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17/02/2020 Disciplina Portal
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Fundamentos de Economia
Aula 7 - Abordagem Macroeconômica: moeda e
inflação
INTRODUÇÃO
A todo o momento lemos nos jornais, ouvimos nos debates sobre e inflação brasileira, vemos o “dragão inflacionário”
estampado nas revistas... Mas o que é inflação?
Bom, como a inflação é um fenômeno monetário, é importante esclarecer o que é moeda e quais suas funções.
Nesta aula, vamos definir moeda e suas funções dentro da economia. Com essas definições, poderemos compreender
os principais tipos de inflação, ou seja, inflação de demanda, inflação de custos e inflação inercial, e os impactos da
inflação nos agregados macroeconômicos.
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OBJETIVOS
Ter contato com o conceito de moeda, sua evolução, tipos e funções.
Definir inflação, tipos de inflação e consequências para a economia.
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ENTÃO VAMOS COMEÇAR PELA MOEDA!
Conceitualmente, o termo “moeda” é usado para denominar tudo aquilo que geralmente é aceito como meio de trocas
de bens e serviços. Significa dizer, portanto, que é condição necessária para que algo possa ser aceito.
Mas como chegamos à moeda que utilizamos hoje?
Vejamos como foi a evolução do sistema de trocas até o dia atual...
Ozornina / Shutterstock
     
Sistema de trocas e a evolução da moeda
Não se pode afirmar com exatidão quando surgiu e qual foi a primeira moeda. Remontando aos primórdios da
civilização, imagina-se facilmente que o homem primitivo produzia tudo quanto bastava ao seu sustento. Suas
necessidades limitavam-se à garantia de sua sobrevivência.
As associações e o desenvolvimento natural da vida em grupo criaram, porém, outras necessidades para cuja
satisfação o indivíduo, isoladamente, se viu impotente. Sua auto suficiência se reduzia na medida do crescimento de
suas necessidades.
Nesta cadeia de raciocínio, o próximo elo foi a introdução paulatina
da divisão e especialização do trabalho: cada indivíduo passou a produzir
um ou poucos produtos, consumindo uma parte deles e tentando
passar a outro o excedente em troca de outros bens que necessitava.
Estabeleceu-se, então, um sistema de trocas diretas, conhecido por escambo, de mercadorias por mercadorias,
mercadorias por serviços ou serviços por serviços.
DIFICULDADES DA ECONOMIA DE ESCAMBO
É fácil imaginar as dificuldades para um razoável funcionamento dessa economia de escambo:
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Fonte da Imagem:
Exige uma permanente coincidência de interesses (o indivíduo “A”
dispõe de arroz e quer trocar por carne; para se realizar essa troca, é
imprescindível que ele encontre um indivíduo “B” que tenha carne e
queira arroz!).
Fonte da Imagem:
Há a dificuldade de se estabelecer as relações ou preços de troca
(valores entre dois bens bastante diferentes).
Por tudo isso, esse sistema, que vigorou na mais remota antiguidade, era claramente ineficiente. As mudanças
requeridas se realizaram lentamente.
Moeda mercadoria
Geralmente escolhia-se uma mercadoria que fosse
relativamente escassa e não facilmente perecível (nem
sempre possível). A história registra que, em diferentes
locais e épocas, foram usados como moeda: sal, peles,
fumo, gado, trigo, rum, carne seca, ferro, cobre, dentre
outros.
Moeda metálica
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Sem dúvida, de todas as mercadorias, a preferência maior
recaía sobre os metais, não só pela sua relativa escassez,
mas, também, pela sua durabilidade e fácil divisibilidade.
Muito embora o ferro, o cobre e o bronze tenham sido
bastante utilizados, houve uma predominância do uso dos
metais preciosos, notadamente a prata e o ouro.
Moeda papel
Com o tempo, e diante da crescente demanda por tais
certificados, as casas de custódia passaram a emitir
certificados cujo valor global em circulação excedia o valor
total dos metais preciosos ali depositados. A experiência
acumulada pelos custodiadores mostrava que nem todos
os depositantes resgatavam, ao mesmo tempo, seus
depósitos. Além do mais, enquanto alguns vinham para
reconverter seus certificados em ouro, outros vinham para
depositar. Assim, com um encaixe metálico menor, era
possível garantir a liquidez dos certificados, isto é, garantir
as reconversões que, em média, na semana ou no mês,
correspondia a apenas uma fração do total dos certificados
em circulação.
Papel moeda
Com o crescimento do volume e valor das transações, o
manejo de grandes quantidades de metais preciosos
tornou-se problemático pelas dificuldades de transporte e
os riscos envolvidos. Pouco a pouco, nota-se o
aparecimento de casas de custódia desses metais em
diversos pontos. Essas casas passaram a receber em
depósito os metais preciosos dos comerciantes, emitindo
em troca um recibo ou certificado de valor correspondente.
