Prévia do material em texto
P O R T U G U ÊS A Português Curso Extensivo – A REVISAO 1_A_GERAL_PORT_2018_Yonne 03/09/2018 14:21 Página I II – P O R T U G U ÊS A REVISAO 1_A_GERAL_PORT_2018_Yonne 03/09/2018 14:21 Página II Leia o trecho do livro Bem-vindo ao deserto do real!, de Slavoj Žižek, para responder às questões 1 e 2. 1. (UNESP-2018) – A “introdução da referência ao código, como um de seus elementos, na própria mensagem codificada” constitui um exemplo de a) eufemismo. b) metalinguagem. c) intertextualidade. d) hipérbole. e) pleonasmo. RESOLUÇÃO O excerto refere-se constantemente ao próprio código, ao mencionar o uso de tintas de cores diferentes para a interlocução dos amigos por meio de cartas. Resposta: B 2. (Unesp-2018) – “Um mês depois, os amigos recebem uma carta escrita em tinta azul [...].” Assinale a alternativa que expressa, na voz passiva, o conteúdo dessa oração. a) Um mês depois, uma carta escrita em tinta azul seria recebida pelos amigos. b) Os amigos deveriam ter recebido, um mês depois, uma carta escrita em tinta azul. c) Um mês depois, uma carta escrita em tinta azul foi recebida pelos amigos. d) Um mês depois, uma carta escrita em tinta azul é recebida pelos amigos. e) Os amigos receberiam, um mês depois, uma carta escrita em tinta azul. RESOLUÇÃO No voz passiva analítica, o objeto direto da ativa “uma carta escrita em tinta azul” passa a sujeito paciente; o sujeito da ativa passa a agente da passiva; o verbo receber fica no particípio, antecedido pelo verbo auxiliar ser no presente: Um mês depois, uma carta escrita em tinta azul é recebida pelos amigos. Resposta: D Leia o trecho do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis (1839-1908), para responder à questão de 3. 3. (Unesp-2018) – “Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse.” (4.° parágrafo) Na oração em que está inserido, o termo destacado é um verbo que pede a) apenas objeto direto, representado pelo vocábulo “lho”. b) objeto direto e objeto indireto, ambos representados pelo vocábulo “lho”. c) objeto direto, representado pelo vocábulo “dinheiro”, e objeto indireto, representado pelo vocábulo “lho”. d) apenas objeto indireto, representado pelo vocábulo “quem”. e) objeto direto, representado pelo vocábulo “dinheiro”, e objeto indireto, representado pelo vocábulo “quem”. RESOLUÇÃO O verbo “levar” é transitivo direto e indireto. A contração “lho” é formada pelos pronomes oblíquos “o”, que se refere a “escravo” e exerce função sintática de objeto direto, e “lhe”, que se refere “a quem”, funcionando com objeto indireto. Resposta: B Numa antiga anedota que circulava na hoje falecida República Democrática Alemã, um operário alemão consegue um emprego na Sibéria; sabendo que toda correspondência será lida pelos censores, ele combina com os amigos: “Vamos combinar um código: se uma carta estiver escrita em tinta azul, o que ela diz é verdade; se estiver escrita em tinta vermelha, tudo é mentira.” Um mês depois, os amigos recebem uma carta escrita em tinta azul: “Tudo aqui é maravilhoso: as lojas vivem cheias, a comida é abundante, os apartamentos são grandes e bem aquecidos, os cinemas exibem filmes do Ocidente, há muitas garotas, sempre prontas para um programa – o único senão é que não se consegue encontrar tinta vermelha.” Neste caso, a estrutura é mais refinada do que indicam as aparências: apesar de não ter como usar o código combinado para indicar que tudo o que está dito é mentira, mesmo assim ele consegue passar a mensagem. Como? Pela introdução da referência ao código, como um de seus elementos, na própria mensagem codificada. (Bem-vindo ao deserto do real!, 2003.) Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora, quitandando. Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha anúncios nas folhas públicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por onde andava e a quantia de gratificação. Quando não vinha a quantia, vinha promessa: “gratificar-se-á generosamente” – ou “receberá uma boa gratificação”. Muita vez o anúncio trazia em cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse. (Contos: uma antologia, 1998.) – 1 P O R T U G U ÊS A Revisão PORTUGUÊS MÓDULO 11 Sintaxe (I) REVISAO 1_A_GERAL_PORT_2018_Yonne 03/09/2018 14:21 Página 1 2 – P O R T U G U ÊS A Para responder às questões de 4 a 10, leia a crônica “Anúncio de João Alves”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), publicada originalmente em 1954. 4. (Unesp) – Na crônica, João Alves é descrito como a) rústico e mesquinho. b) calculista e interesseiro. c) generoso e precipitado. d) sensato e meticuloso. e) ingênuo e conformado. RESOLUÇÃO: O personagem João Alves é caracterizado pelo narra dor da crônica como um homem “sensato”, pois ape nas redigiu o anúncio no jornal sobre o desa - pa recimento de sua “besta” após fazer indaga ções e concluir que o animal poderia ter sido roubado. Segundo o narrador, a redação do anúncio de João Alves também revela que este era um homem “meticuloso”, visto que ele descreveu detalhadamente a “besta” desaparecida, inclusive “o pequeno quisto na orelha”. Resposta: D 5. (Unesp) – O humor presente na crônica decorre, entre outros fatores, do fato de o cronista a) debruçar-se sobre um antigo anúncio de besta desaparecida. b) esforçar-se por ocultar a condição rural do autor do anúncio. c) duvidar de que o autor do anúncio seja mesmo João Alves. d) empregar o termo “besta” em sentido também metafórico. e) acreditar na possibilidade de se recuperar a besta de João Alves. RESOLUÇÃO: O que promove o humor é o fato de o narrador dedicar-se à análise do discurso de um anúncio antigo sobre o desaparecimento de uma “besta”. Resposta: A 6. (Unesp) – “Cinquenta e cinco anos depois, prezado João Alves Junior, tua besta vermelho-escura, mesmo que tenha aparecido, já e pó no pó.” (2.º parágrafo) Em relação ao período do qual faz parte, a oração destacada exprime ideia de a) comparação. b) concessão. c) consequência. d) conclusão. e) causa. RESOLUÇÃO: A oração “mesmo que tenha aparecido” é adverbial concessiva. A locução “mesmo que” poderia ser substituída, sem alteração do sentido, por embora, ainda que, posto que. Resposta: B 7. (Unesp) – O cronista manifesta um juízo de valor sobre a sua própria época em: a) “Não escreveste apressada e toscamente, como seria de esperar de tua condição rural. Pressa, não a tiveste, pois o animal desapareceu a 6 de outubro, e só a 19 de novembro recorreste à Cidade de Itabira.” (3.º parágrafo) b) “Cinquenta e cinco anos depois, prezado João Alves Júnior, tua besta vermelho-escura, mesmo que tenha aparecido, já é pó no pó.” (2.º parágrafo) c) “Figura o anúncio em um jornal que o amigo me mandou, e está assim redigido:” (1.º parágrafo) Figura o anúncio em um jornal que o amigo me mandou, e está assim redigido: À procura de uma besta. – A partir de 6 de outubro do ano cadente, sumiu-me uma besta vermelho-escura com os se - guintes característicos: calçada e ferrada de todos os membros locomotores,um pequeno quisto na base da orelha direita e crina dividida em duas seções em consequência de um golpe, cuja extensão pode alcançar de quatro a seis centímetros, produzido por jumento. Essa besta, muito domiciliada nas cercanias deste comércio, é muito mansa e boa de sela, e tudo me induz ao cálculo de que foi roubada, assim que hão sido falhas todas as indagações. Quem, pois, apreendê-la em qualquer parte e a fizer entregue aqui ou pelo menos notícia exata ministrar, será razoavelmente remunerado. Itambé do Mato Dentro, 19 de novembro de 1899. a) João Alves Júnior. Cinquenta e cinco anos depois, prezado João Alves Júnior, tua besta vermelho-escura, mesmo que tenha aparecido, já é pó no pó. E tu mesmo, se não estou enganado, repousas suavemente no pequeno cemitério de Itambé. Mas teu anúncio continua um modelo no gênero, se não para ser imitado, ao menos como objeto de admiração literária. Reparo antes de tudo na limpeza de tua linguagem. Não es - creveste apressada e toscamente, como seria de esperar de tua con - dição rural. Pressa, não a tiveste, pois o animal desapareceu a 6 de outubro, e só a 19 de novembro recorreste à Cidade de Itabira. Antes, procedeste a indagações. Falharam. Formulaste depois um raciocínio: houve roubo. Só então pegaste da pena, e traçaste um belo e nítido retrato da besta. Não disseste que todos os seus cascos estavam ferrados; preferiste dizê-lo “de todos os seus membros loco-motores”. Nem esqueceste esse pequeno quisto na orelha e essa divisão da crina em duas seções, que teu zelo naturalista e histórico atribuiu com segurança a um jumento. Por ser “muito domiciliada nas cercanias deste comércio”, isto é, do povoado e sua feirinha semanal, inferiste que não teria fugido, mas antes foi roubada. Contudo, não o afirmas em tom peremptório: “tudo me induz a esse cálculo”. Revelas aí a prudência mineira, que não avança (ou não avançava) aquilo que não seja a evidência mesma. É cálculo, raciocínio, operação mental e desapaixonada como qualquer outra, e não denúncia formal. Finalmente – deixando de lado outras excelências de tua prosa útil – e declaração final: quem a apreender ou pelo menos “notícia exata ministrar”, será “razoavelmente remunerado”. Não prometes recompensa tentadora; não fazes praça de generosidade ou largueza; acenas com o razoável, com a justa medida das coisas, que deve prevalecer mesmo no caso de bestas perdidas e entregues. Já é muito tarde para sairmos à procura de tua besta, meu caro João Alves do Itambé; entretanto essa criação volta a existir, porque soubeste descrevê-la com decoro e propriedade, num dia remoto, e o jornal aguardou e alguém hoje a descobre, e muitos outros são informados da ocorrência. Se lesses os anúncios de objetos e animais perdidos, na imprensa de hoje, ficarias triste. Já não há essa precisão de termos e essa graça no dizer, nem essa moderação nem essa atitude crítica. Não há, sobretudo, esse amor à tarefa bem-feita, que se pode manifestar até mesmo num anúncio de besta sumida. (Fala, amendoeira, 2012.) REVISAO 1_A_GERAL_PORT_2018_Yonne 03/09/2018 14:21 Página 2 d) “Já não há essa precisão de termos e essa graça no dizer, nem essa moderação nem essa atitude crítica. Não há, sobretudo, esse amor à tarefa bem-feita, que se pode manifestar até mesmo num anúncio de besta sumida.” (7.