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RESENHA 18/08/2020 Karina Rossana Menezes Schüssler karina74rossana@gmail.com karina.schussler@uncisal.edu.br GIROTO, Ivo Renato. Interações entre design thinking e arquitetura: a aplicação da abordagem como instrumento pedagógico no ensino de projeto arquitetônico. Cadernos de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, vol. 14, no.1. São Paulo: FAU Mackenzie. 2014. Disponível em: http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/cpgau/issue/view/405. Acessado em: 18/08/2020. mailto:karina74rossana@gmail.com mailto:karina.schussler@uncisal.edu.br 1 O autor trata do Design Thinking (DT) como metodologia aplicada ao ensino de projeto e relata sua experiência enquanto professor, adequando a metodologia de DT do universo do design para a disciplina de projeto como ferramenta para estímulo à “criatividade, pensamento crítico e autônomo” de seus alunos. A experiência acontece em quatro turmas da disciplina Ateliê de Projeto VII com cerca de 80 alunos. O autor desenvolve a disciplina adequando os ciclos do Design Thinking as particularidades do ambiente acadêmico. Para o autor essa abordagem metodológica retoma o “referencial humano como norteador do processo de projetar”, para ele perdido num ideário que transformou, ao longo do tempo, a arquitetura num objeto arquitetônico desvinculado do usuário. Nesse sentido o texto expõe como todo o processo de projeto no atelier se desenvolve a luz dos princípios do DT adaptados à disciplina: descoberta (imersão); interpretação (análise e síntese); ideação; experimentação (prototipação), evolução (projeto) e validação. Percebe-se que a idéia deste experimento é recuperar, através da metodologia do DT, o elo entre arquiteto-cliente-usuários, que para o autor é imprescindível para a concepção do edifício arquitetônico. Em todo texto fica claro a intenção do autor, que ao incorporar o DT no processo de projeto, ressalta a importância de uma estruturação da proposta de projeto com foco no usuário, ou seja, formas colaborativas no processo projetual. Destacam-se também as questões acerca da criatividade e da possibilidade de uma abordagem inovativa sendo apoiada no “entendimento dos padrões de comportamento e utilização dos usuários.” O DT é uma ferramenta eficaz que funciona há muito em processos do design, que se adapta em outros cenários, como demonstrado neste texto, de forma harmônica na vertente pedagógica do ensino de projeto dentro de uma concepção colaborativa. Contudo, há de se ponderar que o método do DT aplicado não traz elementos que contribuam para uma arquitetura inovativa, como o autor mesmo aponta no texto. A inovação é a adaptação do método, mas não garante a inovação formal do objeto arquitetônico. Como metodologia coletiva, reconhece-se que aplicabilidade na fase de análise e síntese traz novas possibilidades, inclusive para destravar dilemas de concepção. Mas, embora o DT seja uma estratégia eficiente para o ensino de projeto, numa situação real, decidir se o nível de inovação da obra é maior ou menor, ou se a inovação está (ou não) dentro dos valores de juízo dos usuários, ficam a cargo do arquiteto. Ou seja, cabe ao arquiteto utilizar o que a ferramenta traz para a contextualizar o objeto, torná-lo significativo para o usuário, podendo ou não auxiliar nas escolhas formais, volumétricas e estéticas. 2 Na realidade o autor propõe um “direcionamento processual que define o Design Thinking como propiciador de ideias inovadoras e realmente autônomas” dentro de um universo coletivo para o desenvolvimento criativo e a geração de ideias. O que não fica claro é que até onde a questão formal pode ser explorada pelo DT uma vez que nos resultados obtidos o autor observou “uma forte tendência à inovação no âmbito programático, o que denota forte vinculação dos projetos aos potenciais usuários”. E, se a construção de um programa de necessidades completo não garante a criação de uma obra inovadora, na prática é necessário permitir a reflexão dos alunos sobre o alcance do método nas decisões formais de um objeto arquitetônico. Por exemplo, se o arquiteto alemão Jürgen Mayer-Hermann tivesse levado em conta a opinião negativa dos cidadãos (quanto à forma) a época do projeto do Metropol Parasol, talvez hoje a cidade de Sevilha não tivesse construído uma obra tão significativa.