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EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS
AULA 1.
Os sujeitos da EJA são os que tem educação básica. Tem um segmento social amplo mas têm em comum o fato de serem ‘’trabalhadores’’ (não quer dizer que a pessoa está empregada). São pessoas em situação de vulnerabilidade social, que tem pouco acesso aos bens e serviços. Sua trajetória educacional é marcada por exclusão, perdas e esperanças (mudaram muito de cidade e não concluíram os estudos; reprovados; etc).
Há pessoas analfabetas, normalmente, acima de 40 anos. Na segunda etapa do ensino fundamental e no ensino médio cada vez ‘’mais’’ jovens. E pessoas com necessidades educativas especiais.
A EJA é necessária pois, conforme o IBGE, em 2012, a taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais era de 8,7% (13,2 milhões de analfabetos no país). Nos centros urbanos tem menor taxa. A taxa de analfabetismo deixou de cair. Há a distorção de idade-série aonde as pessoas não tem a idade compatível com a serie que deveria estar cursando. Há trajetórias educativas ‘’acidentarias’’, como as pessoas que mudam muito de uma cidade para a outra.
Há quem considere o analfabetismo uma vergonha nacional, culpa da falta de interesse do próprio indivíduo em sua formação, considerando a EJA um “remédio” para curar esse mal.
Por outro lado, há quem compreenda o analfabetismo como consequência da desigualdade social e pense na EJA como um direito de quem não teve acesso à educação na idade própria.
Nesse tipo de ensino, os estudantes, em sua maioria, são pessoas mais velhas que estão retomando seus estudos ou que simplesmente não tiveram a oportunidade de estudar. Por isso a didática deve ser diferenciada nesse tipo de ensino. 
O objetivo da EJA tem intenções diferentes, podendo ser para superar a vergonha nacional (eliminar esse problema) ou para formação humana integral (pois é um direito).
Vergonha nacional: exigência de organismos internacionais; analfabetismo como causa do atraso do país; analfabeto como ignorante, incapaz; concepção instrumental de EJA (mínimo necessário para dar o diploma para a pessoa).
Formação integral: é um direito de todas as pessoas; possibilidade de emancipação e participação politica; reconhecimento da bagagem cultural do aluno da EJA (tem muito conhecimento trazido da experiência, mas não sabe ler e escrever); não tem como objetivo principal a certificação (conhecimento e não apenas a certificação); dialogicidade; aluno = sujeito (aluno é o sujeito da aprendizagem, não uma massa de modelar, é um sujeito capaz com certas dificuldades).
Objetivos da EJA:
· Na vertente instrumental: comprovar internacionalmente, por meio de dados estatísticos, a ampliação do índice de escolaridade do Brasil; ensinar a decodificar – alfabetização restrita; certificação e encaminhamento para o mercado de trabalho; aluno = objeto.
Manutenção do status quo (sociedade em que vivemos é adequado, vamos manter as coisas como estão, sem grandes questionamentos e mudanças); capitalismo internacional (o índice de escolariedade é importante para ver se o país é mais ou menos avançado); mercado de trabalho (preparar as pessoas no que é considerado o mínimo necessário para inserir o sujeito no mercado de trabalho).
· Na vertente formação humana integral: leitura do mundo vem junto com a leitura da palavra; alfabetização e letramento (uma pessoa que é capaz de compreender o que está lendo, relacionar com outras coisas, e ter uma leitura mais aberta); conscientização e intervenção na realidade (não nega os aspectos instrumentais).
Transformação social (tem como objetivo que os sujeitos do EJA consigam interpretar melhor o mundo e lutar pelos seus direitos, caso queiram); relações de trabalho mais humanizadas (menos exploradas); necessidades e interesses do cidadão/ aluno (foco é o aluno, não os índices que o país vai ou não atingir). A conscientização e a intervenção na realidade é uma das características da vertente da formação humana integral.
Geralmente, o aluno da EJA vem da classe trabalhadora e tem uma trajetória educacional com muitos percalços. Não tão raro ainda hoje, mulheres principalmente são privadas de estudar por causa do clichê que mulher só precisa cuidar da casa e dos filhos.
RESUMAO
Duas vertentes da EJA, cada uma com visão de analfabeto, objetivos e metodologia diferentes:
 concepção instrumental: diminuir indicies de analfabetismo, preparar para o mercado de trabalho, domínio do código. 
 concepção humanista: formação ampliada, alfabetização e letramento, conscientização.
AULA 2.
 Por muito tempo, o analfabeto era visto como alguém incapaz, preguiçoso, uma vergonha nacional etc., e a concepção de leitura e escrita eram vistas apenas como domínio do código.
Mas, no decorrer do século XX, em momentos de maior democratização do país, surgiram propostas que viam o analfabeto como vítima de uma sociedade injusta e a EJA como um direito dessas pessoas compreenderem melhor o mundo em que vivem.
 EJA no Brasil Colônia:
· Concepção de alfabetização: bastava apenas saber ler, domínio do código.
· Objetivos da alfabetização (para o Estado): catequizar índios e escravos; conversão dos índios em cristãos 
· Visão em relação ao adulto analfabeto: indiferença, desprezo.
