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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA LEONARD AUGUSTO FUJITA INFORTUNÍSTICA: DOENÇAS E ACIDENTES OCUPACIONAIS EM CIRURGIÕES-DENTISTAS, ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO E AUXILIARES ODONTOLÓGICOS PIRACICABA 2018 LEONARD AUGUSTO FUJITA INFORTUNÍSTICA: DOENÇAS E ACIDENTES OCUPACIONAIS EM CIRURGIÕES-DENTISTAS, ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO E AUXILIARES ODONTOLÓGICOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de cirurgião dentista. Orientador: Prof. Dr. Luiz Francesquini Júnior ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE A VERSÃO FINAL DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO APRESENTADO PELO ALUNO LEONARD AUGUSTO FUJITA E ORIENTADO PELO PROF. DR. LUIZ FRANCESQUINI JÚNIOR. PIRACICABA 2018 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha mãe Nair, pai Isao, irmã Ivy e tias Amélia e Marlene, meus maiores presentes de Deus, pelo amor incondicional, pela confiança, por me apoiarem em toda a minha trajetória, pelo incentivo para que tudo fosse possível e pelos exemplos de vida que foram pra mim. AGRADECIMENTOS À faculdade de Odontologia de Piracicaba, da Universidade Estadual de Campinas, na pessoa de seu diretor, Prof. Dr. Francisco Haiter Neto. Ao Coordenador de Graduação Prof. Dr. Wander José da Silva, pelo apoio à pesquisa científica e pela excelência profissional e pessoal. Ao Prof. Dr. Orientador Luiz Francesquini Júnior por acreditar no meu trabalho, por compartilhar seus conhecimentos, pela paciência, humildade, competência e pelo excelente relacionamento interpessoal desde os primeiros anos de curso. Obrigado por sempre estar presente e me orientar da melhor forma. Aos meus amigos Daniel Kawakami, João Pedro Delmiro, Felipe Braga, João Leme Jr, Henrique Tonelli, Lucas Meneghetti e aos demais que de certa forma fizeram parte da minha trajetória, que estavam presentes nos momentos que mais precisei, pelas manifestações de apoio e carinho, pela serena convivência e pelos momentos únicos, dos quais guardarei em minha memória. RESUMO Buscou-se no presente, listar por meio de revisão da literatura, as principais doenças ocupacionais, seus sinais, sintomas e tipos de acidentes laborais em Cirurgiões-Dentistas (CDs), Discentes em Odontologia e auxiliares odontológicos (TPD, APD, TSB e ASB). Para tanto foram consultadas as plataformas Pubmed, Lilacs, Scielo, Google Acadêmico, literaturas cinzentas e obras nacionais consagradas entre 2008 e 2018. As patologias mais referenciadas foram divididas em infecciosas causadas por vírus (hepatites, HIV, H1N1, Herpes tipos I e II) e as por bactérias (sífilis, tuberculose, gonorréia, difteria, legionelose). Há ainda as doenças crônicas não transmissíveis (Diabetes II, Hipertensão, obesidade, problemas no aparelho locomotor, respiratório, circulatório, distúrbios posturais, afecções auditivas e oculares e lesões por esforço repetitivo (LER) e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). Ressalta-se ainda o número elevado de TDAH, estresse, depressão e Síndrome de Burnout. O acidente mais comum foi com instrumentos perfurocortantes. Trata-se de assunto de grande relevância e de significativo valor para a Odontologia, considerando que os infortúnios ocupacionais geram perda de capacidade laborativa, podendo causar invalidez profissional. Concluiu-se que é necessário ter esse conhecimento para poder estabelecer programas de controle de doenças e acidentes do trabalho, visando a redução dos efeitos danosos gerados pelos mesmos e reestruturação do conteúdo a ser ministrado na graduação, especialização, mestrado e doutorado, possibilitando um maior entendimento de processos periciais, maior cuidado e, como consequência, menor possibilidade de se adquirir e/ou desenvolver doenças de trabalho em Odontologia. Palavras-chave: Epidemiologia. Doenças profissionais. Odontólogos. Auxiliares de Odontologia. Estudantes de Odontologia. ABSTRACT The main occupational diseases, their signs, symptoms and types of occupational accidents in dental surgeons (CDs), dental dentists and dental assistants (TPD, APD, TSB and ASB) were searched by literature review. The most referenced pathologies were divided into infectious diseases caused by viruses (hepatitis, HIV, H1N1, Herpes types I and II) and by bacteria (syphilis, tuberculosis, gonorrhea, diphtheria, legionellosis). There are also non-communicable chronic diseases (Diabetes II, Hypertension, obesity, locomotor, respiratory, circulatory, postural disorders, auditory and ocular affections and repetitive stress injuries and work-related musculoskeletal disorders (DORT). TDAH, stress, depression, and Burnout Syndrome were the most common accidents. The most common accident was with sharp instruments, a matter of great relevance and significant value for Dentistry, considering that occupational misfortunes cause loss of It is concluded that it is necessary to have this knowledge in order to establish programs to control diseases and accidents at work, aiming at reducing the harmful effects generated by them and restructuring the content to be taught in undergraduate, specialization , masters and doctorates, making possible a greater and more care and, as a consequence, less possibility of acquiring and / or developing diseases of work in dentistry. Keywords: Epidemiology. Occupational Diseases. Dentists. Dental Auxiliaries. Students Dental. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 9 2 PROPOSIÇÃO 11 3 REVISÃO DE LITERATURA 12 4 DISCUSSÃO 60 5 CONCLUSÃO 65 REFERÊNCIAS 66 ANEXO 1 – CERTIFICADO DE VERIFICAÇÃO DE ORIGINALIDADE E PREVENÇÃO DE PLÁGIO 92 9 1 INTRODUÇÃO As energias lesivas existentes são devidamente descritas pelos doutrinadores na traumatologia Forense (França, 2017). A infortunística forense estuda os efeitos das energias lesivas no corpo humano, além de determinar as consequências na redução da capacidade laborativa (Daruge et al., 2017). O CD e os auxiliares da odontologia no ambiente de um consultório dentário estarão expostos à riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes (Russo, 2000). Tais riscos compõem o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) e servem de base para a elaboração do PCMSO (Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional) (Russo, 2003). O PPRA evidencia o risco efetivo que pode gerar acidentes e/ou doenças ocupacionais e o PCMSO estabelece os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) mais apropriados para se reduzir ou minorar tais riscos. Um dos únicos riscos que não pode ser reduzido é o risco biológico, pois o uso de EPIs não elimina a capacidade de adoecimento pela patogenicidade de bactérias e vírus. O CD e os auxiliares sofrem as consequências do uso de produtos químicos, uso de calor, uso de luz (no uso do fotopolimerizador e fundição de metais), no trabalho direto com o paciente (possibilidade de infecções virais e bacterianas), além de sofrerem com as perdas auditivas induzidas pelo ruído ocupacional (PAIRO) por meio de compressores, peças de mão de alta e baixa rotação, condicionadores de ar, entre outros (Lopes e Genovese, 1991; Barbosa et al., 2003; Russo, 2003; Francesquini Júnior, 2007; Teixeira, 2007; Souza e Silva, 2009; Nogueira et al., 2010; Medeiros, 2011; Alves et al., 2012; Gabler et al., 2012; Hércules, 2014; Mattos et al., 2016; Daruge et al., 2017; França, 2017). Ao final do exame individual do CD e dos auxiliares, gera-se o PPP (Perfil profissiográfico previdenciário) que servecomo um histórico das doenças e 10 acidentes sofridos no ambiente laboral e servirá como base para readaptações e/ou aposentadorias por invalidez. Desde 2009, por meio da inclusão do parágrafo 5º do artigo 203 da lei 8.112, o CD pode realizar perícias oficiais visando referenciar a incapacidade para o exercício das atividades laborais e estudar a infortunística forense com as suas repercussões trabalhistas/previdenciárias. Ressalta-se ainda que o CFO normatizou tal prática por meio da Resol. 87/2009. Acredita-se que somente o professor de Odontologia Legal, possuidor deste conhecimento, poderá alertar os estudantes de Odontologia sobre os riscos de doenças e de acidentes que o exercício da profissão pode gerar. Foi realizado uma revisão bibliográfica nas plataformas de pesquisa Pubmed, Lilacs, Scielo, Google Acadêmico, literatura cinzenta e obras nacionais consagradas nos anos de 2008 a 2018. 11 2 PROPOSIÇÃO Buscou-se no presente, listar por meio de revisão da literatura, as principais doenças ocupacionais, seus sinais, sintomas e tipos de acidentes ocupacionais em Cirurgiões-Dentistas (CDs), Discentes em Odontologia e auxiliares odontológicos (TPD, APD, TSB e ASB). Também se discutiu a necessidade deste tema para o ensino de graduação e pós-graduação, além é claro, da importância do conhecimento das mesmas para o estabelecimento de Programas de Prevenção no ambiente laboral. 