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CINESIOLOGIA DO COMPLEXO ARTICULAR DO OMBRO Prof. Dr. Ricardo da Silva Alves Curso de Fisioterapia O membro superior é interessante na perspectiva da anatomia funcional por causa da interação entre diversas articulações e segmentos necessários para realização de movimentos eficientes e suaves. Os movimentos das mãos se tornam mais efetivos mediante a posicionamento adequada da mão pelo cotovelo, ombro e cíngulo do MS. O complexo articular do ombro possui muitas articulações anatômicas e funcionais, que contribuem para produção de movimentos do braço por meio de ações articulares coordenadas, envolvendo uma integração complexa de estabilizadores dinâmicos e estáticos. A cooperação dos músculos do ombro aumenta a versatilidade, controle e ADM ativos. Assim qualquer paralisia ou fraqueza de qualquer músculo isolado pode interromper a cinemática natural do ombro. Agora iremos rever alguns pontos anatômicos na osteologia seguida pela artrologia do complexo articular do ombro. 1 Osteologia e artrologia ARTICULAÇÃO VERDADEIRA ARTICULAÇÃO FALSA O complexo articular do ombro é composto esterno, clavícula, escápula e úmero Papel primário na colocação da extremidade superior em uma posição que permita a função da mão. Alto nível de mobilidade, em detrimento da estabilidade articular. 2 Articulação esternoclavicular Articulação do tipo selar Funções: Base de operação para a escápula; Participa do movimento escapular. Disco articular Absorção de forças ao longo da clavícula Estabilizadores estáticos A clavícula tem 4 funções: inserção muscular, barreira de proteção das estruturas subjacentes, atua como suporte estabilizador do ombro e prevenir o deslocamento medial do ombro e previne a migração inferior do cíngulo do MMSS Esses tecidos periarticulares fornecem um tremenda estabilidade articular, visto que as grandes forças geradas através da clavícula como esportes de contato e acidentes de trânsito causam a fratura de clavícula sem que ocorra a luxação da EC. 3 Osteocinemática Articulação esternoclavicular 45º 10º 20-35º 15-30º 4 Artrocinemática Articulação esternoclavicular Por ser uma articulação em sela, a EC vai apresentar característica de rolar e deslizar diferentes para cada movimento, devido a concavidade e convexidade de suas extremidades ósseas. Durante a elevação clavicula roda superiormente e desliza no sentido oposto, tensionando o lig. Costoclavicular. O movimento é em torno de 35º. Já na depressão o movimento de rolar é inferior e delizar superior, tensionando Capsula e LIC. A retração da clavicula ocoore entre a extremidade concava da clavícula com a superfície convexa do manúbrio, assim rolar e deslizar ocorrem para o mesmo lado, posteriormente, tensionado o lig. LECA. A protração de clavícula ocorre com deslizamento e rolamento anterior da clavicula, tensionando o LECP. A rotação da clavícula ocorre em torno do eixo longitudinal. A artrocinemática da rotação da clavícula consiste em um giro da superfície esternal da clavícula relativamente a superficie lateral do disco articular 5 Articulação acrômioclavicular Articulação sinovial plana 1-A clavicula está conectada a escápula atraves da extremidade distal da Art. AC. Essa é uma articulação sinovial plana ou deslizantes devido a ser uma articulação de ajustes para os movimentos da escápula em relação a clavícula, e convive com grandes forças de contato como resultado de cargas transmitidas a essa articulação. São realizados movimentos rotacionais de ajuste para alinhar a escápula contra o tórax. Sem esses ajustes rotacionais, a escápula seria obrigada a seguir o caminho exato da clavícula, não permitindo a realização de movimentos complexos e não permitindo ajuste sutis da sua posição no torax. 2-Ligamento coracoclavicular, funciona com um eixo de rotação e proporciona apoio nos movimentos de maior Amplitude 3-O cíngulo do membro superior está suspenso por essa ligamento. 4- Está localizada sobre a cabeça do úmero e funciona como restrição óssea aos movimentos acima da cabeça. 