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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 3 2 FISIOLOGIA E HOMEOSTASIA ............................................................................. 4 2.1 Homeostasia ........................................................................................................ 5 2.2 Hemostasia sanguínea ......................................................................................... 7 2.3 Plaquetas estrutura e funcionamento ................................................................... 7 2.4 Fases da hemostasia ......................................................................................... 12 3 FISIOLOGIA MUSCULAR ..................................................................................... 21 4 FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA ......................................... 29 4.1 Fisiologia do sistema respiratório ....................................................................... 37 5 FISIOLOGIA RENAL ............................................................................................. 45 5.1 Fisiologia da função renal ................................................................................... 45 5.2 Fatores reguladores da função renal .................................................................. 50 6 ANATOMOFISIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL ............................ 53 6.1 Sistema nervoso central ..................................................................................... 53 7 FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO ............................................................ 66 7.1 Estruturas que compõem o sistema digestório (SD) .......................................... 67 7.2 As grandes funções do SD: motilidade, secreção, digestão e absorção ...........67 7.3 Sistemas reguladores das funções do Sistema Digestório................................. 68 7.4 Regulação Neurócrina das funções do SD ......................................................... 69 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 71 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 FISIOLOGIA E HOMEOSTASIA O estudo da fisiologia tem como principal objetivo explicar os fatores físicos e químicos responsáveis pela origem, desenvolvimento e progressão da vida. Desde um vírus simples até a mais alta árvore ou o complicado ser humano, tem suas próprias características funcionais. Portanto, o vasto campo da fisiologia pode ser dividido em fisiologia virótica, fisiologia bacteriana, fisiologia celular, fisiologia vegetal, fisiologia humana e diversas outras subdivisões (GUYTON; HALL, 2017). Na fisiologia humana, tentamos explicar as características e os mecanismos específicos do corpo humano que fazem dele um ser vivo. O próprio fato de nos mantermos vivos é o resultado de complexos sistemas de controle, porque a fome nos faz procurar por alimento e, porque o medo nos faz buscar refúgio, sensações de frio nos fazem procurar calor, outras forças nos levam a buscar o companheirismo e a reprodução (GUYTON; HALL, 2017). Segundo Silva (2017, p. 25), “o corpo humano é composto de substâncias químicas inorgânicas e orgânicas sendo estas as mais simples e importantes em nível da organização estrutural”. O corpo é formado por um conjunto de órgãos que, agrupados, originam sistemas responsáveis pelo funcionamento e equilíbrio do organismo. A unidade funcional básica do corpo é a célula, existindo cerca de 75 trilhões delas em cada ser humano. A maior parte das células está viva e, em sua grande maioria, também se reproduz e, com isso, garante a continuidade da vida (ALBERTS et al, 2017). Segundo o autor, o líquido extracelular preenche os espaços entre as células. Esse líquido é chamado meio interno do organismo – é nesse meio que as células vivem. O líquido extracelular contém os nutrientes e outros constituintes necessários à manutenção da vida celular. O funcionamento da maior parte dos órgãos que formam o corpo à dirigido no sentido de manter constantes as condições físicas e as concentrações das substâncias dissolvidas nesse meio interno. Essa condição de constância do meio interno é chamada homeostasia. O líquido que forma o meio interno é continuamente misturado em todo o corpo por efeito (1) do bombeamento de sangue pelo sistema circulatório, feito pelo coração, e (2) pela difusão de líquida, através da membrana capilar, que ocorre nos dois 5 sentidos, permitindo as trocas entre a parte liquida extracelular do sangue, chamada plasma, e a parte desse mesmo liquido extracelular, que ocupa os espaços entre as células dos tecidos, chamada líquido intersticial (ALBERTS et al, 2017). Cada sistema de órgãos do corpo desempenha um papel específico na homeostasia. Por exemplo, o sistema respiratório controla as concentrações de oxigênio e de gás carbônico no meio interno. Os rins removem os produtos do metabolismo dos líquidos orgânicos enquanto, em simultâneo, controlam as concentrações dos diferentes íons (GUYTON; HALL, 2017). O sistema digestivo processa os alimentos a fim de prover os nutrientes adequados para o meio interno. Os músculos e o esqueleto dão apoio e locomoção para o corpo, de modo que este pode buscar a compensação para suas próprias necessidades, especialmente aquelas relacionadas com a obtenção de alimento e de água para o meio interno. O sistema nervoso inerva os músculos e também controla o funcionamento de muitos dos órgãos internos, funcionando em associação com o sistema respiratório, a fim de controlar as concentrações de oxigênio e de gás carbônico (GUYTON; HALL, 2017). Ainda de acordo com o autor, o sistema endócrino controla a maior parte das funções metabólicas do corpo, bem como a velocidade (e a intensidade) das reações químicas celulares, as concentrações de glicose, gorduras e aminoácidos nos líquidos corporais, e a síntese de novas substâncias necessitadas pelas células. Até mesmo o sistema reprodutor tem o papel na homeostasia, dado que leva a formação de novos seres humanos, portanto, novos meios internos para substituir os mais antigos, que envelhecem e morrem. 2.1 Homeostasia A homeostase é um princípio fundamental da fisiologia, é o equilíbrio funcional. Todo o curso da função de um organismo é previsto por eventos sucessivos com características normais. Por exemplo: quando ingerimos muito líquido, o corpo pode exacerbar o processo de micção. A homeostase é controlada por mecanismos de feedback ou retroalimentação, que mantêm o equilíbrio funcional por meio de 6 fenômenos agonísticos e antagônicos como princípio. Um exemplo muito instrutivoé o controle dos níveis de açúcar no sangue (GUYTON; HALL, 2017). Segundo autor, um aumento nos níveis de açúcar no sangue desencadeia um processo de controle que os reduzem. Esses mecanismos são antagônicos, portanto, quando algum fenômeno provoca uma certa mudança no corpo humano, o mecanismo de feedback pode responder de duas maneiras: feedback positivo e feedback negativo. O feedback negativo impõe uma relação oposta entre os fenômenos e, como tal, atua para reverter as mudanças que já ocorreram. Vejamos um exemplo: quando a temperatura do corpo cai devido ao frio, os receptores da pele enviam uma mensagem ao cérebro de que a temperatura caiu. No caso, o cérebro envia uma resposta de contração aos músculos, criando um tremor que gera calor. Quando a temperatura corporal volta ao normal, o cérebro envia uma mensagem aos músculos para que parem de se contrair. Como resultado, nossos corpos tendem a tremer em dias frios. O feedback positivo, no entanto, apresenta exatamente o oposto, uma resposta para amplificar algum tipo de mudança corporal, um processo menos comum do que o feedback negativo (GUYTON; HALL, 2017). Um exemplo de feedback positivo das contrações uterinas durante o trabalho de parto. A glândula pituitária secreta oxitocina, que estimula as contrações uterinas. Durante o trabalho de parto, os receptores no tecido muscular uterino enviam mensagens ao cérebro para estimular a glândula pituitária a produzir e liberar mais oxitocina, o que aumenta as contrações uterinas. O princípio da homeostase rege a fisiologia e envolve todas as estruturas do nosso corpo. No entanto, a menor unidade funcional de um organismo é a célula, e iniciaremos nossa pesquisa com esse contexto. As células eucarióticas são deuses na membrana plasmática, citoplasma e núcleo. A membrana plasmática é uma estrutura que estabelece conexões com o meio intracelular e extracelular, e sua composição bioquímica é baseada em bicamadas lipídicas e proteínas. A membrana plasmática tem funções protetoras (contra patógenos), estrutura (aspectos morfológicos), controle de permeabilidade (entrada e saída de água) e seletividade (controle de transporte de substâncias). É por meio de sua composição bioquímica e seletividade que a membrana plasmática controla o movimento de substâncias para dentro e para fora das células, processos estes conhecidos como transporte celular (GUYTON; HALL, 2017). 