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AvaliaçãodeLulaépiornesse segmentoque namédiageral, e governopreparapacote voltadoabrasileirosde15a29anos. PÁGINA4 Planalto reembala projetos para recuperar imagem entre jovens OativistaaustralianoJulianAssange,criador doWikiLeaks, fez acordocomogoverno dosEUAemqueassumiu ser culpadodas acusaçõesde vazamento ilegal dedadosde segurança.Emtroca, foi libertadodaprisão ondeestavahámais de cincoanos. PÁGINA21 Assange faz acordo com EUA e deixa a prisão no Reino Unido A lanternanoBrasileirãopesou mais queo títulodaLibertadores, há setemeses, eDiniz acabou demitidopeloFluminense.Marcão assume time interinamente. PÁGINA30 Sete meses após a ‘glória eterna’, a demissão FIMDAERADINIZ CARLDE SOUZA/AFP ComoPantanal registrandoumdecada quatro focosde incêndioqueocorrem nopaís,MatoGrassodoSuldecretou situaçãodeemergêncianascidades atingidas.MinistraMarinaSilvadisseque quadroéumdos“piores” jávistos. PÁGINA12 Queimadas levamMS a declarar emergência INVERNODEEXTREMOS Chuvas intensas, naúltima semana, de novoassombramoRio GrandedoSul.Mais de70municípios relataram inundações edeslizamentos de terra.Guaíba voltoua subir. PÁGINA11 Temporais voltam a castigar gaúchos OGLOBO IrineuMarinho (1876-1925) (1904-2003)RobertoMarinho RIO DE JANEIRO,TERÇA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2024 ANO XCIX - Nº 33.195 • PREÇODESTE EXEMPLARNORJ •R$ 6,00 Entreouvido entre Lula e FH —Oi, Lula! —Oi, FH! Símbolosdeumapolarizaçãoque ficou para trás,Lula fezvisitade35minutosaFH ontem,emSãoPaulo.O teordaconversanão foi revelado,masopresidentepostoudepois queseencontrounacidadecompessoas porquemtem“grandecarinho”.PÁGINA6 Lula visita FH emSão Paulo RICARDOSTUCKERT/PR Calor no inverno derruba vendas de roupas de frio, e varejo prevê retração EFEITOSDOCLIMA Com temperaturas altas até agosto, setor de vestuário e calçados vê encalhe e perdas de 4%empior temporada desde 2021 GABRIELDE PAIVA O calor atípico do outono e deste início do inverno acrescentouumefeito colate- ral à economia brasileira: com as roupas de frio encalhadas, o setor varejista de vestuáriosecalçados já estimaumaretra- çãode4%nasvendasemrelaçãoàtempo- rada passada. A estimativa consta de es- tudo da Confederação Nacional do Co- mércio e dimensionauma realidade já vi- vida pelos lojistas, que têm sofrido para vender os itens da coleção de frio, nas vi- trinesdesdeabril.Osefeitosdocalor fora de época têm sido sentidos mesmo num cenário econômico atualmente favorá- vel, comcrescimento do consumodas fa- mílias. Em grandes centros comerciais, comoaSaara, noRio, os casacões têmda- do lugar aos “corta- ventos”,mais finos, e, diante do estoque cheio, as roupas mais grossas entraramem liquidação. PÁGINA13 Calor derrete preço. Inverno sem frio fez as peçasmais grossas encalharem e entrarem em liquidação na Saara Lula parece entender que terá de contar com órfãos do PSDB PÁGINA2 MERVALPEREIRA As causas da crise das queimadas no Pantanal PÁGINA14 MÍRIAMLEITÃO Meta treinará IA nas redes e abre debate sobre direito autoral PÁGINA3 PEDRODORIA Guerra em Gaza trava expansão do Brics PÁGINA22 MARCELONINIO Um adeus às doces maravilhas que a vida oferece SEGUNDOCADERNO LEOAVERSA Instituiçõesdeensinodebatemcomo compensarperdade aulas durante osdoismesesdeparalisação. PÁGINA10 Após greve, universidades devem estender calendário Elenco moldado ao dinizismo é teste para o próximo técnico PÁGINA28 CARLOSEDUARDOMANSUR OMagazineLuiza e aAliExpress acertaramumaparceria para a venda mútuadeprodutos emseus sites.Após o anúncio, açõesda varejista brasileira fecharamemaltade 12,2%. PÁGINA14 Ações doMagalu disparam após acordo com gigante chinesa Pais fazem lobbynoCongresso a favor de lei limitando recursosde appsque podemalimentar obullying. PÁGINA20 Nos EUA, pais cobram proteção a jovens nas redes Ansiedadeeexcessodeestímulos são algunsdosmotivos que levam umaquantidade crescentede crianças pequenas a ter alteraçõesno sono. PÁGINA23 Problemas do sono cada vezmais precoces JÁ PRACAMA! OReidoPop:Culto aMichael Jackson continua emalta,mesmo15 anos após suamorte SEGUNDOCADERNO Ogovernomunicipal trata o estádio como formade revitalizar aquele trechodaZonaPortuária, mas impactos à cidade, como o trânsito, ainda têmdimensão incerta. Já o rubro-negrodebate como levantar recursospara a construçãoestimadaem atéR$2bilhões. PÁGINAS25e29 Os desafios, para o clube e para a cidade, do novo estádio do Fla GASÔMETRO LEGALIZARCASSINOSE JOGOSDE AZARÉAMELHORSOLUÇÃO PÁGINA2 EDITORIAL ParaVital doRêgo, governoeCongresso têmresponsabilidade sobre renúncias tributárias, criticadasporLula. PÁGINA16 Governo também é responsável por subsídios, diz ministro do TCU Product: OGlobo PubDate: 25-06-2024 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_A User: douglas.oliveira@infoglobo.com Time: 06-24-2024 22:27 Color: 2 | Terça-feira 25.6.2024 | OGLOBO Opinião doGLOBO Princípios editoriais doGrupoGlobo: http://glo.bo/pri_edit CONSELHODEADMINISTRAÇÃO PRESIDENTE: João RobertoMarinho VICE-PRESIDENTES: José RobertoMarinho e Roberto IrineuMarinho O GLOBO é publicado pela Editora Globo S/A. DIRETOR-GERAL: Frederic Zoghaib Kachar DIRETORDEREDAÇÃOE EDITORRESPONSÁVEL:Alan Gripp EDITORES EXECUTIVOS: Letícia Sander (Coordenadora), Alessandro Alvim,AndréMiranda, Flávia Barbosa, Luiza Baptista e Paulo Celso Pereira EDITORDO IMPRESSO:Miguel Caballero EDITORDEOPINIÃO:Helio Gurovitz RuaMarquês de Pombal, 25 - CidadeNova - Rio de Janeiro, RJ CEP20.230-240 • Tel.: (21) 2534-5000 Fax: (21) 2534-5535 EDITORES Política eBrasil:Thiago Prado - thiago.prado@oglobo.com.br Rio:Rafael Galdo - rafael.galdo@oglobo.com.br Economia: Luciana Rodrigues - luciana.rodrigues@oglobo.com.br Mundo: Leda Balbino - leda.balbino@sp.oglobo.com.br Saúde:Adriana Dias Lopes - adriana.diaslopes@sp.oglobo.com.br SegundoCaderno:Marcelo Balbio - balbio@oglobo.com.br Esportes:ThalesMachado - thales.machado@oglobo.com.br Fotografia:André Sarmento - asarmento@oglobo.com.br Homee redes sociais:Tiago Dantas - tiago.dantas@oglobo.com.br Audiência:Gabriela Goulart - gab@oglobo.com.br Acervo eQualificação:WilliamHelal Filho - william@oglobo.com.br SUPLEMENTOS BoaViagem:Marcelo Balbio - balbio@oglobo.com.br RioShow: Inês Amorim - ines@oglobo.com.br Ela:Marina Caruso -mcaruso@oglobo. com.br Bairros:Milton Calmon Filho -miltonc@oglobo.com.br SUCURSAIS Brasília:Thiago Bronzatto - thiago.bronzatto@bsb.oglobo.com.br SãoPaulo:Mauricio Xavier (interino) -mauricio.xavier@sp.oglobo.com.br ATENDIMENTOAOASSINANTE www.portaldoassinante.com.br ou pelos telefones: 4002-5300 (capitais e grandes cidades) 0800-0218433 (demais localidades) WhatsApp: 21 4002 5300 Telegram: 21 4002 5300 ASSINATURAMENSAL comdébito automático no cartão de crédito, ou débito automático em conta-corrente (preço de segunda a domingo) para RJ,MG,SP e ES: R$ 169,90 (OGlobo não faz cobranças emdomicílio) VENDASEMBANCA Dias úteis: RJ, SP,MG e ES: R$ 6,00 Domingos: RJ, SP,MG e ES: R$ 10,00 Carga tributária aproximada de 20% OGLOBOnão entra em contato para cobrança demulta ou renovação da assinatura.Desconsidere qualquer contato a respeito desses temas. 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Com a internet, o brasileiro passouaapostaremsitesnoexterior, sem ter a quem reclamar caso enga- nado.Sócomarecenteregulamenta-ção das apostas esportivas a situação começouamudar.Umnovopassoéo Projeto de Lei que legaliza cassinos, bingos e o jogo dobicho, aprovadona Câmara e naComissão deConstitui- çãoeJustiça(CCJ)doSenado. Passados 78 anos da proibição, está claroqueamelhor alternativa é legali- zar o jogo. Épreciso, é verdade, tomar cuidados paramitigar riscos como la- vagem de dinheiro ou dependência dosapostadores.Masháformasdepu- nirresponsáveispormanipulaçõescri- minosas.E sobramexemplosnomun- doparainspirararegulaçãodecassinos e outrasmodalidades de apostas. “Os indicadores econômicos e sociais dos países melhoraram, não houve au- mentoda violêncianemdaevasão fis- cal”,dizosenadorIrajá(PSD-TO),rela- tordoprojetonaCCJdoSenado. Ao legalizar o jogo, oBrasil seguirá o exemplodepaíses comoEstadosUni- dos, China, Índia, Alemanha, Japão, França, Itália, ReinoUnidoouAustrá- lia. Só em solo americanohámais de milcassinosem40estados,empregan- do 1,7 milhão emovimentando US$ 240bilhões anuais.Numaamostra de 200 países analisados pela revista médicabritânicaTheLancet, 164per- mitemalgumtipodeaposta.De50eu- ropeus, 48 convivem com jogos de azar. Nas Américas, o Brasil está em minoria:33de37paísesnãoproíbemo jogo,preferemregulá-loetaxá-lo. NoestadoamericanodeNevada,on- deficaLasVegas,duasagênciaslicenci- am, regulam e fiscalizam o setor. Quemdetémmais de 10%do capital dasempresasde jogospassaporescru- tínio rigoroso e temde preencher 65 páginas de formulários. Tambémsão avaliados produtores e distribuidores de equipamentos comocaça-níqueis. A legislaçãocontra lavagemdedinhei- ro equipara cassinos a instituições fi- nanceirasparaefeitodefiscalização. NoReinoUnido, aComissão de Jo- gos deAzar protege os interesses dos apostadores.No final de abril,multou umaoperadoraem£582milporfalhar nos cuidados contra lavagem de di- nheiro.EmMacau,aDireçãodeInspe- çãoeCoordenaçãodeJogosexigequeo principal responsável por cassinos te- nha residência permanente edetenha pelomenos 15%donegócio. Executi- vos sãosubmetidosa testesdeaptidão. Aconcessão valepordez anos,mashá fiscalizaçãoerenovaçõesacadatrês. NoBrasil, o projeto limita a quanti- dadede cassinos por estado e tenta in- tegrá-losaresortsepolosturísticos.En- treoscuidados,hámedidasparaevitar endividamentoelavagemdedinheiro. Não será permitido apostar em es- pécie.Cria-setambémumaautoridade nacional, queprecisa ter plenos pode- resparacoibirosabusos.Aexpectativa éumamovimentação inicial deR$14 bilhões anuais e, no futuro, arrecada- çãodeR$20bilhõesemimpostos. Ummercado fortemente regulado commedidas inspiradasnasmelhores práticasinternacionaisépreferívelàsi- tuaçãoatual.Aproibição jamais