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ARQUITETURA INCLUSIVA PARA IDOSOS: ARTIGO DE REVISÃO Isis Melo Ferreira 1 Universidade Federal do Tocantins, Palmas, Tocantins, Brasil, isis.ferreira@mail.uft.edu.br Betty Clara Barraza De La Cruz2 Universidade Federal do Tocantins, Palmas, Tocantins, Brasil, betty@uft.edu.br Resumo Com os avanços tecnológicos e científicos ocorreu uma melhora da qualidade de vida da população mundial, desse modo o número de idosos tende a crescer de forma a poder triplicar nos próximos 50 anos em países desenvolvidos. As necessidades desse grupo se diferem mental e fisicamente sendo refletidas também no ambiente ao qual ele está inserido. Apesar de ainda pouco explorada, a arquitetura adaptada é então necessária para uma qualidade na vida do idoso, gerando independência e conforto. Para a revisão, foi realizada uma pesquisa em sete revistas relevantes para a área, sendo selecionados oito artigos e restringindo os filtros para publicados entre 2010 a 2021 nos idiomas portugues e inglês para serem quantificados a produção de estudos acadêmicos quanto a adaptação, para idosos, de projetos arquitetônicos. Foi identificada a necessidade do idoso em físicas, emocionais e psicológicas e como cada uma reflete de uma forma diferente no ambiente influenciando no arquiteto esse dever de projetar de forma que integre todas as necessidades na habitação. O uso do desenho universal, portanto, é indispensável causando no ambiente uma indistinção entre o idoso e o não idoso, todavia, ainda há lacunas a serem preenchidas e a urgência da criação de uma legislação arquitetônica específica para o idoso. Palavras-chave: idoso. arquitetura inclusiva. arquitetura Abstract With the technological and scientific advances there has been an improvement in the quality of life of the world population, thus the number of elderly people tends to increase in order to be able to triple in the next 50 years in developed countries. The needs of this group differ mentally and physically and are also reflected in the environment in which it is inserted. Although still little explored, the adapted architecture is therefore necessary for a quality in the life of the elderly, generating independence and comfort. For the review, a survey was conducted in seven journals relevant to the area, with eight articles selected and restricting the filters to published between 2010 and 2021 in Portuguese and English to quantify the production of academic studies regarding adaptation, for the elderly, of architectural projects. It was identified the need of the elderly in physical, emotional and psychological and how each reflects in a different way in the environment influencing in the architect this duty to design in a way that integrates all the needs in the home. The use of universal design, therefore, is indispensable, causing an indistinction between the elderly and the non-elderly in the environment, however, there are still gaps to be filled and the urgency of creating a specific architectural legislation for the elderly. Keywords: elderly. inclusive architecture. architecture mailto:betty@uft.edu.br INTRODUÇÃO “A expectativa de vida global aumentou de 64,2 anos em 1990 para 72,6 anos em 2019 e deve aumentar para 77,1 anos em 2050.”(ONU NEWS, 2019). A população mundial sofre um aumento constante do número de idosos com a melhora de vida, urge assim a necessidade de olhar para a forma de vida do idoso a fim de colaborar com sua qualidade e segurança. Com o envelhecimento, as necessidades se tornam outras, uma vez que ocorrem limitações e alterações psicológicas, sociais, físicas e biológicas. “Embora algumas das variações na saúde das pessoas idosas sejam genéticas, muitas se devem ao ambiente físico e social em que vivem, incluindo suas casas, bairros e comunidades[...] ”. (OPAS,2018). As necessidades físicas do idoso com relação ao ambiente podem ser supridas com projetos adaptados para suas limitações e habilidades, podendo ser utilizado um desenho universal como base para o projeto. “A meta é atingir um desenho de qualidade no qual, além de requisitos estéticos, é fundamental o fácil entendimento sobre o uso (legibilidade), a segurança e o conforto para todos, dotando o espaço de qualidades que beneficiem seus usuários.”