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Anos Iniciais do Ensino Fundamental 217 PEDAGOGIA Quando falamos em sujeitos da Educação de Pessoas Jovens e Adultas (EPJA), estamos pensando em homens e mulheres maiores de 15 anos, em sujeitos de toda a diversidade étnica- religiosa-sexual-política brasileira e em sujeitos que sofrem com toda forma de desigualdade social existente nesse país. “Compreender a forma de atender a diversidade dos sujeitos da EJA é extremamente necessário”. (ARROYO, 2005, p. 21). Conforme a V Confitea2, 1997, em Hamburgo, a Educação é para todos e todas ao longo da vida. Contudo, não fica claro quem são todos e todas. Podemos enfatizar alguns sujeitos – homens e mulheres – que são do campo, da floresta, dos centros urbanos, privados de liberdade (presidiários), de movimento, da fala, da escuta, da visão, e com aprendizagem lenta, enfim, sujeitos que, de alguma forma e por algum motivo, não tiveram condições de chegar até a escola, pois foram perversamente privados das possibilidades de aprender a ler e a escrever. É por estes sujeitos que temos a responsabilidade e o compromisso, enquanto educador@s, de lutar para que tenhamos uma sociedade mais justa e igualitária. Uma sociedade mais justa significa que todos e todas tenham a oportunidade e condições de fazer parte de uma educação que inclua também, sem restrições de religião, etnia, cultura, opção sexual e política, os sujeitos em sua atividade humana de trabalho e de desenvolvimento de suas capacidades intelectuais. Por meio dessas capacidades, todos e todas podem partilhar uma visão de mundo, contribuindo para manter ou modificar as suas próprias concepções, transformando-se e modificando a sociedade democrática. Paulo Freire e a Pedagogia Recordando as lições de nosso mestre da Educação Popular, Paulo Freire, quando nos ensina que devemos defender a educação como direito inalienável a todos e a todas, somos instigados a refletir sobre o fato de que o acesso à educação escolar é a mediação para a construção da cidadania consciente. Desde que esta possua um projeto pedagógico para a formação de pessoas críticas, com autonomia, que saibam a importância do diálogo para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna, na qual a educação é compreendida como forma de intervenção no mundo. Uma educação competente tecnicamente e rigorosa do ponto de vista teórico é capaz de transformar e desenvolver melhor compreensão do mundo no indivíduo. Ao mesmo tempo em que essa educação transforma a sua realidade com os conteúdos e conhecimentos apreendidos, leva-o a tomar decisões com liberdade e autoridade, pois o torna consciente de sua cidadania. Para tanto, recordamos que o ato de ensinar não é um ato de depositar conceitos, mas uma ação libertadora, problematizadora, pois “[...] ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo” (FREIRE, 1987, p. 39). Para que essa educação problematizadora e libertadora exista, ela precisa romper com o verticalismo da educação que transmite, narra, transfere ou deposita.