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ATUALIDADES WhatsApp: (91) 983186353 (Fixo) 3352-1392 Site: www.apostilasautodidata.com.br Página 1 1 Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como segurança, transportes, política, economia, sociedade, educação, saúde, cultura, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia, suas inter‐relações e suas vinculações históricas. NOTÍCIA EM: 20/01/2017 14h59 Atualizado 24/01/2017 15h51 Donald Trump toma posse como 45º presidente dos Estados Unidos O povo vai governar esta nação novamente', prometeu. Na presença de quatro ex- presidentes - um deles de seu partido - discurso repetiu tom agressivo da campanha, com críticas aos políticos. Posse foi assistida por milhares de apoiadores, mas capital americana também teve protestos. Donald John Trump, 70, tomou posse nesta sexta- feira (20) como o 45º presidente dos Estados Unidos, sucedendo Barack Obama com discurso nacionalista e crítico à classe política, no mesmo tom que marcou sua campanha eleitoral. Ele prestou juramento diante do Capitólio, em Washington, e discursou em seguida. Na presença de quatro de seus antecessores -- um deles republicano -- Trump disse que a cerimônia tinha um significado especial porque está transferindo o poder de Washington e o levando de volta ao povo. Por muito tempo, um grupo pequeno na capital dominou o poder, e a população não foi beneficiada, afirmou. "O povo vai governar esta nação novamente", prometeu. O presidente enfatizou sua visão de colocar os interesses de seu país como prioridade: "Buscamos amizade e boa vontade com as nações do mundo, mas o fazemos com o entendimento de que é direito das nações botar seus interesses em 1º lugar. Não procuramos impor nosso modo de vida a ninguém, mas o deixamos brilhar como um exemplo. Nós brilharemos para todos seguirem". Veja alguns destaques da fala de Trump: Disse que "o povo vai governar esta nação novamente" "Juntos, vamos determinar o curso da América e do mundo por muitos, muitos anos que virão" "Buscamos amizade e boa vontade com as nações do mundo, mas o fazemos com o entendimento de que é direito das nações botar seus interesses em 1º lugar. (..) Nós brilharemos para todos seguirem" Prometeu erradicar o terrorismo radical islâmico da face da Terra Prometeu investimento em infra-estrutura Prometeu gerar empregos "Quando abrimos nossos corações ao patriotismo, não há espaço para a discriminação "Defendemos as fronteiras de outros países enquanto nos recusamos a defender as nossas próprias" "Gastamos trilhões e trilhões de dólares além mar, enquanto a infraestrutura dos Estados Unidos caiu em degradação e deterioração" Especialistas e jornalista em Washington comentam a posse; assista: Donald Trump toma posse como presidente dos EUA Após vencer Hillary Clinton na eleição, apesar de obter menos votos, graças ao sistema de Colégio eleitoral, Trump assume o cargo com uma taxa de popularidade de apenas 40%, a menor de um novo presidente em décadas. Trump disse que as vitórias dos poderosos no passado não foram as vitórias do povo. "Havia pouco para ser celebrado pelas famílias pelo nosso país. Isso tudo muda, começando aqui e agora. Porque este momento é o momento de vocês, pertence a vocês", discursou. "O que realmente importa não é que partido controla o governo, mas se o governo é controlado pelo povo", diz Trump. "Os homens e mulheres esquecidos de nosso país não serão mais esquecidos. Todos estão ouvindo vocês agora". Trump assume a presidência dos EUA criticando antecessores Trump descreveu essa América esquecida: "Mães e crianças presas na pobreza das zonas carentes de nossas cidades, fábricas enferrujadas espalhadas como lápides pela paisagem de nosso país. Um sistema educacional cheio de dinheiro, mas que deixa nossos jovens e belos estudantes desprovidos de conhecimento. E o crime as gangues e as drogas que roubaram tantas vidas e roubaram tanto ATUALIDADES WhatsApp: (91) 983186353 (Fixo) 3352-1392 Site: www.apostilasautodidata.com.br Página 2 potencial não realizado de nosso país. Essa carnificina americana acaba aqui e acaba agora", declarou, acrescentando que "a riqueza da nossa classe média foi arrancada de suas casas e então redistribuída pelo mundo inteiro". O novo presidente afirmou que os EUA defenderam as fronteiras de outros países com seus militares, e se recusou a proteger as suas próprias, além de terem gasto bilhões de dólares no exterior, enquanto havia muitos problemas internos. Eleitores de Trump enfrentam o frio para assistir à posse "Todas as decisões sobre comércio, sobre impostos, sobre imigração, sobre relações exteriores serão feitas para beneficiar os trabalhadores americanos e as famílias americanas", afirmou. "Devemos proteger nossas fronteiras das devastações dos outros países fazendo nossos produtos, roubando nossas empresas e destruindo nossos empregos. A proteção vai levar a grande prosperidade e força". Em partes da fala, o novo presidente assumia um tom de campanha, dizendo que gerará empregos, construirá estradas e viadutos. "Quando a América está unida, nada pode pará-la!", defendeu. Para encerrar, Trump repetiu o slogan de sua campanha, "Make America great again" ("tornar a América grande novamente"). Momento em que Obama ouve crítica de Trump a governos anteriores (Foto: Reprodução/GloboNews) Trump foi eleito em 8 de novembro de 2016, quando conquistou a maioria do colégio eleitoral, embora sua adversária, a democrata Hillary Clinton, tenha tido mais votos populares. O resultado final contrariou pesquisas, surpreendeu analistas e a imprensa norte-americana, que até o começo da apuração dava como praticamente certa a vitória de Hillary. "Estou aqui hoje para honrar nossas democracia e nossos valores duradouros. Nunca deixarei de acreditar no nosso país e seu futuro", disse Hillary por meio do Twitter, momentos antes de seu rival assumir. Polêmico Com um discurso direto e muitas vezes agressivo, Trump foi um dos mais polêmicos candidatos à Casa Branca e se envolveu em discussões com diversos grupos e indivíduos ao longo de quase um ano de campanha. Ainda assim, derrotou outros 14 pré-candidatos de seu partido na disputa pela vaga para concorrer à presidência. Votado por 47,01% dos eleitores, Donald Trump terá que encarar a divisão – e uma enorme desconfiança – da população desde o início de seu mandato. Segundo levantamento da CNN, ele assume o cargo com uma taxa de popularidade de apenas 40%, menos do que a metade da de seu antecessor, Barack Obama, que se tornou presidente com um índice de 84%. Além disso, ele também é menos popular do que George W. Bush e Bill Clinton, segundo a mesma pesquisa. Seguindo o tom da época de campanha, Trump desdenhou desses números dias antes da posse, expressando-se através de seu perfil no Twitter: "As mesmas pessoas que fizeram as falsas pesquisas eleitorais, e estavam tão erradas, estão agora fazendo pesquisas de taxa de aprovação. Eles estão sendo parciais como antes", reclamou. Dia de posse Antes de tomar posse, Trump começou a sexta-feira participando de uma cerimônia religiosa em uma igreja em frente à Casa Branca. Depois foi com sua esposa, Melania, para se reunir com Barack e Michelle Obama na Casa Branca antes de todos partirem ao Capitólio para a cerimôniade posse do magnata. Os dois casais se dirigiram ao tradicional chá com seus vice-presidentes e líderes do Congresso. Antes disso, um presente da nova primeira-dama gerou comoção. Após um abraço, Melania presenteou Michelle com uma grande caixa da joalheria Tiffany's. Sob os olhares de todos, Michelle pareceu perplexa, sem saber onde colocar o presente surpresa, enquanto os quatro posavam para uma fotografia. Nenhum dos fuzileiros que estavam de pé ao lado deles foi autorizado pelo protocolo a quebrar sua saudação para segurar a caixa, e o problema só foi resolvido quando Obama entrou na Casa Branca para deixar o misterioso presente. O presidente Donald Trump discursa após seu juramento na cerimônia de posse no Capitólio em Washington, nos EUA (Foto: Brian Snyder/Reuters) Após o juramento, Trump seguiu almoçou no Capitólio e partiu, em seguida, numa parada ao longo da Avenida Pensilvânia, em direção à Casa Branca. No caminho, ele chegou a descer da limusine blindada e caminhar alguns minutos a pé, acenando para a multidão. Trump começou rapidamente suas primeiras ações no cargo, assinando uma lei que permite que o general James Mattis sirva como secretário da Defesa, nomeando integrantes do gabinete e proclamando um Dia do Patriotismo. ATUALIDADES WhatsApp: (91) 983186353 (Fixo) 3352-1392 Site: www.apostilasautodidata.com.br Página 3 Menos de uma hora depois de encerrar o discurso de posse, Trump se sentou em uma sala próxima ao Senado e assinou diversos papéis que deram início formal à sua administração. Protestos Enquanto tudo ocorria dentro do previsto na formalidade de posse, manifestantes vestidos de preto quebravam vidros de lojas na capital. Após o discurso de Trump, as turbulências se acentuaram. Cerca de 30 mil agentes foram espalhados por Washington para garantir a segurança no dia da posse. NOTÍCIA EM: 24/01/201716h20 Ciência: técnica pode tornar realidade