º parágrafo) e) “Já é muito tarde para sairmos à procura de tua besta, meu caro João Alves do Itambé; entretanto essa criação volta a existir, porque soubeste descrevê-la com decoro e propriedade, num dia remoto, e o jornal a guardou e alguém hoje a descobre, e muitos outros são informados da ocorrência.” (7.º parágrafo) RESOLUÇÃO: O narrador expressa sua avaliação crítica ao comparar o anúncio antigo com os anúncios de sua época. Isso se explicita nos três últimos períodos do último parágrafo: “Se lesses os anúncios de objetos e animais perdidos, na imprensa de hoje ficarias triste.” Resposta: D 8. (Unesp) – Está empregado em sentido figurado o termo destacado no seguinte trecho: a) “Formulaste depois um raciocínio: houve roubo.” (3.º parágrafo) b) “Reparo antes de tudo na limpeza de tua linguagem.” (3.º parágrafo) c) “Reparo antes de tudo na limpeza de tua linguagem.” (3.º parágrafo) d) “Não disseste que todos os seus cascos estavam ferrados;” (4.º parágrafo) e) “Não disseste que todos os seus cascos estavam ferrados;” (4.º parágrafo) RESOLUÇÃO: Ocorre metáfora em “limpeza”, pois o termo, nesse contexto, significa que a linguagem de João Alves prima por correção, clareza e objetividade. Resposta: C 9. (Unesp) – Em “Contudo, não o afirmas em tom peremptório: ‘tudo me induz a esse cálculo’?” (5.º parágrafo), o termo destacado pode ser substituído, sem prejuízo de sentido para o texto, por: a) incisivo. b) irônico. c) rancoroso. d) constrangido. e) hesitante. RESOLUÇÃO: “Peremptório” significa “absoluto, categórico, decisivo, incisivo”. Dessa forma, o narrador afirma que, de forma calculada, João Alves não afirma ter sido a besta “roubada”. Resposta: A 10.(Unesp) – Com base no último parágrafo, a principal qualidade atribuída pelo cronista a João Alves é a) a prudência. b) o discernimento. c) a concisão. d) o humor. e) a dedicação. RESOLUÇÃO: O cronista atribui a João Alves a qualidade de ser cioso, em função do “amor à tarefa bem-feita”. Resposta: E Leia o soneto “Alma minha gentil, que te partiste”, do poeta português Luís de Camões (1525?-1580), para responder à questão 11. 11. (Unesp) “Se lá no assento etéreo, onde subiste, memória desta vida se consente,” (2.a estrofe) Os termos destacados constituem a) pronomes. b) conjunções. c) uma conjunção e um advérbio, respectivamente. d) um pronome e uma conjunção, respectivamente. e) uma conjunção e um pronome, respectivamente. RESOLUÇÃO: No primeiro segmento, a palavra “se” é conjunção adverbial, condicional e pode ser substituída por caso. O verbo consentir significa permitir, aprovar, é transitivo direto e está na voz passiva sintética, sendo o se pronome apassivador. Resposta: E Cartum as questões 12 e 13. Robert Mankoff, New Yorker/Veja. 12.(Fuvest) – Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso: a) utilização paródica de um provérbio de uso corrente. b) emprego de linguagem formal em circunstâncias informais. c) representação inverossímil de um convívio pacífico de cães e gatos. d) uso do grotesco na caracterização de seres humanos e de animais. e) inversão do sentido de um pensamento bastante repetido. RESOLUÇÃO: O discurso da personagem emite um juízo de valor contrário ao seguinte pensamento contemporâneo: os bichos não passam de substitutos patéticos para as pessoas que não podem ter crianças. Resposta: E 13.(Fuvest) – No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela persona gem seja considerado a) incoerente. b) parcial. c.) anacrônico. d) hipotético. e)enigmático. RESOLUÇÃO: A personagem que profere a frase foi parcial ao manifestar uma opinião que vai ao encontro da situação que ela vivencia, cercada de animais. Resposta: B Se lá no assento etéreo, onde subiste, memória desta vida se consente, não te esqueças daquele amor ardente que já nos olhos meus tão puro viste. (Sonetos, 2001.) – 3 P O R T U G U ÊS A REVISAO 1_A_GERAL_PORT_2018_Yonne 03/09/2018 14:21 Página 3 4 – P O R T U G U ÊS A Leia o trecho do livro Em casa, de Bill Bryson, para responder às questões de 1 a 4. 1. (Unesp-maio-2018) – Em “Não havia praticamente nenhum gênero que não pudesse ser melhorado ou tornado mais econômico para o varejista por meio de um pouquinho de manipulação e engodo” (2.o parágrafo), o termo sublinhado está empregado em sentido similar ao do termo sublinhado em: a) “Smollett definiu o pão de Londres como um compostotóxico de ‘giz, alume e cinzas de ossos, insípido ao paladar e destrutivo para a constituição’” (3.o parágrafo). b) “A primeira acusação formal já encontrada sobre a adulteração generalizada do pão está em um livro” (3.o parágrafo). c) “os ossuários dos mortos são revolvidos para adicionar imundícies ao alimento dos vivos” (3.o parágrafo). d) “Smollett definiu o pão de Londres como um composto tóxico de ‘giz, alume e cinzas de ossos, insípido ao paladar e destrutivo para a constituição’” (3.o parágrafo). e) “A primeira acusação formal já encontrada sobre a adulteração generalizada do pão está em um livro. (3.o parágrafo). RESOLUÇÃO: O substantivo “manipulação” refere-se à pratica comum, segundo o texto, de adulterar os produtos alimentícios, acrescentando substâncias, muitas vezes nocivas, a fim de aumentar o lucro. Nesse sentido, o substantivo “adulteração” possui o valor semântico de “manipulação”, pois ambas as palavras indicam a fraude praticada pelo comerciante. Resposta: E 2. (Unesp-maio 2018) – “O acetato de chumbo era adicionado às bebidas como adoçante” (1.o parágrafo). Preservando-se a correção gramatical e o seu sentido original, essa oração pode ser reescrita na forma: a) Adicionava-se o acetato de chumbo às bebidas como adoçante. b) Adiciona-se o acetato de chumbo às bebidas como adoçantes. c) Eram adicionadas às bebidas como adoçante o acetato de chumbo. d) Adicionam-se às bebidas como adoçante o acetato de chumbo. e) Adicionavam-se às bebidas como adoçante o acetato de chumbo. RESOLUÇÃO: A frase do enunciado encontra-se na voz passiva analítica, cujo sujeito paciente “acetato de chumbo” se mantém na voz passiva sintética. Por isso, o verbo fica na terceira pessoa do singular com acréscimo do pronome apassivador “se”. Resposta: A 3. (Unesp-maio 2018) – Em “Quase nada, no século XVII, escapava à astúcia dos que adulteravam alimentos” (1.o parágrafo), o termo sublinhado é um verbo a) transitivo direto. b) intransitivo. c) de ligação. d) transitivo indireto. e) transitivo direto e indireto. RESOLUÇÃO O verbo escapar em “escapava à astúcia” é transitivo indireto, pois rege a preposição “a” (em “à”) presente no objeto indireto “à astúcia”. Resposta: D Quase nada, no século XVII, escapava à astúcia dos que adulteravam alimentos. O açúcar e outros ingredientes caros muitas vezes eram aumentados com gesso, areia e poeira. A manteiga tinha o volume aumentado com sebo e banha. Quem tomasse chá, segundo autoridades da época, poderia ingerir, sem querer, uma série de coisas, desde serragem até esterco de carneiro pulverizado. Um carregamento inspecionado, relata Judith Flanders, demonstrou conter apenas a metade de chá; o resto era composto de areia e sujeira. Acrescentava-se ácido sulfúrico ao vinagre para dar mais acidez; giz ao leite; terebintina1 ao gim. O arsenito de cobre era usado para tornar os vegetais mais verdes, ou para fazer a geleia brilhar. O cromato de chumbo dava um brilho dourado aos pães e também à mostarda. O acetato de chumbo era adicionado às bebidas como adoçante, e o chumbo avermelhado deixava o queijo Gloucester, se não mais seguro para comer, mais belo para olhar. Não havia praticamente nenhum gênero que não pudesse ser melhorado ou tornado mais econômico para o varejista por meio de um pouquinho de manipulação e engodo. Até as cerejas, como relata Tobias Smollett, ganhavam novo brilho depois de roladas, delicadamente, na boca do vendedor antes de serem colocadas em exposição. Quantas damas inocentes, perguntava ele, tinham saboreado um prato de deliciosas cerejas que haviam sido “umedecidas e roladas entre os maxilares imundos e, talvez, ulcerados de um mascate de Saint Giles”? O pão era particularmente atingido. Em seu romance de 1771, The expedition of Humphry Clinker, Smollett definiu o pão de Londres como um composto tóxico de “giz, alume2 e cinzas de ossos, insípido ao paladar e destrutivo para a constituição”; as acusações assim já eram comuns na época. A primeira acusação formal já encontrada sobre a adulteração generalizada do pão está em um livro chamado Poison detected: or frightful truths, escrito anonimamente em 1757, que revelou segundo “uma autoridade altamente confiável” que “sacos de ossos velhos são usados por alguns padeiros, não infre quen temente”, e que “os ossuários dos mortos são revolvidos para adicionar imundícies ao alimento dos vivos”. (Em casa, 2011. Adaptado.) 