7 2.2 Hemostasia sanguínea A hemostasia é o processo pelo qual o organismo procura controlar a perda sanguínea por um vaso lesado, evitando o prolongamento desse sangramento. A resposta hemostática normal ao dano vascular depende da interação íntima entre a parede vascular, as plaquetas e os fatores de coagulação sanguínea (GUYTON; HALL, 2017). Segundo o autor, para garantir o equilíbrio funcional de um organismo, dentre outros fatores, é necessário um mecanismo rápido e eficiente para estancar o sangramento. Porém, a resposta deve ser muito controlada, a fim de evitar a formação excessiva de coágulos e também que estes sejam desfeitos após o reparo de um sangramento. Dessa forma, deve-se ter um equilíbrio entre substâncias pró- coagulantes, anticoagulantes e sistema fibrinolítico. Nesse processo, há os seguintes componentes atuando de forma organizada e equilibrada: vasos sanguíneos, plaquetas, fatores da coagulação sanguínea, inibidores da coagulação e fatores fibrinolíticos. 2.3 Plaquetas estrutura e funcionamento A hemostasia, processo de controle do sangramento, requer o funcionamento adequado e controlado de elementos que atuam de forma sincronizada, num processo relativamente complexo e equilibrado, de forma a garantir a formação do coágulo e sua “dissolução” após o estancamento do sangramento (GUYTON; HALL, 2011). A integridade do endotélio vascular é o elemento essencial que permite a fluidez do sangue. A constrição dos vasos arteriais mantém a velocidade do fluxo sanguíneo normal e evita a estase (diminuição do fluxo sanguíneo), que, por sua vez, pode facilitar o aparecimento de trombose. Em condições normais, as plaquetas e os fatores da coagulação circulam sob a forma não ativada e só exercem a função hemostática ou coagulante quando essas condições se alteram. Ainda segundo o autor, plaquetas são as células que atuam de forma fundamental e integrada aos elementos vasculares e às proteínas (fatores da coagulação). São produzidas na medula óssea por fragmentação das extremidades do citoplasma dos megacariócitos, de forma que cada megacariócito dá origem de 8 1.000 a 5.000 plaquetas. O intervalo entre a diferenciação da célula-tronco humana e a produção de plaquetas é de, em média, 10 dias. A trombopoetina (TPO), produzida principalmente pelo fígado, é o principal regulador da produção de plaquetas (plaquetogênese). Atua aumentando o número e o ritmo de maturação dos megacariócitos e estimulando a produção das plaquetas. Os níveis de TPO são altos na trombocitopenia resultante de aplasia da medula, mas são baixos em pacientes com trombocitose. Adicionalmente, a TPO tem seus níveis regulados em resposta à destruição plaquetária: quando envelhecem, as plaquetas perdem ácido siálico e, por consequência, expõem resíduos de galactose, sinalizando a produção de TPO (GUYTON; HALL, 2011). As plaquetas são células pequenas, com forma variável (discoide ou elipsoide), e consideradas “células incompletas” (carecem de material nuclear), pois são formadas apenas por porções do citoplasma dos megacariócitos. O valor médio de referência para a contagem de plaquetas é de 250 × 103/µL (limites 150 – 400 × 103/µL) e a sobrevida plaquetária normal é de 9 a 10 dias. A sobrevida é determinada pela relação das proteínas apoptótica BAX e antiapoptótica BCL-2 na célula. A contagem de plaquetas inicia sua elevação em seis dias depois do início do tratamento, no caso do uso de TPO. Embora a própria TPO não esteja ainda disponível para uso clínico, há agentes trombomiméticos que são usados clinicamente para aumentar a contagem de plaquetas (GUYTON; HALL, 2011). Estrutura das plaquetas Vistas ao microscópio eletrônico, percebe-se a constituição complexa que corresponde à função tanto variada quanto importante desempenhada por essas células. As plaquetas são muito pequenas, com diâmetros de 3,0 × 0,5 µ. A ultraestrutura das plaquetas está representada na Figura 1. 9 Figura 1 - Ultraestrutura das plaquetas Fonte: bit.ly/3GF5TP3 Três zonas integram a estrutura plaquetária: zona externa ou periférica, zona sol-gel (citosol) e zona das organelas. Zona periférica: corresponde à superfície externa, de limites imprecisos (atmosfera plaquetária), na qual se encontram antígenos, glicoproteínas (GPs) e vários tipos de enzimas. Por meio dela a plaqueta interage com outras células e com a parede dos vasos. Muitas proteínas plasmáticas e fatores da coagulação (V, XI e fibrinogênio) se ligam a essa superfície. Mais internamente, existe a membrana plaquetária, formada por proteínas (57%), lipídeos (35%) e carboidratos (8%), com organização semelhante às demais membranas celulares. As proteínas, em sua maioria, são GPs, interdigitadas entre os lipídeos, com a porção hidrofílica livre, projetada para a zona periférica (GUYTON; HALL, 2017). De acordo com o autor, as GPs da superfície são particularmente importantes nas reações de adesão e agregação de plaquetas, que são os eventos iniciais que levam à formação do tampão plaquetário durante a hemostasia. Dentre as GPs, são citadas GPI, II, III e IV. A GPIa reage com o colágeno na fase inicial da adesão plaquetária ao endotélio vascular; a GPIb é o receptor para o fator de von Willebrand (vWF) e trombina, atuando na fixação da plaqueta ao endotélio vascular; as GPs IIb e IIIa formam um complexo (GPIIb-IIIa) que atua na agregação plaquetária; a GPIII se ligaa fibrinogênio (importante na agregação plaqueta-plaqueta), fibronectina e vWF; enquanto a GPIV é o receptor para a tromboplastina e atua nas interações da superfície de contato. A adesão ao colágeno é facilitada pela GPIa (Figura 2). 10 As GPs Ib (defeituosas na síndrome de Bernard-Soulier) e IIb/IIIa – também designadas αIIb e b3 (defeituosas na trombastenia de Glanzmann) – são importantes na ligação de plaquetas ao VWF e, em seguida, ao subendotélio vascular (Figura 2) (GUYTON; HALL, 2011). Segundo Guyton e Hall (2011), várias proteínas da superfície das plaquetas são antígenos importantes na autoimunidade plaqueta-específica e costumam ser designados antígenos plaquetários humanos (HPA). Na maioria dos casos, há dois alelos diferentes, chamados a ou b (por exemplo, HPA-1a). As plaquetas também expressam antígenos ABO e antígenos leucocitários humanos (HLA) classe I e receptores para adenosina difosfato (ADP) e adenosina trifosfato (ATP) (nucleotídeos presentes nos corpos densos e que são secretados quando a plaqueta está ativada). A membrana plasmática invagina-se na plaqueta formando um sistema de membrana aberto (canalicular) que constitui uma superfície reativa, na qual as proteínas plasmáticas da coagulação podem ser seletivamente absorvidas. Os fosfolipídeos na membrana (antes conhecidos como fator plaquetário 3) têm importância particular nas conversões do fator X em Xa (ativado) e da protrombina (fator II) em trombina (fator IIa) (GUYTON; HALL, 2011). Zona citosol: contém microtúbulos que contornam a circunferência plaquetária. Esses microtúbulos (formados pela proteína tubulina) se conectam com microfilamentos (formados pela actina), formando o citoesqueleto plaquetário. O citoesqueleto orienta os movimentos da célula para a eliminação de produtos secretados e para a retração do coágulo (aparelho contrátil da plaqueta). Essas proteínas contráteis atuam em processos vitais importantes, como a trombocitopoiese (plaquetogênese), e em funções plaquetárias, como a emissão de pseudópodes. A contração dessas proteínas é responsável pela mudança de forma da plaqueta e retração do coágulo, processo este que requer energia (ATP) e cálcio (GUYTON; HALL, 2011). Zona das organelas: nela são encontrados vários tipos de estruturas, dentre elas os corpos densos, os grânulos, os lisossomos, as mitocôndrias, as partículas de glicogênio, o aparelho de Golgi, o sistema tubular denso e o sistema de canalículos abertos. Durante a reação de liberação, o conteúdo dos grânulos é liberado para dentro do sistema canalicular aberto. 11 Nessa zona são observadas as seguintes estruturas de acordo com Guyton e Hall (2011): Corpos densos: ricos em cálcio, ADP e ATP. Contém ainda serotonina e antiplasmina. Em razão da diminuição do número de corpos densos ocorre alteração da agregação plaquetária. Grânulos específicos α: mais numerosos, contêm diversas proteínas como fatores de coagulação (fibrinogênio e fator VIII), vWF, fator de crescimento derivado das plaquetas, β-tromboglobulina e outras proteínas de adesão (fibronectina, trombosopondina, etc.). Lisossomos: contêm enzimas hidrolíticas, fosfatase ácida, glucosaminidase, galactosidade e catalase. Mitocôndrias: sintetizam a ATP, necessária para o funcionamento plaquetário. Glicogênio: constitui material de reserva energética. Sobre o sistema de membranas internas plaquetárias, as plaquetas têm membranas internas que interagem quando a plaqueta é ativada: o sistema tubular denso, local de síntese da prostaglandina e do tromboxano; e o sistema de canalículos abertos, que correspondem a invaginações da membrana celular e por eles o endoplasma se comunica com o meio externo, promovendo a passagem de substâncias secretadas (para o meio externo) e de estímulos para a ativação celular (para o meio interno). O aparelho de Golgi integra esse sistema (GUYTON; HALL, 2011). A principal função das plaquetas é a formação do tampão mecânico durante a resposta hemostática normal à lesão vascular, de forma que, na ausência de plaquetas, costuma ocorrer vazamento espontâneo de sangue dos pequenos vasos. As plaquetas ativadas e aderidas ao endotélio vascular liberam várias substâncias, com diversas funções: promover a agregação das plaquetas aderidas, ativar o mecanismo de coagulação, diminuir a permeabilidade vascular e manter o tônus da rede vascular. Nesse contexto, a função plaquetária pode se dividir em reações de adesão, agregação, liberação e amplificação. A imobilização das plaquetas nos sítios de lesão vascular requer interações específicas: plaqueta-parede vascular (adesão) e 12 plaqueta-plaqueta (agregação), ambas parcialmente mediadas pelo vWF (Figura 2) (GUYTON; HALL, 2011). Figura 2 - Adesão e agregação de plaquetas Fonte: bit.ly/3XvHfGS 2.4 Fases da hemostasia Didaticamente, a hemostasia é dividida em duas etapas/fases que ocorrem sucessivamente. A hemostasia primária ocorre após a lesão do vaso sanguíneo, formando um tampão instável, decorrente da adesão plaquetária ao local lesado, e a hemostasia secundária que compreende fenômenos que se destinam à formação de um coágulo consistente (malha de fibrina), com agregação plaquetária e decorrente ativação do mecanismo da coagulação sanguínea. Completada a hemostasia, o vaso sanguíneo deve permitir o reestabelecimento do fluxo normal. Assim, a última etapa da hemostasia compreende o mecanismo da fibrinólise, ou seja, a dissolução da fibrina formada, evitando as complicações tromboembólicas (GUYTON; HALL, 2011). 