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DESNUTRIÇÃO AULA PROFESSORA MARCELLA – DIA 26/06/18 · EPIDEMIOLOGIAA epidemiologia mostra que mesmo com o passar dos anos, a prevalência de desnutrição continua semelhante (cerca de 50%). E isso é prejudicial pq a desnutrição tem consequências super sérias que pioram o prognóstico do paciente hospitalizado. Weinsier e col (1979) -Pacientes desnutridos: 48% -Maior tempo de internação: 20 vs 12 dias -Maior mortalidade: 13 vs 4 % -Maior custo Warnold e Lundholm (1984) -Complicações pós cirúrgicas: 48 vs 29% -Internação: 29 vs 14 dias -Permanência pós operatória: 10 dias maior IBRANUTRI (1999) estudo de referência em desnutrição -Pacientes desnutridos: 48,1% de desnutrição (12,6% graves e 35,5 moderados) -Tempo de internação: 13 vs 6 dias -81,6% não tinham anotações sobre peso/altura no prontuário -Uso de terapia nutricional: 10,1 (enteral) e 1,2% (parenteral) · CAUSAS PRIMÁRIAS (referente a alimentação): OBS: as vezes não adianta aumentar o VET se o paciente não está comendo, não está aceitando bem a dieta. -Ingestão insuficiente de nutrientes essenciais devido a falta de alimentos ou de apetite A ingestão insuficiente se dá pela anorexia, mtas vezes devido à inflamação (há produção de citocinas pelo processo inflamatório que vão atuar lá hipotálamo e diminuir a produção de orexígenos, responsáveis por estimular o apetite). OBS: Só o fato do paciente estar no hospital faz com que ele fique “abatido” emocionalmente. Isso tbm pode ser motivo para ele ter diminuição do apetite. -Seleção inadequada de alimentos -Perda de dentes: mais comum em pacientes idosos. SECUNDÁRIAS (decorrentes de uma falha fisiológica): OBS: dependendo da doença de base do paciente pode influenciar. O nível de desnutrição/proteólise vai depender da patologia. Exemplo: se for uma doença inflamatória há hormônios, produção de citocinas, proteínas envolvidas na cicatrização de feridas... Há doenças que aumentam o gasto energético. Ex: câncer existem tipos de câncer que são hipermetabólicos, mas não são todos: existem tbm os que são normometabólicos, e hipometabólicos. Câncer de pulmão por exemplo é extremamente hipermetabólico. -Má absorção (doenças pancreáticas, biliares, intestinais) -Problemas relacionados à digestão (doenças gastrointestinais) -Metabolismo intermediário anormal (doenças hepáticas) -Excreção excessiva (doenças intestinais) -Doenças metabólicas e febris TERCIÁRIAS OU IATROGÊNICAS (“alteração patológica provocada ao paciente” por negligência): -Dados antropométricos não medidos -Longos períodos a que o paciente é submetido a jejum (exames, cirurgias). Isso é um problema, inclusive quando o procedimento é cancelado paciente fica em jejum a toa. -Não percepção do aumento das demandas energéticas -Falta de monitorização ingestão alimentar OBS: o ideal é fazer triagem nutricional (com ferramentas como o NRS-2002 e ASG por exemplo), acompanhamento nutricional completo, saber o quanto o paciente está comendo (R24hrs, ...) -Retardo da indicação da terapia nutricional -Ausência de terapia nutricional pré ou pós-operatória -Alta rotatividade de pessoal · TIPOS DE DESNUTRIÇÃO DESNUTRIÇÃO CRÔNICA Na desnutrição crônica sempre se associa a depleção muito severa de reserva adiposa e massa muscular. É o tipo de desnutrição que tem uma semiologia mto clara. Ao exame físico: -‘’Asa quebrada’’ → Atrofia musculatura temporal + perda da bola gordurosa de bichat -Abdome escavado -Depleção subcutânea de tecido adiposo -Proeminência da crista ilíaca e arcos costais DESNUTRIÇÃO AGUDA (anteriormente chamada Kwashiorkor) OBS: kwashiorkor é um termo usado mais para crianças. Para adultos é mais chamado de desnutrição aguda. -Classicamente descrita na África em crianças, por diminuição de ingestão proteica. -Em adultos, está associada à resposta aguda em situações críticas como trauma e infecção (principalmente em pacientes internados em UTI) – ESTÍMULO INTENSO A PROTEÓLISE -Relacionada a um estresse metabólico mto severo. Geralmente são indivíduos extremamente inflamados. OBS: “Síndrome da resposta inflamatória sistêmica” é uma inflamação sistêmica e mto exacerbada tem uma demanda mto grande de ptns assim mtas vezes acaba fazendo quadro de catabolismo/proteólise muscular mto grande. Nessa síndrome há produção de uma série de hormônios. Alguns deles são os contrarreguladores de insulina (que é anabólica), como o cortisol, as catecolaminas, adrenalina, noradrenalina, glucagon... fazendo com que leve o paciente ao catabolismo muscular severo. -Déficit proteico. -Reservas adiposa e muscular depletadas. Laboratorialmente: - Hipoalbuminemia (Alb < 2,8 mg/dl) - Transferrina < 150 mg/dl - Leucopenia < 1500 cel/mm3 - Anergia cutânea Características: - Presença de edema - Hepatomegalia - Cabelos ralos e frágeis - Má cicatrização - ↓ resposta imune MISTA -Forma combinada de desnutrição crônica e aguda; -Ocorre quando um paciente em desnutrição crônica é submetido a um estresse agudo (exemplo: um acidente de carro). · CONSEQUÊNCIAS DA PERDA DE MASSA MAGRA -O que o paciente perde prioritariamente é massa muscular. Um dos motivos pelo qual o paciente com desnutrição tem maior demanda por proteína. -Pode acontecer tbm do paciente ter perda de funções de alguns órgãos (atrofia) se a desnutrição não for revertida. É um somatório de circunstâncias que pioram esse quadro como consequência. ↓ Massa muscular estriada ↓ Resposta imune ↓ Cicatrização demanda maior de ptns e alguns micronutrientes como o zinco (é comum a deficiência em paciente com desnutrição), vit A (importante para a reepitelização), vit C (antioxidante e produção de colágeno), outros antioxidantes ↓ Proteína visceral ↓ Função orgânica (intestino, fígado e coração) OBS: a atrofia de mucosa intestinal pode ocorrer tbm na desnutrição. Se torna um ciclo vicioso: O paciente precisa de boa absorção para melhorar seu estado nutricional, mas por causa da desnutrição ele atrofiou a mucosa intestinal. Como o paciente vai absorver algo através do que está comprometido? Em alguns casos se associa com nutrição parenteral (NPT) para tentar estimular que haja o retorno da trofia da mucosa, recuperação. Porém há um problema: o paciente não pode ficar mto tempo em NPT, pois sabe-se que nesses casos esses pacientes cursam atrofia da mucosa, justamente por não estimular seu funcionamento discussão da conduta: o que é mais fisiológico?... Em outros casos se pensa em suplementação de glutamina (é importante para os enterócitos, funcionamento intestinal, melhora do sistema imunológico, etc). · COMPLICAÇÕES DA DESNUTRIÇÃO · ALTERAÇÕES DO APARELHO DIGESTIVO - Atrofia das vilosidades da mucosas intestinal e ↓ superfície absortiva; -↓ produção de secreções gástricas, pancreáticas e biliares; -↓ da produção de enzimas da borda em escova intestinal; (ex: pepsina) - Edema de alças intestinais por hipoalbuminemia → dificuldade de absorver os nutrientes → diarreia por má absorção (os nutrientes ficam na luz intestinal, aumenta a osmolaridade). OBS: uma das formas de se ter ideia de o paciente está com atrofia de mucosa e não está absorvendo os nutrientes ofertados é observar se está com diarreia. OBS: além disso, a desnutrição está relacionada com a depleção de albumina sérica, a qual tem papel de manter o plasma dentro dos vasos, tem uma função coloidosmótica. Se este paciente está com albumina sérica diminuída ele cursa com edema. MAS SE O PACIENTE ESTIVER INFLAMADO, NÃO CONTA COMO PARÂMETRO NUTRICIONAL, SÓ CLÍNICO. -↓ atividade imunológica do GALT. Má digestão e má absorção OBS: nesse caso tbm não adianta tentar aumentar o VET se o paciente não está absorvendo. Avaliar uso de NPT. · SARCOPENIA -Redução de massa muscular e força; -Muito comum em idosos, pacientes crônicos; -Pode ocorrer em obesos também (obesidade sarcopênica – inflamação). OBS: parâmetros para avaliar sarcopenia: massa muscular (avaliada por bioimpedância, DEXA, fórmulas preditivas, etc); força muscular (avaliada por dinamômetro); e performance física(avaliada por teste de velocidade) (QUEM FALOU ESSA INFORMAÇÃO FOI PROF RENATA). OBS: Para pacientes sarcopênicos tem que ser dieta