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tutoria 7 – tudo dói objetivos: 1. Descrever a dor oncológica (epidemiologia, etiopatologia, mecanismos, pós-operatória, radioterapia) 2. Descrever o cancer de próstata (epidemiologia, Q.C, diagnóstico, tratamento) 3. Elaborar um fluxo de diagnóstico e tratamento da dor oncológica. 4. Descrever a escala da dor (OMS) 5. Conceituar cuidados paliativos (OMS) – princípios e diretrizes) 6. Discutir esquema terapêutico alternativos aos opioides. Zolmesta ele faz inibição da lise óssea** a cada três meses Cuidados paliativos O cuidado paliativo é a abordagem que visa a promoção da qualidade de vida de pacientes e seus familiares, através da avaliação precoce e controle de sintomas físicos, sociais, emocionais, espirituais desagradáveis, no contexto de doenças que ameaçam a continuidade da vida. A assistência é realizada por uma equipe multiprofissional durante o período do diagnóstico, adoecimento, finitude e luto. Princípios I - Início dos cuidados paliativos o mais precocemente possível, juntamente com o tratamento modificador da doença, e início das investigações necessárias para melhor compreender e controlar situações clínicas estressantes; II - Promoção do alívio da dor e de outros sintomas físicos, do sofrimento psicossocial, espiritual e existencial, incluindo o cuidado apropriado para famíliares e cuidadores; III - afirmação da vida e aceitação da morte como um processo natural; IV - Aceitação da evolução natural da doença, não acelerando nem retardando a morte e repudiando as futilidades diagnósticas e terapêuticas; V - Promoção da qualidade de vida por meio da melhoria do curso da doença; VI - Integração dos aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente; VII - oferecimento de um sistema de suporte que permita ao paciente viver o mais autônomo e ativo possível até o momento de sua morte; VIII - oferecimento de um sistema de apoio para auxiliar a família a lidar com a doença do paciente e o luto; IX - Trabalho em equipe multiprofissional e interdisciplinar para abordar as necessidades do paciente e de seus familiares, incluindo aconselhamento de luto, se indicado; X - Comunicação sensível e empática, com respeito à verdade e à honestidade em todas as questões que envolvem pacientes, familiares e profissionais; XI - respeito à autodeterminação do indivíduo; XII - promoção da livre manifestação de preferências para tratamento médico através de diretiva antecipada de vontade (DAV); XIII - esforço coletivo em assegurar o cumprimento de vontade manifesta por DAV (Diretivas Antecipadas de Vontade) Cancer de próstata O cancer de próstata é a segunda neoplasia mais comum entre os homens. Cerca de 900 mil homens são diagnosticados com essa doença por ano → pode bater 1,7 milhões até 2030. É uma doença da população mais velha e está mais prevalente nos países desenvolvidos. Mortalidade → sexta causa de morte no mundo, sendo que em 2030 estima que chegue a aproximadamente 500 mil mortes por ano, sendo os países subdesenvolvidos os locais com mais morte Brasil → excetuando-se o cancer de pele não melanoma, o cancer de próstata é o segundo mais comum → região sudeste é a mais prevalente Idade é o único fator de risco bem estabelecido mostrando aproximadamente 62% dos casos diagnósticados no mundo em homens acima de 65 anos. Fisiopatologia/manifestações clínicas A próstata é uma glândula pertencente ao grupo de glândulas sexuais acessórias do aparelho reprodutor masculino, situada entre a bexiga e o reto. Sua função compreende secretar o líquido prostático, que é formado por inúmeras enzimas proteolíticas, como o antígeno prostático específico (PSA) e, também por outras substâncias essenciais para a produção de energia e sobrevivência do espermatozoide. O desenvolvimento do cancer de próstata ocorre pela multiplicação desordenada de células do tecido que podem originar, na sequência, metástases com capacidade de invadir órgãos vizinhos e potencial de se espalharem pelo corpo por meio dos sistemas linfáticos e