1terebintina: resina extraída de uma planta e usada na fabricação de vernizes, diluição de tintas etc. 2alume: designação dos sulfatos duplos de alumínio e metais alcalinos, com propriedades adstringentes, usado na fabricação de corantes, papel, porcelana, na purificação de água, na clarificação de açúcar etc. MÓDULO 22 Sintaxe (II) REVISAO 1_A_GERAL_PORT_2018_Yonne 03/09/2018 14:21 Página 4 – 5 P O R T U G U ÊS A 4. (Unesp-maio 2018) – É invariável quanto a gênero e a número o termo sublinhado em: a) “o resto era composto de areia e sujeira” (1o parágrafo). b) “O pão era particularmente atingido” (3o parágrafo). c) “O açúcar e outros ingredientes caros” (1o parágrafo). d) “uma autoridade altamente confiável” (3o parágrafo). e) “um pouquinho de manipulação e engodo” (2o parágrafo). RESOLUÇÃO O termo “altamente” é invariável quanto a gênero e a número, pois funciona morfologicamente como advérbio. Em a, “composto” é adjetivo; em b, “era” é verbo; em c, “açúcar” é substantivo; em e, “engodo” é substantivo. Resposta: D 5. (Unicamp-2018) As alternativas abaixo reproduzem trechos de um fórum de discussão na Internet sobre um jogo eletrônico. Nessa discussão, um jogador queixa-se por não ter conseguido se conectar a uma partida e ter perdido pontos. Escolha a alternativa que contém um exemplo do processo de adaptação de verbos do inglês para o sistema verbal do português, como descreve Sírio Possenti. a) “Aconteceu logo na manhã deste domingo, quando iniciei uma ranked.” b) “Ela não deu load e pensei que era um bug no site.” c) “Entrei no lolking para ver se a partida estava sendo computada.” d) “Nem upei meu personagem de tanto problema no server.” (Adaptado de http://forums.br.leagueoflegends.com/board/ showthread.php?t=187120. Acessado em 15/07/2017.) RESOLUÇÃO Os exemplos dados no texto de Sírio Possenti demonstram que os verbos formados a partir de anglicismos pertencem à primeira conjugação (atachar, estartar...). Assim, a palavra que exemplifica tal padrão é “upar”, conjugada na terceira pessoa do singular no pretérito perfeito do indicativo: upei, que no contexto significa aumentar as habilidades de um personagem de jogo eletrônico. Resposta: D 6. (Unicamp-2018) – Leia, a seguir, um excerto de “Terrorismo Literário”, um manifesto do escritor Ferréz. Ferréz defende sua proposta literária como uma a) descoberta de que é preciso reagir com a palavra para que não haja separação entre a grande cultura nacional e a literatura feita por minorias. b) comprovação de que, sendo as minorias de fato uma maioria, não faz sentido distinguir duas literaturas, uma do centro e outra da periferia. c) manifestação de que a literatura marginal tem seu modo próprio de falar e de contar histórias, já reconhecido pelos estudiosos. d) constatação de que é preciso reagir com a palavra e mostrar-se nesse lugar marginal como literatura feita por minorias que juntas formam uma maioria. RESOLUÇÃO No início do excerto de “Terrorismo literário”, Ferréz declara que houve uma mudança no instrumento de resistência utilizado pelos oprimidos diante do dono de poder: a capoeira, embate que usa o corpo, foi substituída pela literatura marginal, embate que usa a palavra. Por meio desse novo instrumento, esses textos literários tornam-se uma maneira de as minorias sociais, juntas, mostrarem sua voz, mostrarem a força de seu universo cultural, que é o da maior parte da população. Resposta:D Estrangeirismos são palavras e expressões de outras línguas usadas correntemente em nosso cotidiano. Sobre o emprego de palavras estrangeiras no português, o linguista Sírio Possenti comenta: Tomamos alguns verbos do inglês e os adaptamos a nosso sistema verbal exclusivamente segundo regras do português. Se adotarmos start, logo teremos estartar (e todas as suas flexões), pois nossa língua não tem sílabas iniciais como st-, que imediatamente se tornam est-. A forma nunca será startar, nem ostartar ou ustartar, nem estarter ou estartir, nem printer ou printir, nem atacher ou atachir etc., etc., etc. (Adaptado de Sírio Possenti, “A questão dos estrangeirismos”, em Carlos Alberto Faraco, Estrangeirismos: guerras em torno da língua. São Paulo: Parábola, 2001, p. 173-174.) Glossário: Bug: falha devido ao mau funcionamento em um programa de informática. Computar: contar, incluir. Dar load: carregar. Lolking: site da Internet sobre o jogo Ranked: partida que dá pontos ao jogador Server: servidor; em informática, é um programa ou um com - putador que fornece serviços a uma rede de computadores. Upar: subir de nível, recarregar. A capoeira não vem mais, agora reagimos com a palavra, porque pouca coisa mudou, principalmente para nós. A literatura marginal se faz presente para representar a cultura de um povo composto de minorias, mas em seu todo uma maioria. A Literatura Marginal, sempre é bom frisar, é uma literatura feita por minorias, sejam elas raciais ou socioeconômicas. Literatura feita à margem dos núcleos centrais do saber e da grande cultura nacional, isto é, de grande poder aquisitivo. Mas alguns dizem que sua principal característica é a linguagem, é o jeito que falamos, que contamos a história, bom, isso fica para os estudiosos. Cansei de ouvir: — “Mas o que cês tão fazendo é separar a literatura, a do gueto e a do centro”. E nunca cansarei de responder: — “O barato já tá separado há muito tempo, foi feito todo um mundo de teses e de estudos do lado de lá, e do de cá mal terminamos o ensino dito básico.” (Adaptado de Ferréz, “Terrorismo literário”, em Ferréz (Org.), Literatura marginal: talentos da escrita periférica. Rio de Janeiro: Agir, 2005, p. 9,12,13.) REVISAO 1_A_GERAL_PORT_2018_Yonne 03/09/2018 14:21 Página 5 7. (Unicamp-2018) (Disponível em http://www.psyche.com.br/taxonomy/term/4. Acessado em 02/06/2017.) No contexto deste grafite, as frases “menos presos políticos” e “mais políticos presos” expressam a) uma relação de contradição, uma vez que indicam sentidos opostos. b) uma relação de consequência, já que a diminuição de um grupo conduz ao aumento de outro. c) uma relação de contraste, pois reivindicam o aumento de um tipo de presos e a redução de outro. d) uma relação de complementaridade, porque remetem a subcon - juntos de uma mesma categoria. RESOLUÇÃO A reivindicação é evidente na exigência de que haja “menos presos políticos” e “mais políticos presos”. Resposta: C Leia o trecho extraído do artigo “Cosmologia, 100”, de Antonio Augusto Passos Videira e Cássio Leite Vieira, para responder às questões de 8 a 12. 8. (Unesp) – Ao escrever a seu colega dizendo que “o que produzira o habilitaria a ser ‘internado em um hospício’” (3.° parágrafo), Einstein reconhece, em relação ao artigo de 1917, seu caráter a) irracional. b) literário. c) divertido. d) confuso. e) pioneiro. RESOLUÇÃO: Einstein reconhece, ao afirmar que poderia ser “internado em um hospício”, que a teoria construída por ele seria de difícil aceitação na época por apresentar um caráter inédito e distante da tradição científica. A cosmologia de Einstein é, como afirma o texto, “um ponto fora da reta”. Resposta: E “Vou conduzir o leitor por uma estrada que eu mesmo percorri, árdua e sinuosa.” A frase – que tem algo da essência do hoje clássico A estrada não percorrida (1916), do poeta norte-americano Robert Frost (1874-1963) – está em um artigo científico publicado há cem anos, cujo teor constitui um marco histórico da civilização. Pela primeira vez, cerca de 50 mil anos depois de o Homo sapiens deixar uma mão com tinta estampada em uma pedra, a humanidade era capaz de descrever matematicamente a maior estrutura conhecida: o Universo. A façanha intelectual levava as digitais de Albert Einstein (1879-1955). Ao terminar aquele artigo de 1917, o físico de origem alemã escreveu a um colega dizendo que o que produzira o habilitaria a ser “internado em um hospício”. Mais tarde, referiu-se ao arcabouço teórico que havia construído como um “castelo alto no ar”. O Universo que saltou dos cálculos de Einstein tinha três características básicas: era finito, sem fronteiras e estático – o derradeiro traço alimentaria debates e traria arrependimento a Einstein nas décadas seguintes. Em “Considerações Cosmológicas na Teoria da Relatividade Geral”, publicado em fevereiro de 1917 nos Anais da Academia Real Prussiana de Ciências, o cientista construiu (de modo muito visual) seu castelo usando as ferramentas que ele havia forjado pouco antes: a teoria da relatividade geral, finalizada em 1915, esquema teórico já classificado como a maior contribuição intelectual de uma só pessoa à cultura humana. Esse bloco matemático impenetrável (mesmo para físicos) nada mais é do que uma teoria que explica os fenômenos gravitacionais. Por exemplo, por que a Terra gira em torno do Sol ou por que um buraco negro devora avidamente luz e matéria. Com a introdução da relatividade geral, a teoria da gravitação do físico britânico Isaac Newton (1642-1727) passou a ser um caso específico da primeira, para situações em que massas são bem menores do que as das estrelas e em que a velocidade dos corpos é muito inferior à da luz no vácuo (300 mil km/s). Entre essas duas obras de respeito (de 1915 e de 1917), impressiona o fato de Einstein ter achado tempo para escrever uma pequena joia, “Teoria da Relatividade Especial e Geral”, na qual populariza suas duas teorias, incluindo a de 1905 (especial), na qual mostrara que, em certas condições, o espaço pode encurtar, e o tempo, dilatar. Tamanho esforço intelectual e total entrega ao raciocínio cobraram seu pedágio: Einstein adoeceu, com problemas no fígado, icterícia e úlcera. Seguiu debilitado até o final daquela década. Se deslocados de sua época, Einstein e sua cosmologia podem ser facilmente vistos como um ponto fora da reta. Porém, a historiadora da ciência britânica Patricia Fara lembra que aqueles eram tempos de “cosmologias”, de visões globais sobre temas científicos. Ela cita, por exemplo, a teoria da deriva dos continentes, do geólogo alemão Alfred Wegener (1880-1930), marcada por uma visão cosmológica da Terra. Fara dá a entender que várias áreas da ciência, naquele início de século, passaram a olhar seus objetos de pesquisa por meio de um prisma mais amplo, buscando dados e hipóteses em outros campos do conhecimento. (Folha de S.Paulo, 01.01.2017. Adaptado.) 