funci- onouna prática. Tomados os devidos cuidados, legalizarojogoserámelhor. Legalizar cassinos e jogos de azar é a melhor solução Não faltam exemplos nomundo para inspirar legisladores amitigar os riscos associados à atividade Vereadores do Rio presta- ram um desserviço ao aprovar, na última quin- ta-feira, o Projeto de Lei Complementar (PLP) que permite legalizar não só obras em imóveis em desacordo com a legislação (por meio do pagamen- to de uma taxa conhecida como “mais valia”), mas até as que ainda serão feitas (mediante opagamen- to de outra taxa, chamada “mais valerá”).Onovoprojeto ressuscita o conceito “pagou, liberou”. Entre outros absurdos, o PLP au- toriza proprietários de imóveis re- sidenciais e comerciais em toda a cidadea licenciar empreendimen- toscomumandaralémdopermiti- do.Oatropeloda lei pode ser ainda maior, uma vez que, nos bairros de Catete e Glória, na Zona Sul, pré- dios serão autorizados a receber acréscimos de mais de um pavi- mento, até alcançar a altura do maior edifício da quadra. Naversão final, os vereadores esta- beleceram que pedidos de licencia- mento para irregularidades futuras poderão ser apresentados somente até1ºdedezembro(notextooriginal, o prazo era indeterminado).Nocaso das já existentes, proprietários terão até três anos para legalizar. O recuo não torna o projeto menos nefasto. Primeiro, porque abre brecha para que construtoras licenciem agora e construamdepois. Segundo, porque essas anistias infelizmente se torna- ram corriqueiras. Não aproveitou a atual?Ésóesperarapróxima. Projeto semelhante foi aprovado no governoMarcelo Crivella, em- bora tenha sido considerado in- constitucional pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. Na gestão Eduardo Paes (PSD), uma lei pare- cida foi sancionadano anopassado, vigorandopor cercadedezmeses. Além de criar aberrações urba- nísticas, o projeto é umcontrassen- so. Os vereadores acabaram de aprovarumnovoPlanoDiretorcom diretrizes para balizar o crescimen- to da cidade pelos próximos dez anos.Meses depois, eles próprios o ignoramecriamnovasnormas.Seé para desrespeitar a legislação, por quecriar regrasurbanísticas? Não se pode esquecer que a legis- laçãourbanadevelevaremcontafa- torescomodensidadedemográfica, fluxos de trânsito, impacto de vizi- nhança e interferência na paisa- gem.Nãodáparadesprezar tudo is- so e autorizar, semestudos técnicos robustos, que os prédios ganhem novos pavimentos só porque a Pre- feitura quer aumentar a arrecada- çãoemanoeleitoral. O prefeito Eduardo Paes tem o dever de vetar esse projeto. Além dosmuitos danos que ele pode tra- zer à qualidade de vida dos cario- cas, é um incentivo à ilegalidade. Numacidadeemqueodesrespeito a todo tipo de norma é um desafio histórico, a Prefeitura mostra ao cidadãoquea irregularidadeéper- doável —mas só para quem pode pagar. O município prevê arreca- dar R$ 600milhões com esse des- calabro. Faltou estimar quanto se- rá o prejuízo futuro para a cidade. Paes tem obrigação de vetar projeto que legaliza construções irregulares Texto aprovado por vereadores anistia não só irregularidades do passado, mas também as futuras Opresidente Lula—que passou os últimos anos tentando jogar o PSDB e o ex-presidente Fer- nandoHenrique para a direita como parte de uma estratégia política que visava a isolar seu principal rival partidário—foi ontemvisitá-lo emSãoPaulo, nomesmo roteiro que o levou a NoamChomsky e aoescritorRaduanNassar,doispróceresdaesquer- da. Pelo menos nomomento em que se comemo- ram os 30 anos do Plano Real, que na origem o PT chamou de “estelionato eleitoral”, Lula parece ter compreendido que precisa dos órfãos do PSDB, de centro-esquerda, para combater adireita. A direita, a reboque de seus extremistas, absorveu quaseintegralmenteoseleitorestucanosnumprimei- romovimento de rejeição ao petismo, que desaguou na eleição deBolsonaro em2018.Depois do desastre quefoi seugoverno,partedesses tucanosvotounoPT, uns pela primeira vezna vida cívica, para tentar recu- peraraforçadasocial-democracia.Oterceirogoverno de Lula, no entanto, não temdado a esses eleitores, e não apenas a eles, a expectativa de um futuromelhor, mesmoqueoclimapolíticotenhaamenizado. O que era umobjetivo na eleição de 2022, voltar à normalidade, transformou-seemdecepção,poisogo- vernopetista,senãoagecomoumgovernoautoritário de esquerda, tem uma visão de capitalismo que se aproximamaisdos governos autocratas, nãoperdeuo hábito de interferir nas empresas,mesmoquenão se- jamestatais, comoPetrobraseVale, aparelhaoEstado demaneira desabrida, tenta interferir nas ações do BancoCentral independente, considera que oEstado éindutordocrescimentoeconômicoe,porisso,critica asprivatizações,quandonãotentadesfazê-las. Há também sinais de que o combate à corrupção deixou de ser prioridade, tendência que se iniciou comBolsonaroeprosseguenoterceiromandatode Lula. Maior exemplo é a “coincidên- cia”deosirmãosBatistaterementrado no negócio de energia no Amazonas diasantesdeogovernoeditarumaMe- dida Provisória beneficiando justa- menteosetor.OaparelhamentodoEs- tado, que sempre foi política petista, foi tambémusado pelo bolsonarismo. A cada governo, se formos nessa bati- da, amáquina estatal é revisada, e isso impede que tenha a eficiência necessária. Ameri- tocracia deu lugar à fisiologia, e a produtividade do serviçopúblico continuadecaindo. Apolítica externabrasileira, tendenciosa à esquer-daecominexplicávelcomportamentoantiocidental, é omaior sinal de esquerdismo petista que assusta parte do eleitorado, como se fosse indicativo de uma posturafuturadesejada.AaproximaçãocomFernan- doHenrique pode ser umamensagem de que Lula entendeu suas limitações diante um eleitorado de centro-esquerda que rejeita o autoritarismo. Foi por issoqueconseguiuderrotarBolsonaroem2022.Pre- cisaráajustar suabússolapara2026. Aseleiçõesmunicipaisdeste ano serãoumbomter- mômetroparao futurodopaís, especialmenteporque a direita brasileira, como acontece, aliás, no resto do mundo, está a reboque dos extremistas.Opresidente daCâmara,ArthurLira, surpreendeu-secomareação da opinião pública contra os projetos extremistas que tentouaprovareparecetenderaesquecê-los. Oextremismopodeserumtironopé,comoaimpo- siçãodeBolsonaronaescolhadeumex-PMparavice doprefeitoRicardoNunes, umpolítico semsinais de radicalismoemseucurrículo.Adivisãodadireita em váriascandidaturasemSãoPaulo,comoPabloMarçal eDatena,podetambémservirdeânimoparaocandi- dato doPT/PSOL,Boulos, emborano segundo turno seja difícil que ele vença, até porque deu razão a seus críticos no escandaloso relatório comque liberou o deputadoesquerdistaAndré JanonesnoConselhode ÉticadaCâmara,emqueeraacusado,comatémesmo gravações, de fazer “rachadinha” em seu gabinete.O mesmocrimedequea famíliaBolsonaroéacusada. Sinais para o futuro blogs.oglobo.globo.com/merval-pereira editoria.artigos@oglobo.com.br MERVAL PEREIRA Lula parece ter compreendido que precisa dos órfãos do PSDB, de centro-esquerda, para combater a direita Artigos oglobo.globo.com/opiniao/ cartas@oglobo.com.br Product: OGlobo PubDate: 25-06-2024 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_B User: douglas.oliveira@infoglobo.com Time: 06-24-2024 21:28 Color: INÊS 249 Semfazermuitoalarde, aMetadivulgou uma nova política de privacidade em que revela: usará o que publicamos no Fa- cebookeno Instagrampara treinar sua in- teligência artificial. Provavelmente tinha a esperança de que ninguém percebesse. Não deu. A União Europeia mandou bar- rar a mudança —por lá, já existe regula- ção suficiente para isso.Nos EstadosUni- dos e por aqui não teve jeito. Fomos atro- pelados.Mas, por trás da notícia, existem algunsdebates importantes.Oprimeiro é sobre autoria. Sobre direito autoral. Ummodelo de IA requer grandequanti- dade de dados para ser treinado. Se é um modeloquegera imagens,precisademui- tas imagens. Se gera texto, exigirá muito texto.Vídeo—mesmacoisa.Quantomai- orobancodedados,quantomaioropoder de processamento dos computadores que treinam esses modelos, melhor o modelo de IA. AMicrosoft pretende investir US$ 100 bilhões nos próximos quatro anos em parques de computadores só para treinar modelosmais emais sofisticados. Esse material não é fielmente reprodu- zido. Ummodelo voltado para imagens, como DALL-E ou Midjourney, não pro- duz uma Guernica igualzinha só porque as obras completas de Pablo Picasso fize- ram parte do treinamento. Os dados ser- vem a modelos estatísticos, alimentam a compreensão que o sistema tem do que compõe uma frase, de como representar um cavalo, ou mesmo um cavalo em de- sespero no estilo cubista.Não há plágio. Masháproblemas.Existeumnúmerope- queno de artistas que produzem imagens paramanuais deDungeons &Dragons, um RPG, jogobaseadoemlivrosehistóriasbas- tante populares. Esses artistas não sãomui- tos,mas, nomercadoamericano, consegui- am viver de produzir aquelas imagens com dragões, duendes, magos e cavaleiros para os livros comroteirosde jogos, quevendem como água. Esse mercado está desapare- cendo. Como osmodelosmais sofisticados foram treinados commuita gente naquele estilo, as editoras não precisammais pagar caropelas artes.A IA faz. Os artistas não foram remunerados pelo uso de seus estilos no treinamento e, agora, ocomputador fazcombastantequalidadeo trabalhodeles. É umproblema ético novo.Não está cla- ro como se encaixa odireito autoral nisso. A OpenAI, responsável pelo ChatGPT, vem assinando contratos de cessão de di- reitos com veículos de imprensa. O Fi- nancial Times é um deles. Por via das dúvidas, a empresa achou melhor come- çar a pagar para usar. Foi também proces- sada pelo New York Times—afinal, trei- nou o GPT 4 usando o acervo do jornal sem pedir licença. Inúmeros escritores, entre eles Stephen King e John Grisham, comooTimes,processaramacompanhia. Pelamesma razão—há livros inteiros de- les usados para treino. Muitos na indústria de tecnologia argu- mentam que o treino configura uso legíti- mo—fair use, em inglês. Pode-semexer na letra de umamúsica para uma paródia, e aí nãoéplágio.