Buscar

Teoria da Constituição e Direitos Fundamentais

Prévia do material em texto

Teoria da Constituição e Direitos Fundamentais
Sumário:
UA 1- Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais	2
UA 2 – Constitucionalismo contemporâneo.	3
Aulas:	4
Direito:	4
Princípio da supremacia da constituição:	4
Conceito de constituição:	4
Elementos fundamentais de uma constituição:	4
A nossa constituição é composta por:	5
Classificação das constituições:	5
Poder Constituinte:	7
Poder Constituinte Originário:	8
Poder Constituinte Derivado:	8
o	Limites:	9
Normas constitucionais	10
Regras e princípios	10
Classificação das normas constitucionais segundo José Afonso da Silva	11
Aplicação e efetividade das normas constitucionais (José Afonso da Silva)	12
Conflito de normas no espaço e no tempo	13
Conflito aparente de normas constitucionais	13
Ponderação de normas constitucionais	13
UA 1- Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais
Normas constitucionais e as suas classificações (segundo José Afonso da Silva)
Se encontra na aba Aula ► Normas constitucionais ► Classificações
Normas constitucionais e as suas classificações (segundo Maria Helena Diniz)
· Norma de eficácia absoluta:
· Quanto à irrevogabilidade de determinados valores nela contida, mesmo pelo instrumento da emenda constitucional, caso das chamadas cláusulas pétreas que compõem os princípios fundamentais relacionados aos direitos naturais reconhecidos pela nação e a própria organização estatal vigente.
· Servem como base para a eliminação de conflitos de ordem hierárquica. Além disso, os direitos fundamentais também influenciam a prática jurisprudencial a partir da interpretação conforme a Constituição na forma da jurisprudência dos valores, em que o uso de princípios auxilia na interpretação das normas a partir de uma visão constitucional.
· Norma de eficácia plena: 
· Em relação às normas cujo conteúdo possui imediata aplicabilidade.
· Servem para resolver qualquer controvérsia em relação às normas infraconstitucionais de forma hierárquica.
· Norma de eficácia limitada ou mediata:
· Quando o seu conteúdo depende de legislação posterior para complementá-las, restringível quando estabelecem regras gerais a serem especificadas pela legislação infraconstitucional.
· Estabelecem o conteúdo mínimo para que a legislação infraconstitucional estabeleça as suas bases.
· Norma de eficácia pragmática:
· Quando o seu conteúdo é um ideal a ser realizado pelo Estado, mesmo que seja claro e, em uma primeira leitura, lembre uma norma de eficácia plena.
· EX: Salário mínimo
UA 2 – Constitucionalismo contemporâneo. 
Constitucionalismo contemporâneo
É o movimento que enxerga a constituição como o lócus privilegiado de concretização, proteção e institucionalização de direitos e garantias fundamentais. O qual alguns autores chamam de “Invasão do Direito Privado pelo Direito Público”. Significa dizer: as tradicionais divisões entre Direito Privado e Direito Público se tornam mais tênues e menos importantes, na medida em que os princípios do Direito Público passam a se espraiar por todos os ramos do Direito
Outros elementos que podemos apontar como característicos do constitucionalismo contemporâneo são:
primeiro, um compromisso declarado com o aperfeiçoamento da sociedade, com a redução das desigualdades sociais e com a promoção de uma realidade social mais justa, inclusiva e solidária.
Segundo, um forte compromisso principiológico com os direitos humanos e com a democracia, entendida não mais em termos aritméticos da vontade da maioria (que sempre pode resvalar para uma ditadura da maioria), mas como um sistema que consagra e protege direitos e garantias fundamentais. 
Terceiro, a ideia de um novo e elevado grau de autonomia para o Direito, no sentido de que as constituições, os princípios jurídicos e as normas sobre direitos fundamentais se sobrepõem aos poderes político e econômico.
Neoconstitucionalismo
	O termo designaria uma nova realidade histórica na qual o Poder Judiciário seria chamado não apenas para atuar como garantidor de direitos não observados pelos outros poderes, mas também como representante político de demandas sociais que não foram adequadamente satisfeitas pelo processo político tradicional, dentro dessa concepção, seria uma doutrina inseparável da noção de ativismo judicial.