6 Articulação acrômioclavicular Articulação acrômioclavicular Cinemática Movimentos sutis Aperfeiçoa a mobilidade da escápula e tórax Rotação para cima Rotação para baixo Ajustes rotacionais da AC Horizontal- RI e RE Sagital – Inclin. Ant e Pos 8 Orientar a fossa glenóide para melhorar contato com o úmero e aumentar a amplitude de elevação do membro superior. Articulação escapulotorácica m. eretor da espinha Posicionamento= 30-40º plano frontal; 10º inclinação anterior Devido a aritulação ser preenchida por músculos, a ação muscular e da umidade desses músculos reduzem a força friccional da articulação. Também esses musculos forncem uma estabilidade a ET e ajudam a orientar a fossa glenóide para melhorar o contato com o úmero. 9 Cinemática da art. escapulotorácica Elevação e retração 10 Abdução (protração) e Adução (retração) Articulação escapulotorácica A protração da escápula ocorre por meio das somas de rotações no plano horizontal das EC e AC. Devido a protração ocorrer como parte dos movimentos dessas articulações, uma diminuição do movimento em uma articulação pode ser parcialmente compensada pela outra. Na artrite degenerativa da AC, a perda de movimento dessa articulação é compensada pela EC, limitando a perda funcional do MS no alcance a frente A retração da escápula ocorre de forma inversa, ou seja ocorre por meio de rotações da AC e EC 11 Rotação para cima (lateral) e para baixo (medial) Articulação escapulotorácica ADM 60º. A rotação para baixo ocorre conforme o braço retorna ao lado do corpo. A clavicula deprime a art. EC e a escápula roda para baixo na art. AC. 12 Articulação glenoumeral CARACTERÍSTICAS GERAIS Rasa concavidade= Orientação: antero-lateralmente no plano escapular, rodada p/cima e p/ frente= Superfície menor do que a cabeça do úmero Grande e frouxa (mobilidade e estabilidade) Braço ao lado Cápsula superior tensa Abdução (90º) + Rotação lateral torção da cápsula – posição de fechamento Previne a translação inferior e rotação lateral da cabeça do úmero quando o braço está pendente ao lado do corpo 13 Estabilização - Estática - Dinâmica Dupla funcional A força translatória inferior do manguito atua anulando a força translatória superior do m. deltoide Músculo Supraespinhoso + Força Gravitacional 14 Importância clínica Acidentes e traumas desportivos Doenças (AVE, Síndrome pós-pólio) Articulação glenoumeral CINEMÁTICA Três graus de liberdade 1- Flexão e extensão 2- Abdução e adução 3- Rotação Interna e Externa e Abdução e adução horizontal Articulação glenoumeral Abdução (180º) Adução (40º) IMPORTÂNCIA CLÍNICA A cinemática da art. GU obedece claramente a lei do concavo convexo, gerando movimento harmonioso e livres de dor. A cabeça do úmero roda para o lado do movimento e desliza no sentido oposto ao movimento. Na abdução rola= superior e desliza=inferior, realiza uma translação inferior. O movimento de rolar e deslizar permite que o movimento ocorre livre de contato entre o arco acromial com a cabeça do úmero mediante a translação inferior da cabeça do úmero. Sem esse mecanismo de translação inferior ou deslizamento, a ADM estaria restringida, além de comprimir ou pinçar do tendão do supraespinhoso no arco subacromial. Clinicamente pode ser manifestado por lesões tendinososas, desenvolvimentos de inflamações em bursas devido a irritação provocada pela perda do deslizamento inferior da cabeça do umero. 17 Articulação glenoumeral Flexão (180º) Extensão (65º) Na flexão ocorre movimento de rotação em torno da cavidade glenoidal, sem que ocorra deslizamento, tensionando a cápsula posterior podendo levar a uma translação anterior da cabeça umeral. Pelo menos 120 é realizado com GU e mais 60º é realizado com art. ET 18 Articulação glenoumeral Rotação Externa (75-90º) Rotação Interna (80- 90º) Na rotação externa, a cabeça umeralrola posteriormente e desliza anteriormente a cavidade glenóide. Na rotação interna a cabeça umeral rola anteriormente e desliza posteriormente na cavidade glenoidal. 