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INTERNA UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRA AVA 2 A LIBRA E SUAS ESPECIFICIDADES SOCIAIS Aluno: Lais do Prado Gomes Matrícula: 20211302395 Curso: Ciências Econômicas RIO DE JANEIRO 2024 2 INTERNA Enunciado: Para a maioria dos ouvintes, a surdez representa uma perda da comunicação, um protótipo de autoexclusão, de solidão, de silêncio, de obscuridade e de isolamento. Em nome dessa representação, praticaram e praticam as mais inconcebíveis formas de controle de seus corpos, mentes e linguagem. Entre os controles mais significativos, pode-se mencionar: a violenta obsessão para fazê-los falar; o localizar na oralidade, que é o eixo essencial e único de todo projeto pedagógico; a tendência a preparar esses sujeitos como mão de obra barata; a experiência biônica em seus cérebros; a formação paramédica e pseudorreligiosa dos professores; a proibição de sua língua. [...]. (SKLIAR, 1997, p. 31). Agrega-se a esse contexto, que a Libras é uma língua de modalidade visual-espacial, o que leva muitos ouvintes a considerá-la como uma língua inferior. Pensando na Libras como um instrumento de aproximação entre as culturas surdas e ouvintes. Leia o trecho e redija um texto que ressalve: a) A importância do reconhecimento da Libras como língua materna das pessoas surdas. b) A importância da expressão corporal e facial na Libras como facilitadoras em situações comunicativas. 3 INTERNA Desenvolvimento: Santana (2013) afirma que “Para a sociedade se estabelecer e atingir o desenvolvimento que hoje é presenciado houve a necessidade de uma interação – comunicação – entre os indivíduos, a qual foi possibilitada através da linguagem. Assim, a linguagem tem um papel fundamental na vida das pessoas, é através desta que transmitimos informações, ideias e sentimentos. Sendo um meio de comunicação, a linguagem permeia todas as formas de sociabilização. A autora também compara as linguagens das comunidades que não possuem nenhuma deficiência auditiva (linguagem oral) com a linguagem da comunidade surdo (visual): “Os indivíduos que não possuem nenhuma deficiência auditiva a comunicação, mais utilizada, é a oral; os diversos grupos sociais de ouvintes possuem uma forma particular de se comunicar, assim cada povo possui uma linguagem – falada ou escrita – própria, diferenciando a comunicabilidade de cada país. Da mesma forma que a comunidade ouvinte das diferentes regiões do planeta desenvolve formas de comunicação, os surdos também, adotam meios para a realização da mesma. Destarte, o processo comunicativo da comunidade surda é realizado através de movimentos gestuais e expressões faciais que são compreendidos pela visão, diferente de todos os idiomas, comumente utilizado, que são orais e auditivos.” Araújo (2016) corrobora: “Falar sobre a construção da identidade surda é um bom começo para o entendimento do surdo como um sujeito constitutivo de significados culturais e um agente social que influencia e é influenciado pela sua cultura. Nessa perspectiva, a comunidade surda vem a ser um grupo que se forma na diferença, um grupo com cultura própria. Destacamos que a cultura representa a identidade de um povo e retrata seu modo de viver sob vários aspectos, como costumes, hábitos, formas de lidar e construir o conhecimento e de entender as complexidades sociais”. Araújo apud Perlin (2007) destaca que os surdos pertencem a uma cultura com referências culturais próprias, as quais permitem que eles se considerem sujeitos culturais, e não deficientes.” Portanto, para garantir a inclusão e a sociabilização da comunidade surda, foi essencial o surgimento da Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2022, que reconhece a LIBRAS como língua materna dos surdos, legitimando sua cultura. Esse reconhecimento permitiu a formação de um elemento identificatório e aglutinador entre os surdos, fundamental para o processo de 4 INTERNA desenvolvimento das suas identidades. O reconhecimento desta linguagem proporcionou a interação dos surdos com outros surdos e ouvintes. Sobre as características desta linguagem, Bernardino (2013) afirma: “A Libras é uma língua de modalidade espaço-visual, apresentando fonologia, sintaxe, semântica e morfologia próprias, assim como outras línguas de sinais (LS). Por ter uma produção manual e uma percepção visual, usa o espaço físico e o próprio corpo do sinalizador para a execução do conteúdo da mensagem visual. A exploração do espaço físico e o uso do próprio corpo são importantes elementos na interação. Esse uso do espaço favorece a iconicidade, uma vez que ele é mais palpável do que o tempo, que é a dimensão utilizada pelas línguas orais-auditivas.” Estudos atuais demonstram que LIBRAS tem cinco parâmetros para a produção de sinais: configuração das mãos, localização, movimento, orientação e expressões faciais e corporais, sendo este último aspecto bastante importante e diferenciador quando incorporado em vários sinais. Para a compreensão de alguns sinais, as expressões que fazemos com o nosso corpo e rosto são fundamentais, pois é por meio delas que revelamos nossas emoções de alegria, tristeza, frio, raiva, calor etc., e o sentido que atribuímos a determinados fatos, situações e objetos. De acordo com a expressão que manifestamos, produzimos entonação dentro da língua de sinais ou demonstramos negação, dúvida, afirmação ou questionamento. Existem dois tipos de expressões faciais: as afetivas, ligadas a sentimentos e emoções (tais como dor, alegria, tristeza, medo, surpresa, raiva e outros) e as gramaticais, ligadas ao grau e intensidade do que se pretende dizer. Ou seja, as expressões corporais e faciais em LIBRAS permitem a transmissão de nuances, contextos e emoções que são fundamentais para a socialização da comunidade surda, pois complementam e enriquecem a comunicação. Portanto, o reconhecimento da LIBRAS como língua materna é essencial para garantir os direitos linguísticos da comunidade surda, promover inclusão social, fortalecer sua identidade e preservar sua cultura. E o reconhecimento da expressão fácil e corporal como um dos cinco parâmetros desta linguagem valoriza a singularidade dessa língua visual-espacial e promove uma comunicação mais autônoma e enriquecedora, facilitando a comunicação, a sociabilização e a compreensão entre as culturas surdas e também entre os ouvintes, favorecendo a inclusão social. 5 INTERNA REFERÊNCIAS SANTANA, A. O direito a comunicação: as Libras e os desafios da educação dos surdos. Maranhão, 2013. BERNARDINO, E. O uso de classificadores na Língua de Sinais Brasileira. Minas Gerais, 2012. ARAÚJO, L. Língua Brasileira de Sinais. Rio de Janeiro, 2016. Travessia do Silêncio – Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=IxlTqphvB1Y. Acesso em 18 de março de 2024. https://www.youtube.com/watch?v=IxlTqphvB1Y