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29RevistaATO-Estudo_das_osteotomias_totais_damaxila-2009

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ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 689
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS 
DA MAXILA – LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA * 
 
 
MAXILLARY TOTAL OSTEOTOMIES 
STUDY – LE FORT I 
LITERATURE REVIEW 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Leandro Páttaro ZANON ** 
Cláudio Maldonado PASTORI *** 
Clóvis MARZOLA **** 
João Lopes TOLEDO FILHO ***** 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
____________________________________________ 
* Monografia apresentada para conclusão do Curso de Especialização em Cirurgia e 
Traumatologia Buco Maxilo Facial promovido pela APCD Regional de Bauru. 
** Autor da monografia para conclusão do Curso e como parte dos requisitos da Disciplina de 
Metodologia de Ensino e Pesquisa. 
*** Professor do Curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial 
promovido pela APCD Regional de Bauru. Orientador da Monografia. 
**** Professor Titular de Cirurgia da FOB-USP e professor do Curso de Especialização em 
Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial promovido pela APCD Regional de 
Bauru. Coordenador da Disciplina de Metodologia de Ensino e Pesquisa. 
*** Professor Titular de Anatomia da FOB-USP e professor do Curso de Especialização em 
Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial promovido pela APCD Regional de 
Bauru. Coordenador da Residência e Orientador da Monografia. 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 690
RESUMO 
 
 O homem ao longo de toda sua existência tem buscado um bom 
convívio na comunidade e nos ambientes que o cercam. Os avanços na medicina, 
odontologia e cosmética proporcionaram melhor aceitação, porque estas áreas da 
saúde preocupam-se em oferecer aos seus pacientes, além da cura de determinadas 
enfermidades, também, uma estética satisfatória, melhorando consideravelmente 
sua qualidade de vida e convívio social. A Cirurgia ortognática altera a relação 
maxilo-mandibular, levando-a para uma posição adequada, estável e funcional, 
melhorando muitas vezes além da estética e função, também a dicção. Houve 
uma grande evolução das técnicas cirúrgicas da osteotomia Le Fort I no decorrer 
dos anos, principalmente após os estudos de BELL sobre revascularização. 
Porém é de fundamental importância que o profissional esteja totalmente apto a 
realizar tais procedimentos, além de um perfeito conhecimento anatômico da 
região a ser operada, pois apesar de ser um assunto amplamente estudado e 
esclarecido, tanto no trans-cirúrgico como no pós-operatório podem ocorrer 
complicações graves, trazendo grandes transtornos ao paciente e ao cirurgião. 
 
ABSTRACT 
 
 The human being, throughout all its existence, has searched for a 
good conviviality in the community and the environments that surround it. The 
advances in the Medicine, Dentistry and Cosmetic provided a better acceptance to 
it, since the concern of these areas of health beyond offering to its patients the 
cure of some diseases, also aesthetic a satisfactory one, improving substantially its 
quality, life and social conviviality. The orthognathic surgery modifies the 
maxilomandibular relation, taking it for an adjusted, steady and functional 
position, improving many times not only aesthetic and function but the diction 
too. There was a great evolution of the surgical techniques of osteotomy Le Fort I 
during the years, mainly after the BELL studies on revascularization. However it 
is extremely important that professionals are absolutely apt to accomplish such 
procedures, beyond a good anatomical clarification of the region to be operated, 
since, although it is studied and a widely elucidated subject, as much in the trans-
surgical as in the postoperative one when severe complications can occur, 
bringing great upheavals to the patient. 
 
Unitermos: Osteotomia; Le Fort I; Cirurgia ortognática; Deformidade 
dentofacial. 
 
Uniterms: Osteotomy, Le Fort I; Orthognathic surgery; Dentofacial deformity. 
 
INTRODUÇÃO 
 
 Nosso organismo é visto como uma complexa máquina devendo 
funcionar em perfeita harmonia, coordenando sempre suas atividades e funções. 
Quando o assunto é harmonia facial deve-se definir o Sistema Estomatognático, 
como sendo uma entidade integrada por um conjunto heterogêneo de órgãos e 
tecidos, cuja biologia e fisiopatologia são completamente independentes, tendo 
como função tarefas como a mastigação, a deglutição, auxiliando outros 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 691
mecanismos ainda como a fonação e a respiração. Para seu correto 
funcionamento está na dependência de estruturas musculares, articulações, 
ligamentos, propiocepção nervosa, além dos órgãos dentais (BEHSNILIAN, 
1974). Os problemas que influem no seu funcionamento, podendo até levar seu 
portador a desenvolver uma sociopatia, são as más oclusões dentárias, de etiologia 
multifatorial, anomalias de desenvolvimento da maxila e mandíbula, que também 
podem levar às alterações dentárias com relação maxilomandibular, podendo até 
provocar assimetria facial (REISCHENBACH, 1970 e BELL, 1980). 
 Existem casos que não podem ser solucionados com tratamentos 
conservadores e incruentos e, desta forma, o procedimento cirúrgico é a conduta 
mais adequada nestas situações. A cirurgia ortognática entra com a finalidade de 
corrigir estas discrepâncias faciais, devolvendo ao paciente a função e 
consequentemente a estética (MENUCI-NETO; POLIDO; MAZZOLENI et 
al., 2004). 
 A maxila é responsável por uma série de más oclusões acentuadas, 
de etiologias variadas, e quando o tratamento ortodôntico não pode resolver, a 
cirurgia é o meio mais rápido e seguro que os pacientes encontram para corrigir 
tais deformidades (MENUCI-NETO; POLIDO; MAZZOLENI et al., 2004). 
 Na ausência de desproporções notáveis, pode-se lançar mão de 
diversas técnicas permitindo o reposicionamento cirúrgico de grupos dentais ou a 
reposição total da maxila. Estas técnicas variam desde corticotomias unitárias e 
seriadas, osteotomias anteriores, posteriores, até as totais da maxila para correção 
da má oclusão e das deformidades dentofaciais (KOLE, 1959 e MOHNAC, 
1966). 
 É importante que o cirurgião esteja familiarizado com a anatomia 
da região, por ser uma área altamente vascularizada com diversas estruturas 
importantes que devam ser estudadas minuciosamente (MENUCI-NETO; 
POLIDO; MAZZOLENI et al., 2004). Mesmo com o grande desenvolvimento 
no instrumental e na técnica cirúrgica, o risco de lesões a importantes estruturas 
anatômicas na região posterior da maxila ainda existe, tendo sido uma das 
complicações mais relatadas no uso dessa técnica (BELL, 1992 e ARAÚJO, 
1999). 
 Lamentavelmente, a correção cirúrgica da maxila ainda não é muito 
frequente e, provavelmente pela falta de indicação por parte dos ortodontistas sem 
uma formação ideal, sua grande complexidade, ou o receio de alguns cirurgiões 
em atingirem os dentes, além das possíveis complicações com o seio maxilar, 
cavidade nasal e regiões pterigomaxilares (MENUCI-NETO; POLIDO; 
MAZZOLENI et al., 2004). Embora o seccionamento da maxila possa resultar 
numa perda temporária de resposta aos testes de vitalidade pulpar, normalmente a 
sensibilidade do dente não é destruída, quando tratados com o cuidado necessário 
(KOLE, 1959 e SCHUCHARDT, 1959). 
 O sucesso clínico e as falhas ocasionais no uso das várias técnicas 
permaneceram pouco divulgados até a década de 70. As questões básicas eram 
concernentes à cura das feridas cirúrgicas das osteotomias da maxila e, dos vasos 
sangüíneos que manteriam seu suprimento ao segmento ósseo, além da 
viabilidade, mantendo íntegros os dentes na arcada (BELL, 1992 e ARAÚJO, 
1999). 
 O uso da osteotomia do tipo Le Fort I cresceu muito nas últimas 
duas décadas devido aos trabalhos de microcirculação óssea (BELL, 1969) 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 692
demonstrando a possibilidade de mobilizar a maxila tridimensionalmente sem 
comprometer a vascularização e a reparaçãoóssea (MENUCI-NETO; POLIDO; 
MAZZOLENI et al., 2004). 
 Propôs-se neste trabalho, através de uma revista de literatura, que o 
cirurgião Bucomaxilofacial familiarize-se com a evolução das técnicas de 
osteotomia total da maxila – Le Fort I, até os dias atuais, fazendo assim, sua 
melhor aplicação nos diferentes casos. Além disso, enfatizam a importância de 
um conhecimento anatômico detalhado da região, a revascularização, as 
alterações teciduais que a aplicação desta técnica proporcionará ao indivíduo e, as 
possíveis complicações inerentes à técnica. Desta forma, justifica-se a realização 
deste trabalho por esclarecer ao Cirurgião Buco Maxilo Facial a responsabilidade 
e a importância da aplicação minuciosa de todos os requisitos necessários para 
atingir o sucesso ao final de seus tratamentos, trazendo um grande benefício a 
toda sociedade. 
 
