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Disfagia: Causas, Sintomas e Tratamentos

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Introdução
Dificuldade de engolir, que pode ocorrer tanto na transferência do alimento da boca ao esôfago quanto na passagem do bolo alimentar pelo esôfago até o estômago.
A disfagia de transferência ou orofaríngea ocorre tanto para sólidos quanto para líquidos, e o paciente se engasga ao tentar deglutir, pois não consegue fazer com que o bolo alimentar passe da boca ao esôfago, podendo apresentar regurgitação nasal, aspiração e tosse. Nessa situação, o problema se encontra na musculatura esquelética ou nos pares cranianos responsáveis pelo controle voluntário e pelo reflexo da deglutição.
A disfagia de condução esofágica é caracterizada pela dificuldade no transporte do bolo alimentar pelo esôfago. Quando exclusiva para sólidos, devemos pensar em obstrução mecânica. Se for para sólidos e líquidos, trata-se de um distúrbio motor do esôfago ou de uma obstrução mecânica muito grave.
Muitas pessoas referem sensação de “aperto na garganta”, frequentemente relacionado com fatores emocionais, porém os exames complementares mostram-se normais. Nesse caso, trata-se de uma disfagia psicogênica, condição que recebe a denominação bolo histérico ou globus hystericus (ver Capítulo 534, Transtornos Somatoformes).
Causas
Disfagia orofaríngea
•Neurológicas: esclerose múltipla; doença cerebrovascular (acidente vascular bilateral como na síndrome pseudobulbar, acidente vascular de tronco como na síndrome de Wallenberg); esclerose lateral amiotrófica; parkinsonismo
•Musculares: miastenia gravis; dermatomiosite, polimiosite
•Disfunção cricofaríngea (contração do esfíncter esofágico superior, barra cricofaríngea).
Disfagia esofágica
•Obstrução mecânica: estenose esofágica de origem péptica, química, traumática, actínica, cáustica; corpo estranho; neoplasia; anéis esofágicos; compressão extrínseca – bócio, aneurisma de aorta, aumento do átrio esquerdo (estenose mitral – síndrome de Ortner), exostose óssea, tumores; divertículos. Em crianças devemos pensar em malformações congênitas: atresia esofágica
•Distúrbio motor do esôfago: acalasia idiopática; megaesôfago chagásico; espasmo esofágico difuso; esclerodermia; presbiesôfago.
Exames complementares
•Videofluoroscopia: melhor para avaliar disfagia de transferência
•Esofagograma baritado
•Manometria esofágica
•Radiografia e/ou tomografia computadorizada de tórax
•Endoscopia digestiva alta.
Comprovação diagnóstica
•Dados clínicos + exames de imagem.
Complicações
•Aspiração de alimentos (pneumonia)
•Desnutrição.
Tratamento
•Orientação sobre alimentação, especialmente quanto a mastigação e consistência dos alimentos
•Distúrbios motores:
■Acalasia: nitratos; antagonistas do cálcio; toxina botulínica; dilatação pneumática; cirurgia (miotomia à Heller + fundoplicatura parcial)
■Espasmo esofágico difuso: nitratos; antagonistas do cálcio; antidepressivos tricíclicos; cirurgia antirrefluxo; evitar alimentos e bebidas desencadeantes; evitar estresse durante as refeições
•Distúrbios obstrutivos:
■Anéis e membranas: dilatação endoscópica; remoção cirúrgica
■Divertículo de Zenker: esofagomiotomia associada ou não à remoção cirúrgica
■Tumores benignos (liomioma em 60% dos casos): liomiomas maiores do que 5 cm devem ser ressecados cirurgicamente
■Estenose péptica: tratamento da doença do refluxo gastresofágico.
Atenção 
•O início (gradual ou súbito), a evolução (intermitente ou progressiva) e os sintomas associados (odinofagia, dor retroesternal, pirose, perda de peso, rouquidão, infecções pulmonares, febre) são importantes para o diagnóstico da causa da disfagia
•Ao avaliar a disfagia em lactente ou criança pequena, prestar atenção à sua capacidade de sugar e deglutir. Tosse, engasgo e regurgitação durante a alimentação sugerem disfagia
•A disfagia é apenas um sintoma. O tratamento sempre dependerá da causa, mas exercícios sob a supervisão de um fonoaudiólogo podem melhorar a deglutição em casos especiais
•Em idosos, lembrar da possibilidade de presbiesôfago, condição que exige cuidados especiais para se alimentar.
Evolução e prognóstico
Dependem da causa e da precocidade do diagnóstico.
FONTE: Clínica médica na Prática diária. Porto.

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