Éusolegítimo.Hámuitoexiste essaprovisãonodebate sobredireitos auto- rais. Todos podemos nos alimentar da cul- tura que existe para construir algo original que, ainda assim, seja uma referência ao que foi previamente concebido. Será que não se enquadra?Éumargumento. Masháumadiscussãomaisprofundaaí. Não lidamos bem, na verdade lidamos ca- da vez pior, com as grandes plataformas gratuitas da internet. Não importa se é uma rede social, um grande portal de ví- deos, hospedagem de blogs. Se é gratuito, se não pagamos nada para estar lá, é por- que o produto somos nós. Estamos cons- tantemente produzindo conteúdo, todos, para que as plataformas ganhem dinhei- ro. E elas são as companhiasmais bem-su- cedidas da história do capitalismo. Sabemos disso. Sabemos que trabalha- mos de graça. Que o retorno é pequeno e para poucos. O YouTube é exceção, com- partilha um pouco de seus ganhos. É só um pouco, porémmuito mais que as ou- tras. As plataformas daMeta são uma pia- da —não devolvem praticamente nada nem àqueles commilhões de seguidores que trabalham diligentemente para ga- nhar de outras formas. O TikTok não é muito diferente. Asplataformasconsideramqueoconteú- do que produzimos coletivamente é delas. Podemnão dizer isso com clareza, mas seu negócioéganhardinheirocomnossotraba- lho. E ainda assim trabalhamos.Como faci- litam também amanipulação política, fo- ramcapazesdeerguerumablindagemcom parlamentares que se interessam emman- ter o jogo como está. Sistematicamente, aqui como nos Estados Unidos, a tentativa de regularnãoprospera. O debate sobre direito autoral na inteli- gência artificial é complexo. O debate so- bre a postura das plataformas, não. Esse é bem simples. Trabalhe para a Meta blogs.oglobo.globo.com/opiniao coluna@pedrodoria.com.br PEDRO DORIA Nodia12de janeirode2024,umcami- nhoneiro foi preso pela PMmineira apósbatercomsuacarretanacontramão eprovocaramortedomotoristadooutro veículo.Otestedobafômetroconfirmou aembriaguez.Nodia31demarço,oem- presário Fernando Sastre conduzia seu Porscheaquase120km/hnacapitalpau- lista quandobateunoutro carro,matan- doomotorista.Escapoudotestedobafô- metro,mas a investigação apontou que havia consumido bebida alcoólica. Em maio, um motorista bêbado provocou umacolisãoquedeixouummortoedois feridos emUberlândia (MG).No dia 6 dejunho,umamotorista,dirigindosobo efeito de bebida alcoólica, atropelou e matouumamulherqueatravessavaarua nafaixadepedestreemItupeva(SP). Esses exemplos ilustrambemcomo, 16 anos depois da promulgação da Lei Seca(19/6/2008),aindasãomuitosos desafios a enfrentar para combater a perigosa mistura de álcool e direção. Não há dúvida dos benefícios da legis- lação e de sua contribuição para a se- gurança no trânsito brasileiro. Estudo do Centro de Informações sobre Saú- de e Álcool (Cisa) aponta queda de 32% no número de mortes (por 100 mil habitantes) no trânsito relaciona- das ao uso de bebidas alcoólicas entre 2010 e 2021. Esse dado positivo não podeesconderque, sóem2021,houve 10.887óbitose75.983hospitalizações por ocorrências de trânsito provoca- daspelousodoálcool. A redução no número de sinistros de trânsito envolvendo o consumode bebida alcoólica ocorreu não somen- te pelas mudanças na legislação, mas pelas políticas públicas implantadas a partir da lei. O que era conduta co- mum, rotineira, passou a ser visto co- mocomportamentoperigosoeamea- çador; criou-sepressão social,muitas vezesestimuladapelosmaisjovens.A mudança cultural veio da combina- ção da Lei Seca com operações de fiscalização e campanhas edu- cativas. Entretanto há indícios de que precisamos ficar mais alertas à embriaguez ao volante. Pesquisa do Ministério da Saúde aponta que a parcela da popu- laçãoquerelatoubeberedirigir cres- ceu de 5,4% para 5,9% entre 2021 e 2023, invertendo a tendência de queda. Números recentes da Opera- ção Lei Seca RJ mostram que a per- centagemdemotoristas flagradosno teste do bafômetro subiu significati- vamente desde 2021. Entre 2014 e 2020, a percentagem ficou entre 4% e 6%; essa taxa saltou para 13% em 2021, ficou em 10% em 2022 e 11% em2023—mais de 34mil flagrantes por ano demotoristas alcoolizados. Não devemos perder de vista que a Lei Seca é relativamente jovem—aos 16 anos, nem chegou à maioridade. Portanto é fundamental retomar, alémda fiscalização, as campanhas de educação e conscientização, que de- vem ser permanentes. Nos últimos anos, órgãos de trânsito têm concen- trado esforços educativos para alertar sobre os perigos do uso de celular ao volante—queexplodiucomocausade sinistros de trânsito.Mas a celebração do aniversário da Lei Seca pode e deve ser aproveitada comomomento para fazer aquele slogan—antigo, mas efi- ciente—voltar a ecoar pelo país: “Se beber, nãodirija”. Hugo Leal, deputado federal (PSD-RJ), é autor da Lei Seca e foi presidente da Frente Parlamentar emDefesa do Trânsito Seguro Lei Seca é o começo ARTIGO Ainda sãomuitos os desafios a enfrentar para combater a perigosamistura de álcool e direção 16 anos depois da promulgação HUGOLEAL OGLOBO | Terça-feira 25.6.2024 Opinião | 3 _ SEG _ Fernando Gabeira _ Demétrio Magnoli (quinzenal) _ Miguel de Almeida (quinzenal) _ Irapuã Santana (quinzenal) _ Washington Olivetto (quinzenal) _ Preto Zezé (quinzenal) _ TER_ Merval Pereira _ Pedro Doria _ QUA_ Vera Magalhães _ Elio Gaspari _ Bernardo Mello Franco _ Roberto DaMatta (quinzenal) _ QUI_ Merval Pereira _ Malu Gaspar _ SEX_ Vera Magalhães _ Flávia Oliveira _ Bernardo Mello Franco _ SÁB_ Carlos Alberto Sardenberg _ Eduardo Affonso _ Pablo Ortellado _ DOM_ Merval Pereira _ Dorrit Harazim _ Bernardo Mello Franco Enquanto a regulamentação da reforma tri- butáriaédebatidanoCongressoNacional, temos a oportunidade de incluir no imposto seletivo os ultraprocessados, como salgadi- nho de pacote, biscoito recheado oumacar- rão instantâneo. Até porque o novo tributo entrou no projeto justamente como intuito de restringir o consumo e compensar os im- pactosnegativosdeprodutosquefazemmalà saúde e ao ambiente.Mas, na proposta apre- sentadapelogoverno,o impostorecaiapenas sobrederivados de tabaco, bebidas alcoólicas erefrigerantes,enãosobreultraprocessados. Tanto quanto cigarro e álcool, alimentos com baixo teor nutritivo, ricos em sódio, açúcar,gorduraeaditivosartificiais,consti- tuem importante fator de risco para o de- senvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis—problemascardiovascula- res, obesidade, câncer, diabetes. No Brasil, todo ano, registram-se cercade57milmor- tes precoces, entre 30 e60 anos, associadas ao consumodeultraprocessados. Ao contrário do que tenta propagar quemlucra à custade adoecimentoemor- te, a decisão de compra de alimentos não se baseia simplesmente em critérios pes- soais. Variáveis como palatabilidade, du- rabilidade, praticidade, marketing e, so- bretudo, custo determinam as preferên- cias. Portanto uma dinâmica tributária mais justa e saudável poderia levar o indi- víduo a fazer escolhas mais adequadas. Além de reduzir o consumo, a adoção de impostos diferencia- dos compensaria os impactosnegativosdo uso desses artigos. Nãobastasse o adoeci- mento e o sofrimento, há um custo considerável para o sistema de saúde, que recai sobre todos. No longo prazo, projetamos outros ga- nhos importantes. Recentemente, o Ban- coMundial destacou que o reajuste de tri- butos levaria à redução tanto nos gastos com ultraprocessados quanto nas despe- sasmédicas, aumentandoaexpectativade vida da população. A instituição chama a atenção, ainda, pa- raocaráterprogressivodo imposto, quebe- neficia os mais pobres, faixamais vulnerá- vel aos efeitos nocivos do consumo desses itens.Nomesmosentido,rechaçamosqual- quer possibilidade de corte ou de incidên- cia de cashback, que acabaria contribuindo para aumentoda alíquotade referência. Defendemos incondicionalmente incen- tivos fiscais que ampliemoacesso à comida de qualidade. Portanto destacamos o apoio à cesta básica de produtos in natura livre de tributosedeultraprocessados.Exatamente como preconiza o Guia Alimentar para a PopulaçãoBrasileira. Odocumento,lançadohádezanospeloMi- nistério da Saúde, serve de apoio a gestores aqui enoexterior.EsperamosqueoCongres- so se inspirenasorientaçõesdoguia eamplie o imposto seletivo para os ultraprocessados. Afinal, o futuro depende de uma reforma tri- butária que conjugue promoção da saúde e desenvolvimentosustentável. Marcello Baird é coordenador de políticas públicas da ACTPromoção da Saúde, Marília Sobral Albiero é coordenadora do Projeto Alimentação da ACTPromoção da Saúde MARCELLOBAIRDE MARÍLIA SOBRALALBIERO Aumento de imposto para ultraprocessados ARTIGO Alimentos com baixo teor nutritivo, ricos em sódio, açúcar, gordura e aditivos artificiais, são fator de risco Product: OGlobo PubDate: 25-06-2024 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_C User: douglas.oliveira@infoglobo.com Time: 06-24-2024 21:45 Color: INÊS 249 4 | Terça-feira 25.6.2024 | OGLOBO Política NAWEB Crimesocorreramnosúltimos 11dias; omais recente,nosábado, foi emDuquedeCaxias Seis pessoas ligadas a políticos forammortas VIOLÊNCIANABAIXADAFLUMINENSE PARA ACESSAR APONTE OCELULAR PARA OQRCODE Depois de lançar uma campanha publicitá- ria para atrair o segmento evangélico e reembalar programas com foco nos mais pobres, o Palácio do Planalto agora fará uma ofensiva no público jo- vem para melhorar a po- pularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O plano em elaboração no governo prevê o anúncio de um pacote que reunirá iniciativas já lançadas pa- ra a faixa etária de 15 a 29 anos, que corresponde a 23% da população. Na prática, contudo, será uma nova roupagem para medidas já anunciadas de forma separada. O carro-chefe da lista de- ve ser o programa Pé-de- Meia, que prevê auxílio fi- nanceiromensal de R$ 200 para estudantes do Ensino Médio, além de uma pou- pança a ser sacadano fimdo curso. A criação de cem no- vos institutos federais no país também vem