REVISTA DA LITERATURA 
 
 A cirurgia ortognática tem como objetivo restabelecer a função e a 
estética às pessoas que apresentam deformidades dentofaciais, agindo em 
conjunto com a ortodontia, vindo a possibilitar maiores movimentações no 
complexo maxilomandibular (TOLEDO-FILHO, MARZOLA, TOLEDO-
NETO, 1998). Desta forma, quando o indivíduo apresenta problemas 
ortodônticos com um grau de complexidade tal que a ortodontia simplesmente não 
oferece uma solução, seja através de uma alteração no crescimento, ou mesmo 
uma camuflagem, ocorre a necessidade da intervenção cirúrgica seja com o 
realinhamento cirúrgico dos maxilares, ou ainda do reposicionamento dos 
segmentos dentoalveolares (PROFFIT, 1991). 
 Em pacientes que ainda estão em fase de desenvolvimento, há a 
possibilidade de ser aplicado o tratamento ortodôntico que ocasionará a 
modificação do crescimento e, o problema da má oclusão vai sendo corrigido no 
decorrer do crescimento do indivíduo. A camuflagem da discrepância esquelética 
dos maxilares é possível em casos menos severos, realizando a exodontia e, 
promovendo a correta relação dos molares e incisivos. Entretanto o paciente 
continuará a ser classe II ou classe III, dependendo da situação (PROFFIT, 
1991). 
 As deformidades dentofaciais, muitas vezes envolvem também 
alterações estéticas, podendo trazer profundas implicações psicológicas ao 
paciente sendo necessário, por parte do cirurgião, esclarecer todas as alterações 
que o procedimento trará ao paciente. A cirurgia traz ao indivíduo melhorias 
estéticas dentais e faciais, além da função e, consequentemente melhoria 
psicossocial proporcionando uma melhor qualidade de vida (CUNNINGHAM; 
HUNT; FEINMANN; 1995 e HUNT; CUNNINGHAM, 1997). 
 Há uma alteração da relação maxilomandibular, possibilitando uma 
posição adequada, estável e funcional, melhorando muitas vezes além da estética 
e função também a dicção. Para obter os resultados esperados, muitas vezes é 
necessário realizar movimentos maxilares e mandibulares (PETERSON, 2000). 
Porém, no presente trabalho abordaram-se apenas os movimentos na maxila, com 
as diferentes técnicas de osteotomia do tipo Le Fort I. 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 693
 Em alguns casos, as alterações maxilo-mandibulares apresentam 
associação com alterações nasais, havendo necessidade de associar à osteotomia, a 
rinoplastia e a rinoseptoplastia, para que ao final do tratamento seja obtido um 
melhor resultado estético (MIRANDA, 1996). 
 Outro ponto que deve ser observado é seu potencial para a solução 
de alguns casos de disfunção temporomandibular (DTM), pois é possível, para 
casos em que a causa for esquelética, seu reposicionamento promovendo um 
estímulo à matriz funcional por rearranjar a relação músculo-esquelética e, por 
estimular a remodelação (CORTEZZI, 1996). 
 As indicações para osteotomia total da maxila são várias se 
destacando aquelas de pacientes portadores de excesso vertical, quando expõem 
excessivamente os incisivos superiores e gengiva, além da incompetência labial, 
nariz estreito, mordida aberta e alongamento do terço inferior da face. Estes 
fatores podem ou não somarem-se ou mesmo apresentarem-se isoladamente. 
Ainda, em pacientes com mordida aberta anterior, que tenham contato prematuro 
dos dentes posteriores, a cirurgia ortognática irá elevar a posição posterior da 
maxila, promovendo uma correta oclusão, após a retirada do contato prematuro 
posterior, além de elevar a região anterior, melhorando a exposição gengival e dos 
dentes anteriores (PETERSON, 2000). 
 Há duas principais indicações para a reposição cirúrgica da maxila, 
quando os dentes anteriores são excessivamente expostos e, quando existe a 
deformidade da mordida aberta com hiperplasia alveolar posterior, determinando 
uma desarmonia entre lábio superior e os dentes (EPKER, 1981). 
 O excesso horizontal da maxila, manifestado com mordida cruzada 
unilateral ou bilateral, está normalmente associado a uma deficiência vertical da 
maxila. Assim, nota-se a distância entre o assoalho nasal e o ápice dos dentes da 
maxila contra indicando a osteotomia transantral, que poderá lesar os ápices 
radiculares, frequentemente localizados ao nível do assoalho nasal (BELL, 1968). 
 Outra indicação é para pacientes portadores de excesso ântero-
posterior, apresentando face com perfil convexo e, sempre associado com a 
protrusão dos incisivos. Paciente com excesso transversal também tem indicação 
para execução da técnica, possuindo palato ogival, estreitamento do arco e 
mordida cruzada posterior (PETERSON, 2000). 
 Pode-se citar também como indicações aqueles pacientes Classe I 
de Angle com mordida cruzada posterior, com excesso vertical maxilar e mordida 
aberta; classe II de Angle com excesso vertical maxilar, com mordida aberta 
anterior e, a Classe III de Angle com prognatismo mandibular, com deficiência 
maxilar, com mordida aberta, além de deformidades complexas do terço médio da 
face (MARZOLA, 2005). 
 
CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS E 
DESENVOLVIMENTO DA MAXILA 
 
 No desenvolvimento pós-natal imediato, os ossos palatinos podem 
se mover livremente em relação à maxila e ao processo pterigóide do osso 
esfenóide. Durante o processo de crescimento, da infância para a adolescência, as 
superfícies articulares dos ossos consistem de osso medular e, o remodelamento 
ocorre principalmente na porção medial da sutura entre a maxila, o osso palatino e 
o processo pterigóide. A adolescência (16 a 18 anos de idade) está associada com 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 694
as formações de pequenas pontes ósseas (sinostoses), que se tornam mais 
pronunciadas em todas as suturas (MELSEN, 1987). 
 O processo piramidal do osso palatino está localizado entre a 
tuberosidade maxilar e o processo pterigóide, agindo como um tampão entre os 
diferentes padrões de crescimento desses dois ossos. Uma osteotomia do tipo Le 
Fort I realizada numa criança é complicada pelo desenvolvimento dos molares, 
bem como pelo crescimento do complexo maxilar. A separação pterigomaxilar 
nesse estágio poderia causar dano a tecidos importantes para o crescimento da 
região. A sutura previne a separação dos ossos devido a forças externas, ao 
mesmo tempo em que permitiria a ocorrência de movimento entre os vários ossos 
durante o crescimento. Se o crescimento sutural for rompido, o único crescimento 
subsequente será o do processo alveolar, com o irrompimento dentário 
(HERFORD, 2001). 
 Em adolescentes com menos de 16-18 anos, o processo piramidal 
do osso palatino ainda não se fusionou com a tuberosidade da maxila e o processo 
pterigóide do osso esfenóide. Desta forma, osteotomias realizadas nesse momento 
poderiam interferir no futuro crescimento facial. Sugere-se então o adiamento da 
cirurgia até que os ossos estejam fusionados e a separação possa ser alcançada via 
fratura, com a utilização de um osteótomo (WIKKELING, 
KOPPENDRAAIER, 2001). 
 Entretanto, em estudos envolvendo 16 pacientes com idade entre 10 
e 16 anos submetidos à cirurgia com osteotomia total da maxilapara correção de 
deformidades faciais, constatou-se que é possível reposicionar a maxila em 
pacientes que se encontram em fase de crescimento, sendo favorável para o 
crescimento normal da face (WASHBURN; SCHENDEL; EPKER, 1982). 
 
MAXILA 
 
 A maxila é um osso par, simétrico, formando com o lado oposto 
um complexo ósseo chamado esqueleto facial superior (Fig. 1). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 1 – Aspecto anatômico do osso maxilar 
Fonte: SOBOTTA, J. Atlas de Anatomia Humana. 2000. 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 695
 Este conjunto relaciona-se, internamente, com as fossas nasais e 
inferiormente com a cavidade bucal. Posteriormente, limita-se com as apófises 
pterigóides concorrendo para formar as fossas pterigopalatinas. Superiormente, 
completa as cavidades orbitárias, constituindo suas paredes inferiores 
(SHICHER; TANDLER, 1981). 
 
SEIO MAXILAR 
 
 O seio maxilar possui uma forma nitidamente piramidal, de base 
quadrangular (Fig. 2). Tem altura média de 3,5 cm, largura de 2,5 cm e 
profundidade de 3,0 cm. Porém essas dimensões podem variar dentro de limites 
muito amplos, sendo encontrados seios maxilares pequenos em contraposição 
àqueles de dimensões superiores. A diversidade de dimensões tem grande 
importância médico-cirúrgico e, principalmente odontológica devido às relações 
entre os ápices radiculares dos caninos, pré-molares e molares (SHICHER; 
TANDLER, 1981). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 2 – Seio maxilar, estrutura anatômica de fundamental importância, por ser diretamente 
atingida pela osteotomia. 
Fonte: SOBOTTA, J. Atlas de Anatomia Humana. 2000. 
 
PALATO DURO 
 
 Constitui a parede superior da cavidade bucal sendo formado nos 
seus terços anteriores pela abóbada palatina e no seu terço posterior pelo véu do 
paladar. A abóbada palatina compõe-se de três camadas, a óssea, a glandular e a 
mucosa. A camada óssea é constituída pelos processos palatinos dos maxilares e 
lâminas horizontais dos ossos palatinos. Os forames palatinos abrem-se nos 
ângulos póstero-laterais destas lâminas horizontais e, o forame incisivo na região 
anterior atrás dos incisivos centrais (Fig. 3) (SHICHER, TANDLER, 1981). 
 
PALATO MOLE 
 
 Não apresenta parte óssea, sendo de constituição músculo-
membranosa, onde se inserem vários músculos importantes (Fig.3) (SHICHER, 
TANDLER, 1981). 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 696
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 3 – Aspecto anatômico do palato duro e palato mole. 
Fonte: SOBOTTA, J. Atlas de Anatomia Humana. 2000. 
 
