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Lei 8.069/90 
Estatuto da Criança e do 
Adolescente 
Histórico 
- A primeira norma a viger em solo brasileiro voltada 
à condição específica da criança e do adolescente foi o 
Código Criminal do Império, 1830, que previa que os 
menos de 14 anos não seriam julgados como 
criminosos (art. 10), salvo se cometido com 
discernimento (art. 13) 
- A segunda norma brasileira considerada de 
proteção à criança e ao adolescente foi a denominada 
“Lei do Ventre Livre (1871)”, assinada pela Princesa 
Isabel. Norma de caráter abolicionista, a qual previa a 
liberdade para os filhos das escravas cativas. 
 
- Contudo, uma legislação específica à criança e ao 
adolescente apenas viria em 1927, com o chamado 
„Código de Menores”. Esse diploma ensaiou uma 
política assistencialista ao menor de responsabilidade 
do Estado. 
 
- O grande problema dessa legislação é que não havia 
um tratamento especializado às diversas situações do 
menor (exemplo: em abandono, exposto, infrator, 
etc). De certa maneira igualava as diferentes 
realidades dos menores para tutelá-los. 
 
-Em âmbito Constitucional, a matéria criança e 
adolescente apareceu com maior ênfase na Carta de 1937, 
art. 127: “A infância e a juventude devem ser objeto de 
cuidados e garantias especiais por parte do Estado, que 
tomará todas as medidas destinadas a assegurar-lhes 
condições físicas e morais de vida sã e de harmonioso 
desenvolvimento das suas faculdades. O abandono moral, 
intelectual ou físico da infância e da juventude importará 
falta grave dos responsáveis por sua guarda e educação, e 
cria ao Estado o dever de provê-las do conforto e dos 
cuidados indispensáveis à preservação física e moral. Aos 
pais miseráveis assiste o direito de invocar o auxílio e 
proteção do Estado para a subsistência e educação da sua 
prole.” 
- Em 1979, com a Lei 6.697, que estatuiu um novo 
“Código de Menores”, não houve avanços 
significativos com relação a codificação anterior, 
persistindo o problema central da tratativa do 
menor de maneira geral, sem personalizar as 
diferentes situações de cada um deles. 
 
- Constituição Federal 1988: Art. 227, trouxe a 
tutela da criança e do adolescente, regulamentada 
mais tarde pela Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança 
e do Adolescente. 
 
 
- Mudança de paradigma com a CF/88: O que é relevante 
estabelecer aqui é que até a Carta de 1988, a Legislação 
brasileira comungava da chamada “doutrina da situação 
irregular.” Significa que as normas criadas eram voltadas a 
atender a criança e o adolescente em situação de abandono, 
delinquência, etc, ou seja aquele indivíduo cujas prerrogativas 
já experimentavam alguma forma de violação. 
A partir da Constituição de 1988, houve a percepção por parte 
do legislador que sua atuação também preventiva e não apenas 
de remediação, se fazia necessária à tutela adequada da criança 
e do adolescente, deixando assim de atuar apenas em casos de 
infração às suas prerrogativas, mas adotando ações também 
voltadas à efetiva garantia dessas prerrogativas. Diz-se com 
isso que a partir da Constituição de 1988, o legislador adotou a 
“doutrina da proteção integral” 
 
- Na lição de ANDREA RODRIGUES AMIN, são 
três os princípios gerais do ECA: 
 
• Princípio da prioridade absoluta; 
 
• Princípio do melhor interesse; 
 
• Princípio da municipalização 
 
Princípio da Prioridade Absoluta 
 
Princípio constitucional estabelecido pelo art. 227, 
CF, e regulamentação pelo art. 4º, ECA. 
 
-Estabelece a priorização da criança e adolescente 
em todas as esferas de interesses e de Poder; é 
dizer, o interesse da criança e do adolescente 
prevalece na esfera familiar, social, educacional, 
como ainda em âmbito dos Poderes da República 
(Executivo, Legislativo e Judiciário) 
 
 
-Leva em conta a condição da criança e do adolescente na 
situação peculiar de fragilidade frente aos demais entes 
sociais, superior, inclusive, ao próprio idoso. Exemplo: em 
uma fila de transplante de órgãos em que presente um 
idoso e uma criança em igualdade de estado de saúde, 
será priorizada à criança para receber aquele órgão, ainda 
que o idoso se encontre em posição superior naquela fila. 
(importante destacar que o bom senso não deve nunca 
abandonar a aplicação das normas: nesse exemplo, 
supondo que o idoso esteja em estado de saúde mais 
crítico e a criança apresenta condições de aguardar mais 
tempo outro órgão, evidentemente que será atendido o 
idoso). 
 
-Exemplo em âmbito do Poder Judiciário: em 1996 
foram criadas 03 varas especializadas da Infância 
e Juventude pelo Tribunal de Justiça do Rio de 
Janeiro e apenas instaladas em 2009, até então 
existiam apenas 02 varas dessa especialidade, 
uma para atender atos infracionais e a outra todo 
o resto. Lado outro, só no ano de 1996 foram 
criados e instalados 60 juizados especiais cíveis e 
criminais. (não atendeu à prioridade absoluta da 
criança e do adolescente) 
 
-Poder Executivo: comum preterir os interesses da 
criança e do adolescente frente a outras políticas 
públicas. Exemplo: (STJ, REsp 577836-SC – 
Obrigatoriedade do Estado em dispensar tratamento 
médico-hospitalar adequado a 6.000 crianças em 
tratamento médico-cirúrgico irregular e deficiente em 
hospital infantil daquele Estado. “Não encerra 
suposta ingerência do Judiciário na esfera da 
administração. Deveras, não há discricionariedade do 
administrador frente aos direitos consagrados...” 
(Luiz Fux) 
-As prioridades asseguradas no art. 4º, ECA, não 
são taxativas, representando, nos dizeres de 
DALMO DE ABREU DALLARI, mero rol 
exemplificativo. 
 