a produção de "bebês sob medida" Por Carolina Cunha, da Novelo Comunicação Pontos-chave Uma nova técnica de edição do DNA conhecida como CRISPR promete grandes avanços na biologia e na medicina, mas desperta polêmica pelo potencial de alterar genes humanos e produzir “bebês sob medida”. Uma nova técnica de manipulação do genoma conhecida como CRISPR/Cas9 (pronuncia-se “crísper-cás-nove”) vem conquistando cientistas ao redor do planeta. Criada em 2012, hoje ela se popularizou e promete impulsionar descobertas nas áreas de biologia e medicina. A expectativa é que no futuro o uso da CRISPR/Cas9 em pesquisas possa curar doenças genéticas alterando o DNA (conjunto de moléculas que carrega a informação genética de todos os seres vivos). Mas essa técnica abre caminho para outra possibilidade: realizar uma “edição” do genoma de maneira barata, fácil e precisa. A CRISPR (sigla em inglês para “clustered regularly interspaced short palindromic repeats”; em português, repetições palindrômicas curtas agrupadas e regularmente interespaçadas) é um mecanismo de defesa do corpo humano. Trata-se de uma parte do sistema imunológico bacteriano, que mantém partes de vírus perigosos ao redor para poder reconhecer e se defender dessas ameaças no futuro. A segunda parte desse mecanismo de defesa é um conjunto de enzimas chamadas Cas, que podem cortar precisamente o DNA e eliminar vírus invasores. Existem diversas enzimas Cas, mas a mais conhecida é chamada Cas9. Ela vem da Streptococcus pyogenes, uma bactéria conhecida por causar infecção na garganta. Como funciona o método O método usa uma proteína (enzima chamada Cas9) guiada por uma molécula de RNA que corta as fitas de DNA em pontos específicos e ativa vias de reparo. É possível desativar, ativar ou inserir novos genes. Embora tenha sido descoberta em 2012, a técnica tornou-se mais popular nos últimos dois anos. Uma justificativa para isso é que ela permite que a modificação de genomas com uma precisão nunca antes atingida. “É como um canivete suíço que corta o DNA em um local específico e pode ser usado para introduzir uma série de alterações no genoma de uma célula ou organismo”, diz a definição da técnica da bióloga Jennifer Doudna, da Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA), uma das pioneiras na aplicação do mecanismo. Ao retirar partes defeituosas do genoma, pesquisadores estão conseguindo eliminar mutações em células de animais e plantas. Em janeiro deste ano, cientistas norte-americanos utilizaram a técnica para cortar a parte de um gene defeituoso em ratos com distrofia muscular de Duchanne, doença genética rara. O experimento permitiu que as células dos animais produzissem uma proteína essencial para os músculos. A pesquisa foi o primeiro caso de sucesso da CRISPR/Cas9 em mamíferos vivos. Cientistas já estão encontrando novas formas de aplicações da técnica, como desenvolver terapias que ajudem na cura de doenças como câncer, leucemia e hemofilia. Algumas pesquisas testam limites éticos da ciência e reavivam os debates sobre experimentos com embriões humanos e mutações nos genes humanos. Com a técnica, seria possível “forçar” organismos a repassarem certos traços genéticos hereditários, sejam naturais ou inseridos pelo método. O temor é que essa possibilidade abra precedentes para a criação de “bebês sob medida”. Por exemplo, cientistas poderão editar genes para gerar bebês com características físicas específicas, como a cor dos olhos, do cabelo ou da pele. A possibilidade do “design” de bebês ainda não foi comprovada, mas novas pesquisas podem avançar nessa questão. Em 2017, o Instituto Karolinska de Estocolmo, na Suécia, obteve aprovação para testar a técnica em embriões humanos. Eles esperam que, por meio da desativação de determinados genes, seja possível compreender melhor os primeiros estágios do processo de desenvolvimento humano. O objetivo é melhorar a eficácia dos tratamentos de fertilização. ATUALIDADES WhatsApp: (91) 983186353 (Fixo) 3352-1392 Site: www.apostilasautodidata.com.br Página 4 O primeiro teste em humanos No final de 2016, cientistas chineses já anunciaram testes de engenharia genética com embriões humanos. A equipe queria consertar um gene defeituoso, causador da talassemia beta. O resultado da edição não obteve sucesso --os genes modificados sofreram mutações aleatórias. No estudo chinês, foram utilizados embriões não viáveis, que nunca poderiam gerar um bebê. Agora os cientistas do Instituto Karolinska estão usando zigotos sadios que estavam congelados em clínicas de fertilização, mas seriam descartados. No Reino Unido, o uso da CRISPR/Cas9 foi aprovado recentemente para pesquisas em embriões humanos que buscam melhorar a qualidade das fertilizações in vitro e reduzir o número de abortos. Os especialistas afirmam que a edição em linhagens germinativas (óvulos e espermatozoides) apresenta barreiras como o risco de edição imprecisa, dificuldade de prever efeitos danosos e dificuldade de remoção da modificação. Serão necessários inúmeros experimentos para conseguir a possibilidade da alteração de forma precisa e segura. Outro temor da comunidade científica é que, em mãos erradas, a tecnologia que edita o DNA possa reavivar ideologias perigosas como a eugenia, que prega a “melhoria genética” das populações humanas. Durante a Segunda Guerra Mundial, o nazismo usou a eugenia para justificar o genocídio dos judeus ede minorias. O Estado buscou eliminar da sociedade alemã qualquer tipo de pessoa que não fosse ariana ou que apresentasse alguma deficiência mental ou física. ? No entanto, o design de bebês ainda é realidade muito distante. Além da falta de pesquisas que asseguram a estabilidade do processo, o tema deve passar por uma forte regulação judicial. Atualmente, muitos países proíbem estudos com embriões humanos. No Brasil, a lei de biossegurança brasileira, de 2005, deixa claro ser proibida a “engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião humano”. NOTÍCIA EM: 03/02/201716h20 Cuba sem Fidel: relembre a trajetória da ilha caribenha 29.nov.2016 - Manifestante segura retrato de Fidel Castro durante ato pela memória do líder cubano na Praça da Revolução, em Havana Pontos-chave O líder cubano Fidel Castro morreu em novembro de 2016, após estar 49 anos à frente do regime comunista. A Revolução Cubana ocorreu em 1959. Fidel Castro comandou o regime desde então e foi um dos principais protagonistas da Guerra Fria (1945-1989). Após a Revolução Cubana, os EUA mantêm uma política de sanções econômicas e isolamento de Cuba. A tensão entre os dois países atinge pontos culminantes na Guerra Fria, após a invasão fracassada da ilha na Baía dos Porcos, o bloqueio econômico e a Crise dos Mísseis, que quase levou a um confronto militar direto entre EUA e URSS. Desde 1962 os EUA mantêm um embargo econômico à ilha, com o objetivo de desestabilizar a econômica cubana. O fim da União Soviética fez Cuba perder os subsídios econômicos e forçou o país a realizar reformas e aberturas políticas. Em fevereiro de 2008, Fidel deu lugar a seu irmão, Raúl Castro, que hoje lidera o país e sinaliza uma maior abertura política e econômica ao mundo. Em 25 de novembro de 2016, morreu Fidel Castro, aos 90 anos de idade. Depois de receber homenagens e viajar em caravana por várias províncias do país cubano, suas cinzas foram ATUALIDADES WhatsApp: (91) 983186353 (Fixo) 3352-1392 Site: www.apostilasautodidata.com.br Página 5 levadas para o cemitério de Santiago de Cuba, onde foram enterradas. O líder cubano ficou 49 anos à frente do regime comunista na ilha, instaurado após o golpe contra o presidente Fulgêncio Batista, em 1959. Fidel entrou para a história como uma figura controversa: para seus admiradores, ele foi um líder revolucionário, que resistiu ao imperialismo norte-americano e buscou melhorar a qualidade de vida dos cubanos. Para os críticos, Fidel foi um ditador de um regime totalitário. No início do século XX, Cuba era uma ilha caribenha sem importância no jogo político mundial. Em 1959 acontece a Revolução Cubana. Os guerrilheiros do Movimento 26 de julho, comandados por Fidel Castro, Che Guevara, Raúl Castro e Camilo Cienfuegos, fazem uma ofensiva pelo país e derrubam o regime do general Fulgêncio Batista, que se vê obrigado a fugir. Batista era acusado de corrupção e de manter as desigualdades sociais e a miséria da população. Além disso, era criticado pela oposição por sua proximidade com os Estados Unidos. Era visto como um “fantoche” dos EUA, pois teria tornado a ilha um “quintal” dos norte-americanos. A pequena ilha caribenha possui uma localização estratégica, a apenas 150 km da costa da Flórida. Nos anos 1950, Havana, a capital cubana, era chamada de Miami do Caribe, com fortes investimentos dos Estados Unidos na economia. Mas a maioria dos cubanos vivia na pobreza. Fidel emergiu como líder do novo governo, com um discurso sobre igualdade e transformações sociais. Ele começou uma série de radicais mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais. Fidel nacionalizou empresas estrangeiras, confiscou bens e patrimônios e fez a reforma agrária. As multinacionais norte-americanas e mais de 50.000 comércios foram expropriados e