VÔMER 
 
 O vômer possui duas faces e quatro bordas. As faces direita e 
esquerda são recobertas pela mucosa nasal com alguns sulcos para vasos e nervos. 
A borda inferior aloja-se na ranhura formada pelos dois ossos palatinos e os dois 
maxilares, superiormente, entra em contato com a crista esfenóide, posteriormente 
forma o bordo posterior, livre do septo nasal e, sua porção anterior mais alongada, 
articula-se superiormente com a lâmina perpendicular do etmóide e, 
inferiormente, com a cartilagem do septo nasal (Fig. 4) (CASTRO, 1976). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 4. – Cavidade nasal e osso Vômer, relacionando-se com a maxila, sutura que será solta no 
trans-cirúrgico para realizar as movimentações necessárias para o reposicionamento 
maxilar. O conjunto dos ossos Etmóide, Esfenóide e Vômer formam a cavidade nasal. 
Fonte: SOBOTTA, J. Atlas de Anatomia Humana. 2000. 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 697
CAVIDADE NASAL 
 
 A cavidade nasal é o início do trato respiratório e onde se localiza o 
orgão da olfação, estando intercalada entre a cavidade craniana acima, a cavidade 
oral abaixo e, as cavidades orbitárias lateralmente. Em sua porção anterior 
comunica-se com o meio externo pelas narinas e posteriormente pelas coanas. 
Está dividida em duas pelo vômer e pela lâmina perpendicular do etmóide. 
Limita-se superiormente com a lâmina crivosa e posteriormente com a parte 
anterior do corpo do esfenóide. Por sua borda ântero-superior a lâmina 
perpendicular do etmóide articula-se com a espinha nasal do frontal e, mais 
inferiormente com a face interna da sutura unindo os dois ossos nasais (Fig. 4) 
(CASTRO, 1976). 
 
ARTÉRIAS 
 
 As artérias que irrigam a maxila são ramos da artéria maxilar que 
são ramos da artéria carótida externa. A artéria infra-orbitária irrigando as partes 
moles profunda da superfície anterior da maxila e, se anastomosando com os 
ramos da artéria facial (Fig. 5). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 5 – Trajeto, das artérias na face, com fundamental importância devido ao risco de hemorragia 
no trans-cirúrgico, com destaque para a artéria Maxilar e artéria Palatina descendente. 
Fonte: SOBOTTA, J. Atlas de Anatomia Humana. 2000. 
 
 Através da passagem da artéria infra-orbitária pelo canal de mesmo 
nome pode-se destacar a artéria alveolar superior anterior seguindo pelos finos 
canalículos escavados na maxila e, unindo-se com os ramos da artéria alveolar 
superior posterior que correm pela face posterior da tuberosidade maxilar. A 
artéria alveolar superior origina em seu trajeto ramos antrais, pulpares e ósseos. A 
rede anastomótica do espaço alvéolo-dental assegura suprimento sangüíneo à 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 698
região do periodonto mesmo quando ocorre a necessidade de se fazer uma 
apicoplastia, pulpectomia ou outra manobra cirúrgica na qual o feixe 
vásculonervoso apical é extirpado (LASCALLA; MOUSSALLI, 1980). 
 O suprimento sangüíneo dos dentes superiores e tecidos de suporte 
seria proveniente dos ramos arteriais alveolares superiores e vasos palatinos. Em 
estudos da vascularização do periodonto em macaco Rhesus, mostram que, na 
região vizinha à aderência epitelial, há numerosos capilares enovelados formando 
uma coroa vascular (BELL, 1969). Provavelmente a pressão gerada pelo líquido 
circulante, nesta densa rede capilar, seria um dos fatores na manutenção da 
aderência epitelial (LASCALLA; MOUSSALLI, 1980). 
 Na abóbada palatina, as artérias procedem da artéria esfenopalatina, 
na região anterior e, das artérias palatinas superiores na região posterior. Os 
ramos terminais da artéria maxilar são a artéria palatina descendente e a 
esfenopalatina (principal artéria da fossa nasal). A artéria palatina maior chega ao 
palato pelos forames palatinos maiores e, seus ramos irrigam o palato mole e 
tonsilas palatinas, fornecendo ramos que irrigam também a mucosa palatina. Em 
seu ramo terminal, a artéria nasopalatina penetra na fossa nasal pelo canal incisivo 
(FÁVERO, 1986). 
 
VEIAS 
 
 As veias na região maxilar caminham juntamente com as artérias, 
porém no sentido contrário, dirigindo-se para o plexo pterigóide e posteriormente 
para as veias maxilar, retromandibular e, por fim para a jugular externa (Fig. 6) 
(FÁVERO, 1986). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 6 – Trajeto do retorno sanguíneo pelas veias, com destaque para o Plexo Pterigóide, 
responsável por grande parte das complicações hemorrágicas durante a liberação do 
Processo Pterigóide da Maxila. 
Fonte: SOBOTTA, J. Atlas de Anatomia Humana. 2000. 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 699
NERVOS 
 
 A divisão maxilar do nervo trigêmeo tem uma função totalmente 
sensitiva. Penetra pela fossa pterigopalatina após deixar a fossa craniana, 
percorrendo este espaço e enviando ramificações para o gânglio esfenopalatino, 
nervo alveolar superior posterior e o ramo zigomático. A divisão maxilar 
transmite impulsos sensitivos da pele sobre a parte anterior da região temporal, do 
maciço zigomático, da pálpebra inferior, das porções laterais do nariz e do lábio 
superior, dentes superiores e gengiva na mesma região. Sensibiliza também 
grande parte da mucosa da cavidade nasal, palato duro e palato mole, partes daregião tonsilar e da região da faringe (SHICHER, TANDLER, 1981). Em seu 
trajeto, a partir do gânglio semilunar, a divisão maxilar do trigêmeo percorre 
quatro regiões, a fossa cranial mediana, a fossa pterigopalatina, o canal infra-
orbitário e a face (ramos terminais). O maior interesse do cirurgião que realizará 
a osteotomia Le Fort I refere-se às três últimas regiões (FÁVERO, 1986). 
 O Nervo infraorbitário dá origem aos nervos alveolares superiores 
durante seu trajeto no canal infraorbitário. O nervo alveolar superior posterior 
inerva a gengiva vestibular e os molares; o nervo alveolar superior médio inerva a 
região dos pré-molares e, finalmente o ramo anterior inerva porção anterior das 
fossas nasais, dentes anteriores superiores e gengiva. O nervo infraorbitário 
emerge pelo forame infra-orbitário dividindo-se em três ramos terminais, os 
nervos palpebrais inferiores inervando a pálpebra inferior, os nervos nasais 
externos e laterais, que se destinam à pele para região nasal e aqueles que emitem 
sensibilidade ao lábio superior (Fig. 7) (FÁVERO, 1986). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 7 – Inervação facial, com destaque para a divisão maxilar do trigêmeo, de maior interesse para 
o cirurgião que realizará a osteotomia Le Fort I. 
Fonte: SOBOTTA, J. Atlas de Anatomia Humana. 2000. 
 
OSTEOTOMIA LE FORT I - EVOLUÇÃO DA TÉCNICA 
 
 VON LANGENBECH (1859) foi o primeiro autor a descrever a 
osteotomia maxilar, sendo, inicialmente modificada por WASSMUND e 
SCHUCHARDT e, mais tarde por WEST e EPKER, além de outras alterações 
no decorrer do tempo (FÁVERO, 1986). 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 700
 As primeiras técnicas desenvolvidas para a osteotomia do tipo Le 
Fort I não separavam a maxila dos platôs pterigóides, requerendo tração elástica 
pós-operatória para sua separação. Apenas a partir dos anos 30 AXHAUSEN e 
SCHUCHARDT recomendaram a separação pterigomaxilar e, a técnica vem 
sendo utilizada com poucas modificações desde então (MENUCI-NETO; 
POLIDO; MAZZOLENI et al., 2004). 
 AXHAUSEN (1934) usou o método para corrigir fraturas dos 
maxilares mal consolidadas, usando divisão do palato duro. 
 Uma das primeiras intervenções Le Fort I foi de WASSMUND 
(1935), quando descreveu a osteotomia realizada em 1927, sendo efetuada por 
meio dos pilares caninos e zigomáticos e, a secção parcial da parede lateral da 
cavidade e do septo nasal (ARAÚJO, 1999). BELL; FONSECA; KENNEDY 
et al., (1975), demonstraram que poderia ser realizada a osteotomia total da 
maxila sem que houvesse maiores prejuízos ao suprimento sanguíneo da região, 
apenas preservando-se um “pedículo” de tecido mole nas regiões de palato e 
maxila. 
 A osteotomia total da maxila foi desenvolvida em dois tempos 
cirúrgicos (KOLE, 1959). Foi relatado um procedimento semelhante, porém com 
a cirurgia em apenas um tempo cirúrgico (PAUL, 1969). Outro procedimento 
seguindo a mesma técnica para reposicionar uma fratura maxilar consolidada 
(MOHNAC, 1967). 
 Modificação foi relatada nos casos de Le Fort I para a correção das 
deficiências congênitas ou adquiridas no terço médio da face quanto ao uso de 
fórceps de Rowe para desimpacção da maxila (WESSBERG; SCHENDEL; 
EPKER, 1982). 
 A partir dos anos 70 houve uma grande evolução do tratamento das 
deformidades dento faciais uma vez que a osteotomia Le Fort I permite a 
realização de quase todos os movimentos, respeitando as limitações de cada caso. 
Anomalias transversas, ântero-posteriores e verticais da maxila podem ser 
solucionadas usando-se esta técnica. Há indicações também para recuo ou avanço 
da maxila, além do aumento ou diminuição da dimensão vertical (GRAZIANI, 
1986). 
 Esta técnica é executada trabalhando-se com a maxila num único 
bloco, após a separação do septo nasal, das paredes mediais e laterais do seio 
maxilar, além do processo pterigóide. Assim, a maxila poderá ser movimentada 
completamente em várias direções. Há alguns casos específicos ainda que a 
maxila possa ser partida em segmentos menores permitindo maiores 
movimentações (GRAZIANI, 1986 e SÁ JÚNIOR, 2001). 
 As técnicas sofreram modificações no decorrer dos anos, visando 
suprir as necessidades de cada caso. Na seqüência o presente trabalho mostra as 
técnicas descritas inicialmente e, também aquelas preconizadas na atualidade. 
 
