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HISTOLOGIA E 
EMBRIOLOGIA
Adriana Dalpicolli Rodrigues
Sistema respiratório
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você será capaz de:
 � Diferenciar as estruturas da porção condutora do ar e da porção 
respiratória do aparelho respiratório.
 � Caracterizar histologicamente as estruturas que compõem o sistema 
respiratório.
 � Determinar a função do sistema respiratório e das suas estruturas e a 
sua relação com os outros órgãos do corpo humano.
Introdução
O sistema respiratório é composto pelos seguintes órgãos e estruturas: 
nariz, cavidade nasal, faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos, 
alvéolos e pulmões. Esse sistema pode ser dividido funcionalmente em 
porção condutora, a qual é responsável, basicamente, pela condução 
do ar até os pulmões, e porção respiratória, que atua mais propriamente 
nas trocas gasosas (entrada de oxigênio e saída de gás carbônico). Além 
disso, o sistema respiratório tem a importante função de proteger o 
organismo contra a invasão de microrganismos ou substâncias irritantes/
tóxicas que podem trazer prejuízos à saúde. O epitélio de cada órgão 
apresenta características morfológicas distintas, o que permite que os 
órgãos realizem as suas funções. 
Neste capítulo, você vai aprender a diferenciar as estruturas que 
compõem a porção condutora de ar e a parte respiratória do sistema 
respiratório, além de caracterizá-las histologicamente. Você ainda irá 
compreender as funções de todo o sistema respiratório, especificando 
cada uma de suas estruturas e a relação desse sistema com os demais 
órgãos do organismo.
Estruturas da porção condutora do ar e 
da porção respiratória do aparelho respiratório
O sistema respiratório é estruturalmente dividido em: sistema (trato) respira-
tório superior, que é composto pelo nariz, pela cavidade nasal, pela faringe e 
pelas estruturas associadas, e sistema respiratório inferior, o qual é formado 
pela laringe, pela traqueia, pelos brônquios e pelos pulmões (Figura 1). Além 
dessa classificação, o sistema respiratório também pode ser dividido em duas 
partes, de acordo com as funções exercidas, tais como: porção condutora do 
ar e porção respiratória (TORTORA; DERRICKSON, 2016). 
Figura 1. Visão geral dos órgãos do sistema respiratório.
Fonte: Adaptada de Tortora e Derrickson (2016). 
A porção condutora é constituída por cavidades e tubos interligados tanto 
fora quanto dentro dos pulmões (p.ex., nariz, cavidade nasal, faringe, laringe, 
traqueia, brônquios e bronquíolos terminais). O nariz é a porta de entrada do 
sistema respiratório, a partir das narinas (aberturas no nariz), sendo dividido 
Sistema respiratório2
em uma parte externa, a qual é visível, sendo esta constituída por osso, cartila-
gem, recoberta com pele e revestida com túnica mucosa, e uma parte interna, 
no interior do crânio, que é denominada cavidade nasal ou fossas nasais. 
A cavidade nasal é ampla e está localizada abaixo do osso nasal e acima da 
cavidade oral. A cavidade se liga à faringe por meio das coanas (ou cóanos), que 
são duas aberturas. Há também quatro seios paranasais, localizados nos ossos 
frontal, esfenoidal, maxilar e etmoidal, e os ductos nasolacrimais. O septo nasal 
divide a cavidade nasal em lados direito e esquerdo e é constituído por lâmina 
perpendicular do etmoide, vômer e cartilagem (TORTORA; DERRICKSON, 
2016). Algumas das estruturas citadas podem ser observadas na Figura 2. 