Esse certificado recebeu a denominação de moeda papel e
era generalizadamente aceito nas transações. Sua
característica principal era possuir lastro integral (100%)
em ouro, isto é, a qualquer momento o possuidor do
certificado poderia ir à casa de custódia emissora e
reconvertê-lo em ouro ou prata. Daí sua crescente
aceitabilidade como meio de pagamento em substituição
aos próprios metais preciosos.
Ocorreu, assim, um novo marco histórico na evolução das formas de moeda: a passagem da moeda papel para os
certificados emitidos sem o correspondente lastro em ouro ou prata e que vieram a ser chamados de papel moeda.
Pouco a pouco o papel moeda passou a ter uso generalizado como meio de pagamento nas transações pelo simples
fato de que sua aceitação era geral, não se questionando sobre a possibilidade de convertê-lo ou não em ouro.
O esquema a seguir retrata como se desenvolveu o sistema de trocas e a devolução da moeda:
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ATENÇÃO
, Num processo evolutivo normal, e com o intuito de evitar riscos de emissões exageradas, o passo seguinte foi a proibição de
emissão de papel moeda pelos bancos privados (antigas casas de custódia), limitando-se o direito de sua emissão a uma
instituição oficial que, pouco a pouco, se transformou nos atuais bancos centrais de cada país.
TIPOS DE MOEDA
Numa classificação didática, temos, hoje, as seguintes espécies ou formas de moeda:
     
Moeda manual
Vem a ser aquela emitida pela Casa da Moeda, representada pelas cédulas e moedas metálicas em circulação.
artmakerbit / Shutterstock
     
Moeda escritural ou bancária
Representada pelos depósitos à vista nos bancos comerciais. Vale lembrar que se trata das chamadas moedas
fiduciárias (isto é, em que se tem fé ou se acredita), já que não possuem valor intrínseco, constituindo-se em moeda
simplesmente porque têm aceitação generalizada nas transações econômicas.
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A Aleksii / Shutterstock
FUNÇÕES DA MOEDA
Bom, já que agora sabemos um pouco sobre o sistema de trocas e dos tipos da moeda, vamos às suas funções:
Instrumento de troca
Tendo aceitação generalizada como meio de pagamento
nas transações, a moeda exerce sua função mais cristalina
e fundamental – que é servir como instrumento ou
intermediária de trocas entre os indivíduos para satisfação
de ambas as partes.
Padrão de referênciade valor
Nesse caso, a moeda possibilita que todos os fatores de
produção e os produtos (bens e serviços) possam ter seus
valores expressos em unidades monetárias, propiciando a
fácil avaliação e comparação de todos os recursos e
produtos disponíveis na Economia.
Reserva de valor
A moeda desempenha, também, a função de reserva de
valor no sentido de que o indivíduo pode manter sua
riqueza (ou parte dela) sob a forma de moeda, por um
período de tempo, sabendo que, amanhã ou depois, esse
ativo será aceito em qualquer transação por ter liquidez
absoluta. Trata-se, no entanto, de uma função que merece
duas ressalvas: primeiro, se o indivíduo prefere manter sua
riqueza sob a forma de moeda, ele deixa de ganhar, pois a
moeda em si não gera rendimentos; segundo, e ao
contrário, em períodos inflacionários o indivíduo perde com
a desvalorização da moeda.
INFLAÇÃO
A inflação é definida como sendo um aumento contínuo e generalizado do nível geral de preços, em outras palavras,
uma perda progressiva do poder de compra da moeda. Em uma economia com inflação é necessário cada vez mais
moeda para se comprar a mesma quantidade de bens e serviços.
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o_du_van / Shutterstock
Inflação basicamente significa alta de preços. Mas uma alta de preços que têm algumas características próprias.
Observe:
  Em geral, sobem os preços de todos os bens, serviços etc. uns mais, outros menos, mas todos sobem;
  É durável, o movimento de elevação dos preços não é um ponto no tempo, não é feito de avanços e recuos
estáticos, mas persistente (e às vezes, demorado);
  É progressiva ou acumulativa. A inflação alimenta-se a si mesmo e pode aos poucos, aumentar a sua
velocidade de alta (ou até mesmo de baixa).
Mas o que faz aparecer esse fenômeno que chamamos de inflação, melhor dizendo, quais são as suas causas, de
âmbito socioeconômico, com os seus respectivos efeitos, não só em toda a vida econômica, como também na vida
política, na vida social e até na vida individual de cada pessoa que forma a sociedade de um país?
