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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS 
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA 
 
 
 
 
LEONARD AUGUSTO FUJITA 
 
 
 
 
 
INFORTUNÍSTICA: DOENÇAS E ACIDENTES OCUPACIONAIS EM 
CIRURGIÕES-DENTISTAS, ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO E 
AUXILIARES ODONTOLÓGICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
PIRACICABA 
2018 
 
 
LEONARD AUGUSTO FUJITA 
 
 
 
 
 
INFORTUNÍSTICA: DOENÇAS E ACIDENTES OCUPACIONAIS EM 
CIRURGIÕES-DENTISTAS, ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO E 
AUXILIARES ODONTOLÓGICOS 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Faculdade de Odontologia 
de Piracicaba da Universidade Estadual de 
Campinas como parte dos requisitos 
exigidos para obtenção do título de 
cirurgião dentista. 
Orientador: Prof. Dr. Luiz Francesquini Júnior 
 
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE A VERSÃO 
FINAL DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE 
CURSO APRESENTADO PELO ALUNO 
LEONARD AUGUSTO FUJITA E ORIENTADO 
PELO PROF. DR. LUIZ FRANCESQUINI JÚNIOR. 
 
PIRACICABA 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a minha mãe Nair, pai Isao, irmã 
Ivy e tias Amélia e Marlene, meus maiores presentes de 
Deus, pelo amor incondicional, pela confiança, por me 
apoiarem em toda a minha trajetória, pelo incentivo para 
que tudo fosse possível e pelos exemplos de vida que 
foram pra mim. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
À faculdade de Odontologia de Piracicaba, da Universidade Estadual de 
Campinas, na pessoa de seu diretor, Prof. Dr. Francisco Haiter Neto. 
 
Ao Coordenador de Graduação Prof. Dr. Wander José da Silva, pelo 
apoio à pesquisa científica e pela excelência profissional e pessoal. 
 
Ao Prof. Dr. Orientador Luiz Francesquini Júnior por acreditar no meu 
trabalho, por compartilhar seus conhecimentos, pela paciência, humildade, 
competência e pelo excelente relacionamento interpessoal desde os primeiros anos 
de curso. Obrigado por sempre estar presente e me orientar da melhor forma. 
 
Aos meus amigos Daniel Kawakami, João Pedro Delmiro, Felipe Braga, 
João Leme Jr, Henrique Tonelli, Lucas Meneghetti e aos demais que de certa forma 
fizeram parte da minha trajetória, que estavam presentes nos momentos que mais 
precisei, pelas manifestações de apoio e carinho, pela serena convivência e pelos 
momentos únicos, dos quais guardarei em minha memória. 
 
 
 
 
RESUMO 
Buscou-se no presente, listar por meio de revisão da literatura, as 
principais doenças ocupacionais, seus sinais, sintomas e tipos de acidentes laborais 
em Cirurgiões-Dentistas (CDs), Discentes em Odontologia e auxiliares odontológicos 
(TPD, APD, TSB e ASB). Para tanto foram consultadas as plataformas Pubmed, 
Lilacs, Scielo, Google Acadêmico, literaturas cinzentas e obras nacionais 
consagradas entre 2008 e 2018. As patologias mais referenciadas foram divididas 
em infecciosas causadas por vírus (hepatites, HIV, H1N1, Herpes tipos I e II) e as 
por bactérias (sífilis, tuberculose, gonorréia, difteria, legionelose). Há ainda as 
doenças crônicas não transmissíveis (Diabetes II, Hipertensão, obesidade, 
problemas no aparelho locomotor, respiratório, circulatório, distúrbios posturais, 
afecções auditivas e oculares e lesões por esforço repetitivo (LER) e distúrbios 
osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). Ressalta-se ainda o número 
elevado de TDAH, estresse, depressão e Síndrome de Burnout. O acidente mais 
comum foi com instrumentos perfurocortantes. Trata-se de assunto de grande 
relevância e de significativo valor para a Odontologia, considerando que os 
infortúnios ocupacionais geram perda de capacidade laborativa, podendo causar 
invalidez profissional. Concluiu-se que é necessário ter esse conhecimento para 
poder estabelecer programas de controle de doenças e acidentes do trabalho, 
visando a redução dos efeitos danosos gerados pelos mesmos e reestruturação do 
conteúdo a ser ministrado na graduação, especialização, mestrado e doutorado, 
possibilitando um maior entendimento de processos periciais, maior cuidado e, como 
consequência, menor possibilidade de se adquirir e/ou desenvolver doenças de 
trabalho em Odontologia. 
Palavras-chave: Epidemiologia. Doenças profissionais. Odontólogos. Auxiliares de 
Odontologia. Estudantes de Odontologia. 
 
 
ABSTRACT 
The main occupational diseases, their signs, symptoms and types of 
occupational accidents in dental surgeons (CDs), dental dentists and dental 
assistants (TPD, APD, TSB and ASB) were searched by literature review. The most 
referenced pathologies were divided into infectious diseases caused by viruses 
(hepatitis, HIV, H1N1, Herpes types I and II) and by bacteria (syphilis, tuberculosis, 
gonorrhea, diphtheria, legionellosis). There are also non-communicable chronic 
diseases (Diabetes II, Hypertension, obesity, locomotor, respiratory, circulatory, 
postural disorders, auditory and ocular affections and repetitive stress injuries and 
work-related musculoskeletal disorders (DORT). TDAH, stress, depression, and 
Burnout Syndrome were the most common accidents. The most common accident 
was with sharp instruments, a matter of great relevance and significant value for 
Dentistry, considering that occupational misfortunes cause loss of It is concluded that 
it is necessary to have this knowledge in order to establish programs to control 
diseases and accidents at work, aiming at reducing the harmful effects generated by 
them and restructuring the content to be taught in undergraduate, specialization , 
masters and doctorates, making possible a greater and more care and, as a 
consequence, less possibility of acquiring and / or developing diseases of work in 
dentistry. 
 
Keywords: Epidemiology. Occupational Diseases. Dentists. Dental Auxiliaries. 
Students Dental. 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO 9 
2 PROPOSIÇÃO 
11 
3 REVISÃO DE LITERATURA 
12 
4 DISCUSSÃO 
60 
5 CONCLUSÃO 
65 
REFERÊNCIAS 
66 
ANEXO 1 – CERTIFICADO DE VERIFICAÇÃO DE ORIGINALIDADE E 
PREVENÇÃO DE PLÁGIO 
 92 
 
 
 
9 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
As energias lesivas existentes são devidamente descritas pelos 
doutrinadores na traumatologia Forense (França, 2017). 
A infortunística forense estuda os efeitos das energias lesivas no corpo 
humano, além de determinar as consequências na redução da capacidade laborativa 
(Daruge et al., 2017). 
O CD e os auxiliares da odontologia no ambiente de um consultório 
dentário estarão expostos à riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de 
acidentes (Russo, 2000). Tais riscos compõem o PPRA (Programa de Prevenção de 
Riscos Ambientais) e servem de base para a elaboração do PCMSO (Programa de 
Controle Médico e Saúde Ocupacional) (Russo, 2003). 
O PPRA evidencia o risco efetivo que pode gerar acidentes e/ou doenças 
ocupacionais e o PCMSO estabelece os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) 
e os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) mais apropriados para se reduzir ou 
minorar tais riscos. Um dos únicos riscos que não pode ser reduzido é o risco 
biológico, pois o uso de EPIs não elimina a capacidade de adoecimento pela 
patogenicidade de bactérias e vírus. 
O CD e os auxiliares sofrem as consequências do uso de produtos 
químicos, uso de calor, uso de luz (no uso do fotopolimerizador e fundição de 
metais), no trabalho direto com o paciente (possibilidade de infecções virais e 
bacterianas), além de sofrerem com as perdas auditivas induzidas pelo ruído 
ocupacional (PAIRO) por meio de compressores, peças de mão de alta e baixa 
rotação, condicionadores de ar, entre outros (Lopes e Genovese, 1991; Barbosa et 
al., 2003; Russo, 2003; Francesquini Júnior, 2007; Teixeira, 2007; Souza e Silva, 
2009; Nogueira et al., 2010; Medeiros, 2011; Alves et al., 2012; Gabler et al., 2012; 
Hércules, 2014; Mattos et al., 2016; Daruge et al., 2017; França, 2017). 
Ao final do exame individual do CD e dos auxiliares, gera-se o PPP (Perfil 
profissiográfico previdenciário) que servecomo um histórico das doenças e 
10 
 
acidentes sofridos no ambiente laboral e servirá como base para readaptações e/ou 
aposentadorias por invalidez. 
Desde 2009, por meio da inclusão do parágrafo 5º do artigo 203 da lei 
8.112, o CD pode realizar perícias oficiais visando referenciar a incapacidade para o 
exercício das atividades laborais e estudar a infortunística forense com as suas 
repercussões trabalhistas/previdenciárias. 
Ressalta-se ainda que o CFO normatizou tal prática por meio da Resol. 
87/2009. Acredita-se que somente o professor de Odontologia Legal, possuidor 
deste conhecimento, poderá alertar os estudantes de Odontologia sobre os riscos de 
doenças e de acidentes que o exercício da profissão pode gerar. 
Foi realizado uma revisão bibliográfica nas plataformas de pesquisa 
Pubmed, Lilacs, Scielo, Google Acadêmico, literatura cinzenta e obras nacionais 
consagradas nos anos de 2008 a 2018. 
 
 
 
11 
 
2 PROPOSIÇÃO 
Buscou-se no presente, listar por meio de revisão da literatura, as 
principais doenças ocupacionais, seus sinais, sintomas e tipos de acidentes 
ocupacionais em Cirurgiões-Dentistas (CDs), Discentes em Odontologia e auxiliares 
odontológicos (TPD, APD, TSB e ASB). 
Também se discutiu a necessidade deste tema para o ensino de 
graduação e pós-graduação, além é claro, da importância do conhecimento das 
mesmas para o estabelecimento de Programas de Prevenção no ambiente laboral. 
 