sendo ci- tadapor auxiliares. No governo, no entanto, a avaliação é que ambas inici- ativas são insuficientespara alterar a popularidade de Lula nesse estrato da popu- lação e que é preciso produ- zir uma linguagem única voltada ao jovem para co- municar outras ações. Pesquisa Datafolha da se- mana passada mostrou que, demarçoatéagora,osciloude 21%para 24%o contingente de jovens (16 a 24 anos) que avalia o governo como ruim oupéssimo, enquanto recua- ramde32%para25%osque, dentrodessafaixaetária,con- sideramagestão comoótima ouboa.Amargemdeerro,no recorte por idade, é de cinco pontospercentuaisparamais ou menos. Levantamento JENIFFERGULARTE jeniffer.gularte@bsb.oglobo.com.br BRASÍLIA - RICARDOSTUCKERT/PR/25-03-2024 Governo tenta conter desgaste entre jovens com reembalagem de programas voltados ao grupo NOVAROUPAGEM AVALIAÇÃO DO GOVERNO ENTRE SEGMENTO DE 16 A 34 ANOS Fonte Datafolha EDITORIA DE ARTE PASSOU DE PARA PARA CAIU DE MARÇO/24 JUNHO/24 MARÇO/24 JUNHO/24 21% 24% 32% 25% Contingente dos que acham o governo RUIM ou PÉSSIMO Contingente dos que acham o governo ÓTIMO ou BOM Amargem de erro é de 5 pp para o segmento Pé-de-Meia Prevêauxíliomensal deR$200a alunosdoEnsinoMédioque seguiremcritérios sociais ede assiduidade,como frequência mínimaeparticipaçãoemexa- mes,alémdeumapoupançaaser sacadano fimdocurso. Institutos federais Ogovernoanunciouaconstrução decemnovoscampide Institutos FederaisdeEducação,Ciênciae Tecnologia,espalhadospor todos osestados.Ao todo,serão 140mil novasvagas.Asobras terãoo investimentodeR$2,5bilhões.Pescaartesanal OJovemCientistadaPescaArte- sanal é voltadoa jovenspescado- resartesanaisdoEnsinoMédio público.Oprogramaestimulaa pesquisanaáreadepescaartesa- nal ebuscaevitar aevasãoesco- lar.Serãooferecidasmil bolsas. SegundoTempo Oprogramaestimulaapráticade esporteno turno inversodaesco- la.Ogovernopretende implantar 95núcleosparaatender, inicial- mente,10mil estudantesegerar empregoa 180professorese monitoresdeeducação física. ALGUMAS INICIATIVAS PactopelaAlfabetização OPactoNacionalpelaSuperação doAnalfabetismoeQualificaçãoda EducaçãodeJovenseAdultos (EJA)querreduziroanalfabetismo eelevaraescolaridadedepessoas commaisde15anos.Serão3,3 milhõesdematrículasnoEJA. ManoelQuerino Oprogramavai oferecer convê- nioscomuniversidadespara cursosdequalificaçãoprofissio- nal de jovens,emespecial apopu- laçãovulnerável,comfocona promoçãodadiversidadeeno combateàdiscriminação. Quaest domês anterior já ha- via detectado tendência se- melhantededesgaste. O pedido para o governo preparar um pacote volta- do aos jovens partiu do próprio Lula. A ideia sur- giu após levantamentos internos mostrarem que, apesar de ter levado vanta- gem sobre Jair Bolsonaro na campanha de 2022 nes- te segmento, segundo pes- quisas feitas na época, a percepção atual dos jo- vens é que o petista pode- ria estar fazendomais. O temor no Planalto é que o sentimento de de- cepção com o governo cresça e, por isso, o plano é montarumaespéciedecar- dápio de ações para esse público emumúnico espa- ço. Um dos auxiliares de Lulaenvolvidosnasdiscus- sões afirma que, ainda que os jovens possam ter esco- lhido o petista em 2022, seu apoio não está cristali- zado, pois ainda espera o governo acontecer. —O governo tem cente- nas de ações de políticas públicas direcionadas à ju- ventude. A Secretaria-Ge- ral da Presidência daRepú- blica faz um papel de arti- culaçãodessaspolíticas, de dar coesão, para que possa darmais visibilidade e che- garaoconjuntoda juventu- de brasileira —disse o mi- nistro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presi- dência, que ficou respon- sável pela tarefa. LANÇAMENTOPRÓXIMO Nas primeiras conversas, a pasta identificou 200 ações em 28 ministérios voltadas a esse público. Uma delas é o Bolsa Jovem Cientista da Pesca Artesa- nal, que destina bolsas de pesquisa para estudantes da rede pública filhos de pescadores. Outra inicia- tiva é o Segundo Tempo, programa que estimula prática de esporte no tur- no inverso da escola. Ou- tros dois programas que devem ser incluídos são o Pacto Pela Alfabetização na Idade Certa —o gover- nomapeou 720mil jovens que não são alfabetizados — e o Programa Manoel Querino, que oferece con- vênios com universidades para cursos de qualifica- çãoprofissional de jovens. —Queremos apresentar um ciclo de políticas de que todos os jovens possampar- ticipar. As ações existem e são substanciais. O jovem quer respostas urgentes, e ele está certo—afirma o se- cretário nacional da Juven- tude,RonaldSorriso. O modelo do projeto, ainda em fase de finaliza- ção, será levado para chancela de Lula antes do lançamento. A expectati- va no governo é que a ini- ciativa seja lançada nas próximas semanas, mas não há data prevista. Ao discursar na Confe- rência Nacional da Juven- tude, em dezembro do ano passado, Lula pediu “muita paciência” aos jovens por- que o “governo precisava negociar commuita gente que é adversário político”. Também cobrou ação dos seus auxiliares. — Qual é o trabalho que nós vamos fazer, Sorriso, com os milhões de jovens que ainda não nos enten- dem?Comoéquenósvamos tratar esses milhões de jo- vens? 65%votaramnoMilei (JavierMilei, presidente da Argentina), de 16 a 24 anos de idade.Comoéqueagente vai competir na formação política dessa juventude que está abandonada na perife- ria, sendo violentada todo dia com a indústria da fake news, com a indústria da mentira, com a indústria da destruição? Como é que a gente vai fazer? —questio- nouopresidenteàépoca. A cobrança que Lula fez em dezembro vem sendo replicada internamente pelo presidente aos auxili- ares responsáveis por ca- pitanear a iniciativa.Além da Márcio Macêdo, a Se- cretaria de Comunicação Social (Secom) está envol- vida na tarefa e avalia a cri- ação de site, slogan ou de campanha publicitária voltada ao segmento.ASe- com é comandada interi- namente pelo jornalista Laércio Portela. “FÉNOBRASIL” A ideia de desenhar uma marca de comunicação es- pecífica voltada ao jovem é mais uma tentativa do Pa- lácio do Planalto para se aproximar de públicos nos quais têmenfrentadoresis- tência.Emmaio, ogoverno lançou a campanha “Fé no Brasil”, como parte do es- forço para romper a barrei- ra dapolarização e reverter a tendência de queda na popularidade de Lula nas pesquisas. A campanha visa a pro- mover ações e políticas públicas sob a premissa de queas iniciativas benefici- arão todos os brasileiros, e não apenas os que apoiam a gestão petista. A iniciativaocorreuapós a avaliação no Planalto de que a retomada de progra- mas que foram vitrine das gestões anteriores do PT, como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida e MaisMédicos, não teve re- sultado significativo na popularidade de Lula. NoPlanalto.Lula comoministro Camilo Santana durante encontro com estudantes para anúncio de pagamento da primeira parcela do Programa Pé-de-Meia, que será relançado comoutras iniciativas Product: OGlobo PubDate: 25-06-2024 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_D User: douglas.oliveira@infoglobo.com Time: 06-24-2024 22:23 Color: INÊS 249 OGLOBO | Terça-feira 25.6.2024 Política | 5 Product: OGloboPubDate: 25-06-2024Zone: NacionalEdit ion: 1 Page: PAGINA_EUser: rai.silva@infoglobo.com.brTime: 06-24-2024 20:20Color: INÊS 249 Opresidente da Câmara, Ar- thur Lira (PP-AL), não de- ve levar à frente o pedido feito pela oposição para levar ao ple- nário a decisão do Conselho de Ética da Casa que arquivou um processo disciplinar contra o deputado André Janones (Avante-MG), integrante da base do governo Lula. Aliados de Lira acreditam que ele vai desconsiderar a possibilidade por entender que a decisão ca- be ao colegiado. Mais de 60 parlamentares assinaram um requerimento inédito de recurso, que quer ressuscitar a tentativa de cas- sação de Janones, original- mente apresentada pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e que mirou um suposto esquema de rachadi- nha no gabinete do parlamen- tar em investigação. O placar da votação no Conselho de Ética ficou em 12 a 5 pela aprovação do parecer do rela- tor, o deputado federal Gui- lherme Boulos (PSOL-SP), que votou pelo arquivamento do pedido de cassação. Após a sessão, no início deste mês, Janones e parla- mentares de oposição tro- caram empurrões. O depu- tado foi escoltado pela Po- lícia Legislativa até a saída. Procurado, Lira afirmou ainda não ter se debruçado sobre o tema. PF APURA “RACHADINHA” A representação contra Jano- nes foi apresentada após dois ex-assessores do parlamentar afirmarem que ele cobrava funcionários lotados em seu gabinete na Câmara a repassar parte dos seus salários. O caso é investigado pela Polícia Fe- deral. Em entrevista ao GLO- BO, Cefas Luiz Paulino e Fa- brício Ferreira de Oliveira dis- seram que a prática envolvia até mesmo os valores recebi- dos como 13º e chegava a 60% dos vencimentos. Em seu relatório, Boulos alegou que as acusações são anteriores ao exercício do mandato do deputado, que começou em 2023. Segundo o também pré-candidato à prefeitura de São Paulo, as suspeitas já eram de conheci- mento público desde 2022: “Não há justa causa, pois não há decoro parlamentar, se não havia mandato à época — o que foge do escopo, portanto, do Conselho de Ética e Decoro Parlamen- tar — o mesmo caso visto agora. Para aliados, Lira não deve levar absolvição de Janones a plenário Oposição tenta rever decisão que livrou de cassação colega acusado de rachadinha VINICIUS LOURES/CÂMARA DOS DEPUTADOS/31-10-2023 Decisão. Janones escapou de punição na acusação de rachadinha GABRIEL SABÓIA gabriel.saboia@oglobo.com.br BRASÍLIA - 6 | Política Terça-feira25 .6 .2024 | OGLOBO Alvo da cobiça de partidos que compõem o gover- no, a Fundação Nacional da Saúde (Funasa) está há um ano sob comando interino. Mesmo após o Congresso ter revertido, em junho de 2023, a Medida Provisória (MP) do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que ten- tou extinguir a estrutura, o Executivo ainda não com- pletou