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FACULDADE EVANGÉLICA DE GOIANÉSIA CURSO DE DIREITO POSSIBILIDADE JURÍDICA DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIOS DE PRESTAÇÃO CONTINUADA AS FAMÍLIAS COM RENDA PER CAPTA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO RODRIGO GOMES DE ALMEIDA GOIANÉSIA - GO 2020 RODRIGO GOMES DE ALMEIDA POSSIBILIDADE JURÍDICA DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIOS DE PRESTAÇÃO CONTINUADA AS FAMÍLIAS COM RENDA PER CAPTA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO Trabalho de Conclusão de Curso, em Formato de Artigo, apresentado a Faculdade Evangélica de Goianésia como requisito parcial a obtenção do Título de Bacharel em Direito, sob orientação da Prof.ª. Me.ª. GOIANÉSIA - GO 2020 RODRIGO GOMES DE ALMEIDA POSSIBILIDADE JURÍDICA DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIOS DE PRESTAÇÃO CONTINUADA AS FAMÍLIAS COM RENDA PER CAPTA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO Goianésia, Goiás, _____ de ____________________ de 2020 BANCA EXAMINADORA ____________________________________________________ Professor (Presidente) ____________________________________________________ (Arguidor) ____________________________________________________ (Arguidor) 3 POSSIBILIDADE JURÍDICA DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIOS DE PRESTAÇÃO CONTINUADA AS FAMÍLIAS COM RENDA PER CAPTA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO Rodrigo Gomes De Almeida 1 RESUMO O estudo apresentado busca a compreensão se o BPC (Beneficio de Prestação Continuada) Presente na LOAS (Lei Orgânica de Assistência Social) pode ser concedido aos indivíduos com renda familiar per capta superior a 1/4 do salário mínimo. Especialmente ligando o estudo ao ramo do direito previdenciário. Os objetivos do estudo são, para o objetivo geral será compreender a possibilidades e limites de concessão do BPC-LOAS; já para os objetivos específicos se espera em: Identificar que todos benefícios indevido seja cancelado e que todo dinheiro seja retornado aos cofres públicos; analisar o motivo do porque a demora da análise dos processos jurídicos e administrativo; compreender as necessidades daquele que depende desse benefício para a sua sobrevivência; analisar a possibilidade da concessão para pessoas que a rendar per capta é superior a ¼ do salário mínimo. pesquisa exploratória, que é de guarde relevância a exposição de casos concretos, é de suma importância a utilização da pesquisa descritiva, onde será analisado de acordo com as visitas realizadas uma observação das condições em que cada família se encontra, iremos aborda uma estatística do aumento de processos negados de acordo com cada requisito exigido por lei. Utilizando de o acervo bibliográfico de doutrinas, constituição, lei orgânica da assistência social- LOAS, e artigos. Ao final se constando a possibilidade real de concessão deste beneficio acima do teto previsto, porém sendo permissão excepcionalmente advinda da judicialização do requerimento do benefício e da possibilidade ante a pandemia de 2020. PALAVRAS-CHAVE: LOAS, BPC, Direito, Previdenciário. INTRODUÇÃO A pesquisa abordara as necessidades de pessoas que vivem em situações de extremas pobreza, pessoas que vem tendo seu beneficia negado por um dos requisitos que mais causa os indeferimentos dos pedidos que é comprovar a renda familiar superior a ¼ do salário mínimo. É notável a quantidade de famílias que vem dando entrada com processo de benefícios de prestação continuada (BPC), um benefício social para pessoas que comprove baixar render e que se enquadre em alguns requisitos para serem aprovados. Um desses requisitos é comprovar até ¼ dos salários mínimo para a família, embora alguns indivíduos possam deter necessidades especiais e o custo de vida de cada região varie, os valores são ditos como absolutos para a concessão; assim para a concessão do benefício é necessário judicializar tais requerimentos que poderiam ser apenas administrativos.. 1 Graduando em direito pela Faculdade Evangélica de Goianésia – FACEG. 4 Neste sentido, o estudo busca analisar com mais cautela as necessidades de uma família que necessite do benefício de prestação continuada (BPC), que não se enquadre no requisito de ¼ do salário mínimo e que também seja feito uma nova reavaliação, para que assim seja analisado com mais resiliência benefícios indevidos para atender a demanda de quem realmente precisa, com isso os processos podem ser analisados com celeridade, algo que não vem aconteceu devido tamanha demanda. Os objetivos do estudo são, para o objetivo geral será compreender a possibilidades e limites de concessão do BPC-LOAS; já para os objetivos específicos se espera em: Identificar que todos benefícios indevido seja cancelado e que todo dinheiro seja retornado aos cofres públicos; analisar o motivo do porque a demora da análise dos processos jurídicos e administrativo; compreender as necessidades daquele que depende desse benefício para a sua sobrevivência; analisar a possibilidade da concessão para pessoas que a rendar per capta é superior a ¼ do salário mínimo. Diante dessa situação será feito uma pesquisa exploratória, que é de guarde relevância a exposição de casos concretos, é de suma importância a utilização da pesquisa descritiva, onde será analisado de acordo com as visitas realizadas uma observação das condições em que cada família se encontra, iremos aborda uma estatística do aumento de processos negados de acordo com cada requisito exigido por lei. Utilizando de o acervo bibliográfico de doutrinas, constituição, lei orgânica da assistência social- LOAS, e artigos. Quanto a origem, evolução, requisitos, e responsabilidade em que cada meio de pesquisa oferece para a construção desse artigo juntamente com os trabalhos de campo realizados. 