19 Université Lyon Fase inicial – 0° a 90° (60º Art. GU; 30º Art. ET); 25° elevação da clavícula (EC); 5°-10 ° rotação (AC). Fase final – de 90° a 180° (60º art. GU; 30º art. ET) 5° elevação da art. EC , 15°-25° de rotação da art. AC Em um ombro saudável, existe um ritmo cinemático natural entre a abdução da GU e rotação escapulotorácica, sendo assim denominada ritmo escapuloumeral. Foi visto que nos 30º de abdução,o ritmo permaneceu com 2 graus de abd na GU e 1 grau de rotação para cima na art. ET 20 RITMO ESCAPULOUMERAL (2:1) Art. Glenoumeral 120º Art. Escapulotorácica 60º COMPLEXO ARTICULAR DO OMBRO 21 Músculos escapuloumerais- mobilizadores distais Origem na escápula e ação primária no úmero Músculos escapulotorácicos-estabilizadores proximais Origem no tórax e ação primária na escápula Elevadores da escápula Elevação e retração da escápula Cavidade glenóide para cima Músculos escapulotorácicos 22 Paralisia do trapézio Dificuldade de elevar o braço, mas pode ser completo se SA estiver íntegro Paralisia do SA Incapacidade de elevar o braço acima de 90° Escápula alada Alteração da artrocinemática da glenoumeral Importância clínica dos músculos escapulotorácicos Músculos escapulotorácicos Depressores da escápula Puxar a escápula e clavícula para baixo Estabilização e compressão da EC. Músculos escapulotorácicos - A força de protração é transferida ao art. GU - Alcance e empurrar a frente - Aumentar a flexão final do braço Retratores de escápula Fixam a escápula ao esqueleto axial Remo, Montanhismo, Puxar Músculos escapulotorácicos Músculos Escapuloumerais ELEVADORES DO BRAÇO Flexores e abdutores do ombro Músculos Escapuloumerais Abdução ocorre em 3 momentos De 0º a 45º Supraespinhoso Deltóide De 45º a 120º Trapézio superior Trapézio inferior Serrátil anterior De 120º a 180º Paravertebrais Músculos Escapuloumerais Flexão Inicial Deltóide anterior Coracobraquial Peitoral maior (superiores) Cabeça longa Bíceps Braquial Após 60º Serrátil anterior Trapézio superior e inferior Após 120º a 180º Paravertebrais, Serrátil anterior e trapézio inferior Músculos Escapuloumerais Função do manguito rotador durante a elevação do braço Elevação do braço Cabeça longa do bíceps Pode contribuir no controle da artrocinemática Auxilia o manguito rotador Importância do Bíceps braquial ELEVADORES DO BRAÇO Interação entre trapézio e serrátil anterior durante a rotação para cima da escápula Serrátil anterior= puxão inferior de suas fibras roda o ângulo inferior da escápula e orienta a cavidade glenóide para cima e lateralmente, devido ao braço de momento para essa ação. Trapézio ascendente= puxa superior e medialmente a clavícula e roda indiretamente a escápula Trapézio descendente tem se mostra ativo durante a abdução final de ombro Trapézio fibras transversas= está muito ativa durante toda abdução, uma pequena parte contribui para roda para cima a escápula, enquanto que outra parte contribui para junto com os romboides para neutralizar a ação do serrátil anterior. 32 Ação muscular conjunta 33 Adutores e extensores de ombro Deltóide posterior, grande dorsal, redondo maior, tríceps braquial (cabeça longa), peitoral maior (esternocostais) Interação entre as art. GU e art. ET Grande dorsal e romboides tem importante função Músculos escapuloumerais Cinco dos sete músculos tem inserções primárias na escápula. A estabilização da escápula durante a adução e extensão da GU é de inteira responsabilidade dos músculos romboides 34 Interação da art. GU e art. ET Hiperextensão de ombro= inclinação anterior da escápula M. Peitoral menor: aumenta a extensão do alcance. ROTADORES INTERNOS DE OMBRO Subescapular, deltoide anterior, peitoral maior, grande dorsal e redondo maior Músculos escapuloumerais Torque de rotação interna é maior que o torque de rotação externa ROTADORES EXTERNOS DE OMBRO Infraespinal, redondo menor e deltoide posterior Músculos escapuloumerais Descreva a osteocinemática e artrocinemática da esternoclavicular. Descreva a osteocinemática e artrocinemática da acromioclavicular. Descreva a osteocinemática e artrocinemática da glenoumeral. Quais são os músculos que movimentam a escápula e sua função sobre a mesma? Descreva os momentos de abdução e os momentos de flexão. Quais as consequências funcionais com a paralisia do trapézio superior? Qual seria a estratégia para resolver a síndrome do impacto do ombro do ponto de vista cinesiológico? Atividades Origem: Proeminência occipital externa, ligamento nucal e processo espinhoso de C7. Inserção: clavícula e acrômio. Ação: elevação da escápula. Em sinergismo com os mm. trapézio inferior e serrátil, rotação lateral da escápula. Inervação: N. acessório (XI par craniano) Músculos escapulotorácicos M. Trapézio superior Origem: cabeça longa: tubérculo supraglenoidal e cabeça curta: processo coracóide. Inserção: tuberosidade do rádio Ação: flexão do ombro e cotovelo Inervação: n. musculocutâneo (C6- C7) Músculos escapuloumerais M. Bíceps braquial Origem: proc. coracóide. Inserção: diáfise do úmero Ação: flexão e adução do ombro Inervação: n. musculocutâneo (C6-C7) M. Coracobraquial Músculos escapuloumerais Origem: cabeça longa: tubérculo infraglenoidal, cabeças curta e lateral: diáfise do úmero Inserção: olécrano Ação: extensão do ombro e cotovelo Inervação: N. radial (C7-C8) M. Trícepsbraquial Músculos escapuloumerais Origem: acrômio Inserção: tuberosidade deltoídea do úmero Ação: abdução do ombro Inervação: N. axilar (C5-C6) Músculos escapuloumerais M. Deltóide médio Origem: terço lateral da clavícula Inserção: tuberosidade deltoídea do úmero Ação: flexão, abdução, rot. med. e adução horizontal do ombro. Inervação: N. axilar (C5-C6) M. Deltóide anterior Músculos escapuloumerais Origem: espinha da escápula; Inserção: tuberosidade deltoídea do úmero; Ação: abd, ext, rot. lat. e abdução horizontal do ombro; Inervação: N. axilar (C5-C6). M. Deltóide posterior Músculos escapuloumerais Origem: superior (clavicular): terço medial da clavícula, inferior (esternal): esterno e as seis ou sete costelas Inserção: lateral ao sulco bicipital Ação: adução, rot. medial e adução horizontal Inervação: N. peitoral medial e lateral (C5-T1) M. Peitoral maior Músculos escapuloumerais Origem: 3ª, 4ª e 5ª costelas Inserção: processo coracóide Ação: inclinação anterior da escápula Inervação: N. peitoral medial (C8-T1) Músculos escapuloumerais M. Peitoral menor Origem: crista ilíaca, vértebras lombares, fáscia toracolombar Inserção: sulco intertubercular Ação: extensão, adução e rot. med. do ombro Inervação: N. tóracodorsal (C6-C8) Músculos escapuloumerais M. Grande dorsal Músculos escapuloumerais Supraespinhoso (abdução do ombro); Infraespinhoso (rotação lateral e abdução do ombro); Subescapular (rotação medial e abdução horizontal do ombro); Redondo menor (rotação lateral e abdução horizontal do ombro). Inervação: Ramo nervoso de C5-C6. Manguito rotador Origem: borda lateral e ângulo inferior da escápula Inserção: tubérculo menor do úmero Ação: extensão, adução e rot. med. do ombro Inervação: N. subescapular (C5- C6) Músculos escapuloumerais M. Redondo maior Origem: 2ª a 5ª vértebras torácicas Inserção: borda medial da escápula Ação: adução e rotação medial da escápula Inervação: n. dorsal da escápula (C5) Músculos escapulotorácicos M. Rombóide maior Origem: processo espinhoso de C7 e T1 Inserção: borda medial da escápula Ação: adução e rotação medial da escápula Inervação: n. dorsal da escápula (C5) Músculos escapulotorácicos M. Rombóide menor Origem: processoespinhoso da 1ª a 5ª vértebras torácicas Inserção: espinha da escápula e acrômio Ação: adução da escápula Inervação: N. acessório (XI par craniano) Músculos escapulotorácicos M. Trapézio médio Origem: 6ª a 12ª vértebras torácica. Inserção: espinha da escápula. Ação: depressão da escápula. Em sinergismo com os mm. trapézio superior e serrátil, rotação lateral da escápula Inervação: N. acessório (XI par craniano) Músculos escapulotorácicos M. Trapézio inferior Origem: primeiras 8 a 9 costelas. Inserção: borda medial da escápula, superfície costal. Ação: elevação, abdução da escápula, Em sinergismo com os mm. trapézio inferior e superior, rotação lateral da escápula. Inervação: n. torácico longo (C5-C7) Músculos escapulotorácicos M. Serrátil anterior Referências 56 image1.jpeg image2.png image3.tmp image4.tmp image5.tmp image6.tmp image7.tmp image8.tmp image9.png image10.tmp image11.tmp image12.tmp image13.tmp image14.png image15.png image16.tmp image17.tmp image18.tmp image19.tmp image20.tmp image21.jpeg image22.tmp image23.tmp image24.png image25.png image26.png image27.tmp image28.tmp image29.png image30.tmp image31.tmp media1.mp4 image33.tmp image32.png image34.png image35.tmp image36.tmp image37.tmp image38.tmp image39.tmp image40.png image41.png image42.png image43.tmp image44.tmp image45.tmp image46.png image47.tmp image48.tmp image49.png image50.tmp media2.mp4 image51.tmp image52.tmp image53.emf image54.png image55.tmp image56.png image57.png image58.tmp image59.jpeg image60.jpeg image61.png image62.jpeg image63.jpeg image64.jpeg image65.jpeg image66.jpeg image67.png image68.png image69.jpeg image70.jpeg image71.jpeg image72.jpeg image73.png image74.jpeg image75.png image76.jpeg