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Nome: Gabriel Ronchi Ferreira RA: 6797895 História – 2ºSemestre – Noturno Prova Antiguidade Clássica – Professor: Alexandre Claro PERGUNTA 2 “Atenas era uma cidade extraordinariamente cosmopolita. Um ateniense poderia observar milhares de imigrantes temporários e permanentes de outras cidades gregas ou de terras não gregas trabalhando a sua volta, muitas vezes fazendo exatamente o mesmo trabalho que ele, sem, contudo, compartilhar de nenhum de seus direitos de cidadão. A característica mais marcante da cidadania ateniense é que, quando viajava para além dos limites de sua própria polis, era imediatamente privado de seus direitos políticos”. (JONES, Peter V. O mundo de Atenas: uma introdução à cultura clássica ateniense. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 156) (Grifo do Autor). a) identifique e compare as características das principais polis gregas, ou seja, Atenas e Esparta no que diz respeito a política, sociedade, economia e educação. b) Discorra o declínio do mundo grego a partir do pensamento de Jaqueline Romilly: “Se Atenas chorou; Esparta não riu” Resposta: Por mais que os gregos se chamavam de helênicos, trazendo a alusão de um povo uno, as polis gregas eram absolutamente independentes, podendo até mesmo haver guerra entre elas como houve entre Esparta e Atenas durante a guerra do Peloponeso. Esparta era localizada longe do mar, por isso o investimento maior era militar terrestre, e isso fez com que a educação em Esparta fosse mais militarizada do que em Atenas, Em Esparta se entendia que o homem deveria ser treinado físico e psicologicamente para ser um guerreiro, pois disso vinha à honra, enquanto em Atenas ensinavam o equilíbrio entre a mente e o corpo, conseguiam conciliar esportes e debates filosóficos, artes e matemática também eram ensinamentos valorizados no ensino dos mais jovens, eles entendiam que de nada valia um povo militarizado, porém sem sabedoria, até mesmo Péricles em seu discurso fúnebre exalta essa característica ateniense, chamando até mesmo os Espartanos de tolos por focar no condicionamento físico com colégios militares, para os espartanos aprender a ler e escrever apenas o que era considerado importante já estava bom, o foco deles estava nas batalhas que viriam a enfrentar, por isso essa educação de militar era sua prioridade. Na economia a localização geográfica influenciava diretamente, uma vez que Esparta se localizava em um espaço bom para plantio, possuía a agricultura como principal meio de produção, já em Atenas o solo não era tão bom para se plantar, mas por ser banhado pelo mar Egeu ao leste e Jônico ao oeste, a economia estava mais atrelada à produção marítima, entre elas pesca e comercio exterior. Atenas propôs grandes reformas de caráter democrático, por mais que apenas homens adultos livres e filhos de ateniense pudessem participar da vida publica, havia uma democracia que também fora exaltada por Péricles em seu discurso fúnebre, acreditava-se que a participação dos cidadãos na política era essencial para o bem de todos, inclusive dos não cidadãos, como as mulheres, escravos, crianças e estrangeiros que viviam em Atenas, até mesmo a pobreza não era um problema para os atenienses, eles acreditavam no conceito de meritocracia, ou seja, a pessoa não é obrigada a viver para sempre pobre, e sim com esforço ela pode vir a ter uma qualidade de vida melhor e por isso não se envergonhavam de seu status social, o próprio general Péricles afirma isso em seu discurso no 4º parágrafo “Se olharmos as nossas leis, elas asseguram justiça igual para todos nos seus litígios privados; o progresso na vida pública depende da reputação de capacidade e as considerações sobre classes não podem interferir com o mérito; se um homem é capaz de bem servir ao Estado ele não é impedido pela obscuridade de sua condição”. Em Esparta não vivia a democracia e sim um comando da aristocracia absoluta, constituído por uma diarquia, dois reis e duas assembleias que debatiam e aparelhavam as leis da cidade, e também a religião do povo. Em Esparta, diferente de Atenas, as mulheres eram um pouco mais livres, desde a infância, as espartanas aprendiam a treinar o psicológico e contavam com exercícios militares a partir dos 12 anos, e em Atenas, as mulheres eram ensinadas apenas a cuidarem do lar e sua família, por isso não podia participar de reuniões públicas, em Esparta era diferente, a mulher acompanhada de seu companheiro podia estar presente e entender o que se conversava para o bem da população. Jaqueline Romilly, uma judia filóloga, erudita e escritora é responsável pela famosa frase “Se Atenas chorou; Esparta não riu”. Nessa frase ela esta falando do final da guerra do Peloponeso (431 a.C.