· Quem foi o alfabetizador: os jesuítas.
· Principais ações: ensino do ler e escrever aos adultos (indígenas)
· Encaminhamento metodológica/material didático: aulas régias, livretos memorização; baseada na educação de crianças.
· Local da alfabetização: igreja.
 EJA no Brasil Império: 
· Concepção de alfabetização: ler e escrever (domínio do código) 
· Objetivos da alfabetização (para o Estado): “civilização” das camadas populares, utilitarismo 
· Visão em relação ao adulto analfabeto: ignorante e incapaz, dependente e incompetente
· Alfabetizador: voluntários 
· Principais ações: institucionalização e popularização da escola no Brasil 
· Encaminhamento metodológico/ material didático: mesmos utilizados para a educação das crianças, leitura oralizada (leitura em voz alta) e memorização 
· Local da alfabetização: escolas dominicais,casas de detenção e asilos. 
 EJA no Brasil – logo após a proclamação da república. 
· Concepção de alfabetização: ler e escrever (domínio do código) 
· Objetivos da alfabetização (para o Estado): regeneração do povo, vencer a vergonha nacional 
· Visão em relação ao adulto analfabeto: improdutivo, degenerado e incapaz
· Alfabetizador: elite esclarecida e voluntários 
· Principais ações: liga brasileira contra o analfabetismo e campanhas 
· Encaminhamento metodológico/ material didático: lições 
· Local da alfabetização: escolas
 Estado Novo (anos 30)
· Concepção de alfabetização: ler e escrever (domínio do código) 
· Objetivos da alfabetização (para o Estado): instrumentalizar a população com os rudimentos de leitura e escrita, seguir ordens/ instruções 
· Visão em relação ao adulto analfabeto: cabeça dura, incapaz, sem jeito para as letras
· Alfabetizador: voluntários 
· Principais ações: implementação do ensino supletivo 
· Encaminhamento metodológico/ material didático: memorização e repetição, leitura oralizada. Folhetos 
· Local da alfabetização: feiras, reuniões
 Anos 40 (Fim do Estado Novo e Redemocratização)
· Alfabetizador: professores de crianças e voluntários 
· Principais ações: produção de materiais pedagógicos, infraestrutura, campanhas de alfabetização 
· Encaminhamento metodológico/ material didático: método silábico, baseado na educação das crianças 
· Local da alfabetização: escola
· Concepção de alfabetização: ler e escrever (domínio do código) 
· Objetivos da alfabetização (para o Estado): diminuir os altos índices de analfabetismo
· Visão em relação ao adulto analfabeto: incapaz, marginal
 Anos 50 e a influencia de Paulo Freire 
· Concepção de alfabetização: uso da leitura e da escrita como ferramenta de conscientização e compreensão 
· Objetivos da alfabetização (para o Estado): atender às exigências internacionais e às demandas dos movimentos populares. Diminuir os altos índices de analfabetismo
· Visão em relação ao adulto analfabeto: analfabetismovisto como efeito de uma sociedade injusta e não igualitária. Analfabeto é visto como produtor de conhecimento 
· Alfabetizador: capacitado especificamente para a alfabetização de adultos, embora pudesse ser voluntário
· Principais ações: campanhas de alfabetização, movimentos de educação popular 
· Encaminhamento metodológico/ material didático: crítica à educação bancária. Dialógica, partindo da realidade do educando; palavras geradoras 
· Local da alfabetização: igrejas, associações, sindicatos etc.
 Anos 60 e 70 (Ditadura Militar)
· Concepção de alfabetização: aprender a assinar o nome, domínio do código, preparação para o mercado de trabalho 
· Objetivos da alfabetização (para o Estado): despolitização, suavização das tensões sociais e preparação de mão de obra
· Visão em relação ao adulto analfabeto: suas formas de expressão e comunicação são entendidas como erradas e não cultas 
· Alfabetizador: professores semipreparados, contratados e voluntários, seguem manuais
· Principais ações: cruzada ABC, Mobral, produção de “apostilas”, repressão da educação popular 
· Encaminhamento metodológico/ material didático: propostos pelo Mobral, ideia de condicionamento, repetição 
· Local da alfabetização: escola
 Anos 80 (Redemocratização)
· Concepção de alfabetização: duas correntes: domínio do código X educação integral do ser humano 
· Objetivos da alfabetização (para o Estado): evitar a exclusão, evitar problemas políticos
· Visão em relação ao adulto analfabeto: sujeito que não teve oportunidade de estudar na idade própria 
· Alfabetizador: tanto o professor (formado para isso) quanto voluntários (campanhas)
· Principais ações:
- Mobral é substituído pela Fundação Educar 
- Investimento na capacitação dos professores e do corpo técnico administrativo - Defesa de proposta pedagógica específica para a EJA 
- Encontros Nacionais de Educação de Jovens e Adultos (Enejas)
 • Encaminhamento metodológico/ material didático: variado, dependendo do tipo de ação (escola, campanha) 
· Local da alfabetização: escola e campanhas
 Anos 90 (Neoliberalismo na Educação)
· 1990 é o “Ano Internacional da Alfabetização” 
 Ao mesmo tempo... 
