Prévia do material em texto
AFYA FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS - GARANHUNS MARCELA NOBRE BELTRÃO SISTEMAS ORGÂNICOS E INTEGRADOS V Cetoacidose diabética GARANHUNS 2024 MARCELA NOBRE BELTRÃO SISTEMAS ORGÂNICOS E INTEGRADOS V Cetoacidose diabética Trabalho apresentado à disciplina de Sistemas Orgânicos e Integrados V, como requisito parcial para obtenção de nota em Sistemas Orgânicos e Integrados V do curso de medicina. Orientador: Prof. Ernando Gouveia. GARANHUNS 2024 1. Qual o motivo do paciente com cetoacidose diabética apresentar hiperpotassemia? Como é o hálito destes pacientes? O diabetes mellitus (DM) é uma condição que faz parte de um grupo de doenças metabólicas caracterizadas pela presença de níveis elevados de glicose no sangue, conhecida como hiperglicemia. Essa condição ocorre devido a defeitos na secreção e/ou na ação da insulina, um hormônio responsável pelo metabolismo dos alimentos (Lotici et al., 2023). É possível distinguir diferentes tipos de DM, com destaque para o tipo 1, tipo 2 e diabetes gestacional, que são os mais prevalentes na população. No que diz respeito às complicações do DM podemos citar a Cetoacidose Diabética (CAD), a qual é uma emergência clinica mais prevalente em indivíduos com DM, caracterizada por cetonemia, acidose metabólica (pH acima de 7,3 e bicarbonato menor de 15mEq/L) e hiperglicemia (glicose maior de 200-250 mg/dL) (Lotici et al., 2023). É possível verificar que a CAD é evento comum nas crianças e adolescentes com DM tipo 1. Dentre os fatores identificados, os que permaneceram como melhores preditores para o evento estudado foram: infecções, erro alimentar e erro na dosagem de insulina, e como fator de proteção para CAD foi a idade avançada (Ramos et al., 2022). A cetoacidose diabética é uma complicação aguda do diabetes mellitus, caracterizada por desequilíbrios metabólicos que resultam em acidose. Esta condição crítica exige uma intervenção rápida e eficaz para prevenir complicações graves e potencialmente fatais. O manejo adequado da CAD é um desafio constante para os profissionais de saúde, exigindo uma compreensão profunda das estratégias terapêuticas mais atualizadas e eficazes (Silva et al., 2023). Os cetoácidos (ou seja, ácidos acetoacético e beta-hidroxibutírico), produzidos no fígado a partir de ácidos graxos, são fonte de nutrientes para muitos tecidos corporais. Ocorre superprodução de cetoácidos quando as reservas de carboidratos são inadequadas ou quando o corpo não consegue utilizar as reservas de carboidratos como nutrientes. Nessas condições, os ácidos graxos são mobilizados do tecido adiposo e levados para o fígado, onde são convertidos em cetonas. Os cetoácidos surgem quando a produção de cetona pelo fígado excede o uso tecidual (Goldman; Schafer, 2022). A deficiência de insulina estimula a lipase sensível a hormônio, com consequente degradação das reservas adiposas e aumento nos níveis de AGL. Quando esses AGL alcançam o fígado, são esterificados a acil-coenzima A graxo. A oxidação de moléculas de acil-coenzima A graxo dentro das mitocôndrias hepáticas produz corpos cetônicos (ácido acetoacético e ácido β-hidroxibutírico). A taxa de formação dos corpos cetônicos pode exceder a taxa pela qual podem ser utilizados pelos tecidos periféricos, levando à cetonemia e a cetonúria. Se a excreção urinária de cetonas estiver comprometida por desidratação, o resultado consiste em cetoacidose metabólica sistêmica. A liberação de aminoácidos cetogênicos pelo catabolismo das proteínas agrava o estado cetótico (Kumar; Abbas; Aster, 2023). O hálito tem um odor frutado característico produzido pelos cetoácidos voláteis presentes. Pode haver hipotensão e taquicardia resultantes de diminuição no volume sanguíneo (Norris, 2021). O K+ corporal total é diminuído (em cerca de 5 mEq/kg), mas a concentração sérica do íon pode ser normal, alta ou baixa. A hipocalemia é considerada o distúrbio eletrolítico com maior risco de vida durante o tratamento da CAD. A diminuição do potássio total se deve à perda urinária desse íon, embora a presença de vômitos também desempenhe seu papel na gênese do processo. O hiperaldosteronismo secundário relacionado à depleção de sódio e a presença de cetoácidos de carga negativa no líquido tubular aumentam ainda mais as perdas urinárias de potássio. Se ocorrer hipercalemia, esta se deve a deslocamento de potássio do meio intracelular para o extracelular devido à saída de água do interior das células por hiperglicemia (efeito osmótico), acidose metabólica e proteólise. Além disso, a insulinopenia diminui a entrada de íon potássio nas células, provocando permanência destes no meio extracelular (Barone et al., 2007). No período antecedendo a CAD, há manifestações referentes à descompensação metabólica, como poliúria, polifagia, polidipsia e cansaço. Com a instalação da CAD, são observados anorexia, náuseas e vômitos, que podem agravar a desidratação. Cefaleia, mal-estar, parestesia e dor abdominal também são comuns. Com progressão da CAD, pode haver alteração do nível de consciência e até mesmo coma (Goldman; Schafer, 2022). REFERÊNCIAS BARONE, B. et al. Cetoacidose diabética em adultos: atualização de uma complicação antiga. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 51, n. 9, p. 1434– 1447, dez. 2007. GOLDMAN, L.; SCHAFER, A. GOLDMAN-CECIL MEDICINA. 26. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2022. KUMAR, V.; ABBAS, A.; ASTER, J. Robbins & Cotran - Patologia - Bases Patológicas das Doenças. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023. LOTICI, G. et al. Cetoacidose diabética: percepção do residente de enfermagem na abordagem multidisciplinar na sala de emergência. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 5, n. 3, p. 845–856, 30 jun. 2023. NORRIS, T. L. Porth - Fisiopatologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. SILVA, B. DE A. M. DA et al. ABORDAGENS EFETIVAS NO MANEJO DA CETOACIDOSE DIABÉTICA: UMA REVISÃO ATUALIZADA. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 5, n. 5, p. 4470–4478, 3 dez. 2023. RAMOS, T. et al. CETOACIDOSE DIABÉTICA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1 E FATORES DE RISCO ASSOCIADOS. Cogitare Enfermagem, n. 27, p. 1–13, 28 set. 2022.