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Anticoncepcionais hormonais Rayne Ignacio 1 Discorra sobre o histórico dos contraceptivos hormonais. No Brasil, as políticas de saúde reprodutiva foram implantadas a partir da implementação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) pelo Ministério da Saúde, em 1984. Na Lei nº 9.263 da Constituição Federal do Brasil, de 12 de janeiro de 1996, consta que o planejamento familiar é direito de todo cidadão e é o conjunto de ações e regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição. Na década de 1960 foi lançada a pílula: nos anos 1950, Pinkus, Rock e Garcia demostraram que o progestogenio, usado via oral, associado ao estrogênio, podia suprimir a ovulação e regularizar o ciclo, mas só foi ao mercado no ano de 1960, a primeira pílula foi: ENOVIDIL-10 (mestranol 150mcg, e noretinodel 10mg). Entre as décadas de 1960 e 1990, foram desenvolvidas várias novas formulações contraceptivas hormonais. Após uma década de inatividade, novas tecnologias voltaram a ser produzidas a partir dos anos 2000 De acordo com a aula de planejamento familiar e referência indicada, indique os anticoncepcionais hormonais. 1. Contraceptivos orais combinados, Contém estrogênio e progestagênio. 2. Pílulas somente progestagênio ou minipílulas, Contém somente progestagênio Anticoncepcionais hormonais Rayne Ignacio 2 3. Implantes subdérmicos são bastões pequenos e flexíveis ou cápsulas colocadas sob a pele do braço; contém apenas progestagênio. 4. Sistema intrauterino com levonorgestrel: Consiste de um pequeno dispositivo (32 mm) em forma de “T” que é inserido dentro do útero e que contém um reservatório com levonorgestrel. 5. Injetável somente com progestagênio Injetado no músculo ou sob a pele a cada 2 ou 3 meses 6. Injetáveis mensais combinados, contém estrogênio e progestagênio 7. Adesivo e anel vaginal Liberação contínua de estrogênio e progestagênio através da pele ou mucosa vaginal 8. Pílulas anticoncepcionais de emergência (acetato de ulipristal 30 mg ou levonorgestrel 1,5 mg) Comprimidos tomados para evitar gravidez até 5 dias após sexo desprotegido Faça um breve texto sobre a evolução dos anticoncepcionais de primeira, segunda, terceira e quarta geração A geração do contraceptivo é dada pelo progestagênio nele contido, embora também se leve em consideração a dose estrogênica. As pílulas de primeira geração (disponíveis no mercado brasileiro) são aquelas que contêm levonorgestrel associado a 50 mcg de etinilestradiol. Doses menores de etinilestradiol associado ao progestagênio levonorgestrel caracterizam as pílulas de segunda geração. Na presença de desogestrel ou gestodeno, as pílulas são denominadas de terceira geração.As pílulas de quarta geração, introduzidas no mercado já nos anos 2000, contêm uma nova progesterona chamada drospirenona. Mencione as indicações dos contraceptivos hormonais listados na sua resposta à segunda pergunta. 1. Contraceptivos orais combinados: Além do uso contraceptivo Os principais efeitos estrogênicos são: • Melhora do aspecto da oleosidade da pele (acne e espinhas) e cabelos – resultados são superiores quando a associação do EE é com a drospirenona e com a ciproterona. • Programação do sangramento por deprivação hormonal, levando a ciclos regulares, assim como a possibilidade de escolha do momento ideal para sangrar – funciona melhor com dose de 20 mcg ou mais de EE (15 mcg de EE e as formulações com estradiol levam a maior incidência de amenorreia ou sangramento menstrual escasso); • Melhora do hipoestrogenismo relativo de atletas de alta performance, diminuindo os riscos de fratura óssea espontânea e osteopenia (funciona melhor com doses de 20 mcg ou mais de EE ou com as formulações com estradiol). • Melhora da lubrificação vaginal (funciona melhor com doses de 20 mcg ou mais de EE ou com as formulações com estradiol); • Melhora da sexualidade – tranquilidade da não