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As Quatro Páginas do Sermão

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UMA PROPOSTA NARRATIVA PARA O SERMÃO 
“AS QUATRO PÁGINAS DO SERMÃO”1 
As “Quatro Páginas do Sermão” constituem uma metáfora que identifica quatro funções teológicas do 
sermão. Não se trata de quatro páginas literais, mas quatro movimentos distintos da pregação. Na verdade, 
cada página significa ¼ do sermão e providencia um foco específico dentro do desenvolvimento do sermão. 
O Conteúdo de Cada Página do Sermão (Sumário) 
Introdução: Antecede a P. 1 do sermão e exerce a importante função de cativar e convidar os ouvintes a se 
engajarem na proclamação das boas novas do evangelho. A introdução toma a forma de uma história 
(ilustração) que aponta o problema ou as boas novas do evangelho que serão tratados no sermão. A 
introdução dever ser breve, simpática e realmente relacionada com a mensagem. 
Página 1: O mundo do texto bíblico através das lentes do problema. Este primeiro movimento do 
sermão apresenta o mundo do texto bíblico visto através das lentes do problema. O pregador expõe o texto 
da pregação de forma narrativa com o propósito de apontar o problema que é tratado pelo texto bíblico. Este 
problema diz respeito a falha humana em viver de acordo com a vontade de Deus, as conseqüências desta 
atitude, e os danos causados pelo pecado tanto para o relacionamento com o Deus, como para com a criação. 
Às vezes este problema está claro no próprio texto bíblico, e às vezes pode ser o problema que ocasionou a 
redação ou transmissão do texto. 
Página 2: O nosso mundo através das lentes do problema: Esta parte do sermão pode ser pensada como 
um movimento de aplicação da P.1, que explora em nossos dias e época o mesmo tipo de problema 
encontrado no mundo do texto bíblico. 
Este movimento identifica a pecaminosidade no nosso mundo (um foco horizontal), e/ou o julgamento e 
desprazer de Deus contra a falha humana (foco vertical). Ordinariamente este movimento contém uma 
história (ilustração) que exemplifica ou expressa o problema, a pecaminosidade, a falha humana, ou pecado 
em vista. Nesta parte o pregador pode apresentar sugestões práticas de atitudes corretivas e introduzir parte 
da missão que pretende incentivar em seus ouvintes. 1 Método baseado no livro “The Four Pages of the 
Sermon” de Paul Scott Willson. 
Página 3: O mundo bíblico através das lentes das boas novas: Esta parte do sermão apresenta as boas 
novas do Evangelho em resposta ao problema apresentado nos dois primeiros movimentos do sermão. A boa 
nova é sempre a ação salvadora de Deus que motiva e capacita seu povo para enfrentar o problema, o 
julgamento, a pecaminosidade ou o pecado específico tratado anteriormente. Esta boa nova deve ser 
declarada em uma frase. A frase ou sentença que descreve esta boa nova é a “frase-tema” do sermão. Desde 
que a ação salvadora sobre o problema é antes de tudo a ação de Deus 
(Pai, Filho, e/ou Espírito Santo), Ele deverá ser o sujeito gramatical da frase-tema. As duas últimas páginas 
do sermão apresentam esperança e boas novas que são apresentadas como uma resposta ao problema 
apresentado nas páginas um e dois. 
Página 4: Nosso mundo através das lentes das boas novas: Este quarto movimento do sermão identifica 
uma ação de Deus similar àquela apresentada na P.3, mas que se manifesta agora em nossos dias e época. 
Esta página do sermão pode ser entendida como um segundo movimento de aplicação que aponta para o que 
Deus está fazendo em relação ao problema em nosso mundo, o qual foi identificado na primeira metade do 
sermão. Este movimento geralmente contém histórias contemporâneas (ilustrações) que exemplificam a ação 
de Deus sobre o problema, o pecado, e suas conseqüências no mundo. O pregador deve focar no que Deus já 
está fazendo para resolver o problema do pecado e suas conseqüências. 
Conclusão: Uma breve conclusão declara uma vez mais o problema e celebra a graça de Deus que retira dos 
ombros humanos a carga do problema na medida que Ele age sobre isto. A missão é retomada como um 
convite ao serviço e não com um fardo. 
Estes quarto movimentos, antes de qualquer coisa, devem ser entendidos como uma gramática homilética ou 
uma estrutura profunda para a apresentação do sermão. Eles servem também como um método de pregação 
rudimentar. As páginas, grosso modo, são proporcionais, sendo que pelo menos metade do sermão enfatiza a 
esperança ou as boas novas. Histórias que mostram nossa condição decaída na página dois e histórias 
(ilustrações) que narram a ação de Deus hoje (em nosso mundo) na página quatro são extremamente úteis 
para a comunicação da mensagem bíblica em nossa cultura oral, visual e televisiva. 
Objetivos do Método das	“Quatro	Páginas	do Sermão”	
O método visa encorajar o pregador(a) à: (1) preparar sermões mais bíblico; (2) atentar mais para a graça de 
Deus; (3) apresentar a mensagem de uma maneira simples; 
(4) repensar os velhos métodos de composição de sermões; (5) resgatar o valor das narrativas; (6) e amar a 
tarefa da pregação. 
Características do Método 
Bíblico: 50% do sermão é voltado para a exposição bíblica - P.1 e P.3; 
Imaginativo: define e determina tarefas criativas e específicas para cada página do sermão e para dia da 
semana. O método sugere quebrar a tarefa de composição do sermão em tarefas teológicas menores ao longo 
da semana; 
Teológico: reconhece que pregação deve estar alicerçada e fortalecida no diálogo com a teologia bíblica e 
sistemática; 
Pastoral: conecta as necessidades locais e globais dos ouvintes com o amor e a graça de Deus; 
Evangélico: proclama o Evangelho da Graça. 
O Manuscrito do Sermão O sermão é parte de um mundo verbal. Por isso, Paul Scott Wilson sugere que 
pensemos na estrutura do sermão como um roteiro de filme ou uma webpage. Assim, o objetivo do 
manuscrito do sermão não é a comunicação escrita, mas verbal e visual. 
SEIS SINAIS PARA ALCANÇAR UNIDADE! 
1. Um Texto Bíblico Escolha um texto da Bíblia. Determine seus limites e estude-o dentro dos contextos 
histórico, literário, gramatical e teológico. Consulte traduções, introduções e comentários bíblicos. UM 
TEXTO principal é tudo o que muitos ouvintes podem absorver, portanto concentre-se em um só texto. A 
escolha deste texto principal deve ser feita com base nas necessidades da congregação. 
2. Uma Frase-Tema A partir do estudo mais completo do texto, identifique a idéia central ou o coração da 
passagem. Elabore uma “Frase-Tema” que declare o que Deus está fazendo no texto ou por trás do texto. 
Declare o tema em uma frase completa (Sujeito + verbo na voz ativa + Complemento). Não use forma 
interrogativa e nem voz passiva. Seja breve e apresente Deus (Pai, Filho, e Espírito Santo) como o sujeito da 
sentença. Esta “Frase-Tema” deve lançar foco na ação graciosa de Deus sobre o problema tratado no 
sermão. 
3. Uma Doutrina Um texto pode sugerir várias doutrinas. Por exemplo, Jo 3:16 aponta para a doutrina da 
justificação, revelação, a natureza de Deus, salvação, santificação, redenção, etc... O pregador deve optar 
apenas por uma doutrina e estudá-la a fundo. O sermão não deve se tornar uma dissertação doutrinária, mas 
a doutrina serve de guia para o pregador aprofundar a mensagem do sermão. 
4. Uma Necessidade Identifique uma necessidade ou problema específico que deve ser tratado na 
congregação através do sermão. Muitos pregadores escrevem seus textos sem mesmo se perguntar: Quem se 
importa com isso? Para que isso serve? Quando o pregador identifica uma necessidade na congregação que 
seja relativa ao que o texto está tratando, o sermão se torna relevante. 
“A diversão favorita do diabo aos domingos de manhã é o sermão que não causa distúrbio. O púlpito deve 
ter algo relevante, sério, e honesto para dizer sobre problemas e assuntos que causam perplexidade”. O.C. 
Jones, Jr. 
5. Uma Imagem Dominante Uma imagem dominante (figura criada na mente dos ouvintes) torna o sermão 
mais fácil de ser lembrado. Esta imagem pode ser providenciada por palavras que apresentam uma idéia 
concreta e não abstrata. Esta imagem deve aparecer logo na P.1 do sermão.A repetição da imagem 
dominante é para o pregador o equivalente ao marcador de texto colorido na tela do computador. 
6. Uma Missão A missão no sermão é a ação que queremos motivar na vida do cristão. Pode ser entendida 
como uma postura ou uma ação de ministério que os ouvintes podem se contemplar realizando como 
resultado do sermão. 