12 3 REVISÃO DE LITERATURA Almeida Júnior (1948) escreveu que: “o movimento de proteção ao trabalhador iniciou-se na Alemanha em 1884, na Inglaterra em 1895, na França e na Itália em 1898, na Espanha em 1900, na Holanda em 1901, na Bélgica em 1903, na Guatemala em 1906, na Hungria em 1907, na Sérvia em 1910, na Suíça em 1911, em Salvador e no Peru em 1911, em Portugal em 1913, na Suécia em 1914, no Uruguai em 1914, na Argentina e na Colômbia em 1915, em Cuba e no Panamá em 1916, no Brasil em 1919 por meio da Lei 3724 de 15 de janeiro de 1919”. Arbenz (1959) informou as causas gerais dos acidentes de trabalho: falta do empregador (8%), falta do empregado (16%), falta de ambos (3%), falta de uma terceira pessoa (3%), risco profissional (69%), outras causas (1%). Citou Hilário Veiga de Carvalho [s.d] que relatou as principais causas de acidentes no processo laboral: “imprudência do operário, fadiga, hábito, falta de aprendizado e falta de exame prévio”. O autor sugeriu medidas para a prevenção de acidentes: “a orientação profissional; a inspeção médica de admissão e exames médicos periódicos”. Lopes e Genovese (1991) citaram a definição de doença profissional: “qualquer manifestação mórbida que surge em decorrência das atividades ocupacionais de um indivíduo”. Mencionaram a ADA (American Dental Association) que afirmou que os CDs morriam pelos mesmos motivos que a população em geral. Citaram Zwemer e Williams (1987) que, aproximadamente no ano de 1990, demonstraram que os CDs tinham menos doenças infectocontagiosas e possuíam maior expectativa de vida do que a população em geral. Escreveram que o Ministério da Previdência e Assistência Social apenas considerava que os CDs estavam expostos às radiações ionizantes, aos ruídos acima de 90 decibéis e aos agentes biológicos. Eles afirmaram também que: houve alta prevalência de hepatite entre os CDs, sendo que mais de 28% teriam se infectado previamente com o vírus da hepatite B; que os CDs têm 3 vezes maior probabilidade de contrair esta doença, em relação à população em geral e que os cirurgiões bucomaxilofaciais teriam 10 vezes maior probabilidade de contrair esta moléstia. Apresentaram as principais doenças obtidas pelos CDs em ambiente de trabalho, entre os anos de 1980 e 1987, sendo elas (em ordem decrescente): Hepatite B; Mercurialismo; Herpes; Estresse; 13 Distúrbios do ouvido; Tuberculose; Afecções oculares; Raios X (efeitos adversos); Alergias; Sífilis; Pneumoconioses; Lombalgias e Doenças ocupacionais. Os autores escreveram sobre a possibilidade de contrair herpes simples tipo I nos dedos, o que causaria dor e incômodo e que o CD poderia contaminar os olhos e adquirir infecção herpética ocular, causando edema das conjuntivas e pálpebras ou vesículas e opacificação do epitélio com a forma de pontos. Afirmaram, ainda, que os CDs poderiam contrair sífilis na clínica odontológica, causando cancro sifilítico na cavidade oral, em lábios, língua, tonsilas e palato. Em seguida, febre, dor de garganta e angina sifilítica, placas ovaladas com diversas colorações na língua, mucosa jugal, comissura labial, lábios (queilite sifilítica altamente infectantes para as mãos dos CDs), erupções cutâneas e infartamentos ganglionares. Na última fase: lesões bucais, glossite luética, goma sifilítica. Estes autores também teriam mencionado que a probabilidade de um CD adquirir infecção pulmonar durante um tratamento odontológico, seria de 50%, e julgou esse valor como muito alto. Os autores afirmaram que “o mercúrio foi uma causa de doença ocupacional em 200 profissões”. Citaram Cross et al. (1978) que mencionaram o fato de que após inalado, cerca de 80% do mercúrio permanece nos pulmões e é convertido parcialmente em metilmercúrio ficando preso no parênquima dos rins. Informaram que o mercúrio faria mal às CDs gestantes porque o mesmo teria potencial para atravessar as barreiras placentárias. Para eles, os CDs apresentariam micromercurialismo no SNC, apresentando: “queda da produtividade, aumento da fadiga, irritabilidade nervosa, perda de memória, perda de autoconfiança, astenia muscular, depressão e sono agitado”. Citaram também o Council of Dental Materials and Devices (1974) que escreveram que na intoxicação aguda, também conhecida como hidrargirismo, apesar de ser raro para CDs, apresentaria: “tremores finos, convulsões, perda de apetite, depressão, fadiga, insônia, dor de cabeça, úlceras e pigmentação escura na mucosa bucal e gengiva marginal, além da perda de dentes. Podem ainda ocorrer alterações no comportamento social, da personalidade, do caráter, distúrbios da fala (gaguejo), alterações na caligrafia, marcha instável, insensibilidade e dor nas extremidades, diminuição do campo visual, problemas de acomodação, gosto metálico na boca, dermatites e formação de vesículas em língua, lábios e face”. Os autores ressaltaram que o CD e o TPD poderiam aspirar o Berílio presente nos metais odontológicos durante o processo de corte e desbaste de metais e contrair pneumonite intersticial, seguida de fibrose pulmonar. Apontaram 14 um estudo com 61 mil profissionais nos EUA que descreveu que o óxido nitroso (utilizado como gás anestésico) poderia ter causado: “aumento dos rins e fígado; distúrbios neurológicos; redução de reflexos motores e de percepção”. Citaram Cohen (1980) que mencionou aumento no número de malformações congênitas nos descendentes de auxiliares que trabalhavam em ambiente odontológico que utilizavam tal gás. Citaram Brodsky (1984) que escreveu sobre a inativação da vitamina B12, afetando funções neurológicas e de células reprodutoras. Os autores declararam que 50% dos CDs possuíam dores lombares. Citaram Knoplich (1986), informando que a principal causa dessas dores seriam os discos intervertebrais devido à compressão de fibras sensitivas ou ainda, dissolução ou destruição de vértebra (espondilose) e, já as lordoses, escolioses e cifoses poderiam agravar os problemas mencionados. Para os autores, ainda, os CDs estariam propensos a adquirirem: varizes, calosidades, espessamento de unhas encravadas e tendinites no tendão do calcâneo após os 50 anos de idade. Os autores escreveram assuntos relacionados com a visão e os olhos, sendo que estes podem ser lesionados superficialmente com arranhaduras, sulcos e pequenas abrasões, mas também podem ser lesionados profundamente e relataram também sobre a iluminação do ambiente odontológicoque deveria possuir 1300 a 2000 Lux no campo operatório, 900 Lux na mesa de trabalho e 600 lux na sala clínica e que a radiação UV e a luz do fotopolimerizador poderiam comprometer os olhos e a visão. Citaram a PAIRO e que este problema geraria prejuízo na comunicação e isto acarretaria em problemas de ordem psicológica. Os autores escreveram sobre os perigos das radiações ionizantes para CDs que não se protegem e sofrem os efeitos cumulativos: “queimaduras (eritemas e dermatoses) nos dedos; carcinoma epidermóide; perda de cabelos; alterações em células sanguíneas; atrofias; ulcerações; esterilização; câncer; leucemia; diminuição da expectativa de vida e óbito”. Eles definiram o que é o estresse e dividiram-no em três fases, respectivamente: fase de alarme, caracterizado pelo aumento no nível de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina); fase da reação de compensação, quando há estresse contínuo e o sistema fisiológico humano reage com compensação adrenocortical; última fase, a fase exaustiva, a qual todo o sistema regulador humano entre em colapso, ocorre degeneração completa e óbito. Os autores correlacionaram o estresse ao CD, mencionando que os mesmos estão sujeitos à estímulos físicos, químicos, 15 bioquímicos e psíquicos e que o diagnóstico correto desses infortúnios é difícil porque agem em conjunto e não de forma isolada. Saquy et al. (1998) apontaram que os CDs apresentam dermatites e hipersensibilidades geradas por substâncias químicas, sabonetes e luvas de látex. Souza (1998) escreveu sobre ruídos, com os objetivos de: “analisar experimentalmente os níveis de ruído produzidos por peça de mão de alta rotação em consultório odontológico buscando a humanização do trabalho do CD” e permitir estudos sobre saúde e trabalho. Para isso, a autora se baseou no trabalho de Souza (1997) para selecionar duas CDs com idade média de 28 anos, ambas com 6 anos de trabalho na área. Realizaram os experimentos observacionais com a utilização de dois modelos de peça de mão de alta rotação (turbina A e turbina B) para cada participante, as quais fizeram preparos cavitários similares. A autora comentou sobre as médias dos níveis de ruídos encontrados: 79,82dB(A) para a turbina A e 84,69dB(A) para a turbina B. A autora concluiu que havia uma necessidade de melhorar a construção das peças de alta rotação com o intuito de diminuir a emissão de ruídos, além da necessidade de proteger os profissionais da odontologia que se utilizavam de tais peças. Filgueiras e Hippert (1999) escreveram sobre o estresse. Citaram Selye (1959) que afirmou que o estresse se manifesta através da Síndrome Geral de Adaptação (SGA), definida como: “um conjunto de respostas não específicas a uma lesão”. Esta compreende: dilatação do córtex da suprarenal, atrofia dos órgãos linfáticos, úlceras gastro-intestinais, além de perda de peso e outras alterações. Desenvolve-se em três etapas: fase de alarme (manifestações agudas); fase de resistência (desaparecimento das manifestações agudas) e fase de exaustão (volta das manifestações da primeira fase e o organismo pode colapsar). Rossi refere-se a Sapolsky, segundo o qual o terceiro estágio de Selye (exaustão) não estaria correto porque o estresse crônico não leva o organismo a uma exaustão das moléculas mensageiras de ativação do estresse, tais como epinefrina e cortisol. O que ocorre de fato é o contrário: é o excesso crônico (epinefrina e cortisol) dessas substâncias ao longo do tempo que leva a uma eventual ruptura coletiva das partes do binômio mente-corpo, chamada de resposta de estresse ou psicossomática. Os autores citaram Marilda Lipp (1984) que definiu o estresse como “uma reação psicológica, 16 com componentes emocionais físicos, mentais e químicos, a determinados estímulos que irritam, amedrontam, excitam e /ou confundem a pessoa”. Através de Selye (1959), o autor conclui a obra explicando que a importância do SGA é permitir uma base comum para todas as observações feitas sobre o estresse, fato que não ocorria anteriormente porque as informações não eram relacionadas. Os autores finalizam o texto argumentando sobre a complexidade do ser humano