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Escala de Vitimização e Agressão

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Escala de vitimização e agressão entre pares (EVAP)
Chapter · January 2009
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3 authors, including:
Josafa da Cunha
Universidade Federal do Paraná
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Lidia Natalia Dobrianskyj Weber
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Cunha, J. M. ; Weber, L.N.D. ; Steiner, P. (2009) Escala de vitimização e agressão entre pares (EVAP). In: Lidia 
Weber; Maria Auxiliadora Dessen. (Org.). Pesquisando a Família - Instrumentos para Coleta e Análise de Dados. 
Curitiba: Juruá Editora, 2009, p. 108-120. 
 
3 
ESCALA DE VITIMIZAÇÃO E AGRESSÃO ENTRE PARES (EVAP) 
Josafá Moreira da Cunha1; Lidia Natalia Dobrianskyj Weber2; 
 Pedro Steiner Neto3 
3.1. INTRODUÇÃO 
A interação com pares desempenha um importante papel no desenvolvimento 
humano e, em anos recentes, um aspecto deste tópico tem recebido grande atenção de 
pesquisadores em diversos lugares do mundo: a agressão e vitimização entre pares, 
frequentemente denominada como bullying na literatura. A literatura oferece diversos 
exemplos a respeito dos prejuízos para o bem-estar (social, físico e psicológico) relacionados 
à agressão entre pares (DEVOE & KAFFENBERGER, 2005; FARRINGTON, 1993; 
GARBARINO & DELARA, 2002; DEVOE & KAFFENBERGER, 2005; KALTIALA-
HEINOM, RIMPELÄ, RANTANEN & RIMPELÄ, 2000; KUMPULAINEN & COLS., 
1998; OLWEUS, 1993; RIGBY & JOHNSON, 2006 SALMON, JAMES & SMITH, 1998), 
sendo que esta repercussão não está restrita apenas a agressores e vítimas, atingindo também 
aqueles que simplesmente assistem a tais comportamentos (para uma revisão relevante veja 
ESPELAGE & SWEARER, 2003). 
A despeito das décadas de pesquisa sobre o tema em muitos países, e do impacto 
significativo da violência no sistema educacional brasileiro, este ainda é um tópico pouco 
estudado no Brasil, como aponta Sposito (2001) em uma revisão da literatura nacional sobre 
a violência escolar. Sposito verificou que os estudos nacionais sobre violência escolar 
concentraram-se principalmente em casos locais relacionados a crimes perpetrados no 
espaço escolar ou nas proximidades deste, deixando assim de abordar formas mais sutis de 
violência, tais como algumas formas de violência interpessoal, como agressões físicas leves 
ou moderadas entre colegas de escola. Apesar de publicações nacionais recentes sobre a 
agressão entre pares (CUNHA & WEBER, 2007; CUNHA, 2009; LISBOA, 2005; NETO & 
SAAVEDRA, 2003; PINHEIRO, 2006; WEBER & CUNHA, 2006), ainda há uma lacuna a 
ser explorada na literatura nacional visando, em especial, identificar as características deste 
fenômeno em escolas brasileiras e para tanto a elaboração e divulgação de instrumental 
adequado faz-se necessária. As Escalas de Vitimização e Agressão entre Pares (EVAP) foram 
elaboradas para suprir esta necessidade por instrumentos tanto para a realização de pesquisas 
quanto para a avaliação de intervenções, visando reduzir a violência interpessoal no contexto 
escolar. 
 
 
 
 
1
 
 
Graduado em Psicologia; Mestre e Doutorando em Educação pela Universidade Federal do Paraná. 
2
 
 
Professora do curso de Psicologia e pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná; Mestra e 
Doutora em Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo e Pós-doutora em Processos de 
Desenvolvimento Humano e Saúde pela Universidade de Brasília-UnB. 
3
 
 
Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Paraná (1979); Mestre em Engineering Management 
pelo Florida Institute of Technology (1983) e Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo (1998). 
Atualmente é professor associado da Universidade Federal do Paraná e Coordenador do Mestrado e Doutorado em 
Educação da Universidade Federal do Paraná. 
Cunha, J. M. ; Weber, L.N.D. ; Steiner, P. (2009) Escala de vitimização e agressão entre pares (EVAP). In: Lidia 
Weber; Maria Auxiliadora Dessen. (Org.). Pesquisando a Família - Instrumentos para Coleta e Análise de Dados. 
Curitiba: Juruá Editora, 2009, p. 108-120. 
 
