem morta!4 Luis Fernando Verissimo, 1997. Quadro 3 - Exemplo de texto narrativo Fonte: Elaborado pela autora (2018). No conto que acabamos de ler, é possível identificar a estrutura da narrativa. Note que parte da primeira frase trata da apresentação. Em seguida podemos reconhecer a complicação do conto. As falas colocam na sequência o clímax, para que ao fim possamos facilmente encontrar o desfecho. Outro tipo textual é a descrição. Vejamos como ela está estruturada. 9 Descrição Trata-se de uma exposição baseada em circunstâncias, reais ou fictícias, sobre um lugar, uma pessoa ou um objeto. Na descrição poderá predominar a objetividade, com enfoque no real, sem determinar a opinião de quem descreve, ou a subjetividade, em que a descrição será realizada por meio de opiniões e sensações, sendo manifestado o sentimento do autor do texto. Sua estrutura é composta por introdução, desenvolvimento e conclusão. Vejamos um exemplo de texto descritivo no Quadro 4 O DIA DELE Foi então que o pudemos ver bem naquele triste estado. A gravata cinzenta, era quase um componente fixo de seu uniforme diário, havia sido arrancada e estava amarrada à cintura. O guarda-pó́, completamente imundo, estava dobrado junto com os cadernos. A camisa sobrava fora das calças. E as calças pareciam pertencer a um hipotético náufrago que teria soçobrado na explosão de um navio pirata. Começou a chutar a carteira do aluno que lhe ficava à frente. – Abram os cadernos. Obedecemos. Sentimos em seu olhar uma ponta de cinismo e desafio, muito comum em pessoas que têm pais implicantes e fazem questão de demonstrá-lo, de propósito, ou sem nenhum propósito. Lourenço Diaféria (apud ALMEIDA; ALMEIDA, 2003, p. 208). Quadro 4 - Exemplo de texto descritivo Fonte: Elaborado pela autora (2018). 10 O texto de Lourenço Diaféria, cronista, contista e jornalista brasileiro, narra a passagem de um dia de determinado professor que resolve agir como seus alunos. No trecho lido, o narrador (um de seus alunos) descreve como o professor estava vestido no momento em que entrou na sala de aula. Alguns elementos trazidos pelo narrador remetem à descrição, como o uso da gravata como forma de cinto, o lugar em que o guarda-pó estava, camisa fora das calças e calças surradas, como as de alguém que tivesse naufragado de um navio. Agora que vimos como os elementos estão organizados em um texto descritivo, passaremos ao texto expositivo. Exposição Esse tipo de texto é usado, sobretudo, no meio jornalístico. Nele, há o predomínio de informações baseadas na análise ou síntese de fatos ocorridos ou sobre assuntos específicos. É importante esclarecer que, no texto expositivo, não há intervenção do autor, o qual deve se eximir de qualquer opinião a respeito. Caso haja posicionamento do autor, o texto deixa de ser expositivo e passar a ser dissertativo ou argumentativo. Como características da exposição tem-se a clareza, a pessoalidade e a objetividade. Vejamos um exemplo de texto expositivo. 11 Câncer de pele é o tipo mais comum entre os brasileiros O câncer de pele é o que tem maior incidência no Brasil. Para se ter uma ideia, esse tipo da doença responde por 33% de todos os diagnósticos da patologia. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a cada ano cerca de 180 mil novos casos são registrados. Quadro 5 - Exemplo de texto expositivo Fonte: Adaptado de Cunha (2018). O texto expõe a situação do predomínio do câncer de pele no Brasil, trazendo informações em uma linguagem objetiva e direta, amparada em elementos que dão veracidade e ao que está sendo exposto, como a citação da fonte de pesquisa, o Instituto Nacional do Câncer. Se no texto expositivo temos a explanação de informações, no texto injuntivo temos o comando com o objetivo de instruir ou orientar. Injunção O termo injunção remete à ordem, imposição. Desse modo, o texto injuntivo tem como objetivo principal instruir, orientar, ditar normas. Nesta categoria, estão os textos instrucionais e os prescritivos. 12 Os textos injuntivos instrucionais são aqueles em que há indicação ou aconselhamento sobre algo. O manual de instruções de um eletrodoméstico é um exemplo desse tipo de texto. Liquidificador Wallor - Manual de Instruções 1) Coloque todos os ingredientes necessários dentro da jarra do liquidificador e recoloque a tampa. Você poderá adicionar outros ingredientes através da sobre tampa caso seja necessário. 2) Para iniciar a liquefação, pressione o botão ON. 3) Pressione um botão na velocidade desejada. É possível alternar a velocidade sem desligar o liquidificador, simplesmente pressionando o botão da velocidade desejada. 