1. SEGURIDADE SOCIAL Para o tópico inicial é necessário desenvolver um ambiente de trabalho, especialmente sendo necessário desenvolver o conceito da seguridade social da complexa gama de direitos presentes na seguridade social e os fundamentos para a existência A seguridade social no Brasil consiste no conjunto integrado de ações que visam a assegurar os direitos fundamentais à saúde, à assistência e à previdência 5 social, de iniciativa do Poder Público e de toda a sociedade. A seguridade social é, resumidamente, sustentada por um chamado tripé, formado por saúde, assistência social e previdência social, cada um com sua função, mas que, trabalham juntos para melhor atender a demanda do povo brasileiro. Sendo a Saúde direitos de todos e dever do estado independente de contribuição; bem como a Assistência Social, direitos de todos que necessitarem e bem como não é necessário contribuição; diferem da Previdência Social que, via de regra, é direito dos trabalhadores e de seus dependentes o qual necessita de contribuição. Em definições especificas sendo “A seguridade social no Brasil consiste no conjunto integrado de ações que visam a assegurar os direitos fundamentais à saúde, à assistência e à previdência social, de iniciativa do Poder Público e de toda a sociedade. (AMADO, 2017, p. 31) Conceituar Seguridade Social necessita de profundo estudo histórico e até de interpretação da norma constitucional, isso pois, a seguridade social é um fruto de complexa luta de por direitos universais e se consolidando conforme os marcos legais resultantes da luta por direitos. Especialmente necessitando compreender as lutas de movimentos sociais que iniciaram a busca por previdência e os marcos históricos que buscavam assistencial social por parte do estado. Tais movimentos acarretaram em uma série de normas esparsas, posteriormente se consolidando nos princípios e exposições constitucionais que conhecemos hoje como assistência social. (AMADO, 2017) A Seguridade Social é o resultadode uma busca do individuo por uma contraprestação do estado por retirar sua liberdade, fazendo parte do tão famoso pacto social, no qual o individuo abre mão de certas liberdades para que o estado possa prover sua segurança e auxílio. Castro e Lazzari (2017) compreendem a Seguridade Social como parte desta complexa relação com o estado, estando o individuo em um ambiente de controle do estado se torna dever do estado prover proteções ao indivíduo. O direito à proteção social do trabalhador pelo Estado tem sua gênese umbilicalmente relacionada ao desenvolvimento da sua estrutura e da discussão histórica sobre quais deveriam ser as suas funções. O Estado Contemporâneo possui, entre suas funções, a proteção social dos indivíduos em relação a eventos que lhes possam causar a dificuldade ou até mesmo a impossibilidade de subsistência por conta própria, pela atividade laborativa. Tal proteção, que tem formação embrionária do Estado Moderno, encontra-se consolidada nas 6 políticas de Seguridade Social, dentre as quais se destaca, para os fins deste estudo, a Previdência Social. (CASTRO, LAZZARI, 2017, p. 31) Deste fragmento acima se compreende esta discussão sobre qual o papel do estado, assim sendo a Seguridade Social uma expressão do que se considera um estado moderno e que deve garantir a subsistência do indivíduo. É importante ainda compreender em como foi a transformação do estado do século XVI que se impõe ao indivíduo e não desenvolve direitos, para um estado moderno como o conhecemos hoje em dia. Se considera a revolução francesa, no século XVIII, como o estopim das transformações do estado que passou a animar os movimentos por buscas de direitos e consequentemente culminou na proteção ao indivíduo que existe nos tempos atuais. Tal movimento ainda foi de grande influência para os movimentos de busca por direitos trabalhistas, por proteções do estado em geral e pode ser o descrito como o início das influências da Seguridade Social e da previdência especificamente. (ARRUDA, D’MOREIRA, 2013) Há pensadores que defendem que este surgimento da Seguridade Social apenas com os movimentos das primeiras previdências, as quais influenciaram a compreensão do estado como agente de proteção plena do povo; conforme é o entendimento de Castro e Lazzari (2017) e bem como de Goes (2016). Nem sempre, como visto, houve a preocupação efetiva com a proteção dos indivíduos quanto a seus infortúnios. Somente em tempos mais recentes, a partir do final do século XIX, a questão se tornou importante dentro da ordem jurídica dos Estados. ... Em verdade, a marcha evolutiva do sistema de proteção, desde a assistência prestada por caridade até o estágio em que se mostra como um direito subjetivo, garantido pelo Estado e pela sociedade a seus membros, é o reflexo de três formas distintas de solução do problema: a da beneficência entre pessoas; a da assistência pública; e a da previdência social, que culminou no ideal de seguridade social. (CASTRO, LAZZARI, 2017, p. 34) O que se expõe no fragmento acima é um entendimento de que o movimento por previdência social, típico do século XX e final do século XIX, foi o que influenciou a assistência social e até a saúde pública que formam a conhecida seguridade social. Nessa evolução natural entrou em crise o estado liberal, notadamente 7 com as guerras mundiais, a Revolução Soviética de 1917 e a crise econômica mundial de 1929, ante a sua inércia em solucionar os dilemas básicos da população, como o trabalho, a saúde, a moradia e a educação, haja vista a inexistência de interesse regulatório da suposta mão livre do mercado, que de fato apenas visava agregar lucros cada vez maiores em suas operações mercantis. Deveras, com o nascimento progressivo do Estado Social, o Poder Público se viu obrigado a sair da sua tradicional contumácia, passando a assumir gradativamente a responsabilidade pela efetivação das prestações positivas econômicas e sociais (direitos fundamentais de segunda dimensão), valendo destacar em nosso tema os direitos relativos à saúde, à assistência e à previdência social. (AMADO, 2017, p. 28) Já para Amado (2017), conforme o fragmento citado, apenas com a Constituição Federal de 1988 se pode realmente falar em Seguridade Social no Brasil, isso pois, embora existam diversos movimentos por previdência, saúde e assistência social, tais movimentos eram esparsos e não se considerava a Seguridade Social como é hoje. O autor ainda informa que a criação de um estado social como conhecemos hoje, aquele que garante o mínimo existência e o bem estar a sua população, é uma consequência de diversas revoluções e transformações das liberdades negativas. Especificamente no Brasil a construção histórica da Seguridade Social se deu com movimentos os quais buscavam por previdência social, sendo o marco inicial da previdência social no brasil a famosa Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo 4.682, de 24/01/1923) que instituía aposentadorias e pensões aos trabalhadores ferroviários. Não sendo a referida norma uma previdência social como conhecemos hoje, por ser de caráter quase que privado e especifico para certos grupos. (GOES, 2016) É importante entender que não se considera a seguridade social já formada no período de surgimento da Lei Eloy Chaves, porém