TÉCNICA CIRÚRGICA 
1. OSTEOTOMIA LE FORT I QUADRANGULAR 
OBWEGESER (1969) 
 
 É indicada para pacientes com deficiência horizontal, 
zigomáticomaxilar, com uma projeção nasal exacerbada. A incisão é feita a 
aproximadamente 4 mm acima da junção muco gengival até a altura dos pré-
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 701
molares. Expõe-se a porção anterior da maxila e posteriormente disseca-se o 
periósteo até a tuberosidade posterior bilateral e forame infraorbitário (assim 
como é feito para realização da osteotomia Le Fort II). Isola-se completamente o 
nervo infra-orbital. É necessário tomar muito cuidado para não violar a periórbita 
ou o nervo infraorbitário. A mucosa da parede lateral do nariz é elevada para 
expor uma porção maior da maxila. É importante manter a integridade da mucosa 
nasal, especialmente nos pacientes no qual um alargamento cirúrgico significativo 
seja realizado. Neste momento, o septo cartilaginoso e o vômer são separados da 
linha mediana do palato por uma cureta anteriormente e, com um cinzel 
posteriormente. A parede nasal lateral e a porção posterior do assoalho nasal são 
expostas por uma dissecção subperiostal e frequentemente é realizada 
turbinectomia, onde será exposta a espinha nasal posterior e após o 
“downfracture” localiza-se a artéria palatina. 
 Para a realização da osteotomia são feitos movimentos oscilatórios 
com a serra a partir da abertura piriforme ao nível do nervo infraorbital 
estendendo lateralmente abaixo do forame infraorbital até região da tuberosidade-
pterigóide na região posterior. Um degrau inferior na osteotomia é 
frequentemente necessário na margem anterior da proeminência maxilar. Devido 
a posição elevada, a osteotomia posterior pode precisar ser realizada com cinzel. 
 É efetuada a “downfracture” com pressão digital ou fórceps, 
dependendo do caso. É realizado o bloqueio intermaxilar e reposicionada a 
maxila no local planejado após a remoção de possíveis interferências (Fig. 8). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 8 – Localização da osteotomia quadrangular. 
Fonte: BELL, W. H. Modern practice in orthognathic and reconstructive surgery. 1992. 
 
2. OSTEOTOMIA LE FORT I ALTA 
KUFNER (1971) 
 
 Quando a projeção nasofrontal e a posição do globo ocular são 
anormais, os componentes estéticos principais a ser endereçados são a 
desproporção maxilomandibular, o osso zigomático e a região infra-orbitária. 
Embora uma combinação da osteotomia Le Fort I e procedimentos auxiliares 
fossem usados frequentemente para corrigir estas deformidades, o ideal seria uma 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 702
osteotomia que conseguisse amenizar estas deformidades por si só. Devido ao 
fato do epicentro estético do osso zigomático situar-se aproximadamente 2 cm 
lateralmente e 1,5 cm inferiormente ao canto lateral do olho, a extensão horizontal 
e posterior desta osteotomia no zigoma deve ser posterior e superiormente 
posicionados em relação a esta área. A porção horizontal anterior desta 
osteotomia deve localizar-se superiormente o bastante para incluir a parcela 
paranasal do osso maxilar. A osteotomia horizontal, iniciando no osso maxilar 
estende-se para posterior no arco zigomático, abaixo da sutura 
zigomáticotemporal e, aproximadamente 6 a 10 milímetros da região anterior do 
arco zigomático. A extensão superior e posterior desta técnica não somente 
fornecerá uma base estética, mas fará também com que tenha uma boa 
estabilidade e fixação pelo fato do zigoma ser um osso denso (Fig. 9). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 9 - A. Localizaçãoda osteotomia Le Fort I alta. B. Maxila reposicionada e fixada com placa e 
parafuso. C. Aspecto frontal após a fixação. 
Fonte: BELL, W. H. Modern practice in orthognathic and reconstructive surgery. 1992. 
 
3. OSTEOTOMIA LE FORT I TRADICIONAL 
BELL (1975) 
 
 Através desta técnica é possível reduzir a altura facial, a exposição 
dos dentes incisivos e o espaço interlabial, movimentando-se a mandíbula para 
uma oclusão classe I. Na execução desta técnica, acrescenta que o excesso 
horizontal da maxila manifestado com mordida cruzada uni ou bilateral, está 
classificadamente associada com uma deficiência vertical da maxila. Assim 
observa-se que há uma aproximação do assoalho nasal e dos ápices dentais da 
maxila, contra-indicando a osteotomia transantral, pois poderá lesar os ápices dos 
dentes que frequentemente estão localizados ao nível do assoalho nasal (Fig. 10). 
 A incisão horizontal é feita através do mucoperiósteo do vestíbulo 
da maxila, acima da dobra mucogengival e do segundo molar até o 
correspondente do lado oposto. Nas osteotomias horizontais anteriores e verticais 
posteriores, as linhas de referência são marcadas na parede lateral da maxila com 
brocas esféricas de fino calibre. Com um retrator colocado para proteger o 
mucoperiósteo nasal na secção horizontal do osso pela parede lateral da maxila da 
abertura piriforme e, posteriormente até a fissura pterigomaxilar. Anteriormente o 
corte ósseo horizontal é conduzido através das paredes lateral e medial da maxila. 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 703
O assoalho medial do seio maxilar é seccionado acima das raízes palatais e 
assoalho nasal através de uma osteotomia do lado bucal. A porção posterior da 
parede antral é seccionada com deliberadas batidas com um osteótomo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 10 – Aspecto frontal, após realização da osteotomia na parede lateral e medial da maxila. 
Fonte: BELL, W. H.; PROFFIT, W. R.; WHITE, R. P. Surgical correction of dentofacial 
deformities. 1980. 
 
 A parede posterior do seio maxilar é separada a cinzel, bem como o 
septo nasal, afastando a porção superior da maxila com um cinzel. A maxila é 
separada da apófise pterigóide com um cinzel curvo dirigido medial e 
anteriormente, posteriormente é fraturada para baixo com um mucoperiósteo 
separado do lado nasal da maxila no plano horizontal e do osso palatal (Fig. 11). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 11 – Aspecto lateral com a separação do processo pterigóide com cinzel curvo. 
Fonte: BELL, W. H.; PROFFIT, W. R.; WHITE, R. P. Surgical correction of dentofacial 
deformities. 1980. 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 704
 A dimensão vertical nasal lateral e paredes posteriores do seio são 
reduzidas com broca para osso. Posteriormente, o mucoperiósteo é separado do 
septo nasal, a altura do septo é reduzida, facilitando a movimentação superior da 
maxila. Após movimentar o plano superior da maxila, um encaixe é feito no 
assoalho da fossa nasal para acomodar o septo. A altura do septo nasal é reduzida 
para facilitar o reposicionamento no assoalho da fossa nasal sem dobrar o septo. 
A maxila é fixada, um bloqueio interdental é feito com fio entre as barras 
interdentais ou aparelhos ortodônticos. A mucosa será reposicionada e suturada 
com pontos contínuos. 
 
4. OSTEOTOMIA LE FORT I EM DEGRAU 
BENNET E WOLFORD (1985) 
 
 Num esforço para melhorar a exatidão e a previsibilidade da 
cirurgia de avanço da maxila e, para eliminar os efeitos de rampa da osteotomia 
tradicional, foi apresentada a técnica em forma de degrau. Nesta técnica, a 
osteotomia maxilar lateral é feita paralela ao plano horizontal ou natural de 
Frankfort. Inicia-se no alto do pilar zigomático onde uma etapa vertical é feita. A 
osteotomia horizontal é continuada posteriormente até o processo pterigóide, 
paralela a anterior. É importante manter as osteotomias anterior e posterior 
paralelas para minimizar interferências durante o reposicionamento maxilar 
(Fig.12). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 12 - A. Localização da osteotomia em degrau, destacando ser paralela ao plano de Frankfort. 
B. Movimentação já realizada e fixada com placas e parafusos. C. Osteotomia em 
degrau realizada mais superiormente. 
Fonte: BELL, W. H. Modern practice in orthognathic and reconstructive surgery. 1992. 
 
5. OSTEOTOMIA LE FORT I EM RAMPA 
REYNEKE E MOSUREIK (1985) 
 
 A técnica em rampa é uma variação da Le Fort I alta. 
 Pacientes com deficiência vertical e ântero-posterior são passíveis 
da aplicação desta técnica. Quando a deficiência maxilar ântero-posterior é 
associada com a deficiência maxilar vertical, o planejamento cirúrgico deve 
incluir o avanço maxilar, além da correção da discrepância vertical (Fig.13). 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 705
 Em alguns casos, ambas as correções podem ser conseguidas pela 
movimentação deslizante descendente e para frente da maxila. A osteotomia da 
parede lateral da maxila deverá ser individualizada para cada caso, ou seja, a 
inclinação do seccionamento deve variar dependendo do que será necessário obter 
em dimensão vertical. 
 O comprimento da borda da abertura piriforme à porção lateral do 
zigoma é medido através da telerradiografia lateral. A partir desta medida a 
inclinação angular descendente da osteotomia e a posição do seccionamento 
vertical são calculadas. 
 Na região anterior, um corte angulado estende-se da porção lateral 
do zigoma à porção inferior da abertura piriforme. Posteriormente, a osteotomia é 
dirigida 45 graus verticalmente, da porção lateral do zigoma, em direção à 
abertura piriforme. Em casos mais severos de discrepância vertical pode-se 
realizar enxerto interposicional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 13 – A. Ângulo da osteotomia, no qual irá variar dependendo da dimensão vertical que o 
cirurgião precisa para o caso. B. Enxerto interposicional utilizado para casos mais 
severos. 
Fonte: BELL, W. H. Modern practice in orthognathic and reconstructive surgery. 1992. 
 