6 – P O R T U G U ÊS A REVISAO 1_A_GERAL_PORT_2018_Yonne 03/09/2018 14:21 Página 6 9. (Unesp) – Em “Vou conduzir o leitor por uma estrada que eu mesmo percorri, árdua e sinuosa.” (1.° parágrafo), o termo destacado exerce a mesma função sintática do trecho destacado em: a) “[...] o derradeiro traço alimentaria debates e traria arrependimento a Einstein nas décadas seguintes.” (4.° parágrafo) b) “Ela cita, por exemplo, a teoria da deriva dos continentes [...].” (10.° parágrafo) c) “[...] o cientista construiu (de modo muito visual) seu castelo usando as ferramentas que ele havia forjado pouco antes [...].” (5.° parágrafo) d) “Seguiu debilitado até o final daquela década.” (9.° parágrafo) e) “Se deslocados de sua época, Einstein e sua cosmologia podem ser facilmente vistos como um ponto fora da reta.” (10.° parágrafo) RESOLUÇÃO: O pronome relativo que foi empregado como objeto direto do verbo percorrer,mesma função sintática de “a teoria deriva dos continentes”, que é objeto direto do verbo citar. Resposta: B 10.(Unesp) – Em “A façanha intelectual levava as digitais de Albert Einstein (1879-1955).” (2.° parágrafo), o termo destacado pode ser substituído de modo mais adequado, tendo em vista o contexto, por: a) proeza. b) ousadia. c) concretude. d) debilidade. e) petulância. RESOLUÇÃO: Façanha significa sucesso notável, feito heroico, ato de valor ou proeza. Resposta: A 11. (Unesp) Verifica-se a ocorrência de vírgula para indicar a elipse do verbo no seguinte trecho: a) “Entre essas duas obras de respeito (de 1915 e de 1917), impressiona o fato de Einstein ter achado tempo para escrever uma pequena joia [...]” (8.° parágrafo) b) “[...] em certas condições, o espaço pode encurtar, e o tempo, dilatar.” (8.° parágrafo) c) “[...] a teoria da relatividade geral, finalizada em 1915, esquema teórico já classificado como a maior contribuição intelectual de uma só pessoa à cultura humana.” (5.° parágrafo) d) “[...] Einstein adoeceu, com problemas no fígado, icterícia e úlcera.” (9.° parágrafo) e) “Ela cita, por exemplo, a teoria da deriva dos continentes, do geólogo alemão Alfred Wegener [...]” (10.° parágrafo) RESOLUÇÃO: No enunciado, ocorre a elipse do verbo sair em “eu saio logo mais”. Trata- se de zeugma, em que a omissão do verbo é marcada pela vírgula. O mesmo ocorre com o verbo poder em “o tempo pode dilatar”. Resposta: B 12.(Unesp) – Em “O Universo que saltou dos cálculos de Einstein tinha três características básicas [...]” (4.° parágrafo), a oração destacada encerra sentido de a) consequência. b) explicação. c) causa. d) restrição. e) conclusão. RESOLUÇÃO: O pronome relativo que introduz uma oração subordinada adjetiva restritiva, pois ela limita o sentido de “universo”. Resposta: D Emprega-se a vírgula para indicar, às vezes, a elipse do verbo: “Ele sai agora: eu, logo mais.” (Evanildo Bechara. Moderna gramática portuguesa, 2009. Adaptado.) – 7 P O R T U G U ÊS A REVISAO 1_A_GERAL_PORT_2018_Yonne 03/09/2018 14:21 Página 7 8 – P O R T U G U ÊS A 1. (Fuvest-2018) – Examine o cartum. Frank e Ernest – Bob Thaves. O Estado de S. Paulo. 22.08.2017. O efeito de humor presente no cartum decorre, principalmente, da a) semelhança entre a língua de origem e a local. b) falha de comunicação causada pelo uso do aparelho eletrônico. c) falta de habilidade da personagem em operar o localizador geográfico. d) discrepância entre situar-se geograficamente e dominar o idioma local. e) incerteza sobre o nome do ponto turístico onde as personagens se encontram. RESOLUÇÃO Os personagens do cartum encontram-se em Paris, o que se comprova pela presença da Torre Eiffel ao fundo. Ao usarem o GPS, percebem que essa tecnologia não resolve a falta de domínio do idioma local. Resposta: D Texto para as questões 2 e 3. 2. (Fuvest-2018) – De acordo com o texto, a compreensão do significado de uma obra de arte pressupõe a) o reconhecimento de seu significado intrínseco. b) a exclusividade do ponto de vista mais recente. c) a consideração de seu caráter imutável. d) o acúmulo de interpretações anteriores. e) a explicação definitiva de seu sentido. RESOLUÇÃO Segundo Arnold Hauser, a compreensão de uma obra de arte, ainda que permeada pelas especificações da recepção em determinado período, pauta- se na tradição intepretativa acumulada pelas gerações anteriores: “porque o significado que uma obra assume para uma geração posterior é o resultado de uma série completa de interpretações anteriores”. Resposta: D 3. (Fuvest-2018) – No trecho “Numa palavra, qualquer gênero de arte que, de fato, nos afete, torna-se, deste modo, arte moderna” (L. 6-8), as expressões sublinhadas podem ser substituídas, sem prejuízo do sentido do texto, respectivamente, por a) realmente; portanto. b) invariavelmente; ainda. c) com efeito; todavia. d) com segurança; também. e) possivelmente; até. RESOLUÇÃO A expressão “de fato” equivale ao advérbio de afirmação “realmente”; “deste modo” tem sentido de conclusão. Resposta: A Uma obra de arte é um desafio; não a explicamos, ajustamo-nos a ela. Ao interpretá-la, fazemos uso dos nossos próprios objetivos e esforços, dotamo-la de um significado que tem sua origem nos nossos próprios modos 5 de viver e de pensar. Numa palavra, qualquer gênero de arte que, de fato, nos afete, torna-se, deste modo, arte moderna. As obras de arte, porém, são como altitudes inacessíveis. 10 Não nos dirigimos a elas diretamente, mas contornamo-las. Cada geração as vê sob um ângulo diferente e sob uma nova visão; nem se deve supor que um ponto de vista mais recente é mais eficiente do que um anterior. Cada aspecto surge na sua altura própria, que não pode ser antecipada 15 nem prolongada; e, todavia, o seu significado não está perdido porque o significado que uma obra assume para uma geração posterior é o resultado de uma série completa de interpretações anteriores. Arnold Hauser, Teorias da arte. Adaptado MÓDULO 33 Sintaxe (III) REVISAO 1_A_GERAL_PORT_2018_Yonne 03/09/2018 14:21 Página 8 – 9 P O R T U G U ÊS A Texto para as questões 4 e 5. (Equilíbrio, Folha de S.Paulo, 21 mai 2013.) 4. (Fuvest) – No texto, empregam-se, de modo mais evidente, dois recursos de intextualidade: um, o próprio autor o torna explícito; o outro encontra-se em um dos trechos citados abaixo. Indique-o. a) “Você é um horror!” b) “E você, bêbado.” c) “Ilusão sua: amanhã, de ressaca, vai olhar no espelho e ver o alcoólatra machista de sempre.” d) “Vai repetir o porre até perder os amigos, o emprego, a família e o autorrespeito.” e) “Perco a piada, mas não perco a ferroada!” RESOLUÇÃO: Além da nota (“Piada velha”), que remete a uma anedota conhecida, a fala da personagem reproduzida na alternativa e tem teor intertextual, pois se refere a um dito tradicional (“perder um amigo, mas não perder a piada”), de que constitui uma variante ou mesmo uma inversão. Resposta: E 5. (Fuvest) – A tirinha tematiza questões de gênero (masculino e feminino), com base na oposição entre a) permanência e transitoriedade. b) sinceridade e hipocrisia. c) complacência e intolerância. d) compromisso e omissão. e) ousadia e recato. RESOLUÇÃO: O que a personagem masculina afirma é que seu estado (a bebedeira) é transitório, enquanto o da figura feminina (a feiura) é permanente. O que a personagem feminina retruca é que, na verdade, o alcoolismo e suas mazelas constituem um estado permanente. Resposta: A Leia um trecho do artigo de Lira Neto para responder às questões de 6 a 8. ) 6. (Famerp-2018) – Segundo o jornalista, o telespectador típico a) tem dificuldade para entender a Era Vargas. b) é imaturo. c) é capaz de entender qualquer explicação. d) evita mudar de canal. e) busca informações históricas ao acaso. Resolução Segundo o jornalista, o telespectador típico deve ser imaginado como “alguém com a idade mental de 14 anos”, ainda que seja adulto. Resposta: B 7. (Farmerp-2018) – A leitura do trecho permite afirmar que Lira Neto a) não pôde dizer aquilo que realmente pensava. b) pensou em citar uma personagem de desenho animado. c) imaginou que o repórter se parecia com Homer Simpson. d) utilizou os filhos como parâmetro para o conteúdo de sua fala. e) criou uma distância necessária com o telespectador. RESOLUÇÃO Lira Neto, desconsiderando a orientação, imaginou os próprios filhos como interlocutores, pois a pater ni dade lhe ensinou a diferença entre “didatismo e o discurso toleirão”. Resposta: D 8. (Famerp-2018) – Para orientar sua fala na entrevista, Lira Neto estabeleceu uma relação de equivalência entre: a) idade mental e limites / pai e crianças. b) reportagem e canal por assinatura / Era Vargas e conversa. c) repórter e operador / telespectadore sujeito. d) lata de cerveja e controle remoto / intervalo e filme. e) didatismo e clareza / discurso toleirão e parvoíce. RESOLUÇÃO Há equivalência de sentido entre “didatismo” e “clareza”, “discurso toleirão” e “parvoíce”. Resposta: E O BLOG DA MURIEL Laerte VOCÊ É UM HORROR! E VOCÊ, BÊBADO. É, MAS AMANHÃ EU TOU BOM...