-Decorrência dessa prioridade absoluta pode-se 
citar o disposto no art. 212, CF, o qual, obriga a 
aplicação de no mínimo 18% (União) e 25% 
(Estados e Municípios) de suas receitas tributárias 
na educação. 
 
Princípio do Melhor Interesse 
 
-Origem no instituto protetivo do parens patrie do 
direito anglo-saxônico, no qual o Estado 
outorgava para si a guarda dos indivíduos 
juridicamente limitados – menores e loucos. 
 
-Adotado pela Declaração dos Direitos da Criança 
de 1959 e introduzido no art. 5º do Código de 
Menores. 
 
 
-Trata-se de princípio orientador tanto para o 
legislador quanto e principalmente para o 
aplicador da norma, determinando a primazia das 
necessidades da criança e do adolescente como 
critério de interpretação da lei, deslinde de 
conflitos e mesmo para elaboração de futuras 
regras. Desse modo, na análise do caso concreto, 
acima de todas as circunstâncias fáticas e 
jurídicas, deve pairar o princípio do melhor 
interesse da criança e do adolescente. 
Princípio da Municipalização 
 
- Previsto no art. 88, ECA. 
 
- A CF/88 descentralizou e ampliou a política 
assistencial, reservando a execução de políticas 
assistenciais às esferas Estadual e Municipal. A razão 
dessa medida é a maior facilitação da implantação e 
fiscalização de programas e metas nessas esferas, 
notadamente a municipal, até mesmo pela 
proximidade do Poder Público e maior facilitação 
quanto a adaptações necessárias à realidade local. (Ex. 
art. 208, CF) 
 
- O ECA endereça à duas figuras jurídicas: criança e 
adolescente. O art. 2º, ECA, estabelece critério 
puramente cronológico para diferenciar ambas as 
figuras. 
-Criança: Até 12 anos incompletos; 
-Adolescente: Entre 12 e 18 anos completos. 
-Menor: Em que pese adotado pelo Código Civil e 
penal, o termo “menor” é considerado pejorativo, 
pois remete ao antigo “Código de Menores” que 
tratava crianças e adolescentes em situação irregular, 
e as fazia carregar o estigma da marginalização, 
delinquência, abandono. 
 
 
 
 
- A Convenção sobre os Direitos da Criança não 
prevê a figura do adolescente. Seu artigo 1º 
considera criançatodo ser humano com menos de 
18 anos. 
 
-Jovem: Figura jurídica criada com a Emenda 
Constitucional 65/10, que promoveu alterações 
no art. 227, CF, introduzindo a figura do jovem. 
Atribui-se sua origem à Organização Ibero-
Americana de Juventude e a Convenção Ibero-
americana dos Direitos dos Jovens, de 2005. 
 
-Considera jovem o ser humano com idade entre 
15 e 24 anos de idade. 
 
-Antes da Emenda 65/10, e por força da 
Convenção acima mencionada, o Brasil já contava 
com a Secretaria Nacional da Juventude, 
vinculada à Secretaria Nacional da Presidência da 
República. Faz parte da Secretaria Nacional da 
Juventude, o Programa Nacional de Inclusão do 
Jovem – PROJOVEM. 
-Uma das alterações no art. 227, foi a previsão de 
criação do Estatuto da juventude, destinado a regular 
os direitos dos jovens, o que foi feito através da Lei 
12.852/2013. Por este estatuto, jovem é o ser humano 
com idade entre 15 e 29 anos de idade. 
 
-E a pessoa entre 15 e 18 anos? Também é considerada 
adolescente pelo ECA e não há nenhum conflito nessa 
associação. O próprio Estatuto da Juventude trouxe 
norma segundo a qual para as pessoas nessa faixa 
etária aplica-se tanto o ECA quanto a Ejuve, e no caso 
de conflito entre ambos, prevalece o ECA. (art. 1º, Par. 
2º) 
 
Medidas de Proteção ou Medidas Protetivas 
 
-Conceito: Ações ou programas de caráter 
assistencial, aplicadas isolada ou 
cumulativamente, quando a criança ou 
adolescente estiver em situação de risco, ou 
quando da prática de ato infracional. 
 