e seu processo de saúde e doença. Kaney (1999) informou que todo CD tem alta probabilidade de ter estresse e burnout porque tem que se relacionar com o paciente e com suas expectativas. Definiu burnout como a “síndrome da exaustão emocional, despersonalização e redução pessoal”. Uriarte Neto (1999) escreveu um trabalho com o objetivo de identificar características gerais sobre o posto de trabalho de 89 profissionais de odontologia, em consultórios particulares de Itajaí, SC. Como resultado, o autor obteve: 39% eram do sexo feminino; e estes apresentaram índice de massa corpóreo médio adequado, enquanto que os do sexo masculino, tendência à obesidade; 71,43% dos profissionais do sexo feminino relataram sintomatologia dolorosa; 40,74% dos profissionais do sexo masculino relataram sintomatologia dolorosa; 41,57% dos profissionais relataram dificuldade de adaptação ao trabalho; em 78,66% dos consultórios haviam auxiliares odontológicos. O autor concluiu que os profissionais de Itajaí se apresentaram conforme o padrão ISO/FDI, entretanto, que seriam necessárias medidas preventivas quanto às doenças ocupacionais devido ao grande número de profissionais com sintomatologia dolorosa. Kosmann (2000) escreveu uma revisão de literatura sobre dor e desconforto no trabalho do CD, com o objetivo de investigar as causas de dores em ambiente laboral desses profissionais. A autora utilizou metodologia de análise ergonômica, análise estatística em citações e questionário específico. Como resultado, a autora encontrou relação entre o trabalho estudado e dor, desconforto, além de aspectos psicossociais. Concluiu que o trabalho do CD contribui para o agravo do estresse e isso aumenta as dores musculares e desconfortos em geral. 17 Ramazzini (2000) cita Ramazzini (1700) indicando que este escreveu que visitava o trabalho e entrevistava trabalhadores com o intuito de descobrir a correlação entre alguns tipos de trabalhos e as doenças causadas durante os processos laborais. Citou Campana (s.d) que afirmou que: “o diagnóstico se faz com 80% de anamnese e 20% de exame físico”. Ramazzini relatou assuntos relacionados às doenças adquiridas no trabalho, tal como a postura incorreta e fazia estudos do nexo entre a doença e o trabalho. Citou as doenças causadas por trabalhos sedentários e concluiu que o sedentarismo causa dores de coluna. Mencionou casos de tremores, perdas de dentes e perda de força nas pernas em trabalhadores que utilizavam o mercúrio para dourar peças de prata e bronze. Apresentou informações sobre problemas respiratórios em gesseiros e escreveu sobre problemas musculares e em tendões (atualmente seria enquadrado como LER e/ou DORT). Lacerda et al. (2002) realizaram uma pesquisa sobre ruídos sonoros em um consultório odontológico na qual o ambiente odontológico era submetido à diversos sons de equipamentos e instrumentais odontológicos tanto isolados, como em conjunto, nas mais variadas possibilidades. As medições encontradas por um técnico do trabalho foram: 45 a 76dB(A) em diferentes situações e 70 a 78dB(A) nas peças de mão de alta rotação. Os autores concluíram que tais ruídos poderiam causar desconforto, mas não necessariamente riscos ou danos à saúde. Os autores citaram Fiorini (1995) que comentou que os CDs e seus auxiliares estariam ameaçados pelos efeitos dos ruídos originados principalmente das turbinas. Citaram Costa (1989), citado por Saquy (1996) que observou que o CD sofre com ruídos provenientes de compressores de ar, turbina de alta rotação, sugadores de saliva, dentre outros. Citaram Nogueira (1983) que mencionou que os ruídos das turbinas de CDs são extremamente altos e que causavam perda auditiva. Citaram Saquye col. (1994) que fizeram uma pesquisa com o objetivo de obter o grau de ruído de canetas de alta rotação de três marcas comerciais distintas e, como resultado, encontraram, a uma distância de 30 centímetros: “abaixo de 85 dB(A) para as marcas Dabi-Atlante e Kavo” e “acima de 85 dB(A) para a marca Rucca. Oliveira (2002) escreveu uma tese sobre o conhecimento de CDs quanto às radiações ionizantes em consultórios odontológicos tipo I, na cidade de São Paulo. Para isso, foram escolhidos 480 consultórios públicos e privados, nos quais 18 os CDs responsáveis responderam um questionário sobre a legislação vigente para o assunto e sobre a proteção à radiação. Como resultado, a autora escreveu: “somente 17,3% possuíam sala exclusiva para o aparelho de raios X; 69,8% não usavam dosímetro pessoal; 34,2% não realizavam controle de qualidade nos aparelhos de raios X”, indicando que um grande número de CDs não seguia as normas da Portaria 453 que trata dos estabelecimentos radiológicos e seus programas respectivos. A autora concluiu que faltaram conhecimentos com relação aos regulamentos pertinentes à proteção radiológica. Araújo e Paula (2003) citaram Helfenstein e Feldman (2001) que definiram lesão por esforço repetitivo (LER) como “um conjunto heterogêneo de afecções do sistema músculo-esquelético que estão relacionadas ao ambiente de trabalho”. Os autores afirmaram que, em Belo Horizonte, de 1985 a 1988 ocorreu aumento de 1% para 40% na prevalência de LER, sendo o sexo feminino o responsável por 76% dos novos casos. Citaram Lima (2001) que definiu LER como “conjunto de doenças que afetam nervos, músculos e tendões juntos ou separadamente e apresenta característica degenerativa e cumulativa e é sempre precedida por dor ou desconforto, além de, quando a origem da LER for uma atividade ocupacional, denomina-se distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT)”. Citaram Luduvig (1998) que escreveu que as LER são frequentemente relacionadas à algumas profissões, dentre elas, a de CD. Citaram Lazeris et al. (1999) que afirmaram que as LER e DORT frequentemente associadas ao exercício da odontologia, são: “cervicobraquialgia; ombro doloroso; síndrome do desfiladeiro torácico; epicondilite lateral; síndrome do túnel do carpo; tenossinovite de Quervain”. Citaram Santana et al. (1998), Rio (2000), Santos Filho e Barreto (2002) os quais afirmaram que LER/DORT tornaram-se um problema de saúde pública e que estes problemas poderiam incapacitar os profissionais por tempo indeterminado. Citaram Regis Filho e Lopes (1997) que afirmaram que as LER são um problema de saúde pública. Citaram Silva e Barboza (2000) que fizeram uma pesquisa no 18º Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo, em 1998, tendo, como resultado: “31,9% dos CDs apresentaram algum sintoma de dor e, desses, 17% foram diagnosticados com LER/DORT; as partes mais afetadas foram membros superiores e coluna vertebral”. Os autores concluíram que a pesquisa se apresentou de acordo com a maioria dos estudos epidemiológicos 19 relacionados. Citaram Michelin et al. (2000) que realizaram uma pesquisa com 36 CDs docentes da Faculdade de Odontologia da Universidade de Passo Fundo para avaliar o perfil epidemiológico das DORT. Aplicaram, como método, um questionário com perguntas específicas e obtiveram, como resultado, que: “31% dos CDs apresentavam dor lombar; 27% cervical; 23% no ombro; 17% no punho; 23% dos que trabalhavam mais que 40 horas semanais tiveram algum problema no pescoço, punho, cotovelo e/ou ombro”. Citaram Matta e Zacaron (1997) que fizeram uma pesquisa e obtiveram, como resultado, que um em cada dois CDs possuíam alguma patologia na coluna lombar devido à postura em ambiente ocupacional. Citaram Rio (2000) que realizou uma pesquisa sobre LER/DORT com 100 CDs de Belo Horizonte, MG, e encontrou como resultado que 86% dos CDs entrevistados tiveram algum sintoma nos últimos 6 meses, nos locais: “pescoço/região cervical; mãos/punho; ombros; região lombar; região tóraco-dorsal e cotovelos”. Detectaram ainda que dos que relataram algum sintoma, 96,5% mencionaram que a causa era a carga de trabalho. Citaram Santos Filho e Barreto (2002) que realizaram um estudo da prevalência de dor osteomuscular em 388 CDs do serviço público de Belo Horizonte, MG e como resultado encontraram: “58% dos CDs apresentaram dor no segmento superior (22% no braço, 21% na coluna, 20% no pescoço e 17% no ombro); 26% relataram dor diária; 40% dor moderada ou forte; 77% dor crônica”. Citaram também uma entrevista realizada pelo Jornal do CROMG (2002) o qual citou o médico do trabalho e ergonomista Rodrigo Pires do Rio que realizou uma pesquisa sobre o estresse em CDs de Belo Horizonte, MG, encontrando, como resultado, que 55% do total de CDs entrevistados encontravam-se com estresse nível intenso e os motivos foram: “questão financeira; dificuldades nos relacionamentos interpessoais dentro e fora do consultório; elevado desconforto físico e frustração de expectativas profissionais”. Os autores concluíram que as LER/DORT são uma patologia preocupante, porque a incidência é muito alta. Barbosa et al. (2003) escreveram um livro sobre as doenças ocupacionais dos CDs. Mostraram a importância da imunização do CD e sua equipe, contra a “difteria, rubéola, tétano, parotidite viral, sarampo, hepatites A e B. Relataram que seria necessária a prevenção contra HIV, herpes (simples, varicela-zóster, Epstein- Barr, citomegalovírus e herpes-vírus humano, vírus da gripe (influenza), vírus coxsackie (úlceras orais), papilomavírus humano (lesões verrucoides), vírus 20 linfotrópico humano I (leucemia de células T e parestesia espástica), rubéola, sarampo e parotidite viral, bem como as doenças causadas por bactérias: tuberculose, sífilis, blenorragia (gonorréia), difteria e legionelose”. Tais autores mencionaram o risco de ferimentos com objetos cortantes e pontiagudos, sendo que em exposições percutâneas a chance de ocorrer transmissão do vírus HIV seria de 0,56% e para a hepatite B, de 40% e para a hepatite C, 1,8%. Os autores citaram