 
 
12 
 
3 REVISÃO DE LITERATURA 
Almeida Júnior (1948) escreveu que: “o movimento de proteção ao 
trabalhador iniciou-se na Alemanha em 1884, na Inglaterra em 1895, na França e na 
Itália em 1898, na Espanha em 1900, na Holanda em 1901, na Bélgica em 1903, na 
Guatemala em 1906, na Hungria em 1907, na Sérvia em 1910, na Suíça em 1911, 
em Salvador e no Peru em 1911, em Portugal em 1913, na Suécia em 1914, no 
Uruguai em 1914, na Argentina e na Colômbia em 1915, em Cuba e no Panamá em 
1916, no Brasil em 1919 por meio da Lei 3724 de 15 de janeiro de 1919”. 
Arbenz (1959) informou as causas gerais dos acidentes de trabalho: falta 
do empregador (8%), falta do empregado (16%), falta de ambos (3%), falta de uma 
terceira pessoa (3%), risco profissional (69%), outras causas (1%). Citou Hilário 
Veiga de Carvalho [s.d] que relatou as principais causas de acidentes no processo 
laboral: “imprudência do operário, fadiga, hábito, falta de aprendizado e falta de 
exame prévio”. O autor sugeriu medidas para a prevenção de acidentes: “a 
orientação profissional; a inspeção médica de admissão e exames médicos 
periódicos”. 
Lopes e Genovese (1991) citaram a definição de doença profissional: 
“qualquer manifestação mórbida que surge em decorrência das atividades 
ocupacionais de um indivíduo”. Mencionaram a ADA (American Dental Association) 
que afirmou que os CDs morriam pelos mesmos motivos que a população em geral. 
Citaram Zwemer e Williams (1987) que, aproximadamente no ano de 1990, 
demonstraram que os CDs tinham menos doenças infectocontagiosas e possuíam 
maior expectativa de vida do que a população em geral. Escreveram que o 
Ministério da Previdência e Assistência Social apenas considerava que os CDs 
estavam expostos às radiações ionizantes, aos ruídos acima de 90 decibéis e aos 
agentes biológicos. Eles afirmaram também que: houve alta prevalência de hepatite 
entre os CDs, sendo que mais de 28% teriam se infectado previamente com o vírus 
da hepatite B; que os CDs têm 3 vezes maior probabilidade de contrair esta doença, 
em relação à população em geral e que os cirurgiões bucomaxilofaciais teriam 10 
vezes maior probabilidade de contrair esta moléstia. Apresentaram as principais 
doenças obtidas pelos CDs em ambiente de trabalho, entre os anos de 1980 e 1987, 
sendo elas (em ordem decrescente): Hepatite B; Mercurialismo; Herpes; Estresse; 
13 
 
Distúrbios do ouvido; Tuberculose; Afecções oculares; Raios X (efeitos adversos); 
Alergias; Sífilis; Pneumoconioses; Lombalgias e Doenças ocupacionais. Os autores 
escreveram sobre a possibilidade de contrair herpes simples tipo I nos dedos, o que 
causaria dor e incômodo e que o CD poderia contaminar os olhos e adquirir infecção 
herpética ocular, causando edema das conjuntivas e pálpebras ou vesículas e 
opacificação do epitélio com a forma de pontos. Afirmaram, ainda, que os CDs 
poderiam contrair sífilis na clínica odontológica, causando cancro sifilítico na 
cavidade oral, em lábios, língua, tonsilas e palato. Em seguida, febre, dor de 
garganta e angina sifilítica, placas ovaladas com diversas colorações na língua, 
mucosa jugal, comissura labial, lábios (queilite sifilítica altamente infectantes para as 
mãos dos CDs), erupções cutâneas e infartamentos ganglionares. Na última fase: 
lesões bucais, glossite luética, goma sifilítica. Estes autores também teriam 
mencionado que a probabilidade de um CD adquirir infecção pulmonar durante um 
tratamento odontológico, seria de 50%, e julgou esse valor como muito alto. Os 
autores afirmaram que “o mercúrio foi uma causa de doença ocupacional em 200 
profissões”. Citaram Cross et al. (1978) que mencionaram o fato de que após 
inalado, cerca de 80% do mercúrio permanece nos pulmões e é convertido 
parcialmente em metilmercúrio ficando preso no parênquima dos rins. Informaram 
que o mercúrio faria mal às CDs gestantes porque o mesmo teria potencial para 
atravessar as barreiras placentárias. Para eles, os CDs apresentariam 
micromercurialismo no SNC, apresentando: “queda da produtividade, aumento da 
fadiga, irritabilidade nervosa, perda de memória, perda de autoconfiança, astenia 
muscular, depressão e sono agitado”. Citaram também o Council of Dental Materials 
and Devices (1974) que escreveram que na intoxicação aguda, também conhecida 
como hidrargirismo, apesar de ser raro para CDs, apresentaria: “tremores finos, 
convulsões, perda de apetite, depressão, fadiga, insônia, dor de cabeça, úlceras e 
pigmentação escura na mucosa bucal e gengiva marginal, além da perda de dentes. 
Podem ainda ocorrer alterações no comportamento social, da personalidade, do 
caráter, distúrbios da fala (gaguejo), alterações na caligrafia, marcha instável, 
insensibilidade e dor nas extremidades, diminuição do campo visual, problemas de 
acomodação, gosto metálico na boca, dermatites e formação de vesículas em 
língua, lábios e face”. Os autores ressaltaram que o CD e o TPD poderiam aspirar o 
Berílio presente nos metais odontológicos durante o processo de corte e desbaste 
de metais e contrair pneumonite intersticial, seguida de fibrose pulmonar. Apontaram 
14 
 
um estudo com 61 mil profissionais nos EUA que descreveu que o óxido nitroso 
(utilizado como gás anestésico) poderia ter causado: “aumento dos rins e fígado; 
distúrbios neurológicos; redução de reflexos motores e de percepção”. Citaram 
Cohen (1980) que mencionou aumento no número de malformações congênitas nos 
descendentes de auxiliares que trabalhavam em ambiente odontológico que 
utilizavam tal gás. Citaram Brodsky (1984) que escreveu sobre a inativação da 
vitamina B12, afetando funções neurológicas e de células reprodutoras. Os autores 
declararam que 50% dos CDs possuíam dores lombares. Citaram Knoplich (1986), 
informando que a principal causa dessas dores seriam os discos intervertebrais 
devido à compressão de fibras sensitivas ou ainda, dissolução ou destruição de 
vértebra (espondilose) e, já as lordoses, escolioses e cifoses poderiam agravar os 
problemas mencionados. Para os autores, ainda, os CDs estariam propensos a 
adquirirem: varizes, calosidades, espessamento de unhas encravadas e tendinites 
no tendão do calcâneo após os 50 anos de idade. Os autores escreveram assuntos 
relacionados com a visão e os olhos, sendo que estes podem ser lesionados 
superficialmente com arranhaduras, sulcos e pequenas abrasões, mas também 
podem ser lesionados profundamente e relataram também sobre a iluminação do 
ambiente odontológicoque deveria possuir 1300 a 2000 Lux no campo operatório, 
900 Lux na mesa de trabalho e 600 lux na sala clínica e que a radiação UV e a luz 
do fotopolimerizador poderiam comprometer os olhos e a visão. Citaram a PAIRO e 
que este problema geraria prejuízo na comunicação e isto acarretaria em problemas 
de ordem psicológica. Os autores escreveram sobre os perigos das radiações 
ionizantes para CDs que não se protegem e sofrem os efeitos cumulativos: 
“queimaduras (eritemas e dermatoses) nos dedos; carcinoma epidermóide; perda de 
cabelos; alterações em células sanguíneas; atrofias; ulcerações; esterilização; 
câncer; leucemia; diminuição da expectativa de vida e óbito”. Eles definiram o que é 
o estresse e dividiram-no em três fases, respectivamente: fase de alarme, 
caracterizado pelo aumento no nível de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina); 
fase da reação de compensação, quando há estresse contínuo e o sistema 
fisiológico humano reage com compensação adrenocortical; última fase, a fase 
exaustiva, a qual todo o sistema regulador humano entre em colapso, ocorre 
degeneração completa e óbito. Os autores correlacionaram o estresse ao CD, 
mencionando que os mesmos estão sujeitos à estímulos físicos, químicos, 
15 
 
bioquímicos e psíquicos e que o diagnóstico correto desses infortúnios é difícil 
porque agem em conjunto e não de forma isolada. 
Saquy et al. (1998) apontaram que os CDs apresentam dermatites e 
hipersensibilidades geradas por substâncias químicas, sabonetes e luvas de látex. 
Souza (1998) escreveu sobre ruídos, com os objetivos de: “analisar 
experimentalmente os níveis de ruído produzidos por peça de mão de alta rotação 
em consultório odontológico buscando a humanização do trabalho do CD” e permitir 
estudos sobre saúde e trabalho. Para isso, a autora se baseou no trabalho de Souza 
(1997) para selecionar duas CDs com idade média de 28 anos, ambas com 6 anos 
de trabalho na área. Realizaram os experimentos observacionais com a utilização de 
dois modelos de peça de mão de alta rotação (turbina A e turbina B) para cada 
participante, as quais fizeram preparos cavitários similares. A autora comentou sobre 
as médias dos níveis de ruídos encontrados: 79,82dB(A) para a turbina A e 
84,69dB(A) para a turbina B. A autora concluiu que havia uma necessidade de 
melhorar a construção das peças de alta rotação com o intuito de diminuir a emissão 
de ruídos, além da necessidade de proteger os profissionais da odontologia que se 
utilizavam de tais peças. 
Filgueiras e Hippert (1999) escreveram sobre o estresse. Citaram Selye 
(1959) que afirmou que o estresse se manifesta através da Síndrome Geral de 
Adaptação (SGA), definida como: “um conjunto de respostas não específicas a uma 
lesão”. Esta compreende: dilatação do córtex da suprarenal, atrofia dos órgãos 
linfáticos, úlceras gastro-intestinais, além de perda de peso e outras alterações. 
Desenvolve-se em três etapas: fase de alarme (manifestações agudas); fase de 
resistência (desaparecimento das manifestações agudas) e fase de exaustão (volta 
das manifestações da primeira fase e o organismo pode colapsar). Rossi refere-se a 
Sapolsky, segundo o qual o terceiro estágio de Selye (exaustão) não estaria correto 
porque o estresse crônico não leva o organismo a uma exaustão das moléculas 
mensageiras de ativação do estresse, tais como epinefrina e cortisol. O que ocorre 
de fato é o contrário: é o excesso crônico (epinefrina e cortisol) dessas substâncias 
ao longo do tempo que leva a uma eventual ruptura coletiva das partes do binômio 
mente-corpo, chamada de resposta de estresse ou psicossomática. Os autores 
citaram Marilda Lipp (1984) que definiu o estresse como “uma reação psicológica, 
16 
 