A missão pode ser explorada pelo pregador na P.2 com um foco voltado para a responsabilidade cristã – o 
que devemos fazer! Em seguida, a missão pode reaparece na 
P.4 com o foco apontado para a ação graciosa de Deus capacitando o cristão para aquilo que deve ser feito – 
como Deus nos capacita! 
PÁGINA UM: O PROBLEMA NO MUNDO BÍBLICO! 
A P.1 desta estrutura homilética equivalente a ¼ de todo o sermão e considera o problema no mundo do 
texto bíblico. O pregador (a) examina a pecaminosidade humana revelada no texto, suas conseqüências, e a 
responsabilidade humana por uma ação correta à luz da vontade de Deus. Identificar o problema ajuda os 
ouvintes entenderem o “para que isso serve?”. 
Não importa o quanto um texto bíblico pode parecer positivo, todo texto revela algo sobre a condição 
humana caída. Este “problema” está presente no texto e aguardando para ser discernido. Algumas vezes o 
problema é explícito, como o pecado de adultério de Davi e o assassinato de Urias. Outras vezes o problema 
é implícito, como por exemplo, o problema por trás da carta de Paulo aos Coríntios. Nós dependemos da 
Bíblia para lançar luz sobre o estes problemas. 
Uma vez identificado o problema na P.1, devemos nos concentrar nele e desenvolvê-lo à luz da teologia. O 
problema bíblico nos levará ao problema equivalente no mundo contemporâneo que será tratado na P.2. A 
exposição do problema nas P.1 e P.2 nos prepara para ouvir a ação graciosa de Deus que será desenvolvida 
nas P.3 e P.4. 
A P.1 proporciona a razão para a Graça de Deus. Se o sermão terminar na P.2 o pregador estará apenas 
apresentando uma “teologia do problema”. 
GUIA PARA A PÁGINA UM 
Escolha um texto e reconte a história Escolha um texto que apresente material suficiente para preencher o 
conteúdo das páginas UM e TRÊS. Reconte a história bíblica. Não pense que apenas a leitura do texto antes 
da pregação é suficiente para os ouvintes assimilarem a história em suas mentes. Ao recontarmos parte do 
texto bíblico devemos resgatar a vívida situação dos personagens. 
Escreva a Página Um 
Crie cenas vibrantes com palavras preparadas para os olhos da mente. Mostre ao invés de falar! Ação deve 
ser o foco inicial. Descrições devem ser filtradas através da ação. Ao introduzir um lugar ou personagem 
descreva algo distintivo sobre isso. Não carregue o texto bíblico com detalhes excessivos, longos discursos e 
diálogos. 
O ambiente é um importante material de pano de fundo e deve permanecer como pano de fundo. Coloque 
foco nas pessoas e nas ações. Descrições e conversas são importantes, mas mantenha isto breve, acenando 
com eles dentro da ação. Conte a história usando os verbos conjugados no presente. Isto ajuda os ouvintes a 
observarem a história como se estivesse acontecendo no instante da pregação. 
Seja específico. Por exemplo, ao invés de dizer - “Uma estrada maravilhosa” diga 
“Uma estrada que corre ao longo da praia”. Ao invés de usar muitos adjetivos e advérbios para pintar as 
cenas, pessoas, e ações, aponte pequenos detalhes como gestos e objetos, especialmente aqueles que 
produzem imagens na mente. Coloque palavras dos personagens bíblicos na boca deles e explore as suas 
ações. 
Monólogos e extensos diálogos são raramente efetivos. Prefira as breves citações a fim de dar vida aos 
personagens. Tanto quanto possível, deixe os eventos acontecerem ao invés de comentar todas as coisas. 
Permita que os ouvintes experimentem os personagens dando a eles vida através da ação. 
Certifique-se de que sua interpretação é legítima Tenha certeza que o foco dado na P.1 é uma 
interpretação legitima do texto. Uma interpretação justa é geralmente estabelecida quando três ou mais peças 
de informações no texto apontam para a mesma direção. Por exemplo, nos poderíamos dizer: “O filho 
pródigo amadurece com sua experiência fora de casa”, baseados nas seguintes evidências: 
(1) ele percebe a estupidez de seus próprios atos quando come com os porcos; 
(2) ele confessa que pecou contra seu pai; 
(3) ele retorna com o desejo de ser escravo de seu pai. 
Identifique o foco de cada página 
Identifique o foco de cada página em uma frase curta e escreva estes focos específicos no topo de cada 
página. Exemplo, João 4: Frase-Tema: Jesus da água viva para a mulher! 
Foco da Página 1: A mulher precisa mais do que água! 
Foco da Página 2: Muitas pessoas hoje não sabem o que precisam! 
Foco da Página 3: Jesus dá a mulher água viva! 
Foco da Página 4: Jesus nos dá água viva! 
Termine a P.1 com a frase curta do topo da página e que serviu de foco para a composição deste movimento 
e inicie a P.2 com a frase foco deste segundo movimento. 
PÁGINA DOIS –	O PROBLEMA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO! 
Esta parte do sermão pode ser pensada como um movimento de aplicação da P.1 que explora, em nossos 
dias e época, o mesmo tipo de problema identificado no mundo do texto bíblico – P.1. Prepare a P. 2 no 
segundo dia de trabalho. 
Neste movimento o pregador(a) identifica a pecaminosidade no nosso mundo (um foco horizontal), e/ou o 
julgamento e desprazer de Deus contra a falha humana (foco vertical). Ordinariamente este movimento 
contém uma história (ilustração) que exemplifica ou expressa o problema, a pecaminosidade, a falha 
humana, ou pecado em vista. Nesta parte o pregador pode apresentar sugestões práticas de atitudes 
corretivas diante do problema. 
Apesar das diferenças existentes entre o mundo bíblico antigo e o mundo contemporâneo, algumas coisas 
permanecem iguais e funcionam como ponte hermenêutica para transpor o abismo do tempo, cultura, língua 
e lugar: a imutável natureza de Deus e a natureza pecaminosa do comportamento humano. 
A Necessidade de se Pregar o Problema! 
O “problema” no sermão diz respeito a falha do ser humano em viver de acordo com o propósito de Deus, as 
conseqüências desta falha, e os danos que isso gera no relacionamento com Deus e com a criação. 
Teologicamente, todos nós violamos o grande mandamento de amar a Deus acima de todas as coisas e o 
próximo como nós mesmos. Todos somos culpados diante de Deus. 
E esta realidade humana precisa ser discutida no sermão, pois o ser humano facilmente a perde de vista. 
Precisamos ser constantemente convencidos de nossos pecados e de que nossos caminhos são caminhos de 
morte. 
UMA PROCLAMAÇÃO FIEL DO PROBLEMA. O problema tratado no sermão é teológico e, portanto, 
precisa de uma abordagem e compreensão teológica. Três sugestões para os pregadores trabalharem 
efetivamente o problema no contexto contemporâneo: (1) Desenvolva uma compreensão do problema em 
três dimensões; (2) pregue com uma atenção global; (3) pregue a graça em tensão ao problema. 
(1) As três dimensões do problema 
1. Dimensão Transcendente ou Vertical do Problema: É a dimensão do problema que aponta para o 
julgamento de Deus contra os atos pecaminosos da humanidade e contra o indivíduo pecador. A 
compreensão transcendente do problema reforça a imagem de Deus julgando o ser humano do alto de seu 
trono. O ser humano culpado necessita de uma atitude corretiva e também do perdão de Deus. 
A abordagem transcendente ou vertical do problema pode gerar diferentes graus de confrontação e desafio 
no sermão. Primeiro, através de uma forma imperativa, na qual as expressões como “Você deve”, “Você 
tem”, ou “Você precisa” são declaradas ou apontadas. Este tipo de abordagem cria a imagem do pregador 
com um dedo indicador apontado na direção dos ouvintes. Segundo, nós podemos pregar problemas 
transcendentes usando um modo indicativo, o que é mais descritivo e menos confrontativo ou acusatório. 
Esta forma simplesmente indica, sugere, ou aponta o problema. 
2. Dimensão Imanente ou Horizontal do Problema: É a dimensãodo problema que identifica as 
evidências da queda, da pecaminosidade no mundo e do sofrimento causado pelo pecado. O problema 
imanente envolve o indivíduo, permeia a sociedade, e as conseqüências do comportamento social são 
evidentes: a humanidade segue em sua rota de destruição como se não tivesse necessidade de Deus, como 
se Ele estivesse distante, passivo e incapaz de interferir ou mudar a história. Apontando um espelho para o 
mundo o pregador pode mostrar a discrepância entre como é o mundo contemporâneo e como Deus deseja 
que ele seja. 
3. Dimensão Humana do Problema: É a dimensão do problema que diz respeito a responsabilidade 
humana de agir responsavelmente. Esta responsabilidade é vista como um problema porque o ser humano 
não é capaz por si só de cumprir as exigências da 
Palavra de Deus. Se a nossa relação com Deus dependesse da nossa responsabilidade em cumprir a vontade 
do Senhor tudo estaria perdido, João 15:5 e Rm 7:19. Portanto, na P.2 o pregador pode abordar as 
responsabilidades humanas diante do Criador como sendo um 
“problema” humano. 