associação da vida sexual ao risco de gestação. Compostos com estradiol natural interferem menos no SHBG do que o EE, pois atuarão menos na testosterona livre e na libido de algumas mulheres Anticoncepcionais hormonais Rayne Ignacio 3 • Tratamento de sangramentos uterinos não estruturais – todos os métodos combinados têm efeito positivo, porém o EE via vaginal, pelo fato de manter os níveis sanguíneos de estrogênio semelhantes ao longo de 21 dias, tem eficácia superior • Estrogênios absorvidos por via não oral (muscular, vaginal e transdérmico) têm como efeito benéfico adicional a não metabolização hepática de primeira passagem. Por sua vez, também os progestagênios têm efeitos benéficos, conforme sua origem e associação com os estrogênios: • Melhora da acne e oleosidade da pele – associação de EE e drospirenona ou clormadinona; • Efeito diurético – associação de EE e drospirenona ou clormadinona; • Diminuição da dor desencadeada por endometriose – dienogeste isolado ou associado ao estradiol; • Controle dos sintomas da síndrome dos ovários policísticos – todos os métodos combinados têm efeito positivo, porém ressaltam-se as associações de EE com drospirenona e ciproterona; • Efeito contraceptivo estendido além de 24 horas para mulheres com aderência não ideal (atrasos na tomada da pílula): associação nomegestrol e 17-betaestradiol e EE. 2. Pílulas somente progestagênio ou minipílulas: podendo ser indicada para qualquer faixa etária durante o menacme, da menarca (na adolescência) a menopausa (no climatério), em nulíparas ou multíparas. Pode ser utilizado em mulheres no pós-parto que estejam ou não amamentando, devendo ser introduzido após a sexta semana do parto para as que amamentam. pode ser uma opção para as pacientes que apresentam contraindicações para o uso de estrógeno, devido à presença de algumas doenças como hipertensão arterial, diabetes, doenças vasculares, lúpus eritematoso, cardiopatia, enxaqueca e outras. 3. Implantes subdérmicos: O implante de etonogestrel pode ser utilizado por mulheres em qualquer faixa etária, da adolescência ao climatério. Sua inserção é liberada para puérperas logo após o parto. 4. Sistema intrauterino com levonorgestrel: Pode ser utilizado em qualquer faixa etária, da menarca à menopausa, independentemente da paridade. Atualmente, são considerados métodos de primeira opção para as adolescentes devido a sua alta eficácia, facilidade de uso e tempo prolongado. Há redução na duração e intensidade do sangramento uterino e melhora da dismenorreia primária. Há evidências de que a utilização desse método reduz a dor em mulheres com endometriose e adenomiose. 5. Injetável somente com progestagênio: É uma opção para mulheres que estejam amamentando e para as que apresentam alguma comorbidade como anemia, epilepsia, hipertensão arterial e outras. 6. Injetáveis mensais combinados: Pode ser indicado em qualquer idade e Ajuda a prevenir: gravidez ectópica, câncer de endométrio, câncer de ovário, cistos de ovário, doença inflamatória pélvica e doenças mamárias benignas. 7. Adesivo: Desfrutem dos mesmos benefícios atribuídos aos anticoncepcionais orais combinados, como, por exemplo, a redução da anemia ferropriva, a redução de risco de câncer de ovário e de endométrio. 8. Anel vaginal: Pode ser utilizado por todas as mulheres que desejam contraceptivos reversíveis, práticos, de alta eficácia e que não tenham contraindicações para o seu uso. Pode ser oferecido como opção para aquelas pacientes que não queremmétodos de uso diário. Anticoncepcionais hormonais Rayne Ignacio 4 9. Pílulas anticoncepcionais de emergência: A anticoncepção de emergência deve ser indicada para mulheres após relação sexual desprotegida (ausência de uso de método), na presença de suspeita de falha contraceptiva (rompimento de preservativo, esquecimento da pílula) ou quando há intercurso sexual contra a sua vontade (coerção, agressão, exploração). Mencione