o processo de rees- truturação do órgão. A de- mora vem provocando insa- tisfações de parlamentares. Com orçamento de R$ 2,8 bilhões previsto para 2024, a Funasa é disputada por PSD, Republicanos, PP e União Brasil, mas nenhum dos par- tidos ainda conseguiu firmar compromisso com o governo de indicar o comando. En- quanto isso, Alexandre Mot- ta, que já exerceu cargos em outros governos do PT, se mantém no cargo. No fim de 2023, a Casa Ci- vil promoveu reuniões com congressistas interessados na reestruturação da Funasa. Os senadores Hiran Gonçal- ves (PP-RR), Daniela Ribeiro (PSD-PB) e o deputado Da- nilo Forte (União-CE) acom- panharam os encontros re- presentando o Congresso. —A Funasa não está funci- onando. Não tem vontade de tentar resolver o problema. No fundo, eles (governo) querem matá-la por inanição —afirmou Forte, acrescen- tando que a situação causa desgastes ao governo. — Com certeza (provoca difi- Rui Costa, foi contrário à re- criação da estrutura. A ex- tinção da Funasa foi objeto de discordância no governo desde a transição, no fim de 2022, principalmente com o PSD, que foi um dos pri- meiros partidos de centro a ser base de Lula e comanda- va a pasta no governo Bolso- naro. À época, o comando da Funasa cabia ao PSD, e havia cargos também ocu- pados por indicados de PP e União Brasil. Uma das primeiras medi- das adotadas por Lula quan- do tomou posse foi a edição de uma MP que extinguiria a Funasa. A ideia era trans- ferir as principais atribui- ções do órgão para o Minis- tério das Cidades. Uma ala do governo avalia que a es- trutura é ineficiente. A extinção provocou forte insatisfação no Congresso e, em junho do ano passado, a própria base do governo, incluindo os líderes na Câ- mara, José Guimarães (PT- CE), e no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), participa- ram de um acordo para dei- xar a MP perder a validade. Com isso, a Funasa foi recri- ada e deixada sob a alçada do Ministério da Saúde. Apartir disso foi aberto um diálogo entre o governo e o Congresso para que parla- mentares indicassem o co- mando da Funasa, mas ainda não houve acordo entre os próprios partidos interessa- dos. O Planalto, por sua vez, vem evitando tomar uma de- cisão que favoreça uma par- cela de aliados em detrimen- to de outras siglas. Reformulação da Funasa trava e irrita parlamentares Com orçamento de R$ 2,8 bilhões previsto para este ano, órgão é disputado por PSD, Republicanos, PP e União Brasil, mas nenhum dos partidos conseguiu firmar compromisso com o governo de indicar o comando LAURIBERTO POMPEU lauriberto,pompeu@bsb.oglobo.com.br BRASÍLIA - SUEST-RR/FUNASA Atritos. Fachada da Funasa em Roraima, onde unidade não funciona: governo Lula quis extinguir fundação, mas Congresso foi contra por causa da capilaridade do órgão culdades na articulação do governo com o Congresso). É uma instituição que sempre teve uma proximidade muito grande entre o Parlamento e as bases nos municípios. Ela foi perdendo capilaridade, infelizmente. Da mesma forma, no início de março, Hiran fez um dis- curso no plenário do Senado reclamando da indefinição: — Isso é uma quebra de acordo feito aqui nesta Casa. Espero que Senado e Câmara possam fazer ações conjun- tas para garantir a reestrutu- ração imediata da Funasa. Motta, por outro lado, disse que o governo vai cumprir o acordo e terminar de reestru- turar a Funasa. Ele declarou que até o final do próximo mês, o governo deve anunci- ar a destinação de cerca 400 funcionários para a pasta, o que levaria a Funasa a ter aproximadamente mil. — A mesma atitude, que ao meu juízo foi precipita- da, de extinguir a Funasa, deveria ter sido um pouco mais trabalhada no retorno. Estou fazendo o melhor que eu posso para fazer esse pro- cesso o mais rápido possí- vel, de forma equilibrada e inteligente — argumentou o presidente da Funasa. O ministro da Casa Civil, Aagenda privada do presi- dente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos últimos dias incluiu encontros com ex- presidentes, com o filósofo Noam Chomsky, o jornalista Mino Carta e o escritor Ra- duam Nassar. Ontem, o pe- tista esteve com Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em São Paulo. Três dias an- tes, fez uma visita a José Sar- ney (MDB), no Maranhão. Os compromissos, cujo teor das conversas não foi revela- do, mereceram um post do petista na rede social X: nu- ma montagem com imagens de quatro encontros, Lula disse ter “grande carinho” por aquelas pessoas. Ontem o encontro com FH foi no apartamento do ex-presidente em Higienó- polis, onde Lula ficou du- rante 35 minutos no come- ço da tarde. Antes, o ex- presidente já havia recebi- do em sua casa o ex-minis- tro da Fazenda Pedro Ma- lan e o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco. A Fundação Fer- nando Henrique Cardoso promoveu ontem um even- to em comemoração aos 30 anos do Plano Real. Lula saiu de Brasília na manhã de domingo rumo a São Paulo. Os compromis- sos não foram divulgados oficialmente pelo governo. Segundo fontes do Planalto ouvidas pelo GLOBO, Lula conversou com FH pelo te- lefone na sexta-feira, antes da agenda presencial. UNIÃO DE FORÇAS Adversário histórico de Lula desde que o Brasil retomou o voto direto, na década de 1980, o tucano declarou o voto no petista em 2022 para derrotar Jair Bolsonaro na campanha presidencial. À época, FH se somava a ou- tros tucanos históricos que já haviam anunciado apoio a Lula, como José Serra, Aloy- sio Nunes, Tasso Jereissati e José Aníbal. “Neste segundo turno vo- to por uma história de luta pela democracia e inclusão social. Voto em Luiz Inácio Lula da Silva”, escreveu FH em seu Twitter em outubro. O petista usou as redes soci- ais para agradecer: “Pela de- mocracia e pela inclusão so- cial. Obrigado pelo seu voto e confiança. O Brasil preci- sa de diálogo e de paz”, pu- blicou Lula. Fernando Henrique e Lu- la se enfrentaram nas urnas pelo Palácio do Planalto em 1994 e 1998, eleições em que o tucano venceu no pri- meiro turno. O petista foi o sucessor de FH na Presidên- cia em 2002. O PSDB e o PT disputaram o segundo tur- no da corrida presidencial de 2002 a 2014. Além de FH, Lula esteve Noam Chomsky e Raduan Nassar. Este, autor de “La- voura arcaica” e “Um copo de cólera”, é apoiador de Lula e chegou a visitá-lo em Curiti- ba quando ele estava preso, assim como o americano Chomsky, de 95 anos, amigo de longa data do petista. Lula se encontra com ex-presidentes em agenda reservada Petista visitou ontem FH e fez postagem relatando ‘grande carinho’; atual mandatário esteve com Sarney na última sexta-feira RICARDO STUCKERT/PR/21-06-2024 No Maranhão. Lula beija Sarney em encontro na casa do ex-presidente HYNDARA FREITAS hyndara.freitas@sp.oglobo.com.br SÃO PAULO - > O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), senador Confúcio Moura (MDB-RO), afirmou que o limite orçamentário para as emendas parla- mentares em 2025 deve permanecer em torno de R$ 50 bilhões. O parla- mentar destacou que a decisão é do conjunto de senadores e deputados, mas que por ele o valor não iria além disso. > Moura se reuniu ontem com o ministro da Fazen- da, Fernando Haddad, além de secretários da equipe econômica. > — As emendas têm sido objetivo de conquista do Congresso. Já se estabele- ceu esse limite aproxima- do de mais ou menos R$ 50 bilhões por ano, respei- tando as emendas de relator, que não existem mais. Não vai além disso. Como relator, não posso ter ideia formada, o relató- rio expressa a vontade da maioria. Mas o bom senso aponta que não se deve aumentar além, porque as contas públicas estão em xeque. Não há fartura de recursos — defendeu. > O relator ainda afir- mou que o Ministério da Fazenda estuda modificar as metas de dívida pública que constamno projeto de LDO, enviado pelo governo em abril deste ano. O motivo seria a necessidade de alterar o limite da dívida públi- ca, vinculada à taxa de juros Selic. Relator da LDO diz que emendas devem ficar em R$ 50 bi Product: OGlobo PubDate: 25-06-2024 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_F User: douglas.oliveira@infoglobo.com Time: 06-24-2024 22:16 Color: INÊS 249 OGLOBO | Terça-feira 25.6.2024 Política | 7 Product: OGloboPubDate: 25-06-2024Zone: NacionalEdit ion: 1 Page: PAGINA_GUser: rai.silva@infoglobo.com.brTime: 06-24-2024 20:20Color: INÊS 249 8 | Política Terça-feira 25.6.2024 | OGLOBO Em ritmo de campanha a quatromeses da eleição, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), vempercorren- do igrejas evangélicas e cos- turandoaliançascompasto- res. A interlocutores, Paes admite que tem procurado uma “vacina” contra episó- dios vividos na eleição 2020, quando foi vítima de ataques com fake news na portade igrejas. A peregrinação do atual prefeito pelo apoio evangéli- co é também uma tentativa de balancear seu arco de ali- anças, hoje concentrado em siglas à esquerda do espectro político e que formamabase maisfidelizadaaopresidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Paes, no entanto, não é o único que busca interlocu- ção com o segmento: pré- candidatos como o bolsona- rista Alexandre Ramagem (PL)eTarcísioMotta(PSOL- RJ) tambémsemovimentam (vejanoboxao lado). Na semana passada, o pre- feitoatraiuparasuapré-cam- panha o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), que é pastor ligado à Assem- bleia deDeus deMadureira, uma dasmaiores denomina- çõesevangélicasdopaís. Otoni,queseapresentaco- mo aliado do ex-presidente JairBolsonaro(PL),alardeou que sua entrada na campa- nhadePaes sedeu sob a con- dição de que o prefeito não escolhaumrepresentantedo PTparasuachapa. — A polarização acabou levando Paes para o lado do Lula.Mas ter ao ladoumsu- jeito conservador, como eu, acaba por trazê-lo de volta paraocentro—disseOtoni. OPTenfrentabaixaadesão doeleitoradoevangélicodes- de a ascensão deBolsonaro à Presidência. Embora aposte na importância de uma ali- ança comLula, Paes já vinha tentando nos últimosmeses brecar o acesso