Exemplo das diferentes dimensões do problema Quando o pregador trata em seu sermão do amor ao 
dinheiro como um pecado que afasta o ser humano do relacionamento íntimo com Deus, ele esta explorando 
a dimensão transcendente ou vertical do problema. Quando ele passa a dizer que o amor ao dinheiro leva a 
falta de compaixão com o necessitado, ele está explorando a dimensão imanente ou horizontal do problema. 
Ainda, se o pregador passar a apontar as atitudes corretas que os cristãos devem ter em relação ao dinheiro, 
de acordo com o ensinamento bíblico, ele está explorando a dimensão humana do problema. 
(2) Pregue o Problema com uma Atenção Global Existe uma norma para pregar problemas? 
Muitos pregadores continuamente “martelam” suas congregações com as responsabilidades individuais dos 
ouvintes: “O que eles têm que fazer!” Mas os indivíduos podem fazer muito pouco sem a capacitação de 
Deus. Desta forma, estes 
10 pregadores arriscam se tornar agentes de um Deus irado e não de um Deus de amor. Os ouvintes 
geralmente respondem mais prontamente a uma postura menos agressiva e mais simpática do pregador, 
quando ele prefere convidar e motivar o ouvinte a uma ação responsável ao invés de impor o que deve ser 
feito. 
Ainda, desenvolva e explore o problema humano no sermão tanto no âmbito individual, como também no 
âmbito da comunidade cristã e da sociedade em geral. A palavra de Deus diz respeito a todo o ser humano e 
não somente ao endivido ou ao cristão. A palavra de Deus é dirigida à igreja, mas também ao ser humano de 
modo geral. 
As histórias e experiências que usamos como ilustrações devem incluir tanto homens como mulheres. 
Coloque-se ao lado dos ouvintes e diante da Palavra. 
(3) Desenvolva Graça em Tensão com o Problema. O objetivo das Quatro Páginas é estabelecer uma 
tensão entre o problema e a graça encontrados no texto bíblico a fim de criar expectativas nos ouvintes. No 
sermão não podemos simplesmente nos ater a pecaminosidade humana e ignorar a graça de Deus revelada 
na cruz de Cristo. Nem tão pouco nós podemos apresentar somente a mensagem da cruz e ignorar a 
necessidade de apontarmos os erros e pecados que precisam de correção e mudanças. Problema e graça são e 
essenciais para a pregação. 
A graça deve ser apresentada após o problema pelo menos por duas razões: (1) o problema identifica a 
necessidade da ação de Deus na vida do ser humano; (2) para o sermão concluir com uma palavra de 
esperança devemos colocar a ênfase final não na ação humana, mas na ação graciosa de Deus sobre o 
problema tratado no sermão. 
GUIA PARA A PÁGINA DOIS 
Organização e Foco 
Uma sentença escrita no topo da P.2 ainda em branco pode ajudar na composição do deste movimento e a 
manter o foco da página, especialmente se incorporarmos esta sentença logo no início e se encontrarmos 
caminhos para repeti-la ao longo da página. 
Esta frase funciona como um princípio organizador de conteúdo para a página. O foco do problema na P.2 
(nosso mundo) é determinado pelo foco do problema P.1 
(mundo do texto bíblico). Permanecer no foco é importante, pois se nós escorregarmos aqui, não apenas 
perderemos a direção do sermão e a conexão com as demais páginas, mas também perderemos nossos 
ouvintes. 
A “sentença-foco” da P.1 deve aparecer em vários lugares ao longo do desenvolvimento da página. Para 
uma transição mais suave entre páginas UM e DOIS, a 
“sentença-foco” pode ser a última sentença da P.1 e a “sentença-foco” da P.2 pode vir logo em seguida 
introduzindo a página seguinte. Devemos procurar repetir o foco no problema quantas vezes for possível, de 
modo que os ouvintes tenham isso bem claro em suas mentes. 
Exemplos de “Sentença-Foco”	para páginas Um e Dois: 
Página Um Problema no mundo bíblico 
Página Dois 
Problema no mundo atual 
A mulher não sabe que precisa mais do que água (João 4). 
Muitas pessoas hoje não sabem o que estão buscando. 
Os seguidores de Jesus não têm olhos para A miséria de Bartimeu (Mc 10). 
Cristãos contemporâneos às vezes não têm olhos para os necessitados. 
Ananias se depara comseus medos e preconceitos diante do chamado de Jesus (At 9). 
Nós lidamos com nossos medos e preconceitos diante do chamado de Jesus 
Os primeiros trabalhadores murmuram contra a bondade do dono da vinha em relação aos últimos 
trabalhadores (Mt 20) 
Crentes mais antigos murmuram contra 
A bondade de Deus para os mais novos. 
Unidade de Sermão 
P.1 e P.2 devem ser preparadas a partir do tema central do sermão que deve ser expresso por uma frase-tema 
que será o foco da P.3. A frase-tema aponta para a ação de 
Deus no texto ou por trás do texto. E esta ação de Deus está diretamente relacionada com alguma doutrina. 
Os pregadores são aconselhados a desenvolver a P.2 teologicamente, permitindo que a doutrina central que 
envolve o sermão guie e informe o que deve ser dito no sermão. A P.2 é um excelente lugar para começar a 
identificação de uma possível missão ou ação que o sermão pretende encorajar. O pregador pode apontar a 
responsabilidade humana diante da Palavra de Deus. 
Missão A missão é uma ação específica, um ato de ministério, ou a responsabilidade humana que o pregador 
pretende encorajar os ouvintes realizarem como resultado do sermão. O pregador(a) geralmente apresenta a 
missão na P.2 como uma responsabilidade ou um dever que recai sobre o ouvinte. Posteriormente, na P.4 as 
exigências desta missão serão apresentadas como uma oportunidade e um privilégio de servir a Deus. Como 
regra geral, se o peso da missão recair nos ouvintes, o material discutido pertence à P.2. Por outro lado, se o 
peso da ação recair sobre Deus, este material pertence a P.4. O pregador(a) deve apresentar uma 
possibilidade de missão explícita, atitudes específicas que a congregação pode por em prática. 
Uso das Histórias (ilustrações) A missão pode ser apresentada através de histórias (ilustrações) que devem 
ser selecionadas em submissão à Palavra de Deus. De certo modo, cada história que o pregador(a) contar 
deve ter implicações práticas para a missão. As histórias geralmente não dizem o que a congregação deve 
fazer exatamente, mas providenciam exemplos específicos e concretos do que é possível ser feito. Elas 
também estimulam os ouvintes a identificar possíveis alternativas. 
Podemos selecionar três categorias de histórias (ilustrações): (1) pessoal – sobre alguma dificuldade ou 
problemas individuais; (2) local – da igreja de modo geral; (3) e geral – experiências do mundo que podem 
ser tiradas das notícias nacionais e internacionais da televisão e jornais. Devemos fazer um uso equilibrado 
de todas as fontes de ilustração e tomar cuidado para que elas sejam realmente relevantes. 
Após uma história substancial, uma ou duas sentenças devem conectar a história com foco da página, bem 
como com a vida dos ouvintes e suas próprias experiências. 
Esta conexão ajuda os ouvintes a aplicarem o que é dito em suas próprias vidas. 
Alguns princípiosda composição da P.1 também devem ser usados na P.2 tais como: ser visual e sensorial; 
brevemente localizar geograficamente a história antes de narrar a ação; descrever a pessoa antes de 
descrever a ação; evitar adjetivos na descrição; e apontar detalhes relacionados aos objetos, pessoas, e 
atitudes que integram a narrativa. 
Preste atenção ao impacto emocional e espiritual da história. 
Avalie o impacto emocional e espiritual das histórias antes de usá-las. Duas ou três instâncias do sofrimento 
humano na maioria dos casos são suficientes. Os ouvintes não devem estar saturados pela história, mas aptos 
para ouvir mais. Cada história deve levar os ouvintes a uma compreensão um pouco mais profunda do 
problema que está sendo tratado. Seja simpático e inclusivo, e deixe de fora detalhes de violência. Devemos 
evitar retrata violência com detalhes gráficos. Um bom teste para inclusão de qualquer história ou material 
na P.2 e em todo o sermão são as seguintes perguntas: Para que isso serve? Se eu cortar isso o que vou 
perder? 
Indo Fundo no Problema. A P.1 normalmente não toca fundo nas preocupações contemporâneas dos 
ouvintes porque ela lida com o tempo e as pessoas do mundo bíblico antigo. Mas a P.2 deve trazer as 
preocupações dos ouvintes vivas e atuais no sermão a fim de que no final da P.2 a congregação esteja 
lidando mais profundamente com a realidade do problema humano que a envolve. Para alcançar este 
objetivo, identifique uma doutrina a partir da frase-tema e estude-a à luz da teologia bíblica e sistemática. 