se tornaram propriedade do Estado. Impactados pelas medidas, muitos cubanos foram para o exílio. No campo social, Fidel realizou uma intensa campanha de alfabetização, erradicou a desnutrição infantil, declarou a gratuidade do ensino e o fim da privatização da saúde. Eliminou ainda o racismo institucional e fez o país se tornar uma potência olímpica. Sua medicina hoje é reconhecida como uma das melhores do mundo. Apesar das inovadoras reformas sociais, houve grande repressão daqueles que o regime designava como inimigos da revolução. Fidel realizou prisões arbitrárias, reprimiu e matou opositores. Muitos inimigos foram fuzilados. Além da forte repressão, ele montou um regime de partido único (o Partido Comunista de Cuba) e não permitiu que a população escolhesse seu presidente de forma democrática. Depois da Revolução Cubana, a ilha exerceu um papel central durante a Guerra Fria (1945-1991). O período foi marcado pelo conflito ideológico entre o mundo capitalista, unido sob a liderança dos americanos, e o bloco comunista, alinhado com os soviéticos. Em abril de 1961, depois da tentativa de invasão da Baía dos Porcos por milicianos cubanos que queriam derrubar o regime com o apoio dos EUA, Fidel Castro declarou oficialmente o regime comunista e se aproximou da União Soviética (URSS). Cuba foi expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA), que alegou que o regime socialista era incompatível com os princípios da instituição. A URSS passou a ser o principal apoiador dos cubanos, oferecendo um forte auxílio financeiro, econômico e militar. A ilha exportava produtos primários (sobretudo açúcar e tabaco) a preços vantajosos e importava produtos industrializados e derivados do petróleo a valores abaixo do mercado internacional. Em 1962, os EUA anunciaram um bloqueio comercial e financeiro que pretendia sufocar a economia de Cuba. Os cubanos foram impossibilitados de realizar transações financeiras e de receberem concessões econômicas com instituições ou empresas norte- americanas. No mesmo ano, Cuba autorizou a instalação de mísseis nucleares soviéticos na ilha. As relações entre EUA e Fidel foram cortadas, com o receio da possibilidade de soviéticos dispararem uma bomba nuclear em cidades americanas. O então presidente americano, John F. Kennedy, ordenou um bloqueio naval contra Cuba e ameaçou atacar o país. As tensões aumentaram, mas um acordo diplomático fez a União Soviética ceder e retirar os mísseis. Em contrapartida, os EUA se comprometeram a retirar seus mísseis da Turquia e não invadir Cuba. O episódio é conhecido como “Crise dos Mísseis” e representa o momento mais crítico e tenso da Guerra Fria, que quase levou a um confronto militar direto entre EUA e URSS. Durante a Guerra Fria, Fidel buscou promover o socialismo e aumentar sua influência em outros países. Cuba enviou expedições militares à África e apoiou tropas rebeldes em países da América Central. Também promoveu uma política de ajuda humanitária internacional, com o envio de médicos a diversos países em desenvolvimento. Em 1991, após a Queda do Muro de Berlim (1989), novas fronteiras políticas, estratégicas e econômicas foram delineadas. A União Soviética entrou em colapso. Em Cuba, os subsídios soviéticos foram cortados e a ilha sofreu um grave baque na economia, sendo incapaz de continuar as reformas estruturais. O conjunto de países da comunidade socialista chegou a somar 75% do fluxo comercial e o seu fim foi um golpe duro para o país caribenho. Os próximos anos foram marcados pela escassez de produtos, falta de alimentos, falta de combustível e apagões de energia elétricanas cidades cubanas. No ATUALIDADES WhatsApp: (91) 983186353 (Fixo) 3352-1392 Site: www.apostilasautodidata.com.br Página 6 campo, a baixa produtividade agrícola gerou problemas de segurança alimentar, e o governo cubano recorreu ao mercado internacional para se abastecer de comida. As sucessivas crises econômicas e a ausência de liberdade política e econômica geraram o fenômeno dos “balseros”, pessoas que se aventuram pelo mar em precárias embarcações, tentando chegar aos Estados Unidos a qualquer custo. Apesar da tensão com Cuba, ao longo dos anos, os Estados Unidos apoiou imigrantes que fugiam da ilha. Nos últimos 50 anos, mais de dois milhões de cubanos deixaram o país. Quase 80% migraram para os EUA. Em 1966, Os Estados Unidos criou a Lei de Ajuste Cubano, um dispositivo que permitia que cubanos que chegassem ilegalmente aos Estados Unidos conseguissem residência. Em 1995 foi instaurada a política de "pés secos, pés molhados", que permitia que os migrantes cubanos se beneficiassem de mecanismos para obter residência permanente, enquanto os que eram interceptados no mar eram devolvidos ao seu país. Em janeiro de 2016, esta política foi suspensa. Cuba sem Fidel Afastado por problemas de saúde, Fidel deixou, em 2006, o poder nas mãos do seu irmão e companheiro de revolução, Raúl Castro. Desde então, o ex-presidente foi afastado do cenário político e fazia raras aparições públicas. No comando de Raúl Castro, o governo realiza algumas reformas para estimular a economia. Ele permite que empresas estrangeiras se instalem no país e decretou o fim da equidade salarial, um dos pilares do comunismo. Anunciou, ainda, o fim de restrições a compra e venda de propriedades privadas. O país faz novas parcerias comerciais com a China, países da União Europeia e América Latina. A cooperação com países como Brasil e Venezuela cresce. O turismo desponta como uma das principais atividades econômicas. Em março de 2016, o então presidente americano Barack Obama, fez uma visita a Cuba. Essa foi a primeira visita de um presidente americano à ilha depois de 1959. O gesto simboliza uma histórica reaproximação dos dois países. Também foi definida a reabertura das embaixadas, um marco para o reestabelecimento das relações diplomáticas. Mas um tema ainda é tabu: o fim do embargo norte-americano à ilha. Hoje, o comércio entre os países ocorre apenas no contexto da ajuda humanitária, como a compra e venda de remédios e alimentos. Cuba permanece como o único modelo socialista do continente americano. A abertura proporcionada por Raúl Castro está sendo gradual e visa o estabelecimento de uma economia de mercado mais equilibrada, sem necessariamente realizar reformas políticas expressivas. NOTÍCIA EM: 06/02/2017 04h00 Lava Jato: as relações perigosas entre empreiteiras e políticos Pontos-chave Desde 2014, a Operação Lava Jato investiga a existência de uma rede de corrupção que envolve empreiteiras, partidos políticos e funcionários públicos. A Petrobras está no centro da Lava Jato. A empresa foi vítima de um dos maiores esquemas de corrupção do mundo. As empreiteiras que prestavam serviços à estatal são acusadas de formação de cartel, superfaturamento de obras públicas e de pagamentos de propinas a políticos em troca de contratos. Em troca de redução ou perdão da pena, muitos dos condenados da Lava Jato fecharam acordos de delação premiada e se comprometeram a dar depoimentos detalhados à Justiça sobre como funcionaria o esquema de corrupção. A investigação segue durante o ano de 2017 com delações consideradas explosivas. As delações dos executivos da Odebrecht revelaram operações semelhantes em outros países da América Latina e da África para obter vantagens e contratos de obras públicas. A empresa é acusada de subornar funcionários públicos de 12 países. Portos, hidrelétricas, metrôs, conjuntos habitacionais, estádios, hospitais, aeroportos, estradas. Essas e outras grandes obras do governo são realizadas pelas chamadas empreiteiras, empresas do ramo da engenharia e construção civil. Essas obras públicas são consideradas fundamentais para impulsionar a infraestrutura necessária para o desenvolvimento econômico do país. Nos últimos anos, uma operação policial abalou o setor de construção civil: a Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção sem precedentes na Petrobras, a maior companhia estatal do Brasil. A operação descobriu manobras de superfaturamento, crime de cartel, fraude contratual, doações ilegais, pagamentos de propinas entre outros atos ilícitos. São investigadas as empresas Odebrecht, Camargo Corrêa, OAS, Andrade Gutierrez, Toyo Setal, Iesa, Mendes Júnior, Galvão Engenharia, UTC, MPE Montagens e Projetos Especiais, Queiroz Galvão, ATUALIDADES WhatsApp: (91) 983186353 (Fixo) 3352-1392 Site: www.apostilasautodidata.com.br Página 7 Skanska Brasil, Techint, Promon e Engevix. Ao todo, a Polícia Federal calcula que o esquema de desvios de recursos causou prejuízo de R$ 42 bilhões à Petrobras. Mas como essas empresas atuaram? Ao necessitar de uma obra, o procedimento correto seria a Petrobras realizar uma licitação de preços e abrir o processo para a livre concorrência. Mas as empresas de construção fraudaram as regras de contração da petrolífera. Ficou comprovado que elas se organizaram em um cartel, uma espécie de “clube” para substituir uma concorrência real por uma concorrência de fachada. As empresas que faziam parte do conluio distribuíam entre si os contratos. A empresa escolhida apresentava proposta de preço à estatal e as demais ofertavam propostas de preços