A faringe (garganta) é um tubo que começa nas coanas e se estende pelo 
pescoço, estando localizada na parte posterior das cavidades nasal e oral e na 
parte anterior das vértebras cervicais. A sua parede é composta por músculo 
esquelético e é revestida pela túnica mucosa. A parte superior da faringe é 
chamada de nasofaringe, a qual se conecta com as coanas e tem dois óstios 
faríngeos que se comunicam com as tubas auditivas, e a parede posterior, que 
contém a tonsila faríngea (adenoide). A porção média se refere à parte oral da 
faringe e é chamada de orofaringe, de modo que se abre na boca e na parte 
nasal da faringe. As tonsilas palatinas (amídalas) e linguais são encontradas 
nessa parte. A porção inferior é a parte laríngea da faringe, a qual apresenta 
uma ligação com o esôfago (canal do alimento) e a laringe (Figura 2) (JUN-
QUEIRA; CARNEIRO, 2013; TORTORA; DERRICKSON, 2016).
A laringe (caixa de voz) (Figuras 2 e 3) é um tubo de forma irregular, mais 
curto que a faringe, o qual é constituído de cartilagem e revestido pela túnica 
mucosa. Esse tubo conecta a faringe à traqueia. A laringe está localizada na 
linha mediana do pescoço, na parte anterior das vértebras cervicais. A parede 
anterior da laringe é constituída por cartilagem tireoideia (formada por carti-
lagem hialina), popularmente conhecida como pomo-de-adão (normalmente 
maior em homens). A epiglote é um prolongamento de tamanho considerável 
de cartilagem elástica recoberta por epitélio, sendo que o seu pecíolo está 
preso à margem anterior da cartilagem tireoideia e ao osso hioide. A porção 
larga superior da epiglote não é fixa, podendo se mover para cima (durante 
a respiração) e para baixo (durante a deglutição, a fim de tampar a laringe e 
direcionar o líquido/alimento para o sistema gastrintestinal). A parede inferior 
da laringe é constituída pela cartilagem cricoideia, a qual forma um anel de 
cartilagem hialina, sendo que ela compõe e está fixada ao primeiro anel de 
cartilagem da traqueia. Acima dessa cartilagem estão as cartilagens aritenoi-
deias pares (compostas principalmente por cartilagem hialina). 
3Sistema respiratório
Além dessas estruturas, a túnica mucosa da laringe forma dois pares de 
pregas: pregas vestibulares (pregas vocais falsas localizadas na parte superior) 
e pregas vocais (pregas vocais verdadeiras localizadas na parte inferior). Tais 
pregas são compostas por ligamentos elásticos que estão estendidos entre 
pedaços de cartilagem rígida e músculos implantados tanto na cartilagem 
quanto nas pregas vocais (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; TORTORA; 
DERRICKSON, 2016). 
Figura 2. Órgãos do sistema respiratório superior.
Fonte: Adaptada de Tortora e Derrickson (2016). 
Corte sagital do lado esquerdo da cabeça e do pescoço 
mostrando a localização das estruturas respiratórias
A traqueia (Figuras 1, 2 e 3) é um tubo que está localizado na parte ante-
rior do esôfago e se estende da laringe até os brônquios. A parede interna da 
traqueia é revestida pela túnica mucosa e sustentada por cartilagem. A camada 
de cartilagem contém de 16 a 20 anéis de cartilagem hialina no formato da 
letra C, estando a parte aberta voltada para o esôfago, o que permite que ocorra 
uma leve expansão em direção à traqueia no momento da deglutição. As partes 
sólidas proveem sustentação rígida para que a parede traqueal não colapse 
para dentro e não obstrua a via respiratória (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 
2013; TORTORA; DERRICKSON, 2016). 
Sistema respiratório4
A traqueia se ramifica e dá origem aos brônquios principais (maiores) 
direito e esquerdo (Figura 1 e 3). Esses brônquios entram nos pulmões pelo hilo 
pulmonar e cada brônquio supre um lobo pulmonar (um lado do pulmão). Pelo 
hilo também entram artérias e saem vasos linfáticos e veias. Em sua porção 
extrapulmonar, os brônquios apresentam a mesma estrutura observada na 
traqueia. Eles originam três brônquios no pulmão direito e dois no esquerdo, 
que são os chamados brônquios lobares. Esses brônquios lobares sofrem 
repetidas divisões, o que acaba gerando brônquios cada vez menores, como 
os brônquios segmentares. Os últimos ramos são chamados de bronquíolos 
(diâmetro de l mm ou menos). Cada bronquíolo penetra em um lobo pulmonar 
e se ramifica, dando origem de 5 a 7 bronquíolos terminais. Essas estruturas 
se assemelham a uma árvore e, por isso, toda essa organização é chamada de 
árvore bronquial (ou árvore brônquica). Cada bronquíolo terminal se subdivide 
em dois ou mais bronquíolos respiratórios, os quais dão início à porção respi-
ratória. Tais regiões são, portanto, a transiçãoentre as porções respiratória e 
condutora (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; TORTORA; DERRICKSON, 
2016). As estruturas citadas podem ser visualizadas na Figura 3.