-Característica: transitoriedade 
-Competência para aplicação das medidas 
protetivas: São dois órgãos com competência: i) 
Vara Judiciária da Infância e juventude; ii) 
Conselho Tutelar. 
 
a) -Vara da Infância e Juventude: Pode aplicar 
qualquer das medidas protetivas previstas no art. 
101, ECA. 
b) Conselho Tutelar: Não tem competência para 
aplicar: i) acolhimento institucional*(antigos 
abrigos públicos – casa de passagem, casa-lar e 
república.); acolhimento familiar(família 
extensiva); colocação em família substituta. 
* Em caso urgente e excepcional, o Conselho 
Tutelar pode encaminhar a criança ou adolescente 
para acolhimento institucional, comunicando o 
Juiz responsável no prazo de 24 horas do fato. 
(art. 93, ECA) 
 
 
 
-A decisão do conselho tutelar pode ser revista a 
qualquer momento pela Vara da Infância e 
Juventude, a requerimento do interessado ( art. 
137, ECA) 
 
 
 
ADOÇÃO 
 
 
 
- A adoção é espécie de colocação em família em 
substituta. Dentro do gênero “colocação em 
família substituta”, temos: 
a) Guarda: De maneira natural, a guarda decorre do 
poder familiar; os pais tem o dever de auxílio material, 
moral, afetivo, abrigo e educação dos filhos. Quando não 
cumprem com esse dever natural não é atendido a 
contento, ocorre uma ruptura entre o poder familiar e o 
dever de guarda, ganhando este natureza jurídica 
diferenciada, transformando-se em modalidade de 
colocação em família substituta. 
 
-Dever de guarda: Decorre do poder familiar; previsto nos 
artigos 1.566, IV; 1.583 e 1.584, caput. 
 
-Guarda como espécie de colocação em família 
substituta: art. 28 e ss. do ECA. 
 
-Destina-se a regular a posse de fato. Obriga a 
prestação de assistência material, moral e 
educacional, conferindo ao seu detentor o direito de 
opor-se a terceiros, inclusive aos pais. 
 
-Medida sempre provisória, pois é medida que 
antecede a devolução da pessoa em desenvolvimento 
para o seio de sua família natural ou que vige até que 
haja o encaminhamento da criança ou adolescente 
para uma família substituta definitiva, ou seja, pais 
adotivos. 
 
-Não implica na destituição do poder familiar. 
 
 
b) Tutela: Forma de colocação em família 
substituta que além de regularizar a posse de fato 
da criança e adolescente, também confere direito 
de representação ao tutor, permitindo a 
administração de bens e interesses do pupilo. 
 
-Pressupõe a destituição ou suspensão do poder 
familiar. Seu raio de abrangência é maior que a 
simples guarda, sendo o seu exercício 
incompatível com o poder familiar. 
 
 
- Previsão legal: art. 39 e ss. do Eca (Lei 
8.069/90), que revogou os artigos 1.620/29 do 
CC. 
- Restou tão somente o art. 1.618, que prevê a 
aplicação do ECA, e o art. 1.619, que trata da 
adoção de adultos aplicando-se no que couber 
o ECA. Toda adoção, a partir da Lei 12.010/09, 
é regida pelo ECA. 
 
 
 
- Conceito: Medida protetiva, excepcional e 
irrevogável, de colocação em família substituta, 
que estabelece o parentesco civil entre adotantes e 
adotados. 
Espécies de Adoção 
 
1) Adoção unilateral: Pressupõe o rompimento do 
vínculo de filiação com apenas um dos pais 
biológicos. Exemplo: um dos cônjuges pretende 
adotar o filho do outro. 
 
- Pressupõe a prévia destituição do Poder Familiar do 
pai biológico da criança. 
 
-Padrasto tem legitimidade para propositura da ação 
de destituição de poder familiar? STJ já decidiu que 
sim. (REsp 1.106.637/SP) 
 
 
 
- Dispensa-se a fase do estágio de convivência e 
do cadastro prévio do adotante (art. 50, § 13, I, 
ECA) 
 
-O registro da sentença de adoção não cancelará o 
registro anterior; será essa decisão averbada à 
margem do assento originário 
 
Beatriz, quando solteira, adotou o bebê Théo. Passados dois anos da adoção, Beatriz começou 
a viver em união estável com Leandro. Em razão das constantes viagens a trabalho de Beatriz, 
Leandro era quem diariamente cuidava de Théo, participando de todas as atividades 
escolares. Théo reconheceu Leandro como pai. Quando Beatriz e Leandro terminaram o 
relacionamento, Théo já contava com 15 anos de idade. Leandro, atendendo a um pedido do 
adolescente, decide ingressar com ação de adoção unilateral do infante. Beatriz discorda do 
pedido, sob o argumento de que a união estável está extinta e que não mantém um bom 
relacionamento com Leandro. Considerando o Princípio do Superior Interesse da Criança e 
do Adolescente e a Prioridade Absoluta no Tratamento de seus Direitos, Théo pode ser 
adotado por Leandro? 
A) Não, pois, para a adoção unilateral, é imprescindível que Beatriz concorde com o pedido. 
B) Sim, caso haja, no curso do processo, acordo entre Beatriz e Leandro, regulamentando a 
convivência familiar de Théo. 
C) Não, pois somente os pretendentes casados, ou que vivam em união estável, podem 
ingressar com ação de adoção unilateral. 
D) Sim, o pedido de adoção unilateral formulado por Leandro poderá, excepcionalmente, ser 
deferido e, ainda que de forma não consensual, regulamentada a convivência familiar de 
Théo com os pais. 
 
2) Adoção bilateral: Rompe-se o vínculo de 
filiação com ambos os genitores; 
3) Adoção Plurilateral: Rompimento de mais 
de dois vínculos de filiação. Exemplo: infante que 
tem em seu registro dois pais, um biológico e 
outro socioafetivo. 
4) Adoção alateral: Não há rompimento de 
nenhum vínculo familiar. Exemplo: infante 
abandonado; adoção unilateral de criança sem 
paternidade registrada. 
 