com componentes emocionais físicos, mentais e químicos, a determinados estímulos 
que irritam, amedrontam, excitam e /ou confundem a pessoa”. Através de Selye 
(1959), o autor conclui a obra explicando que a importância do SGA é permitir uma 
base comum para todas as observações feitas sobre o estresse, fato que não 
ocorria anteriormente porque as informações não eram relacionadas. Os autores 
finalizam o texto argumentando sobre a complexidade do ser humano e seu 
processo de saúde e doença. 
Kaney (1999) informou que todo CD tem alta probabilidade de ter 
estresse e burnout porque tem que se relacionar com o paciente e com suas 
expectativas. Definiu burnout como a “síndrome da exaustão emocional, 
despersonalização e redução pessoal”. 
Uriarte Neto (1999) escreveu um trabalho com o objetivo de identificar 
características gerais sobre o posto de trabalho de 89 profissionais de odontologia, 
em consultórios particulares de Itajaí, SC. Como resultado, o autor obteve: 39% 
eram do sexo feminino; e estes apresentaram índice de massa corpóreo médio 
adequado, enquanto que os do sexo masculino, tendência à obesidade; 71,43% dos 
profissionais do sexo feminino relataram sintomatologia dolorosa; 40,74% dos 
profissionais do sexo masculino relataram sintomatologia dolorosa; 41,57% dos 
profissionais relataram dificuldade de adaptação ao trabalho; em 78,66% dos 
consultórios haviam auxiliares odontológicos. O autor concluiu que os profissionais 
de Itajaí se apresentaram conforme o padrão ISO/FDI, entretanto, que seriam 
necessárias medidas preventivas quanto às doenças ocupacionais devido ao grande 
número de profissionais com sintomatologia dolorosa. 
Kosmann (2000) escreveu uma revisão de literatura sobre dor e 
desconforto no trabalho do CD, com o objetivo de investigar as causas de dores em 
ambiente laboral desses profissionais. A autora utilizou metodologia de análise 
ergonômica, análise estatística em citações e questionário específico. Como 
resultado, a autora encontrou relação entre o trabalho estudado e dor, desconforto, 
além de aspectos psicossociais. Concluiu que o trabalho do CD contribui para o 
agravo do estresse e isso aumenta as dores musculares e desconfortos em geral. 
17 
 
Ramazzini (2000) cita Ramazzini (1700) indicando que este escreveu que 
visitava o trabalho e entrevistava trabalhadores com o intuito de descobrir a 
correlação entre alguns tipos de trabalhos e as doenças causadas durante os 
processos laborais. Citou Campana (s.d) que afirmou que: “o diagnóstico se faz 
com 80% de anamnese e 20% de exame físico”. Ramazzini relatou assuntos 
relacionados às doenças adquiridas no trabalho, tal como a postura incorreta e fazia 
estudos do nexo entre a doença e o trabalho. Citou as doenças causadas por 
trabalhos sedentários e concluiu que o sedentarismo causa dores de coluna. 
Mencionou casos de tremores, perdas de dentes e perda de força nas pernas em 
trabalhadores que utilizavam o mercúrio para dourar peças de prata e bronze. 
Apresentou informações sobre problemas respiratórios em gesseiros e escreveu 
sobre problemas musculares e em tendões (atualmente seria enquadrado como LER 
e/ou DORT). 
Lacerda et al. (2002) realizaram uma pesquisa sobre ruídos sonoros em 
um consultório odontológico na qual o ambiente odontológico era submetido à 
diversos sons de equipamentos e instrumentais odontológicos tanto isolados, como 
em conjunto, nas mais variadas possibilidades. As medições encontradas por um 
técnico do trabalho foram: 45 a 76dB(A) em diferentes situações e 70 a 78dB(A) nas 
peças de mão de alta rotação. Os autores concluíram que tais ruídos poderiam 
causar desconforto, mas não necessariamente riscos ou danos à saúde. Os autores 
citaram Fiorini (1995) que comentou que os CDs e seus auxiliares estariam 
ameaçados pelos efeitos dos ruídos originados principalmente das turbinas. Citaram 
Costa (1989), citado por Saquy (1996) que observou que o CD sofre com ruídos 
provenientes de compressores de ar, turbina de alta rotação, sugadores de saliva, 
dentre outros. Citaram Nogueira (1983) que mencionou que os ruídos das turbinas 
de CDs são extremamente altos e que causavam perda auditiva. Citaram Saquye 
col. (1994) que fizeram uma pesquisa com o objetivo de obter o grau de ruído de 
canetas de alta rotação de três marcas comerciais distintas e, como resultado, 
encontraram, a uma distância de 30 centímetros: “abaixo de 85 dB(A) para as 
marcas Dabi-Atlante e Kavo” e “acima de 85 dB(A) para a marca Rucca. 
Oliveira (2002) escreveu uma tese sobre o conhecimento de CDs quanto 
às radiações ionizantes em consultórios odontológicos tipo I, na cidade de São 
Paulo. Para isso, foram escolhidos 480 consultórios públicos e privados, nos quais 
18 
 
os CDs responsáveis responderam um questionário sobre a legislação vigente para 
o assunto e sobre a proteção à radiação. Como resultado, a autora escreveu: 
“somente 17,3% possuíam sala exclusiva para o aparelho de raios X; 69,8% não 
usavam dosímetro pessoal; 34,2% não realizavam controle de qualidade nos 
aparelhos de raios X”, indicando que um grande número de CDs não seguia as 
normas da Portaria 453 que trata dos estabelecimentos radiológicos e seus 
programas respectivos. A autora concluiu que faltaram conhecimentos com relação 
aos regulamentos pertinentes à proteção radiológica. 
Araújo e Paula (2003) citaram Helfenstein e Feldman (2001) que 
definiram lesão por esforço repetitivo (LER) como “um conjunto heterogêneo de 
afecções do sistema músculo-esquelético que estão relacionadas ao ambiente de 
trabalho”. Os autores afirmaram que, em Belo Horizonte, de 1985 a 1988 ocorreu 
aumento de 1% para 40% na prevalência de LER, sendo o sexo feminino o 
responsável por 76% dos novos casos. Citaram Lima (2001) que definiu LER como 
“conjunto de doenças que afetam nervos, músculos e tendões juntos ou 
separadamente e apresenta característica degenerativa e cumulativa e é sempre 
precedida por dor ou desconforto, além de, quando a origem da LER for uma 
atividade ocupacional, denomina-se distúrbios osteomusculares relacionados ao 
trabalho (DORT)”. Citaram Luduvig (1998) que escreveu que as LER são 
frequentemente relacionadas à algumas profissões, dentre elas, a de CD. Citaram 
Lazeris et al. (1999) que afirmaram que as LER e DORT frequentemente 
associadas ao exercício da odontologia, são: “cervicobraquialgia; ombro doloroso; 
síndrome do desfiladeiro torácico; epicondilite lateral; síndrome do túnel do carpo; 
tenossinovite de Quervain”. Citaram Santana et al. (1998), Rio (2000), Santos Filho e 
Barreto (2002) os quais afirmaram que LER/DORT tornaram-se um problema de 
saúde pública e que estes problemas poderiam incapacitar os profissionais por 
tempo indeterminado. Citaram Regis Filho e Lopes (1997) que afirmaram que as 
LER são um problema de saúde pública. Citaram Silva e Barboza (2000) que 
fizeram uma pesquisa no 18º Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo, 
em 1998, tendo, como resultado: “31,9% dos CDs apresentaram algum sintoma de 
dor e, desses, 17% foram diagnosticados com LER/DORT; as partes mais afetadas 
foram membros superiores e coluna vertebral”. Os autores concluíram que a 
pesquisa se apresentou de acordo com a maioria dos estudos epidemiológicos 
19 
 
relacionados. Citaram Michelin et al. (2000) que realizaram uma pesquisa com 36 
CDs docentes da Faculdade de Odontologia da Universidade de Passo Fundo para 
avaliar o perfil epidemiológico das DORT. Aplicaram, como método, um questionário 
com perguntas específicas e obtiveram, como resultado, que: “31% dos CDs 
apresentavam dor lombar; 27% cervical; 23% no ombro; 17% no punho; 23% dos 
que trabalhavam mais que 40 horas semanais tiveram algum problema no pescoço, 
punho, cotovelo e/ou ombro”. Citaram Matta e Zacaron (1997) que fizeram uma 
pesquisa e obtiveram, como resultado, que um em cada dois CDs possuíam alguma 
patologia na coluna lombar devido à postura em ambiente ocupacional. Citaram Rio 
(2000) que realizou uma pesquisa sobre LER/DORT com 100 CDs de Belo 
Horizonte, MG, e encontrou como resultado que 86% dos CDs entrevistados tiveram 
algum sintoma nos últimos 6 meses, nos locais: “pescoço/região cervical; 
mãos/punho; ombros; região lombar; região tóraco-dorsal e cotovelos”. Detectaram 
ainda que dos que relataram algum sintoma, 96,5% mencionaram que a causa era a 
carga de trabalho. Citaram Santos Filho e Barreto (2002) que realizaram um estudo 
da prevalência de dor osteomuscular em 388 CDs do serviço público de Belo 
Horizonte, MG e como resultado encontraram: “58% dos CDs apresentaram dor no 
segmento superior (22% no braço, 21% na coluna, 20% no pescoço e 17% no 
ombro); 26% relataram dor diária; 40% dor moderada ou forte; 77% dor crônica”. 
Citaram também uma entrevista realizada pelo Jornal do CROMG (2002) o qual citou 
o médico do trabalho e ergonomista Rodrigo Pires do Rio que realizou uma pesquisa 
sobre o estresse em CDs de Belo Horizonte, MG, encontrando, como resultado, que 
55% do total de CDs entrevistados encontravam-se com estresse nível intenso e os 
motivos foram: “questão financeira; dificuldades nos relacionamentos interpessoais 
dentro e fora do consultório; elevado desconforto físico e frustração de expectativas 
profissionais”. Os autores concluíram que as LER/DORT são uma patologia 
preocupante, porque a incidência é muito alta. 
Barbosa et al. (2003) escreveram um livro sobre as doenças ocupacionais 
dos CDs. Mostraram a importância da imunização do CD e sua equipe, contra a 
“difteria, rubéola, tétano, parotidite viral, sarampo, hepatites A e B. Relataram que 
seria necessária a prevenção contra HIV, herpes (simples, varicela-zóster, Epstein-
Barr, citomegalovírus e herpes-vírus humano, vírus da gripe (influenza), vírus 
coxsackie (úlceras orais), papilomavírus humano (lesões verrucoides), vírus 
20 
 