Figura 3. Órgãos do sistema respiratório inferior.
Fonte: Adaptada de Tortora e Derrickson (2016). 
5Sistema respiratório
A porção respiratória (Figuras 3 e 4) é formada por estruturas no interior 
dos pulmões: bronquíolos respiratórios, ductos alveolares, sacos alveolares 
e alvéolos. Bronquíolos respiratórios são tubos curtos, às vezes ramifi-
cados, que apresentam estrutura semelhante à dos bronquíolos terminais, 
diferenciando-se apenas pela presença de numerosas expansões saculiformes 
constituídas por alvéolos. Os alvéolos apresentam paredes muito delgadas 
que facilitam a troca do gás carbônico (CO2) do sangue pelo oxigênio (O2) do 
ar inspirado por meio da respiração. A maior parte do parênquima pulmonar 
é constituída por alvéolos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; TORTORA; 
DERRICKSON, 2016). 
Figura 4. Porção respiratória.
Fonte: Tortora e Derrickson (2016, p. 453). 
Os pulmões (Figura 1 e 3) são órgãos localizados na caixa torácica. Eles 
apresentam o formato de cones esponjosos e se estendem do músculo diafragma 
até um pouco acima das clavículas, estando justapostos às costelas. O coração 
e as estruturas do mediastino promovem a separação desses dois órgãos. 
O pulmão esquerdo tem uma depressão devido à incisura do coração e é 
Sistema respiratório6
dividido em lobo superior e inferior. O pulmão direito, por sua vez, é dividido 
em lobo superior, médio e inferior. Os pulmões são envolvidos por membra-
nas chamadas de pleura (túnica serosa bilaminada que protege os pulmões). 
Entre a pleura parietal (externa) e a visceral (interna), circula o líquido pleural 
(líquido lubrificante que protege os pulmões e permite o movimento do órgão 
nas etapas de inspiração e expiração) (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Características histológicas das estruturas 
do sistema respiratório
A parede que reveste a porção condutora do sistema respiratório é comporta, 
basicamente, por uma combinação de cartilagem, tecido conjuntivo e tecido 
muscular liso. Esses tecidos proporcionam suporte estrutural, flexibilidade e 
extensibilidade ao sistema respiratório. A mucosa da parte condutora é revestida 
por um epitélio especializado: o epitélio respiratório. O epitélio respiratório é 
caracterizado por apresentar tecido ciliado pseudoestratificado colunar com 
muitas células caliciformes (Figura 5) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; 
MONTANARI, 2016; TORTORA; DERRICKSON, 2016). 
Figura 5. Principais componentes do epitélio respiratório (pseudoestratificado ciliado 
com células caliciformes).
Fonte: Junqueira e Carneiro (2013, p. 334).
7Sistema respiratório
O epitélio respiratório típico é composto por cinco tipos celulares: célula 
colunar ciliada, células caliciformes, células colunares em escova, células 
basais e células granulares. O tipo celular observado em maior quantidade é a 
célula colunar ciliada, a qual apresenta em torno de 300 cílios na superfície 
apical e, embaixo dos corpúsculos basais dos cílios, diversas mitocôndrias 
que fornecem energia na forma de adenosina trifosfato para os batimentos 
ciliares. Em segundo lugar, em maior quantidade celular, são encontradas 
as células caliciformes, as quais apresentam função de secreção de muco. 
