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Procedimento no crime de responsabilidade e crimes comuns praticados pelo Presidente da República de acordo com ADPF 378

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Procedimento no crime de responsabilidade e crimes comuns 
praticados pelo Presidente da República de acordo com ADPF 
378 – STF 
Por - Thiago Carvalho dos Santos 
 
Resumo 
O presente texto busca explicar o procedimento adotado no ordenamento jurídico 
brasileiro para a punição de crime de responsabilidade e crimes comuns praticados por 
quem ocupada o principal cargo do Poder Executivo que é o Presidente da República. A 
responsabilização daqueles que gerem a coisa pública nada mais é do que, uma 
consequência lógica da forma republicana de governo, na qual os governantes tem a 
obrigação de prestar contas daquilo que é de todos, a coisa pública (Accountability). Por 
se tratar de autoridade máxima do Poder Executivo, a Constituição Federal outorgou 
prerrogativas e imunidades no processo de responsabilização de tal figura, que como a 
maioria da grande massa os veem, não são privilégios, mas sim, garantias constitucionais 
que tem como objetivo preservar a independência do Poder Executivo frente aos outros 
Poderes da República. 
Crimes de responsabilidade 
Desde a Constituição de 1981, inspirada na Carta Magna Americana, até 
a Constituição atual, o constituinte preocupou-se em taxar como crime de 
responsabilidade algumas condutas do Presidente da República, são infrações políticos-
administrativas, definidas em lei especial federal, que poderão ser cometidas durante o 
mandato presidencial, a prática de tais condutas poderão resultar no impedimento do 
mandato para o qual foi eleito (impeachment). 
O art. 85 da Constituição Federal traz uma lista exemplificativa das condutas que 
poderão caracterizar crime de responsabilidade: 
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que 
atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: 
I - a existência da União; 
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério 
Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; 
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; 
IV - a segurança interna do País; 
V - a probidade na administração; 
VI - a lei orçamentária; 
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. 
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as 
normas de processo e julgamento. 
É perceptível o caráter genérico das condutas descritas a cima, taxadas como crime 
de responsabilidade, pois como dito anteriormente, tais condutas devem ser 
especificadas em lei federal, ditando os rumos do processo e julgamento. 
A competência para processar e julgar o Presidente da República nos crimes de 
responsabilidade é do Senado Federal (art. 52, I, CF), após autorização da Câmara dos 
Deputados, por dois terços (2/3) dos seus membros (art. 51, I, CF). 
Determina a Constituição que, durante o processo de julgamento dos crimes de 
responsabilidade pelo Senado Federal, funcionará como Presidente o do Supremo 
Tribunal Federal (art. 52, parágrafo único). Sendo que na realidade o Senado Federal não 
estará funcionando como órgão legislativo, mas sim como órgão judicial híbrido, porque 
composto de senadores da República, mas presidido por membro do Poder Judiciário. 
Qualquer cidadão é parte legítima para oferecer a acusação contra o Presidente da 
República à Câmara do Deputados, pela prática de crime de responsabilidade. Essa 
prerrogativa é privativa do cidadão, na qualidade de titular do direito de participar dos 
negócios políticos do Estado, na prática, qualquer autoridade pública ou agente político 
poderá fazê-lo, desde que na condição de cidadão. 
Como se vê, o processo de impeachment tem início na Câmara dos Deputados, a 
partir da apresentação da denúncia por qualquer cidadão, pois cabe privativamente a essa 
Casa autorizar, por dois terços (2/3) de seus membros, a autorização ou não do processo 
contra o Presidente da República. 
Eventual autorização pela Câmara, não mais vincula o Senado, como era o 
entendimento antes da ADPF 378/STF, conforme indicado pelo STF e efetivamente 
seguido no caso Collor, o Plenário da Câmara deve deliberar uma única vez por maioria 
qualificada de seus integrantes, sem necessitar, porém, desincumbir-se de grande ônus 
probatório. Afinal, compete a esta Casa Legislativa apenas autorizar ou não o seguimento 
do processo para eventual instauração pelo Senado Federal, tal autorização será como 
uma verdadeira condição de procedibilidade da denúncia. 