linfotrópico humano I (leucemia de células T e parestesia espástica), rubéola, 
sarampo e parotidite viral, bem como as doenças causadas por bactérias: 
tuberculose, sífilis, blenorragia (gonorréia), difteria e legionelose”. Tais autores 
mencionaram o risco de ferimentos com objetos cortantes e pontiagudos, sendo que 
em exposições percutâneas a chance de ocorrer transmissão do vírus HIV seria de 
0,56% e para a hepatite B, de 40% e para a hepatite C, 1,8%. Os autores citaram 
Lopes (2000) explicando a diferença entre acidente de trabalho e doenças 
profissionais. Acidentes de trabalho seriam os “eventos ocorridos em curto espaço 
de tempo entre a ação do agente nocivo e o surgimento da lesão”. Já as doenças 
profissionais seriam “caracterizadas por período de tempo de maior duração entre o 
agente nocivo e o aparecimento da doença e poderiam ter causas mecânicas, 
físicas, químicas e biológicas”. Ainda Barbosa et al. (2003) relataram que os CDs 
estão expostos aos agentes de risco desde os primeiros anos de faculdade e que as 
doenças ocupacionais nessa classe de trabalhadores é uma “séria e preocupante 
realidade”. Citaram ainda Sartre (2002) para definir doença profissional: “qualquer 
manifestação mórbida que surge em decorrência das atividades ocupacionais do 
indivíduo. A odontologia, como as demais profissões apresenta riscos operacionais 
que podem levar a doenças, à invalidez e, até mesmo, a morte”. Outrora, citaram 
Saquy apud Tagliavin (2002) que apontaria esta classe com “alta prevalência de dor 
e desconforto no pescoço, ombros e nas costas quando comparados com outros 
grupos ocupacionais”. As autoras ainda fazem um comentário dizendo que as 
doenças ocupacionais surgem de um agente prejudicial e contínuo e que este 
processo leva um tempo longo para desencadear tais infortúnios. Também disseram 
que essas doenças podem surgir devido à falta de adaptação do indivíduo ao seu 
ambiente de trabalho. Classificaram os agentes nocivos quanto à natureza dos 
mesmos, sendo: “Biológicos (bactérias, vírus), como exemplo, hepatite A, B, C, D, E, 
HIV, herpes, vírus da gripe, rinovírus e adenovírus, vírus Coxsackie, papilomavírus 
humano, vírus linfotrópico humano, rubéola, sarampo, parotidite virótica, 
tuberculose, sífilis,gonorreia, difteria, legionelose ; Químicos (gases, vapores), como 
exemplo, amálgama, mercúrio, asbesto, amianto, berílio, óxido nitroso, substâncias 
anestésicas; Físicos (radiação, iluminação, ruído, temperatura), tais como radiações 
ionizantes; Mecânicos (distúrbios posturais, esforços repetitivos e prolongados), tais 
como, atividade muscular constante ou sustentada, compressão constante de vasos 
sanguíneos, pressão intradiscal mantida, lesão degenerativa precoce do disco 
21 
 
intervertebral, protrusão intradiscal do núcleo pulposo, hérnia de disco, lombalgia, 
LER/DORT, tenossinovites, dedos em gatilho, doença de Quervain, síndrome do 
túnel do carpo, síndrome do túnel ulnar, síndrome do redondo pronador, epicondilite, 
bursite, cervicobraquialgia, miosites e polimiosites; Psíquicos (stress) e Acidentais. 
Escreveram sobre alguns riscos devido à manipulação de asbesto; amianto; silicato 
de cálcio (nos anéis de fundição); berílio. Tais riscos se dariam pelo potencial 
desses materiais causarem: “dermatite de contato; emagrecimento; fadiga; mal-
estar; queimaduras das córneas”. Os autores afirmaram que o Berílio poderia causar 
intoxicação e os primeiros sinais seriam pneumonite intersticial crônica, podendo 
progredir para fibrose pulmonar. Já os anestésicos, tais como a procaína, poderiam 
gerar dermatite de contato, iniciando ao redor das unhas, indo para as polpas 
digitais e em seguida envolver toda a mão. Também escreveram que os produtos: 
“formaldeído em forma de pastilhas; eugenol; eucaliptol; aromáticos; fenol; cresoto; 
preparações iodadas; acrílicos; alginatos; gessos especiais; dentre outros” poderiam 
causar dermatites de contato. 
Gobbi (2003) escreveu um estudo sobre sintomas músculo esqueléticos 
relacionados ao trabalho em 165 CDs de uma cidade do interior do estado de São 
Paulo, através de questionário autoaplicável, com o objetivo de identificar a 
prevalência desses infortúnios nessa classe de trabalhadores. Através de: análise 
descritiva das variáveis; Qui-quadrado; exato de Fisher; teste de Mann-Whitney; 
análise de regressão logística multivariada, a autora comparou dois grupos de 
estudo: os que apresentaram dor nos últimos 12 meses e os que não apresentaram 
sintomas, ambos com relação à: região cervical; punhos e mãos; lombar; torácica e 
ombros (escolhidas devido à maior ocorrência). A autora detectou que 92,7% dos 
participantes tiveram dor de origem osteomuscular nos últimos 12 meses. Destes, o 
local afetado correspondeu a: “67,3% cervical; 63% punhos e mãos; 62,4% lombar; 
61,2% torácica e 58,8% ombros”. A autora verificou que o sexo feminino foi um fator 
de risco para a dor de origem osteomuscular em todas as regiões corporais 
selecionadas (p=0,00005). A autora concluiu que, apesar da necessidade de mais 
estudos nesse assunto, foi confirmada a severidade desses infortúnios relacionados 
com a profissão de CD. 
Russo (2003) em sua obra Gestão em odontologia escreveu no capítulo 
16 sobre a saúde ocupacional em odontologia. Citou o Ministério do Trabalho e 
22 
 
Emprego, o qual publicou, em 1978, a portaria 3.214 que trata das normas 
regulamentadoras (NRs) em medicina e segurança do trabalho. O autor selecionou, 
das 29 NRs existentes, algumas de maior interesse na área odontológica: NR-5 
(CIPA e Mapa de Riscos); NR-6 (EPIs); NR-7 (PCMSO); NR-9 (PPRA); NR-15 
(insalubridade); NR-17 (ergonomia) e também citou as resoluções da vigilância 
sanitária: SS-15 (instalações odontológicas); SS-625 (radiação ionizante) e CVS-11 
(controle de doenças transmissíveis em ambiente odontológico). Quanto à NR-5, o 
autor descreveu o mapa de riscos e as cores referentes aos riscos, sendo: verde 
para riscos físicos; vermelho para riscos químicos; marrom para riscos biológicos; 
amarelo para riscos ergonômicos e azul para riscos de acidentes. Citou na NR-6 os 
EPIs utilizados em odontologia: óculos de proteção; gorro; máscara; luvas 
descartáveis. Para a NR-7 o autor mencionou sobre a obrigatoriedade, desde 1995, 
de exames admissional, periódico, retorno ao trabalho, mudança de função, 
demissional e, na odontologia, mais dois exames, sendo o do mercúrio urinário e 
hemograma completo com plaquetas. Na NR-9 citou o objetivo da preservação da 
saúde e integridade dos trabalhadores. Na NR-15 citou: o ruído, que não deveria 
ultrapassar 85dB(A) decibéis; o mercúrio, que não deveria ultrapassar 0,04mg/m3 
porque acima disso seria considerado como insalubridade grau máximo e exposição 
a agentes biológicos, por contato com pacientes e que foi considerado como 
insalubridade grau médio. Na NR-17, com relação à ergonomia, o autor escreveu 
sobre: o mobiliário; a temperatura; o ruído; a umidade; a iluminação; o transporte de 
peso e as pausas nos trabalhos repetitivos. O autor abordou assuntos relacionados 
aos riscos inerentes à atuação do profissional em odontologia, sendo: Riscos 
Químicos (mercúrio, anestésicos, látex); Riscos biológicos (instrumentos 
contaminados, acidentes nos procedimentos, limpeza do local, proteções, 
Descarpack para perfuro cortantes, HIV, imunização/vacinação contra: hepatite B 
em 3 doses, hepatite A em 2 doses, MMR - sarampo/caxumba/rubéola, difteria-
tétano a cada 10 anos, pneumocócica acima de 60 anos e a cada 5 anos, influenza 
acima de 60 anos e anualmente e, para menores de 60 anos é opcional); Riscos 
ergonômicos (DORT; estresse e as doenças relacionadas, como transtorno, 
ansiedade, depressão, bipolaridade, dentre outras; ambiente físico; mobiliário; 
postura; forma de organizar atividades; fatores psicossociais); Riscos físicos (ruídos 
de alta rotação, radiação ionizante e doenças relacionadas, como exemplo, a 
radiodermite). 
23 
 
Santana (2003) afirmou que os acidentes de trabalho são um problema de 
saúde pública no mundo todo e que, no Brasil, as empresas gastam mais de 12,5 
bilhões de reais por ano e os cofres públicos, 20 bilhões de reais por ano, para 
custear tais indenizações. 
Souza (2003) escreveu uma dissertação sobre a iluminação em 
consultórios odontológicos com o objetivo de demonstrar como a intensidade de luz 
em paciente dentro de consultório odontológico pode causar fadiga muscular e 
ocular no CD. Para isso, o autor realizou uma pesquisa qualitativa, um estudo 
exploratório/descritivo através de estudo de caso em sua clínica particular em 
Curitiba. O autor explicou conceitos de luz e explicou cada tipo de lâmpada: que 
irradiam por efeito térmico, ou seja, as incandescente (comum, refletora espelhada e 
halógena); que há descarga em gases e vapores (fluorescentes, vapor de mercúrio, 
vapor de sódio, dentre outras).O autor citou Saquy (1994) o que sugeriu como 
iluminar um consultório odontológico: se não há luz natural o correto seria utilizar 
lâmpada fluorescente do tipo “quente”; se o local possui pouca iluminação natural 
(do sol), usar lâmpadas fluorescentes tipo “fria”; em ambientes com muita luz natural, 
usar lâmpadas fluorescentes que acompanhem a luz natural, apenas como 
complemento. O autor fez abordagem aprofundada em ergonomia, uma vez que, 
citando Abergo [s.d], mencionou: “Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho 
às características fisiológicas e psicológicas do ser humano”. O autor citou Lusvarghi 
(1999) que, em conjunto com um oftalmologista, relatou que o CD pode ter trauma 
ocular, pois fixa o olhar por muito tempo em detalhes no interior da boca de seus 
pacientes e, por este motivo, pisca menos e apresenta ressecamento ocular e 
ardência que ocasiona espasmo para acomodação da musculatura ciliar que, com o 
tempo, pode causar infortúnios graves nos olhos, tais como a presbiopia (vista 
cansada). Lusvarghi também escreveu que a ação de raios ultravioleta em 
odontologia pode desenvolver ou acelerar catarata e degeneração macular (ponto 
central da retina). Citou Simurro (2000) que apresentou a possibilidade de 
perfuração do globo ocular por entrada de corpo estranho nos olhos.Quanto ao 
estudo de caso, o autor utilizou metodologia da Análise Ergonômica do Trabalho, 
fazendo estudo em período diurno e noturno, e detectou que durante a rotação 
forçada do tronco e região cervical causava também esforço visual que, após longo 
período de tempo, poderiam causar desgaste visual. O autor concluiu que a 
24 
 