3.2. DESCRIÇÃO DO INSTRUMENTO 
A EVAP é um instrumento de autorrelato desenvolvido para investigar a agressão 
entre pares no contexto escolar, da segunda etapa do Ensino Fundamental até o Ensino 
Médio. Os itens da EVAP foram baseados na Escala de Agressão de Orpinas & Frankowsky 
(2001), que é um instrumento de autorelato para mensuração de comportamentos 
interpessoais agressivos. 
Dan Olweus (1993) propôs a utilização da seguinte definição de agressão entre 
pares, denominada por ele como bullying, na mensuração de tal comportamento: (a) um 
comportamento agressivo e negativo – incluindo tanto comportamentos físicos quanto 
verbais, (b) que ocorre repetidamente ao longo do tempo (c) em um relacionamento 
caracterizado por um desequilíbrio de força e poderde maneira física ou psicológica. 
Entretanto, a avaliação da agressão entre pares por meio de questões que verificam a 
ausência ou presença da agressão em termos gerais com ênfase para a definição de bullying, 
como é o caso do método usado na Escala Olweus de Bullying (SOLBERG & OLWEUS, 
2003) tem sido discutida por alguns autores (ESPELAGE & POTEAT, 2008; 
SALMIVALLI, 2008) que sugerem alternativas como, por exemplo, o uso de listas de 
comportamentos agressivos ao invés de definições fechadas, pois isso ofereceria dados mais 
confiáveis sobre a agressão entre pares. 
As principais características da EVAP são as seguintes: (a) o uso de enunciados 
descrevendo comportamentos agressivos específicos que podem ocorrer no contexto 
escolar, delimitando os últimos seis meses como período de avaliação; (b) a escala contém 
dezoito questões distribuídas em quatro dimensões (agressão direta, agressão relacional, 
agressão física indireta e vitimização); (c) os itens da escala são avaliado em escala Likert de 
cinco pontos medindo a frequência dos comportamentos estudados (1=nunca; 2=quase 
nunca; 3=às vezes; 4=sempre; 5=quase sempre). É importante destacar que o décimo nono 
item incluído na versão inicial foi desconsiderado na análise sobre a frequência de agressão 
entre pares, pois o mesmo se refere à reação do participante em relação à vitimização. 
Embora o instrumento a partir do qual a EVAP foi desenvolvida contivesse duas 
dimensões que avaliavam a agressão em geral e a raiva (ORPINAS & FRANKOWSKY, 
2001), optou-se pela exclusão dos itens referentes à raiva, e inclusão de itens investigando a 
vitimização, permitindo assim a avaliação do envolvimento dos participantes tanto como 
agressores quanto como vítimas. Com base nas quatro dimensões da EVAP, descritas a 
seguir, é possível avaliar diferentes formas de envolvimento de estudantes na agressão entre 
pares, obtidas a partir da análise descrita na próxima parte deste capítulo. 
3.3. CARACTERÍSTICAS PSICOMÉTRICAS E PARÂMETROS PRINCIPAIS 
Após elaborar as questões e seleção do sistema de pontuação (Nenhuma vez, 2 
vezes, 3 vezes etc.), realizou-se um pré-teste utilizando a primeira versão, contendo 18 itens, 
com 104 estudantes de ambos os sexos em turmas de 5ª e 6ª Série do Ensino Fundamental 
(WEBER & CUNHA, 2006). A seguir, foram feitos ajustes como a adoção de um sistema de 
pontuação Likert de cinco pontos (nunca, quase nunca, às vezes, quase sempre, sempre), em 
detrimento do sistema anterior e ampliação do período de avaliação de 30 dias para 6 meses. 
A versão seguinte da EVAP, com 18 itens, foi aplicada coletivamente em 849 
adolescentes (idade média = 14,3; desvio padrão = 1,92) de turmas entre a 5ª Série do 
Cunha, J. M. ; Weber, L.N.D. ; Steiner, P. (2009) Escala de vitimização e agressão entre pares (EVAP). In: Lidia 
Weber; Maria Auxiliadora Dessen. (Org.). Pesquisando a Família - Instrumentos para Coleta e Análise de Dados. 
Curitiba: Juruá Editora, 2009, p. 108-120. 
 
