Prévia do material em texto
1 SEPSE – EMERGÊNCIA INTRODUÇÃO: SEPSIS-3: REAÇÃO INFLAMATÓRIA DESREGULADA SECUNDÁRIA A UMA INFECÇÃO. • Extremamente prevalente, com elevada morbidade e mortalidade e altos custos. Seu reconhecimento precoce e tratamento adequado são fatores primordiais para a mudança deste cenário. • Após a publicação do consenso Sepse-3, sepse passou a ser definida pela presença de uma disfunção orgânica ameaçadora à vida secundária a uma resposta desregulada do organismo ao quadro infeccioso vigente. • Tal disfunção é definida pela presença do aumento de 2 ou mais pontos no escore SOFA (Sequential Organ Failure Assessment). • As principais disfunções orgânicas são: • Hipotensão (PAS < 90 mmHg ou PAM < 65 mmHg ou queda de PA > 40 mmHg). • Oligúria (≤0,5mL/Kg/h) ou elevação da creatinina (>2mg/dL); • Relação PaO2/FiO2 < 300 ou necessidade de O2 para manter SpO2 > 90%; • Contagem de plaquetas < 100.000/mm³ ou redução de 50% no número de plaquetas em relação ao maior valor registrado nos últimos 3 dias; • Lactato acima do valor de referência; • Rebaixamento do nível de consciência, agitação, delirium; • Aumento significativo de bilirrubinas (>2X o valor de referência). SÍNDROME DE RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA: • É definida pela presença de no mínimo dois dos sinais abaixo: (MÉTODO DE TRIAGEM para paciente com suspeita de infecção) *** não está mais incluído no SEPSIS 3 • Temperatura central > 38,3º C ou < 36ºC OU equivalente em termos de temperatura axilar; • FC > 90 bpm; • FR > 20 irpm, ou PaCO2 < 32 mmHg; • Leucócitos totais > 12.000/mm³; ou < 4.000/mm³ ou presença de > 10% de formas jovens (desvio à esquerda). • A SRIS não faz mais parte dos critérios para definição da presença de sepse. • Instrumento de triagem para a identificação de pacientes com infecção e, potencialmente, sob risco de apresentar sepse ou choque séptico • TODA SEPSE É GRAVE. • NÃO EXISTE MAIS O CONCEITO DE SEPSE GRAVE. CHOQUE SÉPTICO: • Sepse associada à persistência de hipotensão, necessitando de vasopressores para manter PAM ≥ 65mmHg e com um nível de lactato sérico >2mmol/L apesar da reposição volêmica adequada. • Etiologia: • Pneumonia ou infecções de foco pulmonar • Infecções abdominais • Hematológicas • Trato genitourinário • Os organismos causadores mais frequentes Staphylococcus aureus (gram –positivo), Pseudomonas, Escherechia coli (gram-negativo). • Quadro Clínico: • Calafrios • Febre • Fraqueza • Hipotensão • Taquicardia • Oligúria • Rebaixamento do nível de consciência • Fisiopatologia: CIRCULAÇÃO DE MEDIADORES PRÓ-INFLAMATÓRIOS -> GERA UM PROCESSO INFLAMATÓRIO SISTÊMICO -> CAUSANDO DISFUNÇÃO ORGâNICA -> QUE CAUSA A SEPSE. O PROCESSO INFLAMATÓRIO SISTÊMICO TAMBÉM GERA UMA LESÃO ENDOTELIAL-> GERA LIBERAÇÃO DE ÓXIDO NÍTRICO -> QUE LEVA A VASODILATAÇÃO-> REDUZINDO A RESISTÊNCIA VASCULAR SISTÊMICA (CARACTERÍSTICA DO CHOQUE DISTRIBUTIVO). A LESÃO ENDOTELIAL TAMBEM IMPACTA NA PERMEABILIDADE VASCULAR - >AUMENTANDO-A. 2 SEPSE – EMERGÊNCIA DIAGNÓSTICO; • Sequential Sepsis-related Organ Failure Assessment (SOFA): um score que avalia disfunção de 6 sistemas do corpo através de exames laboratoriais (0 A 24 TOTAL). • O quick SOFA (qSOFA), que avalia 3 critérios para avaliar precocemente pacientes graves com suspeita de sepse em ambientes de emergência, ou à beira-leito. Considera-se como alterado um qSOFA ≥ 2 (CRITÉRIO DE ALTO RISCO PARA SEPSE). • NÃO É SUFICIENTE PARA FAZER O DIAGNÓSTICO DE SEPSE, MAS AJUDA A SUSPEITAR. FERRAMENTA DE TRIAGEM. EXAMES LABORATORIAIS: • Exames gerais e séricos que podem ser solicitados são: • Hemograma, ureia e creatinina, eletrólitos, glicemia, AST, ALT e bilirrubinas, gasometria arterial, lactato, proteína C-reativa, radiografia de tórax e eletrocardiograma. • Exames complementares para o diagnóstico microbiológico incluem: • Dois pares de hemocultura (1 par deve ser colhido do acesso central sempre que esse tenha sido inserido há mais de 48h), sumário de urina e urocultura, cultura de local suspeito, além de exames de imagem para confirmar uma potencial origem da infecção, se houver suspeita clínica. TRATAMENTO: • Diagnóstico precoce da sepse • Atendimento em sala de emergência • Monitorização não invasiva • Suporte de O2 (se necessário) • Antibioticoterapia precoce e adequada • Acesso venoso periférico e central (após estabilização) • Ressuscitação volêmica • Utilização de vasopressores (se necessário) • Investigação do foco infeccioso • Transferência para UTI PACOTE DE 1H: 1. MEDIR O LACTATO 2. COLHER CULTURAS 3. ADMINISTRAR ANTIBIOTICOTERAPIA 4. ADMINISTRAR CRISTALOIDES 30 ML/KG 5. VASOPRESSORES PARA PAM > 65 MMHG CULTURAS: • NÃO ATRASAR ANTIBIOTICOTERAPIA • FOCO SUSPEITO + HEMOCULTURA • EXAMES COMPLEMENTARES PARA IDENTIFICAR O FOCO MAIS PROVÁVEL. ANTIBIÓTICO: • ADMINISTRA ANTIBIÓTICO DE AMPLO ESPECTRO RAPIDAMENTE • PARA COBRIR OS PATÓGENOS MAIS PROVAVÉIS • RETIRAR FOCO INFECCIOSO • DESCALONAR ANTIBIOTICOTERAPIA VOLUME: • 30 ML/KG • CRISTALÓIDES BALANCEADOS (RINGER LACTATO, MENOS CLORO QUE O SORO FISIOLÓGICO) 3 SEPSE – EMERGÊNCIA • SEMPRE AVALIAR A FLUIDORRESPONSIVIDADE • A avaliação do estado hemodinâmico deve ser feita com monitorização da FC, da PA, exame cardiovascular, tempo de enchimento capilar, avaliação de pele e mucosas. VASOPRESSORES: • SE NÃO RESPONDEU A EXPANSÃO VOLÊMICA • PAM ALVO > 65 MMHG • INICIA VASOPRESSOR • DROGA DE ESCOLHA: NORADRENALINA INOTRÓPICOS: • QUANDO INICIAR? SINAIS DE HIPOPERFUSÃO APESAR DE VOLEMIA E PAM ADEQUADOS e DISFUNÇÃO MIOCÁRDICA CORTICÓIDE: • CHOQUE REFRATÁRIO • HIDROCORTISONA 50 MG 6/6HORAS, TOTALIZANDO 200 MG/DIA. • Transfusão: Hb < 7g/dL. TRATAMENTO: • Em casos de necessidade de intubação, a indução rápida na sequência deve ser feita com quetamina e etomidato, sendo preferível. Evitar propofol, midazolam ou fentanil por serem cardiodepressores / hipotensores. • A recomendação para controle glicêmico é de manter glicemia <180 mg/dL, e se necessário, insulina de ação rápida. • Profilaxia para úlcera de estresse em pacientes com ventilação mecânica por mais de 48 horas, coagulopatias ou choques- (omeprazol). • Profilaxia de trombose venosa profunda (TVP) – enoxaparina ou heparina ou compressão pneumática. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: • Respostas semelhantes no aumento da temperatura, alterações nas frequências cardíaca e respiratória, pressão arterial média. • Cardiovascular: insuficiência cardíaca aguda e choque cardiogênico; • Pulmonar: embolia pulmonar e síndrome do desconforto respiratório agudo; • Neurológico: hemorragia subaracnóidea; • Abdome: pancreatite aguda; • Variadas ou sistêmicas: crise addisoniana, anafilaxia e intoxicação aguda. PONTOS IMPORTANTES: • Nova definição de sepse: infecção – documentada ou suspeitada – e aumento de 2 ou mais pontos no escore SOFA; • Choque séptico é caracterizado por um quadro de sepse no qual é necessário o uso de vasopressor para manter a PAM ≥ 65 e lactato < 2 mmol/L; • Critérios do qSOFA: presença de 2 ou mais dos seguintes critérios: FR ≥ 22 IPM, PAS ≤ 100 mmHg e escala de Glasgow < 15; • As manifestações clínicas de sepse podem ser as mais variadas e irão depender do sítio da infecção, idade, comorbidades do paciente e do agente etiológico; • Não existem exames laboratoriais específicos para o diagnóstico de sepse; • A antibioticoterapia deve ser iniciada precocemente, uma vez que possui impacto direto e significativo na mortalidade; • Uma PAM ≤ 65mmHg jamais deve ser tolerada; • Em caso de intubação orotraqueal necessária, deve-se evitar uso de fentanil, midazolam ou proporfol, visto que há risco de se agravar a hipotensão. Nesse sentido, utiliza-se quetamina ou etomidato e succinilcolina ou rocurônio.4 SEPSE – EMERGÊNCIA