A parte apical dessas células apresenta numerosas gotículas de muco composto 
de glicoproteínas. As células em escova recebem essa nomenclatura devido 
aos numerosos microvilos que podem ser visualizados nas suas superfícies 
apicais. Na base delas, existem terminações nervosas aferentes, sendo assim, 
são células consideradas receptores sensoriais. 
As células basais se apresentam pequenas e arredondadas quando compa-
radas às demais células do epitélio respiratório. Elas se encontram apoiadas na 
lâmina basal, mas não se estendem até a superfície livre do epitélio. Trata-se de 
células-tronco que se multiplicam de modo contínuo pelo processo de divisão 
celular (mitose) e, como consequência, originam os demais tipos celulares 
do epitélio respiratório. Por último, as células granulares, que são parecidas 
com as células basais, mas se diferenciam por conter numerosos grânulos de 
diâmetro de 100 a 300 nm (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Em relação às características histológicas de cada região do sistema res-
piratório, observam-se algumas diferenças: a cavidade nasal é revestida por 
mucosa com diferentes estruturas, de acordo com a área específica — vestíbulo, 
área respiratória e área olfatória (Figura 6). 
Sistema respiratório8
Figura 6. Cavidade nasal: vestíbulo (a), área respiratória (b) e 
área olfatória (c).
Fonte: Tatiana Shepeleva/Shutterstock.com.
a b
c
A mucosa do vestíbulo é uma continuação da pele do nariz, porém, o 
epitélio estratificado pavimentoso da pele logo perde a camada de queratina 
e o tecido conjuntivo da derme dá origem à lamina própria da mucosa. Nessa 
região, há pelos curtos (vibrissas) e secreção produzida pelas glândulas se-
báceas e sudoríparas. A área respiratória (maior parte da cavidade nasal) 
apresenta mucosa recoberta por epitélio pseudoestratificado colunar ciliado 
com muitas células caliciformes. Essa área apresenta glândulas mistas (serosas 
e mucosas) que produzem uma secreção que é lançada na superfície do epitélio. 
A superfície da parede lateral de cada cavidade nasal é irregular devido às 
conchas (cornetos). 
Nas conchas inferior e média, a lâmina própria contém um abundante 
plexo venoso. A área olfatória apresenta quimiorreceptores da olfação (ato de 
sentir cheiro). O epitélio olfatório é constituído por um neuroepitélio colunar 
pseudoestratificado que contém três tipos celulares: células de sustentação, 
células basais e células olfatórias. As células de sustentação são prismáticas 
9Sistema respiratório
(largas no ápice e estreitas na base) e contêm microvilos na superfície que se 
projetam para dentro da camada de muco que cobre o epitélio. Elas apresentam 
pigmento acastanhado que caracteriza a cor amarelo-castanha da mucosa 
olfatória. 
As células basais são as células-tronco (pequenas e arredondadas) que 
estão situadas na região basal do epitélio, entre as células olfatórias e as de 
sustentação. As células olfatórias são neurônios bipolares com extremida-
des (dendritos) que apresentam dilatações elevadas, das quais partem de 
6 a 8 cílios, sem mobilidade, que atuam como quimiorreceptores excitáveis 
pelas substâncias odoríferas e que ampliam a superfície receptora. Os axônios 
que nascem nas porções basais desses neurônios sensoriais se unem em feixes 
pequenos e seguem em direção ao sistema nervoso central. Além de abundantes 
vasos e nervos na lâmina própria dessa mucosa, há também glândulas ramifi-
cadas túbulo-acinosas alveolares e glândulas de Bowman (serosas). Os ductos 
dessas glândulas levam a secreção para a superfície epitelial (JUNQUEIRA; 
CARNEIRO, 2013; MONTANARI, 2016).