petista à sua chapa, por entender que a melhor composição é ter um aliado de sua estrita confian- ça—seu nome preferido pa- ra vice é o deputado Pedro Paulo(PSD-RJ). CIDADE ‘ÉDEJESUS’ O apoio de Otoni a Paes foi selado comuma reunião no escritório do bispo Abner Ferreira, líder da igreja, na última quinta-feira. No sá- bado, o prefeito figurou ao lado de Abner em um even- to na Praça XV, região cen- tral do Rio, que celebrou o centenário dasAssembleias deDeusnoestado. —Aboanotíciaéaseguinte: oRio está cada vezmais de Je- sus—afirmouPaesnolocal. Agora, Otoni costura a ida doprefeito ao “culto da Santa Ceia”,umdosprincipaisdaAs- sembleiadeDeus,queaconte- ce tradicionalmente no pri- meirodomingodecadamês. Em abril, Paes já havia participado de uma reuni- ão de obreiros na chamada “igreja-mãe” de Madurei- ra, acompanhado pelo ve- reador Eliseu Kessler (PSD), seu colega de parti- do e também ligado à igre- ja. Na reunião, o prefeito elogiou a atuação das igre- jas na defesa das famílias e pediu aos presentes que “orassem”por ele. Na semanapassada,Kessler acompanhouPaes aumculto dominical de outro ramo da Assembleia deDeus, oMinis- tério JardimPalmares, naZo- naOeste doRio.Nesta ocasi- ão, o prefeito novamente su- biu aopúlpito e discursou aos fiéis, mesmo procedimento adotado em visitas à Assem- bleiadeDeusnaCidadeNova, no início de junho, e à Igreja UnidaDeus Proverá, nomês passado. Em outro gesto ao público evangélico, Paes abrigou no PSDumdosprincipaisarticu- ladorespolíticosdaIgrejaUni- versal do Reino de Deus no Rio, opastorDeangelesPercy, e se comprometeu emapoiar suacandidaturaavereador. Após costurar a aliança comaUniversal,Paespassou a ser ciceroneado por políti- cos ligados à igreja, como a deputada estadual Tia Ju e o vereadorInaldoSilva,ambos filiados ao Republicanos. Eles acompanharam o pre- feito na visita à Assembleia deDeusnaCidadeNova. Há quatro anos, quando disputavaosegundoturnoda eleição municipal contra o então prefeitoMarcelo Cri- vella (Republicanos), Paes foi alvo de campanha suja atravésdepanfletosdistribu- ídos nas imediações de tem- plos da Universal e das As- sembleiasdeDeus.Omateri- al, àépoca, tentavaassociaro então candidato a pautas co- moo aborto e à liberaçãodas drogas, que ele jamais defen- deuemcampanhas. Na ocasião, orientado pelo marqueteiroMarceloFaulha- ber, Paes reagiu chamando Crivella de “pai da mentira” emumdebatetelevisivo.Aes- colhadaexpressãoparacarac- terizar o adversário foi feita sobmedida para o eleitorado evangélico: trata-se de uma referênciabíblicaaodiabo. Paes busca arregimentar apoio de igrejas com ida a cultos Estratégia visa evitar ataques no pleito e ampliar arco de alianças. Prefeito atrai deputado ligado à Assembleia de Deus REPRODUÇÃO Costura.Paes, à direita, em celebração do centenário da Assembleia de Deus no Rio: prefeito tembuscado na pré-campanha o apoio de lideranças evangélicas BERNARDOMELLO bernardo.mello@infoglobo.com.br - Encontroscomlideranças Paes tememsuapré-campanhao deputado federal bolsonarista Otoni dePaula (MDB),queé pastor ligadoàAssembleiade DeusdeMadureira.Oatual prefei- to temfeitoumaperegrinaçãoem igrejasevangélicasebuscaalian- çascom lideranças. Viceevangélica ObolsonaristaAlexandreRamagem (PL)foiàMarchaparaJesusem maioecosturaaindicaçãodeuma mulherevangélicaparaseracandi- dataaviceemsuachapa.Candidata adeputadafederalpeloPLem2022, aex-deputadaestadualRosaneFélix (hojenoMDB)éafavorita. Pontecomfiéis OdeputadoTarcísioMotta (PSOL-RJ), representanteda esquerdanadisputamunicipal, temdialogadocomseucolegade Câmara,opastor evangélico HenriqueVieira,sobreestraté- giasparacriarpontescomfiéis e compequenas igrejas. MOVIMENTAÇÕESDEOLHONOSEGMENTO PROCURAR IMÓVEL EM OUTROS SITES SÓ TEM UM PROBLEMA: AS OFERTAS MORAM LÁ HÁ MUITO TEMPO. Oferta velha não resolve nada. Imóveis, veículos, empregos e muito mais no Classificados do Rio. Só ofertas atuais com fotos e navegação inteligente. 21 2534-4333 Anuncie agora via WhatsApp ou Telegram Product: OGlobo PubDate: 25-06-2024 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_H User: douglas.oliveira@infoglobo.com Time: 06-24-2024 22:09 Color: INÊS 249 Com recursos naturais abundantes para a transição energética, o Brasil precisa preencher uma lacuna anual de R$ 249 bilhões em investimentos em infraestrutura para aproveitar melhor seu potencial, segundo recente levantamento do BNDES. No estado do Rio, o desafio é transformar esse potencial em novas perspectivas na economia do mar e no capital humano fluminense. Nesta edição do Diálogos RJ, autoridades e especialistas vão discutir caminhos para acelerar essa transição, através do mercado e de soluções regulatórias, em paralelo ao avanço dasmetas de conservação do meio ambiente. Participe! Realização Acesse e inscreva-se! Mediação: Alexandre Rodrigues Editor assistente do GLOBO Auditório da Editora Globo RuaMarquês de Pombal, 25 | Centro 28/06 ÀS 9H TRANSIÇÃO ENERGÉTICA Políticas e regulações estratégicas para o desenvolvimento MESA 1 Desafios para implantação de iniciativas sustentáveis MESA 2 Felipe Peixoto Secretário interino de Energia e Economia do Mar do Estado do RJ Vice-presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados Hugo Leal Bernardo Rossi Secretário do Ambiente e Sustentabilidade do Estado do RJ Superintendente de Pesquisas da FGV Energia Felipe Gonçalves Diretor de Novos Negócios da Prumo Logística Mauro Andrade CEO da Gás Verde Marcel Jorand Diretor de Transição Energética da Petrobras Maurício Tolmasquim Diretora de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) Heloisa Borges OGLOBO | Terça-feira 25.6.2024 Política | 9 Criar regras para IA é necessidade para 73% Pesquisa do Instituto Ideiamostra que população se divide entre otimismo e preocupação.Golpes são riscomais citado HENRIQUE BARBI* henrique.barbi@oglobo.com.br- giasdeIAnodiaadia.Chegam a43%osqueafirmamempre- gá-las—amaioriaemredesso- ciais.Nesse grupo, 18%citam adotar ferramentaspara gerar textos e imagens, como ChatGPTouBard. —Onível de desconheci- mento é generalizado—fri- saMoura. Apesquisa ouviu 1.073bra- sileiros em17demaio.Amar- gemdeerroédetrêspontos. * Estagiário sob supervisão deMarlenCouto Foco de preocupação em meioaoavançodesuaapli- cação em campanhas eleito- rais pelomundo, comomos- trouontemOGLOBO,as tec- nologias de inteligência artifi- cial(IA)estãonoradarenoco- tidiano dos brasileiros. Uma pesquisadoInstituto Ideia,di- vulgadanoBrazil ForumUK, evento organizado por estu- dantesnoReinoUnido, revela que 73% da população veem necessidade de se criar regras para o uso da tecnologia, en- quanto 12% são contrários e outros15%nãosabem. Ogoverno foi omais citado comoagentequedeveriaregu- lar a IA (21%). A maior fatia respondeunãosaber(29%). O levantamento não per- guntou sobre ummodelo es- pecíficoderegulação.Umpro- jetoque tratado temaestá em tramitaçãonoSenado.Apro- postadeautoriadopresidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e sob relatoria do senadorEduardoGomes (PL- TO), define diretrizes para o desenvolvimento, implemen- taçãoeusodesistemasdeinte- ligênciaartificialnopaís. A proposta aguarda análise de uma comissão especial. O texto estabelece, entre outros pontos,quetodosistemadeIA passará por avaliaçãoprelimi- nar do fornecedor para classi- ficaçãodeseugrauderisco. FundadordoInstitutoIdeia, MaurícioMouraapontaqueo desejo dos brasileiros pela re- gulaçãodeuma tecnologia re- cém-disseminada é inédito desde o surgimentodas redes sociais. Entre osmais cautelo- sos emrelação ao tema, estão asmulhereseosmaisvelhos. —Essanuncafoiapreocu- pação das pessoas, seja quando começou o Facebo- ok ou o WhatsApp, por exemplo. Mas agora é dife- rente, elas estãomais preo- cupadas—dizMoura. FATORDESINFORMAÇÃO Entre os principais riscos re- presentados pela IA aponta- dos pelos brasileiros está seu usopara golpes (56%), segui- do da falta de privacidade (43%), falsidade ideológica (37%),desinformação(36%) esegurançadigital(36%).Se- gundoMoura,os fatoresmais tangíveis ao público costu- mamgerar temormaior. Frenteaosdesafios ebenefí- ciosdastecnologias,hádivisão entreosbrasileirosemrelação acomopercebemesses recur- sos. São 33%os que se dizem otimistas coma IA, enquanto 32%afirmamestar preocupa- dos.Outros 34%contamnão sabercomosesentir. Fator de alerta para especia- listasemmeioàpopularização de serviços de IA generativa, detectar imagens e vídeos fal- sos é uma dificuldade para a maioria: 59%declararamnão saber como reconhecê-los, contra41%quesedizemcapa- zesdefazeradistinção. ParaMoura,apesquisasina- liza que apopulação está pou- co familiarizada como tema, apesardefazerusodetecnolo- PERCEPÇÃO SOBRE A TECNOLOGIA NO BRASIL, SEGUNDO A PESQUISA Maioria é favorável à criação de normas para novas tecnologias A pesquisa entrevistou 1.073 brasileiros de todas as regiões em 17 de maio. Amargem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos e o nível de confiança é de 95%. Fonte: Instituto Ideia EDITORIA DE ARTE Apontam necessidade de criar regras para uso de IA (em %): Sentimentos do brasileiro sobre IA (em %) 73% sim 15% não sabe 12% não Principais riscos citados (respostas múltiplas, em %) Golpes Falta de privacidade Falsidade ideológica Desinformação Segurança digital 56% 43% 37% 36% 36% otimista 33% preocupado 32% não sabe 34% outros 1% Product: OGlobo PubDate: 25-06-2024 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_I User: douglas.oliveira@infoglobo.com Time: 06-24-2024 22:11 Color: INÊS 249 10 | Terça-feira 25.6.2024 | OGLOBO Brasil NAWEB Prefeitura tevedecomprovarcumprimentodedecisãoparaprocedimentoapós22ªsemana SP: redemunicipal de saúde fez 4 abortos RESPOSTAAOSTF PARA ACESSAR APONTE OCELULAR PARA OQRCODE Oencerramento da greve dosprofessoresnãosig- nifica o fimdas tensões nas universidades federais. Com a decisão dos docen- tes de assinar o acordo com o governo e o retorno ao trabalho a partir de 3 de ju- lho, os conselhos universi- tários agora se movimen- tam para