sanguíneos. Por motivos inconclusivos, o crescimento da próstata (hiperplasia benigna) é mais acelerado em uns e outros mais lentos, mas a partir dos 50 anos este crescimento é maior. Fase inicial → tumores são normalmente assintomáticos e podem ser identificados em decorrência da elevação do PSA e toque retal alterado. Mas pode apresentar como crescimento benigno e dificuldade para urinar Demora em iniciar ou finalizar o jato Diminuição do jato urinário Necessidade de urinar mais vezes durante o dia Presença de sangue na urina Fase avançada → dor óssea, dificuldade para urinar e, também pode caracterizar-se por infecção generalizada ou insuficiência renal. Os níveis de PSA parecem se relacionar com o avanço do estágio clínico e patológico da doença e, aparentemente, níveis baixos sugerem um prognóstico mais favorável enquanto mais altos indicam uma doença generalizada com baixa expectativa de vida Diagnóstico É uma doença silenciosa por isso é comum a ausência de sintomas associados. Quando estão presentes as principais queixas são em relação a micção ou, em estágio avançados do estadiamento, dor óssea e astenia. Rastreamento → fonte de detecção precoce → toque retal juntamente com PSA. Diretrizes não trabalham com um valor específico de corte para PSA, podendo ser entre 2,5 ng/ml e 4,0 ng/ml; no entanto, os resultados estão sempre associados ao riscos individual dos pacientes. Fatores que alertam o médico para possível neoplasia prostática → idade acima de 50 anos para pacientes sem histórico familiar e não negros, e acima de 45 anos para os que apresentam histórico familiar de cancer prostático em parentes de primeiro grau e em afrodescendentes; bem como PSA maior que 1ng/mL aos 40 anos e valores maiores que 2ng/ml em homens de 60 anos. É importante ressaltar que valores elevador de PSA significam possível aumento no volume prostático, podendo ser gerados por fatores malignos ou não, consequentemente tal exame complementa as limitações físicas do toque retal e serve como indicativo para que haja investigação mais aprofundada. Porém o PSA tem baixa especificidade →→ valores entre 2,6 e 10, ng/ml pertencem zona de incerteza →→ submissão a biópsia é desnecessária A fim de minimizar isso é pedido o exame de densidade do PSA, que consiste na divisão entre a concentração de PSA livre e o volume prostático, medido através de USG Biopsia guiada por USG é um procedimento de retira cerca de 12 fragmentos de várias partes da próstata e através dela é comprovada ou não a presença histopatológica de neoplasia prostática. Tratamento No tratamento para o CAP envolve combinação de cirurgia, radiação e quimioterapia. Escolha do tratamento Baseada na esperança de vida do doente PSA Escore de gleason Estádio da doença Comorbidades Efeitos secundários Preferencia do doente O PSA e o gleason permitem estratificar o paciente em categorias, consoante sua possibilidade de cura → grupos de risco Modalidades de tratamento para terapêutica → cirurgia e radioterapia Cancer de próstata localizado → radioterapia definitiva e prostatectomia radical → porém o último é raramente proposto em idosos. Novas modalidades de tratamento →exclusão androgênica → quando combinada com a radioterapia ocorre uma supressão androgênica → alguns estudos mostraram a redução de mortalidade no cancer de próstata de alto risco e melhora da radiossensibilização com a combinação de terapia de privação de andrógeno com radioterapia Cancer em metástase → radioterapia esterotáxica ablativa → altos danos à célula tumoral e impede a repopulaçãoneoplásica, um dos fenômenos mais importantes relacionados à recidiva local Quimioterapia → drogas que atinjam as células em diferentes estágios do ciclo celular → docetaxel, cabazitaxel, mitoxantrona Docetaxel → em pacientes avançados → impedem a formação do fuso mitótico durante a mitose Terapia direcionada para os ossos → podem ser usados para ajudar a aliviar a dor óssea ou reduzir o risco de problemas ósseos Denosumabe (Prolia) Ácido zoledrônico (Zometa) Alendronato (Fosamax) Pacientes tem que ser submetidos a uma triagem para osteoporose com um exame de densidade mineral óssea → alguns tratamentos podem causar perda óssea Dor oncológica De todos os sintomas do paciente oncológico, a dor é sempre o mais temido. O sofrimento desses pacientes é resultado da interação da percepção dolorosa associada à incapacidade física, ao isolamento social e familiar, às preocupações financeiras, ao medo da mutilação e da morte, definindo o quadro de dor total. Aproximadamente 50% de todos os pacientes portadores de neoplasia maligna apresentam dor em alguma fase de sua doença, elevando- se para 70% quando os pacientes estão em estágios avançados. A cada ano são diagnósticados 11 milhões de novos casos em todo o mundo. Cancer tem elevada morbidade e mortalidade e de prevalência crescente no país. Mortalidade da neoplasia maligna é calculada em 7 milhões a cada ano. Aumento da mortalidade por cancer varia de região para região → fatores de risco → tabagismo, as dietas insalubres, a redução da atividade física e o aumento da expectativa de vida. Homens → cancer de pele não melanoma, cancer de próstata, pulmão, estômago e cólon e reto Mulheres → cancer de pele não melanoma, mama, colo do útero, cólon e reto e pulmão. Etiologia No brasil → a maioria dos canceres são diagnósticados em fase avançada → aumento da síndrome dolorosa relacionada ao cancer. Das síndromes dolorosas 62 a 78% → devidas ao tumor, por infiltração ou invasão tumoral direta ou por metástases. 19 a 28% → são devidas ao diagnóstico e tratamentos do cancer, por iatrogenia e complicações inerentes aos métodos diagnósticos e terapêuticos 3 a 10% → não estão relacionadas ao tumor, nem ao tratamento instituído Muitas vezes é difícil diagnosticar pois a maioria possui múltiplas etiologias e várias fontes de dor. Dor causada pelo tumor 1. Infiltração óssea Causa mais comum de dor Manifestação → localmente ou à distância, pelo mecanismo de dor referida. As metástases ósseas mais comuns são as proveniente dos tumores de mama, próstata e pulmão A dor ocorre por conta de estimulação nociva nos nociceptores no periósteo. O crescimento do tumor ou fraturas secundárias podem fazer lesão, compressão, tração ou laceração das estruturas nervosas, ocasionando dor isquêmica, dor neuropática periférica ou dor mielopática. Sintomas: sensação de dolorimento constante, profundo, às vezes contínuo e surge com os movimentos (dor incidental). 2. Compressão ou infiltração de nervos periféricos A infiltração ou compressão de troncos, plexos e/ou raízes nervosas pelo tumor, linfonodos e fraturas podem determinar dor aguda de forte intensidade → causando plexopatia, radiculopatia ou neuropatia → dor na estrutura nervosa acometida → sintoma de queimação, contínua, hiperestesia, disestesia perda progressiva da sensibilidade. As neoplasias de cabeça e pescoço ou as lesões metastáticas para os linfonodos cervicais podem comprimir os plexos cervicais = dor local lancinante com disestesia, irradiada para região da nuca ou retroauricular, ombro ou mandíbula Comprometimento do plexo braquial → ocorre em 2,5 a 4,5 dos pacientes com tumores de mama, ápice de pulmão e linfomas (metástases axilares e supraclaviculares), ocasiona dor no ombro e braço no dermátomo das raízes nervosas de C8-T1 → diagnóstico diferencial entre plexopatia induzida pelo tumor ou plexopatia induzida pela radiação. Plexopatia sacrolombar → comum em neoplasias de colo uterino e próstata, sarcoma da pele e metástases de tumores distantes → sintomas: dor em sensação de peso, pressão e queimação, inicialmente na região sacral, região posterior da coxa e região perineal, associada ou não a alterações da função esfincteriana anal e vesical, e, posteriormente, na panturrilha e calcanhar → estão envolvidos mecanismos de dor por nocicepção, gerado por persistente estímulo nocivo (lesivo) mecânico de alta intensidade pela expansão tumoral e mecanismos de desaferentação pela lesão dos nervos e membranas nervosas. Obs: desaferentação → definida como a perda parcial ou total da atividade neural aferente em uma região específica do corpo devido à remoção de parte de uma via neural. 