· Para o neoliberalismo, a EJA é um investimento caro e sem retorno 
· Prioridade: educação básica, jovens/adolescentes 
· Redução de gastos públicos
· Concepção de alfabetização: domínio do código para formação de mão de obra qualificada 
· Objetivos da alfabetização (para o Estado): baixar as estatísticas do analfabetismo 
· Visão em relação ao adulto analfabeto: sujeito que não teve oportunidade de estudar na idade própria X incapaz 
· Alfabetizador: todos os cidadãos são chamados a serem voluntários
· Principais ações: conceito de analfabetismo funcional; Programa Alfabetização Solidária (ALFASOL); Mova (SP); Lei 9394/96; PNE 
· Encaminhamento metodológico/ material didático: é secundário, depende da proposta (escola, ONG, campanha) 
· Local da alfabetização: escola, ONG, empresa etc.
A realidade de uma sala de aula da EJA, como metodologia e práticas pedagógicas, dependerá da concepção educacional adotada. E, mesmo assim, deve-se ter todo apoio de aparatos para que essa concepção se reflita em sala.
A escola é um dos espaços em que os educandos desenvolvem a capacidade de pensar, ler, interpretar e reinventar o seu mundo, por meio da atividade reflexiva 
O professor da EJA será profissional concursado, preferencialmente com formação específica para atuar nesta modalidade de ensino
As concepções instrumental e emancipatória vêm se revezando na EJA, dependendo, principalmente, da ideologia política de cada época. Quanto mais democráticos os governos, maior o avanço da EJA, caso contrário, ocorre um retrocesso.
Concepções instrumental e humanitária se revezam na EJA dependendo da concepção do governo de cada época
Iniciativas governamentais convivem com iniciativas da sociedade civil, muitas vezes com propostas diferentes
Governos mais democráticos = avanço da EJA
AULA 3.
A EJA é uma modalidade de ensino que visa reintegrar jovens e adultos a educação escolar. Por ser voltada a esse grupo, ela possui características diferentes e, portanto, leis próprias.
Há leis que regulam e estabelecem as diretrizes curriculares para educação de jovens e adultos.
Toda legislação expressa: 
a. características e visão de mundo de uma época 
b. configuração de poderes desta mesma época 
A legislação para a EJA está em estreita relação com as demandas da produção
A legislação para a EJA não é algo recente, desde o Império ela já era contemplada. Mas, muita coisa mudou desde então, principalmente por causa da pressão popular exigindo maiores direitos dos cidadãos.
Atualmente, a EJA é regida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei n°. 9394/96, e é uma modalidade da Educação Básica.
 Qual a importância dessa legislação para contexto atual da educação no Brasil?
Artigo 37 da Lei n°. 9394/96: “A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou oportunidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria”.
Percebe-se aqui que o governo brasileiro reconhece essa falha na educação do país e que investe e incentiva nessa modalidade educacional com a perspectiva de melhorar o índice de ensino da população.
Formalmente, a EJA aparece na legislação desde o Brasil Império
• Ato Adicional de 1834: governos provinciais são responsáveis pela educação primária
· Dec. 7247, de 1879, previa a criação de cursos para analfabetos livres ou libertos, do sexo masculino, com duas horas diárias no verão e três horas no inverno – ela está definida para uma pequena parcela da população, tendo exclusão das mulheres e escravos, por exemplo.
• Primeira Constituição da República (1891): continua a descentralização 
• Constituição de 1934 (início da industrialização; analfabetismo como vergonha): reconhece educação como direito de todos 
• Dec. 19.513/45: 25% do auxílio federal para a educação primária de adultos e adolescentes
· Lei Orgânica do Ensino Primário (1946): menciona o curso primário supletivo 
• Portaria 57, de 1947: organização do Serviço Nacional de Educação – possibilita a Campanha Nacional de Educação de Adultos objetivo principal).
• Lei 3327-A/57: institui a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo
• Dec. 50.370/61: oficializa o Movimento de Educação de Base em convênio com a CNBB – teve influencia das ideias de Paulo Freire.
• Lei 4.024/61 (primeira LDB do Brasil): exames de madureza ginasial – as pessoas que já haviam feito cursos, poderiam fazer exame para ganhar um certificado e poder estudar níveis mais avançados e trabalhar nas áreas que exigiam tal certificado.
• Lei 5379/67: cria o MOBRAL – movimento brasileiro de alfabetização. O objetivo era despolitizar as pessoas, diminuir a participação politica delas.
• Lei 5692/71: inserção do supletivo no ensino regular - ria o primeiro (8 anos) e segundo grau; determina idade para exames supletivos (exames que te dão certificados pela conclusão do curso , como o exame de madureza, porém com outro nome. 
A constituição de 1988: um marco para a EJA
 Dialética entre dívida social, abertura e promessa – EJA tem que saldar uma divida que o Estado tem com as pessoas que não tiverem oportunidade de estudar na época própria com concepção de uma educação humana e não só domínio do código.