	A contradição que se apresenta é que o chamado neoconstitucionalismo parte de uma concepção de Direito que se pretende mais democrática e acaba por prendê-la em uma armadilha de déficit democrático, na medida em que a aplicação do Direito democraticamente produzido acaba sendo sequestrada pelo voluntarismo de juízes que enxergam a si próprios como os reais representantes da vontade popular. 
É por isso que autores que compartilham dessas críticas entendem que o termo neoconstitucionalismo hoje se encontra deturpado, razão que levou para adotar o termo constitucionalismo contemporâneo para se referir ao Direito Constitucional dos últimos 70 anos
Os desafios do Estado Democrático de Direito no século XX
O problema que se observa nos dias atuais pode ser resumido da seguinte forma: Ao mesmo tempo em que se encontra severamente desgastado, relativizado e desacreditado, o neoliberalismo ainda permanece sendo a última grande narrativa político-econômica do mundo contemporâneo. Ao contrário do que aconteceu nos anos 1970 e 1980, quando o neoliberalismo se estabeleceu como doutrina e prática sucessora do Welfare State, até o momento não se construiu, em termos de democracia ocidental contemporânea, nenhum efetivo pós-neoliberalismo. Esse impasse econômico, sem dúvida, é um dos fatores responsáveis pelo atual mal-estar da democracia ocidental.
Aulas:
Direito:
É em primeiro lugar linguagem prescritiva, ele é escrito e é dividido em texto e norma (interpretação do texto).
Princípio da supremacia da constituição:
A constituição é hierarquicamente superior a todas as outras normas.
Conceito de constituição:
· Constituição sociológica: Somatória dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade. Ele chama isso de constituição real, e afirma que se a constituição escrita não mostrar quem realmente é poderoso ela não passa de uma folha de papel. (Ferdinand Lassalle)
· Konrad Hesse discorda de Lassalle, ao afirmar que ela não é completamente correta pois, enquanto concorda com Lassalle ao afirmar que toda constituição precisa de identidade constitucional (não pode desconsiderar a realidade de uma sociedade), também afirma que a constituição possui força normativa própria, podendo influenciar a identidade social. 
· Ou seja: Enquanto a constituição não pode ser isolada da sociedade, pois ninguém a obedeceria, ela também tem poder sobre a realidade.
· Constituição política: Produto da decisões políticas do titular do poder constituinte. Ou seja, ela é um produto das decisões fundamentais de um país, que podem ou não estar na constituição escrita.(Carl Schmitt) 
· *Isso não é a única coisa que ele fala, porém é a única coisa que normalmente é escrita sobre ele*
· Constituição jurídica: Considerada norma pura (como deve ser), sem qualquer pretensão a fundamentação sociológica, política ou filosófica. Se divide em lógico-jurídico e jurídico-positivo. Ele afirma que o profissional do direito deve estudar o direito a partir do próprio direito (teoria pura do direito), quando se cria as leis se leva em conta outros aspectos, porém, quando vira norma, se interpreta a norma a partir do direito.(José Afonso da Silva falando sobre o pensamento de Hans Kelsen)
· lógico-jurídico: Constituição significa norma fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da Constituição jurídico-positiva. (Norma fundamental)
· jurídico-positivo: Equivale à norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau. (Lei fundamental)
· *Lei fundamental (Acima de todas as outras leis e, ao mesmo tempo, valida essas leis) ≠ Norma fundamental (Pressuposto de que devemos obedecer a constituição)
· Foi um judeu perseguido pelo nazismo.
Elementos fundamentais de uma constituição:
Existe umacordo teórico de que 2 são os componentes essenciais, um terceiro vem com a constituição alemã (Lei fundamental alemã):
· Organização superior e separação de poderes
· Direitos fundamentais.
· Objetivos básicos de uma sociedade (Se encontra no art. 3° da CF)
A nossa constituição é composta por:
· Prefácio: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”
· Não é uma norma, por isso, não possui função vinculativa. Ele tem força hermenêutica, serve para interpretar o resto da CF
· Corpo permanente (art.1° ao art.250°): Permanente pois é feito para gerir o estado o tempo todo
· Ato das disposições constitucionais transitórios: Feito para gerir o estado em períodos transitórios, maioria das vezes onde ocorrerá uma única vez.