Lopes (2000) explicando a diferença entre acidente de trabalho e doenças profissionais. Acidentes de trabalho seriam os “eventos ocorridos em curto espaço de tempo entre a ação do agente nocivo e o surgimento da lesão”. Já as doenças profissionais seriam “caracterizadas por período de tempo de maior duração entre o agente nocivo e o aparecimento da doença e poderiam ter causas mecânicas, físicas, químicas e biológicas”. Ainda Barbosa et al. (2003) relataram que os CDs estão expostos aos agentes de risco desde os primeiros anos de faculdade e que as doenças ocupacionais nessa classe de trabalhadores é uma “séria e preocupante realidade”. Citaram ainda Sartre (2002) para definir doença profissional: “qualquer manifestação mórbida que surge em decorrência das atividades ocupacionais do indivíduo. A odontologia, como as demais profissões apresenta riscos operacionais que podem levar a doenças, à invalidez e, até mesmo, a morte”. Outrora, citaram Saquy apud Tagliavin (2002) que apontaria esta classe com “alta prevalência de dor e desconforto no pescoço, ombros e nas costas quando comparados com outros grupos ocupacionais”. As autoras ainda fazem um comentário dizendo que as doenças ocupacionais surgem de um agente prejudicial e contínuo e que este processo leva um tempo longo para desencadear tais infortúnios. Também disseram que essas doenças podem surgir devido à falta de adaptação do indivíduo ao seu ambiente de trabalho. Classificaram os agentes nocivos quanto à natureza dos mesmos, sendo: “Biológicos (bactérias, vírus), como exemplo, hepatite A, B, C, D, E, HIV, herpes, vírus da gripe, rinovírus e adenovírus, vírus Coxsackie, papilomavírus humano, vírus linfotrópico humano, rubéola, sarampo, parotidite virótica, tuberculose, sífilis,gonorreia, difteria, legionelose ; Químicos (gases, vapores), como exemplo, amálgama, mercúrio, asbesto, amianto, berílio, óxido nitroso, substâncias anestésicas; Físicos (radiação, iluminação, ruído, temperatura), tais como radiações ionizantes; Mecânicos (distúrbios posturais, esforços repetitivos e prolongados), tais como, atividade muscular constante ou sustentada, compressão constante de vasos sanguíneos, pressão intradiscal mantida, lesão degenerativa precoce do disco 21 intervertebral, protrusão intradiscal do núcleo pulposo, hérnia de disco, lombalgia, LER/DORT, tenossinovites, dedos em gatilho, doença de Quervain, síndrome do túnel do carpo, síndrome do túnel ulnar, síndrome do redondo pronador, epicondilite, bursite, cervicobraquialgia, miosites e polimiosites; Psíquicos (stress) e Acidentais. Escreveram sobre alguns riscos devido à manipulação de asbesto; amianto; silicato de cálcio (nos anéis de fundição); berílio. Tais riscos se dariam pelo potencial desses materiais causarem: “dermatite de contato; emagrecimento; fadiga; mal- estar; queimaduras das córneas”. Os autores afirmaram que o Berílio poderia causar intoxicação e os primeiros sinais seriam pneumonite intersticial crônica, podendo progredir para fibrose pulmonar. Já os anestésicos, tais como a procaína, poderiam gerar dermatite de contato, iniciando ao redor das unhas, indo para as polpas digitais e em seguida envolver toda a mão. Também escreveram que os produtos: “formaldeído em forma de pastilhas; eugenol; eucaliptol; aromáticos; fenol; cresoto; preparações iodadas; acrílicos; alginatos; gessos especiais; dentre outros” poderiam causar dermatites de contato. Gobbi (2003) escreveu um estudo sobre sintomas músculo esqueléticos relacionados ao trabalho em 165 CDs de uma cidade do interior do estado de São Paulo, através de questionário autoaplicável, com o objetivo de identificar a prevalência desses infortúnios nessa classe de trabalhadores. Através de: análise descritiva das variáveis; Qui-quadrado; exato de Fisher; teste de Mann-Whitney; análise de regressão logística multivariada, a autora comparou dois grupos de estudo: os que apresentaram dor nos últimos 12 meses e os que não apresentaram sintomas, ambos com relação à: região cervical; punhos e mãos; lombar; torácica e ombros (escolhidas devido à maior ocorrência). A autora detectou que 92,7% dos participantes tiveram dor de origem osteomuscular nos últimos 12 meses. Destes, o local afetado correspondeu a: “67,3% cervical; 63% punhos e mãos; 62,4% lombar; 61,2% torácica e 58,8% ombros”. A autora verificou que o sexo feminino foi um fator de risco para a dor de origem osteomuscular em todas as regiões corporais selecionadas (p=0,00005). A autora concluiu que, apesar da necessidade de mais estudos nesse assunto, foi confirmada a severidade desses infortúnios relacionados com a profissão de CD. Russo (2003) em sua obra Gestão em odontologia escreveu no capítulo 16 sobre a saúde ocupacional em odontologia. Citou o Ministério do Trabalho e 22 Emprego, o qual publicou, em 1978, a portaria 3.214 que trata das normas regulamentadoras (NRs) em medicina e segurança do trabalho. O autor selecionou, das 29 NRs existentes, algumas de maior interesse na área odontológica: NR-5 (CIPA e Mapa de Riscos); NR-6 (EPIs); NR-7 (PCMSO); NR-9 (PPRA); NR-15 (insalubridade); NR-17 (ergonomia) e também citou as resoluções da vigilância sanitária: SS-15 (instalações odontológicas); SS-625 (radiação ionizante) e CVS-11 (controle de doenças transmissíveis em ambiente odontológico). Quanto à NR-5, o autor descreveu o mapa de riscos e as cores referentes aos riscos, sendo: verde para riscos físicos; vermelho para riscos químicos; marrom para riscos biológicos; amarelo para riscos ergonômicos e azul para riscos de acidentes. Citou na NR-6 os EPIs utilizados em odontologia: óculos de proteção; gorro; máscara; luvas descartáveis. Para a NR-7 o autor mencionou sobre a obrigatoriedade, desde 1995, de exames admissional, periódico, retorno ao trabalho, mudança de função, demissional e, na odontologia, mais dois exames, sendo o do mercúrio urinário e hemograma completo com plaquetas. Na NR-9 citou o objetivo da preservação da saúde e integridade dos trabalhadores. Na NR-15 citou: o ruído, que não deveria ultrapassar 85dB(A) decibéis; o mercúrio, que não deveria ultrapassar 0,04mg/m3 porque acima disso seria considerado como insalubridade grau máximo e exposição a agentes biológicos, por contato com pacientes e que foi considerado como insalubridade grau médio. Na NR-17, com relação à ergonomia, o autor escreveu sobre: o mobiliário; a temperatura; o ruído; a umidade; a iluminação; o transporte de peso e as pausas nos trabalhos repetitivos. O autor abordou assuntos relacionados aos riscos inerentes à atuação do profissional em odontologia, sendo: Riscos Químicos (mercúrio, anestésicos, látex); Riscos biológicos (instrumentos contaminados, acidentes nos procedimentos, limpeza do local, proteções, Descarpack para perfuro cortantes, HIV, imunização/vacinação contra: hepatite B em 3 doses, hepatite A em 2 doses, MMR - sarampo/caxumba/rubéola, difteria- tétano a cada 10 anos, pneumocócica acima de 60 anos e a cada 5 anos, influenza acima de 60 anos e anualmente e, para menores de 60 anos é opcional); Riscos ergonômicos (DORT; estresse e as doenças relacionadas, como transtorno, ansiedade, depressão, bipolaridade, dentre outras; ambiente físico; mobiliário; postura; forma de organizar atividades; fatores psicossociais); Riscos físicos (ruídos de alta rotação, radiação ionizante e doenças relacionadas, como exemplo, a radiodermite). 23 Santana (2003) afirmou que os acidentes de trabalho são um problema de saúde pública no mundo todo e que, no Brasil, as empresas gastam mais de 12,5 bilhões de reais por ano e os cofres públicos, 20 bilhões de reais por ano, para custear tais indenizações. Souza (2003) escreveu uma dissertação sobre a iluminação em consultórios odontológicos com o objetivo de demonstrar como a intensidade de luz em paciente dentro de consultório odontológico pode causar fadiga muscular e ocular no CD. Para isso, o autor realizou uma pesquisa qualitativa, um estudo exploratório/descritivo através de estudo de caso em sua clínica particular em Curitiba. O autor explicou conceitos de luz e explicou cada tipo de lâmpada: que irradiam por efeito térmico, ou seja, as incandescente (comum, refletora espelhada e halógena); que há descarga em gases e vapores (fluorescentes, vapor de mercúrio, vapor de sódio, dentre outras).O autor citou Saquy (1994) o que sugeriu como iluminar um consultório odontológico: se não há luz natural o correto seria utilizar lâmpada fluorescente do tipo “quente”; se o local possui pouca iluminação natural (do sol), usar lâmpadas fluorescentes tipo “fria”; em ambientes com muita luz natural, usar lâmpadas fluorescentes que acompanhem a luz natural, apenas como complemento. O autor fez abordagem aprofundada em ergonomia, uma vez que, citando Abergo [s.d], mencionou: “Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho às características fisiológicas e psicológicas do ser humano”. O autor citou Lusvarghi (1999) que, em conjunto com um oftalmologista, relatou que o CD pode ter trauma ocular, pois fixa o olhar por muito tempo em detalhes no interior da boca de seus pacientes e, por este motivo, pisca menos e apresenta ressecamento ocular e ardência que ocasiona espasmo para acomodação da musculatura ciliar que, com o tempo, pode causar infortúnios graves nos olhos, tais como a presbiopia (vista cansada). Lusvarghi também escreveu que a ação de raios ultravioleta em odontologia pode desenvolver ou acelerar catarata e degeneração macular (ponto central da retina). Citou Simurro (2000) que apresentou a possibilidade de perfuração do globo ocular por entrada de corpo estranho nos olhos.Quanto ao estudo de caso, o autor utilizou metodologia da Análise Ergonômica do Trabalho, fazendo estudo em período diurno e noturno, e detectou