 
5) Adoção Conjunta: (art. 42, § 2º, ECA). É 
aquela requerida por duas pessoas. 
 
- De acordo com esse dispositivo, é necessário que 
ambos sejam casados civilmente ou mantenham 
união estável, comprovada a estabilidade 
familiar. 
 
 
 
-Divorciados, separados judicialmente ou ex 
companheiros podem adotar conjuntamente? 
Podem se o estágio de convivência tenha sido 
iniciado na constância do período de convivência 
comum, e desde que haja acordo sobre a guarda e 
regime de visitas, e desde que comprovada a 
existência de vínculos de afinidade e afetividade 
com aquele não detentor da guarda, que 
justifiquem a excepcionalidade da concessão (art. 
42, § 4º, ECA)6) Adoção Consentida: Infante que possui pais 
registrais e esses consentem com a adoção; abrem 
mão do poder familiar; 
 
7) Adoção Não Consentida: Faz-se necessário 
um procedimento judicial prévio de destituição 
do poder familiar. 
 
8) Adoção póstuma, nuncupativa ou post mortem: 
Em regra, a adoção somente se constitui por sentença 
judicial, tornando-se definitiva com o trânsito em 
julgado. A exceção é a adoção póstuma, que se 
considera definitivamente materializado o parentesco 
civil não com o trânsito em julgado, mas a partir da 
data do óbito do adotante, retroagindo seus efeitos. 
 
-A condição é que exista inequívoca manifestação de 
vontade do adotante em adotar(art. 42, § 6º, ECA) 
 
 
-Processo de adoção deve existir à data do 
falecimento. 
 
-Exceção: STJ, REsp 457.635-PB: dispensou a 
existência do processo priorizando a existência de 
manifestação inequívoca da vontade de adotar 
mediante outros documentos. 
 
 
-Exceção: REsp 457.635-PB, dispensou a questão 
do processo já distribuído priorizando 
documentos outros que revelam a inequívoca 
manifestação da intenção de adotar. 
 
-A condição é que exista inequívoca manifestação 
de vontade do adotante em adotar(art. 42, § 6º, 
ECA) 
 
 
 
 
9) Adoção Personalíssima ou intuito personae: 
É exceção à regra do sistema. Concedida a 
adotantes sem o prévio cadastro. São aquelas 
situações previstas no art. 50, § 13 
- Casais Homossexuais: Algum tempo atrás a 
discussão era se casais homossexuais poderiam 
adotar e se companheiro homossexual poderia 
realizar a adoção unilateral do filho do 
companheiro homossexual. O ponto final dessa 
discussão foi o julgamento da ADIn 4.277 e ADPF 
132 pelo STF reconhecendo a possibilidade de 
união estável entre pessoas do mesmo sexo. E o 
julgamento do REsp 1.085.646/RS, relatado pela 
Min. Nancy Andrighi no mesmo sentido. 
 
Quanto a adoção unilateral de filho de 
companheiro homoafetivo, o parâmetro é o REsp 
1.281.093/SP, reconhecendo sua possibilidade. 
 
E, finalmente, a Resolução 175/2013 do CNJ 
quanto a permissibilidade de habilitação de 
casamento civil para pessoas do mesmo sexo. 
 
Características da Adoção 
 
a) Ato personalíssimo; é vedada a adoção por 
procuração (art. 39, § 2º) 
 
b) Excepcional; deve-se sempre priorizar a família 
natural. A família substituta deve ser, primeiramente, 
provisória, pois sempre se entende pela possibilidade 
de retorno à família natural. Apenas nessa 
impossibilidade e como medida excepcional, será 
posta em família substituta. 
 
- Essa família substituta provisória deve ser 
conferida à sua família extensa ou ampliada, 
instituto criado pela nova Lei, que compreende 
parentes que mantenham vínculo de afinidade e 
efetividade com a criança. Ex: avós e tios. 
 
- A família extensiva ou ampliada será priorizada 
em caso de adoção definitiva da criança e 
adolescente, e apenas na impossibilidade ou 
inexistência desses, é que será deferida a terceiros. 
 
c) Irrevogável; vínculo de adoção jamais será 
desfeito? Errado. Pode ser desfeito mediante processo 
judicial específico, tal qual ocorre com a destituição 
do poder familiar. 
 
-Exceção: Apelação 1.702.09.568648-2 – TJMG: pais 
que “desistem” da adoção, devem indenizar por dano 
moral e material, na forma de alimentos; Apelação 
0006658-72.2010.8.26.0266 – TJSP: pais adotivos que 
desistiram de criar os filhos foram condenados em 
danos morais, mas não reconheceu alimentos por 
entender que a destituição do poder familiar cessa o 
dever de sustento. 
 
d) Incaducável; A morte do adotante não 
restabelece o poder familiar dos pais naturais. 
 
e) Plena; Adotado possui a mesma condição de 
filho biológico, ou seja, mesmos direitos e 
deveres, desligando-se completamente dos laços 
parentescos da família natural. 
 
-Exceção: Permanece íntegro o impedimentos 
matrimoniais, motivada por questões de saúde da 
eventual prole. 
 
f) constituída por sentença judicial; Não se 
admite mais adoção por escritura pública. 
 