as contraindicações dos contraceptivos hormonais listados anteriormente 1. Contraceptivos orais combinados • TVP/EP • Trombofilia conhecida • Doença valvular • Lúpus eritematoso sistêmico • IAM, AVC (atual ou pregressa) • Enxaqueca • Múltiplos fatores de risco para Doença cardiovascular • HAS • Puerpério • Diabetes mellitus • Câncer de mama • Tumor hepático 2. Pílulas somente progestagênio ou minipílulas: Praticamente todas as mulheres podem utilizar PSPs de forma segura e eficaz, inclusive mulheres que estejam amamentando (iniciando após seis semanas do parto), qualquer idade (inclusive adolescentes e mulheres acima de 40 anos), após abortamento ou gravidez ectópica, tabagistas (independente da idade da mulher), antecedente de anemia (atual ou pregressa), portadoras de varizes, mulheres infectadas com o HIV (utilizando ou não terapia antirretroviral). Situações especiais com contraindicação ao uso das PSPs, segundo os Critérios de Elegibilidade da OMS: • Amamentação há menos de seis semanas após o parto • Episódio atual de tromboembolismo • Câncer de mama atual ou pregresso há mais de cinco anos e sem recidiva • Tumor hepático benigno (adenoma) ou maligno (hepatoma), hepatite viral ativa ou cirrose descompensada: • Utilização de barbitúricos, carbamazepina, oxcarbazepina, fenitoína, primidona, topiramato ou rifampicina; • Evitar a continuidade no uso dos PSPs quando surgir o aparecimento de doença cardíaca isquêmica, acidente cerebrovascular e enxaquecas com aura 3. Implantes subdérmicos: Apresenta poucas contraindicações como gravidez e mulheres com câncer de mama. 4. Sistema intrauterino com levonorgestrel: As principais contraindicações são as alterações locais como câncer de colo uterino, endometrial, mioma submucoso ou alguma malformação uterina (septo, útero bicorno) com distorção da cavidade, estenose cervical, doença inflamatória pélvica e infecção puerperal. Também não deve ser utilizado em mulheres na vigência de câncer de mama. 5. Injetável somente com progestagênio: As contraindicações para esse método contraceptivo são poucas: gravidez e câncer de mama. Não é contraindicado para as adolescentes, mas não deve ser considerado como a primeira escolha. 6. Injetáveis mensais combinados: Portadoras de trombose venosa profunda e/ou embolia pulmonar (aguda ou estabilizada com anticoagulante), (História de trombose venosa profunda e/ou embolia pulmonar, Imobilização prolongada por cirurgia de grande porte, Doença vascular, Presença de mutações trombogênica, Doença isquêmica cardíaca presente ou passada, Acidente vascular cerebral, Lúpus eritematoso sistêmico, Doença valvular cardíaca com complicação. 7. Adesivo: As contraindicações são as mesmas dos demais anticoncepcionais hormonais combinados, como história de Anticoncepcionais hormonais Rayne Ignacio 5 tromboembolismo, tumores estrógeno- dependentes, função hepática anormal. Mulheres com história de doença dermatológica esfoliativa ou pele sensível podem não ser candidatas ideais para o uso do adesivo transdérmico, bem como pacientes com hipersensibilidade a algum dos componentes do sistema. Mulheres obesas devem ser alertadas para a redução da eficácia contraceptiva. 8. Anel vaginal: As contraindicações do anel vaginal são semelhantes às do contraceptivo hormonal combinado oral. Além disto, o anel não deve ser indicado em algumas situações específicas como, na presença de estenose vaginal, atrofia severa de vagina, prolapso uterino, cistocele ou retocele importantes. Estas condições durante o uso do anel favorecem processos irritativos, infecciosos e trazem maior chance de expulsão do anel. 9. Pílulas anticoncepcionais de emergência: Os métodos anticoncepcionais de emergência são considerados seguros, não apresentando contraindicações absolutas para a maioria das mulheres. Não devem ser prescritos para mulheres grávidas. Podem ser utilizados em todas as faixas etárias, da