Os seios paranasais são revestidos por pouco epitélio do tipo respiratório, 
com poucas células caliciformes. A lâmina própria é constituída apenas por 
algumas glândulas pequenas e é contínua com o periósteo adjacente. Esses 
seios se comunicam com a cavidade nasal por meio de pequenos orifícios, 
desse modo, o muco produzido nelas é drenado para as fossas pela atividade 
das células epiteliais ciliadas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
A faringe na porção da nasofaringe é revestida por epitélio do tipo res-
piratório, enquanto na orofaringe o epitélio é estratificado pavimentoso. 
A laringe apresenta paredes com peças cartilaginosas irregulares, as quais 
estão unidas entre si por tecido conjuntivo fibroelástico. Essas cartilagens 
permitem que o lúmen da laringe permaneça sempre aberto, de modo a ga-
rantir a livre passagem do ar. As maiores peças cartilaginosas, a tireoide, a 
cricoide e a maior parte das aritenoides são do tipo hialino, sendo as demais 
do tipo elástico. As cordas vocais falsas apresentam lâmina própria frouxa e 
numerosasglândulas, ao passo que as cordas vocais verdadeiras apresentam 
tecido conjuntivo muito elástico. O revestimento epitelial não é uniforme ao 
longo de toda a laringe. Na face ventral e na parte da face dorsal da epiglote, 
bem como nas cordas vocais verdadeiras, o epitélio corre risco de atritos e 
Sistema respiratório10
desgaste, sendo, portanto, do tipo estratificado pavimentoso não queratinizado. 
Nas demais regiões, o epitélio é do tipo respiratório. A lâmina própria é rica 
em fibras elásticas e contém pequenas glândulas mistas (serosas e mucosas), 
as quais não são localizadas nas cordas vocais verdadeiras (JUNQUEIRA; 
CARNEIRO, 2013; MONTANARI, 2016). 
A traqueia é um tubo revestido internamente por epitélio do tipo respi-
ratório, enquanto a lâmina própria é formada por tecido conjuntivo frouxo 
com uma quantidade significativa de fibras elásticas. Ela é constituída por 
glândulas seromucosas, nas quais os duetos se abrem no lúmen traqueal. 
A secreção produzida por essas glândulas e pelas células caliciformes forma 
um tubo viscoso contínuo que é levado em direção à faringe por meio de 
movimentos ciliares. Além das cartilagens hialinas no formato da letra C, 
há ligamentos fibroelásticos (que impedem a excessiva distensão do lúmen) 
e feixes de músculo liso (os quais permitem a regulação do lúmen) que se 
ligam ao pericôndrio e prendem as porções abertas das peças cartilaginosas. 
Externamente, a traqueia é revestida por um tecido conjuntivo frouxo, de 
forma que a camada adventícia que une o órgão aos tecidos adjacentes é 
compreendida (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; MONTANARI, 2016). 
Na Figura 7, é possível observar uma imagem histológica do epitélio da traqueia.
Os dois brônquios primários são revestidos por tecido conjuntivo denso. 
Conforme vão se ramificando, diminuindo de tamanho e se aproximando 
da porção respiratória, maior é a simplificação na estrutura do sistema de 
condutos, sendo assim, a altura do epitélio vai sendo gradualmente reduzida. 
Nos ramos maiores dos brônquios, o epitélio pode ser cilíndrico simples 
ciliado, a lâmina própria rica em fibras elásticas e, em seguida da mucosa, 
uma camada muscular lisa ser formada por feixes musculares dispostos em 
espiral. Na parte externa dessa camada muscular, glândulas seromucosas são 
observadas, cujos duetos se abrem no lúmen brônquico. As peças cartilaginosas 
são envolvidas por tecido conjuntivo rico em fibras elásticas que continuam 
pelo tecido pulmonar adjacente. Na camada adventícia e na mucosa, podem 
ser observados linfócitos (células de defesa) acumulados. Nos pontos de rami-
ficação da árvore brônquica, comumente se encontram os nódulos linfáticos 
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; MONTANARI, 2016). Observe algumas 
camadas e estruturas na Figura 8.
11Sistema respiratório
Figura 7. Epitélio da traqueia.
Fonte: Junqueira e Carneiro (2013, p. 338).
Sistema respiratório12
Figura 8. Epitélio dos brônquios primários.
