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A Educação Ambiental e Alfabetização como fator integrador:
Alunos do Primeiro e Sexto Anos atuando de forma cooperativa na horta
	As ações relacionadas a Educação Ambiental que são desenvolvidas no Projeto Global englobam uma série de elementos que fundamentam, de forma pedagógica, uma vida mais Sustentável. A Educação Ambiental possui um papel de suma importância em todos os níveis e contextos educacionais, uma vez que reúne condições de conscientizar e libertar o sujeito do atual modelo de desenvolvimento que vem esgotando os recursos naturais. Desta forma, efetivar ações que visam a sustentabilidade, colocando os educandos em contato direto com a natureza, fortalece os vínculos entre sujeito e natureza. Esta inter-relação é capaz de criar no estudante uma consciência mais humanística, mantendo uma relação de cuidado e não mais de dominação com o meio ambiente.
	De acordo com Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) as prática devem possibilitar que as crianças desenvolvam aptidões de: “observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservação;” Seguindo esse princípio, para construir esta experiência, interdisciplinar, foram determinados os sujeitos e o espaço que os mesmos iriam interagir.
	As atividades foram realizadas no período da tarde com os alunos do Primeiro e Sexto Anos e o espaço escolhido foi a horta. As hortaliças cultivadas na horta do Projeto são consumidas pelos próprios estudantes. Todavia, não é comum mais de uma turma executar tarefas ao mesmo tempo neste local. A escolha de duas turmas foi, de certa forma, um desafio tanto para os professores quanto para os alunos. Para os professores, o desafio de cuidar e orientar tantos alunos ao mesmo tempo e no mesmo espaço (22 alunos do 1º Ano e 15 alunos do 6º Ano). E para os alunos maiores e menores, a dificuldade de fazer as mesmas atividades em sistema de cooperação. 
	Os primeiros momentos foram de conhecer este espaço e ajudar com pequenas tarefas. Entender que as verduras e legumes precisam de cuidados especiais, para que cheguem com qualidade e saudáveis ao buffet, onde os alunos servem suas refeições. Quando alunos e professores são envolvidos na manutenção da horta, ela se tornam espaços de socialização. A horta estreita relações sociais a partir da promoção do trabalho coletivo e cooperado entre membros (Morgado, 2006).
	É importante destacar que em todas as oficinas oferecidas no Projeto Global trabalham temas relacionados à sustentabilidade ambiental. Dessa maneira, quando os alunos vão realizar alguma atividade prática, os mesmos já possuem, a priori, conhecimento das ações que vão executar. Para os alunos, essas atividades realizadas em um ambiente natural podem revelar, através da experiência direta, uma motivação incomum, levando cada um a uma participação com mais motivação e entusiasmo, o que possibilita uma maior facilidade de seu desenvolvimento educacional. E os espaços educacionais ocupam um legar privilegiado nesse processo de desenvolvimento integral do estudante.
	Estudos apontam a educação ambiental como uma forma de produção e transmissão do conhecimento, com o objetivo de um processo constante de reflexão crítica não só na aprendizagem como também na busca de alternativas e soluções para a realidade existente (OLEQUES e BOER, 2008). Nesse sentido, a educação ambiental assume cada vez mais uma função transformadora, dando aos indivíduos condições de promover um novo tipo de desenvolvimento sustentável. 
	Projetos de educação ambiental para serem efetivos devem promover simultaneamente, o desenvolvimento de conhecimento, de atitudes e de habilidades necessárias à preservação e melhoria da qualidade ambiental. E, é através da ação-reflexão que a aprendizagem será mais efetiva se a atividade estiver adaptada às situações da vida real da cidade, ou do meio em que vivem aluno e professor (GADOTTI, 2000).
	As experiências empíricas nos lança num mundo cheio de desafios. Segundo Gadotti, devemos: 
Aprender a viver juntos – a viver com os outros. Compreender o outro, desenvolver a percepção da interdependência, da não-violência, administrar conflitos. Descobrir o outro, participar em projetos comuns. Ter prazer no esforço comum. Participar de projetos de cooperação. Essa é a tendência. [...] Aprender a ser – Desenvolvimento integral da pessoa: inteligência, sensibilidade, sentido ético e estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade, pensamento autônomo e crítico, imaginação, criatividade, iniciativa. Para isso não se deve negligenciar nenhuma das potencialidades de cada indivíduo. A aprendizagem precisa ser integral (2000, p. 09 e 10).
	Nesse processo constante de aprender a ser e viver juntos nos faz abrir mão de prioridades e valores pessoais que fazem parte da sociedade capitalista moderna. Descobrindo a verdadeira essência de ser e viver juntos, inserimo-nos num processo educativo que torna possível um comprometimento com a qualidade de vida, possibilitando nos identificar como parte integrante da natureza. Com as atividades realizadas, os alunos se sentiram provocados a adotar hábitos de preservação e cuidado com o natural.	
	No último encontro, os alunos conseguiram realizar todas a tarefas solicitadas pelos professores. Com a sensação de que todos se sentiram muito realizados, pois estavam fazendo o que aprenderam, realizando com muito gosto e satisfação. A cada atividade realizada com sucesso gostavam de chamar os professores para contar que havia feito, com um sorriso estampado no rosto. Sem dúvida nenhuma, que ao presenciar tais momentos nossos corações ficam repletos de esperança de que temos potencial para cuidar do nosso planeta e dos seres vivos que nele vive.
Dados dos autores:
Luciano Batista da Conceição
Licenciado em Filosofia, Pedagogia e graduando em Matemática
Com especialização em Metodologia do Ensino de Filosofia e Sociologia.
Kássia Loh Barth
Curso normal (magistério)
Graduanda em Pedagogia.
Referências Bibliográficas:
BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para educação infantil 01. Brasília, DF: MEC, 1998.
OLEQUES, L. C.; BOER, N. Caminhadas perceptivas como atividades de sensibilização e de educação ambiental. Vidya, Santa Maria, v. 26, n. 1, p. 29-42, 2008.
GADOTTI, M. Perspectiva atuais da Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
MORGADO, Fernanda da Silva. A horta escolar na educação ambiental e alimentar: Experiência do Projeto Horta Viva nas escolas municipais de Florianópolis. 2006. Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.

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