adolescência ao climatério, independentemente da paridade. As usuárias devem ser informadas de que a utilização concomitante de drogas indutoras de enzimas CYP3A4 (como barbitúricos, carbamazepina, felbamato, griseofulvina, oxcarbazepina, fenitoína, rifampicina, ervade- são-joão e topiramato) interfere diminuindo a sua eficácia. Podem ser prescritos para mulheres que estejam amamentando. Mencione os efeitos colaterais dos contraceptivos hormonais listados anteriormente 1. Contraceptivos orais combinados: náuseas, sangramento inesperado, mastalgia, cefaleia, ganho de peso e acne. O risco de abandono da usuária que apresenta náuseas, sangramento inesperado ou mastalgia é duas vezes maior do que naquela que não refere um dos sintomas. 2. Pílulas somente progestagênio ou minipílulas: O seu efeito colateral mais comum está relacionado às alterações no padrão de sangramento, que se torna imprevisível. Nos primeiros meses de uso do método, pode ocorrer sangramento irregular e frequente (mais de seis episódios durante o período de 90 dias) e Aumento do tamanho dos folículos ovarianos, com formação de cistos foliculares. 3. Implantes subdérmicos: alterações no padrão de sangramento, que podem ser denominados de frequentes (mais de cinco sangramentos em 90 dias), prolongados (mais de 14 dias) ou irregulares. Outras queixas incluem cefaleia, tontura, mudança de humor (nervosismo e depressão), ganho de peso, dores nas mamas, acne e, menos frequentemente, queda de cabelo e hirsutismo. 4. Sistema intrauterino com levonorgestrel: Algumas queixas são mais prevalentes nos primeiros meses de uso, como acne, dores nas mamas, cefaleia e alteração de humor. A principal alteração e a causa mais comum de descontinuidade do método é a modificação do padrão de sangramento, principalmente nos primeiros três meses de uso. 5. Injetável somente com progestagênio: O principal efeito colateral são as alterações no padrão de sangramento, mas as usuárias devem ser avisadas de que com o tempo a incidência de sangramento diminui, aumentando a presença de amenorreia. Alguns trabalhos referem incidência de 47% a 70% de ausência de sangramento após um ano de uso. Outra queixa comum é o ganho de peso, que pode ocorrer principalmente nas mulheres obesas. Também são descritas como frequentes a presença de cefaleia, queda Anticoncepcionais hormonais Rayne Ignacio 6 6. de cabelo e alteração de humor (depressão) e libido. 7. Injetáveis mensais combinados: Alteração do padrão da menstruação: menor intensidade ou menos dias de menstruação; menstruação irregular; menstruação ocasional; menstruação prolongada; ausência de menstruação; Ganho de peso, Cefaleia; Vertigem;Sensibilidade mamária. 8. Adesivo: O principal risco atribuído ao uso de anticoncepcionais hormonais combinados é o risco de tromboembolismo venoso (TEV) (trombose venosa profunda e embolia pulmonar), previsto para via oral e transdérmica. Os efeitos adversos (outros que não sangramento irregular) mais frequentemente relatados nos estudos clínicos com o uso do contraceptivo transdérmicosão sintomas mamários (22%), cefaleia (21%), reações no FEBRASGO - Manual de Anticoncepção FEBRASGO - Manual de Anticoncepção 64 65 local da aplicação (17%), náusea (17%), infecção do trato respiratório superior (10%) e dismenorreia (10%). Menos de 2% das mulheres consideraram qualquer um destes efeitos uma razão para descontinuar o método. 9. Anel vaginal: Até o momento, poucos eventos adversos foram relatados na literatura. As usuárias podem apresentar fenômenos tromboembólicos, mas devem ser lembradas de que a incidência desta complicação é baixa, sendo menor do que a que pode ocorrer na gravidez. 10. Pílulas anticoncepcionais de emergência: Os eventos adversos são relativamente leves e podem incluir náuseas, vômitos, cefaleia e tontura. O método Yuzpe apresenta maior incidência de náuseas e vômitos quando comparado aos que contêm levonorgestrel.