que durante a rotação forçada do tronco e região cervical causava também esforço visual que, após longo período de tempo, poderiam causar desgaste visual. O autor concluiu que a 24 iluminação afeta diretamente a visão, incluindo a musculatura movimentadora dos olhos e, se incorreta, causa fadiga nos olhos. Concluiu também que luz em excesso ou a falta dela causam problemas visuais e para finalizar, recomendou que os CDs façam pausas a cada período de tempo, para eliminar o cansaço visual. Lima e Farias (2005) escreveram sobre o trabalho do CD como causador de estresse e as doenças adquiridas com este problema psicológico. Os autores tiveram como objetivo identificar os motivos que levaram os CDs que trabalharam em jornada dupla a adquirir estresse. O autor relatou que a profissão do CD estava em crise por deficiência no número de pacientes em clínica privada por falta de condições destes, salário baixo, aumento no valor dos produtos utilizados na clínica, além do aumento do custo de tratamentos por inserção de novas tecnologias. Argumentaram que os convênios e planos de saúde odontológicos prezavam por lucro e isso reduzia o salário dos CDs, além de causar ansiedade, insegurança e desgaste emocional em profissionais autônomos por falta de qualidade de vida. Os autores citaram Chanlat e Bédard (1993) e argumentaram que os CDs contratados em instituições privadas e públicas não desfrutavam qualidade de vida porque sofriam de: “violência física e psicológica, tédio, desespero”. Citaram Selye (1965) quanto as três fases do estresse: fase de alarme (reação aguda em que o organismo entra em estado de proteção através de reações fisiológicas dos órgãos de defesa); fase de resistência intermediária (quando o estresse é contínuo e o organismo continua se protegendo dos fatores imediatos, além do estresse contínuo, com redução da eficiência fisiológica); fase de exaustão (esgotamento, queda de imunidade e possibilidade de doenças, como alergias, taquicardia, tuberculose, distúrbios, hipertensão, diabetes, insônia). Como resultado, os autores encontraram que os CDs com mais de vinte anos de profissão relataram doenças que estariam relacionadas ao estresse profissional, tais como: “distúrbios posturais, dores na coluna cervical, enxaquecas constantes, hipertensão arterial, depressão, fibromialgias, distúrbios da atividade sexual, infartos, insuficiência respiratória, envelhecimento precoce e câncer”. Os autores concluíram que a profissão de CD causa diversas doenças psicossomáticas. Mendes (2005) citou que Hipócrates (460 – 375 a.C) em sua obra Corpus Hippocraticum, descreveu muitas doenças ocupacionais. 25 Custódio (2006) escreveu um estudo de caso com o objetivo de analisar a ergonomia em profissional odontológico. A autora utilizou, como método, a metodologia da análise ergonômica do trabalho (AET) com abordagem ascendente e contou com a ajuda de um CD com perfil próximo ao do brasileiro, conforme Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas (Inbrape) sugere. Como resultado, a autora obteve sincronismo entre a atividade laboral do CD com DORT e que essa correlação se agravava conforme a organização do trabalho ficasse deficiente. A autora concluiu que as deficiências foram identificadas, o profissional envolvido foi orientado e o delineamento para melhoria do assento odontológico foi obtido. Furlan (2006) fez uma pesquisa em unidades básicas de saúde (UBS) de Piracicaba, SP e encontrou que 51% dos CDs já teriam se acidentado, sendo 76,2% destes, com materiais perfurocortantes. Garcia e Blank (2006) estudaram 289 CDs e 104 auxiliares de Florianópolis, SC, quanto à prevalência de exposição ocupacional a material biológico com o objetivo de encontrar a prevalência desses infortúnios, identificando as circunstâncias e o relacionamento com o uso de EPIs. As autoras obtiveram os dados a partir de questionários autoaplicáveis que apresentaram: 94,5% dos CDs já haviam se acidentado com material biológico, contra 80,8% dos auxiliares. Observaram também que o uso de óculos de proteção reduziu os índices de respingos de materiais biológicos nos olhos de CDs (p=0,004). Concluíram que seriam necessárias medidas educativas no intuito de diminuir a quantidade de acidentes com material biológico. Graça et al. (2006) escreveu sobre a relação entre doenças musculoesqueléticas e o trabalho de CDs. Os autores afirmaram que a prevalência dessas desordens teria aumentado muito nos últimos tempos e que, antigamente, o termo DORT era chamado de tenossinovite ocupacional. Os autores citaram Eccles e Powell (1967) que afirmaram que as doenças musculoesqueléticas afetavam muitos profissionais da odontologia, em diversos locais, tais como: “punho, mãos, extremidades inferiores, coluna lombar, pescoço, coluna cervical, ombros e braços”. Citaram Doorn (1995), Lehto (1991) que demonstraram que a prevalência de dor na região lombar variou de 36% a 57% entre CDs. Citaram Lehto (1991) que 26 mencionou prevalência de 42% de sintomatologia no ombro. Citaram Milerad e Ekenvall (1990) e Rundcrantz (1991) que encontraram a prevalência de 44% de sintomatologia na região cervical. Citaram Kelsey (1982) que afirmou que as desordens musculoesqueléticas eram mais comuns em CDs do que na população em geral. Citou também Akesson (1995) e Doorn (1995) que afirmaram que a prevalência de sintomatologia músculo esquelética era maior em CDs do que em outros profissionais. Citaram Doorn (1995) que afirmou que os profissionais da odontologia são um dos que mais se afastam do trabalho por incapacidade, seja ela temporária, ou permanente. Citaram Ferreira (1997) que demonstrou que aproximadamente 30% da desistência na profissão Odontologia é causada por problemas músculo esqueléticos. Citaram Kilpatrick (1971) que ressaltou que possuir auxiliar odontológico na clínica odontológica diminui a fadiga do CD. Os autores concluíram que a profissão de CD é uma das mais estressantes na área da saúde e que os profissionais da área precisam se cuidar porque as doenças musculoesqueléticas prejudicam a capacidade funcional dos mesmos. Mello (2006) escreveu que o estresse tem origem a partir de: “pressão no trabalho; aspectos financeiros; contato interpessoal com os pacientes; contentamento com o trabalho obtido; perspectivas na carreira; aspectos relacionados com a vida pessoal e com a vida profissional; dentre outros”. O autor estudou também a exaustão mental em trabalhadores da área da saúde, mais conhecida como Burnout. Neste estudo, a frequência de Burnout foi maior nos CDs do que em outros profissionais da saúde. Afirmou que esse crescimento no número de CDs doentes também abrangia outras doenças como as cardiovasculares e osteomusculares. Tais doenças estariam correlacionadas com o estresse no trabalho dos CDs, causado por alguns fatores, tais como “o reconhecimento financeiro, o relacionamento com os pacientes, as pressões variadas, a satisfação pessoal com o trabalho, o plano de carreira e a vida pessoal atribulada, etc”. Nunes e Freire (2006) escreveram um artigo sobre a qualidade de vida de CDs de um serviço público de Goiânia, GO, em 2004, com o objetivo de conhecer qual é a qualidade de vida dos mesmos. Como método, as autoras realizaram um estudo observacional transversal com 149 CDs desta cidade e aplicaram um questionário com questões relacionadas ao assunto aos quais foram aplicadas regressão logística simples e múltipla. As autoras obtiveram, como resultado: 51% 27 apresentaram baixa qualidade de vida no domínio físico; 52,3% baixa qualidade de vida a nível psicológico; 50,3% apresentaram alta qualidade de vida nas relações sociais. As autoras concluíram que os CDs estudadosapresentaram alta qualidade de vida nas relações sociais, entretanto, baixa qualidade de vida nos níveis físicos e psicológicos. Régis Filho et al. (2006) realizaram uma pesquisa sobre LER e DORT em CDs cadastrados no Conselho Regional de Odontologia de Santa Catarina, no ano de 2000, através de protocolo “inquérito sócio/sanitário” que foi enviado pelo sistema de carta e cartão resposta convencional (envelopes específicos). Do total de cartas, 771 foram consideradas válidas, ou seja, corretamente preenchidas, dos quais: 66,02% CDs do sexo masculino; 33,98% cirurgiãs CDs do sexo feminino. Dos que apresentaram LER, a dor inicial se localizou: 39,4% nos ombros e braços; 18,3% nos punhos e mãos; 17,2% no pescoço; 11,7% no cotovelo e antebraço; 8,20% na escápula; 3,4% outros locais e 1,8% não informaram. Dos pesquisados, 441 apresentaram LER/DORT e destes, a severidade encontrada foi de: 24,65% baixa; 34,98% média; 35,68% alta, com fisioterapia e 4,69% alta, com cirurgia. Os autores concluíram que houve confirmação de hipótese de trabalho que permite afirmar que o CD pertence a um grupo profissional exposto a risco considerável para adquirir LER/DORT se estiverem presentes fatores como: postura inadequada; força excessiva; muita repetitividade de movimentos; compressão mecânica de tecidos e características individuais. Também comentaram que, para CDs, os planos de saúde não tinham cobertura para esse grupo de doenças. Thorette et al. (2006) que afirmaram que o técnico em prótese dentária (TPD) estaria exposto a: “sílica, fumo de metais pesados, ligas de uso odontológico e componentes de resina acrílica” e que poderiam adquirir: “pneumoconiose, pneumonia hipertensiva, asma e câncer de pulmão”. Vignatti (2006) realizou um estudo que apontou para altos índices de obesidade, hipertensão arterial, problemas no aparelho locomotor, dor na coluna, varizes, diabetes tipo II, em 88 CDs da cidade de Valinhos- SP e que o sedentarismo também era frequente nesse grupo de CDs. 28 Aguiar (2007) desenvolveu uma tese sobre a prevalência de sintomas de estresse