Classificação das constituições: 
Não são exatas, pois alguns abrangem várias classificações
· Classificação da CF de 1988: escrita ou dogmática, formal, promulgada, rígida, analítica, normativa e dirigente.
· Origem: 
· Outorgada: Constituição imposta, de maneira unilateral, pelo agente revolucionário (grupo, ou governante), que não recebeu do povo a legitimidade para em nome dele atuar.
· Democrática: Também chamada de promulgada, é aquela Constituição fruto do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita diretamente pelo povo, para, em nome dele, atuar, nascendo, portanto, da deliberação da representação legítima popular.
· Cesarista: Formada por plebiscito popular sobre um projeto elaborado por um Imperador ou um Ditador. A participação popular não é democrática, pois visa apenas ratificar a vontade do detentor do poder.
· Pactuada: “a Constituição pactuada é aquela que exprime um compromisso instável de duas forças políticas rivais: a realeza absoluta debilitada, de uma parte, e a nobreza e a burguesia, em franco progresso, doutra.” Bonavides. (Não existe mais)
· Forma: 
· Escrita (Instrumental): Constituição formada por um conjunto de regras sistematizadas e organizadas em um único documento, estabelecendo as normas fundamentais de um Estado. (EX: Brasil)
· Não escrita (Costumeira): Constituição que, ao contrário da escrita, não traz as regras em um único texto solene e codificado. É formada por “textos” esparsos, reconhecidos pela sociedade como fundamentais, e baseia-se nos usos, costumes, jurisprudência, convenções. (EX: Inglaterra)
· Extensão: sintéticas e analíticas
· Sintética: Seriam aquelas enxutas, veiculadoras apenas dos princípios fundamentais e estruturais do Estado. Não descem a minúcias, motivo pelo qual são mais duradouras, na medida em que os seus princípios estruturais são interpretados e adequados aos novos anseios pela atividade da Suprema Corte. (EX: EUA)
· Analítica: São aquelas que abordam todos os assuntos que os representantes do povo entenderem fundamentais. Normalmente descem a minúcias, estabelecendo regras que deveriam estar em leis infraconstitucionais. (EX: Brasil)
· Conteúdo:
· Material: Só será considerado constituição as matérias relativas à constituição: Texto que contiver as normas fundamentais e estruturais do Estado, a organização de seus órgãos, os direitos e garantias fundamentais. (Nem tudo na constituição é considerado constitucional)
· Formal: Constituição que elege como critério o processo de sua formação, e não o conteúdo de suas normas. Assim, qualquer regra nela contida terá o caráter de constitucional. (EX: Brasil)
· Modo de elaboração: dogmáticas, históricas
· Dogmática: “Partem de teorias preconcebidas, de planos e sistemas prévios, de ideologias bem declaradas, de dogmas políticos... São elaboradas de um só jato, reflexivamente, racionalmente, por uma Assembleia Constituinte”. Meirelles Teixeira (EX: Brasil)
· Histórica: Constituem-se através de um lento e contínuo processo de formação, ao longo do tempo, reunindo a história e as tradições de um povo. (EX: Inglaterra)
· Alterabilidade:
· Flexíveis: Constituições que não possuem um processo legislativo de alteração mais dificultoso do que o processo legislativo de alteração das normas infraconstitucionais.
· Semirrígidas: Algumas matérias exigem um processo de alteração mais dificultoso do que o exigido para alteração das leis infraconstitucionais, enquanto outras não requerem tal formalidade. 
· Rígidas: Constituições que exigem, para a sua alteração um processo legislativo mais árduo do que o processo de alteração das normas não constitucionais. (EX: Brasil)
· Art.60 da CF
· Superrigidas: Constituições que impedem a mudança de certas partes (Cláusulas pétreas) – Essa definição não é amplamente aceita (Feita por Alexandre de Moraes) – Pois elas podem ser alteradas mas nunca podem ser abolidas.