4) Para parar o processo de liquefação, pressione o botão da velocidade e o processo parará. O sinal vermelho deverá piscar para você saber que o aparelho ainda está ligado e que pode ser ativado pressionando o botão da velocidade desejada. O liquidificador pode ser desativado a qualquer velocidade pressionando o botão OFF. Você precisará pressionar o botão ON novamente para continuar operando. Quadro 6 - Exemplo de texto injuntivo instrucional Fonte: Elaborado pela autora (2018). No texto apresentado, é possível perceber as características de um texto injuntivo instrucional, como os comandos dados por meio de verbos no imperativo (coloque, pressione). Além disso, há a disposição numérica do texto, fazendo referência à ordenação dos comandos, as informações das teclas a serem usadas, dentre outros detalhes pertinentes às instruções de uso do eletrodoméstico. Os textos injuntivos prescritivos, por sua vez, ordenam ou impõem algo. 13 Figura 3 - Exemplo de texto injuntivo prescritivo Fonte: Elaborada pela autora (2018). A receita médica é um dos melhores exemplos do texto injuntivo prescritivo, pois traz a indicação dos remédios prescritos para um paciente que, supostamente, encontra- se gripado, além da dosagem e administração (via oral). No tópico seguinte, veremos o último tipo textual: a argumentação. Argumentação Argumentar é defender uma opinião com o objetivo de convencer alguém sobre ela. No texto argumentativo, é importante o encadeamento de ideias com a finalidade de convencer o leitor sobre o ponto de vista do autor. Sua estrutura é composta por introdução, desenvolvimento e conclusão. É o tipo de texto mais usado em ambiente escolar, acadêmico e científico. O texto argumentativo quetrazemos é ilustrado pelo resumo de um artigo científico. 14 Panorama das pesquisas em educação a distância no Brasil Resumo O investimento em treinamento, desenvolvimento e educação continua sendo um diferencial competitivo para as organizações. Nesse contexto, a educação a distância (EaD) é analisada como uma possibilidade viável na construção de mecanismos que favoreçam a aprendizagem e qualificação contínuas e ao longo da vida. O presente estudo se insere nesse conjunto de reflexões. Seu objetivo é descrever brevemente o contexto e o foco das pesquisas sobre treinamentos a distância (TaD) no Brasil, no período de 2003 a 2009, a partir de pesquisa bibliográfica e de dados do Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância (ABRAED). A revisão da produção de conhecimentos em EaD no Brasil mostra a necessidade de mais pesquisas nas áreas de educação corporativa, qualificação profissional e avaliação. O ritmo das pesquisas é incompatível com o acelerado crescimento desse tipo de aprendizagem em organizações. Outras considerações são realizadas e uma agenda de pesquisa é proposta. Abbad, Zerbini e Souza (2010, p. 291). Quadro 7 - Exemplo de texto argumentativo Fonte: Elaborado pela autora (2018). O resumo que trouxemos exemplifica bem o texto argumentativo, em conformidade com a estrutura apresentada. Note que a primeira frase do texto é uma introdução do que será tratado. Na sequência o autor faz um desenvolvimento, apresentando as principais ideias do resumo. Por fim, temos a conclusão para fechamento do texto. Dissertar é discorrer, com propriedade, sobre um assunto. Desse modo, a dissertação requer o desenvolvimento de um assunto de maneira aprofundada, sem o posicionamento do autor, permitindo ao leitor que reflita e que formule, ele mesmo, seu próprio ponto de vista sobre o assunto. Por outro lado, o texto dissertativo- argumentativo irá apresentar o posicionamento do autor por meio de argumentos que possam influenciar o leitor sobre o seu ponto de vista. Atenção Os tipos textuais constituirão os gêneros textuais. Em uma fábula, por exemplo, podemos encontrar a narração, a descrição, a argumentação e a injunção. Ou seja, a tipologia, como já dissemos no início deste tópico, refere-se aos esquemas linguísticos sequencialmente organizados. Os gêneros textuais compõem um conjunto bem maior de classificação, como veremos a seguir. 