13 Hemostasia primária Os mecanismos da hemostasia primária são ativados por lesões pequenas nos vasos sanguíneos (por exemplo, uso de agulhas, fluxo sanguíneo turbulento ou descamação das células endoteliais dos vasos sanguíneos, etc.) que parecem ser defeitos triviais mas que podem causar transtornos hemorrágicos crônicos debilitantes, algumas vezes fatais (GUYTON; HALL, 2011). Segundo o autor, na hemostasia primária, o vaso sanguíneo se contrai para selar o local lesado e as plaquetas preenchem o espaço aberto, formando um tampão hemostático. As plaquetas não ativadas circulam isoladamente ou agrupadas, sem aderirem à parede vascular, embora estejam cercadas por fatores da coagulação sanguínea, localizados no plasma. Quando um vaso é lesado, o subendotélio, com colágeno subjacente, é exposto e as plaquetas se ativam, iniciando uma série de fenômenos que tem por finalidade evitar a hemorragia. As plaquetas ativadas se ligam ao colágeno diretamente, ou por meio do vWF. O primeiro sinal de ativação plaquetária é sentido na sua membrana externa, onde os fatores capazes de promover essa ativação (fatores agonistas) se ligam aos seus receptores específicos. Como consequência, a plaqueta modifica sua forma, que passa de discoide a irregular, graças à emissão de pseudópodes (GUYTON; HALL, 2011). Várias GPs de membrana atuam como receptores A GPIb atua como receptor para o vWF, que se fixa à superfície plaquetária, formando uma ponte ou ligação entre as plaquetas e o subendotélio vascular, onde as células têm receptores para esse fator. A ligação das plaquetas aos receptores das GPs Ib/IX/V permite a imobilização do vWF no local do vaso lesado. A união do vWF à GPIb forma um canal na membrana plaquetária, permitindo o fluxo de cálcio do exterior para o interior da célula, ativando a GPIIB/IIIa e promovendo a ligação com o vWF, levando à agregação plaquetária (GUYTON; HALL, 2017). A ativação plaquetária ativa moléculas como a GPIIB/IIIa e com isso há estabilização da adesão das plaquetas no vaso lesado, por aumento da afinidade da GPIIb/IIIa pelos seus ligantes (colágeno e fibronectina). Em razão da capacidade de 14 ligação do fibrinogênio às integrinas plaquetárias ativadas, ocorre aumento da ativação,com recrutamento de novas plaquetas. O fibrinogênio se liga aos receptores específicos da membrana plaquetária (GPIIb/IIIa), permitindo que as plaquetas permaneçam ligadas entre si. Essa ligação é facilitada pelo cálcio plasmático e plaquetário. O aumento dos íons cálcio no interior das plaquetas promove alteração da forma da plaqueta, emissão de pseudópodes pela membrana plaquetária, movimentação dos grânulos para o interior do citoplasma, secreção dos grânulos e aumento da aderência das plaquetas entre si (agregação), por modificação física da própria membrana externa. A terceira etapa da ativação plaquetária é a da secreção plaquetária, que consiste na liberação (ao meio externo) do conteúdo dos grânulos plaquetários (grânulos alfa e corpos densos) e requer a reorganização do citoesqueleto plaquetário. A secreção inicia quando um agonista (como trombina ou colágeno) se liga à membrana celular ao mesmo tempo em que a agregação plaquetária é estimulada. A secreção plaquetária depende de modificações das proteínas do aparelho contrátil (actina-miosina), de modificações das proteínas da membrana, da síntese de prostaglandinas e, ainda, do aumento do cálcio intracitoplasmático (GUYTON; HALL, 2017). Hemostasia secundária A hemostasia secundária se ativa pelos mecanismos da hemostasia primária e é necessária para controlar o sangramento das lesões grandes, produzidas por traumatismos, cirurgia ou procedimentos dentais. O sistema de coagulação, formado por proteínas e cofatores enzimáticos, realiza a hemostasia secundária mediante a produção de um trombo de fibrina. A íntima vascular e as plaquetas se associam com a hemostasia primária, já a coagulação e a fibrinólise se associam com a hemostasia secundária. Todos os sistemas interatuam nos acontecimentos hemostáticos (GUYTON; HALL, 2017). Após a adesão e a agregação plaquetária, há exposição na superfície plaquetária de fosfolipídeos carregados negativamente, liberação de fator V e 15 liberação de micropartículas plaquetárias pró-coagulantes. Desse modo, ocorre a interação entre as plaquetas e os fatores de coagulação. O plasma sanguíneo transporta GPs, com ação enzimática, semelhante à tripsina (denominadas de serinoproteases), que atuam juntas para formar um coágulo de fibrina. O sistema de coagulação é complexo porque deve traduzir um estímulo físico ou químico em um acontecimento vital. A coagulação do sangue envolve um sistema de amplificação biológica, no qual relativamente poucas substâncias de iniciação ativam em sequência, por proteólise, uma cascata de proteínas precursoras circulantes (os fatores enzimáticos da coagulação, mostrados no Quadro 1), culminando na geração de trombina (Figura 3). Esta, por sua vez, converte o fibrinogênio solúvel do plasma em fibrina. A fibrina infiltra os agregados de plaquetas nos locais de lesão vascular e converte os tampões primários e instáveis de plaquetas em tampões hemostáticos firmes, definitivos e estáveis (GUYTON; HALL, 2017). Quadro 1 - Fatores de coagulação sanguínea Número do fator Nome descritivo Forma ativa I Fibrinogênio Subunidade de fibrina II Protrombina Serina-protease III Fator tecidual Receptor/cofator V Fator lábil Cofator VII Proconvertina Serina-protease VIII Fator anti-hemofilico Cofator IX Fator Christmas Serina-protease X Fator Stuart-Prower Serina-protease XI Antecendente de tromboplastina plasmática Serina-protease XII Fator Hageman Serina-protease XIII Fator estabilizador da fibrina Pré-calicreína (Fator fletcher) HMWK (Fator Fitzgerald). Transglutaminase Serina-protease Cofator Fonte: Adaptado de Hoffbrand (2018). A ausência de somente uma substância pró-coagulante provoca hemorragias recorrentes. O plasma contém alguns fatores pró-coagulantes (fatores da coagulação), que são, em sua maioria, GPs sintetizadas pelo fígado (em minoria, pelos monócitos, células endoteliais e megacariócitos). Alguns são enzimas que circulam na forma inativa (pró-enzimas), outros são cofatores que se unem e estabilizam as enzimas. Pelo menos seis dessas GPs atuam como anticoagulantes (regulando o processo de coagulação) (GUYTON; HALL, 2017). 16 Figura 3 - Sistema de coagulação sanguíneo (via extrínseca, via intrínseca e via comum). Fonte: Adaptado de Hoffbrand (2018). O funcionamento dessa cascata (denominada cascata da coagulação sanguínea) necessita de uma concentração dos fatores de coagulação nos sítios de lesão. As reações mediadas por superfície ocorrem no colágeno exposto, no fosfolipídio plaquetário e no fator tecidual (TF) – ou fator tissular. Com exceção do fibrinogênio (que é a subunidade do coágulo de fibrina), os fatores de coagulação são precursores de enzimas ou cofatores (Quadro 1 anterior). Todas as enzimas, exceto o fator XIII, são serinoproteases (isto é, sua capacidade de hidrolisar ligações peptídicas depende do aminoácido serina como centro ativo). Uma importante escala da ampliação do sinal é atingida nesse sistema (HOFFBRAND; MOSS, 2018). Ainda segundo o autor, as reações de coagulação se produzem na superfície da plaqueta, ou nos fosfolipídeos da membrana celular endotelial (e não na fase 17 líquida – sangue). As serinoproteases se unem às superfícies dos fosfolipídeos (carga negativa), por meio dos íons cálcio (carga positiva). Assim, o cálcio participa na maioria das reações de coagulação. Processos envolvidos na hemostasia secundária A geração de trombina in vivo é uma complexa rede de alças de amplificação e retroalimentação negativas, que assegura uma produção localizada e limitada. A geração de trombina é dependente de três complexos enzimáticos, cada um constituído de protease, cofator, fosfolipídeos e cálcio. Os íons cálcio desempenham papel importante na atividade plaquetária. São necessários também para a atividade de vários fatores da coagulação, em especial os fatores vitamina K dependentes. O cálcio participa da composição de complexos formados com fatores das vias intrínseca e extrínseca, servindo de ligação entre eles (GUYTON; HALL, 2017). Os complexos são: I – Xase extrínseca (VIIa, TF, PL e Ca2+), gerando fator Xa. II – Xase intrínseca (IXa, VIIIa, PL e Ca2+), também gerando fator Xa. III – Complexo protrombinase (Xa, Va, PL e Ca2+), gerando trombina. A geração de trombina que segue a lesão vascular ocorre em duas ondas de diferente magnitude. Durante a fase inicial, são geradas pequenas quantidades (concentrações picomolares). Essa trombina dá origem a uma segunda produção de trombina, explosivamente amplificada, milhões de vezes maior. Iniciação: a coagulação se inicia após lesão vascular, pela interação do TF ligado à membrana, exposto e ativado pela lesão, com fator VII plasmático (GUYTON; HALL, 2017). O TF está expresso em fibroblastos da adventícia e nos pequenos músculos da parede vascular, em micropartículas na corrente sanguínea e em outras células não vasculares. O complexo fator VIIa-TF (Xase extrínseca) ativa tanto o fator IX quanto o fator X. O fator Xa, na ausência de seu cofator, transforma pequenas quantidades de protrombina em trombina. Isso é insuficiente para iniciar uma significativa polimerização de fibrina. Há necessidade de amplificação. 