· Imutáveis: Constituições que não aceitam alterabilidade (Só existiram no século passado)
· Quanto à correspondência com a realidade: Karl Loewenstein
· Nominais: A constituição contêm disposições de limitação e controle de dominação política, sem ressonância na sistemática de processo real de poder, e com insuficiente concretização constitucional. (Existe apenas no papel e é desconsiderada)
· Normativas: A constituição trata das relações políticas e os agentes do poder subordinam-se às determinações do seu conteúdo e do seu controle procedimental. (Ela é obedecida mesmo que os poderosos não queiram)
· Semânticas: A constituição é simples reflexos da realidade política, servindo como mero instrumento dos donos do poder e das elites políticas, sem limitação do seu conteúdo. (Ela é obedecida pelos poderosos pois ela se submete a ele)
Poder Constituinte:
“o poder constituinte se revela sempre como uma questão de ‘poder’, de ‘força’ ou de ‘autoridade’ política que está em condições de, numa determinada situação concreta, criar, garantir ou eliminar uma Constituição entendida como lei fundamental da comunidade política”.
Titularidade: A titularidade do poder constituinte pertence ao povo, e dele emana todo poder.
Hiato constitucional (Reforma e revisão): Ocorre quando há um choque entre a constituição e a realidade social.
Pode ser feito por:
· Convocação da Assembleia Nacional Constituinte e elaboração de nova Constituição; 
· Mutação constitucional: Se mantem a “letra fria” do texto mas muda a interpretação.
· Reforma constitucional: Criação de emendas constitucionais.
· Hiato autoritário: Ilegítima outorga constitucional.
Aspectos que vem do poder constituinte:
· Supremacia da constituição: A constituição está acima de tudo.
· Recepção: É possível recepcionar (Trazer para a nova constituição) leis da constituição anterior que são compatíveis com a nova constituição, são consideradas novas leis e tem um novo fundamento de validade (a nova constituição).
· Para uma lei ser recepcionada, ela tem que ser compatível materialmente (não tem que ter a mesma forma).
· Ele passa a ficar na forma da nova constituição, mesmo que seu enunciado permaneça o da anterior (EX: Antes era ordinária e agora é complementar, porém ele permanece com enunciado de ordinária)
· Só se recepciona aquilo que é compatível (parte material): Pode se recepcionar uma lei parcialmente.
· Formal: Tipo de lei: Ordinária, complementar, decreto lei, medida provisória, etc...
· Material: Conteúdo da lei
· Exceção onde a forma influencia na recepção, Não pode ir do menor para o maior: Se uma lei era estadual e agora é federal, não ocorre a recepção (Tem diversas leis estaduais e só 1 federal). 
· A ordem jurídica anterior incompatível é revogada ou considerada inconstitucional?
· Pensamento 1: A norma não tem vigência e por isso ela é revogada. (Cada advogado em cada processo deveria afirmar queela foi revogada para não ocorrer sua aplicação). (O mais aceito)
· Pensamento 2: Para uma norma ser revogada deve ter a mesma hierarquia e isso não ocorre entre constituições, por isso ela seria inconstitucional. (É possível retirá-la do mundo jurídico por controle abstrato).
· ADPF: A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental é uma das ações que fazem parte do controle concentrado de constitucionalidade. É um ação onde o STF irá decidir se a norma infraconstitucional da constituição passada foi ou não recepcionada.
· ADI: Ação direta de inconstitucionalidade. Na qual o STF decide se a norma é ou não inconstitucional.
· Desconstitucionalização: É o fenômeno pelo qual as normas da Constituição anterior, desde que compatíveis com a nova ordem, permanecem em vigor, mas com o status de lei infraconstitucional. *Só ocorre se a nova constituição explicitamente estabelece isso.
· EX: Art. 34. Do ADCT – O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do primeiro dia do quinto mês seguinte ao da promulgação da Constituição, mantido, até então, o da Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas posteriores.
· Repristinação: Se uma lei revogadora é revogada, as leis que ela revogou não voltam. Só ocorre a repristinação se a lei que revogou a lei revogadora explicitamente estabelecer isso.
· Efeito repristinatório em controle de constitucionalidade: Se a lei revogadora é considerada inconstitucional, tudo que ela revoga deixa de ser revogado.
· É possível não aplicar a lei pois ela era incompatível com a constituição da qual ela foi gerada, mesmo que seja compatível com a constituição atual.