* * - PIADA VELHA. ILUSÃO SUA: AMANHÃ, DE RESSACA, VAI OLHAR NO ESPELHO E VER O ALCOÓLATRA MACHISTA DE SEMPRE. VAI REPETIR O PORRE ATÉ PERDER OS AMIGOS, O EMPREGO, A FAMÍLIA E O AUTORRESPEITO. PERCO A PIADA, MAS NÃO PERCO A FERROADA! [...] dia desses, uma equipe de reportagem de um canal por assinatura veio até minha casa para me entrevistar sobre a Era Vargas. O repórter que conduziria a conversa advertiu-me, antes de o operador ligar a câmera: “Pense que nosso telespectador típico é aquele sujeito esparramado no sofá, com uma lata de cerveja numa mão e o controle remoto na outra, que esbarrou na nossa reportagem por acaso, durante o intervalo de um filme de ação”, detalhou. “É para esse cara que você vai falar; pense nele como alguém com a idade mental de 14 anos.” Sou cortês, mas tenho meus limites. Quase enxotei o colega porta afora, aos pontapés. Respirei fundo e procurei ser didático, sem me esforçar para parecer que estava falando com o Homer Simpson postado ali do outro lado da lente. Afinal, como pai de duas crianças, acredito que há uma enorme distância entre o didatismo e o discurso toleirão, entre a clareza e a parvoíce. (“A TV virou um dinossauro”. Folha de S.Paulo, 09.07.2017. REVISAO 1_A_GERAL_PORT_2018_Yonne 03/09/2018 14:21 Página 9 10 – P O R T U G U ÊS A Leia o trecho inicial do livro Corações sujos, de Fernando Morais, para responder às questões de 9 a 12. 9. (Famema-2018) – Segundo o texto, a) o anúncio de que o imperador era humano, e não divino, era uma consequência previsível, para os japoneses, da rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial, anunciada pouco tempo antes. b) o anúncio de que o imperador era humano, e não divino, fez mais intensa a dor provocada, pouco tempo antes, pelo anúncio da rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial. c) o anúncio da rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial aumentou o mal-estar da população japonesa causado pelo anúncio de que o imperador era humano, e não divino. d) o anúncio de que o imperador era humano, e não divino, funcionou, para os japoneses, como preparativo para o anúncio da rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial. e) o anúncio da rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial produziu, para a população japonesa, a desconfiança de que pouco depois aconteceria o anúncio de que o imperador era humano, e não divino. RESOLUÇÃO No texto, há várias referências à desmitificação da majestade do Japão, Hiroíto, que foi obrigado, após a derrota na Segunda Guerra Mundial, a anunciar ao povo de seu país que era “apenas um mortal, como qualquer um dos 100 milhões de cidadãos japoneses”, não era uma divindade. Isso tornou mais dolorosa a derrota japonesa, pois além de perder a guerra, perdeu-se a crença num mito. Resposta: B 10.(Famema-2018) – A ideia de “suportar o insuportável” (1.º parágrafo) está presente também a) na revolta da população japonesa ao receber a declaração da condição humana do imperador. b) na escolha do dialeto keigo para declarar a condição humana do imperador. c) na informação de que a voz do imperador era rouca e arrastada durante sua declaração. d) na improvável crença dos japoneses, durante tanto tempo, na condição sobre-humana do imperador. e) no modo resignado como o imperador cumpriu a imposição de declarar sua condição humana. RESOLUÇÃO A ideia de aguentar algo que extrapola o limite da paciência e do conformismo (“suportar o insuportável, isto é, a rendição do Japão) encontra correspondência no “modo resignado” com que Hiroíto obedeceu ao que lhe foi imposto pelas forças aliadas que venceram a guerra: declarar radiofonicamente que “era somente um homem, mortal como todos”, aniquilando para os japoneses a crença da origem divina do imperador. Resposta: E 11. (Famema-2018) – “Era a mesma voz que quatro meses antes se dirigira aos japoneses, pela primeira vez em 5 mil anos de história do país, para anunciar que havia chegado o momento de ‘suportar o insuportável’ ” (1º parágrafo) O verbo destacado foi utilizado no pretérito mais-que-perfeito a fim de indicar a) um fato no passado, anterior a outro fato, também no passado. b) uma dúvida do enunciador sobre a veracidade do fato no passado. c) um fato que ocorreu reiteradamente, no passado. d) uma ação cujos efeitos se estendem do passado ao presente. e) uma verdade universalmente aceita, no passado. RESOLUÇÃO A forma verbal “dirigida” está no pretérito mais-que-perfeito do Modo Indicativo, tempo empregado para indicar ação no passado, anterior a outra ação no passado (“Era”). Resposta: A 12.(Famema-2018) – “O temido Exército Imperial do Japão, que em inacreditáveis 2600 anos de guerras jamais sofrera uma única derrota, tinha sido aniquilado pelos Aliados.” (3.o parágrafo) A oração destacada é uma oração subordinada a) adverbial comparativa. b) adjetiva restritiva. c) adjetiva explicativa. d) adverbial temporal. e) substantiva objetiva direta. RESOLUÇÃO A oração introduzida pelo pronome relativo “que” é subordinada adjetiva explicativa, uma vez que explica a expressão anterior “Exército Imperial do Japão”. Resposta: C A voz rouca e arrastada parecia vir de outro mundo. Eram pontualmente nove horas da manhã do dia 1.o de janeiro de 1946 quando ela soou nos alto-falantes dos rádios de todo o Japão. A pronúncia das primeiras sílabas foi suficiente para que 100 milhões de pessoas identificassem quem falava. Era a mesma voz que quatro meses antes se dirigira aos japoneses, pela primeira vez em 5 mil anos de história do país, para anunciar que havia chegado o momento de “suportar o insuportável”: a rendição do Japão às forças aliadas na Segunda Guerra Mundial. Mas agora o dono da voz, Sua Majestade o imperador Hiroíto, tinha revelações ainda mais espantosas a fazer a seus súditos. Embora ele falasse em keigo − uma forma arcaica do idioma, reservada aos Filhos dos Céus e repleta de expressões chinesas que nem todos compreendiam bem −, todos entenderam o que Hiroíto dizia: ao contrário do que os japoneses acreditavam desde tempos imemoriais, ele não era uma divindade. O imperador leu uma declaração de poucas linhas, escrita de próprio punho. Aquela era mais uma imposição dos vencedores da guerra. Entre as exigências feitas pelos Aliados para que ele permanecesse no trono, estava a “Declaração da Condição Humana”. Ou seja, a renúncia pública à divindade, que naquele momento Hiroíto cumpria resignado: “Os laços que nos unem a vós, nossos súditos, não são o resultado da mitologia ou de lendas. Não se baseiam jamais no falso conceito de que o imperador é deus ou qualquer outra divindade viva.” Petrificados, milhões de japoneses tomaram consciência da verdade que ninguém jamais imaginara ouvir: diferentemente do que lhes fora ensinado nas escolas e nos templos xintoístas, Hiroíto reconhecia que era filho de dois seres humanos, o imperador Taisho e a imperatriz Sadako, e não um descendente de Amaterasu Omikami, a deusa do Sol. Foi como se tivessem jogado sal na ferida que a rendição, ocorrida em agosto do ano anterior, havia aberto na alma dos japoneses. O temido Exército Imperial do Japão, que em inacreditáveis 2600 anos de guerras jamais sofrera uma única derrota, tinha sido aniquilado pelos Aliados. O novo xogum, o chefe supremo de todos os japoneses, agora era um gaijin, um estrangeiro, o general americano Douglas MacArthur, a quem eram obrigados a se referir, respeitosamente, como Maca-san, o “senhor Mac”. Como se não bastasse tamanho padecimento, o Japão descobria que o imperador Hiroíto era apenasum mortal, como qualquer um dos demais 100 milhões de cidadãos japoneses. (Corações sujos, 2000.) REVISAO 1_A_GERAL_PORT_2018_Yonne 03/09/2018 14:21 Página 10 – 11 P O R T U G U ÊS A Leia a crônica “Premonitório”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), para responder às questões de 01 a 09. 1. (Unifesp-2018) – De acordo com a crônica, o filho recebeu o telegrama do pai no dia a) 28 de setembro. b) 29 de setembro. c) 2 de outubro. d) 4 de outubro. e) 3 de outubro. RESOLUÇÃO Segundo a crônica, ao ler o telegrama que lhe pedia para não sair de casa no dia 3 de outubro, o filho deu-se conta de que deveria cancelar uma série de com promissos marcados “para o dia seguinte”. Recebeu, portanto, o telegrama no dia 2 de outubro. Resposta: C Do fundo de Pernambuco, o pai mandou-lhe um telegrama: “Não saia casa 3 outubro abraços”. O rapaz releu, sob emoção grave. Ainda bem que o velho avisara: em cima da hora, mas avisara. Olhou a data: 28 de setembro. Puxa vida, telegrama com a nota de urgente, levar cinco dias de Garanhuns a Belo Horizonte! Só mesmo com uma revolução esse telégrafo endireita. E passado às sete da manhã, veja só; o pai nem tomara o mingau com broa, precipitara-se na agência para expedir a mensagem. Não havia tempo a perder. Marcara encontros para o dia seguinte, e precisava cancelar tudo, sem alarde, como se deve agir em tais ocasiões. Pegou o telefone, pediu linha, mas a voz de d. Anita não respondeu. Havia tempo que morava naquele hotel e jamais deixara de ouvir o “pois não” melodioso de d. Anita, durante o dia. A voz grossa, que resmungara qualquer coisa, não era de empregado da casa; insistira: “como é?”, e a ligação foi dificultosa, havia besouros na linha. Falou rapidamente a diversas pessoas, aludiu a uma ponte que talvez resistisse ainda uns dias, teve oportunidade de escandir as sílabas de arma virumque cano1, disse que achava pouco cem mil unidades, em tal emergência, e arrematou: “Dia 4 nós conversamos.” Vestiu-se, desceu. Na portaria, um sujeito de panamá bege, chapéu de aba larga e sapato de duas cores levantou-se e seguiu-o. Tomou um carro, o outro fez o