Ensino Fundamental e o 3º Ano do Ensino Médio. Estes estudantes foram selecionados em 
uma amostra por conveniência em 13 escolas públicas e particulares de cinco cidades 
brasileiras: Curitiba/PR (133 alunos de duas escolas públicas e 67 alunos de uma escola 
particular); Goiânia/GO (186 alunos de cinco escolas públicas e 102 alunos de duas escolas 
particulares); Governador Valadares/MG (116 alunos de uma escola pública e 91 alunos de 
uma escola particular) e Teresina/PI (154 alunos de uma escola pública). A amostra incluiu 
408 participantes do sexo masculino (48,1%) e 441 do sexo feminino (51,9%). 
Para verificar se os diferentes comportamentos de agressão e vitimização estariam 
distribuídos em dimensões, foi realizada uma análise dos eixos principais, com rotação 
Varimax, dos 18 itens da EVAP. Foram obtidos quatro fatores com eigenvalues superiores a 
um, correspondendo a 54,62% da variância total dos escores dos participantes, com rotação 
convergente após sete interações (Tabela 1). 
A seguir, para avaliar a consistência de cada subescala, foi realizado o estudo de 
confiabilidade. A consistência interna de cada subescala foi avaliada através do cálculo do alfa de 
Cronbach, com resultados superiores a 0,74 nas quatro subescalas, valor considerado adequado 
para instrumentos de pesquisa (HAIR, ANDERSON, TATHAM & BLACK, 1998), em 
especial quando se considera o pequeno número de itens em cada dimensão (Tabela 1). O fator 
“agressão física indireta” não teve a consistência interna calculada, por ser composto por um 
único item. 
Tabela 1: Resultados da análise fatorial exploratória dos itens da escala de agressão e 
vitimização e índices de consistência interna em cada dimensão 
Dimensões 
 Variância α de 
1 2 3 4 explicada Cronbach 
1. Agressão direta 15,37 % 0,787 
 Provocar colegas 0,684 
 Revidar agressão 0,735 
 Dar empurrões, chutes ou 
socos 
0,710 
 
 Fazer ameaças 0,615 
 Xingar 0,528 
2. Agressão 
relacional 13,19 % 0,719 
 Excluir de grupo ou 
brincadeiras 
 0,501 
 Colocar apelidos 
depreciativos 
 0,720 
 Encorajar outros a brigarem 0,609 
 Fazer comentários 
depreciativos 
 0,723 
3. Agressão física indireta 7,29 % - 
 Roubar/ mexer em coisas 
do colega 
 0,769 
4. Vitimização 18,77 % 0,814 
 Ser alvo de provocações 0,657 
 Receber empurrões, 
chutes/socos 
 0,633 
 
 Receber ameaças 0,606 
 Ter propriedade roubada ou 
danificada 
 0,508 
 
 Receber xingamentos 0,687 
 Ser excluído do grupo 0,680 
 Receber apelidos 
depreciativos 
 0,677 
 
 Ser alvo de comentários 
depreciativos 
 0,649 
 
 
Cunha, J. M. ; Weber, L.N.D. ; Steiner, P. (2009) Escala de vitimização e agressão entre pares (EVAP). In: Lidia 
Weber; Maria Auxiliadora Dessen. (Org.). Pesquisando a Família - Instrumentos para Coleta e Análise de Dados. 
Curitiba: Juruá Editora, 2009, p. 108-120. 
 