e de depressão em estudantes de odontologia da Universidade Federal do Ceará (UFC). Os autores afirmaram que existiam evidências que os estudantes desse curso tinham maior probabilidade de adquirirem problemas psíquicos e/ou mentais. A autora teve, por objetivo, identificar o estresse presente em estudantes de odontologia. Como método, a autora utilizou o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL), Inventário de Depressão de Beck e um questionário pertinente ao assunto. A autora obteve, como resultado: 53 estudantes de odontologia participaram do estudo; 58,5% eram do sexo masculino; 96,2% eram solteiros e com idade média de 21 anos; 28,3% foi a prevalência de sintomas depressivos; atividades físicas influenciaram nos sintomas depressivos. A autora concluiu que a sintomatologia depressiva foi alta nesses estudantes pesquisados. Carvalho (2007) pesquisou e quantificou as principais doenças dos CDs e auxiliares em Volta Redonda, RJ, o qual encontrou que 51% apresentavam mudança de humor e do sono, 6% hipertensão, 23% desconforto auditivo (dor, zumbido e tontura), apresentaram DORT, 45% alergias, 56% dos CDs rinite alérgica e 66% dos auxiliares rinite alérgica. Donatelli (2007) realizou um estudo epidemiológico descritivo sobre acidentes ocupacionais de CDs, auxiliares odontológicos e estudantes de Odontologia na cidade de Bauru, SP, relacionados à exposição de material biológico. A autora obteve os dados a partir de prontuários e fichas de notificação de acidentes e encontrou: 179 acidentes entre os anos de 2000 e 2004, envolvendo 174 profissionais; predomínio de casos no sexo feminino e jovens estudantes de odontologia; exposição com agulha contaminada com sangue foi o mais relatado; 69,8% ocorreram na Faculdade de Odontologia; 5,6% em hospital com atendimento odontológico; 7,8% em consultório particular; 10,1% dos acidentes ocorreram em outros lugares; 6,7% sem informação do local do acidente; 42,5% ocorreu durante o procedimento odontológico; 7,3% durante a lavagem de material; 2,8% durante o reencape de agulha; 2,2% por descarte inadequado; 0,6% durante atividade laboratorial). Citou Rapparine (2006) que afirmou que existe um sistema brasileiro que começou a armazenar informações sobre acidentes com perfuro cortantes a partir do ano 2005, através de 28 centros colaboradores, o qual apresentou ou seguintes dados: “929 acidentes, sendo 6% com CDs, 0,4% entre estudantes de 29 Odontologia e 0,5% entre técnicos de higiene dental). Donatelli concluiu que há necessidade de se reforçar o conhecimento em biossegurança na área de Odontologia. Francesquini Júnior (2007) escreveu uma tese com o objetivo de identificar o grau de conhecimento dos auxiliares de CD, na cidade de Piracicaba, SP, com relação aos riscos (físicos, químicos, biológicos e ergonômicos) a que estes trabalhadores se submetem em suas atividades laborais. O autor abordou assuntos relativos à legalidade e exercício dessas profissões, através do Conselho Federal de Odontologia (CFO), além de mencionar que o Código de Ética Odontológico citou obrigatoriedade para CDs e TPDs proporcionarem condições dignas, seguras e salubres para seus auxiliares. Como metodologia, o autor aplicou questionário pertinente ao assunto, e, como resultado, encontrou que os auxiliares da cidade de Piracicaba conheciam o assunto, entretanto, desconheciam as leis correlacionadas a este assunto, como exemplo: “EPIs, CIPA, PPRA, PCMSO, LTCAT, PPP, NR-32, ANVISA, CONAMA, Código Civil e Penal, dentre outras”. O autor também encontrou que os auxiliares apresentaram doenças ocupacionais, tais como: “cegueira, pairo, LER/DORT, intoxicações químicas, doenças parasitárias, bacterianas e virais, estresse, Burnout”, além de acidentes ocupacionais sem abertura de CAT, após acidentes perfuro-cortantes durante o atendimento ou desinfecção de instrumentais. Oliveira et al. (2007) escreveram sobre ruído ambiental e sua percepção por 196 alunos do curso de graduação da Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP. As autoras mostraram os riscos que os CDs eram expostos com o intuito de evitar doenças. Para isso, foi utilizado um questionário pertinente ao assunto tendo, como resultado, que 93,9% dos alunos do segundo ano, 96,8% do terceiro e 100% dos alunos do quarto ano, julgaram que foram expostos a ruídos ambientais. Quanto à principal fonte de ruídos, encontraram a peça de mão de alta rotação e a bomba a vácuo e em relação ao incômodo: 36,4% dos alunos do segundo ano, 67,7% do terceiro e 52,9% do quarto declararam que tais ruídos incomodavam. Através de metodologia aplicada, as autoras concluíram que a percepção dos alunos quanto aos ruídos aumenta diretamente proporcional em relação ao tempo em que ficaram expostos a eles. 30 Possobon et al. (2007) publicaram um artigo sobre o atendimento odontológico como gerador de estresse para os pacientes e também para os CDs. Mencionaram sobre: a frequência em que a ansiedade e medo ocorrem; o manejo do medo e o atendimento a crianças temerosas. Os autores detectaram que ter que lidar com a ansiedade de pacientes e a qualidade técnica do serviço podem causar estresse nos profissionais odontológicos. Os autores concluíram que a capacitação dessa classe de trabalhadores é fundamental, tanto nos quesitos técnicos como nos psicológicos. Teixeira (2007) estudou CDs quanto ao estresse, informando que 88,5% dos CDs femininos e 75% dos masculinos afirmaram que a profissão gera estresse e que os principais motivos foram: “salário (66,67%; ruídos (42,8%); custos fixos do consultório (71,4%); auxiliar (19%) e biossegurança (58,7%). O mesmo relatou mais alguns dados estatísticos: “o estresse era maior no final do dia, para 80,9%; 74,6% tinham dores musculares; 20,6% depressão;14,2% PAIRO; 9,5% arritmias; 4,7% hipertensão e 7,9%, doenças sistêmicas”. Este autor concluiu que o estresse é pessoal e que cada pessoa possui limiar diferente. Garcia e Blank (2008) escreveram sobre as condutas pós exposição ocupacional a material biológico na odontologia com o objetivo de avaliar a conformidade dessas condutas com 289 CDs e 104 auxiliares de consultório odontológico no município de Florianópolis, SC, selecionados por amostragem probabilística sistemática e pesquisados através de inquérito epidemiológico e questionários autoaplicáveis. Como resultado, as autoras observaram que 98,5% dos CDs e 89,2% dos auxiliares lavariam o local afetado após exposição percutânea. As autoras perceberam também que 44,6% dos entrevistados que sofreram lesões percutâneas perguntaram sobre possíveis doenças com os pacientes-fonte, mas somente 14,3% dos que sofreram respingo de material biológico conversaram sobre isso com os pacientes-fonte. Após exposição ocupacional, apenas 10,8% dos CDs e 2,7% dos auxiliares recorreram a médicos. As autoras concluíram que as condutas destes profissionais não coincidiram com as recomendações do Ministério da Saúde do Brasil. 31 Guimarães (2008) definiu a infortunística como “a parte da Medicina Forense que cuida do estudo da incidência de acidentes do trabalho, de moléstias profissionais, causas e efeitos e meios adotados para preveni-las ou remediá-las. Artuzi et al. (2009) publicaram um artigo sobre acidentes pérfuro-cortantes na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Os autores utilizaram o Formulário de Acidente e Incidente de Serviço (FAIS) e encontraram: 25 acidentes dessa natureza, entre os anos de 2004 e 2006; a maioria ocorreu durante o atendimento ao paciente e manipulação de instrumental; os instrumentos mais presentes foram as curetas periodontais e agulhas anestésicas. Os autores concluíram que a instituição em questão precisaria promover mais métodos de biossegurança. Booyens et al. (2009) realizaram uma pesquisa com 362 auxiliares odontológicos da África do Sul e eles apresentaram os seguintes sintomas: “dor nas mãos (61,3%), dor na nuca (66,5%), dor no ombro (56,6%), dor na coluna lombar (59,6%)”. Os auxiliares também relataram descamação nas mãos (28%). Regis Filho et al. (2009) publicaram um estudo sobre aspectos biomecânicos da LER/DORT em CDs no qual afirmaram que essa profissão obriga os CDs a utilizar os membros superiores e estruturas adjacentes, repetitividade de movimentos, posturas incorretas e, ainda, trabalhar sob pressão constante. Os autores citaram Facci et al. (1989), Oliveira (1991), Couto (1994) que afirmaram que no Brasil houve aumento das LER/DORT como doença profissional, de 4,69% em 1985, para 41,77% em 1988, sendo as mulheres as mais afetadas devido ao menor número de fibras musculares e menor capacidade de armazenar e converter glicogênio em energia útil. Citaram Lawrence (1972) que afirmou que era frequente a degeneração de discos intervertebrais na região cervical de CDs. Citaram Sayegh et al. (2005) que estudou profissionais odontológicos libaneses e encontrou que: 66% dos estudados apresentaram dores na coluna lombar; 59% dores na coluna cervical e 62% dores nos ombros e braços. Citaram Leggat e Smith (2006) que encontraram que 89,1% dos profissionais odontológicos tinham algum sintoma de LER/DORT no último ano e, destes, os locais mais acometidos foram: 57,5% pescoço; 53,7% região mais baixa do dorso e 53,3% ombro. Para o estudo, os autores utilizaram análise biomecânica por cinemetria e eletromiografia com o intuito de detectar 32 alguma relação entre o trabalho do CD e LER/DORT. Como resultado encontraram que as atividades mais realizadas por CDs causam posturas de risco médio e alto em, pelo menos, duas regiões corpóreas, além de grande comprometimento dos músculos flexores e extensores do carpo e trapézio. Concluíram que há risco considerável de CDs adquirirem LER/DORT e sugeriram que há necessidade de mais estudos sobre esses