18 Amplificação: a via inicial, ou Xase extrínseca, é rapidamente inativada pelo TFPI, que forma um complexo quaternário com VIIa, TF e Xa. A geração ulterior de trombina passa agora a ser dependente da tradicional via intrínseca (Figura 4 a seguir). Os fatores VIII e V são convertidos em VIIIa e Va pelas pequenas quantidades de trombina geradas durante a iniciação. Nessa fase de amplificação, a Xase intrínseca, formada por IXa e VIIIa na superfície de fosfolipídio e na presença de Ca2+, ativa Xa o suficiente, que, em combinação com Va, PL e Ca2+, forma o complexo protrombinase,resultando na geração explosiva de trombina, que atua no fibrinogênio para formar o coágulo de fibrina (GUYTON; HALL, 2017). Aparentemente, o fator XI não tem papel na iniciação fisiológica da coagulação. Ele tem um papel suplementar na ativação do fator IX, que pode ser importante em locais de traumatismo relevante e no campo cirúrgico, pois nessas situações os pacientes deficientes em fator XI sangram excessivamente. Também está envolvido na via de contato. A trombina hidrolisa o fibrinogênio, liberando fibrinopeptídeos A e B para formar monômeros de fibrina. Os monômeros de fibrina se unem espontaneamente por meio de ligações de hidrogênio para formar um polímero frouxo e insolúvel de fibrina. O fator XIII também é ativado por trombina e, uma vez ativado, estabiliza os polímeros de fibrina, com a formação de ligações covalentes cruzadas (maior estabilidade). O fibrinogênio consiste em duas subunidades idênticas, cada uma contendo três cadeias polipeptídicas dissimilares (α, β e γ), ligadas por ligações dissulfeto. Depois da clivagem (pela trombina) de pequenos fibrinopeptídeos A e B das cadeias α e β, o monômero de fibrina se constitui de três cadeias pareadas α, β e γ, que rapidamente polimerizam. A atividade dos fatores II, VII, IX e X depende da vitamina K, responsável pela carboxilação de vários resíduos terminais de ácido glutâmico em cada uma de suas moléculas (GUYTON; HALL, 2017). Vias extrínseca e intrínseca da coagulação sanguínea Existem diferentes modelos que explicam como o processo de coagulação sanguínea ocorre, e o mais clássico é o da cascata da coagulação. O modelo da cascata foi proposto em 1964 por Macfarlane, Davie e Ratnoff e, até os dias atuais, é bastante divulgado, apesar de ter limitações. Esse modelo afirma que o processo de 19 coagulação é possível por causa de eventos que ocorrem de maneira sequencial, podendo a coagulação ser dividida em duas vias: a extrínseca e a intrínseca (GUYTON; HALL, 2017). A via extrínseca inclui elementos do sangue e aqueles que também não são encontrados com frequência no espaço intravascular. A via intrínseca se inicia com componentes que estão no espaço intravascular. Ambas convergem para a via comum da coagulação. Antes de 1992, se postulava que a ativação do fator XII era o passo primário na coagulação, em razão do fato de este poder ser encontrado no sangue, enquanto o fator tissular não era aí localizado. Por consequência, o sistema de reação que começa com o fator XII e culmina na polimerização da fibrina se denominou “via intrínseca”. Os fatores da via intrínseca da coagulação sanguínea, em ordem de reação, são: XII, pré-calicreína, HMVK, XI, IX, VIII, X, V, protrombina e fibrinogênio. A via do fator tissular foi denominada “via extrínseca” e compreende os fatores VII, X, V, protrombina e fibrinogênio. Os fatores VIII e IX não estão incluídos na via extrínseca, pois se omitia sua contribuição na prova de coagulação, denominada “tempo de protrombina”, a prova utilizada para mediar a integridade da via extrínseca. As duas vias têm em comum os fatores X, V, protrombina e fibrinogênio. As expressões via intrínseca e via extrínseca não correspondem aos conhecimentos atuais, porém se utilizam amplamente para identificar os fatores da coagulação (GUYTON; HALL, 2017). Figura 4 - Esquema básico da cascata de coagulação sanguínea Fonte: bit.ly/3OwROoS 20 Regulação da coagulação sanguínea A coagulação descontrolada do sangue causaria oclusão perigosa de vasos sanguíneos (trombose), caso mecanismos protetores, inibição dos fatores de coagulação, diluição pelo fluxo sanguíneo e fibrinólise não estivessem operantes. Inibidores dos fatores da coagulação: é importante que o efeito da trombina seja limitado ao local da lesão. O primeiro inibidor a agir é o TFPI, que inibe os fatores Xa, VIIa e TF, para limitar a principal via in vivo. Há inativação direta da trombina e de outras serinoproteases por outros inibidores circulantes, dos quais a antitrombina é o mais potente, sendo que a heparina (anticoagulante) potencializa muito sua ação. (CONSTANZO, 2007). Outra proteína, o cofator II da heparina, também inibe a trombina. α2- Macroglobulinas, α2-antiplasmina, inibidor de C1-esterase e α1-antitripsina também exercem efeitos inibidores nas serinoproteases circulantes. Proteínas C e S: são inibidores dos cofatores de coagulação V e VIII. A trombina se liga ao receptor trombomodulina da superfície da célula endotelial. O complexo formado ativa a proteína C (uma serinoprotease dependente de vitamina K), que é capaz de destruir os fatores V e VIII ativados, evitando, assim, mais geração de trombina. A ação da proteína C é amplificada por outra proteína dependente de vitamina K, a proteína S, que liga a proteína C à superfície da plaqueta. Um receptor endotelial de proteína C localiza-a na superfície endotelial e promove sua ativação pelo complexo trombina-trombomodulina. Além disso, a proteína C ativada estimula a fibrinólise (CONSTANZO, 2007). A Figura 5 mostra a ativação e as ações da proteína C. Como as demais serinoproteases, a proteína C ativada está sujeita à inativação pelos inativadores de serinoproteases (“ser- -pinas”, de serine-protease inhibitors), como a antitrombina. 21 Figura 5 - Ativação e ações da proteína C Fonte: Hoffbrand e Moss (2018, p. 275). 3 FISIOLOGIA MUSCULAR Fonte: dancaemetafisica.com Propriocepção é um termo derivado do latim, proprious significa "si mesmo, e recepção refere-se a "receber", obter informações sobre a posição e o estado das partes do corpo significa que os proprioceptores são estruturas nos músculos esqueléticos, tendões, articulações e até mesmo no ouvido interno que realizam essas sensações. Tais estruturas capturam a posição, o movimento e as forças exercidas 22 pelas estruturas do corpo, como a cabeça e os membros, sem olhar para sua localização (GUYTON; HALL, 2017). Você pode testar a função dessas estruturas. Feche os olhos e tente sentir a localização dos seus braços. Você consegue ter essa sensibilidade porque os proprioceptores dos membros superiores estão “avisando você” dessa localização. Os proprioceptores são considerados receptores sensoriais, isto é, os impulsos nervosos advindos dessas estruturas são transportados por neurônios sensoriais e adentram o sistema nervoso central (SNC), na medula ou no tronco encefálico. Posteriormente, essa informação viaja por tratos sensoriais, que são feixes nervosos compostos de projeções axonais, e ascendem encefalicamente ao córtex cerebral. A seguir abordaremos sobre as estruturas encefálicas envolvidas nesse processo. Os proprioceptores também são receptores tônicos, ou seja, emitem sinais contínuos ao SNC, pois possuem uma adaptação leve ou nenhuma adaptação. Fusos musculares Os fusos musculares são receptores sensoriais de estiramento que detectam o comprimento do músculo e suas alterações. Distribui-se nas fibras musculares esqueléticas, também denominadas extrapiramidais, e circundado por uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso. O músculo esquelético possui numerosos fusos musculares. Por exemplo, os músculos dos dedos dos recém-nascidos têm pelo menos 50 fusos. Morfologicamente, sua parte externa é pontiaguda na ponta e a parte central é larga. O interior contém fibras musculares chamadas intrafusais. Isso difere das fibras musculares esqueléticas porque elas se contraem apenas nos pólos. Sua região central carece dessa capacidade porque carece de miofibrilas. A inervação das fibras intrafusais é dividida em segundo Tortora; Derrickson, 2017): Uma parte sensorial, composta de axônios de fibras Ia, que inervam a região equatorial intrafusal não contráctil. Essas fibras nervosas são estimuladas por estiramento muscular esquelético; Uma parte motora contráctildo fuso em suas extremidades, que é inervada por neurônios motores gama. 23 Figura 6 - Fusos musculares e seu funcionamento Fonte: Bear, Connors e Paradiso (2017). Os axônios das fibras nervosas Ia são grandes e mielinizados, o que resulta em rapidez na condução do potencial de ação. Essas fibras adentram a raiz dorsal da medula espinal e formam sinapses excitatórias com interneurônios e neurônios motores alfa no corpo ventral da medula espinal. Os neurônios motores alfa são aqueles que inervam as fibras musculares esqueléticas, promovendo a contração muscular a partir da liberação sináptica do neurotransmissor acetilcolina (ACh) (Figura 7). O funcionamento do fuso, como dito anteriormente, é tônico. Com isso, ele permanece ativo com o músculo em repouso, proporcionando a manutenção do tônus muscular (que será debatido no próximo tópico). Junto a isso, o fuso atua durante o estiramento muscular, no seguinte processo: Quando o músculo é estirado, os fusos musculares também são estendidos, resultando em disparo das fibras sensoriais Ia; Após esse estiramento, ocorre uma contração muscular das fibras extrafusais de forma reflexa, realizada pelos neurônios motores alfa. Mas por que isso acontece? Bem isso ocorre para impedir danos relativos ao estiramento muscular excessivo. 