· Direitos adquiridos contra o poder constituinte originário não existe: Direitos adquiridos na constituição anterior que não são compatíveis com a constituição atual são perdidos:
· Força Retroativa máxima: Deixa de receber e deve devolver tudo que recebeu
· Força Retroativa média: Não devolve o que já recebeu, não recebe o que recebeu mas não pegaram e não recebe as futuras
· Força Retroativa mínima: Não devolve o que já recebeu, recebe o que recebeu mas não adquiriu, mas não recebe as futuras. * É o usado no Brasil
· EX: Se você era fiscal da receita federal você recebia parte da arrecadação, agora ele não precisa devolver, recebe o que recebeu e não pegou, mas não pode receber as futuras.
· Normas constitucionais do poder constituinte originário não podem ser declaradas inconstitucionais.
Espécies:
Poder Constituinte Originário: É aquele que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem jurídica precedente. Criando um novo Estado.
· Pode ser Histórico ou Revolucionário.
· Ele é Inicial, Autônomo (Não vem de outra ordem jurídica), Ilimitado juridicamente (nada está acima dele juridicamente), permanente e incondicionado (Não tem uma forma prévia de se manifestar).
Poder Constituinte Derivado:
· É secundário, limitado juridicamente, é condicionado, não é autônomo.
· Poder Constituinte Derivado de reforma ou emenda: Tem a capacidade de modificar a Constituição Federal, por meio de um procedimento específico, estabelecido pelo originário, sem que haja uma verdadeira revolução. Maneira normal
Art. 60 da CF – A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
· Poder Constituinte Derivado de revisão: Tem a capacidade de modificar a Constituição Federal, por meio de um procedimento específico, estabelecido pelo originário, sem que haja uma verdadeira revolução. Maneira excepcional
· Art. 3º do ADCT – A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.
· Poder Constituinte Derivado decorrente: Sua missão é estruturar a Constituição dos Estados-Membros ou, em momento seguinte, havendo necessidade de adequação e reformulação, modificá-la. Em outras palavras: Faz e altera as constituições estaduais. Essas constituições são limitadas pela constituição federal (As limitações do Art. 60 par. 4° da CF e as do Art. 34 par. 7° e diversos outros).
· Art. 25 da CF – s Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. 
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
·  Art. 11 Do ADCT – Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.
· Poder Constituinte Derivado difuso: Trata-se de processo informal de mudança da Constituição, alterando-se o seu sentido interpretativo, e não o seu texto, que permanece intacto e com a mesma literalidade.
· Limites: 
· Materiais: São matérias que não podem ser abolidas, porém podem ser alteradas. Cláusulas pétreas.
· Limitação implícita: 
· O que o poder originário define não pode ser desconsiderado pelo poder constituinte derivado.
· Uma emenda não pode esvaziar a essência de um princípio do poder originário, mesmo que não esteja abolindo-o de forma direta.
· Art. 60 par 4°:
· Teorias da limitação material (no mundo todo): 
· Teoria 1 – O poder constituinte originário não pode limita o derivado.
· Teoria 2 – Dupla limitação: Se ocorrer a criação de uma emenda retire um tema das cláusulas pétreas, poderia então abolir esse tema com uma segunda emenda.
· Teoria 3 – As cláusulas pétreas não podem ser abolidas nem retiradas, porém podem ser retiradas.
· Vers comum: matérias impassíveis de serem alteradas
· Formais: São limites procedimentais necessárias para que as emendas constitucionais não sejam eivada de irregularidade. Dita como a constituição pode ser alterada (Quem pode, como pode, quanto pode).
· Art. 60 da CF – A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
· I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
· II - do Presidente da República;
· III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
· § 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
· § 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
· Circunstanciais: São limites que implicam circunstancias nas quais a constituição não pode ser alterada.
· Art. 60 par. 1º da CF – A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
· Temporais: É quando o constituinte impõe período onde a constituição não pode ser alterada.
· No Brasil, essa questão é controversa
· Ela existe no Brasil: 
· Art. 3° Do ADCT – A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. Não existe pois: Porém não impede sua alteração.
· Art. 60 par. 5º da CF – A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. Não existe pois: Porém não impede a alteração de outras áreas e seu limite não é grande.