Isso ajudará o pregador nesta tarefa de aprofundar a mensagem. 
Antes de iniciar a P.3 tenha certeza de que o foco da P.2 está colocado sobre a vida dos ouvintes e suas 
experiências. Para isso, verifique se a P.2 clarifica as seguintes questões: O que está errado hoje? O que 
precisa ser fei feito? 
PÁGINA 3: A AÇÃO DE DEUS NA BÍBLIA. A Falta de foco em Deus é algo bem comum em muitos 
sermões antigos e contemporâneos. Por isso, se faz necessário uma nova abordagem para a pregação, que 
seja mais centrada em Deus, capaz de forjar vidas responsáveis, cheias de esperança e de uma fé renovada. 
A P.3 é um movimento novo para muitos pregadores bíblicos que geralmente apenas apresentam conteúdo 
da P.1 e P2 em seus sermões. Entretanto, existe um movimento teológico na Bíblia que parte da criação e 
queda e chega à redenção e restauração pela graça. A Bíblia tem diversas maneiras de descrever este 
movimento: da expulsão do Paraíso no Gênesis para a Nova Jerusalém em Apocalipse; do Êxodo para a 
Terra prometida; da Crucificação para a Ressurreição; da Sexta-feira Santa para a Páscoa. 
No sermão, nos marcamos este movimento quando passamos para a P. 3. 
A P. 3 entra em um terreno teológico que muitos pregadores têm tido acesso restrito pela simples razão que 
poucos foram ensinados a pregar graça. No entanto, nesta página nós pregamos a natureza maravilhosa de 
Deus e seus atos de salvação sem colocar um fardo sobre a ação dos ouvintes na congregação. Nós 
pregamos o amor fiel e redentor de Deus sem empolgação sem reservas, ou sem condições. 
Esta não é uma tentativa de remover as responsabilidades dos ouvintes, de ignorar as exigências de Deus, ou 
de apagar o problema que foi estabelecido teologicamente nas 
P. 1 e P.2. Antes, esta é uma maneira de colocar nossos problemas na perspectiva da cruz de Cristo, o qual 
tomou nosso lugar, entrou no sofrimento, experimentou a morte por nós, e conquistou algo tão decisivo que 
toda a vida é mudada por causa disto. O problema não tem mais a palavra final sobre nós. 
A P. 3 como uma volta para Deus A P. 3 sinaliza que Deus é mais poderoso do que os poderes do mundo, 
e Ele está diante da congregação. A pregação é a maneira fantástica que Deus escolheu para se apresentar ao 
mundo o seu amor redentor. Na P. 3 nós retornamos ao mundo bíblico e nos voltamos para Deus. Nós 
mudamos o foco da atenção ao problema humano para a ação de Deus. Isso é feito através da Frase-Tema. A 
ação de Deus é o foco desta página e o tema unificador de todo o sermão. A ação de Deus se sobrepõe aos 
problemas humanos, ao pecado, e as incapacidades humanas. Se um sermão não tem este movimento 
teológico da P. 3, ele se torna antropocêntrico. Além do mais, um sermão deveria ser construído com base na 
graça de Deus. O sermão deve explorar e amplificar esta graça a fim de demonstrar como Deus continua 
agindo em nossa própria vida de modo similar ao que agiu no texto bíblico. 
A responsabilidade exegética exige que nós sejamos fieis ao texto bíblico. 
Entretanto, a hermenêutica não é uma atividade teologicamente neutra. Na prática o texto bíblico significa o 
que a igreja diz que ele significa. Em outras palavras, a autoridade do interprete está sobre aqueles mais 
qualificados aos olhos da igreja. 
A ação de Deus pode ser encontrada no texto ou por trás de praticamente todos os textos. Infelizmente, 
muitos sermões têm bem pouco foco em Deus. Se nós não estamos treinados para ver Deus no texto bíblico 
ou para nomear a ação de Deus no mundo, nós acharemos difícil falar sobre Deus de uma maneira acessível 
para a congregação. A menos que possamos falar de maneira concreta a respeito de Deus, nossa palavra será 
apenas abstrata. 
Problemas Típicos quando Pregando Graça! 
 a. Os pregadores identificam a ação de Deus em uma frase ou parágrafo, mas logo em seguida voltam a 
colocar o foco na tarefa humana. Por exemplo, começamos dizendo, “Deus tem abençoado muito cada um 
de nós...” e logo estamos novamente focando na nossa responsabilidade, “Quando vamos nos permitir 
sermos transformados por Deus?”, ou “Deus nos ama”, mas rapidamente já dizemos, “Acredite em Jesus”. 
Na P.3 devemos estar focados no amor de Deus assim como ele é revelado no texto. 
b. Os pregadores confundem imperativo com graça. Não importa quão bom e importante o imperativo, ele 
sempre coloca um fardo nos ouvintes: “Nós devemos reconhecer...; Deixe o Espírito Santo tocar em você...; 
Clame pelo nome de Jesus...” Nós podemos fazer declarações como estas no sermão, mas eles têm seu lugar 
na P.1 ou na P.2. c. Os pregadores confundem verbos não ativos com graça. Declarações como: 
“Deus está presente; Deus ouve; Deus se importa”, são boas, mas apresentam um Deus distante e que está só 
assistindo as coisas acontecerem. Estas expressões não são muito úteis se o ouvinte reconhece que está em 
meio ao problema. Deus se importa o suficiente para fazer alguma coisa, para se envolver, para trazer 
transformação, para sofrer, e até para morrer na cruz! 
d. Os pregadores não expressam completamente a graça. Eles geralmente apresentam uma graça implícita, 
mas não explícita. Nós devemos tornar visível como Deus está vencendo a resistência humana. Ao invés de 
dizermos “Deus nos convida para sermos filhos da luz; Deus nos chama para sermos transformados; ou 
mesmo Deus nos quer para...” podemos dizer: “No seu batismo, Deus te faz 16 um filho da luz; Deus está 
operando uma transformação magnífica em sua vida e na vida desta comunidade; Deus não apenas quer que 
nós façamos isto, mas Ele já começou a fazer e nos capacita neste momento...”. 
e. Os pregadores falham em estabelecer a tensão entre problema e graça e acabam enfatizando um ou outro, 
ou ficam mudando rapidamente de um para outro. 
Tensão entre os dois é essencial. 
 f. Os pregadores atrasam a introdução da graça no sermão, postergando-a como se ela fosse apenas o golpe 
final de uma história extraordinária que será arruinada se apresentada tão cedo. Em muitos sermões a graça 
aparece em apenas um ou dois parágrafos, e geralmente no fim. 
 g. Pregadores confundem problema e graça com problema e solução. O Evangelho não é uma caixa de 
ferramentas para fixar tudo. Antes de tudo o Evangelho é um relacionamento de fé que confia no Deus que é 
revelado em Jesus Cristo que veio à nós no poder do Espírito Santo no meio da alegria e da dor. 
h. Pregadores utilizam estruturas (forma) de sermão que não contribuem para a apresentação da graça, como 
por exemplo:uma simples exposição/aplicação; um formato palestra/dissertação que enfatiza as informações 
ao invés da comunicação e oferece idéias de Deus, mas não aponta para um encontro com Deus; ou mesmo 
um formato simplesmente narrativo. 
Um Exemplo Prático Alguns textos parecem difíceis para identificar graça neles. Principalmente porque 
muitos pregadores não foram ensinados a ver isso. Para conseguirmos ver a graça no texto bíblico devemos 
perguntar: O que Deus está realizando no texto o por trás do texto? 
Um olhar mais próximo em I Coríntios 8:1-13 revela-nos: 
a. “O amor edifica” – v.1; 
b. “Mas se alguém ama a Deus esse é conhecido por ele” v.3; 
c. “... não há senão um só Deus” v.4; 
17 
d. “... para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só senhor, 
Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também por ele” v. 6; 
e. “... pelo qual Cristo morreu” v.11. 
Guia para a Composição da P.3 
Nosso foco aqui é a ação graciosa de Deus no texto bíblico. Nosso objetivo principal é não falarmos de Deus 
de maneira abstrata, mas apresentar a ação de Deus de modo visual através dos eventos que o próprio texto 
apresenta. 
Visualizando a P.3 
Não gaste muito tempo com descrições, mas foque nas pessoas em ação, e permita que as descrições sejam 
apresentadas através da ação. Inclua todos os cinco sentidos. Não entre na mente dos personagens. Isto é 
algo que freqüentemente acontece quando tentamos nos tornar o personagem. 
Use a imaginação para fazer perguntas para o texto. Use os comentários e pesquise as respostas para as 
questões levantadas. Nos preparamos melhor a P.3 quando nós primeiro temos o texto bem vívido em nossas 
mentes e então compartilhamos alguns poucos detalhes essenciais com a congregação afim de ajudá-los a 
pintarem a cena na própria mente. 