sendo este o estopim da criação de um estado de bem estar social no Brasil. Se considerando ainda que a previdência social surge neste momento e que os movimentos gerador por esta lei contribuíram para o surgimento de uma previdência como a conhecemos na atualidade. (GOES, 2016) Goes (2016) informa que a Lei Eloy Chaves não foi a primeira legislação a disciplinar sobre previdência social, porém, sendo a referida norma o marco mais importante. O marco da Lei Eloy Chaves demonstrou a luta por direitos de previdência social, gerando movimentos que foram confirmados posteriormente com a extensão da referida norma aos trabalhadores portuários e marítimos, em 1926, aos 8 trabalhadores de serviços telegráficos e radiotelegráficos, em 1928, e até aos empregados nos serviços de força, luz e bondes, em 1930. Diversos autores, tais como Amado (2017), Castro (2017), Goes (2016) e Santos (2020), compreendem que o direito previdenciário ganha força com a Lei Eloy Chaves, porém não sendo este o nascimento da Seguridade Social, vez que esta ultima se consolida apenas com a Constituição Federal de 1988. Santos (2020) informa que a seguridade social é uma complexa construção desenvolvida ao longo dos anos e que depende da existência de assistência social, previdência social e saúde pública. Assim o nascimento da previdência social é apenas o início da formação deste complexo e abstrato instrumento de proteção do povo. Os estudos sobre Seguridade Social são os mais diversos encontrados na literatura geral e específica de direito, definindo seu conceito e informações gerais baseadas na Constituição Federal de 1988, porém, existe uma certa raridade em estudos que busquem informar sobre as origens da Seguridade Social ou conceitos que informem melhor do que a simples letra fria da lei. O que se encontra sobre as definições de um nascimento da Seguridade Social e uma definição são as informações de Andrade (2020) que faz ligação da Seguridade Social com movimentos de caridade e ajuda aos necessitados, conforme as palavras do autor: O início da seguridade social está relacionado às atividades assistenciais, representadas por atos de caridade praticados, geralmente, por instituições religiosas em socorro dos mais necessitados. Com o passar dos anos, o Estado assumiu a responsabilidade de conferir proteção social àqueles que se encontravam à margem da sociedade, sem a garantia de um mínimo que lhes assegurasse a própria sobrevivência. A partir de então, constatou-se o amplo desenvolvimento da seguridade social, sob seus três aspectos –saúde, previdência e assistência social –, até a sua consagração nas Constituições mais modernas. (ANDRADE, 2012, p. 21) Andrade (2012) ainda informa alguns marcos históricos que podem ser considerados parte da Seguridade Social, tais como a Poor Law Act ou Act of the Relief of the Poor (Lei dos pobres), Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a Lei de Bismarck e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ocorre que nenhuma destes referidos marcos podem ser considerados como uma questão de 9 Seguridade Social por completo, seja por uma falta de auxílios para o mínimo existencial ou seja por estes direitos serem restritos a parcelas das populações; com exceção a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ao que se referem aos conceitos da Seguridade Social, Andrade (2012) demonstra essenciais informações e classifica a Seguridade Social como parte de uma ordem social que são os direitos presentes nos estados modernos e democráticos. Diante destas informações apresentadas é possível até afirmar que não há um nascimento ou momento de grande demarcação para a seguridade social, vez que esta é um fruto de diversos direitos e movimentos. A doutrina pátria, especialmente as de Amando (2017) e Andrade (2012), compreendem que para se entender a Seguridade Social não se deve buscar compreensão histórica acurada, é necessário entender a tríade da Assistência Social, Previdência Social e Saúde Pública O histórico da Previdência Social já foi parcialmente informado, entretanto é necessário conhecer seu conceito, momento de consolidação e diversas questões especiais inerentes ao tema. Compreendendo especialmente que seu momento inicial já foi informado como tendo a Lei Eloy Chaves como marco inicial. A Previdência Social é o único dos pilares da Seguridade Social que necessita de contribuição, via de regra. Sendo o conceito da Previdência como um seguro obrigatório, especialmente no modelo brasileiro. Conforme informa Amando (2017) a previdência é um tipo de seguro obrigatório que visa auxiliar no mantimento do indivíduo em seus momentos de necessidade, nas palavras do autor: Em sentido amplo e objetivo, especialmente visando abarcar todos os planos de previdência básicos e complementares disponíveis no Brasil, a previdência social pode ser definida como um seguro com regime jurídico especial, pois regida por normas de Direito Público, sendo necessariamente contributiva, que disponibiliza benefícios e serviços aos segurados e seus dependentes, que variarão a depender do plano de cobertura. (AMADO, 2017, p. 182) Existe ainda outras noções como os ensinamentos de Castro e Lazzari (2017) que informam a Previdência Social como um elemento econômico de garantia e redução de mazelas, de forma que se trata de uma ação do estado na manutenção econômica. No direito a Previdência é um ramo com seus princípios e normas próprias, se classificando como tendo ordem própria. O histórico do direito previdenciário brasileiro se desenvolveu com diversas 10 legislações esparsas no período inicial e em meados do século XX, um marco especial que realmente consolidou a previdência foi a criação do SINPAS - Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social, em 1977. O SINPAS tratou de fundir diversas entidades de assistência social e previdência social de diversos grupos específicos e assim tratou de garantir uma série de mudanças administrativas e legais que possibilitaram acesso facilitado a previdência. Um marco de grande impacto na previdência social é a Constituição Federal de 1988 que definiu expressamente a Seguridade Social como é desenvolvida atualmente, garantiu o mínimo valor de salário mínimo como valor base previdenciário e deu diversos direitos para classes de trabalhadores; especialmente se encontrando o conceito no artigo 201 da Constituição Federal de 1988. A Assistência Social é outro pilar de grande importância e que necessita de intenso estudo por ser este o pilar fundamental que dá bases para