24 Esse processo pode ser denominado reflexo de estiramento, ou também reflexo miotático (em grego, mio significa “músculo” e tático significa “estirar”) (Figura 7). A sinapse entre os neurônios sensoriais Ia e os motores alfa constituem um arco reflexo monossináptico, pois apenas uma sinapse é realizada aqui (SILVERTHORN, 2017). Figura 7 - Fusos musculares e o reflexo de estiramento Fonte: Silverthorn (2017, p. 423). Contudo, o fuso muscular poderia diminuir sua ação, enfraquecendo a musculatura – e por que isso não ocorre? Para que o fuso continue seu funcionamento adequado, entram em cena os neurônios motores gama. Essas fibras nervosas, que inervam as extremidades contráteis do fuso, realizam disparo neuronal, promovendo a contração de fibras intrafusais. A partir daí, o fuso se alonga novamente e, com isso, a contração muscular está garantida. Essa estimulação é denominada coativação alfa–gama, porque tem dois neurônios motores com ação intensificada, como pode ser visto na Figura 8. 25 Figura 8 - O fuso muscular e os neurônios motores alfa e gama Fonte: Bear, Connors e Paradiso (2017, p. 474). Órgão tendinoso de Golgi O órgão tendinoso de Golgi, mostrado na Figura 9, é um proprioceptor localizado entre a junção dos tendões com as fibras musculares. Ele atua como um sensor de tensão dos músculos, devido à ação que os tendões sofrem quando se aumenta a tensão de contração do músculo. Esse fenômeno é distinto da atividade do fuso muscular, visto que o órgão tendinoso não atua em relação ao estiramento muscular e, sim, na contração, como um sensor de tensão. Sua estrutura morfológica é representada por uma cápsula de tecido conjuntivo e terminações nervosas livres entrelaçadas com fibras de colágeno. As fibras sensoriais no órgão tendinoso são do tipo Ib, um pouco mais finas do que as fibras Ia (SILVERTHORN, 2017). 26 Figura 9 - Órgão tendinoso de Golgi Fonte: Silverthorn (2017, p. 422) A ação do órgão tendinoso ocorre quando a tensão no músculo aumenta. Isso provoca a elevação da tensão das fibras de colágeno, que, por estarem mecanicamente enroladas nas fibras sensoriais, acabam comprimindo-as, provocando disparos de potenciais de ação. As fibras Ib entram pela raiz dorsal da medula espinal e realizam sinapse com interneurônios inibitórios localizados no corno ventral da medula. Com isso, há uma posterior sinapse entre esses interneurônios com neurônios motores alfa, ainda na medula. Figura 10 - O órgão tendinoso de Golgi e o circuito entre as fibras Ib, os interneurônios e os neurônios motores alfa Fonte: Bear, Connors e Paradiso (2017, p. 476). 27 Esse circuito é a base para a realização do reflexo tendinoso de Golgi. Tal fenômeno faz uma regulação da tensão muscular dento de uma faixa ótima. Ele pode promover uma “proteção”, caso o músculo esteja com uma carga excessiva, que gere uma grande tensão. Desse modo, com a elevação da sobrecarga muscular, o neurônio motor alfa diminui seus disparos e, consequentemente, a contração decresce. Por outro lado, com a diminuição da carga muscular, o neurônio motor alfa volta a disparar, pois sua inibição diminui, havendo acréscimo na contração. Para o manuseio de objetos com maior fragilidade, esse reflexo auxilia grandemente, pois proporciona uma gradação da tensão de manipulação (SILVERTHORN, 2017). Tônus muscular O tônus muscular é a tensão de um músculo quando em repouso. Esse processo é ocasionado por ação de múltiplas estruturas contidas nos músculos, bem como suas inervações do sistema nervoso periférico (SNP) e conexões do SNC. Nas fibras musculares, as unidades motoras são o contingente de fibras inervadas por um único neurônio motor. Quando esse neurônio dispara potenciais de ação, todas as unidades contraem-se juntas (CONSTANZO, 2007). No estado de repouso, os músculos estão relaxados, entretanto algumas unidades motoras, de forma involuntária, ativam-se para que haja estimulação muscular constante. A consequência desse processo é o estabelecimento do tônus muscular, e esse fenômeno se mantém com a ativação bem como com a inibição intercalada de unidades motoras de forma constante. O tônus muscular deixa a musculatura firme para a manutenção postural, contudo não são gerados movimentos ou contrações intensas. Um exemplo da atividade do tônus muscular ocorre na parte dorsal da musculatura do pescoço, que mantém seu tônus para que a cabeça não penda para frente da região torácica. Não podemos esquecer que a contração muscular ocorre após o estímulo do neurônio motor sobre as fibras musculares (CONSTANZO, 2007). Segundo o autor, o neurônio motor alfa possui seus corpos na parte ventral da substância cinzenta medular. Esse neurônio realiza sinapses químicas com a fibra muscular esquelética, as junções neuromusculares. Nessas junções ocorre a liberação do neurotransmissor ACh na fenda sináptica, como resultado de um 28 potencial de ação no neurônio motor. A ACh se difunde para a placa motora, que é o local de contato da membrana da fibra muscular e do terminal axonal. Desse modo, a ACh se liga em receptores nicotínicos, que são canais de sódio, e ocorre sua abertura, permitindo a difusão desse íon na célula muscular. Em vista disso, há uma despolarização da fibra muscular, que promove o deslizamento entre as cabeças do filamento de miosina sobre a actina, ocasionando as pontes cruzadas e o encurtamento da fibra. Ação do fuso na manutenção do tônus muscular Como descrito, o fuso muscular possui uma ação tônica para a manutenção do tônus, para que as fibras musculares estejam constantemente firmes. O mecanismo por trás desse processo é relacionado, primeiramente, às fibras sensoriais Ia. Quando o músculo está em repouso, seu estiramento ocorre da mesma forma; contudo, esse estiramento é mais leve do que o normal, e tem por objetivo ativar as fibras Ia, localizadas na região central do fuso. A partir daí as fibras sensoriais enviam informações para a raiz dorsal da medula espinal e realizam sinapse com neurônios motores alfa, na raiz ventral. Essa conexão, já descrita no tópico anterior, proporciona uma conexão excitatória que resulta no reflexo monossináptico (SILVERTHORN, 2017). A conexão das fibras Ia com os neurônios motores alfa ocasiona uma atividade tônica, gerando uma contração constante, o que demonstra uma leve tensão do tônus muscular. Com a ativação do fuso muscular pelo estiramento, a resposta gerada nasfibras extrafusais é de contração. Com isso o fuso tenderia a diminuir sua função, pois o músculo não estaria mais distendido. Entretanto, com a presença de neurônios motores gama, os fusos musculares se mantêm ativos, pois esse neurônio contrai os polos das fibras intrafusais, mantendo o fuso ativo, independentemente do comprimento do músculo. Fica clara, assim, a importância da ativação alfa-gama (SILVERTHORN, 2017). 29 4 FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Neste capítulo, entenderemos as características funcionais das estruturas anatômicas que compõem os sistemas cardiovascular e respiratório e a integração desses sistemas para a manutenção orgânica. Os sistemas cardiovascular e respiratório são os principais responsáveis por absorver oxigênio e fornecê-lo aos tecidos do corpo e remover o dióxido de carbono. O sistema cardiopulmonar também desempenha um papel no metabolismo e na troca de calor. O sistema cardiovascular pode ser pensado como o sistema de transporte de energia e nutrientes no corpo humano. As informações abaixo descrevem a estrutura e a função de todo o sistema cardiopulmonar. O sistema cardiovascular O aparelho cardiovascular é constituído fundamentalmente pelas seguintes estruturas morfológicas e funcionais: 1. coração; 2. artérias; 3. veias; 4. sistema linfático; 5. sangue. Estudos do sistema cardiovascular mostraram que o fluxo sanguíneo é importante para transportar oxigênio (O2) e nutrientes, remover resíduos metabólicos e dióxido de carbono (CO2) e transportar produtos residuais para garantir hormônios, defesa corporal e coagulação para todo o corpo humano. O sistema cardiovascular, em sua forma mais simples, é um sistema que consiste em atuadores hidráulicos, tubos e conexões e uma extensa rede de sistemas de fluidos interconectados e interdependentes (GUYTON; HALL, 2017). O sistema é um circuito elástico fechado que permite movimento e estresse sem danos. Este sistema, ou bomba cardíaca, simplesmente permite que o sangue flua para as estruturas. A função do coração é, portanto, atuar como uma bomba de propulsão. Como resultado do enchimento passivo do coração, uma rede distribuída 30 sistemicamente de artérias, veias e capilares regula a circulação sanguínea. Esse fluxo para o coração é constante, mas o bombeamento de sangue é intermitente. O sangue transporta oxigênio e nutrientes