Normas constitucionais
Existe uma separação entre o texto (enunciado normativo) e a norma (interpretação do texto, que muitas vezes se faz necessário interpretar mais de um enunciado para uma única norma)
As normas constitucionaissão todas as disposições inseridas numa Constituição, ou reconhecidas por ela, independentemente de seu conteúdo. Elas se subdividem em duas espécies: as regras e os princípios.
Regras e princípios
As regras são normas imediatamente descritivas, primariamente retrospectivas e com pretensão de decidibilidade e abrangência, para cuja aplicação se exige a avaliação da correspondência sempre centrada na finalidade que lhes dá suporte ou nos princípios que lhes são axiologicamente sobrejacentes, entre a construção conceitual da descrição normativa e a construção conceitual dos fatos. Toda norma de regra tem a seguinte estrutura: Um suposto fato + uma consequência (sanção), porém a sanção não necessariamente está no mesmo artigo que o suposto fato, como é o caso do Art. 2° da CF, que só tem a sua sanção apresentada no Art. 85 da CF.
 	Os princípios são normas imediatamente finalísticas, primariamente prospectivas e com pretensão de complementaridade e de parcialidade, para cuja aplicação se demanda uma avaliação da correlação entre o estado de coisas a ser promovido e os efeitos decorrentes da conduta havida como necessária à sua promoção.
A distinção de Ronald Dworkin, Robert Alexy e John Searle
Ronald Dworkin: O modelo de tudo ou nada
Dworkin argumenta que, ao lado das regras jurídicas, há também os princípios. Estes, ao contrário daquelas, que possuem apenas a dimensão da validade, possuem também uma outra dimensão: o peso. Assim, as regras ou valem, e são, por isso, aplicáveis em sua inteireza, ou não valem, e portanto, não são aplicáveis. 
No caso dos princípios, essa indagação acerca da validade não faz sentido. No caso de colisão entre princípios, não há que se indagar sobre problemas de validade, mas somente de peso. Tem prevalência aquele princípio que for, para o caso concreto, mais importante, ou, em sentido figurado, aquele que tiver maior peso. Importante é ter em mente que o princípio que não tiver prevalência não deixa de valer ou de pertencer ao ordenamento jurídico. Ele apenas não terá tido peso suficiente para ser decisivo naquele caso concreto. Em outros casos, porém, a situação pode inverter-se. (Para Dworkin o princípio da legalidade é princípio, pois ele é vago).
Robert Alexy:
Segundo Alexy, princípios são normas que estabelecem que algo deve ser realizado na maior medida possível, diante das possibilidades fáticas e jurídicas presentes. Por isso são eles chamados de mandamentos de otimização. Essa ideia é traduzida pela metáfora da colisão entre princípios, que deve ser resolvida por meio de um sopesamento, para que se possa chegar a um resultado ótimo. As regras como posições jurídicas definitivas e os princípios como posições jurídicas "prima facie", ou mandados de otimização (Para Alexy o princípio da legalidade deveria ser regra, pois tem posição jurídica definitiva).
John Searle
Considera os princípios obrigações não ponderadas e as regras obrigações já ponderadas.
Classificação das normas constitucionais segundo José Afonso da Silva
· Normas constitucionais de eficácia plena:
São aquelas que possuem aplicabilidade imediata, direta e integral. Desde a sua entrada em vigor, produzem ou possuem possibilidade de produzir, todos os efeitos essenciais, relativamente aos interesses, comportamentos e situações, direta e normativamente, que o legislador constituinte quis regular. 
Não dependem de lei posterior e não necessitam de regulamentação. Vale ressaltar que não podem ser contidas pelo legislador ordinário.
“são aquelas que, desde a entrada em vigor da constituição, produzem ou tem a possibilidade de produzir, todos os seus efeitos essenciais, relativamente aos interesses, comportamento em situações, que o legislador constituinte, direta e normativamente, quis regular”
Para José Afonso da Silva, as normas de eficácia plena são as que de alguma maneira vedam ou proíbem; estabelecem isenções, prerrogativas ou imunidades; não indicam órgãos ou autoridades especiais a quem cabe executá-las; não designam procedimentos especiais para sua execução e não necessitam que sejam elaboradas outras normas que completem seu sentido e alcance ou especifique seu conteúdo, porque já são completas em si mesmas.