programas sociais e benefícios em geral. A Assistência Social é diferente da previdência social por inexistir como benefício perene e que necessita de contribuição, se diferindo ainda da saúde pública que detém finalidade específica e campos específicos de atuação. (AMADO, 2017) Santos (2012) informa que a Assistência Social não pode ser considerada mera prestação de auxilio ou uma ajuda momentânea, a Assistência Social é um mecanismo de auxílio a população que se dá de diversas maneiras. Em especial, a Assistência Social busca dar auxílio total ao cidadão em suas necessidades, não somente as necessidades econômicas. Ao que se refere ao histórico da Assistência Social, não existem marcos complexos e extrema importância para este pilar da seguridade, o que se pode informar é que a Assistência Social nasce dos movimentos filantrópicos e ações do poder estatal que visavam proteção social, no início do século XX. Em legislações nacionais a Assistência Social não deteve grandes marcos até o advento da Constituição Federal de 1988, bem como com o advento da especial LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social (LEI Nº 8.742, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1993). (SANTOS, 2012) A Assistência Social é disciplinada na Constituição Federal, no artigo 203, impondo o dever estatal de dar assistência que garanta a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, amparo ao mercado de trabalho, auxílio a pessoa com deficiência e diversos outros benefícios. Com a LOAS passou a 11 se definir uma série de benefícios específicos para garantir o disposto na Constituição Federal de 1988. A LOAS (LEI Nº 8.742, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1993) define especificamente os objetivos da assistência social no país. Tal norma vincula certas responsabilidades e até ações do poder público, tais como a elaboração de projetos de assistência social e sua divulgação, e assim fazendo de tal norma extremamente importante; especialmente importante seu artigo 2º: Art. 2º A assistência social tem por objetivos: I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente: a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes; c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; e e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família; II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos; III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das provisões socioassistenciais Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de condições para atender contingências sociais e promovendo a universalização dos direitos sociais. (BRASIL, 1993, online) Diante do citado artigo fica clara a importância da referida Assistência Social e em como o papel deste pilar da Seguridade Social é complexo e diverso, contendo vários objetivos, princípios e linhas de ação para proteção da sociedade em geral. Vale citar que é por neste pilar da Assistência Social e especialmente na norma do LOAS que se encontra o BPC (Benefício de Prestação Continuada) disciplinado nos artigos 20 e 21, sendo abordado especificamente e com detalhes no tópico seguinte. O Pilar final é a Saúde Pública a qual pode ser descrito como um dos direitos mais conhecidos no país. A Saúde Pública detém especialintimidade com as políticas brasileiras dede o período inicial do Brasil República. Conforme expõe Santos (2020) a Saúde Pública se desenvolveu conforme se criou um estado de bem-estar 12 social e o estado moderno, sendo bem notado no Brasil por suas políticas de vacinação e medicina preventiva desenvolvidos desde o século passado. A Saúde Pública se consolida especialmente com a Constituição Federal de 1988 e sua real consideração como parte da Seguridade Social e como um direito amplo universal. Estão os direitos da Saúde Pública disponíveis nos artigos 196 à 200 da Constituição Federal de 1988. (SANTOS, 2020) Diante das informações apresentadas fica claro em como a Seguridade Social, bem como seus pilares fundamentais, é repleta de complexidades, direitos e princípios que visam buscar a concretização do estado de bem-estar social e especialmente a proteção do povo. 2. BPC-LOAS: REQUISITOS E CARACTERÍSTICAS O estudo até aqui desenvolvido busca compreender como a Seguridade Social e especialmente a Assistência Social são mecanismos essenciais em um estado democrático e devem garantir, dentre outros direitos, o mínimo existencial para a população. Especificamente o estudo busca compreender em como o Benefício de Prestação Continuada deve ser observado sem restrições rígidas que sejam ligadas a renda, assim sendo necessário estudar especificamente o que é este benefício, seus requisitos e características em geral. O BPC – LOAS ou somente BPC (Benefício De Prestação Continuada) se trata de um auxílio e uma ação típica da Assistência Social que visa garantir o mínimo existencial e permitir o devido desenvolvimento de um cidadão ou família, garantindo as necessidades básicas. A LOAS define que a assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. (CASTRO E LAZZARI, 2017, p. 1282) Este benefício se dá na forma de uma prestação monetárias continua, por certo tempo, porém não pode ser confundida com um benefício previdenciário ou uma espécie de aposentadoria, vez que não existe uma necessidade de contribuição como exigem os modelos de previdência. Andrade (2012) informa que recorrentemente e popularmente este benefício é confundido com uma aposentadoria, especialmente por 13 ser o INSS o órgão responsável por coordenar este benefício. O Benefício De Prestação Continuada disciplinada na LOAS é a apenas a concretização do que dispõe o artigo 203, V, da Constituição Federal de 1988, que impõe o auxílio garantido de um salário mínimo aos que comprovem não possuir meios de prover o seu mínimo existencial. Vale ressaltar que, conforme o artigo e inciso citados, que tal benefício detém certos requisitos e o mais evidente é a deficiência ou idade avançada. Tal benefício nasce através da LOAS, sendo modificado por diversas legislações ao longo dos anos, especialmente as alterações da Lei Nº 9.720, de 30 De Novembro De 1998 que instituiu definições para garantir o auxilio e sua perca, especialmente a Lei Nº 13.985, de 7 De Abril De 2020 que mudou as regras de concessão do benefício. Diversas foram as alterações na LOAS e consequentemente no Benefício De Prestação Continuada ao longo do tempo, grande parte destas alterações modificaram conceitos e redações que levavam a interpretações descuidadas. As redações iniciais do artigo 20 da LOAS