 Educação como direito do cidadão e dever do Estado
 Artigo 208 (alterado pela Emenda Constitucional nº 59/2009): 
I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria – tem que ter um sistema publico municipal, federal ou estadual.
VII – atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde
A LDBEN 9394/96
Título V, capítulo II 
EJA como modalidade da educação básica, superando sua dimensão de ensino supletivo, regulamentando sua oferta atodos aqueles que não tiveram acesso ou não concluíram o ensino fundamental – ensino supletivo tem a ideia de completar algo que falta. Dá a pessoa o que falta, dando os mesmos conteúdos, porém com outra metodologia e outro tempo.
 Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria
§ 1º. Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames – a forte ênfase nos exames é um problema, pois induz a saída dos jovens do estudo regular.
§2º. O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola mediante ações integradas e complementares entre si
 Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular – só da para receber o certificado das redes publicas. 
§1º. Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: 
I – no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos 
II – no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos
§ 2º. Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais (aprende por outros meios que não é escola) serão aferidos e reconhecidos mediante exames
Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação de Jovens e Adultos (Parecer CNE/CEB 11/2000 e Resolução CNE/CEN 1/2000)
 DCNEJA 
– cumprimento obrigatório para o sistema público e referência opcional para iniciativas autônomas
 Sistemas de ensino: definem estrutura e duração da EJA; regulamentam e aplicam exames supletivos
 EJA é uma modalidade do Ensino Fundamental ou do Ensino Médio. Por isso, valem as mesmas diretrizes para a EJA (Ensino Fundamental e Ensino Médio) 
 EJA considerará as situações, as faixas etárias e os perfis dos estudantes – tem o direito a mesma aprendizagem mas de forma diferente.
 Será pautada pelos princípios de equidade, diferença e proporcionalidade na apropriação e contextualização das diretrizes curriculares nacionais e na proposição de um modelo pedagógico próprio – a EJA tem que levar em conta o principio de equidade. Não da para agir igual para adquirir a igualdade.
Funções da EJA segundo as DCNs
 Reparadora: reparar direito à educação, reconhecendo que este foi negado a muitos – dar o direito que foi negado a muitas pessoas.
 Equalizadora: reparação corretiva de trajetórias formativas interrompidas – concertar aquilo que faltou.
 Qualificadora: reconhecer o caráter incompleto e o potencial de desenvolvimento do ser humano – ver a pessoa como um ser que tem conhecimento e vai desabrochar.
A alfabetização de jovens e adultos que não tiveram acesso à educação na idade considerada própria já estava prevista há muito tempo em lei, mas, com o passar do tempo, foi-se acrescentado leis, resoluções, ementas etc.
O que mudou na legislação do século XX quanto a EJA?
 Possibilidade de continuidade de estudos
 Abertura curricular: possibilidade de respeitar diferentes percursos de estudo.
 Reconhecimento da EJA como modalidade de ensino, superando a visão de “supletivo”
 Necessidade de formação de professores
Que função da EJA está?
[...] Direito a uma escola de qualidade, o que significa ter acesso a um bem real, social e simbolicamente importante, contribuindo para a conquista da cidadania e a inserção no mundo do trabalho através da aquisição das competências exigidas, para isso, oferecer àqueles que antes foram desfavorecidos quanto ao acesso e à permanência na escola, proporcionalmente, maiores oportunidades que os outros, para ter restabelecida sua trajetória escolar (equalizar). Atualização de conhecimentos por toda a vida. Tem como base o caráter incompleto do ser humano, cujo potencial de desenvolvimento e de adequação pode atualizar-se em quadros escolares ou não escolares (qualificadora – enxerga toda a pessoa com um sujeito capaz de aprender).
 
A EJA aparece oficialmente na legislação desde o Brasil Império, entretanto, somente em 1988, com a Nova Constituição, é que a EJA tomou uma dimensão maior na educação, se definindo e se estruturando como a temos hoje.
SÍNTESE:
EJA aparece na legislação desde o Império, mas isso não garante real oferta. Houve avanços no final da década de 50 e início da década de 60 (período com a militância de Paulo Freire).
Lei 5692/71: supletivo no ensino regular; idade para exames supletivos
Constituição de 1988: educação como direito do cidadão e dever do Estado, assegurada oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria
LDBEN 9394/96: EJA como modalidade da educação básica, superando sua dimensão de ensino supletivo; EJA mediante cursos e exames ; Diminui a idade para exames
 DCNEJA: 
• EJA é uma modalidade do Ensino Fundamental ou do Ensino Médio. Valem as mesmas diretrizes 
• Sistemas de ensino definem estrutura e duração da EJA; regulamentam e aplicam exames supletivos
• Princípios de equidade, diferença e proporcionalidade 
• Funções da EJA: reparadora, qualificadora e equalizadora
AULA 4.
O PNE – Plano Nacional de Educação – foi aprovado pela presidente Dilma e estará vigente até 2024. É um importante documento que orienta as políticas públicas para a educação num determinado período. É a partir dele que os estados e municípios organizarão seus planos de ação para a próxima década.