- Da sentença, expedirá mandato à Serventia de 
Registro Civil das Pessoas Naturais para 
cancelamento do registro anterior e realização de 
novo registro. A critério do adotante, esse novo 
registro pode ser feito na Serventia da 
circunscrição da residência do adotante. (art. 47, § 
3º, ECA) 
 
- Art. 47, § 5ª, ECA: “A sentença conferirá ao adotado 
o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, 
poderá determinar a modificação do prenome.” Esse 
dispositivo cuida da alteração do nome quanto ao 
prenome. 
 
-Essa possibilidade não fica adstrita a criança ou 
adolescente, mas a previsão é indistinta. 
 
- Processo de adoção que envolva crianças ou 
adolescente com deficiência ou com doença crônica 
terá prioridade de tramitação. (art. 47, § 9º, ECA) 
 
Requisitos subjetivos para adoção 
 
a) idoneidade do adotante; 
 
b) motivos legítimos/desejo de filiação 
 
c) reais vantagens para o adotando 
 
Requisitos Objetivos para Adoção 
 
a) Idade: (art. 42, ECA). Podem adotar os 
maiores de 18 anos, desde que se respeite uma 
diferença de idade mínima entre adotado e 
adotante de 16 anos. 
 
- Em se tratando de adoção bilateral, apenas um 
dos adotantes deve atender a esses requisitos; 
 
 
b) Consentimento dos pais e do adolescente ou 
destituição do poder familiar: Para que se aperfeiçoe 
a adoção é necessário que haja consentimento dos 
pais biológicos ou dos representantes legais. Esse 
consentimento será dispensado se os pais forem 
desconhecidos ou se houverem sido destituídos do 
poder familiar. (art. 45, § 1º, ECA) 
-Adotando maior de 12 anos: Deve haver seu 
consentimento com a adoção. (art. 45, § 2º, ECA). 
Crianças também serão ouvidas ainda que sua 
manifestação não seja determinante. 
Trata-se de uma decorrência do princípio da proteção 
integral em que crianças e adolescentes são sujeitos 
de direito, e não objeto de proteção. 
 
-Art. 166, § 5º, ECA: O consentimento é retratável até 
a data da publicação da sentença constitutiva. Esse 
dispositivo foi alterado em 2017, passando a vigorar: 
“O consentimento é retratável até a data da realização da 
audiência especificada no § 1o deste artigo, e os pais podem 
exercer o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, 
contado da data de prolação da sentença de extinção do 
poder familiar.” 
 
c) Precedência de Estágio de Convivência: 
-Art. 46, ECA: “A adoção será precedida de estágio de 
convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo 
máximo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da 
criança ou adolescente e as peculiaridades do caso.” 
(Alteração recente de 2017. Antes não havia prazo definido, 
ficava a critério do juiz.) 
-O estágio de convivência tem como finalidade 
verificar a compatibilidade entre adotante e 
adotando. É precedido de estudo psicossocial que tem 
por finalidade apurar a presença dos requisitos 
subjetivos para adoção. 
 
 
-Art. 46, § 1º, ECA: “O estágio de convivência poderá 
ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou 
guarda legal do adotante durante tempo suficiente para 
que seja possível avaliar a conveniência da constituição 
do vínculo”. (a legislação anterior também 
dispensava o estágio de convivência se o 
adotando tivesse menos de 01 ano. Essa 
possibilidade foi revogada) 
 
- § 2º, ECA: “A simples guarda de fato não autoriza, 
por si só, a dispensa da realização do estágio de 
convivência.” 
 
- § 2º-A, ECA: “O prazo máximo estabelecido no 
caput deste artigo pode ser prorrogado por até igual 
período, mediante decisão fundamentada da autoridade 
judiciária.” 
 
 
- § 3º, ECA: “Em caso de adoção por pessoa ou 
casal residenteou domiciliado fora do País, o 
estágio de convivência será de, no mínimo, 30 
(trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco) 
dias, prorrogável por até igual período, uma 
única vez, mediante decisão fundamentada da 
autoridade judiciária” 
 
 
- § 4º, ECA: “O estágio de convivência será 
acompanhado pela equipe interprofissional a 
serviço da Justiça da Infância e da Juventude, 
preferencialmente com apoio dos técnicos 
responsáveis pela execução da política de garantia 
do direito à convivência familiar, que 
apresentarão relatório minucioso acerca da 
conveniência do deferimento da medida.” 
 
 
 
-§ 5º, ECA: “O estágio de convivência será cumprido 
no território nacional, preferencialmente na comarca de 
residência da criança ou adolescente, ou, a critério do 
juiz, em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer 
hipótese, a competência do juízo da comarca de 
residência da criança.” 
 
d) Prévio Cadastramento: Para adotar a família 
substituta deve estar inscrita no cadastro por meio 
de um procedimento previsto no art. 197-A e ss. 
do ECA. 
 
- Em alguns casos, esse cadastro é dispensado: 
(art. 50, § 13, ECA) 
 
 
“§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de 
candidato domiciliado no Brasil não cadastrado 
previamente nos termos desta Lei quando: 
 
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; 
 
II - for formulada por parente com o qual a criança ou 
adolescente mantenha vínculos de afinidade e 
afetividade; 
 
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou 
guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou 
adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência 
comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e 
não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer 
das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. 
 
