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Aula 10 Construção do Conhecimento Científico

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Aula 10: A Construção do Conhecimento Científico pela Criança 
 
Objetivos: 
 
- Elucidar como se dá a construção do conhecimento científico pela criança; 
- Destacar a importância da experimentação para a construção do conhecimento; 
- Evidenciar as etapas que antecedem a conceituação formal e científica; 
- Apresentar o processo de construção do conhecimento científico pelo indivíduo. 
 
Metodologias: 
 
- Apresentação de slides; 
- Discussão sobre os conceitos apresentados; 
- Debate com a turma sobre o assunto; 
 
 
 
Aula 10: A Construção do Conhecimento Científico pela Criança 
 
1 Como se dá a construção do conhecimento científico pela criança? 
➢ Da experiência à conceituação 
 
O que é trabalhar com a face cognitiva da experiência? Reconhecemos pelo menos dois significados 
diferentes para “experiência”: fazer experiências e saber experimentar. O primeiro se manifesta no plano 
concreto quando os alunos expressam suas representações implícitas (o que já observaram sobre o fenômeno). 
O segundo se manifesta num plano abstrato, o do procedimento experimental, no qual as representações são 
construídas e permitem substituir a experiência real pela experiência mental. 
A passagem de um para o outro não é simples. Muitas das experiências que propomos na educação 
infantil estão mais próximas do fazer experiências, nas quais os alunos se mostram entusiasmados pelo prazer 
da ação e do ensaio sem se preocupar com a investigação. A partir do 2º ano, as aulas de Ciências podem 
contribuir para que o aluno construa ferramentas que o ajudem a apurar a sua observação dos fenômenos em 
busca do “saber experimentar”. 
De acordo com o pensamento do biólogo e pensador Jean Piaget, é certo que o saber 
experimentar será desenvolvido pelos alunos a partir dos 10-11 anos, pois exige deles o pensamento 
formal que é necessário para antecipar hipoteticamente resultados, próprios do plano mental. 
Então, deve-se concluir que precisamos esperar a progressão dos estágios de desenvolvimento 
intelectual para que os alunos estejam prontos para saber experimentar? Mais vale retomar o ponto de vista 
de Vygotski , outro pensador do campo da educação, e considerar as práticas experimentais como motivação 
intelectual dos alunos para lidar na sua zona de desenvolvimento proximal, na qual ultrapassa suas 
possibilidades conceituais de momento, na medida em que as situações de aprendizagem se apresentem na 
interação com o professor e com o grupo. 
 
“O pensamento formal não surge quando eles estão a dormir 
(aliás, nem todos os adultos têm imediatamente acesso a ele), 
mas, pode ser estimulado através de atividades exigentes 
mas acessíveis, por meio do esforço coletivo e individual”. 
 
 
 
➢ O processo da conceituação 
 
Na busca pela compreensão do que se observou na atividade experimental, se inicia o processo de 
reflexão do aluno. É neste momento que ele toma consciência de suas próprias ações, procura uma explicação 
para o fenômeno observado e estabelece relações com o que pensava anteriormente. Como já se sabe, não é 
fácil para o aluno abrir mão de sua hipótese inicial. Por isso, é essencial que o tempo na sala de aula seja 
dedicado às discussões entre os alunos. 
Nessas conversas, comunicam o que observaram e desenvolvem argumentos. A princípio, podem 
fazê-lo apenas sob a forma de relato ou descrições de suas ações. Contudo, esta fase é importante para que 
estabeleçam, em pensamento, relações lógico-matemáticas e causais. Pensando no que fazem, estabelecem 
relações que, gradualmente, vão se desvinculando da sua própria ação sobre o objeto para 
observar as modificações físico-químicas que ocorreram com o objeto de estudo. Nessa passagem – das ações 
executadas pelo próprio sujeito para a relação entre os atributos do objeto – se inicia a conceituação. 
 
2 O processo de construção do conhecimento científico 
 
É fato que muitos alunos que passam pelo ensino formal têm interesse pelas diferentes áreas do 
conhecimento, incluindo aqui um interesse especial pela área das ciências naturais. E esse interesse não é à 
toa. Saber explicar os porquês dos fenômenos que nos cercam, observar atentamente as fases da Lua, por 
exemplo, compreender como ocorre o batimento do seu próprio coração ou como uma flor pequenina e 
delicada é tão importante no ciclo de vida de uma floresta inteira carregam a beleza evidente de conhecer a 
natureza. Mas como se dá o processo de aproximação do ensino formal escolar ao conhecimento promovido 
na academia, tão rigoroso, científico e carregado de termos específicos sem perder essa magia da descoberta? 
Talvez, o processo da experimentação caiba como uma saída apropriada. 
A experimentação no âmbito escolar, em sentido mais amplo, pode ser compreendida como um 
conjunto de atividades em que predominam a observação qualitativa e/ou quantitativa de dados coletados a 
partir de técnicas simples, realizados em sala ou no laboratório, que evidenciem ou provoquem a 
desestabilização das concepções prévias que os alunos têm sobre diferentes fenômenos ou conceitos 
relacionados à ciência (Astolfi, 1998). Essa experimentação, segundo o autor, tem lugar e sentido em três 
diferentes modelos metodológicos: 
 
➢ A experimentação-ação: que remete ao controle pela situação. 
➢ A experimentação-objeto: que remete ao controle pelo método. 
➢ A experimentação-ferramenta: que remete ao controle pelo saber. 
 
A experimentação-ação é aquela que corresponde ao desenvolvimento de habilidades relacionadas 
ao saber fazer e a manipular instrumentos que futuramente poderão ser utilizados em outras experimentações. 
São aquelas em que o aluno vai aprender a tocar nos instrumentos, vai aprender a formular hipóteses e 
pensamentos, vai aprender a selecionar aquilo que é mais significativo dos resultados observados. 
A experimentação-objeto, por outro lado, se configura na realização de protocolos mais direcionados 
que têm por objetivo a verificação ou a refutação de uma ideia. Esse tipo de experimentação ajuda os alunos 
a construírem um problema, perceberem quais são as dúvidas, em que locais estão as incertezas, e argumenta r 
na defesa ou no ataque às ideias. 
Por fim, a experimentação-ferramenta é aquela que está a serviço da construção de um conceito. Será 
um conjunto de experimentações, propostas pelo professor, que farão com que os alunos alcancem a definição 
de um conceito específico. 
Numa sequência didática dessa natureza, os alunos serão convidados a pôr à prova aquilo que sabem, 
poderão refletir sobre os limites das teorias e não apenas farão meras repetições de experimentações já 
consagradas, mas sim, deverão validar aquilo que perceberam em novas situações, comprovando suas 
conclusões e aprendendo com elas. Nesse percurso, também poderão ser os autores das novas propostas.

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