maiores. Em troca de ajuda na liberação de projetos, as empreiteiras pagavam propina para executivos da Petrobras, políticos e funcionários públicos. O esquema de suborno era considerado como “a regra do jogo” para fazer negócios com a estatal. O cartel durou pelo menos dez anos (entre 2004 e 2014) e o valor da propina podia chegar até 20% do montante total de contratos superfaturados. Esse suborno era distribuído por operadores financeiros, como doleiros. A lavagem do dinheiro e sua movimentação acontecia por meio de contas e empresas sediadas em paraísos fiscais no exterior. Projetos importantes para a cadeia produtiva da estatal como as refinarias de Abreu e Lima (PE), do Vale do Paraíba (SP), de Landulpho Alves (BA) e de Duque de Caxias (RJ), a usina de Angra 3 e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) foram citados diretamente na Lava Jato. Hoje, muitas dessas obras estão paradas. Acordos em troca de redução da pena Um recente levantamento elaborado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) mostra que, em quase três anos de trabalho, a Lava Jato já aplicou 120 condenações que envolvem executivos da Petrobras, doleiros, executivos do alto escalão das empreiteiras, políticos e funcionários públicos. A operação ainda teve outros desdobramentos e descobriu crimes de corrupção semelhantes em outras obras públicas. Em troca de redução ou perdão da pena, muitos dos condenados da Lava Jato fecharam acordos de delação premiada. Esses acordos são voluntários e os acusados se comprometem a dar depoimentos úteis e detalhados à Justiça sobre como funcionaria e quem atuaria no esquema de corrupção. Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, foi o primeiro delator da Lava Jato. Condenado a mais de 74 anos deprisão, hoje ele cumpre pena reduzida em regime aberto no Rio de Janeiro. O doleiro Alberto Youssef, um dos primeiros presos na investigação, ficou dois anos na prisão e hoje está em liberdade. O empresário Júlio Camargo, da empreiteira Toyo Setal, foi condenado a 14 anos de prisão, mas hoje cumpre a pena em regime aberto. Já as empreiteiras fecharam acordos de leniência, quando as empresas reconhecem crimes e pagam multas ao Governo com o objetivo de preservar a autorização de contratar com a administração pública. A Andrade Gutierrez se comprometeu até agora a pagar R$ 1 bilhão. A Camargo Corrêa vai pagar uma multa de R$ 804 milhões e a Odebrecht 6,96 bilhões –valor considerado como o maior ressarcimento mundial em termos de acordos. As empresas ainda serão monitoradas por dois anos por integrantes do Ministério Público. Além de multas milionárias, punições mais duras podem acontecer, como declarar uma empresa como inidônea pela Justiça. Neste caso ela fica proibida de participar de novas licitações e contratos com o poder público por até cinco anos. As construtoras Mendes Júnior e Skanska Brasil, a Iesa Óleo e Gás e a Jaraguá Equipamentos são algumas das companhias investigadas no âmbito da Lava Jato e que foram recentemente declaradas inidôneas. O esquema de corrupção global da Odebrecht O caso da construtora Odebrecht, a maior do país, é o mais emblemático. Em dezembro de 2016, 77 executivos da Odebrecht assinaram acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal, gerando mais de 800 depoimentos. O fato foi noticiado pela imprensa como “a delação do fim do mundo” pelo seu potencial de conteúdo explosivo, que pode envolver dezenas de políticos. As delações estão sob análise da Justiça. Após homologadas pelo Superior Tribunal Federal, as acusações poderão ser usadas legalmente nas investigações da Lava Jato. Segundo delações, os valores desviados de contratos tinham como destinatários deputados e senadores. Esses repasses constam em planilhas apreendidas pela força-tarefa com dados do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, que foi apelidado como o “departamento de propina” da empresa. Desde junho de 2015, o herdeiro e ex-presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, está preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Ele foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 19 anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. As delações dos executivos da Odebrecht revelaram operações semelhantes em outros países da América Latina e da África para obter vantagens e contratos de obras públicas. A empresa desenvolve projetos ATUALIDADES WhatsApp: (91) 983186353 (Fixo) 3352-1392 Site: www.apostilasautodidata.com.br Página 8 em 27 países e está entre as dez maiores empreiteiras globais. Em dezembro de 2016, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos apontou que a Odebrecht pagou cerca de US$ 788 milhões (R$ 2,6 bilhões) em propina a funcionários públicos de 12 países na América Latina e na África para conquistar e manter contratos com o poder público. O documento cita pagamentos de suborno pela empresa Odebrecht e pela petroquímica Braskem (o braço petroquímico da empreiteira) para agentes públicos do Brasil, Argentina, México, Peru, Equador, Colômbia, Guatemala, República Dominicana, Panamá, Venezuela, Angola e Moçambique. Propinas a políticos e campanhas eleitorais As grandes empreiteiras também teriam pago propinas diretamente a políticos para assegurar a aprovação no Congresso de projetos de lei ou de medidas provisórias que interessavam às empresas. Na delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex- vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, ele afirmou que algumas das medidas envolviam a isenção de impostos ou condições mais brandas para pagamento de energia elétrica. Segundo delação, a Odebrecht usou empresas do grupo Petrópolis (cervejaria) para “escoar” o dinheiro oriundo de caixa 2 e distribuir valores em espécie para políticos. O valor de R$ 100 milhões teria sido usado em doações para campanhas nas eleições de 2010 e 2012. Melo Filho citou 51 políticos filiados a 11 partidos que teriam se beneficiado com dinheiro da Odebrecht oriundo de caixa 2. Entre eles estaria o presidente da República, Michel Temer (PMDB), o senador Aécio Neves (PSDB) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). A expectativa é de que as próximas delações de executivos da empresa possam alcançar 150 pessoas da classe política. Otávio Azevedo, o presidente da segunda maior construtora do país, a Andrade Gutierrez, foi preso junto com Marcelo Odebrecht em junho de 2015. Em acordo de delação premiada, Azevedo também confessou ter pago propina a dezenas de políticos para obter obras. Em janeiro de 2017, a imprensa divulgou que a Camargo Corrêa deve ser a próxima a negociar uma nova leva de delações, que deve contar com a colaboração de aproximadamente 40 executivos e até de acionistas, podendo alcançar cerca de 200 políticos. Nos últimos meses, alguns políticos foram presos por corrupção envolvendo a Petrobras, como o ex- ministro José Dirceu (PT), o ex-ministro Antônio Palocci (PT), os ex-senadores Gim Argello (PTB) e Delcídio do Amaral (PT) e os ex-deputados Pedro Correa (PP) e André Vargas (PT). Delcídio foi solto após assinar delação. Também estão atrás das grades o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), preso por ter contas secretas na Suíça abastecidas com milhões desviados da Petrobras, e Sérgio Cabral (PMDB), ex- governador do Rio de Janeiro, acusado de desviar dinheiro de obras no estado fluminense. Já o ex-presidente Lula responde a três ações criminais por corrupção e obstrução da Justiça no âmbito da Operação Lava Jato (ele teria bens privados financiados por construtoras, como um tríplex no Guarujá) e da Operação Janus, que investiga repasses do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a Odebrecht realizar obras em Angola. As doações eleitorais das empreiteiras também estão na mira da Justiça. Antes da proibição de doações de pessoas jurídicas a campanhas eleitorais, essas empresas eram responsáveis pela maior parte das doações. Nas eleições municipais de 2012, seis dos dez maiores doadores privados em todo o País eram do setor da construção. Em 2014, O grupo OAS doou legalmente R$ 80 milhões aos partidos. Queiroz Galvão, Odebrecht e UTC Engenharia também fizeram grandes doações, acima de R$ 50 milhões. Documentos do Departamento de Justiça dos Estados Unidos também apontam repasse de R$ 50 milhões da Odebrecht à campanha da ex-presidente Dilma Rousseff em troca de um benefício à Braskem. No documento, os americanos descrevem uma ação da Odebrecht e da Braskem junto a autoridades do governo, entre 2006 a 2009, para garantir um benefício tributário à petroquímica. No ano passado, o marqueteiro do PT João Santana e sua mulher, Monica Moura, foram presos pela Lava Jato e logo depois foram soltos sob fiança. Santana recebeu US$ 3 milhões de offshores ligadas à Odebrecht e US$ 4,5 milhões do operador financeiro Zwi Skornicki. De acordo com a força-tarefa, o dinheiro é oriundo de propina de contratos na Petrobras. O casal alega que não sabia da origem ilícita dos recursos. ATUALIDADES WhatsApp: (91) 983186353 (Fixo) 3352-1392 Site: www.apostilasautodidata.com.br Página 9 NOTICIA EM: 13/02/2017 Zygmunt Bauman: o pensamento do sociólogo da "modernidade líquida". Para