6. TÉCNICA PRECONIZADA POR KRUGER (1984) 
 
 Realiza-se a incisão a 2 mm acima das mucosas que formam o 
fundo de sulco partindo da região dos molares, através da linha mediana até o lado 
oposto da mesma região, descolamento mucoperiostal no sentido superior, sendo 
exposto o processo zigomático da maxila e a abertura piriforme. 
 Realiza osteotomia com broca de fissura desde o processo 
zigomático da maxila, em direção anterior, até um ponto aproximadamente 1 cm 
acima do assoalho da cavidade nasal continuamente para o lado oposto. As 
lâminas pterigóides são fraturadas na posição posterior da maxila por meio de um 
cinzel curto de Obwegeser. A cartilagem do septo nasal e as inserções do vômer 
são separadas da maxila por meio de cinzel fino. Deve-se tomar cuidado para 
proteger a região nasofaríngea com um dedo, pela possibilidade de perfuração do 
tubo nasotraqueal. A parede lateral da cavidade nasal é seccionada num nível 
inferior à inserção do corneto inferior por meio de um cinzel fino. 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 706
 A maxila pode ser liberada de suas ligações remanescentes por 
qualquer um dos métodos, através do fórceps de Rowe, cinzéis curvos ou 
instrumentos de Tessier inseridos posteriormente às tuberosidades maxilares 
fraturando-as para liberação. Em alguns casos a maxila pode ser totalmente 
liberada, colocando-se uma compressa de gaze sobre os dentes e manipulando o 
segmento em todas as direções por pressão manual. 
 Finalmente a maxila é colocada em sua posição planejada no pré-
operatório utilizando-se elásticos intermaxilares para ser mantida esta oclusão. As 
incisões são fechadas com sutura contínuas horizontais. 
 
7. TÉCNICA PRECONIZADA POR PEDERSEN COM 
MODIFICAÇÕES DE OBWEGESER (1972) 
 
 Obwegesser diz haver duas situações anatômicas que devemser 
levadas em consideração. A “retromaxila” que é uma condição na qual a maxila 
localiza-se muito posteriormente em relação à base do crânio e a “micromaxila” 
onde a maxila é muito pequena em relação à mandíbula. 
 A técnica cirúrgica preconiza incisão estendendo-se 
circunferencialmente da superfície distal dos segundos molares bilateralmente da 
junção mucogengival. Incisões de alívio de 1 cm de comprimento podem ser 
realizadas nas porções distais direita e esquerda da incisão circunferencial 
primária. O mucoperiósteo é rebatido expondo a parede lateral total da maxila até 
as cristas zigomáticas, expondo forames infra-orbitais, anteriormente e o terço 
ínfero-lateral da abertura piriforme. 
 Realiza-se osteotomias com broca horizontalmente ligando as 
fendas pterigomaxilares com as margens laterais da abertura piriforme. Os platôs 
pterigóides são separados das tuberosidades maxilares com um osteótomo curvo. 
O septo nasal e o vômer são divididos da parte superior da maxila e dos ossos 
palatinos com osteótomo. Após a mucosa nasal é rebatida das paredes laterais, e 
estas são seccionadas abaixo do corneto inferior com brocas. A maxila então é 
mobilizada com pressão manual e colocada em sua nova posição. Usa-se sutura 
horizontal contínua para fechar a incisão. 
 
8. TÉCNICA PRECONIZADA POR KAMINISH (1983) 
 
 A técnica consiste em estender o corte ósseo superior da abertura 
piriforme até a porção do arco zigomático, com um corte alto e após descendo até 
a apófise pterigóide pela lateral da maxila. O autor firma que tal procedimento 
tem maior estabilidade do segmento depois de reposicionado (KAMINISH; 
DAVIS; HOCHWALD et al., 1983). 
 
9. TÉCNICA PRECONIZADA POR 
MANGANELLO-SOUZA (1999) 
 
 Faz- se uma incisão em fundo de sulco vestibular de maxila, cerca 
de 2 mm acima da gengiva inserida, de segundo molar superior de um dos lados 
até o segundo molar superior oposto. Descola-se o retalho mucoperiostal até 
expor os pilares zigomáticos, as fossas caninas e a abertura piriforme. Nesta fase, 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 707
procede-se um descolamento bilateral da região posterior da maxila em direção à 
fossa pterigomaxilar, formando um túnel por onde se introduzirá posteriormente o 
cinzel curvo. Com o uso de brocas ou serra promove-se a osteotomia da tábua 
vestibular da maxila. O uso de cinzel nesta região pode levar à fratura da parede 
anterior do seio maxilar. A demarcação deve ser feita cerca de 3 a 5 mm acima 
das raízes dentais usando como referência os caninos. Completa-se a osteotomia 
anterior da maxila com cinzel fino de região de pilar zigomático, fossa canina e 
abertura piriforme bilateralmente. Estende-se o corte na região posterior até se 
encontrar o processo pterigóide do osso esfenóide. 
 A osteotomia da região posterior é feita com um cinzel curvo 
adaptado na fossa pterigomaxilar. Na separação entre a maxila e o pterigóide 
bilateralmente deve-se ter cuidado todo especial com a artéria palatina e os vasos 
do plexo venoso pterigóide, mantendo-se a osteotomia posterior ao mesmo nível 
da anterior e, nunca acima desta. O cirurgião deve introduzir o cinzel por 
vestibular através do túnel descolado anteriormente e, com a outra mão palpando 
por palatino a junção pterigomaxilar, evitando assim que o cinzel ultrapasse a 
mucosa palatina. 
 Após a osteotomia vestibular e das lâminas pterigóides, descola-se 
o assoalho nasal através da abertura piriforme, evitando-se romper a mucosa 
nasal, que provocará sangramento indesejável. Após a exposição do septo nasal e 
assoalho nasal, com um cinzel reto corta-se a parede medial da maxila e o septo 
nasal, separando-se toda a maxila. Para isto, podem-se utilizar fórceps de Rowe 
ou tração por meio de ganchos afastadores na região piriforme. 
 
10. TÉCNICA PRECONIZADA POR SÁ JÚNIOR (2001) 
 
 Esta técnica deve ser iniciada com uma incisão em fundo de 
vestíbulo maxilar estendendo-se até a região de primeiro molar bilateralmente. 
Não deverá estender-se além dos primeiros molares, com o intuito de evitar 
deficiência na irrigação da maxila. Feita a incisão corretamente, todo o 
mucoperiósteo que recobre as paredes anterior, lateral da maxila até a porção 
posterior e mucosa nasal deve ser afastado com um descolador de periósteo. 
 Iniciando a osteotomia da parede lateral da maxila, deve se 
estender da abertura piriforme até o pilar zigomático, podendo ser utilizado um 
instrumento rotatório com uma broca carbide 702 ou uma serra reciprocante. Na 
parede lateral posterior pode ser efetuada com osteótomo fino do tipo “espátula”. 
 Para a separação do septo nasal é utilizado um osteótomo contendo 
guias e, a junção da tuberosidade da maxila com o processo pterigóide com 
osteótomo curvo e, finalmente após a execução de todos estes processos, realiza-
se o “downfracture”, posicionando assim, a maxila na posição desejada conforme 
o planejado no pré-operatório. 
 
REVASCULARIZAÇÃO DA MAXILA 
 
 O suprimento sangüíneo da face é profuso, com uma circulação 
colateral abundante. O principal suprimento é através de ramos das artérias 
carótidas externas (Fig. 14) (GERHARDT DE OLIVEIRA, 1998). Na região 
anterior, é irrigada principalmente pelos vasos apicais, artéria labial, plexos 
palatino, periodontal e gengival (Fig.15) (BELL, 1975). 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 708
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 14 – Composição esquemática para ilustrar o suprimento sanguíneo da maxila. 
Fonte: BELL, W. H.; PROFFIT, W. R.; WHITE, R. P. Surgical correction of dentofacial 
deformities. 1980. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 15 – Irrigação da porção anterior da maxila. 
Fonte: BELL, W. H.; PROFFIT, W. R.; WHITE, R. P. Surgical correction of dentofacial 
deformities. 1980. 
 
 Estudo foi efetuado sobre a revascularização e reparação óssea 
após osteotomia total da maxila realizada em 12 macacos Rhesus e, três deles 
tiveram as artérias palatinas ligadas intencionalmente. Após sacrifício dos 
animais foi realizado um exame microangiográfico em diferentes intervalos, 
observando-se que um dia após a cirurgia áreas isquêmicas foram notadas nos 
pilares caninos e na região das osteotomias. Após uma semana, houve um 
aumento do preenchimento vascular endostal e periosteal, além de tecido fibroso 
que já ocupava o espaço das osteotomias. Na segunda semana, vasos advindos do 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 709
periósteo penetravam nas corticais vestibulares se anastomosando com os vasos 
endostais. Em ambos os lados da osteotomia, tecido ósseo neoformado podia ser 
identificado. Depois de 4 a 6 semanas, notou-se aumento da vascularização e a 
presença de tecido ósseo maduro. Foi então constatado que não houve diferenças 
entre os macacos que tiveram a artéria palatina ligada e aqueles que não a tiveram 
(BELL, 1975). 
 Após relevantes estudos afirmam alguns autores que para diminuir 
o risco de necrose avascular da maxila, devem ser preservados os vasos palatinos 
descendentes, além de serem mantidas as inserções musculares (LANIGAN; 
HEY; WEST, 1990). 
 A isquemia intra-óssea e a necrose dos segmentos osteotomizados 
foram significantemente reduzidas quando o mucoperiósteo e a inserção dos 
músculos pterigóideo medial e masseter foram mais preservados (BELL; 
FONSECA; KENNEDY et al., 1975). 
 Após a osteotomia Le Fort I, a irrigação sangüínea é derivada do 
pedículo vascular palatino através da artéria palatina descendente e dos ramos 
palatinos das artérias faríngea ascendente e facial e, também, a partir do pedículo 
vascular vestibular através da artéria alveolar póstero-superior. Dentre essas 
fontes, a artéria palatina descendente é o maior vaso, com diâmetro médio de 1,7 
mm, sendo uma das principais responsáveis pelo sangramento durante as 
osteotomias. Danos a esses vasos geralmente não mostram nenhuma sequela 
devido à rápida revascularizaçãoe à boa circulação colateral (MENUCCI-
NETO; POLIDO; MAZOLENI et al., 2004). 
 