geravam uma confusão entre incapacidade e deficiência se entendendo que era necessária incapacidade para o trabalho como requisito a concessão do benefício, posteriormente, com a redação dada com a Lei n. 12.470, de 31.08.2011, passou a se entender que a incapacidade ou deficiência não se confundem e necessitam ser analisadas em conjunto com fatores sociais e com o contexto em que vive a pessoa com deficiência. (SANTOS, 2020) O Benefício De Prestação Continuada sofreu uma grande alteração com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência (LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015.) que passou a dar definições de incapacidade, deficiência e nova redação ao artigo 20, § 2º, da LOAS. Com a nova redação e definições mais concretas das incapacidades, deficiência e diversas informações do estatuto referido foi possível retirar o caráter interpretativo da concessão da LOAS. Com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência ainda passou a se considerar melhor em como a deficiência ou incapacidade afeta a convivência em sociedade ou as necessidades da pessoa, passando a ser possível a concessão do BPC em casos de deficiências ou incapacidades que não necessariamente evitem o trabalho. (BRASIL, 1993; SANTOS, 2020) É muito importante ressaltar sobre a origem do Benefício De Prestação Continuada (BPC) o qual mesmo com tantas mudanças do direito brasileiro, ao passar 14 dos anos, ainda é item de importância no direito brasileiro, tentando o BPC satisfazer as necessidades básicas das famílias mais carentes. Andrade (2012) informa que embora o BPC seja extremamente similar a um benefício previdenciário existe apenas um lapso temporal do benefício e sendo este benefício desempenhado com uma série de restrições como a necessidade de comprovação de renda em conjunto com a existência de certa incapacidade ou idade avançada. Os requisitos de concessão do BPC dependem de qual será o individuo beneficiado, podendo ser a pessoa idosa ou aquele com deficiência, a depender do individuo existem etapas diversas de comprovação e procedimentos diferentes para apurar as necessidades. Para concessão do Benefício De Prestação Continuada aos idosos é necessária a comprovação de idade igual ou superior a 65 (sessenta e cinco) anos sendo necessário ainda a comprovação de renda mensal familiar inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo e a inexistência de benefício no âmbito da Seguridade Social; de assistência médica e a pensão especial de natureza indenizatória. (BRASIL, 1993; SANTOS, 2020) Já para a concessão do Benefício De Prestação Continuada a pessoas com deficiência é necessária a existência de incapacitação ou deficiência de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial. É necessário ainda a comprovação de renda inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo e a inexistência de benefício no âmbito da Seguridade Social; de assistência médica e a pensão especial de natureza indenizatória. (BRASIL, 1993; SANTOS, 2020) Se nota que a única diferença de concessão do BPC nos casos apresentados é a situação do indivíduo, enquanto em uma existe a necessidade de deficiência ou incapacidade de longo prazo e em outro apenas a faixa etária é necessária. Para a comprovação da incapacidade ou deficiência é necessária a conhecida perícia médica e para tal se utiliza da Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidade e Saúde (CIF) para auferir o grau da incapacidade ou sua transitoriedade, respeitando ainda as definições do Estatuto da Pessoa com Deficiência que preveem avaliação biopsicossocial que seja realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar. É importante ainda observar que o período de transitoriedade mínima para concessão do BPC é de 2 (dois) anos, conforme o § 10 15 do artigo 20 da LOAS. (BRASIL, 1993; BRASIL, 2015) Santos (2020) ainda informa que a concessão depende de outros requisitos mínimos tais como a necessidade de inscrição dos beneficiados no Cadastro de Pessoas Física (CPF) e bem como de inscrição no Cadastro Único (CadÚnico), não sendo um requisito expresso na LOAS, porém sendo ainda requisitados em outras legislações. Ao que se refere ao processo de requerimento do referido benefício e sua respectiva concessão, existem as vias administrativas que são simples e autônomas, que deveriamse o comum do processo, e existem as vias judiciais que buscam uma lide entre o interesse do requerente e as decisões do INSS. A via administrativa de requerimento do BPC-LOAS é especialmente uma linha não judicial que busca um diálogo básico e não contencioso na relação entre o individuo que necessita do beneficio e do INSS que é a agencia que concede o benefício. É de se entender que esta via não contenciosa apresente grande benefícios para o desenvolvimento da assistência social, vez que seria uma obrigação estatal estar dando suporte ao mantimento do indivíduo. Silva e Diniz (2012) expõem uma importante visão sobre o BPC LOAS o qual seja a necessidade de requerimento do individuo que necessita o benefício, porém existindo o contraponto de falta de informação sobre a existência de tal beneficio e bem como uma falta de publicidade do poder público em demonstrar que não existe necessidade de procurar um advogado para pleitear o processo administrativo do BPC LOAS. Por ser um benefício de assistência social é claro o entendimento de que o BPC LOAS necessita de facilidade em seu processo de concessão e especialmente na facilidade de requerimento e acompanhamento das pericias. Ressalte ainda a necessidade de facilidade em razão da existência de uma condição de idade avançada ou deficiência no individuo que será agraciado com o benefício. Mesmo que seus responsáveis sejam aqueles que venham a prestar o requerimento e acompanhamento de todo o processo, é necessário que este processo, por completo, seja facilitado, sob pena de desvirtuar a função social de tal beneficio ou impedimento dos deveres sociais do estado. Em afirmações concretas, é de se evidenciar que o simples requerimento detém uma especial facilidade, podendo ser feito nas agencias do INSS, por meio de auxilio dos locais de assistência social tal como o CRAS (Centro de Referência de 16 Assistência Social) que deve dar auxílio ao individuo necessitado e até mesmo sendo uma pratica comum dos assessores dos fóruns e das salas do Ministério Público de certas localidades. Existindo ainda a possibilidade de requerimento do benefício em um site especifico do governo, https://www.gov.br/pt-br/servicos/solicitar-beneficio- assistencial-a-pessoa-com-deficiencia, quer