Zygmunt Bauman, ?vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar? Pontos-chave A modernidade imediata é “líquida” e “veloz”, mais dinâmica que a modernidade “sólida” que suplantou. A passagem de uma a outra acarretou profundas mudanças em todos os aspectos da vida humana. A modernidade líquida seria "um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível". Na sociedade contemporânea, emergem o individualismo, a fluidez e a efemeridade das relações. “Vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar”. Essa é uma das frases mais famosas do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, falecido em janeiro de 2017, aos 91 anos. Ele deixou uma obra volumosa, com mais de 50 livros, e é considerado um dos pensadores mais importantes e populares do fim do século 20. Bauman é um dos expoentes da chamada “sociologia humanística” e dedicou a vida a estudar a condição humana. Ele é visto por muitos como um teórico perspicaz e por outros como um ingênuo pessimista. Suas ideias refletem sobre a era contemporânea em temas como a sociedade de consumo, ética e valores humanos, as relações afetivas, a globalização e o papel da política. Nascido na Polônia em 1925, Bauman serviu como militar durante a Segunda Guerra Mundial, foi militante do Partido Comunista polonês e professor da Universidade de Varsóvia. Filho de judeus, ele foi expulso da Polônia em 1968 por causa do crescente antissemitismo do Leste Europeu. Emigrou para Israel e se instalou na Inglaterra, onde desenvolveu a maior parte de sua carreira. Desde 1971 atuava como professor emérito de sociologia da Universidade de Leeds. A modernidade sólida e a modernidade líquida O tempo em que vivemos é chamado por muitos pensadores como “pós-modernidade”. O termo foi popularizado em 1979 pelo pensador francês Jean- François Lyotard (1924-1998). Para Lyotard, esse é o período em que todas as grandes narrativas (visões de mundo) entram em crise e os indivíduos estão livres para criar tudo novo. Bauman não utiliza o termo pós-modernidade. Ele cunhou o conceito de “modernidade líquida” para definir o tempo presente. Escolheu a metáfora do “líquido” ou da fluidez como o principal aspecto do estado dessas mudanças. Um líquido sofre constante mudança e não conserva sua forma por muito tempo. As formas de vida contemporânea, segundo o sociólogo polonês, se assemelham pela vulnerabilidade e fluidez, incapazes de manter a mesma identidade por muito tempo, o que reforça um estado temporário e frágil das relações sociais e dos laços humanos. Essas mudanças de perspectivas aconteceram em um ritmo intenso e vertiginoso a partir da segunda metade do século XX. Com as tecnologias, o tempo se sobrepõe ao espaço. Podemos nos movimentar sem sair do lugar. O tempo líquido permite o instantâneo e o temporário. Em seu primeiro livro, “Mal-estar da pós- modernidade”, Bauman parodia Sigmund Freud (1856-1939), autor de “O mal-estar da civilização”. A tese freudiana é de que na idade moderna os seres humanos trocaram liberdade por segurança. O excesso de ordem, repressão e a regulação do prazer gerou um mal-estar, um sentimento de culpa. Para Bauman, “a modernidade sólida tinha um aspecto medonho: o espectro das botas dos soldados esmagando as faces humanas". Pela estabilidade do Estado, da família, do emprego ou de outras instituições, aceitava-se um determinado grau de autoritarismo. Segundo o sociólogo, a marca da pós-modernidade é a própria vontade de liberdade individual, princípio que se opõe diretamente à segurança projetada em torno de uma vida estável. Bauman entende que na modernidade sólida os conceitos, ideias e estruturas sociais eram mais rígidos e inflexíveis. O mundo tinha mais certezas. A passagem de uma modernidade a outra acarretou mudanças em todos os aspectos da vida humana. A ATUALIDADES WhatsApp: (91) 983186353 (Fixo) 3352-1392 Site: www.apostilasautodidata.com.br Página 10 modernidade líquida seria "um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível". Bauman entende que a nossa sociedade teve uma maior emancipação em relação às gerações anteriores. A sensação de liberdade individual foi atingida e todos podem se considerar mais livres para agir conforme seus desejos. Mas essa liberdade não garante necessariamente um estado de satisfação. Ela também exige uma responsabilidade por esses atos e joga aos indivíduos a responsabilidade pelos seus problemas. Na sociedade contemporânea emergem o individualismo, a fluidez e a efemeridade das relações. Se a busca da felicidade se torna estritamente individual, criamos uma ansiedade para tê-la, pois acreditamos que ela só depende de nós mesmos. Para Bauman, somos impulsionados pelo desejo, um querer constante que busca novas formas de realizações, experiências e valores. O prazer é algo desejado e como ele é uma sensação passageira, requer um estímulo contínuo. À medida em que o futuro se torna incerto, o sentimento coletivo dominante é que se deve viver o momento presente e exclusivamente para si. Dessa instabilidade e ausência de perspectiva também nasce uma angústia. A incerteza diante do futuro pode explicar o aumento do uso de antidepressivos e a intensa busca por entretenimento como formas de afastar essa sensação. Em muitos casos, essa angústia resulta na paralisia da ação, na incapacidade de agir. Ao lidar com uma insegurança, muitas vezes o indivíduo se recusa a assumir responsabilidades ou assume o discurso do “eu não gosto de tomar decisões”. Somos livres, mas não conseguimos transformar o mundo – temos um sentimento de impotência. Em outros casos, essa frustração pode gerar um ódio intenso a tudo e a todos. Em entrevista ao jornal argentino Clarín, Bauman declarou: “escolhi chamar de ‘modernidade líquida’ a crescente convicção de que a mudança é a única coisa permanente e a incerteza a única certeza”. Bauman entende a crise como sendo um tempo em que o velho já se foi, mas o novo não tem forma ainda. Em entrevista ao jornal italiano Il Messaggero, o sociólogo sinaliza que buscamos um estado de maior solidez. “Ainda estamos em uma sociedade líquida, mas em que nascem sonhos de uma sociedade menos líquida”, afirmou. A sociedade do consumo Bauman observa que o século 20 sofreu uma passagem da sociedade de produção para a sociedade de consumo. Isso não significa que não exista uma produção, mas que o sentido do ato de consumir ganhou outro patamar. Se as grandes ideologias, alicerces e instituições se tornaram instáveis, o consumo se tornou um elemento central na formação da identidade. Muito além da satisfação de necessidades, consumir passa a ter um peso primordial na construção das personalidades. O ter se torna mais importante que o “ser”. Temos inúmeras possibilidades de escolha e consumimos produtos que identifiquem um determinado estilo de vida e comportamento. Ao transformar tudo em mercadoria, nossa identidade também se constitui a partir da satisfação do prazer pelo consumo. Marcas e grifes se tornam um símbolo de quem somos. Sua compra também significa um status social, o desejo de um reconhecimento perante os outros. Satisfazer por completo os consumidores, na realidade, significaria não ter mais nada para vender. Consumir também significa descartar. Temos acesso a tudo o que queremos e ao mesmo tempo as coisas se tornam rapidamente obsoletas. “O problema não é consumir; é o desejo insaciável de continuarconsumindo”, diz Bauman. Tanto que o descarte do lixo é um grande problema na sociedade. Bauman escreve: “Rockefeller pode ter desejado construir suas fábricas, estradas de ferro e torres de petróleo altas e volumosas e ser dono delas por um longo tempo [...], Bill Gates, no entanto, não sente remorsos quando abandona posses de que se orgulhava ontem; é a velocidade atordoante da circulação, da reciclagem, do envelhecimento, do entulho e da substituição que traz o lucro hoje – não a durabilidade e a confiabilidade do produto”. As pessoas também precisam se reinventar para que não se tornem obsoletas. Elas precisam ter identidades fluidas. Segundo Bauman, “na sociedade de consumidores, ninguém pode se tornar sujeito sem primeiro virar mercadoria, e ninguém pode manter segura sua subjetividade sem reanimar, ressuscitar e recarregar de maneira perpétua as capacidades esperadas e exigidas de uma mercadoria vendável”. As relações líquidas Na modernidade líquida, os vínculos humanos têm a chance de serem rompidos a qualquer momento, causando uma disposição ao isolamento social, onde um grande número de pessoas escolhe vivenciar uma rotina solitária. Isso também enfraquece a solidariedade e estimula a insensibilidade em relação ao sofrimento do outro. Esse tipo de isolamento parece ser uma contradição da globalização, que aproxima as pessoas com a tecnologia e novas formas de comunicação. Mas se tudo ocorre com intensa velocidade, isso também se ATUALIDADES WhatsApp: (91) 983186353 (Fixo) 3352-1392 Site: www.apostilasautodidata.com.br Página 11 reflete nas relações pessoais. As relações se tornam mais flexíveis, gerando níveis de insegurança maiores. Ao mesmo tempo em que buscam o afeto, as pessoas têm medo de desenvolver relacionamentos mais profundos que as imobilizem em um