iluminação afeta diretamente a visão, incluindo a musculatura movimentadora dos 
olhos e, se incorreta, causa fadiga nos olhos. Concluiu também que luz em excesso 
ou a falta dela causam problemas visuais e para finalizar, recomendou que os CDs 
façam pausas a cada período de tempo, para eliminar o cansaço visual. 
Lima e Farias (2005) escreveram sobre o trabalho do CD como causador 
de estresse e as doenças adquiridas com este problema psicológico. Os autores 
tiveram como objetivo identificar os motivos que levaram os CDs que trabalharam 
em jornada dupla a adquirir estresse. O autor relatou que a profissão do CD estava 
em crise por deficiência no número de pacientes em clínica privada por falta de 
condições destes, salário baixo, aumento no valor dos produtos utilizados na clínica, 
além do aumento do custo de tratamentos por inserção de novas tecnologias. 
Argumentaram que os convênios e planos de saúde odontológicos prezavam por 
lucro e isso reduzia o salário dos CDs, além de causar ansiedade, insegurança e 
desgaste emocional em profissionais autônomos por falta de qualidade de vida. Os 
autores citaram Chanlat e Bédard (1993) e argumentaram que os CDs contratados 
em instituições privadas e públicas não desfrutavam qualidade de vida porque 
sofriam de: “violência física e psicológica, tédio, desespero”. Citaram Selye (1965) 
quanto as três fases do estresse: fase de alarme (reação aguda em que o organismo 
entra em estado de proteção através de reações fisiológicas dos órgãos de defesa); 
fase de resistência intermediária (quando o estresse é contínuo e o organismo 
continua se protegendo dos fatores imediatos, além do estresse contínuo, com 
redução da eficiência fisiológica); fase de exaustão (esgotamento, queda de 
imunidade e possibilidade de doenças, como alergias, taquicardia, tuberculose, 
distúrbios, hipertensão, diabetes, insônia). Como resultado, os autores encontraram 
que os CDs com mais de vinte anos de profissão relataram doenças que estariam 
relacionadas ao estresse profissional, tais como: “distúrbios posturais, dores na 
coluna cervical, enxaquecas constantes, hipertensão arterial, depressão, 
fibromialgias, distúrbios da atividade sexual, infartos, insuficiência respiratória, 
envelhecimento precoce e câncer”. Os autores concluíram que a profissão de CD 
causa diversas doenças psicossomáticas. 
Mendes (2005) citou que Hipócrates (460 – 375 a.C) em sua obra Corpus 
Hippocraticum, descreveu muitas doenças ocupacionais. 
25 
 
Custódio (2006) escreveu um estudo de caso com o objetivo de analisar a 
ergonomia em profissional odontológico. A autora utilizou, como método, a 
metodologia da análise ergonômica do trabalho (AET) com abordagem ascendente e 
contou com a ajuda de um CD com perfil próximo ao do brasileiro, conforme Instituto 
Brasileiro de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas (Inbrape) sugere. Como 
resultado, a autora obteve sincronismo entre a atividade laboral do CD com DORT e 
que essa correlação se agravava conforme a organização do trabalho ficasse 
deficiente. A autora concluiu que as deficiências foram identificadas, o profissional 
envolvido foi orientado e o delineamento para melhoria do assento odontológico foi 
obtido. 
Furlan (2006) fez uma pesquisa em unidades básicas de saúde (UBS) de 
Piracicaba, SP e encontrou que 51% dos CDs já teriam se acidentado, sendo 76,2% 
destes, com materiais perfurocortantes. 
Garcia e Blank (2006) estudaram 289 CDs e 104 auxiliares de 
Florianópolis, SC, quanto à prevalência de exposição ocupacional a material 
biológico com o objetivo de encontrar a prevalência desses infortúnios, identificando 
as circunstâncias e o relacionamento com o uso de EPIs. As autoras obtiveram os 
dados a partir de questionários autoaplicáveis que apresentaram: 94,5% dos CDs já 
haviam se acidentado com material biológico, contra 80,8% dos auxiliares. 
Observaram também que o uso de óculos de proteção reduziu os índices de 
respingos de materiais biológicos nos olhos de CDs (p=0,004). Concluíram que 
seriam necessárias medidas educativas no intuito de diminuir a quantidade de 
acidentes com material biológico. 
Graça et al. (2006) escreveu sobre a relação entre doenças 
musculoesqueléticas e o trabalho de CDs. Os autores afirmaram que a prevalência 
dessas desordens teria aumentado muito nos últimos tempos e que, antigamente, o 
termo DORT era chamado de tenossinovite ocupacional. Os autores citaram Eccles 
e Powell (1967) que afirmaram que as doenças musculoesqueléticas afetavam 
muitos profissionais da odontologia, em diversos locais, tais como: “punho, mãos, 
extremidades inferiores, coluna lombar, pescoço, coluna cervical, ombros e braços”. 
Citaram Doorn (1995), Lehto (1991) que demonstraram que a prevalência de dor na 
região lombar variou de 36% a 57% entre CDs. Citaram Lehto (1991) que 
26 
 
mencionou prevalência de 42% de sintomatologia no ombro. Citaram Milerad e 
Ekenvall (1990) e Rundcrantz (1991) que encontraram a prevalência de 44% de 
sintomatologia na região cervical. Citaram Kelsey (1982) que afirmou que as 
desordens musculoesqueléticas eram mais comuns em CDs do que na população 
em geral. Citou também Akesson (1995) e Doorn (1995) que afirmaram que a 
prevalência de sintomatologia músculo esquelética era maior em CDs do que em 
outros profissionais. Citaram Doorn (1995) que afirmou que os profissionais da 
odontologia são um dos que mais se afastam do trabalho por incapacidade, seja ela 
temporária, ou permanente. Citaram Ferreira (1997) que demonstrou que 
aproximadamente 30% da desistência na profissão Odontologia é causada por 
problemas músculo esqueléticos. Citaram Kilpatrick (1971) que ressaltou que 
possuir auxiliar odontológico na clínica odontológica diminui a fadiga do CD. Os 
autores concluíram que a profissão de CD é uma das mais estressantes na área da 
saúde e que os profissionais da área precisam se cuidar porque as doenças 
musculoesqueléticas prejudicam a capacidade funcional dos mesmos. 
Mello (2006) escreveu que o estresse tem origem a partir de: “pressão no 
trabalho; aspectos financeiros; contato interpessoal com os pacientes; 
contentamento com o trabalho obtido; perspectivas na carreira; aspectos 
relacionados com a vida pessoal e com a vida profissional; dentre outros”. O autor 
estudou também a exaustão mental em trabalhadores da área da saúde, mais 
conhecida como Burnout. Neste estudo, a frequência de Burnout foi maior nos CDs 
do que em outros profissionais da saúde. Afirmou que esse crescimento no número 
de CDs doentes também abrangia outras doenças como as cardiovasculares e 
osteomusculares. Tais doenças estariam correlacionadas com o estresse no 
trabalho dos CDs, causado por alguns fatores, tais como “o reconhecimento 
financeiro, o relacionamento com os pacientes, as pressões variadas, a satisfação 
pessoal com o trabalho, o plano de carreira e a vida pessoal atribulada, etc”. 
Nunes e Freire (2006) escreveram um artigo sobre a qualidade de vida de 
CDs de um serviço público de Goiânia, GO, em 2004, com o objetivo de conhecer 
qual é a qualidade de vida dos mesmos. Como método, as autoras realizaram um 
estudo observacional transversal com 149 CDs desta cidade e aplicaram um 
questionário com questões relacionadas ao assunto aos quais foram aplicadas 
regressão logística simples e múltipla. As autoras obtiveram, como resultado: 51% 
27 
 
apresentaram baixa qualidade de vida no domínio físico; 52,3% baixa qualidade de 
vida a nível psicológico; 50,3% apresentaram alta qualidade de vida nas relações 
sociais. As autoras concluíram que os CDs estudadosapresentaram alta qualidade 
de vida nas relações sociais, entretanto, baixa qualidade de vida nos níveis físicos e 
psicológicos. 
Régis Filho et al. (2006) realizaram uma pesquisa sobre LER e DORT em 
CDs cadastrados no Conselho Regional de Odontologia de Santa Catarina, no ano 
de 2000, através de protocolo “inquérito sócio/sanitário” que foi enviado pelo sistema 
de carta e cartão resposta convencional (envelopes específicos). Do total de cartas, 
771 foram consideradas válidas, ou seja, corretamente preenchidas, dos quais: 
66,02% CDs do sexo masculino; 33,98% cirurgiãs CDs do sexo feminino. Dos que 
apresentaram LER, a dor inicial se localizou: 39,4% nos ombros e braços; 18,3% 
nos punhos e mãos; 17,2% no pescoço; 11,7% no cotovelo e antebraço; 8,20% na 
escápula; 3,4% outros locais e 1,8% não informaram. Dos pesquisados, 441 
apresentaram LER/DORT e destes, a severidade encontrada foi de: 24,65% baixa; 
34,98% média; 35,68% alta, com fisioterapia e 4,69% alta, com cirurgia. Os autores 
concluíram que houve confirmação de hipótese de trabalho que permite afirmar que 
o CD pertence a um grupo profissional exposto a risco considerável para adquirir 
LER/DORT se estiverem presentes fatores como: postura inadequada; força 
excessiva; muita repetitividade de movimentos; compressão mecânica de tecidos e 
características individuais. Também comentaram que, para CDs, os planos de saúde 
não tinham cobertura para esse grupo de doenças. 
Thorette et al. (2006) que afirmaram que o técnico em prótese dentária 
(TPD) estaria exposto a: “sílica, fumo de metais pesados, ligas de uso odontológico 
e componentes de resina acrílica” e que poderiam adquirir: “pneumoconiose, 
pneumonia hipertensiva, asma e câncer de pulmão”. 
Vignatti (2006) realizou um estudo que apontou para altos índices de 
obesidade, hipertensão arterial, problemas no aparelho locomotor, dor na coluna, 
varizes, diabetes tipo II, em 88 CDs da cidade de Valinhos- SP e que o sedentarismo 
também era frequente nesse grupo de CDs. 
28 
 