permite solicitar o BPC LOAS e já agendar a perícia necessária para concessão do benefício pleiteado. (BRASIL, 2020, online) Para o requerimento do BPC LOAS em uma via administrativa, basta procurar um dos locais informados ou acessar o sitio online informado e estar munido da documentação necessária. Os documentos essenciais para fazer o requerimento e marcar a perícia serão: Número do CPF de todos da família que morem na mesma casa; Documentação que compre endereço, e caso sendo solicitado o beneficio pro parte de responsável e não do individuo a ser beneficia, será necessário ainda Procuração ou termo de representação legal (tutela, curatela, termo de guarda). (BRASIL, 2020, online) Após o requerimento do BPC LOAS e bem como marcada a data e local de pericia resta nas mãos da pericia em auferir o grau e existência da deficiência e bem como as características de idade e outras características que sejam necessárias para a concessão do benefício. Vale ressaltar que a concessão do beneficio pode passar por diversas etapas de pericia em razão de enfermidade ou características que necessitem de especial atenção para serem auferidas as condições sociais, mentais e físicas do indivíduo. Ressaltando a já estudada necessidade de equipe multidisciplinar para produção do relatório que venha a ser documento que conceda o benefício. (BRASIL, 2020, online) Sendo negado o provimento do BPC LOAS, restará ao individuo pleitear uma ação judicial, em face do INSS, desta forma seguindo o método de processo normal. Assim respeitado as regras processuais vigentes no ordenamento jurídico brasileiro. Este beneficio demonstra uma série de agentes que recebem, sendo que em 2019 foram 4,6 milhões de beneficiados em todos os estados e municípios do país, totalizando um dispêndio dos cofres públicos de mais de 98 bilhões de reais com todo o custo de pagamento dos benefícios e custeios de ações ligadas a este benefício. (BRASIL, 2019) Conforme os dados do portal da transparência os principais beneficiados 17 deste BPC LOAS são os portadores de deficiências, especialmente as deficiências mentais, sendo os benefícios mais facilmente concedidos e os que menos são levados para a judicialização deste benefício. (BRASIL, 2019) Vale ainda ressaltar a periodicidade de reavaliação da necessidade do benefício, vez que este não se confunde com um beneficio perene como a aposentadoria, estando o BPC LOAS conceituado como auxilio enquanto durar a necessidade, sendo reavaliado a cada 2 anos. 3. DA POSSIBILIDADE DE PERCEPÇÃO DE BENEFÍCIO ASSISTÊNCIA PARA QUEM RECEBE MAIS DE ¼ DE SALÁRIO- MÍNIMO Uma vez estudado o Benefício de Prestação Continuada (BPC) da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) é de se considerar a importância do referido benefício para o indivíduo com deficiência e para o idoso, a fim de lhes garantir o mínimo existencial e a manutenção do seu bem viver. Ficando claro nos tópicos anteriores que o BPC detém regras bem rígidas e uma complexidade que acaba acarretando na judicialização do beneficio e sua complexidade de concessão em certos casos. Conforme os dados do portal da transparência, uma das maiores causas da falta de concessão do benefício é a impossibilidade em razão do beneficiado deter renda diversa ou familiares com renda superior ao teto. Conforme visto existe o requisito econômico de um teto a até 1/4 do salário mínimo de proventos para cada membro se torna uma questão que é de grande problema na concessão de tal benefício. (BRASIL, 2019) Neste mesmo sentido informam os estudos de Amado (2017) que compreende uma necessidade de miserabilidade para poder ser um beneficiado do BPC LOAS. O autor compreende que embora a legislação esteja tentando definir condições de um indivíduo, é extremamente temerário definir um valor sem antes compreender os custos de vida de um local, da uma enfermidade ou deficiência que estejam acometendo esta família. Para fazer jus ao amparo de um salário mínimo, o idoso ou deficiente deverão comprovar o seu estado de miserabilidade. Pelo critério legal, 18 considera-se incapaz de prover a sua própria manutenção a pessoa, portadora de deficiência ou idosa, em que a renda mensal per cap!ta familiar seja inferior a 1/4 (um quarto) de salário mínimo. (AMADO, 2017, Este limite econômico para o beneficio pode ser uma questão que vem a deturpar o próprio sentido e objetivo da prestação do benefício, não se podendo em falar de um mínimo econômico sem compreender a situação social, as necessidades do individuo e seus gastos com enfermidades, com a própria deficiência que lhe dá direitos ao benefício ou até as despesas de demais membros da família. É de se compreender ainda uma complexidade em que se pese ao que é considerado o ente familiar, vez que na redação antiga se constava uma complexidade de não incluir no grupo familiar pessoas de outras famílias que convivem sob o mesmo teto, tais como madrasta, padrasto e enteados. (CASTRO, LAZZARI, 2017) Após modificações legais, Lei n. 12.435/2011, o conceito de família para a concessão do benefício do BPC LOAS se tornou mais amplo, de forma que passou a se considerar todo individuo que vive sobre o mesmo tempo e faça parte da família parental, família adotiva e até extensiva. Neste sentido os ensinamentos de Castro e Lazzari (2017, p. 575), que informa parte da legislação e as definições de família: De acordo com o Decreto n. 7.617, de 2011, a renda mensal bruta corresponde à “soma dos rendimentos brutos auferidosmensalmente pelos membros da família composta por salários, proventos, pensões,pensões alimentícias, benefícios de previdência pública ou privada, seguro-desemprego, comissões, pro labore, outros rendimentos do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação Continuada”. Diante disto, após esta norma e alterações de 2011, ficou especialmente mais restrito a concessão deste benefício, em razão do já referido teto econômico que compreende 25% do salário mínimo para cada um dos membros da família. Assim, obviamente, ficando mais complexas as concessões em famílias em que detenham membros advindos de adoção e especialmente para aqueles que recebem pensão alimentícia. Conforme Castro e Lazzari (2017) a modificação da norma que considerava o que seriam os componentes das famílias, acarretou em uma endemia de falsas informações e omissões na prestação e no momento de requerimento do BPC LOAS. 19 O autor informa ainda a complexidade auferida por parte das necessidades do CadUnico em 2016 que tornou necessário