infortúnios. Rodrigues et al. (2009) escreveram um artigo com o objetivo de identificar os acidentes ocupacionais nos 10 primeiros anos do curso de graduação de Odontologia da Faculdade de Fortaleza (UNIFOR), CE. Os autores utilizaram como método, estudo documental e avaliação dos dados obtidos no Centro de Notificações de Acidentes Ocupacionais do Curso de Odontologia. Como resultado, obtiveram: 160 acidentes ocupacionais; 90,6% ocorreram com alunos de graduação; 5% com funcionários; 3,8% professores; 0,6% pacientes; 40,6% das lesões foram do tipo perfurante cruento; 11,9% do tipo cortante cruento; 2,5% do tipo cortante não cruento; 5% queimaduras; 5% perfurante cruento/cortante cruento; 2,5% lesões do tipo maceração; 1,9% lesões oculares e 0,6% mordida de cachorro. Os autores concluíram que a maioria dos acidentes eram do tipo perfurantes. Santos et al. (2009) realizaram um estudo exploratório com o objetivo de captar informações sobre distúrbios musculoesqueléticos com 38 CDs da Associação Brasileira de Odontologia Regional Missioneira de Santo Ângelo, RS que atuavam, em sua maioria, em consultório particular. Através de questionário, as autoras obtiveram como resultado que, dos que possuíam dor (63% do total), os segmentos corpóreos que mais causaram dor, foram: 53% coluna cervical e lombar; 22% membros superiores; 15% membros inferiores; 6% cabeça e 4% quadril. Os autores identificaram que, dos participantes que sentiram dor, 45% (n=17) já tinham consultado um especialista para serem tratados. Observaram que os métodos utilizados para o tratamento dessas dores foram em sua maioria: analgésicos; prática de alongamentos; massagem e fisioterapia e concluíram que houve alta prevalência de sintomas musculoesqueléticos nos CDs e que precisariam de orientações para corrigir suas posturas em ambiente de trabalho. Souza e Silva (2009) escreveram a descrição de riscos ocupacionais de Fantazzini&Cicco (1988) sendo: “uma ou mais condições de uma variável, com 33 potencial necessário para causar danos. Esses danos podem ser entendidos como Lesões a pessoas, danos a equipamentos ou estruturas, perda de material em processo ou redução da capacidade de desempenho de uma função predeterminada”. Em seguida, as autoras citaram a NR-9, norma regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego que obrigou empregadores a realizarem elaboração e a implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) para a preservação da saúde dos trabalhadores. Definiram também a classificação dos riscos ambientais: físicos, químicos, biológicos. Em seguida, a NR- 5, instituída pela portaria no 25, de 29 de dezembro de 1994 adicionou os riscos ergonômicos e de acidentes (ou mecânicos ou operacionais). As autoras definiram ainda quais são os agentes responsáveis pelos riscos supramencionados: Físicos: “ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas (calor e frio), radiações ionizantes e não ionizantes, umidade, infra-som e o ultra-som”; Químicos: “substâncias, compostos ou produtos que possam entrar na via respiratória, através de poeira, fibra, fumo metálico, névoa, neblina, gás e vapor, ou, ainda, substâncias que possam ser absorvidas pela pele ou ingestão”; Biológicos: microrganismos patogênicos como “bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários e vírus”; Ergonômicos: “esforço físico intenso, mobiliário inadequado, levantamento e transporte inadequado de carga, ritmo excessivo, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e repetitividade, situações de estresse físico ou psicológico”. Acidentes ou mecânicos ou operacionais: “falta de organização e segurança do ambiente, falta de manutenções, arranjos físicos inadequados, ferramentas inadequadas, falta de proteção em equipamentos, risco de explosão, iluminação inadequada, etc”. Em outro capítulo,as autoras definiram as doenças relacionadas ao trabalho (DRTs) como qualquer alteração desfavorável à saúde humana devido à atividade laboral. Citaram Iida (1990) que definiu doenças ocupacionais como qualquer manifestação mórbida decorrente de atividade no trabalho. Para caracterizar as DRTs, a autora cita Schilling (1984) que as divide em três grupos: I) doenças em que o trabalho é causa necessária, ou seja, as denominadas doenças profissionais, stricto sensu, e as intoxicações profissionais agudas; II) doenças em que o trabalho pode ser um fator de risco, contributivo, mas não necessário, ou seja, todas as doenças ditas “comuns”, mais frequentes ou mais precoces em determinados grupos ocupacionais, em que, portanto, o nexo causal é de natureza eminentemente epidemiológica; III) doenças em que o trabalho provoca distúrbio latente, ou agrava doença 34 preexistente, ou seja, atua como noncausa. As autoras citaram Schour e Sarnat (1942) as quais apresentaram revisões de literatura em estudos majoritariamente descritivos, para as doenças bucais de origem ocupacional, sendo que o mercúrio inorgânico manipulado por CDs poderia ter causado manifestações bucais, como a gengivite, a gengivoestomatite, a periodontite, a ulceração, a osteomielite e o ptialismo. As autoras reforçaram esses dados através de Nogueira (1972) e Araújo (1998) os quais mencionaram que a exposição ao mercúrio inorgânico poderia ter causado gengivoestomatite, osteomielite e ptialismo, em caso de falta de proteção adequada. Também informaram sobre o Cresol utilizado em curativos cirúrgicos que poderia causar estomatites; trabalhadores que manipularam metais, como poeira de cromo, que poderiam adquirir pigmentação do esmalte e pigmentação da mucosa bucal e os raios X utilizados em clínica odontológica que poderiam ter causado xerostomia. Em outro capítulo, as autoras citaram o processo de formação de significado da palavra “ergonomia” e relataram que a palavra foi genericamente definida como a ciência de adaptar o trabalho ao trabalhador, e não o contrário, tendo como objetivo facilitar o trabalho do mesmo. Mais adiante, as autoras inseriram a ergonomia no cotidiano do CD, dizendo sobre a racionalização de movimentos e posturas corretas, otimizando a produção e a saúde em longo prazo. Descreveram que muitos CDs tiveram problemas por ter ficado muito tempo em posições inadequadas e que isso poderia ter os levado à fadiga e às lesões. Citaram Szymanska (2002) o qual argumentou que a postura do CD teria causado desconforto, problemas musculoesqueléticos e nervoso periférico. Através de Miranda et al. (2002), fizeram comentários de posições inadequadas do CD e relatos de dores cervicais, escapular e lombar, quando os CDs mantiveram os membros superiores suspensos, flexionaram a cabeça e rotacionaram o tronco, forçando a musculatura cervical, escapular e toracolombar, tendo a possibilidade de ter causado fadiga, lesões agudas e crônicas. Também relatam um estudo de Lalumandier et al. (2001) que demonstrou a perda que CDs tiveram de aproximadamente 41 milhões de dólares no ano de 1987 devido às doenças musculoesqueléticas. Descreveram ainda, estudos sobre pontos dolorosos por Finsen et al. (1998), detectando elevado número de DORT. Enquanto Michelin et al. (2000) detectaram grande número de “degenerações dos discos intervertebrais da cervical e muitos casos de bursite nos ombros, inflamação das bainhas e artrite das mãos”. Ainda para este assunto, as autoras mencionaram a revisão e síntese de 35 Murphy (1997) que teria apresentado estudos entre os anos de 1955 e 1996 de diversos pesquisadores que teriam correlacionado o profissional da odontologia afetado (CD, auxiliar do CD ou TPD) e a parte do corpo afetada pela DORT. Relataram ainda que os CDs estiveram sujeitos à fadiga psíquica; fadiga visual por visualização contínua aos detalhes, associada à iluminação deficiente; fadiga muscular; doenças musculoesqueléticas por posturas incorretas no trabalho e varizes dos membros inferiores quando houve predisposição hereditária. Seguindo com as doenças ocupacionais dos CDs, as autoras argumentaram que eles manipulavam muitos equipamentos que poderiam causar acidentes: instrumentos pontiagudos; objetos metálicos afiados; ferramentas de corte; brocas; fragmentos de dentes. Estes poderiam causar lesões cutâneas e oculares e às vezes, quando agravadas, poderiam causar infecções, inflamações ou conjuntivite tóxica nos olhos. Para finalizar, as autoras disponibilizaram um capítulo inteiro destinado à hipersensibilidade ao látex, mais conhecida como alergia ao látex. Tal enfermidade teria crescido nos últimos tempos devido ao aumento do seu uso por profissionais da saúde. Mencionaram que a causa ainda era desconhecida e que Lilja e Wickman (1998) e Von Mutius (2000) escreveram os fatores de risco: fatores hereditários; ambientais e nível de exposição. As autoras citaram Yunginger (1998), Sri-Akajunt et al. (2000) que demonstraram a composição molecular do látex: polímeros de cis-1,4- poliisopreno, cobertos por camada de proteínas lipídicas e fosfolipídicas para garantir integridade estrutural. Citaram Hamann e Kick (1993) que afirmaram que as proteínas do látex são os antígenos responsáveis pela hipersensibilidade tipo I. Citaram Sussman e Beezhold (1995), Woods et al. (1997) e Warshaw (1998) que afirmaram que muitos fabricantes de luvas de látex pioraram a qualidade das luvas, devido à alta demanda após a divulgação do HIV, reduzindo alguns processos de remoção de proteínas das luvas, aumentando a quantidade de alérgenos nas mesmas. As autoras comentaram os primeiros sintomas da alergia ao látex: “dermatite irritante de contato, dermatite alérgica de contato e hipersensibilidade tipo I”. Elas mencionaram Wilkinson e Burd (1998) e Carrol (1999) que escreveram que a manifestação mais comum é a dermatite alérgica de contato ou hipersensibilidade tipo IV por resposta de