Aguiar (2007) desenvolveu uma tese sobre a prevalência de sintomas de 
estresse e de depressão em estudantes de odontologia da Universidade Federal do 
Ceará (UFC). Os autores afirmaram que existiam evidências que os estudantes 
desse curso tinham maior probabilidade de adquirirem problemas psíquicos e/ou 
mentais. A autora teve, por objetivo, identificar o estresse presente em estudantes 
de odontologia. Como método, a autora utilizou o Inventário de Sintomas de Stress 
para Adultos de Lipp (ISSL), Inventário de Depressão de Beck e um questionário 
pertinente ao assunto. A autora obteve, como resultado: 53 estudantes de 
odontologia participaram do estudo; 58,5% eram do sexo masculino; 96,2% eram 
solteiros e com idade média de 21 anos; 28,3% foi a prevalência de sintomas 
depressivos; atividades físicas influenciaram nos sintomas depressivos. A autora 
concluiu que a sintomatologia depressiva foi alta nesses estudantes pesquisados. 
Carvalho (2007) pesquisou e quantificou as principais doenças dos CDs e 
auxiliares em Volta Redonda, RJ, o qual encontrou que 51% apresentavam 
mudança de humor e do sono, 6% hipertensão, 23% desconforto auditivo (dor, 
zumbido e tontura), apresentaram DORT, 45% alergias, 56% dos CDs rinite alérgica 
e 66% dos auxiliares rinite alérgica. 
Donatelli (2007) realizou um estudo epidemiológico descritivo sobre 
acidentes ocupacionais de CDs, auxiliares odontológicos e estudantes de 
Odontologia na cidade de Bauru, SP, relacionados à exposição de material 
biológico. A autora obteve os dados a partir de prontuários e fichas de notificação de 
acidentes e encontrou: 179 acidentes entre os anos de 2000 e 2004, envolvendo 
174 profissionais; predomínio de casos no sexo feminino e jovens estudantes de 
odontologia; exposição com agulha contaminada com sangue foi o mais relatado; 
69,8% ocorreram na Faculdade de Odontologia; 5,6% em hospital com atendimento 
odontológico; 7,8% em consultório particular; 10,1% dos acidentes ocorreram em 
outros lugares; 6,7% sem informação do local do acidente; 42,5% ocorreu durante o 
procedimento odontológico; 7,3% durante a lavagem de material; 2,8% durante o 
reencape de agulha; 2,2% por descarte inadequado; 0,6% durante atividade 
laboratorial). Citou Rapparine (2006) que afirmou que existe um sistema brasileiro 
que começou a armazenar informações sobre acidentes com perfuro cortantes a 
partir do ano 2005, através de 28 centros colaboradores, o qual apresentou ou 
seguintes dados: “929 acidentes, sendo 6% com CDs, 0,4% entre estudantes de 
29 
 
Odontologia e 0,5% entre técnicos de higiene dental). Donatelli concluiu que há 
necessidade de se reforçar o conhecimento em biossegurança na área de 
Odontologia. 
Francesquini Júnior (2007) escreveu uma tese com o objetivo de 
identificar o grau de conhecimento dos auxiliares de CD, na cidade de Piracicaba, 
SP, com relação aos riscos (físicos, químicos, biológicos e ergonômicos) a que estes 
trabalhadores se submetem em suas atividades laborais. O autor abordou assuntos 
relativos à legalidade e exercício dessas profissões, através do Conselho Federal de 
Odontologia (CFO), além de mencionar que o Código de Ética Odontológico citou 
obrigatoriedade para CDs e TPDs proporcionarem condições dignas, seguras e 
salubres para seus auxiliares. Como metodologia, o autor aplicou questionário 
pertinente ao assunto, e, como resultado, encontrou que os auxiliares da cidade de 
Piracicaba conheciam o assunto, entretanto, desconheciam as leis correlacionadas a 
este assunto, como exemplo: “EPIs, CIPA, PPRA, PCMSO, LTCAT, PPP, NR-32, 
ANVISA, CONAMA, Código Civil e Penal, dentre outras”. O autor também encontrou 
que os auxiliares apresentaram doenças ocupacionais, tais como: “cegueira, pairo, 
LER/DORT, intoxicações químicas, doenças parasitárias, bacterianas e virais, 
estresse, Burnout”, além de acidentes ocupacionais sem abertura de CAT, após 
acidentes perfuro-cortantes durante o atendimento ou desinfecção de instrumentais. 
Oliveira et al. (2007) escreveram sobre ruído ambiental e sua percepção 
por 196 alunos do curso de graduação da Faculdade de Odontologia de Araraquara 
– UNESP. As autoras mostraram os riscos que os CDs eram expostos com o intuito 
de evitar doenças. Para isso, foi utilizado um questionário pertinente ao assunto 
tendo, como resultado, que 93,9% dos alunos do segundo ano, 96,8% do terceiro e 
100% dos alunos do quarto ano, julgaram que foram expostos a ruídos ambientais. 
Quanto à principal fonte de ruídos, encontraram a peça de mão de alta rotação e a 
bomba a vácuo e em relação ao incômodo: 36,4% dos alunos do segundo ano, 
67,7% do terceiro e 52,9% do quarto declararam que tais ruídos incomodavam. 
Através de metodologia aplicada, as autoras concluíram que a percepção dos alunos 
quanto aos ruídos aumenta diretamente proporcional em relação ao tempo em que 
ficaram expostos a eles. 
30 
 
Possobon et al. (2007) publicaram um artigo sobre o atendimento 
odontológico como gerador de estresse para os pacientes e também para os CDs. 
Mencionaram sobre: a frequência em que a ansiedade e medo ocorrem; o manejo 
do medo e o atendimento a crianças temerosas. Os autores detectaram que ter que 
lidar com a ansiedade de pacientes e a qualidade técnica do serviço podem causar 
estresse nos profissionais odontológicos. Os autores concluíram que a capacitação 
dessa classe de trabalhadores é fundamental, tanto nos quesitos técnicos como nos 
psicológicos. 
Teixeira (2007) estudou CDs quanto ao estresse, informando que 88,5% 
dos CDs femininos e 75% dos masculinos afirmaram que a profissão gera estresse e 
que os principais motivos foram: “salário (66,67%; ruídos (42,8%); custos fixos do 
consultório (71,4%); auxiliar (19%) e biossegurança (58,7%). O mesmo relatou mais 
alguns dados estatísticos: “o estresse era maior no final do dia, para 80,9%; 74,6% 
tinham dores musculares; 20,6% depressão;14,2% PAIRO; 9,5% arritmias; 4,7% 
hipertensão e 7,9%, doenças sistêmicas”. Este autor concluiu que o estresse é 
pessoal e que cada pessoa possui limiar diferente. 
Garcia e Blank (2008) escreveram sobre as condutas pós exposição 
ocupacional a material biológico na odontologia com o objetivo de avaliar a 
conformidade dessas condutas com 289 CDs e 104 auxiliares de consultório 
odontológico no município de Florianópolis, SC, selecionados por amostragem 
probabilística sistemática e pesquisados através de inquérito epidemiológico e 
questionários autoaplicáveis. Como resultado, as autoras observaram que 98,5% 
dos CDs e 89,2% dos auxiliares lavariam o local afetado após exposição 
percutânea. As autoras perceberam também que 44,6% dos entrevistados que 
sofreram lesões percutâneas perguntaram sobre possíveis doenças com os 
pacientes-fonte, mas somente 14,3% dos que sofreram respingo de material 
biológico conversaram sobre isso com os pacientes-fonte. Após exposição 
ocupacional, apenas 10,8% dos CDs e 2,7% dos auxiliares recorreram a médicos. 
As autoras concluíram que as condutas destes profissionais não coincidiram com as 
recomendações do Ministério da Saúde do Brasil. 
31 
 
Guimarães (2008) definiu a infortunística como “a parte da Medicina 
Forense que cuida do estudo da incidência de acidentes do trabalho, de moléstias 
profissionais, causas e efeitos e meios adotados para preveni-las ou remediá-las. 
Artuzi et al. (2009) publicaram um artigo sobre acidentes pérfuro-cortantes 
na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Os 
autores utilizaram o Formulário de Acidente e Incidente de Serviço (FAIS) e 
encontraram: 25 acidentes dessa natureza, entre os anos de 2004 e 2006; a maioria 
ocorreu durante o atendimento ao paciente e manipulação de instrumental; os 
instrumentos mais presentes foram as curetas periodontais e agulhas anestésicas. 
Os autores concluíram que a instituição em questão precisaria promover mais 
métodos de biossegurança. 
Booyens et al. (2009) realizaram uma pesquisa com 362 auxiliares 
odontológicos da África do Sul e eles apresentaram os seguintes sintomas: “dor nas 
mãos (61,3%), dor na nuca (66,5%), dor no ombro (56,6%), dor na coluna lombar 
(59,6%)”. Os auxiliares também relataram descamação nas mãos (28%). 
Regis Filho et al. (2009) publicaram um estudo sobre aspectos 
biomecânicos da LER/DORT em CDs no qual afirmaram que essa profissão obriga 
os CDs a utilizar os membros superiores e estruturas adjacentes, repetitividade de 
movimentos, posturas incorretas e, ainda, trabalhar sob pressão constante. Os 
autores citaram Facci et al. (1989), Oliveira (1991), Couto (1994) que afirmaram que 
no Brasil houve aumento das LER/DORT como doença profissional, de 4,69% em 
1985, para 41,77% em 1988, sendo as mulheres as mais afetadas devido ao menor 
número de fibras musculares e menor capacidade de armazenar e converter 
glicogênio em energia útil. Citaram Lawrence (1972) que afirmou que era frequente a 
degeneração de discos intervertebrais na região cervical de CDs. Citaram Sayegh et 
al. (2005) que estudou profissionais odontológicos libaneses e encontrou que: 66% 
dos estudados apresentaram dores na coluna lombar; 59% dores na coluna cervical 
e 62% dores nos ombros e braços. Citaram Leggat e Smith (2006) que encontraram 
que 89,1% dos profissionais odontológicos tinham algum sintoma de LER/DORT no 
último ano e, destes, os locais mais acometidos foram: 57,5% pescoço; 53,7% 
região mais baixa do dorso e 53,3% ombro. Para o estudo, os autores utilizaram 
análise biomecânica por cinemetria e eletromiografia com o intuito de detectar 
32 
 