Plano Nacional de Educação (PNE) é uma exigência da Constituição. Trata-se de um documento com diretrizes para políticas públicas de educação para um determinado período. O primeiro PNE foi aprovado pela Lei 10.172/2001, com vigência de 2001 a 2010. Recentemente (25/06/2014), depois de intensa pressão popular, foi aprovado o PNE para o período de 2011 a 2020 pela presidente Dilma Roussef.
O PNE é uma exigência da Constituição Federal e precisa ser elaborado a partir de ampla consulta popular a cada dez anos. O primeiro PNE aprovado teve vigência de 2000 a 2010 e foi substituído, com atraso, em 2014 por um novo PNE.
EJA no PNE 2000 – 2010
A preocupação maior era com os altos índices de analfabetismo e com a institucionalização da EJA. O plano da década anterior tinha como ibjetivo alfabetizar 10 milhões de jovens e adultos em cinco anos e, até o final da década, erradicar o analfabetismo (não foi cumprida).
· Continuidade da escolarização para além da alfabetização: não basta apenas alfabetizar as pessoas, tem que dar a oportunidade da pessoa continuar os estudos e poder se inserir no mercado de trabalho.
· Formação de docentes: precisam ter conhecimentos específicos para trabalhar com esse tipo de aluno.
· Adequação do material didático à especificidade da clientela: por exemplo, o adulto não pode se sentir infantilizado.
· Levantamento de experiências que possam ser referência 
· Fomentar articulação com Universidades: tem que estabelecer convênios com as universidades.
· Levantamento de dados sobre o analfabetismo: para saber qual a quantidade de turmas tem que abrir. 
· Estabelecimento de parcerias público-privadas: parceria com empresas, ONG e etc. e que a partir daí, estes recebessem verbas publicas para fornecer educação. 
· EJA nos presídios: para que a pessoa não caia de volta na criminalidade, tem que fornecer educação para que ele possa sair do presidio e se inserir no mercado de trabalho.
· EJA na modalidade EAD: em muitos locais a educação presencial não consegue chegar.
EJA no PNE 2011 – 2020
META 8: elevar a escolaridade média da população de 18 a 24 anos, de modo a alcançar o mínimo de 12 anos de estudo para as populações do campo, da região de menor escolaridade no país e dos 25% mais pobres, bem como igualar a escolaridade média entre negros e não negros, com vistas à redução da desigualdade educacional – essas populações tem menos acesso ao estudo e o objetivo do governo édiminuir essa desigualdade entre as pessoas. Nessa meta também fala que quem já tem a idade para estar em certa serie, pode apenas fazer uma prova para poder continuar os estudos.
META 9: elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015, erradicar até 2020 o analfabetismo absoluto (não tem noção nenhuma de leitura e escrita, não domina nada) e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional. Faz uma avaliação dos conhecimentos que o aluno já tem para ver qual etapa ele deve entrar.
META 10: oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos na forma integrada à educação profissional nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. Busca retornar a escola para ingressar em uma empresa, por exemplo. Faz a pessoa entrar no mundo de uma maneira mais competente, além de aprender a ler e escrever (adquira uma capacitação profissional). EJA + PROFISSIONALIZAÇAO = trabalhando junto os conteúdos.
Essas metas são para que não haja mais analfabetos em 2020.
A questão da pressão popular: os Eneja
É por meio do Encontro Nacional de Educação de Jovens e Adultos (Eneja) que se cria “instrumentos de pressão política, que influenciem nas políticas públicas de educação de jovens e adultos nos âmbitos municipal, estadual e federal” (ENEJA. II, 2000, p.03).
Espaço de discussão coletiva, agrega participantes de todos os Fóruns de Educação de Jovens e Adultos (educandos, educadores, entidades governamentais e não governamentais, movimentos sociais etc.) – objetivo é ter olhares de pessoas diferentes.
Espaço para compartilhar convicções e concepções acerca da educação de jovens e adultos 
Tem como objetivo “criar instrumentos de pressão política, que influenciem nas políticas públicas de educação de jovens e adultos nos âmbitos municipal, estadual e federal” – o que vem da necessidade concreta da pratica. Pressiona o governo (não são o governo) para que funcione a EJA.
Ideia base: EJA “com o aluno” e não “para o aluno” – superar a ideia de que os professores e políticos decidem como deve ocorrer a EJA.
O primeiro Eneja ocorreu em 1999 
Desde então ocorre anualmente, sintetizando as discussões dos fóruns estaduais 
Principais lutas: política pública para a EJA (ao invés de campanhas)
O Eneja é um espaço de discussão coletiva de melhorias para a EJA. Para esse evento são convidados especialistas e pesquisadores que discutem a EJA em diferentes espaços. O Governo Federal, por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão - SECADI/MEC, apoia a realização desses encontros.
SÍNTESE:
PNE = plano de ação na área educacional para um período estabelecido
 Meta do atual PNE para a EJA: 
• meta 8: elevar a escolaridade média da população de 18 a 24 anos (12 anos de estudo) para redução da desigualdade educacional
• meta 9: elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015, erradicar até 2020 o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional
• Eneja: espaço de discussão coletiva
AULA 5.