Fonte: Junqueira e Carneiro (2013, p. 340).
Os bronquíolos, por sua vez, não apresentam cartilagem, glândulas ou 
nódulos linfáticos. O epitélio dessas estruturas é cilíndrico simples ciliado no 
início, passando a cúbico simples, ciliado ou não, na região final. As células 
caliciformes diminuem em número, podendo até mesmo estar ausentes. Elas 
apresentam corpos neuroepiteliais constituídos por 80 a 100 células cada. Esses 
corpos neuroepiteliais contêm grânulos de secreção e recebem terminações 
nervosas colinérgicas (provavelmente quimiorreceptores) que reagem às alte-
rações na composição dos gases que chegam aos pulmões. A lâmina própria 
dos bronquíolos é delgada e rica em fibras elásticas. Em sequência à mucosa, 
há uma camada muscular lisa na qual células se entrelaçam com as fibras 
elásticas e estendem para fora, tendo continuidade com a estrutura esponjosa 
do parênquima pulmonar. Os bronquíolos terminais apresentam paredes 
revestidas internamente por epitélio colunar baixo ou cúbico com células 
ciliadas e não ciliadas, além das células de Clara — que não são ciliadas —, 
apresentam grânulos secretores em suas porções apicais e liberam proteínas 
que protegem o revestimento dos bronquíolos de inflamações e poluentes. 
13Sistema respiratório
Os bronquíolos respiratórios nas porções não ocupadas pelos alvéolos 
são revestidos por epitélio simples, que varia de colunar baixo a cuboide, 
podendo ainda apresentar cílios na porção inicial, além de também conter 
células de Clara. O músculo liso e as fibras elásticas formam uma camada 
mais delgada do que a do bronquíolo terminal (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 
2013; MONTANARI, 2016).
Os ductos alveolares e os próprios alvéolos são revestidos por epitélio 
simples plano, cujas células são extremamente delgadas. Nas bordas dos 
alvéolos, a lâmina própria apresenta feixes de músculo liso, ao passo que os 
ductos alveolares mais distais não apresentam músculo liso. As fibras elásticas 
e as fibras reticulares dão suporte aos ductos e aos alvéolos para a distensão e 
a contração durante a respiração. Em geral, os alvéolos são pequenas bolsas, 
abertas de um lado, com paredes constituídas por camada epitelial fina apoiada 
em um tecido conjuntivo delicado, no qual há muitos capilares sanguíneos. 
Essa parede alveolar é comum a dois alvéolos adjacentes, constituindo o septo 
interalveolar. Essa estrutura tem duas camadas de pneumócitos (principalmente 
tipo 1) que são separadas pelo interstício de tecido conjuntivo com fibras 
reticulares e elásticas, pela substância fundamental e células do conjuntivo e 
pela rede de capilares sanguíneos. 
A parede interalveolar é formada por três tipos celulares principais: células 
endoteliais dos capilares, pneumócitos tipo I (célula alveolar pavimentosa) e 
pneumócitos tipo II (células septais). As células endoteliais dos capilares são 
as mais numerosas e têm o núcleo mais alongado que o dos pneumócitos, além 
disso, seu endotélio é do tipo contínuo, não fenestrado. O pneumócito tipo I 
apresenta núcleo achatado com ligeira saliência para o interior do alvéolo, seu 
citoplasma é extenso e delgado, exceto na região perinuclear, e ele apresenta 
desmossomos, ligando células adjacentes e zônulas de oclusão que impedem a 
passagem de fluidos do espaço tecidual (interstício) para o interior dos alvéolos. 