3. Infiltração do neuroeixo (SNC) Pode ocorrer dor por invasão tumoral na medula espinal, no encéfalo e em suas meninges. A dor radicular surge por compressão ou infiltração da medula espinal, com alteração motora, sensitiva e autonômica distais ao local da lesão. Podemos observar, além da dor radicular, a primeira manifestação do comprometimento raquimedular, a dor mielopática localizada e a dor-fantasma. Compressão medular → emergência médica, necessitando de tratamento de radioterapia ou descompressão cirúrgica ao menor de compressão da medula, como fraqueza de MMII, diminuição do tato e disfunção de esfincteres → deve ser diagnosticada por meio da identicação do local da compressão e invasão do canal raquidiano pela TC, RM e perimielografia. Cefaleia insidiosa e progressiva → manifestação das metástases encefálicas → se há hemorragia pela lesão causal, a dor instala-se subitamente, agravando-se durante o sono, melhora com a postura ortostática e vem acompanhada de náuseas e vômitos. Com o progredir da lesão → sonolência, confusão mental, convulsões e coma. 4. Infiltração e oclusão de vasos sanguíneos e linfáticos As células tumorais podem infiltrar e/ou ocluir os vasos sanguíneos e linfáticos → causando vasoespasmo, linfangite e possível irritação nos nervos aferentes perivasculares. O crescimento tumoral perto dos vasos leva à oclusão desses parcial ou total, produzindo estase venosa ou isquemia arterial ou ambos. Isquemia → dor e claudicação. Estase venosa → produz edema nas estruturas supridas por esses vasos, determinando distensão dos compartimentos faciais e de outras estruturas nociceptivas. Obs: claudicação → baixo fluxo geralmente nas pernas na hora de movimentar-se. 5. Infiltração de vísceras ocas ou invasão de sistemas ductais de vísceras sólidas A oclusão de órgãos dos sistemas digestório, urinário e reprodutivo (estômago, intestinos, vias biliares, ureteres, bexiga e útero) produz obstrução do esvaziamento visceral e determina contratura da musculatura lisa, espasmo muscular e isquemia, produzindo dor visceral difusa (tipo cólica) constante, com sensação de peso ou pobremente localizada, referida nas áreas de inervação da víscera comprometida. Órgãos como linfonodos, fígado, pâncreas e supra-renais podem vir a apresentar dor devido à isquemia ou distensão de suas cápsulas. Essas vísceras sólidas também podem apresentar quadro álgico por obstrução de seus sistemas ductais. Nos tumores de fígado, baço, rim e ósseos, o edema e venocongestão ocasionam distensão das estruturas de revestimento e estruturas nociceptivas. Nos tumores de cabeça e pescoço (boca, orofaringe, lábio e face), tumores do trato gastrintestinais e geniturinário, podem ocorrer ulceração das membranas mucosas, infecção e necrose, e ulceração determinando dor intensa. Dor causada pelo tratamento do cancer 1. Dor pós-cirúrgica Determinadasintervenções cirúrgicas têm alta incidência para o desenvolvimento de dor aguda e crônica. Na fase aguda, a dor decorre do processo inflamatório traumático de cirurgias, como toracotomias, esternotomias, amputações e mastectomias. Na fase crônica, a dor ocorre devido ao cancer recidivado localmente. O trauma ocasionado em estruturas nervosas, durante o procediemnto cirúrgico, resulta, comumente, em dor persistente além do normal, chamada neuralgia pós-cirúrgica; Em menor número, decorre de fibrose cicatricial ou compressões. As dores incisionais e cicatriciais são frequentes após toracotomias, laparotomias, esvaziamento cervicais e amputações de membros, de reto e de mama. 2. Dor pós-radioterapia A dor pós-radioterapia apresenta-se como exacerbação aguda de dor crônica relacionada ao posicionamento para terapia, queimaduras cutâneas, neuropatia actinica, mielopatia actinica, sinal de Lhermitté (desmielinização transitória da medula cervical ou torácica), mucosite bucal, esofagite, produção de tumores primários de nervos periféricos secundários à radiação, obstrução intestinal parcial e infarto ou isquemia intestinal. Nos tumores localizados na região pélvica, é comum a neuropatia plexal lombossacral, e, nos tumores de mama e pulmão, a neuropatia plexal braquial → por conta neuropatia actinica Após a radioterapia, pode ocorrer fibrose de forma lenta e progressiva, ocasionando lesão nas adjacências dos nervos, com dor em queimação e disfunção do sistema somatossensorial. A mielopatia actinica que acontece de forma temporária, ou progressiva e permanente, surge mais comumente na medula cervical e dorsal. 