para todas as células e remove o dióxido de carbono e os resíduos produzidos por essas células. O sangue oxigenado é transportado por artérias, veias e capilares e retorna ao coração por vênulas e veias - o sistema circulatório. Dentre elas, devemos reconhecer as estruturas que compõem o coração, principal órgão do sistema cardiovascular. A massa cardíaca é formada internamente por tecido fibroso e possui uma cavidade ou câmara com dois átrios de sucção e dois ventrículos de acionamento. Veja a Figura 12. O coração drena o sangue para as artérias pulmonares e para a aorta, que fornecem oxigênio às células dos órgãos e tecidos de todo o corpo humano. É devolvido ao coração através do átrio direito por refluxo vascular para completar o ciclo cardíaco. Geralmente está localizado no lado esquerdo da caixa torácica e se inclina ligeiramente para a direita e para baixo. O coração é um músculo do tamanho de um punho e tem uma forma quase cônica. Tem cerca de 12 cm de comprimento, 9 cm de largura e cerca de 6 cm de espessura (GUYTON; HALL, 2017). Figura 12 - Anatomia interna cardíaca Fonte: bit.ly/3gywF16 31 O tecido do músculo cardíaco possui células específicas chamadas células miócitos estriados. As células são cercadas por membranas celulares que permitem que as moléculas passem de áreas de alta concentração para áreas de baixa concentração até que o equilíbrio seja alcançado. Este processo é conhecido como difusão. Isso permite a comunicação gerada por impulsos nervosos elétricos. Os movimentos contráteis são vigorosos, rítmicos e involuntários e controlados pelo sistema nervoso autônomo (SNA) (CONSTANZO, 2007). O tecido cardíaco é composto por músculos estriados, que consistem em feixes entrelaçados de células embebidas em tecido conjuntivo altamente vascularizado para proteção contra impacto e fricção segundo Tortora; Derrickson (2017): Epicárdio: é a membrana que reveste e protege o coração. Ele restringe o coração à sua posição no mediastino, embora permita suficiente liberdade de movimentação para contrações vigorosas e rápidas. O pericárdio consiste em duas partes principais: pericárdio fibroso (camada externa) e pericárdio seroso (subcamada interna) — sustenta o coração e limita sua expansão na diástole ventricular, impedindo alteração do volume sanguíneo. Miocárdio: a célula do miocárdio, chamada de miócito, apresenta membrana plasmática (sarcolema), um núcleo central e várias fibras musculares (miofibrilas), as quais deslizam umas sobre as outras e se conectam por meio de discos intercalares. A unidade contrátil da célula cardíaca é chamada de sarcômero. Tem alto poder contrátil para promover a circulação sanguínea. Endocárdio: camada de epitélio escamoso que envolve as paredes internas do miocárdio, reveste também as estruturas internas dos grandes vasos sanguíneos. Em termos de função, o coração atua como essa hélice, capaz de contração (neste momento os ventrículos são esvaziados) e relaxamento (neste momento os ventrículos recebem sangue dos átrios). Este efeito de bombeamento de sangue de contração (contração) e relaxamento (dilatação) é devido à estimulação elétrica do nervo. Essa estimulação promove a troca iônica entre o meio intracelular e extracelular, possibilitando a geração de forças responsáveis por essa atividade mecânica sincronizada e promovendo a circulação sanguínea (CONSTANZO, 2007). 32 No miocárdio, encontram-se as valvas atrioventriculares. Elas são fundamentais para compreensão do funcionamento do coração, porque impedem a comunicação entre o sangue venoso do sangue arterial. Segundo Tortora; Derrickson (2017): A valva tricúspide localiza-se entre o átrio direito e o ventrículo direito. A valva mitral fixa-se entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo. As valvas semilunares posicionam-se localizadas nas saídas dos ventrículos. A valva pulmonar encontra-se entre o ventrículo direito e a artéria pulmonar. A valva aórtica localiza-se entre o ventrículo esquerdo e artéria aorta. O endocárdio contém estruturas ocas denominadas átrio direito, ventrículo direito, átrio esquerdo e ventrículo esquerdo. As duas câmaras superiores são chamadas de átrios esquerdo e direito (singular: átrio). O átrio recebe sangue de várias fontes. O átrio esquerdo recebe sangue dos pulmões e o átrio direito recebe sangue do resto do corpo. As duas câmaras inferiores são chamadas de ventrículos esquerdo e direito. Os ventrículos bombeiam sangue para diferentes partes do corpo. O ventrículo direito bombeia o sangue para os pulmões e o ventrículo esquerdo bombeia o sangue para todo o corpo. Como os ventrículos têm paredes muito mais espessas do que os átrios, eles são capazes de realizar mais trabalho para bombear o sangue por todo o corpo, permitindo a troca de oxigênio, dióxido de carbono e nutrientes entre os tecidos e os pulmões (CONSTANZO, 2007). Circulação Ocorre da seguinte forma: (1) circulação sistêmica ou “grande circulação” que distribui sangue aos órgãos e tecidos, atendendo às necessidades metabólicas; e (2) circulação pulmonar de baixa pressão ou “pequena circulação”, em que acontecem as trocas gasosas pelo processo de absorção de oxigênio, expelindo logo após o dióxido de carbono. 33 Figura 13 - Circulação sistêmica e pulmonar Fonte: bit.ly/3AEOPVs Segundo Guyton; Hall (2017) na circulação sistêmica, o sangue rico em oxigênio do ventrículoesquerdo é levado para os órgãos e tecidos do corpo. Isso permite a troca de nutrientes e o sangue saturado de dióxido de carbono é devolvido ao coração através do átrio direito. O sangue que retorna ao coração recebe oxigênio dos pulmões. Em seguida, é enviado para os tecidos do corpo. A aorta é a grande artéria que transporta esse sangue oxigenado para fora do coração. Os ramos da aorta transportam sangue para o músculo cardíaco. À medida que os ramos ficam cada vez menores, eles se afastam da aorta. Por todo o corpo, redes de minúsculos vasos sanguíneos chamados capilares conectam os ramos de pequenas artérias e veias muito pequenas. As paredes dos capilares são muito finas e transportam nutrientes e oxigênio para as células. Os produtos residuais são transportados para os capilares. Os capilares então levam a pequenas veias. Pequenas veias dão origem a veias cada vez maiores à medida que o sangue se aproxima do coração. As válvulas nas veias garantem que o sangue flua na direção certa (GUYTON; HALL, 2017). As duas principais veias que levam ao coração são a veia cava superior e inferior, localizadas acima e abaixo do coração. Quando o sangue retorna ao coração, ele deve retomar a circulação pulmonar e retornar aos pulmões para liberar dióxido 34 de carbono e absorver mais oxigênio. Na circulação pulmonar, as artérias pulmonares transportam sangue do coração para os pulmões. Nos pulmões, o sangue absorve oxigênio e libera dióxido de carbono. O sangue então retorna ao coração através das veias pulmonares. O sangue desoxigenado ejetado do ventrículo direito é ejetado para os pulmões onde o volume de sangue é reoxigenado. Desta forma, o sangue retorna ao coração através do átrio esquerdo através das veias pulmonares. Portanto, os átrios assumem a função de reservatórios de volume sanguíneo. Vasos sanguíneos Os vasos sanguíneos transportam sangue venoso para o coração. O sangue venoso está saturado com dióxido de carbono e sofre trocas gasosas durante a circulação pulmonar para bombear o sangue rico em oxigênio para fora das artérias. Os vasos sanguíneos são compostos por três camadas estruturais, descritas a seguir, segundo Tortora; Derrickson (2017): Endotélio (túnica íntima): reveste internamente os vasos e regula absorção de determinadas moléculas e partículas relacionadas às inflamações locais, coagulação sanguínea e agregação de plaquetas. Túnica média: camada intermediária composta de fibras musculares lisas e colágenas e de tecido conjuntivo elástico. Adventícia (túnica externa): constitui as maiores artérias formadas por tecido conjuntivo e apresenta filetes nervosos e vasculares para irrigação das artérias. Apesar da estrutura comum aos vasos sanguíneos, podemos apontar algumas distinções estruturais entre os vasos sanguíneos. As principais artérias corporais são: Aorta ascendente; Aorta abdominal; Artéria subclávia; Artéria axilar; Artéria braquial; Artéria radial; Artéria ilíaca comum; 35 Artéria femoral; e Artéria poplítea. As artérias são constituídas por fibras musculares e têm diâmetros maiores e paredes mais espessas e elásticas do que as veias. Essa propriedade suporta pressões mais altas (velocidades de condução do sangue arterial para tecidos e órgãos). As artérias possuem as três camadas mencionadas acima, que nem sempre estão presentes nas veias e capilares (TORTORA; DERRICKSON, 2017). As artérias transportam sangue rico em oxigênio do coração para os tecidos e órgãos internos, exceto a artéria pulmonar, que transporta sangue venoso para os pulmões. Eles consistem em paredes espessas que se contraem e relaxam para regular o fluxo sanguíneo. Sua estrutura consiste em tecido conjuntivo, fibras elásticas e colágeno. Um homem de estatura e peso médios tem um volume sanguíneo total de cerca de 4.680 ml, com mais elastina e camadas musculares não responsivas nas artérias. Eles, portanto, regulam o fluxo sanguíneo e a distribuição através dos órgãos e partes do corpo (TORTORA; DERRICKSON, 2017). A nutrição orgânica das artérias, principalmente a inervação, origina-se dos próprios vasos e ocorre através da adventícia. As artérias pequenas têm poucas fibras elásticas e regulam