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O que é pressão de perfusão cerebral? Quais as medidas imediatas que devemos tomar na suspeita de elevação da Pressão Intracraniana (PIC)? A pressão de perfusão cerebral (PPC) é a diferença entre a pressão arterial média e a pressão intracraniana (PIC). O fluxo sanguíneo cerebral torna-se insuficiente quando a PPC está abaixo de 40mmHg, e ele cessa quando a PIC se iguala à pressão arterial média, ou seja, a pressão de perfusão cerebral é igual a zero. Quando a PIC se eleva, ocorre uma diminuição das pressões de perfusão cerebral, causando uma diminuição da força motriz do fluxo sanguíneo para o cérebro. Isso causa uma resposta fisiológica: o aumento da pressão arterial média e a vasodilatação dos vasos sanguíneos cerebrais, o que ocasiona o aumento do volume sanguíneo cerebral, o que por sua vez aumenta ainda mais a PIC e reduz mais ainda a pressão de perfusão cerebral. Isso produz um ciclo de feedback, que resulta na redução total do fluxo e da perfusão do cérebro, causando isquemia cerebral, infarto cerebral com morte neuronal. Na suspeita de elevação da PIC, devemos nos concentrar principalmente no tratamento e na reversão da etiologia. O paciente deve ser estabilizado e monitorar a frequência cardíaca, pressão arterial, temperatura corporal, ventilação e oxigenação, glicemia. Pacientes com suspeita de hipertensão intracraniana, especialmente com lesão cerebral traumática grave, devem ter a PIC monitorada. Além disso, é vital prevenir e tratar os fatores que podem agravar ou precipitar a hipertensão intracraniana. Intervenções (para ganhar tempo até que a etiologia seja identificada e corrigida: • Manter a cabeça elevada 30 graus e na posição neutra – para minimizar a resistência ao fluxo venoso e melhorar o deslocamento do líquido cefalorraquidiano do compartimento intracraniano para o espinhal • Controle da PIC por meio do gerenciamento respiratório – a hipóxia e a hipercapnia podem aumentar a PIC – por isso devemos controlar a ventilação para manter uma pressão parcial normal de dióxido de carbono e manter a oxigenação adequada sem aumentar a PEEP • Sedação e analgesia adequadas – a agitação e a dor podem aumentar a pressão arterial e a PIC – a maioria dos medicamentos sedativos pode ter efeitos sobre a PA, então medicamentos com um efeito hipotensivo mínimo devem ser preferidos – a hipovolemia pode precipitar os efeitos colaterais hipotensivos e deve ser tratada antes da administração de agentes sedativos – os agentes de ação mais curta têm a vantagem de permitir uma breve interrupção da sedação para avaliar o estado neurológico • Controle da febre – a febre pode aumentar a taxa metabólica cerebral e é um vasodilatador potente, que aumenta o fluxo sanguíneo cerebral e leva a um aumento da PIC – deve ser controlada com antipiréticos e mantas refrigerantes e as causas infecciosas devem ser excluídas • Controle da PA - A pressão arterial elevada é comumente observada em pacientes com hipertensão intracraniana, especialmente quando causada por lesão cerebral traumática - Em pacientes com lesões de massa intracraniana não tratadas, a perfusão cerebral é mantida pela pressão arterial mais elevada e a hipertensão sistêmica não deve ser tratada. A ausência de massa intracraniana apresenta uma decisão mais individualizada e controversa no tratamento da hipertensão sistêmica. Quando são usados anti-hipertensivos, o tratamento preferencial inclui betabloqueadores como labetalol e esmolol ou bloqueadores dos canais de cálcio, pois reduzem a pressão arterial sem afetar a PIC. Agentes com meia-vida curta devem ser preferidos. Evite vasodilatadores como nitroprussiato de sódio, nitroglicerina e nifedipina. • Controle de convulsões – elas podem contribuir e complicar a PIC elevada e devem ser evitadas por medicamentos profiláticos, especialmente em lesões cerebrais traumáticas graves Medidas adicionais para controlar a PIC em pacientes com hipertensão intracraniana sustentada: • Manejo cirúrgico de emergência – quando há HIC súbita ou refratária ao manejo médico • Relaxantes musculares não despolarizantes junto com sedativos – podem ser usados para tratar a HIC causada por postura, tosse ou agitação – quando um bloqueio neuromuscular é usado, o EEG deve ser monitorado para descartar estados convulsivos • Terapia hiperosmolar: usada para hipertensão intracraniana aguda grave REFERÊNCIAS MARCOLINI, Evie; STRETZ, Christoph; DEWITT, Kyle M. Intracranial hemorrhage and intracranial hypertension. Emergency Medicine Clinics, v. 37, n. 3, p. 529-544, 2019. SHARMA, Sandeep; HASHMI, Muhammad F.; KUMAR, Anil. Intracranial hypertension. 2018. NITRINI, Ricardo et al. A neurologia que todo médico deve saber 3ª edição. Atheneu, 2015.