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o 
candidato deverá comprovar, no curso do 
procedimento, que preenche os requisitos necessários à 
adoção, conforme previsto nesta Lei.” 
 
 
- Entretanto, a jurisprudência tem dado 
interpretação extensiva a esse dispositivo: STJ, 
REsp 1.172.067-MG. Dispensou o prévio 
cadastramento considerando o fato dos adotantes 
já ter convívio diário com o adotando com o 
consentimento da mãe biológica 
Impedimentos para a Adoção 
 
- De acordo com o art. 42, § 1º, ECA, não pode 
adotar os ascendentes e os irmãos do adotando. 
Também não pode adotar o tutor e o curador 
senão depois de prestadas as contas da 
administração dos bens do pupilo ou do 
curatelado.(art. 44, ECA) 
 
 
 
-Os fundamentos para essa proibição é a “...quebra 
da harmonia familiar e confusão entre os graus de 
parentesco, inobservando-se a ordem natural existente 
entre parentes”. (LUCIANO ALVES ROSSATO) 
-Exceção: O STJ no REsp 1.448.969-SC, reconheceu 
a adoção em favor de avós por considerar 
condições especiais nesse caso: segundo o STJ os 
adotantes já haviam adotado a mãe do adotando 
estando ela grávida deste fruto de abuso sexual. 
Portanto, o adotando sempre teve contado com os 
adotantes desde seu nascimento. Ainda, o 
adotando, embora tenha ciência de seu vínculo 
genético, reconhece os adotantes como seus país, 
e sua mãe biológica como irmã. 
Direito à Paternidade Científica ou Biológica: 
conhecimento da ascendência genética e acesso aos 
autos do processo de adoção 
- O art. 48, ECA, garante à pessoa o direito de 
conhecer sua origem biológica, se maior de 18 anos. O 
parágrafo único desse artigo também garante esse 
direito aos menores de 18 anos, assegurada 
orientação e assistência psicológica e jurídica. 
 
-Trata-se esse direito de decorrência lógica do direito 
constitucional fundamental à identidade do 
indivíduo. 
 
-Esse direito é facultado de 02 formas: 
 
a) acesso aos autos do processo de adoção; 
b) ação investigatória de ascendência genética; 
 
-A ação investigatória de ascendência não 
interfere no vínculo de filiação já existente com os 
pais adotivos, nem tão pouco restabelece o poder 
familiar dos pais biológicos. 
 
-Ação investigatória de ascendência ≠ Ação de 
investigação de paternidade: Ambas são ações de 
estado, logo imprescritíveis. Porém a investigatória 
não tem o condão de estabelecer vínculos jurídicos; os 
pais biológicos descobertos não estarão obrigados aos 
deveres de guarda e sustento. 
 
-Aplicação na ação investigatória de ascendência o 
disposto no art. 2-A, da Lei 8.560/92, ou seja, a recusa 
a se submeter a exame de DNA, gera presunção de 
paternidade. Trata-se da legalização da Súmula 301, 
STJ. 
 
- Art. 227, § 5º, CF: “A adoção será assistida pelo 
Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos 
e condições de sua efetivação por parte de 
estrangeiros.” 
 
- Conceito: (art. 51, ECA). Aquela em que o adotante 
ou casal adotante é residente ou domiciliado fora do 
Brasil. 
 
 
 
 
- Caráter subsidiário: Diz-se caráter subsidiário 
para a adoção internacional uma vez que essa só 
será deferida na hipótese de absoluta 
impossibilidade de adoção nacional; a prioridade 
é a adoção nacional; é a última solução para 
colocação em família substituta. 
Condição para Admissibilidade da Adoção 
Internacional 
 
- A normativa contida no ECA tem como 
precedente a Convenção de Haia de 93, relativa à 
proteção das crianças e à Cooperação em Matéria 
de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto 
Legislativo 01/1999 e promulgada pelo Dec. 
3.087/1999 
 
a) Intervenção das autoridades centrais estaduais e 
federal em matéria de adoção internacional: O 
interessado deve formular pedido de habilitação 
perante a autoridade central em matéria de adoção 
internacional do pais de acolhida, que é aquele em 
que situada sua residência habitual. 
 
-A cooperação em matéria de adoção internacional 
pressupõe que cada país tenha a sua autoridade 
central de adoção, encarregada de dar cumprimento 
às obrigações impostas pela Convenção de Haia. 
 
- No brasil, essa autoridade central é representada 
pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, e 
outras autoridades estaduais. 
 
-País de origem: Local em que se encontra a 
criança ou adolescente em condições de ser 
adotado; 
 
-País de acolhida: residência ou domicílio da 
pessoa interessada na adoção. 
 
 
 
b) Que a colocação em família substituta seja a 
solução adequada ao caso concreto, sendo a 
adoção internacional medida subsidiária ou 
excepcional: A adoção, por si só, já é medida 
excepcional, que só é adotada quando esgotada 
todas as possibilidades de manutenção ou retorno 
da criança e do adolescente junto ao seu grupo 
familiar de origem. (art. 1º, § 1º, Lei 12.010/09 – 
princípio da prevalência da família). 
 