mundo em permanente movimento. Bauman reflete sobre as relações humanas e acredita que os laços de uma sociedade agora se dão em rede, não mais em comunidade. Dessa forma, os relacionamentos passam a ser chamados de conexões, que podem ser feitas, desfeitas e refeitas – os indivíduos estão sempre aptos a se conectarem e desconectarem conforme vontade, o que faz com que tenhamos dificuldade de manter laços a longo prazo. O sociólogo acredita que as redes sociais significam uma nova forma de estabelecer contatos e formar vínculos. Mas que elas não proporcionam um diálogo real, pois é muito fácil se fechar em círculos de pessoas pensam igual a você e evitar controvérsias. Para Bauman, a rede é mantida viva por duas atividades: conectar e desconectar. o contato no meio virtual pode ser desfeito ao primeiro sinal de descontentamento, o que denota uma das características da sociedade líquida. “O atrativo da ‘amizade Facebook’ é que é fácil conectar, mas a grande atração é a facilidade de desconectar”, diz Bauman. Política, segurança e economia Na modernidade líquida, existe uma maior separação do poder e a política. O Estado perde força, os serviços públicos se deterioram e muitas funções que eram do Estado são deixadas para a iniciativa privada e se tornam responsabilidade dos indivíduos. É o caso do fim do modelo do Estado de Bem-Estar Social na Europa. Bauman identifica uma crise da democracia e o colapso da confiança na política. “As pessoas já não acreditam no sistema democrático porque ele não cumpre suas promessas”, diz o sociólogo. Para ele, a vitória eleitoral de candidatos como Donald Trump nos EUA é um sintoma de que a retórica populista e autoritária ganha espaço como solução para preencher esses vazios. No campo econômico, Bauman cita a fluidez dos mercados e o comportamento do consumo a crédito, que evita o retardamento da satisfação. “Vivemos a crédito: nenhuma geração passada foi tão endividada quanto a nossa - individual e coletivamente (a tarefa dos orçamentos públicos era o equilíbrio entre receita e despesa; hoje em dia, os "bons orçamentos" são os que mantêm o excesso de despesas em relação a receitas no nível do ano anterior)”. Para ele, as desigualdades sociais aumentaram. Ao mesmo tempo em que se aumentam as incertezas, os indivíduos devem lutar para se inserir numa sociedade cada vez mais desigual econômica e socialmente. Os empregos estão mais instáveis e a maioria das pessoas não pode planejar seu futuro muito tempo adiante. Para o sociólogo, não existe mais o conceito tradicional de proletariado. Emerge o “precariado”, termo que Bauman usou para se referir a pessoas cada vez mais escolarizadas, mas com empregos precários e instáveis. Agora a luta não é de classes, mas de cada pessoa com a sociedade. No mundo líquido, a sensação de segurança também é fluida. "O medo é o demônio mais sinistro do nosso tempo", alerta Bauman. O medo do terrorismo e da violência que pode vir de qualquer parte do globo (inclusive virtualmente, como os hackers e haters das redes) cria uma vigilância constante, a qual aceitamos nos submeter para ter mais segurança. "Essa obsessão deriva do desejo, consciente ou não, de recortar para nós mesmos um lugarzinho suficientemente confortável, acolhedor, seguro, num mundo que se mostra selvagem, imprevisível, ameaçador", escreve Bauman no livro “Confiança e Medo na Cidade”. No mundo off-line, a arquitetura das cidades está sendo cada vez mais projetada para promover o afastamento: muros, condomínios fechados e sistemas de vigilância estão em alta. No livro “Estranhos à Nossa Porta”, Bauman escreve: “a ignorância quanto a como proceder, como enfrentar uma situação que não produzimos nem controlamos é uma importante causa de ansiedade e medo”. Ele relaciona a situação de desemprego dos europeus ao aumento do ódio contra os imigrantes. Ao mesmo tempo, manter esse medo aceso seria uma estratégia de poder para determinados grupos, como políticos de discursos nacionalistas e xenófobos. ATUALIDADES WhatsApp: (91) 983186353 (Fixo) 3352-1392 Site: www.apostilasautodidata.com.br Página 12 NOTÍCIA EM: 17/02/201716h41 Geografia: os muros que dividem o mundo 3.jul.2015 - Palestinos usam uma escada para escalar muro erguido por Israel, que os separa da região onde fica a mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém Pontos-chave Os muros crescem por todo lado e formam uma imensa barreira geográfica. Em 1989, quando caiu o muro de Berlim (símbolo da Guerra Fria), havia 16 muros a defender fronteiras no mundo. Hoje, existem 65 construídos ou em vias de ficarem prontos. O principal motivo para a criação dos muros contemporâneos é o controle do fluxo migratório nas fronteiras dos países. O presidente norte-americano Donald Trump quer construir um muro para dividir os Estados Unidos do México. Segundo recentes declarações, essa será uma das principais medidas para reforçar o controle migratório nos EUA e travar o fluxo ilegal de mexicanos para o país. Ele ainda busca suspender os programas de apoio a refugiados e a concessão de vistos a cidadãos de sete países. A construção do muro com o México está repleta de incertezas. Quem pagaria pela obra? A equipe de Trump estima que a construção deva custar 10 bilhões de dólares. Durante as eleições de 2016, Trump afirmou que os mexicanos devem pagar pelo muro, mas o país se recusa a arcar com os custos. A fronteira EUA-México tem cerca de 3.1 mil km de extensão, passando por grandes áreas urbanas, desertos, montanhase rios. Cerca de mil km já são cobertos por cercas e muros de concreto, que visam aumentar o controle em relação à imigração, inibir o narcotráfico e coibir as ações dos chamados “coiotes”, grupos que atravessam a fronteira de forma clandestina. Trump diz que o muro cobrirá mais 1.6 mil km e que obstáculos naturais vão cuidar da área restante. Para que serve um muro? Um muro é uma construção física que existe para dividir o mundo de dentro do mundo de fora. Um muro cria territórios e evita o encontro indesejado com o outro. Ele limita a livre circulação num espaço e também serve como barreira de proteção. O maior muro do planeta é a Grande Muralha da China, cuja construção começou por volta de 220 a.C. A obra histórica uniu fortificações erguidas e formou um sistema contra invasões dos inimigos vindos do norte. Na história, destaca-se ainda o Muro de Adriano, uma fortificação em pedra com comprimento de 173 quilômetros e que foi construída no século 2 pelo imperador romano Adriano, com o objetivo de defender o Império Romano na Bretanha. Para protegê-la, 14 fortes foram posicionados em toda sua extensão, além de 80 torres militares. Na Idade Média, essas construções eram tão importantes que se tornaram marcas registradas da urbanidade, como as cidades muradas, verdadeiras fortalezas que serviam para proteger as cidades de constantes ataques. Em alguns lugares, existiam até fossos enchidos com água, que também ajudavam no isolamento. Se no passado o muro foi indispensável como linha de defesa, hoje eles não dão conta de evitar ataques bélicos, que podem ser feitos com aviões e armas pesadas. Qual seria então o papel do muro no mundo contemporâneo? Na nossa sociedade, os muros crescem por todo lado e formam uma imensa barreira geográfica e social. Um estudo do geógrafo Michel Foucher concluiu que existe um total de 18 mil km de barreiras intransponíveis construídas pelo homem no planeta. Em 1989, quando caiu o muro de Berlim (símbolo da Guerra Fria), havia 16 muros a marcar fronteiras no mundo. Segundo uma pesquisa da Universidade de Quebec, hoje existem 65 já construídos ou em vias de ficarem prontos. A globalização aboliu as fronteiras para a economia, o comércio e as informações. Mas para os seres humanos foram erguidos ainda mais muros. Os países apostaram no controle de fronteiras, com barreiras impulsionadas principalmente pelo intenso fluxo de imigração dos últimos anos, reflexo de recentes crises econômicas e de conflitos armados. Segundo dados da Acnur (Agência das Nações Unidas para Refugiados), em 2015, o total de pessoas deslocadas chegou a 65,3 milhões em todo o mundo. Segundo a organização, vivemos um recorde de deslocamentos internos. Trata-se da maior crise de refugiados e migração desde a 2ª Guerra Mundial. O grande fluxo de refugiados se deve aos conflitos que ocorrem em países como Somália, Afeganistão e Síria. “As fronteiras da Europa devem ser fechadas”, disse o primeiro-ministro da Hungria, Victor Órban, em setembro de 2015. Naquele ano, o governo húngaro construiu uma barreira de quatro metros de altura ao longo da sua fronteira com a Sérvia para tentar travar ATUALIDADES WhatsApp: (91) 983186353 (Fixo) 3352-1392 Site: www.apostilasautodidata.com.br Página 13 a entrada dos refugiados que fogem da guerra civil da Síria e dos conflitos do Oriente Médio. O constante desembarque de refugiados na Europa e o crescimento da ameaça terrorista fizeram surgir novas barreiras. Os enclaves espanhóis de Ceuta e Melilla, na costa marroquina, estão cercados por barreiras que buscam evitar a entrada de imigrantes vindos da África. Na fronteira da Grécia com a Turquia, se ergue o Muro de Evros, que separa o Oriente