(BESTETTI, 2014). A adaptação de móveis e lugares como por exemplo aplicação de rampas em desníveis torna o acesso mais fácil e seguro para idosos com problemas musculares. MÉTODOS DE PESQUISA O presente artigo foi desenvolvido como uma revisão da literatura acadêmica produzida voltada à acessibilidade do idoso na arquitetura. Para atingir o objetivo do trabalho foi realizada uma pesquisa prévia no portal Periódicos Capes para selecionar revistas científicas relevantes para a discussão. As palavras utilizadas foram: idosos AND arquitetura AND espaço, obtendo 89 resultados, com um filtro de produção de 2010 a 2020, não foram encontradas publicações relevantes a pesquisa assim não sendo selecionadas publicações nessa primeira pesquisa. Foi então necessário a busca em outras bases de dados sendo selecionadas cinco revistas. A partir das palavras chaves selecionadas (idosos AND arquitetura AND arquitetura inclusiva) e o filtro de 2010 a 2020 foram feitas as pesquisas diretamente nas revistas com a seleção por título. O resultado do número de artigo da pesquisa está apresentado na Tabela 1: Tabela 1- resultados da pesquisa nas bases de dados Base de dados Número de artigos Periódicos sbu UNICAMP 3 Revista de arquitetura e urbanismo proarq 0 Revista pós USP 0 Arquiteturarevista (UNISINOS) 0 Revista online da ANTAC ambiente construído 3 TOTAL 6 artigos Fonte: autores O número de artigos encontrado não foi satisfatório sendo então realizada a adição de mais duas revistas, nessas foram utilizados os mesmos métodos porém, sendo a eleição, realizada por título e resumo, simultâneo à escolha dos outros artigos já pré selecionados. A seleção final dos artigos está representada na Tabela 2: Tabela 2- artigos selecionados Base de dados Número de artigos Periódicos sbu UNICAMP 2 Revista online da ANTAC ambiente construído 3 Universitas: Arquitetura e Comunicação socia 2 Revista Brasileira de estudos urbanos e regionais 1 TOTAL 8 Fonte: os autores AMBIENTE PARA O IDOSO As pesquisas revisadas abordam de forma distinta as necessidades da pessoa idosa. O fator psicológico e a maneira que o idoso lida com a modificação do ambiente, suas limitações e a percepção do ambiente, são fatores muito importantes para arquitetura desse público, o idoso mantém sua ligação com o ambiente, considerando lugares em que ele desenvolveu sua vida adulta e desenvolveu família, o meio urbano e arquitetônico reflete nele de forma diferente, uma vez que ele acompanha a mudança do tempo e das forma. Diante disso, é importante refletir sobre os efeitos da atual lógica de produção/ reprodução espacial com tendência à destruição dos referenciais urbanos e de inserção de novas formas que se constroem rapidamente sobre outras, pois as constantes mudanças exercem um efeito no sentimento de pertencimento ao lugar e influenciam os vínculos emocionais com o entorno. (2017, Dimenstein; Scocuglia) Segundo Barbosa, Araujo (2014) a sensação de pertencimento e memórias afetivas trazem esse conforto para além das necessidades físicas, como a implementação de materiais utilizados na época em que o público vivia sua juventude desperta sensações e experiências diferentes se utilizados os materiais mais comuns atualmente, a integração com a comunidade e família, independência e acessibilidade são detalhes importantes a serem considerados pelo arquiteto. Quanto às necessidades fisicas de ergonomia, por norma a acessibilidade do projeto é aplicado pela NBR 9050/2004 com auxílio ainda da aplicação do desenho universal que garantem a integração de todos, idosos e não idosos, sem distinção. entretanto, como afirma Barbosa, Araujo (2014), é notório que as necessidades do idoso não são as mesma, um idoso de cadeirasde rodas por exemplo, precisa de ajuda para se locomover assim tendo