É assegurando ao acusado, durante esse juízo de autorização na Câmara, a ampla 
defesa e contraditório, exercida pelo prazo de dez sessões (RI/CD. Art. 218, § 4ª), tal 
como ocorreu no caso Collor (MS 21.564. Rel. Para acordão Min. Carlos Velloso). Caso 
não seja assim, aplica-se por analogia o prazo de 20 (vinte) dias, previsto art. 22 da Lei 
nº 1.079/50, lembrando que o julgamento exercido pela Câmara dos Deputados é 
eminentemente político. 
Pois bem, autorizado o processo pela Casa Popular, cabe ao Senado Federal em 
uma etapa inicial, deliberar sobre a instauração ou não do processo, bem como uma etapa 
de pronúncia ou não do denunciado, tal como se fez em 1992, constituindo-se assim, 
etapa essencial ao exercício pleno e pautado pelo devido processo legal, da competência 
do Senado de processar e julgar o Presidente da República. 
Diante da ausência de regras específicas acerca dessas etapas iniciais do rito no 
Senado, a recomendação do STF é que a instauração do processo pelo Senado se dê por 
deliberação de maioria simples, a partir de parecer elaborado por Comissão Especial. 
No momento que é instaurado o processo de julgamento pelo Senado Federal, o 
Presidente da República ficará suspenso de suas funções, somente retornando ao 
exercício da Presidência se for absolvido ou se, decorrido o prazo de cento e oitenta (180) 
dias, o julgamento não estiver concluído, hipótese em que retornará ao exercício das suas 
funções, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo (CF, art. 86, § 1.º). 
A condenação do Presidente da República pela prática de crime de 
responsabilidade, que somente será proferida pelos votos de dois terços (2/3) dos 
membros do Senado Federal, em votação nominal aberta, acarretará a perda do cargo, 
com a inabilitação por oito (8) anos, para exercício de funções públicas, sem prejuízo das 
demais sanções judiciais cabíveis (CF, art. 52, parágrafo único). 
A sentença será formalizada por meio da expedição de uma Resolução do Senado 
Federal. 
Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a renúncia ao cargo, 
apresentada na sessão de julgamento, quando já iniciado este, não paralisa o processo de 
impeachment. Ainda firmou entendimento de que, apresentada a denúncia o Presidente 
da República estiver no exercício do cargo, prosseguirá o julgamento, mesmo após o 
término do mandato. O STF ainda deixou assente que o Poder Judiciário não dispõe de 
competência para alterar a decisão proferida pelo Senado Federal no processo de 
impeachment. 
Crimes Comuns 
O Presidente da República dispõe de prerrogativas e imunidades em relação ao 
processo que vise à sua incriminação pela prática de crime comum. As regras 
procedimentais para o processamento dos crimes comuns estão previstas na Lei 
n. 8.038/90 e nos arts. 230 a 246 do RISTF. 
Da mesma forma como ocorre nos crimes de responsabilidade, também haverá um 
controle político de autorização, a ser realizado pela Câmara dos Deputados, que 
autorizará ou não o recebimento da denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal 
Federal, através do voto de dois terços (2/3) de seus membros (art. 86, caput, CF), pois 
bem, admitida a acusação, ele será submetido a julgamento perante o STF.A denúncia, nos casos de ação penal pública, será oferecida pelo Procurador-Geral 
da República. Em caso de não ter formado sua opinio delicti, deverá requerer o 
arquivamento do inquérito policial. Nos casos de ação privada, haverá necessidade de 
oferta da queixa-crime pelo ofendido, ou quem por lei detenha tal competência. 
A expressão “crime comum”, conforme posicionamento do Supremo Tribunal 
Federal, abrange “todas as modalidades de infrações penais, estendendo-se aos delitos 
eleitorais, alcançando até mesmo os crimes contra a vida e as próprias contravenções 
penais. 
Recebida a denúncia ou queixa-crime, o Presidente da República ficará suspenso 
de suas funções por cento e oitenta (180) dias, sendo que, decorrido tal prazo sem o 
julgamento, voltará a exercê-las, devendo o processo continuar até a decisão final. 