A partir dos resultados nestas dimensões, cada fator resultante recebeu uma 
nomenclatura, conforme descrito a seguir: 
a) Agressão direta. Esta dimensão inclui formas de agressão diretas físicas (empurrar, 
chutar ou dar socos), verbais (provocar, ameaçar, xingar) e uma forma que descreve 
a reação do participante em resposta a ataques iniciados por outros (revidar). Em 
relação ao trabalho de Gutierrez & Cols (2008), este fator inclui as dimensões 
agressão verbal, agressão física direta e ameaças. Em relação ao trabalho de Smith & 
Cols (2002), esta dimensão inclui os comportamentos da categoria bullying verbal e 
físico. 
b) Agressão relacional. Esta forma de agressão inclui comportamentos que prejudicam 
o relacionamento da vítima com outros pares (excluir, apelidar, encorajar a brigar, 
depreciar), conforme a definição proposta por Espelage & Swearer (2004). 
c) Agressão física indireta. Esta dimensão da agressão inclui comportamentos 
negativos e agressivos direcionados a objetos pertencentes a outro colega. Neste 
caso, optou-se pelo uso do termo “agressão indireta” pois, embora a vítima sofra as 
consequências negativas do comportamento, seus bens e não ela própria são alvo 
deste tipo de ataque. Esta é também a nomenclatura usada por Gutierrez & Cols 
(2008) para descrever itens similares a este. Porém, é também possível que esta 
dimensão indique um fator extremo, indicador do comportamento antissocial, 
diferenciando-se como uma agressão “extrema”. 
d) Vitimização. Esta dimensão inclui todos os comportamentos agressivos dos quais 
o participante tenha sido alvo. É interessante notar que, neste caso, os 
comportamentos não se subdividiram em categorias de frequência, indicando que 
estudantes que relatam serem alvos de uma forma de vitimização são, 
provavelmente, alvos de formas múltiplas de agressão, sendo que este achado está 
em conformidade com os achados de Gutierrez (2008) sobre vitimização. 
Embora os resultados dos estudos sobre a EVAP apoiem sua confiabilidade e 
consistência, reconhece-se que são necessários estudoscomplementares visando testar 
possíveis limitações da EVAP, especialmente quanto a sua validade de critério em relação a 
outros instrumentos e estabilidade temporal. 
3.4. PESQUISAS QUE UTILIZARAM O INSTRUMENTO 
CUNHA, J. M. Violência Interpessoal em Escolas no Brasil: Características e correlatos. Dissertação de Mestrado, 
Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2009. 
________; WEBER, L. N. D. Bullying escolar e práticas parentais. Em: STARLING, R. R. (Org.). Sobre 
Comportamento e Cognição: Temas Aplicados. Santo André: ESEtec., 2007. v. 19, p. 335-346. 
________; ________. Peer-to-Peer Aggression and Victimization Among Brazilian Adolescents: The Influence of 
Student-Teacher Relations. Em 2008 Biennial Meeting of the Society for Research of Adolescence. Chicago, EUA, 
2008. 
________; ________. An analysis of family relations and peer-to-peer aggression among Brazilian adolescents. Em 
Worshop for Advancing Inter-American Collaboration in Human Development Research, Methodology, and 
Training. Gramado: International Society for the Study of Behavioral Development, 2007. 
WEBER, L. N. D.; CUNHA, J. M. Bullying Escolar e Estilos Parentais. Em GUILHARDI, H.; AGUIRRE FAMILIAR; 
N. (Orgs.). Sobre Comportamento e Cognição: Expondo a Variabilidade. Santo André: ESETec., 2006. v. 18, p. 25-
40. 
 
Cunha, J. M. ; Weber, L.N.D. ; Steiner, P. (2009) Escala de vitimização e agressão entre pares (EVAP). In: Lidia 
Weber; Maria Auxiliadora Dessen. (Org.). Pesquisando a Família - Instrumentos para Coleta e Análise de Dados. 
Curitiba: Juruá Editora, 2009, p. 108-120. 
 