alguma relação entre o trabalho do CD e LER/DORT. Como resultado encontraram 
que as atividades mais realizadas por CDs causam posturas de risco médio e alto 
em, pelo menos, duas regiões corpóreas, além de grande comprometimento dos 
músculos flexores e extensores do carpo e trapézio. Concluíram que há risco 
considerável de CDs adquirirem LER/DORT e sugeriram que há necessidade de 
mais estudos sobre esses infortúnios. 
Rodrigues et al. (2009) escreveram um artigo com o objetivo de identificar 
os acidentes ocupacionais nos 10 primeiros anos do curso de graduação de 
Odontologia da Faculdade de Fortaleza (UNIFOR), CE. Os autores utilizaram como 
método, estudo documental e avaliação dos dados obtidos no Centro de 
Notificações de Acidentes Ocupacionais do Curso de Odontologia. Como resultado, 
obtiveram: 160 acidentes ocupacionais; 90,6% ocorreram com alunos de graduação; 
5% com funcionários; 3,8% professores; 0,6% pacientes; 40,6% das lesões foram do 
tipo perfurante cruento; 11,9% do tipo cortante cruento; 2,5% do tipo cortante não 
cruento; 5% queimaduras; 5% perfurante cruento/cortante cruento; 2,5% lesões do 
tipo maceração; 1,9% lesões oculares e 0,6% mordida de cachorro. Os autores 
concluíram que a maioria dos acidentes eram do tipo perfurantes. 
Santos et al. (2009) realizaram um estudo exploratório com o objetivo de 
captar informações sobre distúrbios musculoesqueléticos com 38 CDs da 
Associação Brasileira de Odontologia Regional Missioneira de Santo Ângelo, RS que 
atuavam, em sua maioria, em consultório particular. Através de questionário, as 
autoras obtiveram como resultado que, dos que possuíam dor (63% do total), os 
segmentos corpóreos que mais causaram dor, foram: 53% coluna cervical e lombar; 
22% membros superiores; 15% membros inferiores; 6% cabeça e 4% quadril. Os 
autores identificaram que, dos participantes que sentiram dor, 45% (n=17) já tinham 
consultado um especialista para serem tratados. Observaram que os métodos 
utilizados para o tratamento dessas dores foram em sua maioria: analgésicos; 
prática de alongamentos; massagem e fisioterapia e concluíram que houve alta 
prevalência de sintomas musculoesqueléticos nos CDs e que precisariam de 
orientações para corrigir suas posturas em ambiente de trabalho. 
Souza e Silva (2009) escreveram a descrição de riscos ocupacionais de 
Fantazzini&Cicco (1988) sendo: “uma ou mais condições de uma variável, com 
33 
 
potencial necessário para causar danos. Esses danos podem ser entendidos como 
Lesões a pessoas, danos a equipamentos ou estruturas, perda de material em 
processo ou redução da capacidade de desempenho de uma função 
predeterminada”. Em seguida, as autoras citaram a NR-9, norma regulamentadora 
do Ministério do Trabalho e Emprego que obrigou empregadores a realizarem 
elaboração e a implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais 
(PPRA) para a preservação da saúde dos trabalhadores. Definiram também a 
classificação dos riscos ambientais: físicos, químicos, biológicos. Em seguida, a NR-
5, instituída pela portaria no 25, de 29 de dezembro de 1994 adicionou os riscos 
ergonômicos e de acidentes (ou mecânicos ou operacionais). As autoras definiram 
ainda quais são os agentes responsáveis pelos riscos supramencionados: Físicos: 
“ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas (calor e frio), radiações 
ionizantes e não ionizantes, umidade, infra-som e o ultra-som”; Químicos: 
“substâncias, compostos ou produtos que possam entrar na via respiratória, através 
de poeira, fibra, fumo metálico, névoa, neblina, gás e vapor, ou, ainda, substâncias 
que possam ser absorvidas pela pele ou ingestão”; Biológicos: microrganismos 
patogênicos como “bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários e vírus”; 
Ergonômicos: “esforço físico intenso, mobiliário inadequado, levantamento e 
transporte inadequado de carga, ritmo excessivo, jornadas de trabalho prolongadas, 
monotonia e repetitividade, situações de estresse físico ou psicológico”. Acidentes 
ou mecânicos ou operacionais: “falta de organização e segurança do ambiente, falta 
de manutenções, arranjos físicos inadequados, ferramentas inadequadas, falta de 
proteção em equipamentos, risco de explosão, iluminação inadequada, etc”. Em 
outro capítulo,as autoras definiram as doenças relacionadas ao trabalho (DRTs) 
como qualquer alteração desfavorável à saúde humana devido à atividade laboral. 
Citaram Iida (1990) que definiu doenças ocupacionais como qualquer manifestação 
mórbida decorrente de atividade no trabalho. Para caracterizar as DRTs, a autora 
cita Schilling (1984) que as divide em três grupos: I) doenças em que o trabalho é 
causa necessária, ou seja, as denominadas doenças profissionais, stricto sensu, e 
as intoxicações profissionais agudas; II) doenças em que o trabalho pode ser um 
fator de risco, contributivo, mas não necessário, ou seja, todas as doenças ditas 
“comuns”, mais frequentes ou mais precoces em determinados grupos ocupacionais, 
em que, portanto, o nexo causal é de natureza eminentemente epidemiológica; III) 
doenças em que o trabalho provoca distúrbio latente, ou agrava doença 
34 
 
preexistente, ou seja, atua como noncausa. As autoras citaram Schour e Sarnat 
(1942) as quais apresentaram revisões de literatura em estudos majoritariamente 
descritivos, para as doenças bucais de origem ocupacional, sendo que o mercúrio 
inorgânico manipulado por CDs poderia ter causado manifestações bucais, como a 
gengivite, a gengivoestomatite, a periodontite, a ulceração, a osteomielite e o 
ptialismo. As autoras reforçaram esses dados através de Nogueira (1972) e Araújo 
(1998) os quais mencionaram que a exposição ao mercúrio inorgânico poderia ter 
causado gengivoestomatite, osteomielite e ptialismo, em caso de falta de proteção 
adequada. Também informaram sobre o Cresol utilizado em curativos cirúrgicos que 
poderia causar estomatites; trabalhadores que manipularam metais, como poeira de 
cromo, que poderiam adquirir pigmentação do esmalte e pigmentação da mucosa 
bucal e os raios X utilizados em clínica odontológica que poderiam ter causado 
xerostomia. Em outro capítulo, as autoras citaram o processo de formação de 
significado da palavra “ergonomia” e relataram que a palavra foi genericamente 
definida como a ciência de adaptar o trabalho ao trabalhador, e não o contrário, 
tendo como objetivo facilitar o trabalho do mesmo. Mais adiante, as autoras 
inseriram a ergonomia no cotidiano do CD, dizendo sobre a racionalização de 
movimentos e posturas corretas, otimizando a produção e a saúde em longo prazo. 
Descreveram que muitos CDs tiveram problemas por ter ficado muito tempo em 
posições inadequadas e que isso poderia ter os levado à fadiga e às lesões. Citaram 
Szymanska (2002) o qual argumentou que a postura do CD teria causado 
desconforto, problemas musculoesqueléticos e nervoso periférico. Através de 
Miranda et al. (2002), fizeram comentários de posições inadequadas do CD e relatos 
de dores cervicais, escapular e lombar, quando os CDs mantiveram os membros 
superiores suspensos, flexionaram a cabeça e rotacionaram o tronco, forçando a 
musculatura cervical, escapular e toracolombar, tendo a possibilidade de ter 
causado fadiga, lesões agudas e crônicas. Também relatam um estudo de 
Lalumandier et al. (2001) que demonstrou a perda que CDs tiveram de 
aproximadamente 41 milhões de dólares no ano de 1987 devido às doenças 
musculoesqueléticas. Descreveram ainda, estudos sobre pontos dolorosos por 
Finsen et al. (1998), detectando elevado número de DORT. Enquanto Michelin et al. 
(2000) detectaram grande número de “degenerações dos discos intervertebrais da 
cervical e muitos casos de bursite nos ombros, inflamação das bainhas e artrite das 
mãos”. Ainda para este assunto, as autoras mencionaram a revisão e síntese de 
35 
 
Murphy (1997) que teria apresentado estudos entre os anos de 1955 e 1996 de 
diversos pesquisadores que teriam correlacionado o profissional da odontologia 
afetado (CD, auxiliar do CD ou TPD) e a parte do corpo afetada pela DORT. 
Relataram ainda que os CDs estiveram sujeitos à fadiga psíquica; fadiga visual por 
visualização contínua aos detalhes, associada à iluminação deficiente; fadiga 
muscular; doenças musculoesqueléticas por posturas incorretas no trabalho e 
varizes dos membros inferiores quando houve predisposição hereditária. Seguindo 
com as doenças ocupacionais dos CDs, as autoras argumentaram que eles 
manipulavam muitos equipamentos que poderiam causar acidentes: instrumentos 
pontiagudos; objetos metálicos afiados; ferramentas de corte; brocas; fragmentos de 
dentes. Estes poderiam causar lesões cutâneas e oculares e às vezes, quando 
agravadas, poderiam causar infecções, inflamações ou conjuntivite tóxica nos olhos. 
Para finalizar, as autoras disponibilizaram um capítulo inteiro destinado à 
hipersensibilidade ao látex, mais conhecida como alergia ao látex. Tal enfermidade 
teria crescido nos últimos tempos devido ao aumento do seu uso por profissionais da 
saúde. Mencionaram que a causa ainda era desconhecida e que Lilja e Wickman 
(1998) e Von Mutius (2000) escreveram os fatores de risco: fatores hereditários; 
ambientais e nível de exposição. As autoras citaram Yunginger (1998), Sri-Akajunt et 
al. (2000) que demonstraram a composição molecular do látex: polímeros de cis-1,4-
poliisopreno, cobertos por camada de proteínas lipídicas e fosfolipídicas para 
garantir integridade estrutural. Citaram Hamann e Kick (1993) que afirmaram que as 
proteínas do látex são os antígenos responsáveis pela hipersensibilidade tipo I. 
Citaram Sussman e Beezhold (1995), Woods et al. (1997) e Warshaw (1998) que 
afirmaram que muitos fabricantes de luvas de látex pioraram a qualidade das luvas, 
devido à alta demanda após a divulgação do HIV, reduzindo alguns processos de 
remoção de proteínas das luvas, aumentando a quantidade de alérgenos nas 
mesmas. As autoras comentaram os primeiros sintomas da alergia ao látex: 
“dermatite irritante de contato, dermatite alérgica de contato e hipersensibilidade tipo 
I”. Elas mencionaram Wilkinson e Burd (1998) e Carrol (1999) que escreveram que a 
manifestação mais comum é a dermatite alérgica de contato ou hipersensibilidade 
tipo IV por resposta de linfócito T a um alérgeno que, no caso das luvas de látex, 
seriam os aceleradores e antioxidantes presentes nas luvas. As autoras comentaram 
sobre as reações anafiláticas graves ocasionadas pela alergia ao látex, as quais 
ocorreram devido à contato com mucosa, por via endovenosa ou durante cirurgias e 
36 
 