ALTERAÇÕES NOS TECIDOS MOLES 
 
 Desde a década de 50, os ortodontistas têm mostrado uma crescente 
preocupação não só com a estética facial, mas também com a oclusão (BLOOM, 
1961 e PASTORI; MARZOLA; MENDES et al., 2005). 
 A necessidade de quantificar as mudanças no tecido mole da face e 
prever os resultados cirúrgicos, pesquisadores tentaram estabelecer métodos de 
avaliação desses resultados obtidos por meio de comparações radiográficas ou até 
mesmo de programas de computador. Objetivaram criar uma previsão da inter-
relação entre as mudanças de tecido mole e ósseo da face, para auxiliar na 
obtenção da maior harmonia facial e da previsibilidade possível para cada 
paciente (Fig. 16) (BELL; PROFFIT; WHITE, 1980). 
 Em estudos foram analisadas as alterações do perfil facial no 
tratamento ortodôntico de 60 pacientes leucodermas em fase de crescimento e, 
tratados por meio de cirurgia ortognática. Através de medidas cefalométricas pré 
e pós-cirúrgicas de seis meses, mostrou-se a existência de uma relação muito 
próxima entre a movimentação ortodôntico pura dos tecidos e, as respostas dos 
tecidos moles, com possibilidade de previsão dessas mudanças (BLOOM, 1961). 
 Trabalho usando telerradiografias laterais no pré e pós-operatório 
de 21 pacientes puderam constatar que a elevação do ápice nasal e a base do lábio 
superior foram as mais notadas. Em 40 % dos casos, houve uma redução da 
largura do vermelhão do lábio superior, ocorrendo uma alteração vertical superior 
de todos os pontos dos tecidos moles, desde o ápice nasal até o lábio inferior. O 
ângulo nasolabial aumentou em retrusão da maxila, diminuindo em avanço e, em 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 710
análise de perfil não houve alteração significativa na ponta do nariz 
(MANSOUR; BURSTONE; LEGAN, 1983). 
 Sobre as mudanças do tecido mole associadas com um avanço total 
da maxila, usando telerradiografias cefalométricas pré-cirúrgicas e pós-cirúrgicas 
imediatas, com seis meses de pós-operatório, de oito pacientes, observou-se que 
algumas medidas foram estatisticamente insignificantes porque a amostragem era 
muito pequena. Uma alta correlação positiva na mudança horizontal foi notada e 
o lábio superior teve uma proporção média de 0,5:1 + 0,09 em relação ao incisivo 
superior, no eixo horizontal. No eixo vertical observou-se média 0,3:1 + 0,14, 
com pequena correlação entre alteração do lábio superior e incisivo, havendo, 
também, uma diminuição do ângulo nasolabial, que tem relação próxima com o 
incisivo superior, com proporção média de -1,2º:1.0 mm + 0,26. Foi notada, 
também, uma diminuição uniforme na espessura do lábio, com média de -1.9mm, 
e, uma uniformidade não foi observada entre os pacientes até os seis meses pós-
operatórios, ocorrendo somente depois desse período, com os lábios tendendo a 
manter certa estabilidade (DANN; FONSECA; BELL, 1976). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 16 - Pontos de referência, em tecido mole e ósseo 
Fonte: BELL, W. H.; PROFFIT, W. R.; WHITE, R. P. Surgical correction of dentofacial 
deformities. 1980. 
 
 Estudos da estabilidade da maxila e da relação do tecido mole e ósseo 
no seu reposicionamento superior, utilizando uma análise morfológica de um 
traçado feito à mão e analisado pelo computador em 30 pacientes foi efetuado. A 
média de pós-operatório de 14 meses foi obtida como resultado satisfatório, nos 
pacientes com excesso vertical de maxila, uma correlação de 0,76 na relação entre 
lábio superior e incisivo superior. Além disso, foi constatado um encurtamento do 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 711
lábio com correlação de 0,38 sem alteração nenhuma no contorno, mas com uma 
rotação ao redor do ponto subnasal. O ápice nasal foi suavemente elevado pela 
cirurgia. Ao longo dos 14 meses, os autores notaram pequenos movimentos, 
especialmente no ponto A da maxila. Nos pacientes com bi-protrusão maxilar, 
obteve-se uma correlação de 0,66 entre o movimento posterior do lábio superior 
em relação ao incisivo superior, uma correlação de 0,51 entre o movimento, para 
cima, do lábio superior e incisivo superior. O perfil não mudou, apenas girou ao 
redor do ponto subnasal após a cirurgia. Ao longo dos 14 meses de pós-
operatório desse grupo não foi observada mudança na posição da maxila 
(SCHENDEL; EISENFELD; BELL et al., 1976). 
 Análise cefalométrica da morfologia nasal após osteotomia Le Fort I 
foi realizada em 50 pacientes que tinham telerradiografias cefalométricas pré-
operatórias e pós-operatórias de seis meses no mínimo. Constatou-se que o ápice 
nasal moveu-se para cima, junto ao movimento anterior e superior do ponto A da 
maxila e, para baixo com movimento posterior e inferior do ponto A. Apesar de 
ser pequena, essa correlação é responsável por apenas 20% das alterações pós-
operatórias no ápice nasal. A rotação da maxila não mostrou relação significante 
com as mudanças do ápice nasal. Foi observado também, em sua análise 
estatística, que não havia alterações nos tecidos moles quando estes eram 
suturados por técnicas diferentes, ou quando a espinha nasal anterior era removida 
(GASSMANN et al., 1989). 
 As repercussões nos tecidos moles da face são vistos principalmente 
nas estruturas nasais e labiais, fornecendo suas correlações em coeficientes de 
alteração; entretanto uma variação significativa pode ser vista nos resultados e 
conclusões da grande maioria deles (BELL; PROFFIT; WHITE, 1980). 
 Avaliando a movimentação dos tecidos moles juntamente com os 
tecidos duros após osteotomias de maxila em telerradiografias laterais foi 
constatado ser possível, no pré-operatório, prever-se as mudanças que ocorrerão 
nos tecidos moles (DANN; FONSECA; BELL, 1976). 
 As mudanças associadas à intrusão cirúrgica total da maxila em 
pacientes com faces longas, caracterizadas pelo excesso vertical de maxila, foram 
estudadas em 10 casos, com um mínimo de seis meses de acompanhamento, onde 
traçados manuais foram realizados pré e pós-operatório em telerradiografias 
laterais de face. Foram obtidos como resultado que a mudança vertical dos pontos 
em tecidos moles da maxila estava relacionada de maneira significativa com as 
mudanças verticais das porções do tecido ósseo e, com a mudança da posição do 
incisivo superior como suporte, havendo ainda mudanças do lábio superior e do 
nariz. Os autores verificaram que, caso venha a ocorrer a intrusão do incisivo 
superior, o lábio superior vem a ocupar uma posição também superior em relação 
à pré-operatória (RADNEY; JACOBS, 1981). 
 Foi também avaliada a estabilidade e alterações nos tecidos moles da 
face em correções da deficiência vertical da maxila, em 13 pacientes. Suas 
telerradiografias cefalométricas de pré, pós-operatório imediato, seis semanas, 12 
e com seis meses de pós-operatório, com traçados feitos manualmente, foram 
estudadas, concluindo os autores que quantidades variáveis de recidivas 
ocorreram na maioria dos casos, nos primeiros dois ou três meses após a cirurgia. 
Não havia qualquer correlação entre a quantidade de movimento realizado e a 
recidiva. O comprimento do lábio superior não foi alterado significativamente 
com a quantidade de movimento realizado na maxila. Foi também notado que a 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 712
exposição do incisivo superior aumentou nos pacientes, tendo repercussão 
positiva na estética. No movimento horizontal da maxila foi vista uma 
porcentagem de 66% de acompanhamento do tecido mole em relação ao tecido 
ósseo, com grande variabilidade de resultados dentro da amostra (BELL; 
SCHEIDEMAN, 1981). 
 Buscando a previsibilidade dos tecidos moles no reposicionamento 
maxilar em cirurgia ortognática com a técnica Le Fort I, estudo foi acompanhado 
em 46 pacientes. Em suas telerradiografias cefalométricas pré-operatóriase pós-
operatórias imediatas, traçadas manualmente e depois digitalizadas, nenhuma 
diferença significante foi encontrada entre os pontos da previsão e os pós-
cirúrgicos, sendo assim, considerada uma cirurgia previsível. Em outra análise, a 
média das diferenças entre as medidas foi muito próxima de zero e apenas o ponto 
localizado no molar, em movimento vertical, tendeu a ser inferior ao do 
planejamento, mostrando diferença estatisticamente significante entre o planejado 
e o pós-operatório (JACOBSON; SARVER, 2002). 
 Quanto à orientação muscular após osteotomia total da maxila, estudos 
mostram que em qualquer cirurgia orofacial a alteração da forma, função e 
estética pode ser reconhecida. Os músculos podem ser manipulados para 
vantagem dos cirurgiões e, com isso, os efeitos indesejáveis possíveis de ocorrer 
na área perioral após as osteotomias da maxila podem ser evitados. A previsão 
pós-operatória do lábio em repouso pode ser encontrada (SCHENDEL; 
EISENFELD; BELL et al., 1976). 
 Os profissionais não devem se esquecer, entretanto, de que existem 
limitações na busca pela melhoria da estética e que os pacientes muitas vezes não 
têm consciência delas, para evitarem-se assim as falsas expectativas transmitidas 
ao paciente (JACOBSON; SARVER 2002). 
 
