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AFYA FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS - GARANHUNS MARCELA NOBRE BELTRÃO SISTEMAS ORGÂNICOS E INTEGRADOS V Hiperplasia adrenal congênita GARANHUNS 2024 MARCELA NOBRE BELTRÃO SISTEMAS ORGÂNICOS E INTEGRADOS V Hiperplasia adrenal congênita Trabalho apresentado à disciplina de Sistemas Orgânicos e Integrados V, como requisito parcial para obtenção de nota em Sistemas Orgânicos e Integrados V do curso de medicina. Orientador: Prof. Ernando Gouveia. GARANHUNS 2024 1. Hiperplasia adrenal congênita: que ocorre neste grupo de distúrbios? Como detectar esta patologia no recém-nascido? A hiperplasia adrenal congênita (HAC) constitui um grupo de doenças caracterizadas por uma deficiência enzimática na biossíntese do cortisol. Em mais de 95% dos casos a HAC é causada pela deficiência da enzima 21-hidroxilase (D-21OH), que é um dos erros inatos do metabolismo mais comuns e a principal causa de genitália atípica sem gônadas palpáveis em recém-nascidos (Barra; Silva, 2022). Desse modo, com o déficit na produção do cortisol, ocorre a hipersecreção secundária de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), com consequentes hiperplasia do córtex adrenal e hiperfunção das vias de síntese não comprometidas pela deficiência enzimática. Uma vez que precursores e outros produtos são secretados em excesso, o perfil esteroide final resulta em quadros clínicos combinados de deficiência de glicocorticoides e deficiência ou excesso de mineralocorticoides e androgênios (Brasil, 2015). Secundariamente, a produção do hormônio liberador de corticotropina (CRH) e do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pelo hipotálamo e pela glândula pituitária, respectivamente, é prejudicada devido ao feedback negativo. Consequentemente, a glândula adrenal sofre hiperplasia e, considerando que a produção de esteroides sexuais não necessita da enzima 21-hidroxilase para sua produção, esses hormônios acabam sendo produzidos em quantidades excessivas (Parreira et al., 2023). Os esteroides sexuais são precursores da testosterona e da diidrotestosterona do andrógeno e também auxiliam na formação de estrogênios. Por esta razão, esta doença é também a causa mais comum de genitália ambígua. Além disso, cerca de 75% dos pacientes não conseguem sintetizar aldosterona suficiente para manter os níveis de sódio no corpo, levando a crises de perda de sal que podem levar à desidratação hiponatrêmica com risco de vida (Parreira et al., 2023). O diagnóstico em recém-nascidos do sexo feminino, é suspeitado pela presença de virilização da genitália externa, que pode inclusive se assemelhar à genitália masculina, sem gônadas palpáveis. Já em recém-nascidos do sexo masculino, o diagnóstico clínico é dependente do grau de deficiência mineralocorticoide, sendo comum sinais de desidratação, hipotensão, taquicardia, vômitos, perda de peso, letargia, hiponatremia e hiperpotassemia. Ademais, tardiamente surge a pubarca precoce, velocidade de crescimento aumentada ou maturação óssea acelerada (Vilar, 2020). Diante disto, A triagem neonatal consiste em uma série de exames realizados nos primeiros dias de vida, visando o diagnóstico precoce de diversas doenças congênitas e infecciosas que podem ser curadas ou controladas. Estas patologias podem ser assintomáticas durante o período neonatal, mas quando o tratamento específico é iniciado o mais cedo possível pode reduzir ou mesmo eliminar as possíveis complicações da patologia associada. Faz parte dos exames realizados o teste do pezinho, um dos mais importantes e devem ser feitos durante o terceiro e quinto dia de vida da criança (Parreira et al., 2023). A triagem neonatal para a HAC consiste na dosagem da 17OHP no sangue do calcanhar de recém-nascidos em papel-filtro, preferencialmente entre o terceiro e quinto dia de vida, e deve ser seguida de rápida confirmação diagnóstica para instituição da terapêutica. Estudos de longo prazo, em diferentes populações, tem mostrado benefícios da implantação da triagem: aumento do número de diagnósticos em ambos os sexos, redução de registros incorretos e de óbitos precoces (Barra; Silva, 2022). O objetivo principal da triagem para a D-21OH é o diagnóstico precoce da forma clássica, evitando os sinais e sintomas da perda de sal e o registro civil incorreto das meninas com atipia genital. No Brasil, a triagem para a D-21OH foi incluída à quarta fase do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), a partir de 2012 (Barra; Silva, 2022). REFERÊNCIAS BARRA, C. B.; SILVA, I. N. Management of congenital adrenal hyperplasia due to 21- hydroxylase deficiency in children and adolescents: review. Revista Médica de Minas Gerais, v. 32, 2022. BRASIL. Triagem Neonatal Hiperplasia Adrenal Congênita. Ministério da Saúde. Brasília, 2015. PARREIRA, P. H. et al. THE IMPORTANCE OF NEWBORN SCREENING FOR THE DIAGNOSIS OF CONGENITAL ADRENAL HYPERPLASIA: LITERATURE REVIEW. REVISTA FOCO, v. 16, n. 9, p. e3020, 8 set. 2023. VILAR, L. Endocrinologia Clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020.