Os pneumócitos tipo II são encontrados entre os pneumócitos tipo l. Juntos, 
eles formam desmossomos e junções motivas, que são células arredondadas 
que ficam sempre sobre a membrana basal do epitélio alveolar, normalmente 
em grupos de duas ou três células, nos pontos em que as paredes alveolares se 
tocam. O núcleo dos pneumócitos tipo II é maior e mais vesicular em relação 
às demais células da parede interalveolar, sendo que o citoplasma é mais 
espesso que o tipo I, além de aparecer vacuolizado em análise microscópica 
óptica. Essas células contêm retículo endoplasmático granuloso desenvol-
vido e microvilos na sua superfície livre e apresentam corpos multilamelares 
(l a 2 μm de diâmetro) que originam o material que se espalha sobre a super-
Sistema respiratório14
fície dos alvéolos. Esse material forma uma camada extracelular nos alvéolos, 
chamada de surfactante pulmonar (hipofase aquosa e proteica, coberta por 
uma camada monomolecular de fosfolipídios) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 
2013; MONTANARI, 2016). O tecido alveolar pode ser visto na Figura 9.
Figura 9. Epitélio dos alvéolos: capilar sanguíneo, pneumócitos tipo I e pneumócitos tipo II.
Fonte: Junqueira e Carneiro (2013, p. 346).
Função do sistema respiratório e das suas 
estruturas e a sua relação com os outros órgãos
Em geral, o sistema respiratório tem as seguintes funções: realizar as trocas 
gasosas (promovidas pela porção respiratória), proporcionando o movimento 
de por o oxigênio para dentro do organismo e expelir gás carbônico para o 
meio exterior; conduzir o ar pelas vias respiratórias; proteger as superfícies 
respiratórias de desidratação, mudanças de temperatura e demais alterações 
ambientais; proteger contra a invasão de patógenose outras substâncias; 
produzir sons envolvidos com a fala; auxiliar o olfato por meio de receptores 
olfatórios; auxiliar na regulação do volume sanguíneo, da pressão arterial e 
do controle do pH dos líquidos corporais. 
15Sistema respiratório
Em relação às estruturas desse sistema, as partes internas do nariz são 
responsáveis por três funções básicas: filtrar (limpar), aquecer e umedecer 
o ar inspirado para que ele seja conduzido para dentro dos pulmões (medida 
de proteção para as estruturas mais delicadas do pulmão que são os alvéolos) 
e detectar odores por estímulos olfatórios e modificar as vibrações dos sons 
da fala. 
Quando o ar é inspirado e entra pelas narinas, ele passa por pelos curtos e 
grossos (vibrissas) da cavidade nasal e pelo conteúdo de secreção produzido 
pelas glândulas sebáceas e sudoríparas que constituem uma barreira contra 
a penetração de partículas grosseiras nas vias respiratórias. As secreções 
produzidas também promovem limpeza geral da área e facilitam o acesso de 
substâncias odoríferas. Os receptores olfatórios se encontram na membrana 
que reveste as conchas nasais superiores e o septo adjacente, o que permite que 
os cheiros sejam sentidos pela ligação do sistema respiratório com o sistema 
nervoso sensorial. Além disso, o ar que passa pelas conchas nasais é aquecido 
pelo sangue que circula nos capilares (abundantes nessa região) para facilitar sua 
chegada aos pulmões de modo seguro (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 
2009; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; TORTORA; DERRICKSON, 2016). 
A faringe tem como função realizar a passagem do ar e de alimentos, 
além de prover uma câmara de ressonância para os sons da fala e abrigar as 
tonsilas (estruturas pertencentes ao sistema linfático que são importantes 
para as respostas imunes e de defesa do organismo). A nasofaringe troca ar 
com as cavidades nasais e, desse modo, acaba recebendo muco e poeira, no 
entanto, os cílios do seu epitélio movem essas partículas em direção à boca. 
A nasofaringe ainda troca pequenas quantidades de ar com as tubas auditivas, 
igualando a pressão do ar entre a orelha média e a atmosfera. A orofaringe e a 
parte laríngea também permitem a passagem de ar e alimentos (TORTORA; 
DERRICKSON, 2016). 
A laringe é responsável por proteger a epiglote, abrindo ou fechando de 
acordo com o que está sendo passado pelo canal, seja ar ou alimento. Além 
disso, por conter as cordas vocais, sua função também inclui a produção de 
som. As pregas vocais vestibulares, em particular, sustentam a respiração 
sob pressão na caixa torácica quando há necessidade de uso de força para 
levantar um objeto pesado, mas não produzem som. Em contrapartida, as 
pregas vocais propriamente ditas produzem som durante a fala e o canto. 