 
 
-Havendo necessidade de colocação em família 
substituta, preferirá parentes do menor, e na 
impossibilidade se recorrerá ao cadastro. E apenas 
na impossibilidade desse é que se permitirá a 
drástica solução de recorrer ao cadastro 
internacional.(REsp 180.341-SP) 
 
c) Observância do Estágio de convivência e de 
parecer favorável da equipe interfuncional: As 
observações do estágio de convivência na adoção 
nacional valem para a internacional. 
 
-Art. 46, § 3º, ECA: “Em caso de adoção por pessoa ou 
casal residente ou domiciliado fora do País, o estágio 
de convivência será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, 
no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável 
por até igual período, uma única vez, mediante 
decisão fundamentada da autoridade judiciária.” 
 
 
 
-Art. 46, § 3-Aº, ECA: “Ao final do prazo previsto 
no § 3o deste artigo, deverá ser apresentado laudo 
fundamentado pela equipe mencionada no § 4o 
deste artigo, que recomendará ou não o 
deferimento da adoçãoà autoridade judiciária.” 
 
-Art. 46, § 4º, ECA: “O estágio de convivência será 
cumprido no território nacional, 
preferencialmente na comarca de residência da 
criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em 
cidade limítrofe, respeitada, em qualquer 
hipótese, a competência do juízo da comarca de 
residência da criança.” 
d) Preferência pela adoção internacional 
efetivada por brasileiros residentes no exterior: 
Na adoção internacional, medida excepcional; há 
uma ordem de prioridade: i) brasileiros residentes 
no exterior; ii) estrangeiros. A intenção nessa 
preferência é preservar os laços nacionais do 
adotando. 
 
-Tal requisito deve ser analisado em consonância 
com os demais, tudo em prol do superior 
interesse da criança. 
 
Estrangeiro residente no Brasil 
 
- Nessa condição, como já visto, trata-se de 
adoção nacional, e não internacional. O art. 5º da 
CF, proíbe distinções entre estrangeiros residentes 
no pais e brasileiros, salvo aquelas expressamente 
por ela tratada. Essa igualdade deve ser 
observada para a adoção de estrangeiro residente 
no pais. 
 
 
 
-A questão merece atenção se o estrangeiro possui 
residência habitual no pais e após o concluído o 
processo tem intenção de se mudar. Neste caso o 
processo deve ser tratado como adoção 
internacional. 
Nacionalidade do adotado na adoção 
internacional 
- Cabe a cada estado regular a questão da 
aquisição, manutenção e perda da nacionalidade 
do adotado, ou seja, o Estado de origem 
disciplinará se o adotado manterá ou perderá a 
nacionalidade e o Estado de acolhida disciplinar 
se adquirirá sua nacionalidade. 
-No caso brasileiro, a CF não prevê como causa de 
perda da nacionalidade a adoção internacional. 
 
 
 
 
Medidas Socioeducativas 
 
- Conceito: Medida jurídica, de conteúdo 
pedagógico, com caráter sancionador, aplicada 
em procedimento adequado ao adolescente autor 
de ato infracional. 
 
-Rol das medidas socioeducativas previstas no 
art. 112. Rol taxativo. 
 
Espécies de Medidas Socioeducativas 
 
1) Advertência; 
- Mais branda das medidas socioeducativas. Consiste 
apenas na repreensão verbal do adolescente. 
 
-Se esgota em si. Feita a admoestação, não será tomada 
qualquer outra medida, senão apenas registrar o ato 
praticado mediante lavratura de termo. 
 
-Quando feita de maneira verbal pelo Juiz, é tarefa 
indelegável; só o Juiz poderá fazê-lo. (STJ, REsp 
104.485/DF) 
 
2) obrigação de reparar o dano; 
 
- Tem por finalidade promover a compensação da 
vítima, por meio de restituição do bem, do 
ressarcimento ou de outras formas 
 
-Uma vez reparado o dano, não há motivos para a 
continuidade da medida, por isso é considerada 
medida por tarefa. 
 
3) prestação de serviços à comunidade; 
 
- O adolescente realizará, gratuitamente, tarefas 
de interesse geral, observando suas aptidões. 
 
- O adolescente deve apresentar aptidão física e 
mental para o desempenho das tarefas que lhes 
são impostas. 
 
-A tarefa deve apresentar um plus socioeducativo 
e importar em soma de conhecimentos e 
oportunidades. 
 
- Esta medida não pode ser superior a 06 meses, e 
08 horas semanais. 
 
-Pode ser cumprida aos sábados, domingos e 
feriados. 
 
4) liberdade assistida; 
 
- Medida socioeducativa por excelência. O 
adolescente permanece junto com a sua família e a 
comunidade, ao mesmo tempo que estará sujeito 
a acompanhamento, auxílio e orientação. 
 
 
-Esta medida visa: i) promover socialmente o 
adolescente e sua família; ii) supervisionar a 
frequência e o aproveitamento escolar do 
adolescente; iii) diligenciar no sentido da 
profissionalização do adolescente e de sua 
inserção no mercado de trabalho(16 anos). 
 
-Prazo mínimo de 06 meses e máximo de 03 anos. 
 
5) semiliberdade; 
 
- Medida restritiva de liberdade onde o 
adolescente será afastado do convívio familiar e 
da comunidade, porém, sem privá-lo totalmente 
de seu direito de ir e vir e de contato com a 
comunidade e familiares. 
 