COMPLICAÇÕES 
 
 Várias complicações já foram descritas na literatura em relação à 
osteotomia Le Fort I e as que apresentam uma ocorrência maior são hemorragias e 
o mau posicionamento da maxila. Porém, com menor frequência pode ocorrer 
também fístulas artério-venosas, oro e nasoantrais, desvios de septo, 
incompetência velofaringeana, sinusite maxilar, necrose isquêmica, pseudo-
artroses da maxila, fraturas indesejadas, danos ao sistema nervoso, danos ao 
sistema nasolacrimal e ocular e disfagia (ARAÚJO, 1999). 
 As fístulas artério-venosas possivelmente são causadas pela ruptura 
de uma artéria junto a um plexo venoso, com anastomose espontânea. O paciente 
pode relatar zumbido e sensações pulsáteis na face e nos olhos. Seu tratamento 
consiste na embolização seletiva dos vasos que alimentam a fístula. A necrose 
asséptica é estabelecida devido a uma interrupção da vascularização, podendo ser 
devastadora para o paciente e para o profissional, uma vez que é muito difícil 
alcançar a reabilitação (ALMEIDA-JÚNIOR; CAVALCANTE, 2004). 
 A ocorrência do mau posicionamento maxilar tem uma maior 
frequência por ser um problema de ordem técnica. Realizando um planejamento 
adequado, com “splints” sem distorções e uma correta cirurgia de modelos, esta 
complicação pode ser minimizada (ARAÚJO, 1999). 
 A hemorragia trans-operatória é uma das complicações mais 
frequentemente relatadas na osteotomia Le Fort I, sendo a causa mais comum de 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 713
hemorragia associada à cirurgia ortognática. Consiste na falta de hemostasia 
trans-operatória e, na maioria dos casos, se deve a uma falha do cirurgião em 
conhecer detalhadamente a anatomia relevante da área em que está trabalhando. 
Porém, uma anatomia óssea, vascular ou de tecidos moles alterados ou incomuns 
pode apresentar problemas mesmo para os cirurgiões mais experientes 
(LANIGAN, 1997). 
 Os vasos mais comumente associados com hemorragias arteriais 
são os ramos terminais da artéria maxilar, especialmente a artéria palatina 
descendente e a esfenopalatina, embora a própria artéria maxilar e a carótida 
interna possam também estar envolvidas. As anastomoses entre os ramos das 
artérias carótida interna e externa ou entre ramos correspondentes contralaterais 
da carótida externa podem perpetuar o sangramento, apesar da ligadura cirúrgica 
do vaso principal. A artéria maxilar e seus ramos ficam mais vulneráveis às 
injúrias durante a disjunção pterigomaxilar ou ainda durante a fratura inferior da 
maxila. A artéria palatina descendente é o vaso mais vulnerável durante esses 
momentos cirúrgicos, devido ao relacionamento entre os vasos palatinos 
descendentes e as osteotomias posteriores e medial da Le Fort I. Por isso, a 
maioria dos estudos relacionados à região posterior da maxila fala sobre o padrão 
de separação do processo pterigóide da maxila durante a osteotomia (RENICK; 
SYMINGTON, 1991 e LANIGAN; GUEST, 1993). 
 O sangramento venoso após as osteotomias do tipo Le Fort I 
envolve principalmente o plexo venoso pterigóide, que corresponde a uma rede 
venosa justaposta aos músculos pterigóideos. É importante salientar que este 
plexo se comunica com o seio cavernoso, de localização intracraniana, drenando o 
sangue saturado em dióxido de carbono das meninges através do forame oval. 
Para este plexo converge a drenagem das veias que correspondem aos ramos das 
duas partes anteriores da artéria maxilar, a meníngea média, a palatina maior, a 
esfenopalatina, a bucal, a alveolar e, a oftálmica inferior (GERHARDT, 1998). 
 É apresentado um caso de Le Fort I onde ao ser realizada a 
desimpacção da maxila, ocorreu o rompimento de vasos fazendo-se necessário 
ligar as artérias carótida externa e interna (NEWHOUSE; SCHOW; CRAUT et 
al., 1982). 
 O sangramento pode variar de leve a intenso, podendo chegar até 
ao choque hipovolêmico e assim, é muito importante no pré-operatório serem 
tomadas algumas medidas preventivas em relação à hemorragia, como obtenção 
de suprimento sanguíneo adequado para uma eventual transfusão e, também, a 
possibilidade de realizar a cirurgia em hipotensão induzida e controlada 
(LANINGAM; HEY; WEST, 1991). A escola alemã não preconiza ligar ou 
cauterizar os vasos sangüíneos, visando uma menor fibrose e reação tecidual, pois 
as perdas sanguíneas podem ser diminuídas através da hipotensão reduzida e 
controlada, proporcionando assim uma melhor visualização do campo operatório 
e, diminuindo o tempo cirúrgico (GRANDO; PURICELLI; CHIAO et al., 
1990). 
 A hipotensão controlada foi induzida tendo um grande impulso 
(ENDERBY; ARMSTRONG, 1960) quando houve a introdução do 
Nitroprussiato de Sódio (NPS) (MORACA, 1962). Esta “modalidade” na 
anestesia geral baseia-se na posição do paciente e na vasodilatação causando 
alterações da pré-carga e da pós-carga. O débito cardíaco e a resistência vascular 
sistêmica são as variáveis manipuladas sem alterações reais da volemia, 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 714
possibilitando a realização da cirurgia com níveis de frequência cardíaca 
diminuídos, evitando maiores sangramentos. É importante frisar que o cirurgião 
promova uma correta ligadura vascular, caso contrário, ao restabelecer a pressão e 
a freqüência cardíaca normal, podem ocorrer sangramentos no pós-operatório 
(GRANDO; PURICELLI; CHIAO et al., 1990). 
 Na ocorrência de desvio de septo, pode haver problemas funcionais 
e estéticos, muito desagradáveis no pós-operatório. Podem ocorrer pela remoção 
insuficiente da crista septal da maxila e do septo cartilaginoso no trans-operatório, 
ou mesmo durante a colocação de cânulas e/ou aspiração da cavidade nasal, ou 
ainda durante a extubação. Alguns desvios oferecem a possibilidade de redução, 
porém, há aqueles que podem necessitar de uma septoplastia posterior (ARAÚJO, 
1999). 
 Estudos mostram que podem ocorrer sinais e sintomas no pós-
operatório como as secreções nasais posteriores, congestão nasal, febre e dores de 
cabeça. Visando evitar estas intercorrências, caso o paciente apresente alguma 
enfermidade no pré-operatório deve-se usar descongestionantes nasais para 
promover a rápida saída do sangue do seio maxilar no pós-operatório (YOUNG; 
EPKER, 1972). 
 A ocorrência da sinusite maxilar é uma complicação mais rara na 
utilização desta técnica, entretanto ocorrendo deve ser administrada terapêutica 
medicamentosa com o uso de descongestionantes nasais, antibióticos e anti-
histamínicos (ARAÚJO, 1999). 
 Dentre as lesões oftálmicas, podem ser relatadas a xeroftalmia, 
cegueira com a lesão do II par craniano, óculomotor com o III par craniano, além 
de lesão dos nervosabducentes com o VI para craniano. A xerose corneana ou 
xeroftalmia consiste numa afecção do globo ocular, promovendo desaparecimento 
da secreção lacrimal e, desta forma, o globo ocular torna-se seco, áspero, sem 
brilho e, com aspecto de pergaminho (NEWLANDS; DIXON; ALTMANM, 
2004). 
 
