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O poeta Manuel de Barros, conhecido como “crianceiro” costuma representar bem os quatro pilares das culturas infantis em seus poemas, mesmo que não...

O poeta Manuel de Barros, conhecido como “crianceiro” costuma representar bem os quatro pilares das culturas infantis em seus poemas, mesmo que não tenha sido essa sua intenção. Em uma das estrofes do poema Uma Didática da Invenção, o poeta diz:
VII No descomeço era o verbo. Só depois é que veio o delírio do verbo. O delírio do verbo estava no começo, lá onde a criança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos. A criança não sabe que o verbo escutar não funciona para cor, mas para som. Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira. E pois. Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de fazer nascimentos — O verbo tem que pegar delírio. (Manoel de Barros) Será que os despropósitos não são mais carregados de poesia do que o bom senso? Ao sair do sufoco o pai refletiu: Com certeza, a liberdade e a poesia a gente aprende com as crianças. E ficou sendo. (Manoel de Barros) QUADRO 1 – OS QUATRO PILARES DA INFÂNCIA Características Interação Aprendizagem das crianças como iminentemente interativa, seja com familiares, responsáveis ou entre pares. Ludicidade As crianças brincam “séria e abnegadamente”. Fantasia do real Relação entre o real e o imaginário. Relação não linear nem simétrica com os acontecimentos. Reiteração Relação atemporal com os eventos. Outros modos de perceber e se relacionar com passado e com futuro. FONTE: A autora Para Pimentel (2008), ancorada na teoria vygostskyana, o brincar tem duas principais características, a saber: criação de situação imaginária e comportamento regrado. Desse modo, deve ser reconhecido um vínculo que se apresenta entre a motivação lúdica e o pensamento simbólico. Pois é na reprodução, na imaginação e na performatividade da vida cotidiana, impressas nas brincadeiras, que as crianças compreendem os símbolos e projetam aquilo que sentem e pensam. Para Vygotsky (1991), inicialmente o brincar serve para uma satisfação do desejo e, na medida em que as crianças crescem, há na brincadeira uma nova forma de autogestão, de autocontrole, o que permite que as crianças se envolvam em brincadeiras mais complexas e sofisticadas, o que permite estruturas sob regras mais explícitas e precisas. Para Vygotsky (1991), um aspecto essencial do aprendizado é o fato de ele criar a zona de desenvolvimento proximal; isso significa que quando a criança interage com outras pessoas em seu ambiente e realiza operação com seus pares e companheiros, isso desperta processos internos de desenvolvimento. Depois de internalizados, esses processos tornam-se parte das aquisições do desenvolvimento independente da criança. Em um exemplo prático e didático, Vygotsky (1991) cita uma brincadeira em que a criança diz “vamos brincar de irmãs?” e que se tratava de uma encenação da realidade na qual, ao brincar, “a criança tenta ser o que ela pensa que uma irmã deveria ser” e isso implica numa série de internalizações e regras, implícitas ou explícitas, de como costuma ser o comportamento de uma irmã. Com essas bases teóricas, podemos pensar sobre as culturas infantis a partir da interdisciplinaridade. Portanto, seja a partir da sociologia, da antropologia, da psicopedagogia ou da educação, o brincar é um meio de transformação que implica um constante dinamismo entre imaginação e realidade, entre interações e ludicidade, entre introjeções e projeções, entre desenvolvimento e aprendizagem.

Essa pergunta também está no material:

Psicopedagogia_ jogos, brinquedos e brincadeiras
187 pág.

Pedagogia Centro Universitário Faculdade Maurício de NassauCentro Universitário Faculdade Maurício de Nassau

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