decidir o que fa- rão com o calendário que, em alguns casos, chegou a ficar impactado por mais de60diasdeparalisaçãode parte dos servidores. Outro problema ainda pendente é em relação aos técnicos administrativos. A categoria alegaquenão rece- beu do governo aminuta da proposta para análise—ape- nas uma apresentação com as propostas. Quando o do- cumento chegar, a previsão dos dirigentes sindicais é de queasbasesaceitarãooacor- do. Isso pode acontecer até a próxima quinta-feira e, se confirmado, os servidores voltariamjáem2de julho. A volta dos técnicos tam- bém é fundamental para a construção do calendário acadêmico. Algumas aulas, como as práticas, necessitam desses profissionais. Na Odontologia, por exemplo, elessãoresponsáveisporeste- rilizar equipamentos que se- rão usados. Semesses profis- sionais, as aulas clínicas — obrigatórias para a formatura —estãoparalisadas. —A assinatura do acordo deve ocorrer no dia 26 de ju- nho, eoprimeiropassodaca- tegoria agora é entrar no de- batedecadainstituiçãodeen- sino em torno da reposição das aulas e de uma recompo- sição do calendário acadêmi- co emconjunto coma comu- nidadeacadêmica—afirmou JenniferWebb, tesoureira do Sindicato Nacional dos Do- centesdas InstituiçõesdeEn- sinoSuperior(Andes). DECISÕESPRÓPRIAS Depois de60dias deparalisa- ção dos professores e 90 dos técnicos, amanifestação che- ga ao fimapós o governopro- poraumentossalariaisàsduas categorias para 2025 e 2026, revogaçõesdeportariasdages- tão do ex-presidente Jair Bol- sonaro e, no casos dos técni- cos,medidas que aceleramo tempo com que um servidor chegaaotopodacarreira. Cada universidade vai to- mar sua própria decisão do quefazerpararecomporasau- lasquenãoforamdadas. Issoé feito no conselho universitá- rio, o órgãomáximode toma- da dedecisões dessas institui- çõesqueé formadopor repre- sentantes da reitoria, profes- sores, funcionáriosealunos. AUniversidade Federal de Minas Gerais, por exemplo, decidiususpenderocalendá- rio. Isso significaquemesmo as aulas dadas no período da greve serão repostas e que os prazos de conclusão do se- mestre foram ampliados. Com isso, mesmo sendo a primeira instituição a reto- mar as aulas, a universidade só conseguirá concluir o se- gundo semestre de 2024 em fevereiro de 2025, prejudi- candoestudantesformandos que jáestavamseplanejando para omestrado ou iniciar a vidaprofissional. Outras17 instituições tam- bém já decidiram suspender o calendário acadêmico, se- gundooAndes.Nessegrupo, ainda serão discutidos os no- vos prazos, o que deverá acontecernospróximosdias. AUnirio, por exemplo, es- tánessalista.Noentanto,há na instituição uma forte oposição àmedida formada por um grupo de professo- res que eram contrários à greve e que tenta reverter a suspensãodocalendário. Esse é ummovimento que jáaconteceunaUniversidade Federal da Paraíba.OConse- lho Superior de Ensino, Pes- quisa e Extensão (Consepe) decidiu suspender o calendá- rio acadêmico,mas teve a de- cisãovetadapeloreitor,Valdi- ney Gouveia. A maior parte dos conselheiros votou pela derrubadadoveto,mascomo nãohouvemaioria qualifica- da (de dois terços dos votan- tes),adecisãofoimantida. Umoutrogrupodeuniversi- dades,compostoatéagorapor 18 instituições, já decidiu que não suspenderá o calendário acadêmico. Isso fará comque professoresqueaderiramàpa- ralisação tenhamque repor as aulas atéo finaldosemestre já estabelecidoantesdamanifes- taçãocomeçar. Neste segundo grupo está, por exemplo, aUniversidade Federal do Paraná. Há duas semanas, a reitoria publicou diretrizes aos professores pa- ra a readequação do calendá- rio acadêmico. Entre elas, es- tava a garantia da reposição das aulas e avaliaçõesnãomi- nistradas em função da greve edequeaulaspresenciaisnão sejam substituídas por ativi- dades didáticas remotas. Os docentes da instituição deci- diramna semana passada re- tornar ao trabalho ontem e, hoje, o Conselho de Ensino, Pesquisae Extensão vai se reunirparadebateroque fará comocalendário. A situação também se re- pete nos institutos federais, nos Cefets e no Pedro II, as instituições de educação básicadogoverno federal. PEDROIISEMAULA O Pedro II, por exemplo, é umadas unidades comas sa- lasmaisafetadas.Aescolaes- perava consertar o calendá- rioescolar—afetadoatéhoje pela pandemia—neste ano, começando as aulas emabril e terminando emdezembro. No entanto, a instituição aderiu ao movimento dos técnicos. Por isso, não houve ainda nenhumdia letivo dos 200 necessários, motivo de preocupaçãodospais. No último dia 19, os servi- dores do colégio decidiram que acabarão com a greve apósaassinaturadoTermode Acordo das representações sindicais nacionais comogo- vernofederal.Aassinaturado documento ainda não ocor- reu, porém há a expectativa dequeseja realizadanesta se- mana e só depois disso as au- las voltarão. Emnota, a reito- riaafirmaque“nãomediráes- forços para que os conselhos internos consultivos perti- nentes ao temapossamavali- ar propostas para o novo ca- lendário acadêmico e, tão lo- gopossível,oConselhoSupe- riordoCPII será convocadoa aprovaronovocalendário”. BRUNOALFANO bruno.alfano@extra.inf.br - HERMESDE PAULA Parado.Colégio Pedro II, no Humaitá, no Rio de Janeiro: escola, que ainda não havia regularizado o calendário pós-pandemia, sofreu novo atraso com a greve Após fim da greve, universidades discutem novo calendário, e aulas devem adentrar 2025 PRÓXIMOSPASSOS OPlano Nacional de Edu- cação (PNE) completa hoje uma década de sua pro- mulgação sem atingir ne- nhumade suas20metasple- namente. Ele está valendo até o final do ano, e seu subs- titutoestáemformulaçãono MinistériodaEducação. Levantamento realizado em2023pelaCampanhaNa- cional peloDireito à Educa- ção mostra que apenas três dasmetas forampelomenos parcialmente atingidas. En- tre elas, estão a de formação demestres, a quantidade de professoresdeensinosuperi- or commestrado e a expan- são da rede pública na oferta deeducaçãoprofissional. Poroutro lado, algumasme- tas chegarama atingir objeti- vos intermediários,mas per- deram fôlego nos últimos anos,comoanotanoÍndicede Desenvolvimento da Educa- çãoBásica (Ideb), eoutrosob- jetivosfundamentaisnuncati- veramperto de serematingi- dos, como pelo menos 25% dasmatrículas em turmas de tempo integral, 50%decrian- çascomaté3anosnacrechee universalizaçãodapré-escola. —Opróximoplanoprecisa termetas intermediárias e in- dicadores que guiemo cami- nho a ser percorrido para ga- rantir os direitos das crianças de0a6anos—defendeMari- na Fragata, diretora de Políti- casPúblicasdaFundaçãoMa- riaCeciliaSoutoVidigal. O atual Plano Nacional de Educação foi aprovado em 2014depoisdequatroanosde debates no Congresso. Já a construçãodonovoplanoteve seuprimeiroesboçoaprovado em janeiro de2024durante a ConferênciaNacionaldeEdu- cação (Conae). O evento ge- rou uma enormepolarização porincluiremseudocumento de referência pontos como a defesadeaçõesdediversidade nas escolas e críticas aos ex- presidentes Michel Temer e JairBolsonaro. O documento foi entregue aoMECapenas em5demar- ço,queprometeuliberarotex- to em30dias.Noentanto, ele aindanãofoidivulgado. Por isso, ganhou força no Congressoaideiadeprorroga- çãodoatualPNE.OSenadojá aprovou sua aprorrogação até dezembrode2025.Agora, vai à análise na Câmara. A ideia não era apoiadapeloMinisté- riodaEducação.Noentanto,o governo se comprometeu no começo dessemês a apoiar a pautaentreosdeputados. Plano de educação faz 10 anos sem atingir nenhumameta Lei que está em vigor até o final de 2024 tem20 objetivos que não foramplenamente batidos; substituto está em formulação BRUNOALFANOEVINICIUSMACÊDO brasil@oglobo.com.br - Quandoosprofessores retornamao trabalhodepoisdofimdagreve? Essadatavaria em cadauniversidadede acordocomadecisão dossindicatos.Algu- mas já tiveramoretor- noontem,outrasmar- caramparaamanhã. Noentanto,casooacordosejade fato assinadonesta semana,o retorno já vai ter acontecidoemtodasaté3de julho. Issosignificanecessariamenteum retorno imediatoàsaulas? Namaior parte dos casos, sim.No entan- to, alguns cursos precisam tambémdo retorno dos técnicos para algumas tarefas que, sem elas, não são possíveis a realização de aulas práticas, por exemplo. Acategoria ainda não definiu o fim da paralisação. Asfériasde julhoserãocanceladas porcausadotempodeparalisação? Cadauniversidade definiráoseucalendá- rio.Emalgunscasos,o períodode férias será alterado. Isso já foi definido,porexemplo, pelaUFMG.Noentanto, algumas instituiçõesdecidiramnão mudarosprazosdo fimdosemestre, comoaUFPB,eas fériasestãomantidas. Haverá reposiçãodeaulasque aconteceriamduranteagreve? Professoresqueentra- ramemgrevedeverão reporasaulaseavalia- çõesquenão foram dadas.Aformacomo issoserá feitadepen- derádadecisãode cadauniversidade.Amaiorpartedelas temapontadoqueasaulaspresenciais nãopoderãoserdadas remotamente. Háchancedasaulasde2024 avançarematé2025? Nas instituiçõesque definirempelasuspen- sãodocalendário,sim.A UFMG,porexemplo,só voltaráaajustarsuas datasnofinalde2025:o 2024.1vaiaté31deagosto,o2024.2vaide 23/09a8/02defevereirode2025.Jáa UFSCdefiniunãomexernasdatas. PERGUNTASERESPOSTAS Product: OGlobo PubDate: 25-06-2024 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_J User: douglas.oliveira@infoglobo.com Time: 06-24-2024 22:16 Color: INÊS 249 OGLOBO | Terça-feira 25.6.2024 Brasil | 11 Do dia 14 de junho até on- tem,74municípiosgaúc- hos reportaram àDefesa Ci- vil do Rio Grande do Sul da- nosemvirtudedealagamen- tos, inundações e desliza- mentos de terra. Na última semana, fortes temporais com granizo atingiram o es- tadoedestelharamcasas, co- mércioseórgãospúblicos. Em Cruzeiro do Sul, por exemplo, um transborda- mento resultou em alaga- mentos de casas e ruas: 348 moradores ficaramdesaloja- dos. EmMontenegro, 200 fi- caramdesabrigados e 1,2mil desalojados. Os demaismu- nicípios registraram chuvas intensas,alagamentoseinun- daçõesedestelhamentos. Moradores de Eldorado do Sul, na regiãometropolitana de Porto Alegre, voltaram a sairdecasas, apósruasdetrês