DISCUSSÃO 
 
 A literatura é unânime em dizer que a cirurgia ortognática fornece 
ao paciente harmonia facial, além de restabelecer a função e, trazendo assim uma 
melhoria psicossocial, vindo a proporcionar uma melhor qualidade de vida 
(CUNNINGHAM; HUNT; FEINMANN; 1995 e HUNT; CUNNINGHAM, 
1997 e PETERSON, 2000). 
 A ortodontia pode resolver o problema em algumas situações, 
proporcionando aos pacientes até uma camuflagem, porém quando há uma 
discrepância nas bases ósseas, o tratamento ortodôntico não consegue suprir, 
havendo necessidade da intervenção cirúrgica. Lembrando que a cirurgia deve ser 
sempre precedida de tratamento ortodôntico descompensatório, como concordam 
alguns autores. (PROFFIT, 1991 e TOLEDO-FILHO, MARZOLA, 
TOLEDO-NETO, 1998). 
 MIRANDA (1996) e CORTEZZI (1996) concordam ao afirmar 
que os pacientes com alterações maxilo-mandibulares, podem apresentar, 
concomitantemente, alterações nasais ou até mesmo disfunção 
temporomandibular. 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 715
 São muitas as indicações para a execução da técnica da osteotomia 
total da maxila com diversos relatos na literatura concordando com tais indicações 
como a exposição excessiva dos incisivos anteriores, o excesso horizontal, o 
excesso ântero-posterior, o excesso vertical, a mordida cruzada uni ou bilateral e, 
a hipoplasia maxilar (BELL, 1968; EPKER, 1981; PETERSON, 2000 e 
MARZOLA, 2005). 
 O profundo conhecimento anatômico da região maxilar, além do 
seu desenvolvimento, tem fundamental importância para o sucesso do cirurgião e 
da manobra cirúrgica (WASHBURN; SCHENDEL; EPKER, 1982; MELSEN, 
1987; HERFORD, 2001 e WIKKELING, KOPPENDRAAIER, 2001). 
 Determinados autores concordam que osteotomia Le Fort I 
realizada em criança pode ser complicada pelo desenvolvimento dos molares além 
do crescimento do complexo maxilar, podendo interferir no futuro 
desenvolvimento ósseo (HERFORD, 2001 e WIKKELING, 
KOPPENDRAAIER, 2001). Porém, existe uma discordância de autores, 
afirmando que, após estudos em 16 pacientes entre 10 e 16 anos, não foram 
constatadas alterações no desenvolvimento facial (WASHBURN; SCHENDEL; 
EPKER, 1982). 
 Dentre os ossos e estruturas anatômicas envolvidas diretamente na 
execução das técnicas citadas no presente trabalho autores afirmam como 
principais, além da maxila, o seio maxilar, o palato duro/mole, os ossos vômer, 
etmóide, esfenóide (CASTRO, 1976 e SHICHER, TANDLER, 1981). 
 FÁVERO (1986) afirma ser de grande interesse ao cirurgião a 
divisão maxilar do trigêmeo que percorre a fossa ptérigopalatina, canal infra-
orbitário e face sendo estes os ramos terminais. Porém são citados vastamente na 
literatura todos os ramos do nervo Trigêmeo que estão diretamente ligados às 
diversas técnicas e manipulações possíveis de serem realizadas no complexo 
maxilomandibular (SHICHER, TANDLER, 1981). 
 Na literatura encontra-se a primeira técnica da osteotomia total da 
maxila descrita (VON LANGENBECH, 1859) e, até então a maxila não era 
separada dos platôs pterigóides, o que passou a ocorrer a partir da década de 30 
com AXHAUSEN, utilizando-a para corrigir fraturas maxilares e, também, por 
WASSMUND, realizando a osteotomia dos pilares caninos, sendo os autores 
revisados unânimes ao afirmar tal pioneirismo (AXHAUSEN, 1934; FÁVERO, 
1986; ARAÚJO, 1999; MENUCI-NETO; POLIDO; MAZZOLENI et al., 
2004). 
 Inicialmente a osteotomia era realizada em dois tempos cirúrgicos 
(KOLE, 1959), porém, com a evolução da técnica, encontra-se descrito o mesmo 
procedimento realizado em apenas um tempo cirúrgico (MOHNAC, 1967 e 
PAUL, 1969), situação esta seguida por grande parte dos autores na atualidade. 
 Após os estudos elucidando a revascularização da maxila (BELL, 
1969), diversos autores na literatura afirmam que a osteotomia Le Fort I vem 
sendo amplamente utilizada pelo fato de proporcionar uma variedade enorme de 
movimentações. Assim, são citados avanços, aumento/diminuição de dimensão 
vertical, havendo ainda a possibilidade de realização de uma segmentação da 
maxila, promovendo ainda maiores movimentações (GRAZIANI, 1986 e SÁ 
JÚNIOR, 2001). 
 OBWEGESER (1969) descreveu a técnica de osteotomia Le Fort I 
quadrangular, indicando para pacientes com deficiência horizontal e, 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 716
zigomáticomaxilar com uma projeção nasal exacerbada. Hoje esta técnica já não 
é tão utilizada devido à chegada implantes aloplásticos, como o medpore (Porex), 
podendo restabelecer alguma deficiência na região do osso zigomático. 
 A técnica da osteotomia alta é muito defendida usando também 
como argumento, o fato do osso zigomático ser denso, trazendo uma maior 
estabilidade e fixação (KUFNER, 1971). Apesar de ocorrer uma grande 
estabilidade encontram-se na literatura, até os dias atuais, poucos e restritos casos 
com esta indicação. 
 A osteotomia tradicional (BELL, 1975), hoje é utilizada pela 
maioria dos autores, devido à sua indicação para diversos tipos de casos. Através 
desta técnica é possível reduzir a altura facial, a exposição dos dentes incisivos e o 
espaço interlabial e, assim, movimentar a mandíbula para uma oclusão classe I 
(PEDERSEN, 1972; KRUGER, 1984; BARROS; MANGANELLO-SOUZA, 
1999 e SÁ-JÚNIOR 2001). 
 Para pacientes com deficiências horizontal e ântero-posterior 
combinadas, a osteotomia em rampa pode ser aplicada, obtendo-se um avanço 
maxilar e ao mesmo tempo um descenso (REYNEKE; MOSUREIK, 1985). 
Porém grande parte dos autores utiliza a técnica tradicional de BELL, fazendo o 
descenso após realizar a osteotomia reta, com o argumento de obter maior 
exatidão no movimento realizado (PEDERSEN, 1972; KRUGER, 1984; 
MANGANELLO-SOUZA e SÁ-JUNIOR, 2001). 
 Estudos afirmam que a maxila durante o processo de mobilização 
sofre grande déficit de suprimento sangüíneo, porém esta isquemia transitória não 
causa prejuízos à região, pois há uma rápida revascularização após a estabilização. 
Este fato sugere que se houver necessidade de ser realizada a ligadura das artérias 
palatinas descendentes, não haverá problemas com a cicatrização (BELL, 1975). 
No entanto, há discordâncias, onde autores afirmam haver grande risco de 
ocorrência de necrose avascular da maxila caso haja a ligadura, recomendando 
que os vasos palatinos descendentes devam ser preservados, o que aumentaria a 
segurança da osteotomia Le Fort I (LANIGAN, HEY; WEST, 1990). Porém 
concordam ao afirmar que a manutenção das inserções musculares é fundamental 
para diminuir o risco de necrose avascular da maxila (BELL; FONSECA, 
KENNEDY et al., 1975 e LANIGAN, HEY; WEST, 1990). 
 Autores concordam ao dizer que os ortodontistas têm mostrado um 
maior interesse em proporcionar aos pacientes um quadro melhor da harmonia e 
função facial, aumentando as indicações cirúrgicas, quando são necessárias 
(BLOOM, 1961 e PASTORI; MARZOLA; MENDES et al., 2005). 
 Muitos trabalhos foram realizados visando prever as alterações dos 
tecidos moles em relação às movimentações ósseas, porém os autores afirmam 
ocorrer grandes variações nos resultados (BELL; PROFFIT; WHITE, 1980). 
Discordando dos autores supracitados, alguns afirmam que a cirurgia ortognática 
é um procedimento totalmente previsível em relação às alterações dos tecidos 
moles faciais (JACOBSON; SARVER, 2002). 
 Dentre os autores pesquisados para realização do presente trabalho, 
todos concordam, quando se referem ao mínimo de seis meses para que se 
obtenham resultados mais precisos nas alterações dos tecidos moles (BLOOM, 
1961; DANN; FONSECA; BELL, 1976; SCHENDEL; EISENFELD; BELL 
et al., 1976; BELL; PROFFIT; WHITE, 1980 e MANSOUR; BURSTONE; 
LEGAN, 1983).ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 717
 Em estudos sobre a movimentação dos tecidos moles juntamente 
com os duros após osteotomias da maxila em telerradiografias laterais 
constataram ser possível, no pré-operatório, prever as mudanças que ocorrerão nos 
tecidos moles (DANN; FONSECA; BELL, 1976). 
 Em análise de telarradiografias laterais no pré e pós-operatório são 
vastos os autores afirmando que as estruturas que sofreram maiores 
movimentações após osteotomia foram o lábio superior e o ápice nasal, reduzindo 
o vermelhão do lábio superior em grande parte dos casos (PEDERSEN, 1972; 
DANN; FONSECA; BELL 1976; SCHENDEL; EISENFELD; BELL et al., 
1976 e MANSOUR; BURSTONE; LEGAN, 1983). 
 Todos os autores relatam a hemorragia com sendo a complicação 
mais comum de ocorrer ao ser realizada a osteotomia, relacionadas à artéria 
maxilar, em seus ramos terminais e, mais especificamente a artéria palatina 
descendente e a artéria esfenopalatina (NEWHOUSE; SCHOW; CRAUT et al., 
1982; GRANDO; PURICELLI; CHIAO et al., 1990; RENICK; 
SYMINGTON, 1991; LANIGAN; GUEST, 1993; LANIGAN, 1997 e 
ARAÚJO, 1999). 
 Entram em acordo quando afirmam haver outras complicações 
graves como as lesões oftálmicas, a xeroftalmia, a cegueira, a lesão do nervo 
óculomotor e abducentes, podendo ocorrer com maior frequência e, com menor 
ocorrência a sinusite maxilar, as fistulas artério-venosas oro e nasoantrais, os 
desvios de septo, as pseudo-artroses, a incompetência velofaringeana, além de 
dano ao sistema nervoso e necrose isquêmica (YOUNG; EPKER, 1972; 
ARAÚJO, 1999 e NEWLANDS; DIXON; ALTMANM, 2004). 
 
 
CONCLUSÕES 
 
 
 Embasado na revista da literatura, desde os primórdios da 
utilização da técnica da osteotomia total da maxila – Le Fort I pode-se concluir 
que: 
 1. A cirurgia ortognática é um tratamento positivo quando se busca 
restabelecer a estética facial, harmonia dental e melhorias psicossociais. 
 2. São vastas as possibilidades para a realização da osteotomia Le 
Fort I, com fundamental importância para a indicação correta para cada tipo de 
caso. 
 3. Um conhecimento minucioso da anatomia da região maxilar é 
necessário, evitando assim maiores complicações no trans-cirúrgico. 
 4. São diversas as técnicas desenvolvidas até hoje, visando atender 
as diferentes formas de deformidades dentofaciais. 
 5. Após os estudos relacionados à microcirculação, a execução da 
técnica pode ser realizada com maior segurança pelos cirurgiões, uma vez que a 
revascularização é obtida totalmente. 
 6. Os tecidos moles que sofrem maiores alterações pela execução 
desta técnica cirúrgica são o lábio superior e o ápice nasal. 
 7. A hemorragia é a principal complicação, principalmente advinda 
da artéria maxilar e seus ramos terminais, especialmente a artéria palatina 
descendente e esfenopalatina. 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 718
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FÁVERO, V. H. Estudos das técnicas cirúrgicas nas osteotomias de maxila. 
Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Cirurgia e 
Traumatologia Bucomaxilofacial pela Pontifícia Universidade Católica do Rio 
Grande do Sul da cidade de Porto Alegre, 1986. 
 
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* De acordo com as normas da ABNT. 
ESTUDO DAS OSTEOTOMIAS TOTAIS DA MAXILA - LE FORT I 
REVISTA DA LITERATURA 719
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