mesmo. Desceu na praça da Liberdade e pôs-se a contemplar um ponto qualquer. Tirou do bolso um caderninho e anotou qualquer coisa. Aí, já havia dois sujeitos de panamá, aba larga e sapato bicolor, confabulando a pequena distância. Foi saindo de mansinho, mas os dois lhe seguiram na cola. Estava calmo, com o telegrama do pai dobrado na carteira, placidez satisfeita na alma. O pai avisara a tempo, tudo correria bem. Ia tomar a calçada quando a baioneta em riste advertiu: “Passe de largo”; a Delegacia Fiscal estava cercada de praças, havia armas cruzadas nos cantos. Nos Correios, a mesma coisa, também na Telefônica. Bondes passavam escoltados. Caminhões conduziam tropa, jipes chispavam. As manchetes dos jornais eram sombrias; pouca gente na rua. Céu escuro, abafado, chuva próxima. Pensando bem, o melhor era recolher-se ao hotel; não havia nada a fazer. Trancou-se no quarto, procurou ler, de vez em quando o telefone chamava: “Desculpe, é engano”, ou ficava mudo, sem desligar. Dizendo-se incomodado, jantou no quarto, e estranhou a camareira, que olhava para os móveis como se fossem bichos. Deliberou deitar-se, embora a noite apenas começasse. Releu o telegrama, apagou a luz. Acordou assustado, com golpes na porta. Cinco da manhã. Alguém o convidava a ir à Delegacia de Ordem Política e Social. “Deve ser engano.” “Não é não, o chefe está à espera.” “Tão cedinho? Precisa ser hoje mesmo? Amanhã eu vou.” “É hoje e é já.” “Impossível.” Pegaram-lhe dos braços e levaram-no sem polêmica. A cidade era uma praça de guerra, toda a polícia a postos. “O senhor vai dizer a verdade bonitinho e logo” – disse- lhe o chefe. – “Que sabe a respeito do troço?” “Não se faça de bobo, o troço que vai estourar hoje.” “Vai estourar?” “Não sabia? E aquela ponte que o senhor ia dinamitar mas era difícil?” “Doutor, eu falei a meu dentista, é um trabalho de prótese que anda abalado. Quer ver? Eu tiro.” “Não, mas e aquela frase em código muito vagabundo, com palavras que todo mundo manja logo, como arma e cano?” “Sou professor de latim, e corrigi a epígrafe de um trabalho.” “Latim, hem? E a conversa sobre os cem mil homens que davam para vencer?” “São unidades de penicilina que um colega tomou para uma infecção no ouvido.” “E os cálculos que o senhor fazia diante do palácio?” Emudeceu. “Diga, vamos!” “Desculpe, eram uns versinhos, estão aqui no bolso.” “O senhor é esperto, mas saia desta. Vê este telegrama? É cópia do que o senhor recebeu de Pernambuco. Ainda tem coragem de negar que está alheio ao golpe?” “Ah, então é por isso que o telegrama custou tanto a chegar?” “Mais custou ao país, gritou o chefe. Sabe que por causa dele as Forças Armadas ficaram de prontidão, e que isso custa cinco mil contos? Diga depressa.” “Mas, doutor…” Foi levado para outra sala, onde ficou horas. O que aconteceu, Deus sabe. Afinal, exausto, confessou: “O senhor entende conversa de pai pra filho? Papai costuma ter sonhos premonitórios, e toda a família acredita neles. Sonhou que me aconteceria uma coisa no dia 3, se eu saísse de casa, e telegrafou prevenindo. Juro!” Dia 4, sem golpe nenhum, foi mandado em paz. O sonho se confirmara: realmente, não devia ter saído de casa. (70 historinhas, 2016.) 1 arma virumque cano: “canto as armas e o varão” (palavras iniciais da epopeia Eneida, do escritor Vergílio, referentes ao herói Eneias). MÓDULO 44 Sintaxe (IV) REVISAO 1_A_GERAL_PORT_2018_Yonne 03/09/2018 14:21 Página 11 12 – P O R T U G U ÊS A 2. (Unifesp-2018) – Em relação ao sonho do pai, a reação do filho é de a) desconfiança. b) apatia. c) perplexidade. d) desdém. e) respeito. RESOLUÇÃO O filho respeitou o aviso paterno, uma vez que pensou “não havia tempo a perder” e passou a cancelar seus compromissos. Resposta: e 3. (Unifesp-2018) – Depreende-se da crônica que o telegrama demorou a chegar a) porque ficou retido na delegacia de polícia. b) por conta de um sonho premonitório. c) porque uma revolta popular estava em curso. d) por conta da lentidão do serviço dos telégrafos. e) porque um golpe militar estava em andamento. RESOLUÇÃO O telegrama demorou a ser recebido, pois ficara retido na delegacia de polícia, uma vez que desconfiaram de que se tratava de uma ameaça à segurança pública, não uma inocente mensagem de pai para filho. Isso fica explícito em “‘Vê este telegrama? É cópia do que o senhor recebeu de Pernambuco. Ainda tem coragem de negar que está alheio ao golpe?” “Ah, então é por isso que o telegrama custou tanto a chegar?’” Resposta: A 4. (Unifesp-2018) – O chamado discurso indireto livre constitui uma construção em que a voz do personagem se mescla à voz do narrador. Verifica-se a ocorrência de discurso indireto livre em: a) “Havia tempo que morava naquele hotel e jamais deixara de ouvir o ‘pois não’ melodioso de d. Anita, durante o dia.” (3.° parágrafo) b) “E passado às sete da manhã, veja só; o pai nem tomara o mingau com broa, precipitara-se na agência para expedir a mensagem.” (2.° parágrafo) c) “Aí, já havia dois sujeitos de panamá, aba larga e sapato bicolor, confabulando a pequena distância.” (3.° parágrafo) d) “Trancou-se no quarto, procurou ler, de vez em quando o telefone chamava: ‘Desculpe, é engano’, ou ficava mudo, sem desligar.” (4.° parágrafo) e) “‘O senhor é esperto, mas saia desta. Vê este telegrama? É cópia do que o senhor recebeu de Pernambuco. Ainda tem coragem de negar que está alheio ao golpe?’” (5.° parágrafo) RESOLUÇÃO A crônica é narrada em 3.a pessoa por um narrador onisciente que, no meio do seu discurso, insere o pensamento da personagem sem verbos de locução, sem aspas nem dois-pontos. Resposta: B 5. (Unifesp-2018) – Metonímia: figura de retórica que consiste no uso de uma palavra forado seu contexto semântico normal, por ter uma significação que tenha relação objetiva, de contiguidade [vizinhança, proximidade], material ou conceitual, com o conteúdo ou o referente ocasionalmente pensado. (Dicionário Houaiss da língua portuguesa, 2009.) Verifica-se a ocorrência de metonímia no trecho: a) “‘São unidades de penicilina que um colega tomou para uma infecção no ouvido.’” (5.° parágrafo) b) “Ia tomar a calçada quando a baioneta em riste advertiu: ‘Passe de largo’;” (3.° parágrafo) c) “Tirou do bolso um caderninho e anotou qualquer coisa.” (3.° parágrafo) d) “Puxa vida, telegrama com a nota de urgente, levar cinco dias de Garanhuns a Belo Horizonte!” (2.° parágrafo) e) “Dizendo-se incomodado, jantou no quarto, e estranhou a camareira, que olhava para os móveis como se fossem bichos.” (4.° parágrafo) RESOLUÇÃO A expressão “baioneta em riste” é uma metonímia que se refere à parte (“baioneta”) pelo todo (soldado). Resposta: B 6. (Unifesp-2018) – Estão empregados em sentido figurado os termos destacados nos trechos: a) “As manchetes dos jornais eram sombrias; pouca gente na rua.” (3.° parágrafo) e “E aquela ponte que o senhor ia dinamitar mas era difícil?” (5.° parágrafo). b) “As manchetes dos jornais eram sombrias; pouca gente na rua.” (3.° parágrafo) e “Não se faça de bobo, o troço que vai estourar hoje.” (5.° parágrafo). c) “Não se faça de bobo, o troço que vai estourar hoje.” (5.° parágrafo) e “Acordou assustado, com golpes na porta.” (5.° parágrafo). d) “E aquela ponte que o senhor ia dinamitar mas era difícil?” (5.° parágrafo) e “Não se faça de bobo, o troço que vai estourar hoje.” (5.° parágrafo). e) “[...] a ligação foi dificultosa, havia besouros na linha.” (3.° parágrafo) e “E aquela ponte que o senhor ia dinamitar mas era difícil?” (5.° parágrafo). RESOLUÇÃO As palavras destacadas não estão empregadas em seu sentido literal, uma vez que as manchetes não são de fato sombrias, mas pessimistas ou alarmantes, e o “troço” (a ameaça de golpe) não estouraria, mas sim aconteceria subitamente. Resposta: B 7. (Unifesp-2018) – • “A cidade era uma praça de guerra, toda a polícia a postos. ‘O senhor vai dizer a verdade bonitinho e logo’ – disse-lhe o chefe.” (5.° parágrafo) • “‘E os cálculos que o senhor fazia diante do palácio?’ Emudeceu. ‘Diga, vamos!’ ‘Desculpe, eram uns versinhos, estão aqui no bolso.’” (5.° parágrafo) No contexto em que se inserem, as palavras “bonitinho” e “versinhos” exprimem, respectivamente, a) afetividade e antipatia. b) vulgaridade e sarcasmo. c) desprezo e indiferença. d) advertência e modéstia. e) irritação e delicadeza. RESOLUÇÃO No primeiro segmento, o adjetivo no diminutivo (“bo nitinho”) foi empregado pelo chefe da polícia e por isso soa ameaçador. No segundo segmento, o substan tivo no diminutivo (“versinhos”) é empregado para demonstrar “modéstia”, despretensão. Resposta: D REVISAO 1_A_GERAL_PORT_2018_Yonne 03/09/2018 14:21 Página 12 – 13 P O R T U G U ÊS A 8. (Unifesp-2018) – “Deliberou deitar-se, embora a noite apenas começasse.” (4.° parágrafo) Em relação à oração anterior, a oração destacada exprime ideia de a) causa. b) condição. c) concessão. d) consequência. e) conclusão. RESOLUÇÃO A oração iniciada pela conjunção subordinativa estabelece relação de concessão ou ressalva com a oração que a antecede. Resposta: C 9. (Unifesp-2018) – “Falou rapidamente a diversas pessoas, aludiu a uma ponte que talvez resistisse ainda uns dias, teve oportunidade de escandir as sílabas de arma virumque cano” (3.° parágrafo) Os termos em destaque constituem, respectivamente, a) uma preposição, uma preposição e um artigo. b) um pronome, uma preposição e um artigo. c) um artigo, um artigo e um pronome. d) uma preposição, um artigo, um artigo. e) um pronome, uma preposição e um pronome. RESOLUÇÃO No trecho “fala rapidamente a diversas pessoas”, “a” é a preposição exigida pelo verbo falar, similar a “aludir a uma ponte”, na qual o verbo aludir também rege a preposição “a”. Já em “teve oportunidade de escandir as sílabas”, “as” é artigo definido feminino plural, determinando o substantivo “sílabas”. Resposta: A Leia o texto de Yuval Noah Harari para responder às questões de 10 a 12. 