Imunidades 
A Constituição outorgou ao Presidente da República três importantes imunidades 
processuais, examinadas a seguir: 
1ª) Imunidade em relação ao processo: diz respeito à necessidade de 
autorização prévia da Câmara dos Deputados, por dois terços (2/3) dos seus membros 
(art. 86, CF). 
2ª) Imunidade em relação ao processo obsta que o Presidente da República 
seja preso, nas infrações comuns, enquanto não sobrevier sentença condenatória 
(art. 86, § 3º, CF). Essa imunidade impede que o Presidente da República seja vítima de 
prisão em flagrante ou de qualquer outra espécie de prisão cautelar (preventiva, 
provisória etc.), seja o crime afiançável ou inafiançável. Enfim para que o Presidente da 
República seja recolhido à prisão, é indispensável a existência de uma sentença 
condenatória, proferida pelo STF. 
3ª) Imunidade processual outorga ao Presidente da República uma relativa e 
temporária irresponsabilidade, na vigência do mandato, pela prática de atos 
estranhos ao exercício de suas funções (art. 86, § 4º, CF). 
Por força dessa última imunidade do Presidente da República, que estabelece a sua 
irresponsabilidade temporária quanto aos atos estranhos ao exercício do mandato, o 
chefe do Executivo só poderá ser responsabilizado, na vigência do seu mandato, pela 
prática de atos que guardem conexão com o exercício da atividade presidencial, hipótese 
em que será processado e julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Se o crime praticado 
não guardar conexão com o exercício das funções presidenciais, o Presidente da 
República só poderá ser por ele responsabilizado após o término do seu mandato, perante 
a justiça comum. 
Essa imunidade, prevista no § 4º do art. 86 da Constituição, refere-se 
exclusivamente às infrações de natureza penal, não impedindo a apuração, na vigência 
do seu mandato, da responsabilidade civil, administrativa, fiscal ou tributária do 
Presidente da República. 
Prerrogativa de foro 
O Presidente da República dispõe de prerrogativas de foro. Com efeito, deferida a 
autorização da Câmara dos Deputados, por dois terços (2/3) dos seus membros, será ele 
julgado, nos crimes de responsabilidade, pelo Senado Federal e, nas infrações comuns, 
pelo Supremo Tribunal Federal (art. 86 da CF). 
A competência do Supremo Tribunal Federal para julgar, originariamente, o 
Presidente da República alcança todas as modalidades de infrações penais, estendendo-
se aos crimes eleitorais, aos crimes dolosos contra a vida e até mesmo às contravenções 
penais. Acontece, porém, que a competência do STF para julgar o Presidente da República 
só alcança dos crimes comuns por ele cometidos na vigência do mandato e, ainda assim, 
desde que sejam ilícitos relacionados com o exercício do mandato (in officio ou propter 
officium). 
A prerrogativa de foro só diz respeito a ações de natureza penal, não alcançando o 
julgamento de ações de natureza civil eventualmente ajuizadas contra o Presidente da 
República, tais como ações populares, ações civis públicas, ações possessórias etc. 
Ademais, a prerrogativa de foro só permanece durante o exercício de mandato, não 
subsistindo após a expiração deste. 
Por fim, caso o Presidente da República seja condenado pelo Supremo Tribunal 
Federal pela prática de crime comum, a decisão condenatória com trânsito em julgado 
acarretará a suspensão dos seus direitos políticos e, em consequência, a cessação 
imediata de seu mandato. 
Referências: 
MENDES, Gilmar Ferreira. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito 
constitucional. 10. Ed. Rev. E atual. São Paulo: Saraiva, 2015. 
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. Ed. Rev. Atual. E amp. 
São Paulo: Saraiva, 2010. 
PAULO, Vicente. ALEXANDRINO, Marcelo. Direito constitucional descomplicado. 
13. Ed. Rev. E atual. Rio de Janeiro: Método, 2014. 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
Brasília. 
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2014.

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