o fluxo por vários graus de contração. Eles pulsam e circulam ativamente o sangue via vasoespasmo como uma espécie de sistema circulatório. As paredes das veias são compostas pelas mesmas três camadas das artérias. Eles são responsáveis por devolver o sangue pobre em oxigênio do corpo para o coração. Três camadas de veias são mais finas e menos elásticas do que as paredes das artérias porque as veias não sofrem a mesma pressão. As veias se dividem da seguinte maneira, segundo Tortora; Derrickson (2017): Veias profundas: encontradas nos músculos ou ao longo dos ossos. A camada íntima de uma veia profunda, geralmente, tem uma válvula unidirecional para impedir que o sangue flua para trás. Músculos próximos também ajudam na compressão da veia profunda para manter o sangue se movendo para a frente. Veias superficiais: estão localizadas na camada gordurosa sob a pele. A camada íntima de uma veia superficial também pode ter uma válvula 36 unidirecional. No entanto, sem um músculo próximo para compressão, eles tendem a mover o sangue mais lentamente do que as veias profundas. Vasos comunicante: o sangue das veias superficiais é frequentemente direcionado para as veias profundas por meio de veias curtas chamadas veias conectadas. Válvulas nessas veias permitem que o sangue flua das veias superficiais para as veias profundas, mas não o contrário. Os capilares são os menores vasos sanguíneos que consistem em uma única camada de células. Eles são estruturas condutoras de fluxo sanguíneo especializadas para liberar tecidos dentro dos órgãos. Eles estão localizados entre arteríolas e vênulas, são pequenos em diâmetro e consistem em uma camada íntima, membrana basal, células endoteliais e tecido conjuntivo. Eles são os principais responsáveis por aumentar a vazão necessária para o controle local (TORTORA; DERRICKSON, 2017). Ainda segundo o autor, os capilares são essenciais para a troca de nutrientes, resíduos e gases entre o sangue e os tecidos corporais. Os capilares também formam um elo importante no sistema cardiovascular, conectando artérias e arteríolas que transportam sangue do coração para vênulas e veias que transportam sangue de volta ao coração. As arteríolas são pequenos ramos arteriais que transportam sangue rico em oxigênio do coração para os capilares. As arteríolas têm várias camadas diferentes de tecido e paredes fortes para suportar a pressão sanguínea, enquanto os capilares consistem em apenas uma camada de endotélio. Os pré-capilares de músculo liso envolvem os capilares nas extremidades das arteríolas, controlando o fluxo sanguíneo em capilares individuais e regulando a distribuição de oxigênio e nutrientes por todo o corpo. Sem uma força motriz própria, os vasos linfáticos funcionam em válvulas e se conectam às veias por meio de dutos. As veias produzem linfócitos - gânglios linfáticos - linfócitos (anticorpos) que são responsáveis pela "defesa" do organismo e auxiliam na drenagem. O estudo de moléculas e partículas que atuam na resposta imune a processos patológicos (doença) (TORTORA; DERRICKSON, 2017). 37 Figura 14 - Diferença entre artéria e veia Fonte: bit.ly/3Xv6AjZ 4.1 Fisiologia do sistema respiratório A respiração é o processo pelo qual um organismo absorve oxigênio e o transporta para os pulmões por meio de estruturas que também permitem a remoção do dióxido de carbono presente no sangue venoso. Portanto, torna-se importante conhecer o sistema respiratório humano. O sistema respiratório é composto pelas seguintes estruturas segundo Tortora; Derrickson (2017): Cavidadenasal; Faringe; Laringe; Traqueia; Brônquios; Pulmões. O sistema respiratório funciona como um instrumento de detecção através de estruturas altamente especializadas para que o oxigênio inalado alcance os alvéolos 38 dos pulmões e, em seguida, entre rapidamente na corrente sanguínea para órgãos e tecidos. A função do sistema respiratório humano é o transporte de oxigênio da atmosfera para a corrente sanguínea e, inversamente, a remoção de dióxido de carbono da corrente sanguínea para a atmosfera. A respiração ainda pode ser dividida em duas fases. A respiração externa é o processo de troca gasosa entre o ar nos pulmões e o sangue, no qual o dióxido de carbono é substituído por oxigênio no nível celular. A respiração interna é o processo de fornecimento de sangue rico em oxigênio para os tecidos do corpo (AIRES, 2012). As passagens nasais, ou cavidades nasais, se comunicam com o mundo exterior através das narinas. Em sua estrutura interna encontram-se células ciliadas que secretam o muco nasal, "filtram" o ar inalado, aquecem-no através dos capilares e umidificam-no através das glândulas mucosas. A faringe é uma estrutura comum aos sistemas respiratório e digestivo que permite a passagem do bolo alimentar para o sistema digestivo e a passagem do ar para o sistema respiratório (GUYTON; HALL, 2017). Como a faringe é um canal comum para deglutição e respiração, ela se comunica com a laringe, onde o trato gastrointestinal e as vias aéreas se cruzam. A laringe está entre a faringe e a traquéia e contém as cordas vocais. Ele contém uma epiglote que impede que o bolo alimentar entre no trato respiratório. A laringe está na frente da garganta, logo abaixo do osso hioide e acima da traquéia. A traquéia é um tubo revestido com células ciliadas e células secretoras de muco que ajudam a remover partículas impuras do ar que você respira. A traquéia é um tubo de 5 polegadas de comprimento de anéis de cartilagem hialina em forma de C, revestido com um epitélio ciliado pseudoestratificado. A traquéia conecta a laringe aos brônquios e permite que o ar entre no peito pela garganta. Os anéis cartilaginosos que compõem a traquéia a mantêm constantemente exposta ao ar. A extremidade aberta do anel cartilaginoso aponta posteriormente para o esôfago, permitindo que ele se expanda no espaço ocupado pela traquéia para acomodar grandes quantidades de alimentos que se deslocam por ele (TORTORA; DERRICKSON, 2017). Segundo o autor, a principal função da traquéia é fornecer uma via aérea livre para o ar entrar e sair dos pulmões. Além disso, o epitélio que reveste a traquéia produz muco. O muco retém a poeira e outros poluentes e os impede de chegar aos 39 pulmões. O corpo ciliar, na superfície das células epiteliais, transporta o muco para a faringe, onde pode ser ingerido e digerido no trato gastrointestinal. Os brônquios surgem da bifurcação da traqueia e ramificam-se em tubos menores (bronquíolos). Ambos têm um revestimento interno semelhante à traquéia e numerosos cílios que expelem bactérias e outras partículas inaladas. Os pulmões são o principal órgão do sistema respiratório. Eles estão localizados na cavidade torácica, que é acomodada pelas costelas, esterno e ossos vertebrais. Eles são circundados pela pleura, cuja função é suavizar e facilitar o movimento dos pulmões durante a respiração. A troca gasosa ocorre nos alvéolos, onde os sistemas circulatório e respiratório estão integrados. São órgãos compostos por camadas de espessura sensível. O mecanismo de ventilação A respiração mecânica ocorre devido à contração do diafragma (músculo auxiliar do processo respiratório) durante a inspiração, de modo que com a ajuda da ação dos músculos intercostais e dos movimentos de expansão da caixa torácica, o volume dos pulmões aumenta, a pressão diminui, o ar entra nos pulmões (inspiração) (Figura 15). Figura 15 - Mecanismo de respiração Fonte: bit.ly/3EANLTT 40 No mecanismo inverso, quando o diafragma relaxa com a ajuda dos músculos intercostais, caixa torácica e pulmões, o ar sai do interior dos pulmões, reduzindo o volume e aumentando a pressão (expiração). O ciclo respiratório pode, portanto, ser visto como um resultado de forma complementar entre os mecanismos inspiratório e expiratório subsequente. O número de ciclos respiratórios por unidade de tempo pode ser alterado pela atividade física direcionada (GUYTON; HALL, 2017). Segundo o autor, a poluição do ar também afeta as vias aéreas em algumas doenças, como a asma, que se caracteriza pelo estreitamento dos brônquios e dificuldade no ciclo respiratório. Uma infecção dos alvéolos dos pulmões causada por pneumonia, vírus, bactérias e fungos que aumenta a produção de secreções de muco que se acumulam nos alvéolos dos pulmões e previnem hematomas pulmonares. Hábitos também podem danificar o sistema respiratório, como fumar cigarros, que causa câncer de pulmão e é causado por células anormais que se formam dentro do sistema. Cerca de 90% dos cânceres de pulmão e 80% dos cânceres de laringe e esôfago são causados pelo uso do tabaco. As medidas preventivas mais importantes para a saúde respiratória são medidas que priorizam a atividade física ao ar livre, cessação do tabagismo, prevenção da poluição do ar e preferência por florestas. Integrações do sistema cardiorrespiratório As estruturas do sistema cardiovascular fornecem o oxigênio e os nutrientes aos tecidos orgânicos e são dependentes das estruturas respiratórias de captação e expulsão do ar pelo sistema respiratório. O sistema circulatório e o sistema respiratório trabalham em conjunto para garantir que os tecidos dos órgãos recebam oxigênio suficiente. O oxigênio é necessário para funções celulares. O ar respirado e mantido nos pulmões é transferido para o sangue. O sangue é circulado pelo coração, que bombeia o sangue oxigenado dos pulmões para o corpo. Além disso, os dois sistemas do corpo trabalham juntos para remover o dióxido de carbono, que é um resíduo metabólico (GUYTON; HALL, 2017). O coração