Compondo a P.3 
Para começar compor a P. 3 simplesmente retorne ao texto bíblico. Apesar de não ser necessário pode-se 
usar uma frase de transição como: “Mas as boas novas são que...” ou “Deus tem uma perspectiva diferente 
sobre este problema...”, ou ainda, “Nós podemos pensar que Deus está distante desta situação, mas a verdade 
é o oposto”. Geralmente a Frase Tema é tudo o que nós precisamos para fazer este movimento da P. 2 para a 
P.3. 
O foco da P. 3 é a ação de Deus no texto bíblico e expressa pela Frase Tema. 
Encontre todos os caminhos possíveis para reafirmar e parafrasear esta Frase Tema. A congregação não tem 
o sermão nas mãos para ler e reler, por isso a repetição é um recurso importante na comunicação verbal. 
Deus deve permanecer o sujeito das nossas sentenças. Muitos estudantes vão declarar a Frase Tema e voltar 
logo para a discussão da ação humana. Isto tira o foco de Deus. 
Ao fazermos nossas afirmações sobre o texto e sobre a ação de Deus devemos estar preocupados em 
oferecer aos ouvintes as evidências daquilo que estamos afirmando. 
Estas evidências são provenientes do texto bíblico, dos comentários, introduções, Atlas, etc. Quando 
demonstramos que uma interpretação é autêntica, fundamentada no próprio texto, a congregação se torna 
parceira conosco. Pregadores conquistam esta parceria de confiança através da apresentação de detalhes 
específicos do texto. 
A Frase Tema 
A P. 3, como qualquer página, é a respeito de apenas um foco ou idéia, neste caso o foco é a frase tema de 
todo sermão como ela se relaciona com o texto bíblico. A Frase 
Tema é o único tópico da P. 3. É a Ação de Deus no texto bíblico com referência a outros textos bíblicos e a 
teologia como apropriado. Como pregadores precisamos fazer Deus o sujeito da maioria das sentenças. 
Neste processo o pregador deve levar a sério as questões que os ouvintes têm em seus corações. Questões 
gerais são transformadas em teológicas e então respondidas: “Por que Deus parece ausente?”, “Quem Deus 
quer que sejamos?”, 
“Deus está no controle?”, “Como eu posso encontrar Deus?” Enfim, o tema principal do sermão deve 
crescer, ser desenvolvido nesta página. 
A Unidade do Sermão 
Na P. 3 nós continuamos atentos a unidade do sermão que de modo geral é proporcionado pelos seis sinais 
de unidade: um texto, um tema, uma doutrina, uma necessidade, uma imagem dominante, e uma missão. 
Cedo na semana escolhemos um texto no qual pregaremos. Outras referências textuais que não requerem 
explicações profundas podem ser apropriadas desde que estejam conectadas e que não sejam tão numerosas. 
Na P.2 identificamos uma necessidade para a qual estamos falando, e fomos motivados a falar por causa da 
doutrina que escolhemos a partir da Frase Tema. P. 3 e P. 4 são o lugar apropriado para que a doutrina guie 
o que deve e dito. Mesmo a doutrina tem um enredo – um ponto que é facilmente perdido por pregadores 
que tentam evitar proposições. Doutrinas estão alicerçadas em narrativas bíblicas e não deveriam ser 
separadas delas. 
A teologia nos diz o que precisa ser dito e, às vezes, como dizer isso. Para cada sermão, nós deveríamos ler a 
respeito da doutrina selecionada em livros de teologia confiáveis. Na P. 3 e P.4 o melhor é reafirmar a 
doutrina de maneira, nova, simples, concisa, especialmente através da discussão do caráter de Deus no 
desenvolvimento da ação no texto na nas situações da vida cotidiana. 
Graça na P.3 traz uma reviravolta na direção do sermão. Ao invés de olhar para as coisas a partir da 
perspectiva do problema, o sermão agora apresenta o que Deus está fazendo a respeito do problema. Às 
vezes a imagem dominante pode refletir esta mudança de direção. 
Normalmente a “uma missão” do sermão não aparece na P.3. Missão diz respeito a ação dos ouvintes e 
assim lida com o nosso tempo e não com o tempo bíblico. 
PÁGINA QUATRO –	A AÇÃO DE DEUS NO MUNDO! 
A ação de Deus no mundo contemporâneo é o foco deste quarto movimento do sermão. E isso é muito 
importante para a comunicação da Palavra de Deus para uma geração pós-moderna que tem como 
necessidade primária conhecer a Deus antes mesmo de saber a respeito de Deus. 
Afirmações a respeito da atividade de Deus são difíceis de serem feitas, pois nós precisamos apontar para os 
sinais de Deus que são geralmente ambíguos no mundo. Mas 
Deus nunca nos deixa sem estes sinais - Jesus prometeu, “Eu estarei sempre com vocês, até os fins dos 
tempos” (Mt 28:20). 
Como que a Página Quatro conecta-se com as outras! 
A P. 4 fala sobre a ação de Deus no mundo. Ela parece ser uma página difícil de escrever no sermão. Mas 
nós simplesmente seguimos o movimento do texto bíblico na P. 3 que identifica a ação de Deus no mundo 
do texto bíblico, e na P.4 procuramos apresentar sinais da mesma ação no mundo ao nosso redor. O Deus 
revelado nas 
Escrituras é o mesmo Deus hoje e sempre. 
Exemplo: Isaías 6:1-13 
P.1 – Isaías não é bom o suficiente. 
P.2 – O mundo não é bom o suficiente. 
P.3 – Deus dá a Isaías uma nova identidade. 
P.4 – Deus nos dá uma nova identidade (em Cristo). 
Escrever a frase foco de cada página ajuda a identificar o conteúdo dos movimentos e a criar unidade ao 
sermão. 
Duas Chaves Doutrinárias para Discernir Deus 
1. A Doutrina do Reino de Deus – Quando Jesus pregou o Reino de Deus ele proclamou e vivenciou as 
ações características de Deus: salvação, busca do perdido, restauração da vida, reconciliação, perdão, cura, 
estabelecimento da justiça, misericórdia, paz, alegria, etc. Estes são sinais da ação de Deus que nós estamos 
procurando na pregação. Deus é o autor de todas as coisas boas, portanto, quando nós vemos coisas boas e 
discernimos que elas são autênticas, nós a proclamamos como sinais de Deus. 
2. A Doutrina da Trindade – Deus existe como trino e esta é a sua identidade desde o começo. Quando 
olhamos para a experiência de comunhão, amizade e amor expressam na trindade podemos discernir a 
natureza de Deus e como Deus age. 
Quatro Funções da P.4 
A P. 4 tem quatro funções que estão relacionadas com a estrutura do sermão e o propósito teológico: aplicar 
a graça da Bíblia sobre o mundo atual; manter o foco na ação de Deus no mundo; balancear o problema na 
P.2 com graça; e manter a tensão entre estes dois elementos. 
Perigos ao Afirmar a Ação de Deus 
a. Associar Deus com coisas triviais e banais como, por exemplo, o sorriso da balconista da farmácia para o 
cliente no balcão. 
b. Apresentar uma pilha de ações todas juntas na P.4. Exemplo, “Deus perdoa”, 
“Deus salva”, “Deus ama”, “Deus envia Jesus”, etc. O pregador precisa permanecer focado na frase tema e 
conectá-la com uma única doutrina, e apontar para onde as pessoas podem ver Deus nesta ação específica 
hoje. 
c. Retratar a ação de Deus como algo automático e mecânico – isso ocorre quando o pregador generaliza a 
ação de Deus e deixa de ser específico, e quando o pregador negligencia o custo da ação de Deus. 
d. Retratar graça como uma ação futura de Deus – “Deus irá... poderá fazer...” A graça de Deus expressa em 
orações conjugada no futuro aponta que o ser humano ainda está no problema. 
Missão 
O propósito do sermão é convidar os ouvintes a exercitar a fé; o propósito da fé é servir o Evangelho de 
Jesus. A partir da fé, estimular ações que os ouvintes podem tomar como seus ministérios no mundo. 
O pregador deve começar a identificar esta missão na P.2 e pode apresentá-la como uma responsabilidade. 
Mas na P.4, como o sermão está encaminhando-se para o final, nós apresentamos a missão como uma 
parceria com Deus. Nós devemos compreender a missão do cristão aqui conforme Calvino – não apenas 
para instrução sobre como viver no Espírito, mas como um meio de entusiasmo para obediência. 
Nós dependemos de Deus para completarmos nosso chamado. A Missão na P.4 deve ser transmitida não 
como uma obrigação mas como um privilégio, uma honra, e uma oportunidade. Ela pode ser compreendida 
como a sugestão de boas idéias para os ouvintes fazerem como resposta e gratidão ao amor de Deus. A 
missão não aparece como um fardo sobre os ombros dos ouvintes, mas uma bem vinda oportunidade de 
expressar amor de uma maneira específica. 