EX:
· Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal.
· Art. 15 É vedada a cassação de direitos políticos.
· Art.17 §4º - É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.
· Art. 46 § 1º - Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
· Normas constitucionais de eficácia contida:
Possuem aplicabilidade imediata, direta, mas não integral, pois pode sofrer restrição, porque está sujeita a restrições que limitem sua eficácia e aplicabilidade. Na sua elaboração o legislador constituinte regulou e deu aplicabilidade à norma, logo é possível que o direito seja exercido. Porém pode ser restringido pelo legislador infraconstitucional. Os limites da restrição feita pelo legislador ordinário serão impostos pelas próprias normas constitucionais.
 Ela tem eficácia plena até o legislador a limitar.
Para José Afonso da Silva, as normas de eficácia contida são as que possuem atributos imperativos, positivos ou negativos que limitam o Poder Público. Geralmente estabelecem direitos subjetivos de indivíduos e entidades privadas ou públicas.
“são aquelas em que o legislador constituinte regulou suficientemente os interesses relativos a determinada matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do poder público, nos termos em que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nela estabelecidos”
EX: Art. 5º, XIII “É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.
· Normas constitucionais de eficácia limitada:
São aquelas que apresentam aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, pois necessitam de uma norma posterior, infraconstitucional, para que incida totalmente sobre o interesse em questão, que irá lhes desenvolver aplicabilidade.
Ela é limitada e precisa do legislador para ter eficácia plena.
· Normas definidoras de princípio institutivo ou organizativo: Contém apenas o começo, o esquema geral de determinado órgão, entidade ou instituição. A efetiva criação, organização ou estruturação fica a cargo de normatização infraconstitucional na forma prevista pela Constituição.
· EX: Art. 22. Compete privativamente à União legislar (...)
Parágrafo único - Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
· Normas definidoras de princípio programáticas: São esquemas genéricos que destacam programas a serem desenvolvidos posteriormente pelo legislador infraconstitucional. Possuem eficácia jurídica, ou seja, revogam leis incompatíveis, proíbem o legislador de elaborar normas de sentido contrário (incompatíveis), servem de parâmetro para inconstitucionalidade de leis infraconstitucionais, são utilizadas como interpretação para resolução de casos levados à apreciação judicial, além de fazerem previsão de atuação posterior.
· EX: Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas.
Aplicação e efetividade das normas constitucionais (José Afonso da Silva)
· Existência: Preenche todos elementos essenciais.
· Jurisdição (quem tem competência para fazer);
· PL ► discussão e aprovação no congresso ► discussão e aprovação no senado ► sanção e promulgação (se torna lei neste momento) do presidente. 
· Validade: Precisa se conformar a ordem jurídica.
· A conformidade do ato com as normas superiores a ele. (Não ter choque com dispositivos hierarquicamente superiores).
· Eficácia: É a aptidão da norma de provocar efeitos jurídicos. (também chamada de vigência)
· Quando a lei é publicada (pelo presidente), se não falar nada em específico ela começará a ter eficácia em 45 dias (vacatio legis) no Brasil e 3 meses no estrangeiro.
· Eficáciasocial: Se ela é respeitada, aplicada na realidade (tem ou não aplicabilidade) (EX: Adultério, não aplicavam)
· Efetividade: É o fato de uma lei alcançar a finalidade para qual ela foi criada.
Conflito de normas no espaço e no tempo
Uma norma posterior prevalece sobre as normas anteriores. As normas derivadas podem modificar as originárias dês deque respeite os limites do Art. 60 da CF
Conflito aparente de normas constitucionais
Não é possível o conflito de normas constituintes originárias, só é possível conflitos aparentes. Ou seja, o interprete tem a obrigação de solucionar esse conflito pois nenhuma pode estar acima da outra (Pois possuem a mesma hierarquia).
Só ocorre conflito autêntico com as normas constituintes derivadas, nesses casos prevalece a norma constituinte originário.
Ponderação de normas constitucionais
image1.jpeg
image2.emf
Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes;

Mais conteúdos dessa disciplina