Principais Concepções da EJA
 
Ao entrar em uma sala de alfabetização de jovens e adultos, o professor deve ter a consciência de que sua metodologia deve ser diferente de uma alfabetização para crianças e um dos principais motivos é que o adulto já entra nessa sala com um vasto conhecimento de mundo, o que desvaloriza algumas práticas adotadas para as crianças, sendo desnecessária a sua aplicação.
Ao falar de educação de jovens e adultos, não tem como deixar de lembrar de Paulo Freire, que via o analfabeto como alguém oprimido pela sociedade, sendo-lhe negado o direito de aprender e, consequentemente, o direito de compreender o mundo e nele interferir de maneira autônoma.
Concepção tradicional (instrumental) 
 Mais perceptível nas iniciativas governamentais: objetivo a corresponder índices estatísticos.
 Metodologia baseada na transmissão oral de conhecimentos: professor é o que sabe e o aluno é o que nada sabe.
 Aluno como tabula rasa: ideia de uma massa de modelar.
 Materiais semelhantes aos da educação de crianças: fornecer a leitura e a escrita (código).
 Não leva em conta a bagagem cultural do aluno da EJA: domínio de código sem a necessidade de compreender.
 Alfabetização como domínio do código 
 Textos e materiais didáticos previamente produzidos, por “especialistas” 
 Conteúdos definidos a nível central: qualquer aluno vai precisar da mesma coisa para decorar o código.
Concepção dialógica (emancipação) 
 Referência em Paulo Freire 
 Mais presente em movimentos de educação popular 
 Atualmente influencia algumas propostas governamentais: influencia nas politicas publicas.
 Aluno como sujeito criador, capaz de refletir criticamente sobre sua aprendizagem e sobre o conteúdo da linguagem: não só transmitir uma ferramenta, não é só o domínio do código.
 Alfabetização como ato de conhecimento de si e do mundo
 A palavra é a síntese de relações sociais; usar a palavra é poder: ex: pescar para quem é construtor civil em SP é diferente de quem é pescador.
 Diálogo como base da ação educativa: aluno aprende com o professor e o professor aprende com o aluno, por isso a relação de horizontalidade. 
 Relação horizontal entre educandos e educador
 Conteúdos selecionados da vivência: palavras geradoras e temas geradores: o objetivo é o mesmo mas o ‘’como chegar’’ é diferente.
 Alfabetização é um ato de conscientização política
 Educador deve dominar a técnica adequada para proporcionar os elementos da linguagem escrita, mas de forma tal, que estes representem a realidade do alfabetizando e sejam reconhecidos por ele como tal: não abre a mão do código, mas o relaciona com coisas importantes da vida.
PAULO FREIRE:
 Nasceu no Recife (1921). Formou-se em Direito, mas preferiu atuar em projetos de alfabetização de adultos. 
 Crítica à escola: educação bancária, pois o professor age como se estivesse depositando dinheiro sempre e na hora da prova quer sacar tudo.
 Já nos anos 50 propunha uma metodologia específica para a EJA, associando estudo, experiência vivida, trabalho, pedagogia e política. Entende que o aluno é interlocutor, mas não teve oportunidade.
 Considerava os analfabetos “oprimidos”, então a alfabetização é ação emancipatória 
 Angicos (1963) 300 trabalhadores alfabetizados em 45 dias. Paulo foi convidado pelo presidente João Goulart a repensar a EJA em âmbito nacional 
 Golpe militar de 1964: repressão à Educação Popular 
 75 dias na prisão = subversivo
· Exílio: (depois da prisão, Paulo, fugiu do Brasil)
a) viveu no Chile de 1964 a 1969, onde publicou “Pedagogia do Oprimido” 
b) mudança para Genebra (Suíça)
c) década de 1970: assessora vários países africanos recém-independentes na construção seus sistemas de Educação
 Retorno ao Brasil em 1980 com o fim da ditadura 
 Paulo foi Secretário Municipal de Educação de São Paulo no governo de Luiza Erundina (PT) no período de 1989 a 1992. 
 Falece em 1997
 Como é o método de Paulo Freire?
Importante saber: foi criado para situações “não escolares”, na Educação Popular.
 Pesquisa do universo vocabular
 Levantamento das palavras geradoras: palavras carregadas de sentido que podem levar a pessoa a reflexão.
 Proposição de temas geradores: cada palavra gera um tema. 
 Círculo de leitura e ficha de cultura: ir além do domínio do código, ampliando o conhecimento de todos por meio de debates com pessoas com diferentes visões.
 A proposta freiriana é única? NÃO!
 Há uma diversidade de propostas, dependendo da instância em que se dá a EJA: escola, campanha, ONG, empresa etc.: há metodologias diferentes para cada situação.
 Presença, ainda hoje, da perspectiva instrumental: há algumas situações que foca apenas no código.
 Influência da proposta freireana e da proposta sócio-histórica nos programas oficiais, como o e Eneja.
Saberes necessários ao educador da EJA
 Assumir-se como profissional libertador: que tenha como foco a metodologia emancipatória, pois educar não é apenas decorar o código e sim entender melhor a realidade na qual vive. 