- 404 a.C), onde Esparta e Atenas travaram uma longa batalha, terminando com o declínio de Atenas, que nunca mais restabeleceu sua glória como nas décadas anteriores. Porém, a consequência da guerra foi mais grave do que o declínio de Atenas, ocorreu o empobrecimento extremo das polis gregas, há quem diz que na verdade não houve vencedores e sim, todos perderam, pois fragilizados, Atenas, Esparta e os aliados de ambas passaram a ser domínio de uma nova potência, a Macedônia. Concluo que há muitas semelhanças e diferenças entre essas duas Polis, mas apesar de serem formadas por único povo (os gregos), eram regidas por leis próprias que as tornavam únicas em todos os aspectos da sociedade, enriquecendo ainda mais o repertório dos gregos e da antiguidade como conhecemos hoje. PERGUNTA 4 (ENADE) Desde seu início, em 27 a.C., o Império Romano enfrentou graves problemas sociais. A escravidão gerou muito desemprego na zona rural, pois muitos camponeses perderam seus empregos. Esta massa de desempregados migrou para as cidades romanas em busca de empregos e melhores condições de vida. O Imperador ficou receoso de que pudesse acontecer alguma revolta nessa massa popular urbana empobrecida e adotou uma política pública que consistia em oferecer a eles gratuitamente alimentação e diversão. Quase todos os dias ocorriam lutas de gladiadores nos estádios, onde eram distribuídos alimentos. Desta forma, a população carente acabava esquecendo os problemas da vida, diminuindo as chances de revolta, era a política do Pão e Circo. O texto acima reproduz uma visão tradicional na historiografia de Roma sobre o Pão e Circo, porém o historiador Paul Veyne promove uma nova interpretação sobre o Pão e Circo. a) Por que Paul Veyne recusa a ideia da Política do Pão e Circo tendo como objetivo central a despolitização da plebe? b) Discorra sobre algumas características dos gladiadores romanos e por que podemos dizer que nessas lutas a manifestação da democracia estava presente? Resposta: Política do pão e circo é um conceito muito famoso na Roma antiga, assim é chamado as lutas de gladiadores, onde o povo era convidado para assistir e recebia pão para se alimentar enquanto se diverte. Paul Veyne em seu livro “Pão e Circo”, nos mostra o evergetismo, que em outras palavras, a vaidade. Evergentismo é o dar a população o que ela precisa para se divertir, uma ação aparentemente desinteressada em ter uma recompensa, porém o foco principal era os prestígios e o status social, assim como hoje em nossa sociedade de consumo e redes sociais, muitos influencers usam suas contas para mostrar que esta bem, porém diferente dos influencers atuais, os nobres da Roma antiga ofereciam à população esse beneficio de assistir as lutas e comer gratuitamente e ganhavam o prestigio e admiração, e até mesmo a gratidão “eterna” do povo, pois viam ali alguém que o ajudou. Paul Veyne enxerga isso como um calculo político mais sábio, afinal os nobres tinha as cidades como suas, enfeitar e cuidar das delas com sua generosidade mostravam que eram ricos e poderosos. Então podemos dizer que Paul Veyne não acreditava que o objetivo central dos eventos era a despolitizaçãoda plebe e sim para os nobres ostentarem as suas riquezas. Os Gladiadores romanos eram lutadores que participavam de torneios, muitas vezes escravos e prisioneiros, mas também homens livres que tinham interesse em participar, porque apesar do risco, era uma honra para eles ser como guerreiros, os romanos assim como os gregos tinham a honra de um herói algo muito precioso e cobiçado. As lutas desses homens algumas vezes poderiam ser realizadas com animais, mas a maior parte era homem contra homem, e o combate terminava quando morriam, ou quando estava tão ferido que impossibilitava de continuar a luta, alguns até chegavam à aposentadoria por participar das batalhas e não morrer. As mortes muitas vezes ocorriam pela escolha do povo, o povo aos gritos e acenos de mão decidia se ele era digno de continuar a vida ou deixa-la, isso demonstrava a forma democrática em que o evento acontecia, era para o povo e com a participação do mesmo em certas decisões. Concluo que o povo participava de forma democrática das escolhas sobre o fim das lutas entre os gladiadores e apesar de existir no senso comum que a política pão e circo é uma forma de desviar o olhar para as coisas sérias, como a política, por exemplo, também poderia ser uma forma de descansar das rotinas cansativas, e como o Paul Vayne explica, também para os nobres mostrar seu luxo e sua boa vida para todos o admirar.