3.5. APLICAÇÃO E FORMA DE CORREÇÃO 
3.5.1. Gabarito das dimensões: 
Agressão direta: itens 1, 2, 3, 4 e 6. 
Agressão relacional: itens 7, 8, 9 e 10. 
Agressão física indireta: item 5. 
Vitimização: itens 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17 e 18. 
3.5.2. Possibilidades de análise: 
a) Ao efetuar a soma dos escores de cada participante nas quatro dimensões 
avaliadas na EVAP, de acordo com os valores sugeridos a seguir (nunca = 1; quase 
nunca = 2; às vezes = 3; quase sempre 4; sempre = 5), são obtidos dados 
importantes para a avaliação das características específicas de cada participante em 
relação ao grupo. 
b) também possível categorizar os participantes em subgrupos de acordo com seus 
escores em cada uma das 3 dimensões anteriores, por meio de pontos de corte dos 
escores em cada dimensão (percentis 40 e 60, por exemplo), calculados com a ajuda 
de um programa estatístico. Caso os percentis 40 e 60 sejam adotados, a 
categorização de cada dimensão seria feita do seguinte modo (WEBER; 
SALVADOR & BRANDENBURG, 2006), sendo que os valores de corte para cada 
dimensão são apresentados na Tabela 2: 
− “baixo”� dimensão n <= que o valor do percentil 40 da dimensão n; 
− “médio”� dimensão n > percentil 40 & dimensão n < percentil 60; 
− “alto” � dimensão n >= que o valor do percentil 60 da dimensão n. 
Tabela 2: Estatística descritiva das variáveis estudadas 
 Média ±d.p. Percentil 40 Percentil 60 
Agressão direta 9,29 4,05 7 9 
Agressão 
relacional 
7,97 3,49 6 8 
Vitimização 15,18 5,89 12 16 
 
No caso da agressão física indireta (Média=1,22; dp=±0,67), em que um percentual 
bastante baixo de participantes relatou ter agido desta forma no mínimo “quase 
nunca” (6,9%), “às vezes” (3,4%), quase sempre (1,1%) ou sempre (1,2%), sugere-se 
a divisão em apenas duas categorias baseadas na ausência ou presença do auto-relato 
deste comportamento no período avaliado. 
c) Categorizações deste tipo podem ser utilizadas para a elaboração de tipologias 
como, por exemplo, participantes que apresentam média alta de agressão (direta e 
relacional) e baixa vitimização. Entretanto, é importante lembrar que, embora as 
categorias elaboradas desta maneira sejam úteis para análises gerais, ocorre uma perda 
de informação em relação ao escore bruto. Para enfrentar esta dificuldade, 
procedimentos de análise de agrupamentos são bastante úteis. Um exemplo desta 
Cunha, J. M. ; Weber, L.N.D. ; Steiner, P. (2009) Escala de vitimização e agressão entre pares (EVAP). In: Lidia 
Weber; Maria Auxiliadora Dessen. (Org.). Pesquisando a Família - Instrumentos para Coleta e Análise de Dados. 
Curitiba: Juruá Editora, 2009, p. 108-120. 
 