hiperproteica no mínimo 1,2 g/kg de proteína. Alguns autores sugerem de 1,2 a 2,0 g/kg. · CAQUEXIA Caracterizada por perda de peso acentuada associada a inflamação. A caquexia cancerosa é a que mais depletam. OBS: citocinas pró-inflamatórias envolvidas: TNF-alfa (fator de necrose tumoral alfa) a que mais estimula a proteólise, IL-6, IL-1, e citocinas produzidas pela própria massa tumoral. OBS: relacionada a alterações metabólicas maiores e maior perda de tecido adiposo do que a desnutrição/síndrome da caquexia-anorexia (PROF NÃO FALOU ISSO LI EM UM ARTIGO). · DESNUTRIÇÃO HOSPITALAR – CAUSAS Diferença entre o tecido perdido durante o jejum ou estresse e o recuperado na reabilitação Melhor agir para prevenir do que agir no seu desenvolvimento Na inflamação, o fígado prioriza a produção de ptns de fase aguda positiva +: - PCR - Fibrinogênio - Anti-proteases etc ATUAÇÃO NA DEFESA DO HOSPEDEIRO! LOGO, NÃO REFLETEM ESTADO NUTRICIONAL NESSA CONDIÇÃO! Assim como em hepatopatias RELAÇÃO ALBUMINA/GLOBULINA >1 É SINAL DE MELHORA DA INFLAMAÇÃO!!! · DIETOTERAPIA Pode-se encorajar o uso de suplementos comuns de vitaminas e minerais. Além de uma ingestão de acordo com as necessidades de energia estimadas para o peso atual, deve-se planejar a ingestão de 500 a 1.000 kcal a mais por dia. Ex: Se 2.400 kcal mantêm o peso atual, seriam necessárias 2.900 a 3.400 kcal para o ganho de peso. Deve-se aumentar a ingestão gradualmente para evitar o desconforto gástrico, o desequilíbrio eletrolítico e a disfunção cardíaca. OBS: síndrome de realimentação! Importância da equipe multidisciplinar para garantir que o paciente receba o suporte nutricional prescrito! Os hospitais devem desenvolver orientações de alta, com informações claras e padronizadas para cuidados nutricionais em casa, incluindo detalhes sobre a dieta e quaisquer suplementos recomendados que possam ser administrados após a alta hospitalar – EVITAR READMISSÃO HOSPITALAR. · DESNUTRIÇÃO HOSPITALAR – CONSEQUÊNCIAS > Tempo de hospitalização > Infecções/ comorbidades Prejuízo cicatricial > Custos hospitalares (necessitam de mais cuidados; apresentam mais intercorrências devido a desnutrição; reabilitação) > Necessidade de medicações e equipe especializada > Mortalidade PIOR DESFECHO CLÍNICO · SÍNDROME DA REALIMENTAÇÃO Alterações metabólicas e bioquímicas decorrentes de distúrbios severos de eletrólitos e fluidos em pacientes malnutridos, realimentados via oral, enteral ou parenteral.FÓSFORO (P) POTÁSSIO (K) MAGNÉSIO (Mg) OBS: Alcoolismo está relacionado à deficiência de tiamina, que é importante na síndrome de realimentação. CLASSIFICAÇÃO DE ALTO RISCO (da síndrome de realimentação): Quanto mais baixo o IMC, maior o risco. O mesmo vale para o percentual de perda de peso. Presença de dois ou mais critérios: - IMC < 18,5 kg/m2; - Perda ponderal não intencional > 10% em 3-6 meses; - Baixa ingestão alimentar > 5 dias; - História de alcoolismo ou drogas, incluindo insulina, quimioterápicos, antiácidos ou diuréticos. Presença de um ou mais critérios: - IMC < 16 kg/m2; - Perda ponderal não intencional > 15% em 3-6 meses; - Baixa ingestão alimentar > 10 dias; - Baixos níveis de potássio, fósforo ou magnésio antes de nutrir. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: P K B1 Mg Tiamina (vit B1): Sua deficiência está relacionada ao alcoolismo. É importante na síndrome de realimentação pois está relacionada ao metabolismo do carboidrato: É cofator da piruvato desidrogenase, que atua no ciclo de Krebs. Vai produzir menos ATP, leva à anaerobiose, aumento do ácido lático e pode levar à acidose metabólica.Wernicke-Korsakoff: Síndrome com danos neurológicos irreversíveis. RECOMENDAÇÃO NUTRICIONAL: Evolução energética baixa. Indicação de antes de ser alimentados, fazer avaliação dos eletrólitos. Se estão normais: alimenta o paciente. Se estão diminuídos: Médico repõe eletrólitos e depois começa a nutrir. Importante que haja monitoração diária. ↓ SÍNTESE PTNS DE FASE AGUDA NEGATIVA ↓ ALBUMINA ↓ PRE-ALBUMINA ↓ TRANSFERRINA ↓ PTN LIGADORA DE RETINOL PROCESSO INFLAMATÓRIO