3. Dor pós-quimioterapia Ela pode ocorrer por polineuropatias periféricas, causadas por drogas imunossupressoras (oxaliplatina, paclitaxel, docetaxel, carboplatina, cisplatina e etc) → pode ser transitório ou definitivo Existem as mucosite (oral, faríngea, gastroduodenal e nasal) induzidas por leucopenia ou irradiação junto com a monilíase do sistema digestório e a esofagastroduodenite. Também podem ocorrer espasmos vesicais e a necrose asséptica da cabeça do fêmur, causados por corticoides. Pseudo-reumatismo esteroidal surge após a retirada dos esteróides, sendo possível que alguns pacientes apresentem mialgia e artralgias difusas, sem sinais inflamatórios objetivos que regridem com a reintrodução da terapia esteróide. Tipos de dor A dor no câncer tem características da dor crônica → decorrente de processo patológico crônico, podendo envolver estruturas somáticas ou viscerais, além de estruturas periféricas e/ou centrais, isoladas ou em associações, cursando com dor contínua ou recorrente por meses ou anos. Dor nociceptiva somática → dolorosa, latejante, pulsátil ou opressiva. Dor visceral → tipo câimbra ou cólica, aperto ou latejante. Intensidade da dor relaciona-se geralmente ao estágio da doença, podendo apresentar períodos de remissão com a terapêutica neoplásica e de piora com recidivas e progressão da doença. Pode cursar com episódios de dor aguda, resultantes de procedimentos diagnósticos, cirurgias paliativas, fraturas, obstruções viscerais ou arteriais e agudizações da doença. Excesso de dor por nocicepção → mais comum no cancer Causada por estímulos aferentes de grande intensidade, nocivos ou lesivos, produzidos por processo inflamatório ou infiltração de tecidos pelo tumor, capazes de atingir o alto limiar de excitabilidade no nociceptor e gerar a dor. Ativação e sensibilização dos nociceptores em tecidos cutâneos e profundos, localizados preferencialmente na pele, músculo, tecido conjuntivo, osso e víscera torácica ou abdominal. Dor neuropática → caso a avaliação sugerir que é mantida por processos somatossensoriais anormais do sistema nervoso periférico ou central. Surge quando tem disfunção do SNP e do SNC por invasão tumoral ou pelo tratamento Disfunção das vias que transmitem a dor, levando a uma transmissão crônica dos sinais dolorosos. O nervo precisa está integro para que ocorra o processamento central das informações nociceptiva de modo adequado → modificação (terminações nervosas periféricas, vias de condução ou do processamento central) → dor a estímulos não nocivos Como a dor por desaferentação não aparece em todos os pacientes com lesões similares, admite- que tenha fator genético. Barreiras para um tratamento não efetivo Desconhecimento sobre os mecanismos fisiopatológicos das síndromes dolorosas relacionadas ao cancer. Desconhecimento sobre a terapêutica (farmacológica e não- farmacológica) em uso no tratamento dos diversos mecanismos. Medo da dependência física e psicológica, adição, tolerância e/ou efeitos colaterais relacionados ao uso de opioides (paciente, família e profissionais de saúde) Desconhecimento da avaliação correta, quando à localização, intensidade, irradiação, variação temporal e fatores que aliviam e pioram a dor Medo de que a utilização de opioides venha a acelerar a morte na fase terminal Ausência de informações sobre dor nos currículos médicos e nos de outros profissionais de saúde. Falta de informação e crenças incorretas, responsáveis por levar os pacientes a acreditarem que a dor do câncer é inevitável e intratável. Escada da dor oncológica OMS Administração de analgésicos deve ser feita por via oral, pelo relógio, pela escada analgésica, segundo a pessoa e a atenção ao detalhe. 