abordagem é o trabalho de Cunha (2008) em que, a partir de uma análise de 
agrupamento através do método hierárquico de Ward e distância euclidiana ao 
quadrado, foram obtidas cinco subcategorias de envolvimento em agressão e 
vitimização (não-envolvidos, vítimas, agressores tipo 1, agressores tipo 2, vítimas-
agressoras). 
3.6. REFERÊNCIAS 
CUNHA, J. M. Violência interpessoal em escolas no Brasil: características e correlatos. Dissertação de Mestrado, 
Universidade Federal do Paraná. Curitiba-PR, 2009. 
________; WEBER, L. N. D. Bullying escolar e práticas parentais. Em: STARLING, R. R. (Org.). Sobre 
Comportamento e Cognição: Temas Aplicados. Santo André: ESEtec., 2007. v. 19, p. 335-346. 
________; ________. Peer-to-Peer aggression and victimization among Brazilian adolescents: The influence of student-
teacher relations. Em 2008 Biennial Meeting of the Society for Research of Adolescence. Chicago, EUA, 2008. 
DEVOE, J. F.; KAFFENBERGER, S. Student reports of bullying: results from the 2001 school crime supplement to 
the national crime victimization survey (NCES 2005 – 310). U.S. Department of Education, National Center for 
Education Statistics. Washington, DC: U.S. Government Printing Ofice, 2005. 
ESPELAGE, D. L.; POTEAT, P. Complexity in aggressive behavior: assessing forms and intentions of aggression. Em 
2008 Biennial Meeting of the Society for Research of Adolescence. Chicago, 2008. 
________; SWEARER, S. M. Research on school bullying and victimization: what have we learned and where do we go 
from here? School Psychology Review, 32 (3), 365-383, 2003. 
________; ________. Bullying in American schools: A social-ecological perspective on prevention and intervention. 
New Jersey: Lawrence Earlbaum Associates, Inc., Publishers, 2004. 
FARRINGTON, D. P. Understanding and Preventing Bullying. Crime and Justice, 17, 381-458, 1993. 
GARBARINO, J.; DELARA, E. And words can hurt forever: How to protect adolescents from bullying, harassment, 
and emotional violence. New York: The Free Press, 2002. 
GUTIERREZ, H.; BARRIOS, A.; DIOS, M. J.; MONTERO, I.; DEL BARRIO, C. The incidence of peer bullying as 
multiple maltreatment among Spanish secondary school students. International Journal of Psychology and 
Psychological Therapy, 8 (2), 247-257, 2008. 
HAIR, J. F.; ANDERSON, R. E.; TATHAM, R. L.; BLACK, W. C. Multivariate data analysis. 5. ed. Upper Saddle 
River: Prentice Hall, 1998. 
KALTIALA-HEINOM, R.; RIMPELÄ, M.; RANTANEN, P.; RIMPELÄ, A. Bullying at school: an indicator of 
adolescents at risk for mental disorders. Journal of Adolescence, 23, 661-674, 2000. 
KUMPULAINEN, K.; RÄSÄNEN, E.; HENTTONEN, I.; ALMQVIST, F.; KRESANOV, K.; LINNA, S.; 
MOILANEN, I.; PIHA, J.; PUURA, K.; TAMMINEN, T. Bullying and psychiatric symptoms among elementary 
school-age children. Child Abuse & Neglect, 22 (7), 705-717, 1998. 
LISBOA, C. S. M. Comportamento agressivo, vitimização e relações de amizade de crianças em idade escolar: 
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3.7. APRESENTAÇÃO DO INSTRUMENTO PARA APLICAÇÃO 
Escalas de vitimização e agressão entre pares (EVAP) 
Cunha, Weber & Steiner Neto (2009) 
Por favor, responda as perguntas a seguir pensando no que aconteceu durante os últimos 6 
meses na sua escola ou no caminho de ida ou volta para as aulas. 
 
Nos últimos 
6 meses... 
Nunca 
Quase 
Nunca 
Às vezes 
Quase 
Sempre 
Sempre 
1. Eu provoquei colegas 
2. Eu briguei quando algum colega 
me bateu primeiro ou fez algo que não 
gostei 
 
3. Eu dei um empurrão, soquei ou 
chutei colegas 
 
4. Eu ameacei ferir, bater ou fiz outro 
tipo de ameaça contra colegas 
 
5. Eu roubei ou mexi nas coisas de 
colegas 
 
6. Eu xinguei colegas 
7. Eu excluí colegas de grupos ou 
brincadeiras 
 
8. Eu coloquei apelido em colegas 
que eles não gostaram 
 
9. Eu incentivei colegas a brigarem 
10. Eu disse coisas sobre colegas para 
fazer os outros rirem 
 
11. Os colegas me provocaram 
12. Eu fui empurrado, socado e/ou 
chutado por colegas 
 
13. Colegas ameaçaram me ferir, bater 
ou fiz outros tipos de ameaça 
 
14. Colegas roubaram, mexeram ou 
estragararm minhas coisas 
 
15. Eu fui xingado por colegas 
16. Colegas me excluíram de grupos e 
/ou brincadeiras 
 
17. Colegas colocaram apelidos em 
mim que não gostei 
 
18. Colegas disseram coisas sobre 
mim para fazer os outros rirem 
 
 
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