A missão na P.4 é retratada à luz do Evangelho como um convite para encontrar 
Cristo, servir outros, ter a fé fortalecida, e a vida renovada pelo Espírito Santo. 
Imperativos devem tomara forma de indicativos. 
Uso Teológico das Histórias (Ilustrações) 
Três paradigmas ajudam os pregadores a discernir uma história com potencial para aplicação da “Graça”: 
(1) Histórias na P.4 podem ser usadas como metáfora do perdão de Deus – o pregador pode usar uma 
história de alguém perdoando outro, de duas pessoas se reconciliando, etc. 
(2) Histórias podem ser usadas como metáforas, símiles, ou demonstração de 
Deus vencendo o mundo, fazendo o impossível se tornar possível – o pregador pode apontar para os atos de 
Deus no decorrer da história. 
(3) Histórias podem ser usadas para demonstrar Deus agindo através das pessoas para alcançar os 
propósitos da vontade de Deus. 
Apresentando Jesus como Salvador 
Nossa tendência é sempre apresentar Jesus como alguém que devemos imitar. O problema é que nós 
geralmente nos deparamos com nossas incapacidades diante desta tarefa. Portanto, na P.4 nós devemos optar 
por apresentar Jesus como nosso Salvador, aquele que nos equipa e capacita a fim de que possamos nos 
juntar a ele em sua missão. 
A Conclusão do Sermão A conclusão do sermão é muito importante e excepcionalmente difícil. É a última 
coisa que as pessoas ouvem no sermão, o pregador tem pouco tempo para isso, e é preciso alcançar muitas 
coisas com a conclusão. Alguns objetivos a serem alcançados com a conclusão: (1) trazer o sermão à um 
desfecho que seja claramente completo; (2) apontar outra vez na direção da frase tema e a doutrina; (3) casar 
a frase tema com a imagem dominante; (4) apontar na direção da semana que se inicia; (5) e inspirar os 
ouvintes para a missão. 
Quando o pregador chegar na conclusão do sermão todos deveriam estar certos que este sermão girou em 
torno de uma idéia, e tão somente uma idéia principal. A conclusão não precisa ser um sumário dos 
argumentos do sermão ou uma revisão de tudo o que foi discutido, a menos é claro que o sermão seja muito 
longo e tenha um propósito 23 didático que seria beneficiado a partir deste sumário. Geralmente, se a esta 
altura os ouvintes ainda não pegaram a mensagem do sermão, já é muito tarde. 
A conclusão não é o lugar para introduzir novas idéias que movem o sermão para uma outra direção, mas é o 
lugar de trazer de volta a congregação para a centralidade da frase tema. E isso pode ser feito da seguinte 
maneira: 
(1) Retornando para a história ou usar uma história nova. O pregador pode voltar para a história bíblica ou 
para a ilustração contemporânea. A história pode ser um bom desfecho se envolve a graça e tem peso e força 
suficiente. 
(2) Retornando para a doutrina que guiou o sermão. 
(3) Retornando para a imagem dominante que foi explorada no sermão. A imagem dominante é uma figura 
tirada tanto do texto bíblico como de alguma experiência contemporânea. 
(4) Retornando para a necessidade da congregação. Nomeie às circunstancias que as pessoas esperam que 
Deus já esteja agindo na vida delas. 
(5) Retornando para a missão do sermão. O pregador deve sugerir uma atitude prática que a congregação 
possa fazer na semana seguinte. 
(6) Movendo o sermão da cruz para a ressurreição. Se a cruz e a ressurreição ainda não foram mencionadas 
no sermão, a conclusão pode apontar para esta direção. 
CONCLUSÃO FINAL DO MÉTODO DAS QUATRO PÁGINAS! 
Um sermão efetivo não acaba quando o pregador acaba de falar, ou mesmo quando o culto se encerra; ele se 
completa nas reflexões e nas vidas das pessoas durante a semana que se inicia. Um sermão não precisa 
seguir o formato das Quatro Páginas, mas se seguir, ele pode produzir esperança, alegria, e um senso 
apropriado de celebração; ele proclamará o que Deus conquistou em Jesus, estimulará confiança em Deus no 
presente, e abrirá novas possibilidades para que tanto o individuo como para a comunidade possam servir os 
propósitos da justiça, misericórdia, e amor de Deus. 
ANEXO 1 - Pregando Cristo por Sidney Greidanus.2 
Extraído da revista Forum3 primavera de 2003, p. 3-4. Tradução – Adrien Bausells. 
Pregando Cristo 
Das	recentes	palestras	sobre	“Pregando	Cristo	a	partir	das	narrativas	de	Gênesis”.	
Cedo em meu ministério, eu preguei uma série de sermões em Eclesiastes. Um sermão após outro, um 
pregador aposentado me dizia: “Eu apreciei seu sermão, Sid, mas eu me pergunto, „um rabi poderia ter 
pregado seu sermão em uma sinagoga? ‟” Esta imagem ficou gravada nitidamente em minha cabeça. O meu 
sermão era distintivamente cristão? Eu tinha pregado Cristo? 
Eu agora reconheço que mesmo com um doutorado em interpretação bíblica e pregação, eu não sabia como 
pregar a Cristo com integridade a partir de Eclesiastes, e eu nem estava muito preocupado em como fazê-lo. 
Minha maior tarefa, eu penso, era fazer justiça ao texto escolhido e evitar distorcer as Escrituras. Não seria 
suficiente pregar sermões centrados em Deus? Cristo, afinal, é Deus. 
Mas pesquisas e reflexões posteriores me convenceram que “Pregação centrada em Cristo” é muito mais 
específica do que “pregação centrada em Deus”. De acordo com o Novo Testamento, pregar a Cristo não é o 
mesmo que pregar a Deus de maneira geral, mas significa pregar Cristo encarnado, Jesus de Nazaré, como o 
clímax da revelação própria de Deus. Como João explica, “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, 
que está no seio do Pai, é quem o revelou” (Jo 1:18). 
A Necessidade de se Pregar Cristo A necessidade de se pregar a Cristo é claramente comunicada no Novo 
Testamento. Primeiro, Jesus mandou que seus discípulos pregassem acerca dele. Após sua ressurreição, 
Jesus ordenou a seus discípulos, “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome 
do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 
28:19-20). 
Segundo, nós devemos pregar Jesus Cristo porque ele é o caminho da salvação. 
Jesus disse para Nicodemus, “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu oseu 
2 O Professor Greidanus é professor de Pregação no Calvin Theological Seminary em Grand 
Rapids, Michigan. 
3 A revista Forum é publicada pelo Calvin Theological Seminary. Filho unigênito, para que todo o que nele 
crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). De fato, Jesus disse que ele é o único caminho da 
salvação. “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14:6; cf. Jo 
17:3; At 4:12). 
Terceiro, nós deveríamos pregar explicitamente a mensagem de Jesus Cristo em nossa cultura pós-cristã. Na 
antiga cultura cristã, pregadores podiam assumir que os seus ouvintes indistintamente iriam fazer conexões 
entre a mensagem do sermão e Jesus. Mas ninguém pode ter essa hipótese em uma cultura pós-cristã. Se de 
alguma maneira as pessoas ainda pensam em alcançar a Deus, elas são inclinadas a pensar que existem 
muitos caminhos até ele. Cristãos seguem um caminho, judeus outro, e mulçumanos outro ainda. 
Eventualmente todos se encontram no mesmo topo da montanha. Mas se a Bíblia está correta, existe apenas 
um caminho até Deus: Jesus Cristo. Portanto, é crucial que em cada sermão nós explicitamente preguemos 
Jesus Cristo. 
O Significado de “Pregar	a	Cristo”	Mas o que significa “pregar Cristo?” O entendimento mais comum de 
“pregar Cristo” é pregar a pessoa e a obra de Cristo – a obra é costumeiramente entendida como o trabalho 
ungido de Jesus. Esta definição ampla é baseada no Novo Testamento. Embora	 Paulo tenha dito, “Nós 
pregamos Cristo crucificado” (1 Co 1:23), suas cartas deixam claro sua igual preocupação em pregar o 
Cristo ressurreto (1 Co 15:4), em pregar “Jesus Cristo como Senhor” (2 Co 4:5), e pregar a segunda vinda de 
Jesus (1 Ts 3:13-18).	
Mas mesmo esta definição da pregação da pessoa e/ou a obra de Jesus Cristo é muito limitada para que 
possamos pregar Cristo em todos os sermões com integridade. 
Muitos textos de sabedoria do Antigo Testamento não podem ser legitimamente ligados à pessoa ou obra de 
Jesus. Nós deveríamos adicionar à nossa definição de “pregar a Cristo” um elemento a mais: o ensino de 
Jesus. 