1 degrau → utilização de medicamentos não- opióides associados aos coadjuvantes para dores de fraca intensidade. 2 degrau → recomenda a utilização de analgésico opióides fracos associados ou não aos medicamentos não opioides e aos coadjuvantes para dores de moderada intensidade → A codeína e o tramadol estão disponíveis no Brasil. 3 degrau → utilização de opióides fortes associados ou não aos medicamentos não- opióides e aos coadjuvantes para dores de forte intensidade → morfina, a metadona, a oxicodona, a hidromorfona, o fentanil transdérmico e a buprenorfina transdérmica Tratamento Todos os pacientes devem ser examinados e questionados quanto à presença de dor, a cada consulta. A intensidade da dor deve ser quantificada e o tipo de dor caracterizado sempre que possível. Reavaliações devem ser feitas sempre que uma nova dor aparecer, e rotineiramente em casos de dor persistente. Necessário esclarecer → intensidade, localização, abrangência, fatores de piora e de alívio quando presentes, resposta aos tratamentos vigente e anteriores, impacto no desempenho de atividades cotidianas e efeito negativo no sono e movimentação. Cancer → objetivo é sensação de conforto e melhor capacidade de desempenho para funções cotidianas. 1. Determinar o mecanismo fisiopatológico subjacente da dor ❖ Nociceptivo → ex: estimulação do periósteo do osso ❖ Neuropática → ex: compressão de nervo ❖ Mista → as duas fisiopatologias juntas → a maioria das dores são juntas Dor intensa não controlada torna-se uma emergência médica → intervenção → fraturas ósseas ou iminência de fratura óssea em ossos que suportam peso, metástases neuroaxiais com ameaça de lesão neural, infecção e obstrução ou perfuração de vísceras causando dor abdominal aguda requerem atenção imediata Lembrar também de classificar o paciente → quanto medicações anteriores ❖ Virgem de opioides ❖ Não virgem de opioides Dores nociceptivas AINES Diclofenaco, ibuprofeno, naproxeno, nimisulida Adjuvantes → anticonvulsivantes (carbamazepina), antidepressivos (amitriptilina), anestésicos tópicos associados a opioides fracos (codeína, tramadol) ou fortes (morfina, metadona) Responde bem aos opioidesDor neuropática Anticonvulsivante, antidepressivos, antipsicóticos, ansiolíticos Melhor → Duloxetina Não responde bem aos opoides, por isso necessita de associações ESQUEMA DE TRATAMENTO ❖ Em situações de dor moderada → 4 a 6 → utilizados opioides mais fracos → codeína 30- 60mg ou tramadol 50 mg a cada 4 ou 6 horas. ❖ Dor intensa → 7 a 10 → opioides fortes + adjuvantes, AINES → morfina → dose de 5 a 15 mg /VO de ação curta PACIENTES QUE NUNCA USARAM OPIODES. ❖ Sempre analisar as associações de medicamentos ❖ Mecanismo de ação dos opioides: Atuam em receptores MI Fecham os canais de cálcio regulados por voltagem, nas terminações nervosas pré-sinápticas, reduzindo, assim, a liberação de neurotransmissores. Hiperpolarizar, por meio da abertura de canais de potássio e assim inibem os neurônios pós-sinápticos. Resultado final → redução da excitabilidade neuronal, resultando em redução da neurotransmissão de impulsos nociceptivos. Esquema de tratamento Morfina Dor intensa → 7 a 10 → opioides fortes + adjuvantes, AINES → morfina → dose de 5 a 15 mg /VO de ação curta PACIENTES QUE NUNCA USARAM OPIODES. Fentanil pode ser administrado por via transdérmico → deve ser recomendado apenas após a dor ser adequadamente controlada por outros opióides em pacientes tolerantes a opióides. Tratamento para pessoas que não conseguem engolir, pacientes com baixa tolerância à morfina e pacientes em observação. Codeína Oxicodona Metadona Tramadol Dor moderada a intensa → 100 mg 4 vezes ao dia Ex: se a pessoa for alérgica →→ começa com doses baixas de morfina e depois faz rotação para usar fentanil que é seguro em alérgicos e asmáticos.