O som é produzido pela contração dos músculos das cordas vocais, os quais 
tracionam os ligamentos elásticos fortemente, movendo as pregas vocais em 
direção à via respiratória, por consequência, o ar empurrado contra as pregas 
vocais vibra e produz ondas sonoras no ar na faringe, no nariz e na boca 
Sistema respiratório16
(quanto maior a pressão de ar gerada, mais alto é o som produzido). O tom é 
controlado pela tensão das pregas vocais, sendo que, quando esticadas, elas 
vibram mais rapidamente e geram um tom mais alto, enquanto os mais baixos 
são resultados da redução da tensão muscular (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 
2013; TORTORA; DERRICKSON, 2016). 
A traqueia também tem função de conduzir o ar até os pulmões. A túnica 
mucosa da traqueia fornece a mesma proteção contra poeira e demais par-
tículas para a cavidade nasal e a laringe. A diferença é que os cílios na via 
respiratória superior, por meio dos batimentos ciliares, movem o muco e os 
compostos aprisionados para baixo, em direção à faringe, enquanto os cílios 
na via respiratória inferior movem o muco e as partículas aprisionadas para 
cima em direção à faringe. Quando algum corpo estranho, substância irritante 
ou secreção acumulada estão na laringe ou chegam até a traqueia ou os brô-
nquios, ocorre o reflexo da tosse. Com a tosse, há aumento da velocidade do 
ar expirado, tornando-se mais fácil expulsar o material invasor ou acumulado. 
O reflexo do espirro se assemelha ao da tosse, mas se aplica mais especifi-
camente às vias aéreas superiores (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 
2009; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; TORTORA; DERRICKSON, 2016).
As vias respiratórias também apresentam outro sistema de defesa contra o 
meio externo, além de produzir muco e reflexos, que é a barreira linfocitária 
de função imunitária. Essa barreira compreende tanto linfócitos isolados como 
acúmulos linfocitários ricos em plasmócitos, que são os nódulos linfáticos e os 
linfonodos (estruturas pertencentes ao sistema linfático para defesa celular do 
organismo). Tais componentes se encontram distribuídos na porção condutora 
do sistema respiratório (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Há algumas células nos bronquíolos, como as células de Clara, que secretam 
proteínas que protegem o revestimento bronquiolar contra alguns poluentes 
do ar inspirado e inflamações. Os brônquios e os bronquíolos também con-
trolam a passagem de ar. Movimentos involuntários (contração e expansão) 
da musculatura dos bronquíolos alteram o diâmetro dos brônquios, causando 
resistência ao fluxo de ar. Os alvéolos também promovem essa movimentação 
conforme há entrada e saída de ar pelas vias aéreas, auxiliando nas trocas 
gasosas. A função primordial dos alvéolos é a troca gasosa para saída de gás 
carbônico e entrada de oxigênio (difusão gasosa). Essa troca permite que o 
sangue seja oxigenado e o oxigênio distribuído pelos tecidos por intermédio 
do sistema circulatório. Os pulmões também apresentam a capacidade de se 
expandir para que o ar entre temporariamente e, em seguida, seja expulso para 
o meio exterior (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009; JUNQUEIRA; 
CARNEIRO, 2013; TORTORA; DERRICKSON, 2016). 
17Sistema respiratório
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2013. 
MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLITSCH, R. B. Anatomia humana. 6. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2009. (Série Martini).
MONTANARI, T. Histologia: texto, atlas e roteiro de aulas práticas. 3. ed. Porto Alegre: 
Ed. do autor, 2016. Disponível em: http://professor.ufrgs.br/tatianamontanari/publica-
tions/histologia-texto-atlas-e-roteiro-de-aulas-pr%C3%A1ticas. Acesso em: 9 set. 2019.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2016. 
Sistema respiratório18

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