15 Gêneros textuais Gênero textual é o texto propriamente dito. É a materialização das diferentes situações de comunicação que usamos em nosso cotidiano. Marcuschi (2008, p. 155) diz que os gêneros textuais são aqueles que “[...] apresentam padrões sociocomunicativos característicos definidos por composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, institucionais e técnicas”. Compreendido dessa forma, é possível conceber a ideia de que a existência dos gêneros textuais remete à necessidade de organização da fala e da escrita. Sem eles, a comunicação seria praticamente impossível. Cada situação de uso determinará um gênero textual, sendo que sua escolha deverá ser amparada no objetivo proposto para o momento comunicativo, o ambiente em que ele irá circular socialmente e a função que irá exercer (KOCH; ELIAS, 2010). A lista dos gêneros textuais é infinita. Apresentamos somente alguns deles, talvez os mais usuais: Carta - reportagem - notícia - telefonema - bilhete - resenha - romance - conto - crônica - receita culinária - cardápio - bula de remédio - bate-papo no smartphone - conversa espontânea - edital - e-mail - aula expositiva - artigo acadêmico - entrevista - lista de compras - biografia - piada - curriculum vitae - palestra - regulamento - conto de fadas - diário - abaixo-assinado. Quadro 8 - Gêneros textuais Fonte: Adaptado de Marcuschi (2008). Como dissemos, a lista é grande. Tanto que, ao lê-la, você certamente lembrará de outros que não trouxemos aqui. Poderá, ainda, lembrar de algum e se perguntar se é considerado gênero ou tipo textual. Para dirimir tal dúvida e encerrar nosso assunto sobre texto (pelo menos por ora), trazemos um quadro resumido e comparativo entre tipo e gênero textual. TIPO TEXTUAL GÊNERO TEXTUAL Construção teórica com natureza linguística determinada. Materialização das situações comunicativas. 16 Categorização limitada e reduzida. Categorização ilimitada e ampla. Narração, descrição, exposição, injunção e argumentação. Carta, bilhete, artigo, romance, crônica, notícia, manual etc. Quadro 9 - Comparativo entre tipo e gênero textual Fonte: Elaborado pela autora (2018). Você já ouviu falar no gênero textual jornal? Pois bem, esse é um dos muitos equívocos sobre a diferença entre gênero e suporte. O gênero é o texto, propriamente dito; já o suporte é um “lugar (físico ou virtual), com formato específico e que serve para fixar e mostrar o texto” (MARCUSCHI, 2008, p. 174). Portanto, o jornal é um suporte para diferentes gêneros textuais, como a notícia, a crônica, a narração, dentre outros. Curiosidade Com a abordagem sobre tipo e gênero textual, chegamos ao final de mais um conteúdo. Desejamos que você aproveite os conhecimentos aqui partilhados para compor seu repertório comunicativo e discursivo de modo ainda mais abrangente. 17 Conclusão Neste conteúdo, você viu que: • A estilística textual diz respeito à individualidade de cada texto. • Texto é algo dotado de sentido, que tem por finalidade comunicar algo em determinado momento. • Os fatores de textualidade, responsáveis por dar significado e estrutura ao texto, são a coerência, a coesão, a intencionalidade, a informatividade, a acei- tabilidade, a intencionalidade e a situacionalidade. • Tipo textual diz respeito à construção teórica com natureza linguística deter- minada presente em cada texto. • O conjunto de tipos textuais são limitados à narração, descrição, exposição, injunção e argumentação. • Gênero textual é a materialização da situações comunicativas. É o texto pro- priamente dito. • O conjunto de gêneros textuais é ilimitado. A leitura é fator importante para a compreensão do texto, seus diferentes tipos e gêneros. Por meio da leitura, o indivíduo passa a ter contato com os diversos gêneros textuais e acaba por perceber sua utilização nas situações comunicativas mais diversas. Acesse o link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1413-294X2010000300009 para aprofundar seus conhecimentos sobre leitura, gêneros textuais e construção de sentidos. Saiba mais 18 Referências ABBAD, G. S.; ZERBINI, T.; SOUZA, D. B. L. Panorama das Pesquisas em educação a distância no Brasil. Estudos de Psicologia, Natal, v. 10, n. 3, set./dez. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2010000300009 . Acesso em: 22 fev. 2018. ALMEIDA, A. F.; ALMEIDA, V. S. R. Português básico: gramática, redação, texto. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. CUNHA, L. Câncer de pele é o tipo mais comum entre os brasileiros. Jornal Eletrônico O Tempo, 10 fev. 2018. Disponível em http://www.otempo.com.br/interessa/ sa%C3%BAde-e-ci%C3%AAncia/c%C3%A2ncer-de-pele-%C3%A9-o-tipo-mais-comum- entre-os-brasileiros-1.1572397. Acesso em: 10 fev. 2018. KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2010. MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S. Português Instrumental: de acordo com as atuais normas da ABNT. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2010. SAVIOLI, F. P.; FIORIN, J. L. Lições de texto: leitura e redação. 5. ed. São Paulo: Ática, 2006. TOMASI, C.; MEDEIROS, J. B. Comunicação empresarial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2014. VERISSIMO, L. F. O marido do dr. Pompeu. Porto Alegre: L&PM, 1997.