Em seu mandado missionário, o próprio Jesus comandou-nos passar adiante seus ensinamentos: “Fazei 
discípulos de todas as nações..., ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28:20). 
João reafirmou a importância do ensino de Jesus: “Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela 
não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho” (2 Jo 1:9). 
Portanto, quando pensamos em pregar a Cristo, nós deveríamos incluir o ensino de Cristo a respeito de 
tópicos tais como Deus, o reino de Deus, o próprio Jesus e sua missão, salvação, a lei de Deus, e nossa 
responsabilidade e missão. De acordo com isso, eu sugiro a seguinte definição: “Pregar Cristo a partir do 
Antigo Testamento significa pregar sermões que autenticamente integram a mensagem do texto com o 
clímax da revelação de Deus na pessoa, obra, e/ou ensino de Jesus Cristo como são revelados no Novo 
Testamento”.4 
Quando o texto contém uma promessa sobre o Messias que está por vir, os pregadores podem fazer este 
movimento instintivamente. Eles automaticamente movem da promessa ao cumprimento. Por exemplo, 
quando nós pregamos em Isaías 61, “O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim”, nós não nos atemos 
apenas no significado para os ouvintes de Isaías, mas movemos de lá para seu cumprimento em Jesus (Lc 4) 
e seu significado para os ouvintes contemporâneos. Similarmente, quando nós pregamos sobre Deus 
redimindo Israel da escravidão do Egito, nós não deveríamos nos ater apenas na mensagem para Israel, mas 
deveríamos mover adiante na história da redenção para o ato redentor final de Deus em Jesus e em sua 
mensagem para a igreja aqui e agora. 
Os caminhos para a pregação de Cristo a partir do Antigo Testamento Estudando tanto o Novo 
Testamento quanto a história da pregação, eu cheguei a conclusão de que existem sete caminhos legítimos 
para conectar o Antigo Testamento a 
Jesus. Eles são: (1) a progressão histórico-redentiva, (2) promessa-cumprimento, (3) tipologia, (4) analogia, 
(5) temas longitudinais, (6) referências neotestamentárias, e (7) contraste.5 
Se o texto pregado é o relato da criação de Gênesis 1:1-2:3, as opções estão limitadas porque o relato 
descreve o estado anterior a queda. Ainda, os pregadores podem chegar à Jesus através das referências do 
Novo Testamento: Jo 1:1-5 faz menção a 
Gênesis 1 e fala de Jesus como a Palavra de Deus pela qual todas as coisas foram criadas. 
João continua no verso 14, “A palavra se fez carne”, o que pode ser conectado com Fp 
2:6-7, onde Paulo fala de Cristo Jesus, “o qual, sendo o próprio Deus... esvaziou-se a si mesmo tomando a 
forma de servo”. 
Se o texto bíblico é a respeito dos eventos posteriores à queda como, por exemplo, a narrativa de Abel e 
Caim em Gênesis 4, os pregadores podem chegar até Cristo por uma variedade de caminhos: 
4 Esta definição é de meu livro, Preaching Christ from the Old Testament (Grand Rapids: 
Eerdrmans, 1999), p.10. 
5 Para uma explicação detalhada disto veja Preaching Christ..., 203-77 
1. Pelo caminho da progressão histórico-redentiva, traçando a batalha entre a semente da serpente e a 
semente da mulher, a partir de Caim versus Abel, do Egito versus 
Israel, indo para Canaã versus Israel, para Herodes versus Jesus, para Satanás versus 
Jesus, para o Mundo versus a igreja, até a derrota final de Satanás (Ap 20:10) e a vitória de Cristo. 
2. Pelo caminho da tipologia Abel-Cristo: Abel, a semente da mulher que foi morto pela semente da 
serpente, é um “tipo” de Jesus Cristo, a Semente da mulher que seria morto por Satanás. 
3. Pelo caminho da analogia: assim como Deus assegurou a Israel que ele preservaria o seu povo da aliança 
na história humana (veja Gn 4:25-26), Jesus assegura sua igreja que “as portas do inferno não prevalecerão 
sobre ela” (Mt 16:18). 
4. Traçando o tema longitudinal da semente da mulher a partir de Sete, a “semente” que substituiu o 
martirizado Abel (4:25), até Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Judá, Davi, e finalmente até Jesus Cristo, a Semente 
da mulher. 
5. Usando referências neotestamentárias como Hebreus 12:24 ou João 3:11-13 como uma ponte para Cristo. 
Para os textos de sabedoria do Antigo Testamento a opção pela analogia combinada com as referências 
neotestamentárias pode ser uma abordagem frutífera se o pregador identificar um ensino similar de Jesus, o 
rabi que pensava em parábolas como um homem sábio do passado. Por exemplo, quando pregando sobre 
“Não te fatigues para seres rico... Pois, certamente, a riqueza fará para si asas, como a águia que voa pelos 
céus” (Pv 23:4-5), é possível usar analogia para se chegar ao ensino similar de Jesus, “Não acumuleis para 
vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam” (Mt 
6:19). Ou, pregando em 
Eclesiastes com os seus freqüentes refrões sobre a vaidade, um pregador pode usar a opção do contraste: em 
razão da ressurreição de Jesus, a vida humana não é vaidade. Isto pode ser baseado pelas palavras finais de 
Paulo em seu capítulo sobre a ressurreição: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e 
sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1 Co 15:58). 
O fato é que no contexto histórico-redentivo mais amplo é possível se fazer justiça a mensagem original do 
texto da pregação, e pregar a pessoa, obra e ensino de Jesus, sem distorcer as Escrituras. Pregação 
cristocêntrica não é oposta à pregação teocêntrica. Se feito corretamente, a pregação cristocêntrica expõe o 
verdadeiro coração de Deus. 
ANEXO 2 –	SERMÃO DE 4 PÁGINAS LC.9:10-17 –	JESUS CAPACITA OS DISCÍPULOS PARA 
SERVIR À MULTIDÃO. 
ROBERTO MASSATOSHI TAKASU - SERMÃO DE PROVA NO STSC 2005 
INTRODUÇÃO Quando vamos à padaria ou ao supermercado para comprarmos pão, encontramos uma 
variedade muito grande de tipos de pães: pão de centeio, pão de milho, pão de aveia, pão de trigointegral, 
pão com vários tipos de grãos misturados, pão com fibras, pão com casca, pão sem casca, pão redondo, pão 
quadrado, pão light, pão diet, e lógico o tradicional pão de farinha de trigo branco. 
Cada tipo de pão atende a um tipo de necessidade. Há pessoas que necessitam de cuidados especiais com a 
saúde. Por exemplo, diabéticos procuram pães sem açúcar; hiper-tensos procuram pães sem sal; cardíacos 
procuram pães com pouca gordura. Os variados formatos, com ou sem casca, procuram atender às 
necessidades estéticas e praticas do consumidor: canapés, sanduíches individuais, sanduíches de metro, 
torradas para acompanhamento de sopas. Para cada necessidade, há um tipo de pão adequado. 
Hoje eu quero falar sobre uma situação em que Jesus desafia os seus discípulos a servirem pão para uma 
multidão, apesar das suas limitações. 
P1: OS DISCÍPULOS ESTÃO INCAPACITADOS PARA SERVIR À MULTIDÃO. 
Jesus está treinando os Doze para se tornarem apóstolos, ou seja, mensageiros do 
Reino de Deus para todo o mundo. Como parte do programa, ele os envia em duplas aos povoados da 
Galiléia para pregar o Reino de Deus e curar os doentes. Depois de vários dias espalhados por diversos 
povoados, os discípulos estão de volta e se encontram com 
Jesus. Relatam tudo o que fizeram e ensinaram. Estão animados porque o grupo está reunido novamente. Há 
muita novidade para contar. Porém, apesar da alegria do reencontro, os Doze estão cansados. Além disso, há 
muita gente os procurando a ponto deles não terem tempo para comer. Jesus, como bom mestre, percebe o 
cansaço dos discípulos e os chama para um retiro em Betsaida, um lugar afastado das cidades a nordeste do 
Mar da Galiléia. Eles tomam um barco e atravessam o Mar da Galiléia. Porém, o povo fica sabendo para 
onde eles estão se dirigindo. Uma multidão a pé aflui das cidades e segue para Betsaida. Ao chegar em 
Betsaida, ainda no barco, Jesus vê a grande multidão na margem da água. À medida que o barco se aproxima 
da praia, a multidão se espreme para chegar o mais próximo possível de Jesus. Por causa do cansaço da 
caminhada, alguns mal conseguem permanecer de pé, mas se esforçam para acompanhar com os olhos a 
figura de Jesus. Os doentes são ajudados por companheiros para chegarem próximo à praia. Na sua grande 
maioria, a multidão é composta por homens, mas há mulheres e crianças também. São pessoas simples do 
povo com os rostos marcados pela difícil luta da sobrevivência. Mas os semblantes sofridos estão enfeitados 
agora com brilhos nos olhos. 