do Ocidente. Na África, Ásia e Oriente Médio também surgiram novas barreiras. Recentemente, no Quênia, na Arábia Saudita e na Turquia os governos fortificaram suas fronteiras para impedir a infiltração de jihadistas vindos dos países vizinhos. Na fronteira da Índia com Bangladesh existe uma barreira de arame farpado de quatro mil quilômetros. Os indianos buscam isolar a nação economicamente emergente dos seus vizinhos mais pobres e de famílias muçulmanas. Para alguns estudiosos, a construção de muros não resolve o problema dos fluxos migratórios no longo prazo. Ele seria um símbolo poderoso, mas que traz apenas uma sensação de segurança. “A única coisa que estes muros têm em comum é que são sobretudo cenários de teatro”, defende Marcello Di Cintio, autor do livro Murs, voyage le long des barricades. Di Cintio acredita que a construção dessas barreiras não evitou a imigração ilegal, o tráfico de drogas ou ataques terroristas. “Eles dão uma ilusão de segurança, mas não uma verdadeira segurança”, afirma o pesquisador. Na prática, esses muros deslocariam o fluxo para outro local e de outras formas, muitas vezes em travessias perigosas. É o caso da morte de mexicanos rumo aos EUA. Todos os anos, centenas de pessoas morrem ao atravessar desertos de temperaturas extremas. Na Europa, milhares de refugiados cruzam o mar Mediterrâneo em embarcações precárias e ficam no meio do caminho: morrem ou precisam ser resgatados. Somente em 2015, ocorreram 3.771 mortes em naufrágios próximos a países europeus. Os muros também podem ser metafóricos, e além do controle da fronteira, representam a divisão de ideias, uma divisão simbólica. É o caso da barreira que divide as fronteiras da Coreia do Sul e Coreia do Norte. Além de ser uma barreira física, o muro divide ideologicamente os países: o norte comunista, e o sul, capitalista. Na Irlanda do Norte, a cidade de Belfast possui diversos muros, os chamados Peace Lines. São barreiras construídas nos anos 1970 e que serviram para dividir as comunidades católicas e as comunidades protestantes. Os conflitos religiosos ficaram no passado, mas os muros ainda estão em pé, com grafites estampados que lembra a história recente. Essas edificações também podem trazer consequências psicológicas. Foi nos anos de 1970 que o psicólogo berlinense Dietfried Muller- Hegemann falou na “doença do muro”, expressão cunhada para explicar a situação das famílias que foram separadas pelo muro de Berlim, que separou a cidade em duas. Elas conviviam com fortes taxas de depressão, alcoolismo e violência familiar. Para o sociólogo Zygmunt Bauman, o muro contemporâneo é o símbolo do medo. Segundo Bauman, em nossa época repleta de incertezas, tememos a violência urbana, as catástrofes naturais, o desemprego e o terrorismo. O sintoma desse medo seria a busca por sofisticados sistemas de segurança e cercas contra o perigo do estranho que mora ao lado. Mas a ameaça da violência constrange o cidadão: ao se proteger com os mais diversos aparatos, a sociedade ameaça. O sociólogo acredita que o caminho seria a promoção de um maior diálogo e solidariedade entre os povos. “Precisamos construir pontes, não muros”, afirma. 1.1.1 Conheça cinco muros contemporâneos: 1) CISJORDÂNIA-ISRAEL O Muro da Cisjordânia começou a ser construído em 2002, período da Segunda Intifada, e separa Israel do território palestino da Cisjordânia. Na época, foi dito que o intuito era impedir a entrada de palestinos para prevenir atos de terrorismo. Os que se opõem à barreira denunciam que o muro é uma ferramenta utilizada por Israel para, além de interditar as negociações de paz por estabelecer unilateralmente novas fronteiras, também anexar gradualmente porções do território palestino, muitas das quais passaram a abrigar assentamentos israelenses. 2) EUA-MÉXICO Cerca de 1.000 km já são cobertosde fronteira dos Estados Unidos com o México são cobertos por barreiras físicas, como cercas e muros. Elas estão situadas nas cidades de El Paso e Ciudad Juárez, e também entre San Diego e Tijuana. Essas barreiras são o símbolo da política anti-imigração norte- americana. Com os ataques de 11 de Setembro de 2001, os EUA apertaram ainda mais o cerco, temendo que terroristas pudessem entrar em território norte-americano via México. 3) COREIA DO NORTE-COREIA DO SUL Em 1977, a Coreia do Sul construiu um muro na fronteira com a Coreia do Norte. Além de ser uma barreira física, o muro dividiu ideologicamente os países durante a Guerra Fria: o norte comunista (apoiado pela URSS), e o sul, capitalista, sob influência dos EUA. A porção de território foi transformada em uma zona desmilitarizada. Ou seja, ATUALIDADES WhatsApp: (91) 983186353 (Fixo) 3352-1392 Site: www.apostilasautodidata.com.br Página 14 uma faixa "neutra" onde militares das duas Coreias podem transitar, mas sem cruzar a linha que demarca o território de cada um dos países. É a fronteira mais militarizada do mundo, com cerca de 1 milhão de soldados a postos. 4) ESPANHA-MARROCOS: MUROS DE CEUTA E MELILLA Ceuta e Melilla são enclaves espanhóis no norte África. As duas cidades fazem divisa com o Marrocos e estão muito próximas do Estreito de Gibraltar, que separa os dois continentes. Até os anos 1990, a divisão entre os territórios espanhol e marroquino era pouco perceptível, e o trânsito de pessoas de um local para o outro era comum. Com a criação da União Europeia e a política de livre- circulação dos cidadãos europeus, a Espanha foi incentivada a apertar o cerco em suas zonas fronteiriças. Os muros chegam a ter 20 quilômetros de extensão e o principal objetivo é impedir a imigração de africanos para a Europa. 5) GRÉCIA-TURQUIA: MURO DE EVROS O muro construído em 2012 pela Grécia na fronteira da Turquia visa coibir a entrada de imigrantes ilegais. Segundo estimativas, cerca de 90% dos imigrantes que ingressam de forma ilegal na União Europeia o fazem por meio dessa fronteira. Ele foi construído ao longo de um trecho da margem do rio Evros, fronteira natural que separa a o território europeu dos vizinhos turcos. NOTÍCIA EM: 27/02/2017 Sistema penitenciário : Prender menos ou construir mais prisões? 16.jan.2017 - Em motim, presos sobem nos telhados do no presídio de Alcaçuz (RN) Em janeiro de 2017, o Brasil assistiu a chacinas que aconteceram dentro de presídios. No Rio Grande do Norte, 26 presos foram mortos na Penitenciária de Alcaçuz. Segundo o governo, trata-se de uma disputa entre as facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e Sindicato do Crime RN. Em Manaus, um guerra de facções (Família do Norte e PCC) causou a morte de 60 presos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj). Além desses fatos, foram registrados confrontos, fugas e rebeliões nos estados da Bahia, Santa Catarina e Rondônia, no mesmo período. Essa crise no sistema penitenciário revelou um fenômeno no Brasil: o fortalecimento das organizações e facções criminosas nos presídios brasileiros. Grupos como PCC, CV e FDN comandam a venda de drogas no Brasil e disputam entre si as principais rotas do tráfico. Segundo a polícia, 25 organizações batalham pelo controle de regiões, formando parcerias com grupos locais. Nos presídios, as facções brigam para ter o maior número de membros possível. Depois de entrar para um grupo, o preso tem que prestar serviços à fação dentro da cadeia e fora dela. Em troca, ganha proteção. O PCC é a principal facção criminosa brasileira e conta com 30 mil membros espalhados pelo país. Outro problema é a falta de controle interno nos presídios. Em Manaus, por exemplo, erros básicos foram cometidos pela gestão do Compaj. Não havia divisão entre celas, revistas e monitoramento dos presos. A organização do presídio era controlada internamente pelos próprios detentos, que podiam circular livremente. Uma revista realizada lá dentro resultou na apreensão de um rifle, facas, celulares e um roteador de internet. 1.1.2 A superlotação dos presídios O Brasil possui a quarta maior população carcerária do mundo (perdendo apenas para os EUA, China e Rússia). O número de presos no país aumentou de 233 mil em 2000, para 654 mil em 2017. Esses dados refletem o aumento da criminalidade, especialmente ATUALIDADES WhatsApp: (91) 983186353 (Fixo) 3352-1392 Site: www.apostilasautodidata.com.br Página 15 de delitos relacionados ao tráfico de drogas e roubo, que representam juntos, mais da metade dos presos. O problema é que o nosso sistema penitenciário comporta aproximadamente 370 mil vagas. Há um déficit muito alto para equilibrar o sistema. A superlotação pressiona todas as esferas e dificulta o controle das prisões e a prevenção a rebeliões. No estado de São Paulo, que concentra a maior parte dos presos no Brasil, dos 22 presídios construídos nos últimos sete anos, 19 já estão lotados. Hoje as instalações operam 51% acima da sua capacidade. A superlotação compromete a saúde física e mental do preso e exarceba os níveis de estresse dos detidos, forçando-os a competir por espaço e recursos limitados. Ela também dificulta a separação entre presos provisórios e definitivos ou entre réus primários e reincidentes, como estabelece o Código de Processo Penal. Em teoria, um presídio deve oferecer condições dignas para o preso se recuperar e voltar à sociedade reabilitado. O ambiente que oferece e infraestrutura precária aumenta a dificuldade de dar assistência ao preso e se torna um terreno fértil para rebeliões e a proliferação de facções, que ocupam o vácuo deixado pelo Estado na gestão do local. O Supremo Tribunal Federal avançou no tema e deve pressionar mudanças na política penitenciária. No início do ano, a Corte decidiu que cabe indenização para o preso que foi submetido a condições carcerárias degradantes, como celas superlotadas, falta de assistência à saúde dos presos, a falta de alimentação e as péssimas condições de higiene. No entender do STF, é dever do Estado garantir a integridade física e psicológica dos presos e reparar os danos sofridos pela inobservância desse dever. A decisão fixou indenização de R$ 2 mil por danos morais a um condenado que cumpriu pena no presídio de Corumbá/MS. Essa decisão vale para todos os presos que entrarem na justiça pedindo esse direito. 