10.(Famema-2018) – Segundo os céticos, os ratos a) respondem aleatoriamente aos estímulos externos, não havendo correspondência entre seu comportamento e o comportamento humano nas mesmas situações. b) optam por um comportamento que evite problemas sociais em eventuais relações futuras com outros indivíduos. c) fazem suas escolhas motivados pelo interesse coletivo, ainda que escolhas egoístas pudessem beneficiá-los individualmente. d) agem por motivações egoístas, buscando aumentar as sensações agradáveis e diminuir as desagradáveis. e) preferem um comportamento que parece solidário, mas que na verdade concretiza uma intenção de agredir outros indivíduos. RESOLUÇÃO Segundo o texto, os céticos acreditam que os ratos livres libertam os prisioneiros, não porque sintam empatia pelo outro, mas porque querem se livrar dos “incomodativos sinais de estresse” do companheiro preso. Resposta: D 11. (Famema-2018) – “Os ratos seriam motivados pelas sensações desa gra dá veis que sentem” (2.º parágrafo) Assinale a alternativa que expressa, na voz ativa, o conteúdo dessa oração. a) As sensações desagradáveis que sentem motivam os ratos. b) As sensações desagradáveis que sentem motivariam os ratos. c) As sensações desagradáveis que sentem motivaram aos ratos. d) Os ratos são motivados pelas sensações desagradáveis que sentem. e) Os ratos teriam sido motivados pelas sensações desagradáveis que sentem. RESOLUÇÃO Os ratos querem livrar-se do incômodo que sentem com o estresse do companheiro preso. Resposta: B 12.(Famema-2018) – Assinale a alternativa em que a oração subordinada indica uma finalidade. a) Mesmo que tivesse dado dinheiro ao mendigo, não teria evitado as sensações desagradáveis que sua presença me provocava. b) Dei dinheiro ao mendigo porque isso evitaria as sensações desagradáveis que sua presença me provocava. c) Assim que dei dinheiro ao mendigo, evitei as sensações desagradáveis que sua presença me provocava. d) Caso tivesse dado dinheiro ao mendigo, teria evitado as sensações desagradáveis que sua presença me provocava. e) Dei dinheiro ao mendigo para evitar as sensações desagradáveis que sua presença me provocava. RESOLUÇÃO A preposição “para” introduz uma oração adverbial que indica a finalidade de se dar esmolas. Resposta: E Em 2010, cientistas realizaram um experimento especialmente tocante com ratos. Eles trancaram um rato numa gaiola minúscula, colocaram-na dentro de um compartimento maior e deixaram que outro rato vagasse livremente por esse compartimento. O rato engaiolado demonstrou sinais de estresse, o que fez com que o rato solto também demonstrasse sinais de ansiedade e estresse. Na maioria dos casos, o rato solto tentava ajudar seu companheiro aprisionado e, depois de várias tentativas, conseguia abrir a gaiola e libertar o prisioneiro. Os pesquisadores repetiram o experimento, dessa vez pondo um chocolate no compartimento. O rato livre tinha de escolher entre libertar o prisioneiro e ficar com o chocolate só para ele. Muitos ratos preferiram primeiro soltar o companheiro e dividir o chocolate (embora uns poucos tenham mostrado mais egoísmo, provando com isso que alguns ratos são mais maldosos que outros). Os céticos descartaram essas conclusões, alegando que o rato livre liberta o prisioneiro não por ser movido por empatia, mas simplesmente para parar com os incomo da tivos sinais de estresse apresentados pelo companheiro. Os ratos seriam motivados pelas sensações desagradáveis que sentem e não buscam nada além de exterminá-las. Pode ser. Mas poderíamos dizer o mesmo sobre nós, humanos. Quando dou dinheiroa um mendigo, estou reagindo às sensações desagradáveis que sua visão provoca em mim? Realmente me importo com ele, ou só quero me sentir melhor? Na essência, nós humanos não somos diferentes de ratos, golfinhos ou chimpanzés. Como eles, tampouco temos alma. Como nós, eles também têm consciência e um complexo mundo de sensações e emoções. É claro que todo animal tem traços e talentos exclusivos. Os humanos têm suas aptidões especiais. Não deveríamos humanizar os animais desnecessariamente, imagi - nando que são apenas uma versão mais peluda de nós mesmos. Isso não só configura uma ciência ruim, como igualmente nos impede de compreender e valorizar outros animais em seus próprios termos. (Homo Deus, 2016.) REVISAO 1_A_GERAL_PORT_2018_Yonne 03/09/2018 14:21 Página 13 14 – P O R T U G U ÊS A Leia o soneto “Aquela triste e leda madrugada”, do poeta português Luís de Camões (1525?-1580), para responder aos testes 1 e 2. 1. (UNIFESP-SP-2018) – O pronome “Ela”, que se repete no início de três estrofes, refere-se a a) “piedade”. b) “mágoa”. c) “saudade”. d) “claridade”. e) “madrugada”. RESOLUÇÃO: [UNIFESP-SP-2018] O pronome “ela” retoma o termo “madrugada”, expresso no primeiro verso do soneto. Resposta: E 2. (UNIFESP-SP-2018) – Observa-se a elipse (supressão) do termo “vontade” no verso: a) “viu apartar-se de uma outra vontade” (2.a estrofe) b) “cheia toda de mágoa e de piedade” (1.a estrofe) c) “quero que seja sempre celebrada” (1.a estrofe) d) “Ela só viu as lágrimas em fio” (3.a estrofe) e) “que puderam tornar o fogo frio” (4.a estrofe) RESOLUÇÃO: [UNIFESP-SP-2018] No verso apresentado na alternativa a, há elipse do primeiro emprego da palavra “vontade”: “viu apartar-se de uma [vontade] outra vontade”. Resposta: A Texto para os testes 3 e 4. 3. (UEA-AM) – Considerando o contexto, uma interpretação correta para o trecho “Acalmou o vento, cai o pó, e onde o vento parou, ali fica, ou dentro de casa, ou na rua, ou em cima de um telhado, ou no mar; ou no rio, ou no monte, ou na campanha” é: a) a hora justa de morrer é quando o indivíduo já produziu seus frutos e descansa calmamente. b) o homem não pode escapar à morte, pois ela o encontra onde quer que ele esteja. c) independentemente da classe social, os homens têm os mesmos vícios e virtudes. d) comportando-se de modo adequado, as pessoas poderão prever o local de sua morte. e) deve-se buscar uma vida calma e contemplativa, uma vez que o trabalho é inútil. RESOLUÇÃO: Resposta: B 4. (UEA-AM) – Visando ampliar a adesão do interlocutor a seu dis - curso, como estratégia argumentativa, Vieira recorre ao emprego de a) vocábulos estrangeiros e expressões onomatopaicas. b) inversões sintáticas e pronomes pessoais indefinidos. c) advérbios de intensidade e verbos no modo imperativo. d) perguntas retóricas e pronomes na primeira pessoa do plural. e) expressões nominais com valor de vocativo e citações de filósofos. RESOLUÇÃO: Resposta: D Aquela triste e leda madrugada, cheia toda de mágoa e de piedade, enquanto houver no mundo saudade quero que seja sempre celebrada. Ela só, quando amena e marchetada saía, dando ao mundo claridade, viu apartar-se de uma outra vontade, que nunca poderá ver-se apartada. Ela só viu as lágrimas em fio que, de uns e de outros olhos derivadas, se acrescentaram em grande e largo rio. Ela viu as palavras magoadas que puderam tornar o fogo frio, e dar descanso às almas condenadas. (Sonetos, 2001) Os mortos são pó, nós também somos pó: em que nos distinguimos uns dos outros? Distinguimo-nos os vivos dos mortos, assim como se distingue o pó do pó. Os vivos são pó levantado, os mortos são pó caído: os vivos são pó que anda, os mortos são pó que jaz: Hic jacet [Aqui jaz]. Estão essas praças no verão cobertas de pó; dá um pé de vento, levanta-se o pó no ar, e que faz? O que fazem os vivos, e muitos vivos. Não aquieta o pó, nem pode estar quedo: anda, corre, voa, entra por esta rua, sai por aquela; já vai adiante, já torna atrás; tudo enche, tudo cobre, tudo envolve, tudo perturba, tudo cega, tudo penetra, em tudo e por tudo se mete, sem aquietar, nem sossegar um momento, enquanto o vento dura. Acalmou o vento, cai o pó, e onde o vento parou, ali fica, ou dentro de casa, ou na rua, ou em cima de um telhado, ou no mar; ou no rio, ou no monte, ou na campanha. Não é assim? Assim é. E que pó, e que vento é este? O pó somos nós: Quia pulvis es [Que és pó]; o vento é a nossa vida: Quia ventus es vita mea [Lembra-te que minha vida é sopro] (Jó 7,7). Deu o vento, levantou-se o pó; parou o vento, caiu. Deu o vento, eis o pó levantado: esses são os vivos. Parou o vento, eis o pó caído: esses são os mortos. Os vivos pó, os mortos pó; os vivos pó levantado, os mortos pó caído; os vivos pó com vento, e por isso vãos; os mortos pó sem vento, e por isso sem vaidade. Esta é a distinção, e não há outra. (Padre Antônio Vieira, Sermão de Quarta-Feira de Cinzas) MÓDULO 55 Literatura e Análise de Textos Literários – I REVISAO 1_A_GERAL_PORT_2018_Yonne 03/09/2018 14:21 Página 14 – 15 P O R T U G U ÊS A Leia o soneto “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia”, do poeta Gregório de Matos (1636-1696), para responder aos testes 5 e 6. 5. (UNESP-2018) – O soneto de Gregório de Matos aproxima-se tematicamente da citação: a) “Nada é duradouro como a mudança.” (Ludwig Börne, 1786-1837) b) “Não se deve indagar sobre tudo: é melhor que muitas coisas permaneçam ocultas.” (Sófocles, 496-406 a.C.) c) “Nada é mais forte que o hábito.” (Ovídio, 43 a.C.