que cerca de 10% de todas as reações anafiláticas intraoperatórias ocorrem devido 
à alergia ao látex. Citaram Bousquet et al. (2006) que afirmaram que se o contato 
com o látex não fosse interrompido durante uma reação alérgica, o quadro poderia 
progredir para anafilaxia. Citaram Moneret-Vauntrin e Beaundovin (1993) e 
Niggermann et al. (1998) que definiram os trabalhadores da área da saúde como um 
grupo de risco para a hipersensibilidade tipo I ao látex. Citaram Gomes (2006) que 
relatou o caso de um CD que teve hipersensibilidade ao látex por 16 anos, 
apresentando: descamação nas mãos, edema ocular, rinite, reações alérgicas tipo I 
(anafilaxia) e, através de dosagem de Imunoglobulina E-látex, confirmaram a 
presença de alto nível (grupo 4 maior que 17,4Ku/L). 
Theodoro et al. (2009) estudaram sobre a prevalência de acidentes de 
trabalho com 87 CDs de especialização da Associação Brasileira de Odontologia, 
em Vitória, ES. Fizeram um estudo transversal através de questionário contendo 30 
questões contendo assuntos relacionados a dados profissionais e acidente de 
trabalho. Como resultado, 55,25% se acidentaram e, destes: 29,2% ocorreu durante 
a lavagem de instrumental; 25% durante a anestesia; 20,8% durante recapeamento 
de agulhas e 56,3% de outra forma. Quanto ao tipo de acidente, 81,3% foi acidente 
perfurocortante, contra 29,2% outras formas. Com relação ao local da lesão, 89,6% 
nas mãos e 18,8% outra parte. Os locais do acidente em que ocorreram tais 
acidentem, foram mencionados como: 54,2% consultório particular; 29,2% serviço 
público; 8,3% ambos e 8,3% em empresa. Outros dadosimportantes obtidos: 79,2% 
não interromperam a jornada de trabalho no dia do acidente; 83,3% não relatou o 
caso, ou seja, não fez o CAT e 83,9% não tinha seguro. Os autores detectaram, 
também, que 55,2% não se acidentaram somente uma vez, mas sim, duas vezes 
(29,2%) ou três vezes (20,8%). Checaram que aqueles CDs que trabalhavam mais 
de 8 horas diárias e que não possuíam auxiliar da saúde bucal (ASB), foram os que 
mais se acidentaram. Concluíram que a prevalência de acidentes foi alta e que a 
NR-32 não obriga a notificação por meio da CAT e que a maioria dos CDs não a faz 
e quando fazem tardiamente, após o aparecimento de sintomatologia de doenças, 
caracteriza negligência na prevenção e isso também dificulta o estabelecimento do 
nexo epidemiológico. 
Francesquini Júnior (2010) escreveu um trabalho sobre a disfunção 
temporomandibular (DTM) e sua aplicabilidade junto à atividade laboral, 
37 
 
mencionando sobre os principais sintomas decorrentes desse infortúnio, tais como: 
“a dor; a sensibilidade muscular; o clique ou estalido na articulação 
temporomandibular (ATM) e a limitação de movimentos mandibulares com ou sem 
desvio da mesma”. O autor argumentou, ainda, que os sintomas da DTM podem 
passar despercebidos tanto clinicamente, como radiograficamente e também podem 
surgir a partir de algum acontecimento psicológico ou traumático. O autor relatou 
que muitos casos de DTM não são tratados como deveriam, uma vez que muitas 
empresas não possuem CDs em seu grupo de colaboradores, o que facilitaria a 
perpetuação dessa doença, que pode chegar a causar incapacitação e perda de 
rendimento do indivíduo portador dessa patologia. O autor descreveu a necessidade 
de se realizar diagnóstico e prognóstico para os trabalhadores do comércio e 
indústria da cidade de Itapira, SP, portadores desta enfermidade, com o objetivo de 
identificar a incidência das DTMs nesses indivíduos, além de discutir aspectos éticos 
e legais sobre este assunto. O autor encontrou os seguintes dados: quanto aos 
sintomas da DTM, 52,94% são ruídos, 54,11% são estalidos e 48,23% são 
limitações na abertura mandibular; os sintomas obtidos neste trabalho foram: 64,7% 
dor no pescoço; 36,47% dor facial; 16,48% dor de cabeça; 15,29% dor na cavidade 
bucal; 45,88% dor na face, mandíbula e região anterior do ouvido e 37,64% dor 
facial recorrente. O autor concluiu que não foi possível identificar a incidência de 
DTM nos profissionais do comércio e da agroindústria de Itapira, SP e que 
diagnosticar DTMs corretamente e através de questionário bem desenvolvido, 
possibilitará ao CD exercer a prevenção e tratamento adequado para esta patologia. 
Nogueira et al. (2010) escreveram uma revisão da literatura sobre os 
riscos ocupacionais em odontologia contendo assuntos relacionados e tiveram como 
objetivo apresentar uma revisão de literatura sobre os riscos ocupacionais com o 
intuito de promover saúde para os CDs. As autoras citaram riscos aos quais os CDs 
estariam sujeitos: “agentes físicos (ruído, iluminação e radiação); químicos (produtos 
químicos em geral e mercúrio); biológicos (HBV, HIV) e ergonômicos (posturas 
inadequadas, movimentos repetitivos)”. As autoras concluíram que há oportunidade 
de melhoria por parte dos CDs quanto aos riscos ocupacionais, para que diminua a 
vulnerabilidade dos mesmos frente a esses riscos. 
Ferreira (2010) definiu infortunística (de infortúnia + ista + ica) como “a 
parte da Medicina Legal e da legislação social que trata dos riscos industriais, 
38 
 
acidentes de trabalho e doenças profissionais”. Também definiu infortúnio (do Latim 
- infortúnia), como: “infelicidade, desventura, desdita, desgraça, infortuna”. 
Pietrobon e Regis Filho (2010) realizaram um estudo de caso sobre 
sintomas dolorosos na coluna cervical de 45 CDs que atuavam no serviço público 
municipal da cidade de Florianópolis, SC, com o objetivo de conhecer a prevalência 
desses sintomas e, como resultado, encontraram que: 55% dos profissionais tinham 
algum tipo de anormalidade dolorosa, e, destes, 72,7% eram do gênero masculino e 
39,1% do feminino; quanto ao local da dor, 48% eram dores lombares e 16% dores 
lombares associadas a outros lugares; 62% dos CDs não possuíam dor antes de 
iniciarem o trabalho na odontologia. Analisaram os dados de exames posturais, 
inseriram métodos de diagnósticos e obtiveram a tendência à escoliose em 64,3% 
dos CDs e 22,2% para cifose. Através de associações estatísticas, concluíram que 
há associação entre doenças posturais e a profissão de CD, os quais são 
principalmente afetados por cifose, escoliose e retificação do pescoço e que 
conforme a faixa etária, a jornada de trabalho, o tempo de atuação aumentam, maior 
o agravo a esses infortúnios. Concluíram também que as CDs possuem maior 
possibilidade de adquirirem desvios posturais, mesmo trabalhando até duas horas a 
menos que os CDs do sexo masculino. 
Sasamoto et al. (2010) realizaram um trabalho com o objetivo de detectar 
o perfil da epidemiologia dos acidentes com material biológico que ocorreram na 
Faculdade de Odontologia de Goiás. Para isso, realizaram um estudo descritivo 
transversal e encontraram 71 acidentes desse tipo entre os anos de 2002 a 2008, 
sendo: “91,6% em estudantes; 4,2% em técnicos administrativos; 2,8% em 
professores; 1,4% em estagiários; 64,8% sexo feminino. Como 31 fichas estavam 
incompletas, os autores utilizaram apenas 40 fichas dos acidentes e encontraram os 
seguintes dados: 34/85% exposição percutânea; 6/15% respingos em mucosas; 
32/80% envolvendo mãos; 6/15% envolvendo mucosas; 17/42,5% com sangue e 
saliva; 5/12,5% saliva; 9/22,5% no reencape de agulha; 7/17,5% no manuseio de 
agulhas; 6/15% em procedimentos cirúrgicos. Os autores concluíram que os CDs 
estão suscetíveis aos riscos biológicos. 
Dias (2011) escreveu um trabalho de revisão bibliográfica (artigos entre 
1978 a 2010) de produção científica sobre o CD e as doenças ocupacionais, com o 
39 
 
objetivo de transcrever as doenças ocupacionais desses profissionais das Unidades 
de Saúde da Família (USFs). Como resultado, a autora encontrou as principais 
doenças que afetaram os CDs: “desordens musculoesqueléticas; estresse; perda 
auditiva induzida pelo ruído (PAIR); contaminação por mercúrio; hepatite e 
dermatoses”. A autora concluiu que não existia nenhum estudo com relação à 
quantidade de doenças ocupacionais em CDs especificadamente de USFs (atenção 
básica). 
Medeiros (2011) citou, através de Richard Schilling, que o 
desenvolvimento de doenças nas práticas laborais pode ser dividido em três grupos: 
I) o trabalho causou a doença, como por exemplo, as intoxicações agudas; II) o 
trabalho pode ter ajudado a adquirir a doença, como exemplo a hipertensão; III) o 
trabalho agrava uma doença que já existia anteriormente, como exemplo, alergias. O 
autor também relatou a saúde do trabalhador na prática odontológica, citando 
diversas doenças causadas por patógenos que poderiam ser transmitidos entre 
pacientes e seus familiares, CDs, ASBs, TSBs e TPDs. Escreveu que essa 
transmissão no ambiente odontológico poderia ocorrer por via sanguínea, oral ou 
respiratória e que os envolvidos no atendimento odontológico estariam suscetíveis à: 
“gripe, pneumonia, tuberculose, herpes, sífilis, hepatites, Aids, citomegalovirose, 
dentre outras”. O autor discorreu sobre a necessidade de proteção contra o sangue 
e fluidos corpóreos, dois itens de extrema relevância na transmissão de doenças. 
Para isso, ele citou a necessidade de múltiplos procedimentos assépticos; uso de 
luvas de procedimentos, cirúrgicas, sobreluvas e de borracha grossa; máscaras; 
óculos de proteção; jalecos clínicos; aparelhos e substâncias para desinfecção e 
esterilização e descartáveis. Fez a descrição detalhada de diversas doenças 
ocupacionais dos CDs e seus auxiliares, tais como: Hepatites (A, B, C, D, E, G, 
outras hepatites virais hepatotrópicas; HIV/Aids;

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