bairros inundarem. As chuvas levaram ainda umafrente fria intensaaoRio Grande do Sul, que deve du- rar toda a semana, e têmcon- tribuídoparaaelevaçãodoní- vel doGuaíba.Naúltimaatu- alizaçãodaAgênciaNacional deÁguas eSaneamentoBási- co(ANA),ontemànoite,ola- goestava emestágiodealerta comaltura de 3,33metros— apenas27centímetrosabaixo dacotadeinundação. ACIMADACOTADEALERTA O Instituto de PesquisasHi- dráulicas (IPH) daUniversi- dade Federal do Rio Grande doSul(UFRGS)apontaama- nutenção dos níveis doGuaí- ba acimada cota de alerta, de 3,15metros nos próximos di- as,comepisódiosdeoscilação epossíveiselevações. Os pesquisadores apontam que a redução para abaixo do nível de alerta deve ocorrer apenas ao final da semana, a depender dos ventos, chuvas previstas e volumes afluentes dos rios. Segundo o instituto, as previsões meteorológicas maisatualizadasindicamtem- pochuvosoaolongodospróxi- mosdezdias. — A elevação do nível do Guaíbaéresultadodalentidão recente na descida das águas porcontadosvolumesafluen- tes dos rios depois de chuvas volumosasnasemanapassada —afirmaRodrigo Paiva, pes- quisadordoIPH. O IPH recomenda atenção especialàpopulaçãoafetada, ações para a limpeza das áreas afetadas e restabeleci- mentooquanto antesdas es- truturas de proteção empre- cauçãoaalagamento. Os prejuízos no estado so- mamR$12,4 bilhões, segun- do balanço da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) divulgado na sexta- feirapassada.Osetorhabitaci- onal é apontado comoomais prejudicado, com R$ 4,7 bi- lhões em perdas. Ao todo, 101,4milcasasforamdanifica- daseoutras9,3miltotalmente destruídaspelastempestades. A agricultura, por sua vez, teveprejuízocalculadoemR$ 4,2 bilhões. Este é o setor do segmento privado que teve maior perda, seguido pela agropecuária,comR$412mi- lhões,epelaindústria,comR$ 267,8milhões. Em dez dias, 74 cidades têm danos pela chuva no RS; nível do Guaíba sobe Temporais levaram ao estado uma frente fria intensa, que deve durar toda asemana; prejuízos somamR$ 12,4 bilhões EVANDRO LEAL/AGENCIAENQUADRAR Operação.ComportasdoMurodaMauá,emPortoAlegre,são fechadaspor causadas chuvasqueelevamonível doGuaíba PAMELADIASE LUIS FELIPEAZEVEDO brasil@oglobo.com.br - MONITORAMENTO DO GUAÍBA Cais Mauá C6 / Usina do Gasômetro Fonte de dados: Hidrotelemetria EDITORIA DE ARTE 1 2 3 4 5 6 N ÍV EL (M ) PICO DACHEIA EM 2024 PICO DACHEIA EM 1941 NÍVEL (M) COTADE ALERTA (3,15 M) COTADE INUNDAÇÃO (3,60 M) 10/6 0H30 15/6 12H 12/6 22H3O 24/6 20H15 20/6 17H30 2,86m 2,70m 3,33m3,28m 2,71m Aponte para o QR Code e acesse O GLOBO. Clique no ícone “Presentear matéria” na barra de compartilhamento; Escolha o seu meio de compartilhamento preferido: e-mail, WhatsApp ou copiando o link diretamente. Viu como é fácil? Acesse o site www.oglobo.com.br e surpreenda alguém compartilhando um conteúdo exclusivo. Funcionalidade disponível somente no site. Para saber mais, fale com O GLOBO pelo WhatsApp (21) 4004 5300. Libere até cinco notícias por dia para seus amigos e familiares. Saiba como usar a função “Presentear matéria”, benefício exclusivo para assinantes do GLOBO :-) ProdPubZonEdiPagUsTiC INÊS 249 Ogoverno deMatoGrosso do Sul decretou ontem situação de emergência nos municípios afetados pelos incêndios no Pantanal. A medida vale por 180 dias. O governador Eduardo Riedel (PSDB) justificou amedida pelo fato de as condições de seca no estado terem se in- tensificado e acarretadoum “aumento exponencial dos focos de calor”. Dos 9.862 focos de incêndio registra- dosatéontem,2.363secon- centravamnobioma. Conforme o decreto, três municípios sul-mato-gros- senses estão em condições de seca severa. O documen- to também destaca a “situa- ção crítica de escassez quantitativa dos recursos hídricos”nabaciadoRioPa- raguai. Em situação de emergência, o governo au- toriza “amobilização de to- dos os órgãos estaduais para atuarem, sobacoordenação da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil, nas ações de resposta ao de- sastre, reabilitação do cená- rio e reconstrução”. Também ontem, a sala de situação que acompanha as queimadas no Pantanal se reuniuemBrasília.Omeca- nismo, criado há dez dias, é coordenado pela Casa Civil com 19 ministérios. A mi- nistraMarina Silva afirmou queogovernopreviaquees- te ano seria mais severo no Pantanal. Disse também que há reforço de brigadis- tas atuandono local. —Issoinfelizmenteéonovo normal. É fundamental parar deusarfogoparaqualquercoi- sa.Nãotemincêndioporraio, o que está acontecendo é in- cêndio por ação humana — disseMarinaSilva—Nósesta- mosdiante deumadas piores situaçõesjávistasnoPantanal. O governo estuda ampliar os recursos para combater os incêndios no Pantanal, afirmou a ministra do Pla- nejamento, SimoneTebet —Não faltarão recursos do governo federal, é claro que comresponsabilidade e analisando caso a caso.Mas na próxima reunião, nesta semana, os ministérios apresentarão os custos ne- cessários e o orçamento a mais que vai ser ne- cessário para que pos- samos tomar a pri- meira deliberação na Junta de Execução Orçamentária — de- clarouaministra. No último domingo, a áreaqueimadanoPantanal chegou a 627 mil hectares (480mil hectares noMS e 148 mil emMT), segundo dados da Universidade Fe- deral do Rio de Janeiro (UFRJ). Além da sala de si- tuação, o governo federal também oficializou um pacto entre aUnião e os es- tadosdoPantanalparacoo- peração entre os estados e estratégias de combate in- tegrada. Osmoradores de Corum- bá têm convivido com a fu- maça provocada pelas quei- madas desde o fim do mês passado.A cidade está há 72 dias sem chuvas, segundo o governo estadual. Confor- memostrou o GLOBO, o número de focos de in- cêndio nesse período queantecedeoaugeda temporada de fogo no Pan- tanal aumentou quase 1000%neste ano. De acordo como Instituto NacionaldePesquisasEspa- ciais (Inpe), os focos de ca- lor detectados no bioma até o dia 10 de junho se multi- plicaram por mais de dez, saltando de 133, durante o mesmo recorte do ano pas- sado, para 1.388em2024. O governo doMato Gros- so do Sul solicitou apoio do governo federal para com- bater os incêndios flores- tais. O Exército irá disponi- bilizar quatro aeronaves de grandeporte,ehátambéma sinalização de que 50 agen- tes da Força Nacional serão enviados ao estadopara rea- lizar açõespor terra. MS decreta emergência por incêndios no Pantanal Umemcada quatro focos de queimadas no país se concentra no bioma; governo federal avalia aumento do orçamento BRUNOREZENDE/GOVERNODOMS Seca severa.Combate terrestre a incêndios no Pantanal, noMato Grosso do Sul: governo estadual decretou situação de emergência devido às queimadas PABLOPORCIUNCULA/AFP Atuação. Aministra doMeio Ambiente, Marina Silva 12 | Brasil Terça-feira 25.6.2024 | OGLOBO QUAL COMPRAR 2024 CHEGA PARA AJUDAR VOCÊ A FAZER O MELHOR NEGÓCIO. Compare e decida! Confira e faça uma ótima compra.. Avaliamos mais de 150 opções de carros, divididooos em 16 categorias com preços de até 500 mil. NAS BANCAS NO SITE NO APP Não tem incêndio por raio, o que está acontecendo é incêndio por ação humana_ Marina Silva,ministra do Meio Ambiente, ontem KAROLINI BANDEIRA karolini.bandeira@oglobo.com.br BRASÍLIA - ProdPubZonEdiPagUsTiC INÊS 249 OGLOBO | Terça-feira 25.6.2024 | 13 Economia NAWEB Saiocasacãoeentraocorta vento. O calor atípico no inverno — mesmo com a chegadadechuva, aperspec- tivaéqueofrio, sechegar,ve- nhasóemagosto—faráova- rejo de vestuário e calçados amargar uma retração de 4,1%nasvendaseste ano.Es- saéaprojeçãodaConfedera- ção Nacional do Comércio (CNC), que reúne as empre- sas do setor, em estudo ante- cipadoparaoGLOBO. O setor deve faturar R$ 14,06 bilhões nos meses de maioejunho,nomenorpata- mardesde2021.SegundoFá- bio Bentes, economista sê- nior da CNC, as temperatu- rasmais altas têm atrapalha- doasvendasdacoleçãodein- verno, que chegouàs vitrines emabril.Mesmocomumce- nário econômicomais favo- rável, comempregoemaltae inflação sob controle, o calor prejudicaasvendas.Eéjusta- mentenoinvernoqueosetor costuma ter umamargemde lucromaior, já que as vendas sãodepeçasmaisvolumosas, como casacos, jaquetas e bo- tas, que por isso têm custo médiomaisalto. — Esse inverno atípico, com essa tendência de tem- peraturasmaisaltas,estáneu- tralizando a desaceleração dospreçoseaquedadosjuros. O consumidor está pouco confiante no inverno deste anoporcontadas temperatu- rasacimadamédia. ÀESPERADAFRENTEFRIA Nasvitrinesdeshoppingselo- jas de rua, botas dão lugar a sandálias,camisetasdemanga curtaecroppedsaindasãodes- taque, eoscartazesdepromo- çõesantecipadasdeinvernose multiplicam.Mesmo comas ofertas, o autônomo Sidney Roberto, de 40 anos, nãopre- tende comprar peças novas paraoguarda-roupaesteano: —Euvouusarmais os casa- cosque já tenhoemcasa.Não compensa ficar comprando porque emumdia a tempera- turapodeatéestarmaisbaixa, masnooutrojávoltaocalorão. NaSaara, tradicional regi- ão de comércio popular no Centro do Rio, a vendedora Bruna Cavalcante, de 28 anos, conta que os clientes têm optado por agasalhos mais finosparaodia adia. —A gente teve que dimi- nuir os preços dos casacos maiores emais grossos por- que realmente não estavam saindo. Osmodelos que es- tavam antes por R$200 ou R$ 250 tiveram que passar paraR$180eatéR$150. A lojistaLuizaCampos,de 62 anos, é dona há dez anos de uma loja de roupas na RuadaAlfândegaedizqueo movimento está mais fraco neste ano. Ela está à espera da chegadade frentes frias: —O jeito é ir mudando o mostruário e abaixando os preços para atrair o cliente, porquesenãonãovendenada decasaco,cachecol,meia. Mas,apesardaexpectativa, relatório do InstitutoNacio- nal deMeteorologia (Inmet) aponta que o inverno será marcado por temperaturas mais altas. Foi só em maio, porém, que este cenário co- meçou a se desenhar demo- domaisclaro,contaWander- sonLuizSilva,meteorologis- taeprofessordaUFRJ. —Sem atuação de frentes frias, teremossoletempera- turas mais elevadas que a média, especialmente na porçãocentral dopaís.Aex- pectativaéde frioumpouco