 
- Nessa espécie de medida, está previsto a 
realização de atividades externas como trabalhar, 
frequentar escola, cursos, visita a família, etc. Por 
ser da essência do instituto, independem as 
atividades externas de autorização judicial. (art. 
120, ECA). Contudo, há acentuada divergência 
quanto a este dispositivo: 
Contrário ao art. 120: “HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO 
DE RECURSO ORDINÁRIO. ESTATUTO DA CRIANÇA E 
DO ADOLESCENTE. ATO INFRACIONAL EQUIPARADO 
A ROUBO. INTERNAÇÃO. PROGRESSÃO PARA 
SEMILIBERDADE. ATIVIDADES EXTERNAS. VISITAS 
PERIÓDICAS À FAMÍLIA. RESTRIÇÕES IMPOSTAS 
PELO JUÍZO. POSSIBILIDADE. Na linha dos precedentes 
desta Corte, admite-se que o magistrado, visando a reintegração 
progressiva do adolescente e atentando para as circunstâncias do 
caso, imponha restrições às atividades externas a serem 
realizadas durante o cumprimento da medida sócio-educativa de 
semiliberdade, tais como saídas para visita à família em finais de 
semana. Ordem denegada.” (STJ, HC 78.446/RJ) 
A favor do art. 120: “EMENTA: HABEAS 
CORPUS. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA 
DE SEMILIBERDADE. LIMITE MÁXIMO DE 
DURAÇÃO. RESTRIÇÃO À REALIZAÇÃO DE 
ATIVIDADES EXTERNAS E IMPOSIÇÃO DE 
CONDIÇÕES RELATIVAS AO BOM 
COMPORTAMENTO DO PACIENTE PARA 
VISITAÇÃO À FAMÍLIA. IMPOSSIBILIDADE. 
ARTIGO 227 DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL” 
(STF, HC 98.518) 
- Afetas aos princípios: i) brevidade (deve se dar pelo 
menor tempo possível); ii) excepcionalidade (aplicada 
somente em hipóteses excepcionais) 
 
- É aplicada em sentença, na ação socioeducativa ou 
como forma de transição para o meio aberto. 
 
- Aplicada sem prazo determinado, tempo de duração 
dependerá necessariamente do andamento do 
processo socioeducativo e do suprimento do déficit 
existente. Contudo, não poderá superar o tempo de 
03 anos. 
 
6) internação: (o adolescente permanece 
institucionalizado) 
 
- Medida privativa da liberdade, sujeita aos 
princípios da brevidade e excepcionalidade. 
 
-Tem cabimento contra atos infracionais que 
envolva violência ou grave ameaça à pessoa. 
Tráfico de drogas não impõe internação (vide 
Súmula 492, STJ) 
 
-Pode ser de 03 modalidades: 
a) Internação provisória: Decretada pelo Juiz no 
processo de conhecimento antes da sentença. Prazo 
limite é de 45 dias.(art. 108, ECA) 
b) Internação com prazo indeterminado: Decretado 
pelo juiz no processo de conhecimento proferida em 
sentença. Prazo máximo de 03 anos. (art. 122, I e II) 
c) Internação com prazo determinado: Decretado 
pelo Juiz em processo de execução em razão do 
descumprimento de medida anterior imposta. Prazo 
máximo de 03 meses. (art. 122, III, ECA). Denominada 
pela doutrina de internação-sanção. 
 
Prescrição da Medida Socioeducativa 
 
- Até a Súmula 338, STJ (A prescrição penal é 
aplicável nas medidas socioeducativas), havia 
acentuada discussão acerca do reconhecimento ou 
não da prescrição às medidas socioeducativas. 
 
-Essa súmula decorre do entendimento do STJ, 
segundo a qual, quanto a punibilidade, ser 
aplicado no ECA, de forma subsidiária, as regras 
da parte geral do CP, dentre elas a prescrição. 
 
-Argumento favorável: A prescrição é direito que 
assiste a pessoa adulta, e como tal deve também 
ser reconhecido ao adolescente. 
 
-Argumento contrário: Tendo em perspectiva a 
sua finalidade pedagógica, extrai-se daí a 
incompatibilidade da prescrição com a medida 
socioeducativa; é dizer, a necessidade de 
ressocialização deixaria de existir por conta do 
simples decurso do tempo, sem qualquer análise 
concreta do caso. 
 
-Como se calcula a prescrição no ECA?: Duassituações: 
 
a) Prescrição da pretensão punitiva: Leva-se em 
conta o prazo máximo da medida (03 anos), o que 
daria o prazo prescricional de 08 anos (art. 109, IV, 
CP). Se aplica, ainda, a redução desse prazo pela 
metade por ser o agente menor de 21 anos. (art. 115, 
CP). Logo, o prazo é de 04 anos. 
 
-Exceção (STJ): Se o tipo penal correspondente a 
infração previr pena inferior a 03 anos, deve este 
prazo ser levado em conta. 
 
b) Prescrição da Pretensão punitiva: O STJ oferece os 
seguintes parâmetros 
 
b1) se for medida socioeducativa aplicada sem prazo 
de duração (liberdade assistida, semiliberdade, 
internação sem prazo determinado), leva-se em conta 
seu prazo máximo de 03 anos para o calculo da 
prescrição. Mesma ressalva feita caso o tipo penal 
preveja prazo menor. 
 
b2) se a medida tiver duração certa, o prazo dessa 
medida será levado em consideração para o calculo 
da prescrição

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