 Terpapel diretivo no processo educativo: professor não pode ficar na posição que é comandado por uma apostila ou sistema de ensino. Há um espaço para ação do professor.
 Colocar-se numa posição de quem busca superar-se constantemente, em uma atitude práxica: entender a relação concreta entre ação e pratica.
 Fazer do ato educativo um ato de conhecimento: saber o que esta fazendo, porque esta fazendo. O ensino tem que ser um ato de conhecimento.
Colocar-se em constante processo de formação
 Trabalhar a indissociabilidade entre teoria e prática mediante a reflexão crítica sobre a prática: tem que refletir sobre nossa pratica e procurar o teor teórico.
 Respeitar o educando e a si próprio como sujeito de conhecimento
Pensando a EJA em espaço escolar
 Reconhecer que os alunos de EJA são majoritariamente trabalhadores ou filhos deles, que vivem numa condição socioeconômica que determina várias restrições: são de camadas mais pobres, tento restrições a acesso a cultura, alimentação e etc. elas não são menos inteligentes, mas não tiveram oportunidade de desenvolver certas habilidades.
 São necessárias formas específicas de abordagem para que o aprendizado se realize: não serve a abordagem que se utiliza para crianças com os adultos.
 Constatar os limites e dificuldades dos alunos, ao invés de promover sua superação, e não subordinar o processo pedagógico às limitações do alunado: deve saber a dificuldade e limite de cada um, não ver um coletivo. A partir daí planejar como fazer superar esses problemas.
 Evitar o barateamento do conteúdo sob a justificativa de trabalhar os interesses e necessidades do aluno, quando na verdade se deveria buscar a articulação entre ambas as esferas de interesses: o particular (cotidiano imediato) e o universal
Contemplar os interesses dos alunos inserindo temas cotidianos, mas na relação com o domínio do conhecimento mais avançado, e a superação do senso comum: precisa introduzir o novo, não ficar apenas no que eles já sabem.
Espaço de discussão em sala de aula é uma condição necessária, mas não suficiente, para a elevação do grau de conhecimento e consciência dos sujeitos 
 Cabe ao professor orientar a discussão na direção de um aprofundamento constante
 O acesso aos conteúdos deve se apoiar em um processo de abstração-concreção, pois são os fundamentos explicativos que dão sentido às descrições, classificações, leis, regras... 
 Buscar a superação da marcas ideológicas dos conteúdos
Compreender o mundo: exercício de reflexão – aluno como sujeito ativo do processo 
 O trabalho pedagógico exige atuação competente do docente
AULA 6.
Experiência de EJA no Brasil no final do século XX e inicio do século XXI
Apesar dos avanços, ainda é preciso avançar na constituição de programas mais articulados, para que a EJA seja menos fragmentada, heterogênea e instrumental.
Muitas ações ainda privilegiam apenas a correção de fluxo e a redução dos índices de analfabetismo.
Na atualidade, ocorrem ações, programas e campanhas de EJA promovidas tanto pelo setor público, como pela sociedade civil.
Geralmente os objetivos de cada uma dessas ações dependerá da meta do órgão, associação ou entidade que as organiza. Ex: programa brasil alfabetizado, alfasol, pronera, projovem, proeja, mova e EJA no MST.
Experiências da EJA: as ações podem ser municipais, estaduais, federais, empresas, movimentos sociais ou ONGs. As vezes eles vão na mesma direção, mas há casos que vão em direções diferentes.
Brasil alfabetizado
 Iniciativa do governo federal, criado em 2003 e continua ativo.
 Objetivo: promover a superação do analfabetismo entre jovens com 15 anos ou mais, adultos e idosos e contribuir para a universalização do ensino fundamental no Brasil. Não foca na abertura de visão de mundo.
 Educador bolsista: não é um emprego ou concurso, você se disponibiliza para participar do projeto e ganha uma bolsa para trabalhar por um determinado tempo no EJA.
 Modificado pelo decreto no 6.093, de 2007 
 Atende, prioritariamente, os Estados e Municípios com maiores índices de analfabetismo
 Atuação da União: apoio aos Estados, Distrito Federal e Municípios que venham a aderir ao Programa, em regime de colaboração 
 Não define proposta ou metodologia de alfabetização (isso cabe a cada Estado ou Município escolher como agirá).
Alfabetização solidária (Alfasol)
 Entidade da sociedade civil criada em 1998, não é uma iniciativa governamental.
 Atua com base nos índices de analfabetismo segundo o IBGE, empresas, pessoas físicas, organizações, governos, instituições de ensino superior...
 Objetivos: sensibilizar a sociedade civil e organismos governamentais (inclusive agências multilaterais – instituições internacionais) no sentido de viabilizarem programas educacionais para a promoção da qualidade de vida das famílias de baixa renda, visando o desenvolvimento sustentado
Manter convênios com entidades de ensino para proporcionar alfabetização a comunidades carentes
 Atua em vários programas:
a) Projeto Nacional 
b) Projeto Grandes Centros Urbanos
c) Projeto Ver: ver se a pessoa tem algum problema de visão.
d) Alfabetização nas Empresas 
e) Projeto de Complementação Nutricional 
Dessa forma, pode ver que não é só alfabetização, mas também visa uma melhor qualidade de vida.
Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera)
 Política de Educação do Campo desenvolvida em área da Reforma Agrária, executada pelo governo brasileiro. Criado em 1998, a partir da pressão dos movimentos sociais e sindicais de trabalhadores rurais pelo direito à educação com qualidade social.
 Objetivo: fortalecer o mundo rural como território de vida em todas as suas dimensões – econômicas, sociais, ambientais, políticas, culturais e éticas. Favorecer para que as pessoas não saiam da vida rural, pois a maioria sai do rural para o urbano com a intenção de procurar melhor educação para seus filhos.
 Fortalecer a educação nos assentamentos de Reforma Agrária 
 Ocorre em convênio com universidades
 PRINCÍPIOS:
 Eixos temáticos 
Integração entre conteúdos escolares e necessidades dos assentamentos: partir das coisas que estão acontecendo para planejar o conteúdo.
 Interdisciplinaridade 
 Participação ativa do aluno
Principais ações: Alfabetização, ensino fundamental supletivo, capacitação pedagógica dos monitores (monitores são capacitados pelos professores das universidades).
PROJOVEM
 Programa Nacional de Inclusão de Jovens: educação, qualificação e ação comunitária. Iniciativa do governo federal (2005). Ligado à Secretaria Nacional da Juventude.
 Foco: jovens de 18 a 24 anos que terminaram a quarta série, mas não concluíram a oitava série do ensino fundamental e não têm vínculos formais de trabalho. Tentativa de inclusão das pessoas na sociedade.
 Visa oferta de elevação da escolaridade, de qualificação profissional e de planejamento e execução de ações comunitárias de interesse público.
 Aqui também há educadores bolsistas.
 Remodelado em 2007 pelo Governo Lula.
 Divide-se em vários subprogramas: 
a) Projovem Urbano 
b) Projovem Campo 
c) Projovem Adolescente 
d) Projovem Trabalhador: inseridos no mundo do trabalho, mas não de maneira formal.
PROEJA
 Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na modalidade de Educação de Jovens e Adultos - junta a educação de jovens e adultos com a educação profissional, fazendo as duas formações ao mesmo tempo. Decreto no 5.840/2006.
 Abrange: 
• formação inicial e continuada de trabalhadores 
• educação profissional técnica de nível médio
Ocorre em escolas públicas que façam adesão ao programa: a rede estadual em que sua escola está incluída que decide se adere o programa.
Oferta obrigatória nos institutos federais de educação ciência e tecnologia 
MOVA (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos)
 Inspiração no trabalho de Freire 
 Parcerias entre movimentos sociais e administrações municipais: demanda que vem da sociedade e faz parcerias. 
 Perspectiva pedagógica: formação cidadã e alfabetização como ação política e cultural. Principal exemplo: Mova SãoPaulo - início em 1990. Objetivo de pluralismo metodológico e concepção libertadora de educação
 Ideia inicial: Mova fazer parte de um programa contínuo da administração municipal 
 Estado é o principal articulador, mas não é o único 
 Extinto em 1993 (nova administração)
EJA no MST
 Preocupação grande do MST com a educação no campo 
 Prioriza a prática coletiva: tende a não aceitar a ingerência do governo nas práticas educativas.
 Luta por ampliação do acesso e permanência na escola pública e luta por uma educação que tenha a ver com o modo de vida e de produção na terra (ajudar as pessoas a permanecerem nas terras). 
 Defesa de uma educação diferenciada para as pessoas dos acampamentos (pessoas em busca de uma terra, como as pessoas acapmadas ao lado da estrada) e assentamentos (o governo desapropria uma terra e as pessoas passam a ter direito a aquela terra).
 Aquisição de conhecimento por meio do acesso à leitura e escrita; busca a emancipação dos trabalhadores por eles mesmos; busca de possibilidades na pratica social dos camponeses.
 Lugar dos mediadores (educadores): pessoas da própria comunidade do assentamento.
Conceitos centrais: terra e trabalho, com o objetivo de superar a ideologia dominante presente na educação (formação de mentes alienadas e subalternas).
 Educação dialógica e problematizadora. Debate, construção coletiva, atitude de investigação constante.
Aplicação prática
 As condições da sociedade brasileira – que é da desigualdade – continuam a gerar alunos para a EJA. 
 Todos os Programas dependem de repasse de verbas do governo. Interrupção no repasse de verbas paralisa os programas (ex: quando há mudança de governo).
 Permanência de concepções instrumentais de EJA, em confronto com propostas avançadas.
 Índices elevados de evasão (as pessoas começam mas não terminam) na EJA indicam inadequação de algumas propostas à realidade concreta dos alunos.
 Preconceito ainda presente em relação ao aluno da EJA como se ele fosse “menos capaz”.
 Formação de docentes é primordial.
 Em cada um dos projetos e ações descritas, é preciso analisar a concepção de EJA e os objetivos defendidos.
 Financiamento público para efetivação dos programas e ações – gargalo. Como ele depende de repasse de verbas, se não há o repasse, os programas se interrompem.

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