1.1.3 Novos presídios A situação crítica das penitenciárias exige a construção de mais vagas e uma gestão melhor. Projeções feitas pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen) mostram que seriam necessários R$ 11 bilhões para suprir o déficit de 250 mil vagas no sistema prisional e teriam que ser gastos R$ 7 bilhões por ano para manter o serviço. O cálculo levou em conta o custo médio de mater um preso no Brasil, de R$ 2,4 mil por mês. Em resposta ao massacre que levou à morte mais de 100 presos no Brasil em janeiro, o presidente Temer anunciou a construção de cinco presídios federais para resolver a urgência da superlotação. A previsão é que sejam abertas 30 mil vagas. Além disso, anunciou que vai investir na compra de novos materiais para reforçar a segurança. Entre os equipamentos a serem comprados estão o uso de tornozeleira, scanner de corpo e bloqueador de celular. Este ano, o governo federal deve destinarR$ 2,2 bilhões para o sistema penitenciário e para os estados construírem presídios. No ano passado, ele liberou R$ 1,2 bilhão para esta finalidade. Se o número de presos continuar a crescer no ritmo atual será necessário um investimento ainda maior no futuro. "Construir novos presídios também é muito importante, mas também não resolve o problema", afirmou Paulo Fontes, o Secretário de Segurança Pública do Amazonas, estado onde estourou a atual crise no sistema penitenciário. Em entrevista ao UOL, ele diz que o mais importante é o combate ao narcotráfico, como a intensificação de barreiras policiais nas fronteiras do Amazonas com outros países. 1.1.4 A lentidão da justiça A superlotação das prisões também é estimulada pela lentidão em julgar o réu. O mais recente levantamento do Conselho Nacional da Justiça revela que dos 654 mil presos brasileiros, 221 mil são provisórios (34%) e foram presos de forma preventiva. Ou seja, um a cada três presos no Brasil ainda aguarda julgamento. Em Pernambuco, um preso espera em média 974 dias para ser julgado. A justiça mais ágil é a de Rondônia, na qual o preso espera 172 dias (média 6 meses) para o julgamento de sua sentença. De acordo com o levantamento da CNJ, o crime com base no qual há um maior porcentual de presos provisórios é o de tráfico de drogas: 29%. Roubo aparece em seguida, com 26%. Após a crise penitenciária do início do ano, o Ministério da Justiça propôs medidas de curto prazo para desafogar os presídios superlotados. Entre as principais ações estão a realização de mutirões de audiências criminais para analisar e julgar os processos de presos provisórios. A expectativa é que desta forma, o governo reduza a superlotação em 15% até 2018. Outra tendência é o aumento das penas alternativas em detrimento da prisão. Ou seja, permitir aos condenados cumprirem suas penas em regime aberto, sob algumas condições. Entre elas, estão o comparecimento uma vez por mês diante do juiz e o ATUALIDADES WhatsApp: (91) 983186353 (Fixo) 3352-1392 Site: www.apostilasautodidata.com.br Página 16 uso de tornozeleiras eletrônicas. A ideia é possibilitar a ressocialização para aqueles que têm condições. Em 2015, nos estados de Minas Gerais, Acre, Amapá, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Piauí e Roraima, foram concedidas mais penas alternativas à prisão que penas privativas de liberdade. Nesse caso, os juízes avaliam se o réu foi condenado por crime que tenha sido cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa, com pena menor que quatro anos. A decisão final leva em conta ainda “a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado” assim como os motivos e as circunstâncias da eventual substituição da pena. 1.1.5 A política de combate às drogas Alguns analistas avaliam que a política de combate às drogas no Brasil se relaciona diretamente com o aumento expressivo da população carcerária. Em 2006, a Lei de Drogas (Lei 11.343) aumentou as penas para o tráfico e define como crime a porte de drogas para uso pessoal. Como reflexo, aumentaram as prisões para esse tipo de crime. Em 2006, quando a Lei 11.343 começou a valer, eram 31.520 presos por tráfico nos presídios brasileiros. Em 2013, esse número passou para 138.366, um aumento de 339%. Presos por tráfico de drogas representam hoje a maior parcela dos prisioneiros. Segundo a Organização Human Rights Watch, a aplicação da lei é falha e teve efeito perverso sobre usuários. Muitas pessoas são presas por portar quantidades pequenas de drogas e acabam sendo tratadas como traficantes e encarceradas ao lado de condenados por crimes graves, como latrocínio, homicídio, entre outros. NOTÍCIA EM: 06/03/2017 04h00 Previdência social: Entenda os custos da aposentadoria para a sociedade Envelhecer é uma das grandes conquistas da sociedade. O envelhecimento da população brasileira, assim como acontece no resto do mundo, se relaciona à melhoria do padrão de vida e aos avanços da medicina, entre outros fatores. Mas você já pensou em como vai manter sua renda no futuro? Uma pesquisa da ONU sobre Envelhecimento no Século 21 apontou que, entre os idosos, a segurança financeira representa a maior preocupação. A Previdência Social é o sistema público que cuida da aposentadoria. É considerada como um direito social do cidadão, previsto no art. 6º da Constituição Federal de 1988. O trabalhador que contribuir mensalmente para a Previdência Social recebe uma aposentadoria depois de anos de trabalho e contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Na prática, esse sistema também é um seguro social. Além da aposentadoria, o trabalhador tem direito a benefícios que o protegem em situações de doença ou vulnerabilidade: salário-maternidade, salário- família, auxílio-acidente, auxílio-doença e pensão. Pouco mais de cem anos atrás, não havia nenhum tipo de proteção para a pessoa que ficasse impedida de gerar renda por conta da idade avançada ou problemas de saúde. O primeiro registro de algum tipo de aposentadoria no Brasil data de 1923, com a criação de uma pensão para os ferroviários, medida mais tarde estendida aos trabalhadores marítimos e portuários. Nas décadas seguintes, esses benefícios foram alcançando outras categorias de trabalho. Em 1988, a Constituição garantiu a previdência social como um direito fundamental do cidadão. Todos os empregados com carteira de trabalho assinada são obrigados a recolher para esse sistema. Na estrutura da Previdência, os trabalhadores em idade ativa pagam a renda de aposentados e pensionistas. Quem está trabalhando ATUALIDADES WhatsApp: (91) 983186353 (Fixo) 3352-1392 Site: www.apostilasautodidata.com.br Página 17 hoje paga a previdência de quem já se aposentou, assim como a próxima geração pagará a de quem está trabalhando hoje. Esse modelo é diferente do da previdência privada (operada por bancos), onde cada pessoa tem uma conta vinculada ao seu nome com o dinheiro investido num fundo que rende mensalmente e que bancará a sua aposentadoria no futuro. Para manter o sistema em equilíbrio, o país precisa ter um número maior de pessoas no mercado de trabalho em relação ao número de beneficiados na previdência. É como se fosse uma pirâmide, na qual a maior parte da base gera recursos para a ponta. Outra forma de equilibrar o sistema é alocar recursos para a previdência oriundos de outras fontes de arrecadação do governo. Este ano, o Governo Federal quer votar a reforma da Previdência no Congresso Nacional, que alteraria as regras sobre quando as pessoas podem se aposentar e quanto elas vão receber. Para o Governo, a reforma seria fundamental para equilibrar as contas públicas. Em 2015, o Congresso já havia aprovado o mecanismo 85/95, que prevê mudanças no cálculo da aposentadoria. Com a nova regra, a soma da idade + o tempo de contribuição deve ser de 85 anos para mulheres e 95 anos para homens. A partir de 2017, o mecanismo será gradativamente acrescido em 1 ponto até 2022. Recentemente, o Congresso também tornou mais rígidas regras para concessão de auxílio doença e aposentadoria por invalidez. Entenda alguns pontos fundamentais do debate sobre a reforma da Previdência Social: Déficit das contas As novas gerações são ameaçadas por um rombo crescente no sistema previdenciário brasileiro.