que haver espaço para outra pessoa fazer as manobras. Assim como as necessidades ergonômicas, as biológicas são diferentes no idoso, sua percepção do espaço é diferente. Segundo Panet, Dantas de Araújo e Araújo (2019) idosos, devido ao seu metabolismo e outros fatores biologicos, preferem ambientes com ventilação naturais e mais quentes. RESULTADOS E DISCUSSÃO Assim podemos afirmar que o estudo prévio das necessidades do idoso é de grande importância. A organização do layout para disposição de modo que não cause acidentes, a integração do ambiente interno a comunidade e a execução do projeto de forma a unir o ambiente ao morador mantendo memórias afetivas afim de causar sensação de pertencimento ao morador e a adaptação do espaço interno, bem como o do meio urbano urgente para a qualidade de vida do idoso. CONCLUSÃO A população idosa precisa de mais atenção quanto às suas necessidades, sendo elas a preservação urbana ou a estrutura arquitetônica da sua moradia, a falta de materiais disponíveis sobre esse público torna difícil a aplicação de referências em projetos e o atendimento das suas necessidades completas. Apesar da existência da NBR 9050/2004 e o desenho universal urge a trabalho em uma nova legislação arquitetônica e criação de normas técnicas específicas para o idoso, bem como a conscientização e capacitação dos arquitetos para a execução de obras para esse público. REFERÊNCIAS 1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 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PANET, Miriam de Farias; ARAUJO, Virgínia Maria Dantas de; ARAUJO, Eduardo Henrique Silveira de. No calor da idade: parâmetros de conforto térmico para idosos residentes em localidade do semiárido paraibano. Ambient. constr., Porto Alegre , v. 20, n. 2, p. 135-149, jun. 2020 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-86212020000200135&lng=pt&nr m=iso>. acessos em 21 abr. 2021. Epub 08-Maio-2020. https://doi.org/10.1590/s1678-86212020000200392. 6. ROSSI, M. A.; PRADO, B. de B.; MARTINS, J. C.; ROMERO, L. B. Proposta integrada de acessibilidade e design de interior: estudo de caso em ambiente de supermercado. PARC Pesquisa em Arquitetura e Construção, Campinas, SP, v. 1, n. 5, p. 59–82, 2010. DOI: 10.20396/parc.v1i5.8634495. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/parc/article/view/8634495. Acesso em: 21 abr. 2021. 7. RUVIARO, R. S. .; ZAMBONATO, B.; GRIGOLETTI, G. de C. Extensão do PMV para avaliação do conforto térmico de idosas em ambientes com ventilação natural. PARC Pesquisa em Arquitetura e Construção, Campinas, SP, v. 12, n. 00, p. e021002, 2021. DOI: 10.20396/parc.v12i00.8658443. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/parc/article/view/8658443. Acesso em: 21 abr. 2021. 8. SILVEIRA, Julio Gonçalves da; SOUSA, Mayara Cynthia; LEDER, Solange Maria. A percepção da ambiência térmica e as estratégias de adaptação: estudo de caso com idosos no clima tropical. Ambient. constr., Porto Alegre , v. 20, n. 4, p. 99-121, dez. 2020 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-86212020000400099&lng=pt&nr m=iso>. acessos em 21 abr. 2021. Epub 05-Out-2020. https://doi.org/10.1590/s1678-86212020000400462. 9. VELHO,A. P. M. ;SOARES, W. S. ;MOURA, G. R. ;SKURA, I. Análise da qualidade das calçadas públicas de Maringá: garantindo o direito de ir e vir do idoso no ambiente urbano. 2015. DISPONIVEL EM: https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/arqcom/article/view/3308/2700 ______________ 1 Isis Melo Ferreira Graduanda em Arquitetura e Urbanismo. Estudante. Endereço postal:Jardim das oliveiras, Avenida são joão, Imperatriz, Maranhão, Brasil, 65911-646 2 Betty Clara Barraza De La cruz Engenharia de Produção. Doutora em Engenharia de Produção. Professora Associada. Endereço postal: Quadra 109 Norte, Avenida NS15, Palmas, Tocantins, Brasil, 77001-090 https://doi.org/10.1590/s1678-86212020000200392 https://doi.org/10.1590/s1678-86212020000400462 https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/arqcom/article/view/3308/2700