As suas causas estão diretamente ligadas ao que podemos identificar e classificar como tipos básicos de inflação.
Inflação de demanda
A inflação de demanda é o tipo de inflação causada por um excesso de procura, dada a
oferta disponível de bens e serviços na economia. Entre os fatores que fazem aparecer este
fenômeno, cabe destacar:
• o aumento da renda disponível das pessoas;
• expansão dos gastos públicos (sendo que o governo é um dos agentes que demandam
bens e serviços na economia, pressionando o nível da demanda agregada, que, dependendo
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de como o governo mexe com os seus gastos, ele pode até gerar um déficit público, e fazer
gerar um maior nível de demanda global do país);
• expansão do crédito e redução da taxa de juros (aumentando a liquidez, a moeda em
circulação e, por conseguinte, os gastos da sociedade) e as expectativas dos agentes
econômicos.
É importante destacar que o aumento excedente da demanda só causa inflação, se a
economia do país estiver tendendo a chegar no pleno emprego da utilização dos recursos
(ou fatores) de produção disponíveis na economia do país.
Inflação de custos (ou de oferta)
Uma determinada experiência brasileira demonstra que pode haver inflação, mesmo sem a
presença de um excesso de demanda sobre a oferta. A inflação de oferta aparece porque os
custos (despesas com a produção) sobem, melhor dizendo, há a chamada inflação de
custos (ou de oferta). Entre os fatores que fazem aparecer este fenômeno inflacionário,
cabe destacar:
• a taxa de juros (ao mesmo tempo em que contribui para reduzir a demanda, gera um
aumento dos custos de produção, pois as empresas muitas vezes pegam dinheiro
emprestado em bancos);
• a desvalorização cambial (pois gera um aumento nos preços dos produtos importados que
servem de matéria-prima), os preços externos de determinados produtos (tais como o preço
internacional do petróleo), custo da mão de obra (devido a aumentos salariais) e aumento
de impostos.
A empresa, trata de passar adiante essas elevações de despesas e eleva o preço de venda
do seu produto. Em a maior ou menor proporção a empresa, conseguirá repassar tais
elevações para o preço do seu produto, depende das condições que se tem em relação ao
seu poder de concentração de mercado, ou a maior ou menor concorrência que se tem
neste mesmo mercado.
Inflação de inercial
O último tipo de inflação que pode ocorrer, independente de pressões de demanda e/ou de
custos, é a inflação que está associada aos mecanismos de indexação da economia, melhor
dizendo, a chamada inflação inercial. Ela é desenvolvida por meio da garantia que se tem de
reajustar preços, a partir da constatação da existência de inflação, onde a inflação de hoje
passa a ser o piso para a inflação de amanhã, mesmo não se tendo pressões de demanda e
de custos, onde a inflação pode não ceder.
DISTORÇÕES DO PROCESSO INFLACIONÁRIO
A principal consequência de um processo inflacionário são as disparidades de preços, porque os preços dos produtos
variam com taxas diferentes. Portanto, com a inflação, os preços relativos mudam: os preços de alguns insumos
aumentam mais do que o de outros, as empresas tendem a variar a intensidade com que são usados.
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Por outro lado, estes tendem a gerar expectativas de que a inflação tenderá a subir no futuro (gerando expectativas de
inflação futura), onde procurarão resguardar as suas margens de lucro, aumentando os preços dos seus produtos.
E, ao mesmo tempo, um processo inflacionário provoca distorções sobre as finanças públicas; pois este processo
acaba gerando uma defasagem entre o fato gerador e o recolhimento efetivo do imposto; assim, quanto maior a
inflação, menor tende a ser a arrecadação do governo.
Veja um quadro que apresenta as importantes correntes econômicas sobre o tema inflação.
Corrente Causas principais
da inflação
Políticas
Antiinflacionárias
Liberais ou
neoliberais
Desequilíbrio do
setor público (o
déficit a dívida
pública provocam
descontrole
monetário,
causando inflação
de demanda).
• Ajuste fiscal (para
reduzir o déficit a
dívida pública, via
reformas fiscais,
previdenciária,
privatização);
• Controle
monetário (juros e
moeda);
• Liberação do
comércio exterior
(abertura comercial
e valorização
cambial).
Inercialistas
Indexação
generalizada
(formal e
informal).
• Desequilíbrio do
setor público (o
déficit e a dívida
pública provocam
descontrole
monetário,
causando inflação
de demanda).
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Estruturalistas
Conflitos
distributivos
(pressões de
margens de lucro,
salariais e de
tarifas e preços
públicos
provocam inflação
de custos).
• Controle de
preços oligopólios;
• Controle cambial;
• Reformas
estruturais.
Glossário

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