-17 d.C.) d) “A estrada do excesso conduz ao palácio da sabedoria.” (William Blake, 1757-1827) e) “Todos julgam segundo a aparência, ninguém segundo a essência.” (Friedrich Schiller, 1759-1805) RESOLUÇÃO: [UNESP-2018] O soneto de Gregório de Matos tem como tema a inconstância como regra geral na natureza e na condição humana. Esse mesmo tema aparece em “Nada é duradouro como a mudança”. Resposta: A 6. (UNESP-2018) – A exemplo do verso “A firmeza somente na inconstância” (4.a estrofe), verifica-se a quebra da lógica em: a) “Mas no Sol e na Luz falte a firmeza” (3.a estrofe) b) “Se é tão formosa a Luz, por que não dura?” (2.a estrofe) c) “Depois da Luz se segue a noite escura” (1.a estrofe) d) “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia” (1.a estrofe) e) “E na alegria sinta-se tristeza.” (3.a estrofe) RESOLUÇÃO: [UNESP-2018] Ocorre “quebra da lógica” em “E na alegria sinta-se tristeza”. Nota-se no verso a concomitância de ideias que se opõem, isto é, de paradoxo, figura de pensamento recorrente na escola barroca, na qual se insere a poesia de Gregório de Matos. Resposta: E Leia o soneto XLVI, de Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), para responder aos testes 7 e 8. 7. (UNESP) – O tom predominante no soneto é de a) resignação. b) nostalgia. c) apatia. d) ingenuidade. e) inquietude. RESOLUÇÃO: Embora o soneto seja de um autor árcade, não há no texto o equilíbrio emocional da maioria dos poemas dessa escola. Nota-se a inquietude de quem ama, como explicita a passagem no fecho do poema: “Mas fora menos mal esta ânsia minha”. Esse desequilíbrio emocional mostra não só a influência da poética camoniana, como também a da barroca nos textos de Cláudio Manuel da Costa. Resposta: E 8. (UNESP) – No soneto, o menino e a avezinha, mencionados na primeira estrofe, são comparados, respectivamente, a) ao eu lírico e a Lise. b) a Lise e ao eu lírico. c) ao desatino e ao eu lírico. d) ao desatino e à liberdade. e) a Lise e à liberdade. RESOLUÇÃO: [UNESP] O menino e a avezinha são, respectivamente, comparados a Lise, a dominadora, e ao eu lírico, aprisionado amorosamente pela musa. Resposta: B Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria. Porém, se acaba o Sol,por que nascia? Se é tão formosa a Luz, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol e na Luz falte a firmeza, Na formosura não se dê constância, E na alegria sinta-se tristeza. Começa o mundo enfim pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstância. (Poemas Escolhidos) Não vês, Lise, brincar esse menino Com aquela avezinha? Estende o braço Deixa-a fugir, mas apertando o laço A condena outra vez ao seu destino. Nessa mesma figura, eu imagino Tens minha liberdade, pois, ao passo Que cuido que estou livre do embaraço, Então me prende mais meu desatino. Em um contínuo giro o pensamento Tanto a precipitar-me se encaminha, Que não vejo onde pare o meu tormento. Mas fora menos mal esta ânsia minha, Se me faltasse a mim o entendimento, Como falta a razão a esta avezinha. (Domício Proença Filho (org), A Poesia dos Inconfidentes, 1996) REVISAO 1_A_GERAL_PORT_2018_Yonne 03/09/2018 14:21 Página 15 16 – P O R T U G U ÊS A 1. (UNICAMP-SP) – Sabe-se que Coração, Cabeça e Estômago é uma obra atípica na produção ficcional de Camilo Castelo Branco. Em relação a essa obra, assinale a alternativa em que todas as características listadas são corretas. a) Inclusão da edição do livro como parte do jogo narrativo; sátira da poesia e das motivações espirituais; caracterização do herói como alguém incapaz de amar. b) Paródia da vida romântica e natural; espiritualização das necessi dades do corpo; transformação do herói ao longo da narrativa. c) Descrição da formação do indivíduo; caricatura dos valores e sentimentos românticos; impossibilidade de adaptação do herói à vida social. d) Caricatura das questões relacionadas ao espírito e à posição social; elogio irônico das motivações fisiológicas; ridicularização do herói. RESOLUÇÃO: [UNICAMP-SP-2017] Em Coração, Cabeça e Estômago, Camilo Castelo Branco constrói uma narrativa que rompe com os padrões dos folhetins românticos, por meio de forte crítica ao sentimentalismo, apresentando a trajetória de Silvestre da Silva em sua busca por conquistas amorosas, sociais, financeiras e intelectuais. A ironia, recurso frequentemente empregado pelo autor, percorre o romance, rebaixando personagens, instituições sociais e religiosas, comportamentos sentimentais, atividades jornalísticas e políticas, culminando no interesse exclusivo da personagem central de se dedicar aos prazeres do estômago, perpetuação única da felicidade e paz de espírito de Silvestre da Silva. Resposta: D 2. Obra contemporânea das novelas sentimentais do século XIX, Coração, Cabeça e Estômago, de Camilo Castelo Branco, registra um quadro da vida portuguesa dirigida pela sordidez, pela ambição e pelos prazeres sexuais e ligados à comida, em que as personagens vivem na ânsia de uma vida social rica e falsa, disfarçada por nobres intenções. Sobre essa obra, é correto afirmar: I. aborda ironicamente uma personagem pretensiosa. II. apresenta o adultério e a sedução revestidos de tom galhofeiro. III.traz a história de Silvestre da Silva, publicada por um amigo editor para saldar as dívidas do genial Silvestre. IV. inclui um editor que se abstém de tecer comentários sobre o texto de Silvestre da Silva. a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas I e III estão corretas. d) Apenas I, II e IV estão corretas. e) Todas as afirmativas estão corretas. RESOLUÇÃO: O editor não vai pagar os credores do amigo falecido, nem se abstém de tecer comentários sobre o texto de Silvestre da Silva (o editor não só comenta o texto, como o faz de maneira depreciativa). Resposta: A 3. Relacione as informações às personagens femininas do romance Coração, Cabeça e Estômago e, depois, assinale a alternativa correspondente: 1 – Leontina 2 – Margarida 3 – Dona Martinha 4 – Tupinoyoyo 5 – Mademoiselle Elise de La Salette ( ) Mulher que enganou Silvestre Silva numa rede de mentiras, ocultando seu passado promíscuo. ( ) Viúva de 35 anos, proprietária do hotel. ( ) Mestiça que se envolveu fortuitamente com o personagem central. ( ) Órfã, viveu da caridade de um ourives, amigo de seu falecido pai. ( ) Vizinha que teve uma relação fugaz com Silvestre. a) 1 – 2 – 3 – 4 – 5 b) 2 – 4 – 5 – 3 – 1 c) 3 – 1 – 2 – 5 – 4 d) 4 – 5 – 1 – 2 – 3 e) 5 – 3 – 4 – 1 – 2 RESOLUÇÃO: 5 – 3 – 4 – 1 – 2 Resposta: E Texto para os testes 4 e 5. 4. (FUVEST-SP) – Atente para as seguintes afirmações, extraídas e adaptadas de um estudo do crítico Augusto Meyer sobre José de Alencar: I. “Nesta obra, assim como nos ‘poemas americanos’ dos nossos poetas, palpita um sentimento sincero de distância poética e exotismo, de coisa notável por estranha para nós, embora a rotulemos como nativa.” II. “Mais do que diante de um relato, estamos diante de um poema, cujo conteúdo se concentra a cada passo na magia do ritmo e na graça da imagem.” III.“O tema do bom selvagem foi, neste caso, aproveitado para um romance histórico, que reproduz o enredo típico das narrativas de capa e espada, oriundas da novela de cavalaria.” Nasceu o dia e expirou. Já brilha na cabana de Araquém o fogo, companheiro da noite. Correm lentas e silenciosas, no azul do céu, as estrelas, filhas da lua, que esperam a volta da mãe ausente. Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem, sua vontade oscila de um a outro pensamento. Lá o espera a virgem loura dos castos afetos; aqui lhe sorri a virgem morena dos ardentes amores. Iracema recosta-se langue ao punho da rede; seus olhos negros e fúlgidos, ternos olhos de sabiá, buscam o estrangeiro, e lhe entram n’alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí, fascinado pela serpente, vai declinando o lascivo talhe, que se debruça enfim sobre o peito do guerreiro. (José de Alencar, Iracema) MÓDULO 66 Literatura e Análise de Textos Literários – II REVISAO 1_A_GERAL_PORT_2018_Yonne 03/09/2018 14:21 Página 16 – 17 P O R T U G U ÊS A É compatível com o trecho de Iracema aqui reproduzido, considerado no contexto dessa obra, o que se afirma em a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. RESOLUÇÃO: [FUVEST-SP-2017] Iracema é integrante da literatura indianista brasileira, que tem o indígena como elemento nativo e, portanto, símbolo de nossa identidade nacional. No entanto, o selvagem é apresentado como pertencente a um povo extinto e, pois, distante do contexto social a que pertencia o leitor romântico. A consequência desse processo ficcional é a construção de um texto no qual prevalece a “distância poética e exotismo”, o que valida a afirmação I. Além disso, o projeto inicial de Alencar na criação desse romance era apresentá-lo na forma de poesia. Ainda que tenha desistido dessa empreitada, o autor manteve no livro marcas típicas da linguagem poética, como ritmo, musicalidade e amplo emprego de comparações e metáforas. Confirma-se, dessa forma, a afirmação II. Por fim, deve-se lembrar que Iracema não apresenta um típico enredo de capa e espada, pois não possui uma narrativa de valentia e peripécias. Na verdade, é uma mistura de lenda com história de amor, o que desqualifica a afirmação III. Resposta: C 5. (FUVEST-SP) – No texto, corresponde a uma das convenções com que o Indianismo construía suas representações do indígena a) o emprego de sugestões de cunho mitológico compatíveis com o contexto. b) a caracterização da mulher como um ser dócil e desprovido de vontade própria. c) a ênfase na efemeridade da vida humana sob os trópicos. d) o uso de vocabulário primitivo e singelo, de extração oral-popular. e) a supressão de interdições morais relativas às práticas eróticas. RESOLUÇÃO: [FUVEST-SP-2017] No indianismo de José de Alencar e de Gonçalves Dias, há sugestões míticas, revistas no contexto nacionalista