tem dois ventrículos e dois átrios. O ventrículo direito e o átrio recebem o sangue das veias. O sangue desoxigenado flui para o átrio direito do 41 coração. Quando o músculo cardíaco se relaxa, o sangue é liberado do átrio e para o ventrículo direito. O ventrículo direito então empurra o sangue através da válvula pulmonar para a artéria pulmonar, na qual o sangue é liberado para os pulmões para a recuperação do oxigênio. O sangue é, então, devolvido para o lado esquerdo do coração. Como no lado direito, o átrio esquerdo recebe o sangue e o envia para o ventrículo quando o músculo cardíaco se relaxa. Finalmente, o sangue é empurrado para a aorta e entregue ao resto do corpo. As artérias são as principais fontes que fornecem sangue oxigenado para o corpo e são dependentes dos pulmões para o oxigênio. O sangue começa na aorta e viaja para as extremidades do corpo. A aorta se ramifica em arteríolas, que se ramificam em vasos ainda menores chamados capilares. Esses capilares têm membranas muito pequenas que permitem que o oxigênio se mova através delas e para dentro das células. É nos pulmões que o dióxido de carbono e o oxigênio são trocados (GUYTON; HALL, 2017). Segundo o autor, os pulmões são o órgão primário do sistema respiratório. O processo é chamado de troca gasosa. Quando se inala o ar, os alvéolos nos pulmões se enchem de oxigênio. O oxigênio é enviado para as células do sangue nos capilares que circundam os alvéolos. Quando se exala o ar, o dióxido de carbono no sangue é enviado para os alvéolos, sendo expelido do corpo. Nesse ponto, o sangue encontra- se cheio de oxigênio e retorna ao coração. Os bronquíolos e alvéolos são as principais partes dos pulmões que fornecem oxigênio ao sangue. Os bronquíolos são ramificaçõesda traqueia que se estendem pelos lóbulos dos pulmões no sistema respiratório. Eles terminam em alvéolos, o local para troca de gases, que são pequenos sacos cercados por capilares. Ao entender como o sistema cardiovascular funciona com o sistema respiratório, a ligação com os pulmões são o principal local de interação cardiovascular e respiratória. Para o bom funcionamento da capacidade cardiorrespiratória, é necessário que se estabeleça um estado de estabilidade ou equilíbrio em um sistema (GUYTON; HALL, 2017). Segundo autor, nesse estado denominado homeostase, o organismo tenta manter um ambiente interno constante. Manter um ambiente interno estável requer monitoramento e ajustes constantes à medida que as condições mudam. Esse ajuste dos sistemas fisiológicos dentro do corpo é chamado de regulação homeostática. 42 A homeostase requer mecanismos regulatórios cardiovasculares e respiratórios altamente coordenados para garantir que a entrega de oxigênio a todas as regiões do corpo seja suficiente para atender às demandas metabólicas de cada região. Isto é especialmente importante no caso do coração e músculos esqueléticos, cuja atividade metabólica pode variar muito. Por exemplo, durante o exercício máximo em humanos, o fornecimento de oxigênio ao exercício de músculos esqueléticos pode aumentar para níveis 20 a 50 vezes maiores do que os níveis de repouso. Isso é conseguido por uma combinação de mecanismos locais, autonômicos e respiratórios (GUYTON; HALL, 2017). A homeostase é mantida pelo sistema respiratório de duas maneiras: troca gasosa e regulação do pH do sangue. A troca de gases é realizada pelos pulmões, eliminando o dióxido de carbono, um produto residual liberado pela respiração celular. O dióxido de carbono sai do corpo e o oxigênio necessário para a respiração celular entra no corpo pelos pulmões. O ATP (molécula de energia química), produzido pela respiração celular, fornece energia para o corpo realizar várias funções, incluindo a condução nervosa e a contração muscular (GUYTON; HALL, 2017). A troca gasosa nos pulmões, proporcionada pela pequena circulação, é entre o ar alveolar e o sangue nos capilares pulmonares. Essa troca é resultado do aumento da concentração de oxigênio e da diminuição do dióxido de carbono. Esse processo de troca é feito por meio da difusão. Na respiração interna, a troca de gás entre o ar nos alvéolos e o sangue ocorre dentro dos capilares pulmonares. Uma taxa normal de respiração é de 12 a 25 respirações por minuto. Na respiração externa, os gases se difundem em qualquer direção por meio das paredes dos alvéolos. O oxigênio se difunde do ar para o sangue e o dióxido de carbono se difunde de fora do sangue para o ar. A maior parte do dióxido de carbono é transportada para o plasma nos íons de bicarbonato (HCO3 -). Quando o sangue entra nos capilares pulmonares, os íons de bicarbonato e íons de hidrogênio são convertidos em ácido carbônico (H2 CO3) e, em seguida, novamente em dióxido de carbono (CO2) e água. Essa reação química também usa íons de hidrogênio. A remoção desses íons dá ao sangue um pH mais neutro, permitindo que a hemoglobina ligue mais oxigênio. O sangue desoxigenado proveniente das artérias pulmonares geralmente tem uma pressão parcial de oxigênio (pp) de 40 mmHg e CO2 pp de 45 mmHg (GUYTON; HALL, 2017). 43 De acordo com o autor, o sangue traz oxigênio para as células do corpo e retira seu dióxido de carbono. O sangue que viaja de volta ao coração e aos pulmões é vermelho escuro, saturado de dióxido de carbono das células do corpo. O dióxido de carbono no sangue é trocado por oxigênio nos alvéolos. O sangue do coração flui através dos capilares e coleta oxigênio dos alvéolos. Ao mesmo tempo, o dióxido de carbono passa dos capilares para os alvéolos. Quando se expira, o organismo se livra desse dióxido de carbono. O sangue vermelho vivo e rico em oxigênio é devolvido ao coração e bombeado para o corpo, completando o ciclo. A função respiratória e cardiovascular também é regulada de maneira altamente coordenada em outras circunstâncias, como em associação com respostas comportamentais que são críticas para a sobrevivência, por exemplo, fuga de um predador ou perseguição de uma presa. Além disso, os desafios ambientais, como a hipóxia ou o estresse térmico, também exigem respostas cardiovasculares e respiratórias coordenadas para manter a homeostase. Finalmente, tal regulação coordenada é também evidente mesmo sob condições de repouso, por variações respiratórias relacionadas à frequência (GUYTON; HALL, 2017). A sobrevivência orgânica depende da regulação da entrega de oxigênio a todas as regiões do corpo, de modo a corresponder às exigências metabólicas de cada região. Isso, por sua vez, depende de uma estreita coordenação dos mecanismos cardiovasculares e respiratórios centrais. Essa coordenação resulta de três mecanismos gerais segundo Guyton; Hall (2017): 1. Reflexos que regulam simultaneamente a função cardiovascular e respiratória em resposta a estímulos de receptores periféricos, como quimiorreceptores, receptores nasofaríngeos ou receptores quentes. 2. Conexões centrais entre os neurônios que regulam a atividade respiratória e aqueles que regulam a função cardiovascular. 3. Comando central, pelo qual os neurônios em níveis mais altos do cérebro têm projeções colaterais para os neurônios cardiovasculares e respiratórios dentro do tronco encefálico. Em muitos casos, dois ou mais desses mecanismos podem contribuir para a coordenação da função cardiovascular e respiratória, juntamente com mecanismos locais que também são necessários para garantir que o fluxo sanguíneo para 44 determinadas regiões, especialmente músculos esqueléticos e coração, corresponda às demandas metabólicas daquelas regiões. O resultado da integração fisiológica do sistema cardiorrespiratório é evidenciado pelo aumentando da ventilação pulmonar mediante ganho metabólico, por meio da oxigenação e na redução da frequência respiratória (GUYTON; HALL, 2017). Ainda segundo o autor, o sistema cardiorrespiratório é responsável por: movimentar o sangue oxigenado dos pulmões para o corpo, enquanto, ao mesmo tempo, movimenta o sangue desoxigenado do corpo de volta para os pulmões pelo coração; distribuir os principais nutrientes para as células ao redor do corpo na taxa necessária (isso ocorre durante o exercício ou o descanso); remover resíduos metabólicos, como dióxido de carbono, ácido láctico e ureia; regular o equilíbrio do pH no sangue para controlar acidose ou alcalose; transportar hormônios e enzimas para regular funções fisiológicas e psicológicas; manter o volume de fluido para evitar a desidratação; manter a temperatura corporal, absorvendo e redistribuindo calor por meio do fluxo sanguíneo para a pele; e promover as adaptações cardiorrespiratórias durante o exercício. A realização regular de exercícios cardiorrespiratórios aumentará a capacidade geral de exercício e contribuirá para a prevenção de doenças cardiovasculares. Há muitos benefícios a curto e longo prazos que vêm do exercício cardiorrespiratório regular: capacidade cardiorrespiratória aumentada, demanda diminuída de oxigênio miocárdico, aumento do débito cardíaco, ejeção ventricular esquerda, menor frequência cardíaca em repouso, pressão sanguínea abaixada e caminhos metabólicos melhorados (GUYTON; HALL, 2017). 45 5 FISIOLOGIA RENAL Fonte: bit.ly/3tSYR1L Os principais componentes do sistema urinário são os rins, ureteres, bexiga e uretra. O rim humano filtra em média 180 litros de líquido por dia através de 1,25 milhão de néfrons, as unidades funcionais do sistema. O sistema urinário tem nove funções: excreção de produtos da degradação metabólica e de substâncias estranhas para o organismo; regulação do equilíbrio hídrico e eletrolítico,