linfócito T a um alérgeno que, no caso das luvas de látex, seriam os aceleradores e antioxidantes presentes nas luvas. As autoras comentaram sobre as reações anafiláticas graves ocasionadas pela alergia ao látex, as quais ocorreram devido à contato com mucosa, por via endovenosa ou durante cirurgias e 36 que cerca de 10% de todas as reações anafiláticas intraoperatórias ocorrem devido à alergia ao látex. Citaram Bousquet et al. (2006) que afirmaram que se o contato com o látex não fosse interrompido durante uma reação alérgica, o quadro poderia progredir para anafilaxia. Citaram Moneret-Vauntrin e Beaundovin (1993) e Niggermann et al. (1998) que definiram os trabalhadores da área da saúde como um grupo de risco para a hipersensibilidade tipo I ao látex. Citaram Gomes (2006) que relatou o caso de um CD que teve hipersensibilidade ao látex por 16 anos, apresentando: descamação nas mãos, edema ocular, rinite, reações alérgicas tipo I (anafilaxia) e, através de dosagem de Imunoglobulina E-látex, confirmaram a presença de alto nível (grupo 4 maior que 17,4Ku/L). Theodoro et al. (2009) estudaram sobre a prevalência de acidentes de trabalho com 87 CDs de especialização da Associação Brasileira de Odontologia, em Vitória, ES. Fizeram um estudo transversal através de questionário contendo 30 questões contendo assuntos relacionados a dados profissionais e acidente de trabalho. Como resultado, 55,25% se acidentaram e, destes: 29,2% ocorreu durante a lavagem de instrumental; 25% durante a anestesia; 20,8% durante recapeamento de agulhas e 56,3% de outra forma. Quanto ao tipo de acidente, 81,3% foi acidente perfurocortante, contra 29,2% outras formas. Com relação ao local da lesão, 89,6% nas mãos e 18,8% outra parte. Os locais do acidente em que ocorreram tais acidentem, foram mencionados como: 54,2% consultório particular; 29,2% serviço público; 8,3% ambos e 8,3% em empresa. Outros dadosimportantes obtidos: 79,2% não interromperam a jornada de trabalho no dia do acidente; 83,3% não relatou o caso, ou seja, não fez o CAT e 83,9% não tinha seguro. Os autores detectaram, também, que 55,2% não se acidentaram somente uma vez, mas sim, duas vezes (29,2%) ou três vezes (20,8%). Checaram que aqueles CDs que trabalhavam mais de 8 horas diárias e que não possuíam auxiliar da saúde bucal (ASB), foram os que mais se acidentaram. Concluíram que a prevalência de acidentes foi alta e que a NR-32 não obriga a notificação por meio da CAT e que a maioria dos CDs não a faz e quando fazem tardiamente, após o aparecimento de sintomatologia de doenças, caracteriza negligência na prevenção e isso também dificulta o estabelecimento do nexo epidemiológico. Francesquini Júnior (2010) escreveu um trabalho sobre a disfunção temporomandibular (DTM) e sua aplicabilidade junto à atividade laboral, 37 mencionando sobre os principais sintomas decorrentes desse infortúnio, tais como: “a dor; a sensibilidade muscular; o clique ou estalido na articulação temporomandibular (ATM) e a limitação de movimentos mandibulares com ou sem desvio da mesma”. O autor argumentou, ainda, que os sintomas da DTM podem passar despercebidos tanto clinicamente, como radiograficamente e também podem surgir a partir de algum acontecimento psicológico ou traumático. O autor relatou que muitos casos de DTM não são tratados como deveriam, uma vez que muitas empresas não possuem CDs em seu grupo de colaboradores, o que facilitaria a perpetuação dessa doença, que pode chegar a causar incapacitação e perda de rendimento do indivíduo portador dessa patologia. O autor descreveu a necessidade de se realizar diagnóstico e prognóstico para os trabalhadores do comércio e indústria da cidade de Itapira, SP, portadores desta enfermidade, com o objetivo de identificar a incidência das DTMs nesses indivíduos, além de discutir aspectos éticos e legais sobre este assunto. O autor encontrou os seguintes dados: quanto aos sintomas da DTM, 52,94% são ruídos, 54,11% são estalidos e 48,23% são limitações na abertura mandibular; os sintomas obtidos neste trabalho foram: 64,7% dor no pescoço; 36,47% dor facial; 16,48% dor de cabeça; 15,29% dor na cavidade bucal; 45,88% dor na face, mandíbula e região anterior do ouvido e 37,64% dor facial recorrente. O autor concluiu que não foi possível identificar a incidência de DTM nos profissionais do comércio e da agroindústria de Itapira, SP e que diagnosticar DTMs corretamente e através de questionário bem desenvolvido, possibilitará ao CD exercer a prevenção e tratamento adequado para esta patologia. Nogueira et al. (2010) escreveram uma revisão da literatura sobre os riscos ocupacionais em odontologia contendo assuntos relacionados e tiveram como objetivo apresentar uma revisão de literatura sobre os riscos ocupacionais com o intuito de promover saúde para os CDs. As autoras citaram riscos aos quais os CDs estariam sujeitos: “agentes físicos (ruído, iluminação e radiação); químicos (produtos químicos em geral e mercúrio); biológicos (HBV, HIV) e ergonômicos (posturas inadequadas, movimentos repetitivos)”. As autoras concluíram que há oportunidade de melhoria por parte dos CDs quanto aos riscos ocupacionais, para que diminua a vulnerabilidade dos mesmos frente a esses riscos. Ferreira (2010) definiu infortunística (de infortúnia + ista + ica) como “a parte da Medicina Legal e da legislação social que trata dos riscos industriais, 38 acidentes de trabalho e doenças profissionais”. Também definiu infortúnio (do Latim - infortúnia), como: “infelicidade, desventura, desdita, desgraça, infortuna”. Pietrobon e Regis Filho (2010) realizaram um estudo de caso sobre sintomas dolorosos na coluna cervical de 45 CDs que atuavam no serviço público municipal da cidade de Florianópolis, SC, com o objetivo de conhecer a prevalência desses sintomas e, como resultado, encontraram que: 55% dos profissionais tinham algum tipo de anormalidade dolorosa, e, destes, 72,7% eram do gênero masculino e 39,1% do feminino; quanto ao local da dor, 48% eram dores lombares e 16% dores lombares associadas a outros lugares; 62% dos CDs não possuíam dor antes de iniciarem o trabalho na odontologia. Analisaram os dados de exames posturais, inseriram métodos de diagnósticos e obtiveram a tendência à escoliose em 64,3% dos CDs e 22,2% para cifose. Através de associações estatísticas, concluíram que há associação entre doenças posturais e a profissão de CD, os quais são principalmente afetados por cifose, escoliose e retificação do pescoço e que conforme a faixa etária, a jornada de trabalho, o tempo de atuação aumentam, maior o agravo a esses infortúnios. Concluíram também que as CDs possuem maior possibilidade de adquirirem desvios posturais, mesmo trabalhando até duas horas a menos que os CDs do sexo masculino. Sasamoto et al. (2010) realizaram um trabalho com o objetivo de detectar o perfil da epidemiologia dos acidentes com material biológico que ocorreram na Faculdade de Odontologia de Goiás. Para isso, realizaram um estudo descritivo transversal e encontraram 71 acidentes desse tipo entre os anos de 2002 a 2008, sendo: “91,6% em estudantes; 4,2% em técnicos administrativos; 2,8% em professores; 1,4% em estagiários; 64,8% sexo feminino. Como 31 fichas estavam incompletas, os autores utilizaram apenas 40 fichas dos acidentes e encontraram os seguintes dados: 34/85% exposição percutânea; 6/15% respingos em mucosas; 32/80% envolvendo mãos; 6/15% envolvendo mucosas; 17/42,5% com sangue e saliva; 5/12,5% saliva; 9/22,5% no reencape de agulha; 7/17,5% no manuseio de agulhas; 6/15% em procedimentos cirúrgicos. Os autores concluíram que os CDs estão suscetíveis aos riscos biológicos. Dias (2011) escreveu um trabalho de revisão bibliográfica (artigos entre 1978 a 2010) de produção científica sobre o CD e as doenças ocupacionais, com o 39 objetivo de transcrever as doenças ocupacionais desses profissionais das Unidades de Saúde da Família (USFs). Como resultado, a autora encontrou as principais doenças que afetaram os CDs: “desordens musculoesqueléticas; estresse; perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR); contaminação por mercúrio; hepatite e dermatoses”. A autora concluiu que não existia nenhum estudo com relação à quantidade de doenças ocupacionais em CDs especificadamente de USFs (atenção básica). Medeiros (2011) citou, através de Richard Schilling, que o desenvolvimento de doenças nas práticas laborais pode ser dividido em três grupos: I) o trabalho causou a doença, como por exemplo, as intoxicações agudas; II) o trabalho pode ter ajudado a adquirir a doença, como exemplo a hipertensão; III) o trabalho agrava uma doença que já existia anteriormente, como exemplo, alergias. O autor também relatou a saúde do trabalhador na prática odontológica, citando diversas doenças causadas por patógenos que poderiam ser transmitidos entre pacientes e seus familiares, CDs, ASBs, TSBs e TPDs. Escreveu que essa transmissão no ambiente odontológico poderia ocorrer por via sanguínea, oral ou respiratória e que os envolvidos no atendimento odontológico estariam suscetíveis à: “gripe, pneumonia, tuberculose, herpes, sífilis, hepatites, Aids, citomegalovirose, dentre outras”. O autor discorreu sobre a necessidade de proteção contra o sangue e fluidos corpóreos, dois itens de extrema relevância na transmissão de doenças. Para isso, ele citou a necessidade de múltiplos procedimentos assépticos; uso de luvas de procedimentos, cirúrgicas, sobreluvas e de borracha grossa; máscaras; óculos de proteção; jalecos clínicos; aparelhos e substâncias para desinfecção e esterilização e descartáveis. Fez a descrição detalhada de diversas doenças ocupacionais dos CDs e seus auxiliares, tais como: Hepatites (A, B, C, D, E, G, outras hepatites virais hepatotrópicas; HIV/Aids;