o cadastro familiar com grande especificidade de dados e bem como a necessidade de atualização recorrente do grupo familiar; assim podendo o órgão de concessão do beneficio poder evitar omissões e falsidades nas informações. Toda esta informada complexidade leva a uma extrema ocorrência de judicialização dos benefícios e uma busca judicial de um direito que venha a superar a norma positivada. A judicialização ocorrendo em casos que moralmente se observa a necessidade de flexibilização da norma, porém não existindo real possibilidade de burlar uma norma positiva. A principal causa de judicialização, dentre estas que questionam o teto do requisito objetivo de ¼ do salário mínimo para concessão do BPC LOAS se dá em razão de grandes despesas com a deficiência que dá bases para a referida concessão ou até mesmo enfermidades e seus gastos que acometem os idosos ou outros integrantes do grupo. (BRASIL, 2019) Diversas foram as modificações na legislação do LOAS e especialmente aquelas que definiam limites possibilidades de concessão e questões inerentes ao grupo familiar. Porém definições sobre os limites econômicos são complexos e não passaram por grande modificação legislativas, entretanto as modificações nos conhecimentos doutrinários e na jurisprudência em geral são bem conturbadas. (AMADO, 2017) Conforme os estudos de Amado (2017) as buscas por parte do direito a concessão do BPC LOAS em casos complexos com deficiências que necessitam de alto custeio, essencialmente são resolvidas no âmbito jurídico, acarretando em uma judicialização extrema destes casos. O referido autor ainda informa sobre a polemica gerada neste benefício: A grande polêmica que persistiu durante anos foi saber se o critério da renda individual dos membros da família poderia ser flexibilizado em situações concretas, com o manejo de outros critérios a serem considerados mais adequados pelo julgador, a exemplo do abatimento da renda familiar das despesas com medicamentos não disponibilizados pelo SUS . (AMADO, 2017, p. 54) A complexidade da questão impera em diversas comarcas de todo o país, sendo questão recorrente no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e tribunais pátrios, especialmente a temática por envolver questão constitucional sobre o que deverá ser 20 o mínimo para a existência do brasileiro, salário mínimo, assim a matéria chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal) em recorrentes ações, tanto ADI’s (Ação Direta de inconstitucionalidade) quanto Resp (Recurso Especial). Neste sentido os estudos de Amado (2017) que expõe a complexidade do estudo e especialmente a judicialização deste benefício, com finalidade de compreender se a norma que dá base para o teto de 1/4 do salário mínimo per capta na família, artigo 20, §3º da LOAS. Nas palavras do referido autor: A questão foi parcialmente levada ao STF através da ADI 1.232, julgada em 27.08.1998, tendo o STF validado abstratamente o critério de ¼ de salàrio mínimo, pois a Constituição Federal delegou ao legislador infraconstitucional a competência para fixar os critérios de concessão do benefício. Conquanto a Suprema Corte tenha pronunciado a constitucionalidade do referido critério objetivo, não houve manifestação expressa sobre a possibilidade da utilização de outros critérios, sendo um tema ainda pendente de julgamento final no STF. (AMADO, 2017, p. 55) Se nota que o processo de judicialização do BPC LOAS detém grande complexidade sobre este limite econômico, sendo entendido como inconstitucional em certa parte, apesar de a decisão não ter forma vinculante e especialmente sendo necessário que, para pleitear o beneficio em estudo, acima daquele teto informado, é necessário recorrer a via judicial. Apesar de toda a complexidade, existe parte da doutrina que reconhece a manifesta inconstitucionalidade em fixação de valores em abstrato para compreender as necessidades de um indivíduo, necessitando de compreensão do ambiente, gastos e necessidades da família por completo. Neste sentido de inconstitucionalidade existem os estudos de Santos (2020, p. 156): O § 3º do art. 20 é manifestamente inconstitucional. Não se pode perder de vista que o BPC é aquela parcela de proteção assistencial que se consubstancia em benefício. E a CF quer que esse benefício seja a garantia da manutenção da pessoa com deficiência ou idosa que não tenha ninguém por si. E o fixou em um salário mínimo. O bem- estar social está qualificado e quantificado na CF: qualificado porque se efetiva com a implementação dos direitos sociais; quantificado porque a CF fixou em um salário mínimo a remuneração mínima e o valor dos benefícios previdenciários, demonstrando que ninguém pode ter seu sustento provido com valor inferior. A compreensão de inconstitucionalidade deste critério objetivo é justamente a falta de alinhamento com os objetivos da seguridade social e 21 especialmente da linha de assistência social. Assim violando o que seria o entendimento de bem estar social, que depende de uma série de quesitos e impondo valor monetário em seu lugar. Ao fixar em 1/4 do salário mínimo o fator discriminante para aferição da necessidade, o legislador elegeu discrimen inconstitucional porque deu aos necessitados conceito diferente de bem-estar social, presumindo que a renda per capita superior a ¼ do mínimo seria a necessária e suficiente para a sua manutenção, ou seja, quanto menos têm, menos precisam ter! (SANTOS, 2020, p. 156) Apesar de toda esta complexidade, bem como de um debate se a norma que dá o teto de 25% do salário mínimo sendo requisito objetivo para concessão e sua devida constitucionalidade, existe certa parte da doutrina que compreende esta característica como sendo claramente constitucional; conforme os estudos e ensinamentos de Santos (2020, p. 160), nas palavras do autor: Na linha desse entendimento, pensamos que o valor per capita a ser considerado, no caso, deverá ser o de um salário mínimo, pois esse é o valor escolhido pela Constituição para qualificar e quantificar o bem- estar social, assegurando os mínimos vitais à existência com dignidade. Por isso, neste trabalho, continuaremos a analisar os requisitos de comprovação da necessidade do interessado e do seu grupo familiar. Notadamente se caracterizando que não se trata de um tema pacificado, embora já exista tanto debate sobre o tema no Supremo Tribunal Federal e na justiça comum. Assim existindo uma clara complexidade sobre qual deve a linha a ser adotada. A linha que defende esta característica de que o salário mínimo seria medida especial para auferir as condições econômicas de uma família busca a compreensão de que o artigo 7º, IV da Constituição Federal de 1988 seria base para tal. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condiçãosocial: [...] IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; 22 Se observa que o entendimento é que o salário mínimo deve ser um valor que garantiria o mínimo existencial e bem viver para a família e para o trabalhador. Ocorre que este salário mínimo não evidencia quais seus limites, se uma família com 5 ou 10 pessoas seria igualmente sustentada ou se situações excepcionais como enfermidades e deficiências que necessitam de onerosos cuidados especiais também seriam abarcadas nestas situações. Em gravosa violação ao herario público, em 2020, foi editada a lei LEI Nº 13.981/2020, a qual tratou de alterar o valor do teto econômico que é requisito para concessão do benefício. Passou a ser necessário não mais que 1/2 salário para concessão do BPC LOAS. Se tratou de vontade legislativa de buscar uma solução para o problema em estudo, porém acarretando em uma forma incorreta de solução que apenas aumentou o teto e consequentemente gerando onerosidades para a maquina pública. Tal referida legislação, LEI Nº 13.981/2020, foi motivo de ADPF (Argüição De Descumprimento De Preceito Fundamental) Nº 662/2020 e consequentemente existindo liminar suspendendo a eficácia da norma. Assim ocasionando na edição da LEI Nº 13.982, DE 2 DE ABRIL DE 2020 que tratou de dar novas regras para a concessão do BPC LOAS ante ao problema da pandemia e elevando as possibilidades de concessão conforme o novo artigo 20-A da LOAS. Essa alteração, em razão da pandemia, de que trata o novo artigo 20-A da LOAS, tratou de dar possibilidade de progressão para o aumento do teto econômico que seja requisito para concessão. do BPC LOAS e finalmente corrigindo o existente erro legislativo de não abarcar situações excepcionais na pericia para concessão deste benefício; conforme se observa da redação da Lei 13.982/2020: Art. 20-A. Em razão do estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus (Covid-19), o critério de aferição da renda familiar mensal per capita previsto no inciso I do § 3º do art. 20 poderá ser ampliado para até 1/2 (meio) salário-mínimo. § 1º A ampliação de que trata o caput ocorrerá na forma de escalas graduais, definidas em regulamento, de acordo com os seguintes fatores, combinados entre si ou isoladamente: I - o grau da deficiência; II - a dependência de terceiros para o desempenho de atividades básicas da vida diária; III - as circunstâncias pessoais e ambientais e os fatores 23 socioeconômicos e familiares que podem reduzir a funcionalidade e a plena participação social da pessoa com deficiência candidata ou do idoso; Ocorre que nasce ai um problema também, a característica da pandemia que é descrita como calamidade pública sendo um aparente requisito para observação de todo aquele crivo de estudo sobre a necessidade ou não de se superar o comum teto econômico para concessão do BPC LOAS. Diante de todo o exposto fica claro que existe, atualmente, diante da pandemia e estado de calamidade pública, a possibilidade de superar o normal teto de 1/4 do salário mínimo per capta na família. Não se podendo responder concretamente se tal norma ficará em vigor posteriormente a pandemia. Fica claro que existe ainda a possibilidade de superar o referido teto de 1/4 por meio da judicialização do benefício, sendo necessário um processo contencioso e de grande complexidade para garantir o BPC LOAS em casos excepcionais que não se encaixam no comum do regramento da LOAS. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante de todo o trabalho desenvolvido é de se compreender que o estudo de benefícios assistenciais do governo necessita de compreensão do histórico de lutas do povo por um estado de bem estar social e auxílio para concretizar o mínimo existencial Especialmente no Brasil existe o entendimento de que a Seguridade Social se trata de um sistema tripartido que visa a concretização do bem estar social e especialmente na manutenção do bem estar da população, garantindo o seu mínimo existencial. Um dos grandes pilares da Seguridade Social é a assistência social que visa uma garantia entre as necessidades de enfermos, pobres, miseráveis, deficientes e dentre outros que compõe a sociedade brasileira. Tal pilar é essencial para garantir a manutenção de toda e qualquer pessoa ao seu mínimo existencial e especialmente impedir demais mazelas acometam a sociedade. Em especifico existe ai o BPC LOAS que se trata de um beneficio dado aos necessitados que precisem de auxilio para garantir seu mínimo existência, tal beneficio detém requisitos para sua concessão, dentre eles a necessidade ou de uma 24 idade avançada (65 anos) ou de deficiência e bem como um teto econômico familiar de 1/4 do salário mínimo per capta. A complexidade deste teto econômico para a concessão do BPC LOAS se observa em razão dos objetivos do beneficio serem especialmente a garantia de bem estar social e em certos casos excepcionais não se pode considerar que apenas o grau econômico é realmente uma garantia de bem estar social. Sendo necessário um estudo de todo o contexto do individuo que tenta pleitear o benefício. Apesar das alterações da LOAS em 2020, que facilitaram a concessão do benefício e não mais impõem o teto econômico de ¼ do salário mínimo, existe realmente um entendimento e um movimento de judicialização para os casos excepcionais. Assim será necessário, na maioria dos casos, a judicialização do beneficio de prestação continuada da LOAS, para que seja garantido o auxilio que detém a finalidade de dar o mínimo existencial e a garantia do bem estar social da pessoa com deficiência ou do idoso. Uma solução para tal problema seria a manutenção e garantia de que o novo artigo 20-A da LOAs seja respeitado e aplicado de forma garantida um estudo sobre as condições e necessidades do idoso ou deficiente que venha a buscar a concessão do benefício. REFERÊNCIAS AMADO, Frederico. Curso de direito e processo previdenciário / Frederico Amado - 9. ed. rev., ampl. e atual.- Salvador: Ed. JusPodivm, 2017. ANDRADE, Flávia Cristina Moura de. Direito previdenciário I / Flávia Cristina Moura de Andrade, André Studart Leitão. – São Paulo: Saraiva, 2012. ARRUDA, Andreia Aparecida DMoreira. A formação do estado moderno sob a concepção dos teóricos contratualistas. Revista do Curso de Direito do UNIFOR, v. 4, n. 1, p. 51-57, 2013. 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