Brilhos que são alimentados pela esperança. Esperança no homem que se aproxima de barco. 
Alguns discípulos pulam para a água e empurram o barco para a praia. Quando o barco se firma na areia, um 
dos discípulos estende o braço para que Jesus possa se apoiar. 
Jesus desembarca. Seus pés se molham. À medida que Jesus caminha para parte seca, ele abre os braços e 
toca nas pessoas. A um ele abençoa impondo as mãos sobre a cabeça, a outro ele toca nos ombros e dá um 
sorriso, a um outro ele abraça. De toque em toque, ele vai curando o corpo e a alma das pessoas. À medida 
que caminha, a multidão abre espaço para ele. Quando ele chega a uma parte mais elevada do terreno, Jesus 
começa a falar. 
Ele fala sobre o Reino de Deus. 
Mais tarde, quando o sol está preste a se pôr, os discípulos, cansados daquele longo dia, aproximam-se de 
Jesus e pedem para que ele dispense a multidão. Eles passaram quase o dia inteiro naquele lugar. As 
carências da multidão são tão grandes que não percebem o tempo passar. A fome espiritual é tão grande que 
ninguém se importou com a fome do corpo. Na correria para alcançar Jesus, poucos haviam se lembrado de 
trazer um lanche. Mas agora, quase ao fim do dia, surge a necessidade de alimentar o corpo. Eles estão em 
lugar deserto e distante dos povoados. É preciso que a multidão inicie sua caminhada de volta antes que 
anoiteça. É preciso que ainda com a luz do dia eles encontrem lugar para pousar e se alimentar. 
Ao invés de dispensar a multidão, Jesus manda os próprios discípulos alimentarem as pessoas: - Dêem-lhes 
vocês algo para comer. 
Surpreendidos por Jesus, os discípulos se entre olham e retrucam tentando mostrar o absurdo da ordem: 
- Temos apenas cinco pães e dois peixes! O que podemos fazer? A menos que compremos alimento para 
toda esta multidão! 
Esta multidão é composta de cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças. 
Comprar alimentos? Onde? Não estão em lugar deserto? Se encontrarem algum lugar onde comprar 
alimentos, haveria o suficiente para mais de cinco mil pessoas? Em caso positivo, do que adiantaria? Os 
discípulos não têm dinheiro suficiente para tanta comida! 
Comprar alimentos é uma maneira de dizer para Jesus: “não dá Jesus, não dá!” 
É evidente que os discípulos não têm como alimentar a multidão. O que fazer com apenas cinco pães e dois 
peixes diante de cinco mil homens? É óbvio que a ordem não tem como ser cumprida. O que Jesus pede é 
um absurdo! 
A preocupação dos discípulos é genuína. Há uma necessidade de se alimentar a multidão. Mas qual é a 
solução deles? Dispensá-la! Mandá-los embora para que cada um encontre seu próprio alimento. Porém, 
Jesus os desafia: - Dêem vocês algo para comer. 
Seria muito natural se algum dos discípulos reclamasse em pensamento ao ser desafiado por Jesus: 
- Não estávamos aqui em Betsaida para um retiro? Não trabalhamos o suficiente nos últimos dias, 
caminhando de vilarejo em vilarejo, pregando o Reino de Deus e curando doentes? E agora mais essa! 
Alimentar essa multidão com cinco pães e dois peixes! Ele não pode estar falando a sério. 
O cansaço do dia, a incapacidade dos discípulos de alimentar a multidão e a frustração gerada por não poder 
cumprir a ordem cria um clima de animosidade dos discípulos para com Jesus. 
Os discípulos sentem-se impotentes para cumprir a ordem. 
Os discípulos estão incapacitados para servir à multidão. 
P2: A Igreja está incapacitada para servir ao mundo 
Assim como os discípulos estão incapacitados para servir à multidão, muitas vezes a Igreja hoje também 
está incapacitada para servir ao mundo. 
Assim como há uma variedade de pães sendo vendido nos supermercados hoje em dia, a Igreja é um 
depósito de uma variedade de talentos. A variedade de pães procura atender às necessidades específicas do 
consumidor. A variedade de talentos na Igreja existe para atender às necessidades específicas do mundo. 
Todos nós temos alguma coisa que supre exatamente uma necessidade específica de alguém próximo. Todos 
nós temos uma vocação, um dom, um talento ou conhecimento útil para suprir necessidades específicas. 
Jesus nos convida a colocar nossos talentos a disposição para servir ao mundo. 
Porém, assim como nem todos os consumidores conhecem a utilidade ou propósito de cada tipo de pão 
disponível no mercado, muitas vezes desconhecemos nossos dons ou a utilidade deles para o Reino de Deus. 
Nos sentimos despreparados para atender ao convite de Jesus. Em muitas circunstâncias estamos 
incapacitados para servir ao mundo. 
O nosso desafio hoje é o mesmo dos Doze no passado: suprir as necessidades da multidão faminta. Quem é a 
multidão que nós devemos servir hoje? As pessoas a nossa volta: o vizinho da casa ao lado ou do 
apartamento do andar de baixo, o colega no trabalho que vive reclamando do chefe, o chefe que vive 
reclamando da esposa, o sócio da firma que nunca está quando os problemas surgem, o colega da escola 
envolvido com drogas, o amigo com dívidas impossíveis de pagar, o parente com câncer, a senhora cujo 
marido a abandonou, a jovem cujos pais recentemente se separaram, a velhinha solitária tão chata que 
nenhum dos seus próprios filhos quer acolhe-la em casa, o alcoólatra que foi abandonado pela própria 
família e não sabe mais o que fazer. Com quem você se relaciona? Para eles, Jesus te convida: dê você algo 
para comer; dê você o pão que eles necessitam. 
Há um grande número de pessoas próximas de nós, com quem nos relacionamos freqüentemente, 
necessitando sempre de alguma coisa: atenção,apoio, oração, salvação, ensino, cura, orientação, ajuda 
financeira ou material. Há tantas necessidades dentro e fora da Igreja! Jesus nos desafia: dêem vocês o pão 
que eles necessitam. 
Assim como os Doze, ficamos também perplexos com a ordem: 
- Como? Quem somos nós? Não sabemos como fazer. Não temos recursos materiais nem conhecimento. 
Se no primeiro momento ficamos perplexos com Jesus, no segundo momento ficamos incomodados. Afinal 
temos que sair do nosso círculo de conforto, não é? Dá trabalho servir a outros. Certos transtornos surgirão 
para atrapalhar nossa rotina. 
Assim como os Doze, nós também reclamamos. Não reclamamos? 
- Afinal trabalho duro a semana toda! Não tenho tempo! Não sei como fazer! Mal consigo pagar minhas 
próprias contas. Já tenho problemas demais para resolver! Isso é serviço do pastor! Ele tem um auxiliar 
pra quê? Quem estudou e está preparado para aconselhar as pessoas é o pastor! 
Irmãos, eu entendo que a complexidade da sociedade atual nos leva a imaginar que para todos os problemas 
temos um especialista que vai trazer a solução. Se o caso é de doença, procura-se um médico. Se o caso é 
emocional, procura-se um psicanalista. Se o problema é financeiro, procura-se um consultor financeiro. E 
assim por diante. Ora, se o problema é espiritual, procura-se o pastor. Mas Jesus te desafia: dê você mesmo 
o pão que eles necessitam. Talvez você seja daqueles que já faz muita coisa pelo seu próximo e pode estar 
pensando: 
- Eu já ajudo muita gente. Eu faço o que posso. Aquilo que está a meu alcance, dentro das minhas 
possibilidades, eu faço. Afinal é importante para o testemunho cristão, não é? 
Mas Jesus está te convidando para fazer aquilo que está além das suas possibilidades, fora do seu alcance. 
Jesus está te convidando para realizar aquilo que você não entende ou acha impossível de ser realizado. 
Diante do impossível, diante das circunstâncias difíceis, diante dos problemas insolúveis, diante das causas 
perdidas, a tentação é dar a solução dos discípulos: dispensar as pessoas para que possam encontrar o que 
precisam em outro lugar. Mas Jesus te desafia: dê você mesmo o pão que eles necessitam. 
O nosso erro é não termos a expectativa do milagre. O nosso erro é não termos em perspectiva durante 
nossas ações de que Jesus está no controle. O nosso erro é confiarmos mais em nossa própria avaliação das 
circunstâncias do que em Jesus que nos envia, que está dando a ordem, que está no comando. Confiamos 
mais em nossas avaliações do que em Jesus. As necessidades são grandes e os nossos recursos pequenos, 
mas se não obedecermos a Jesus, uma multidão ficará sem ser atendida. 
Assim como os Doze, nós temos a tendência de deixar para os outros ou para os próprios necessitados a 
responsabilidade que é nossa. Vivemos muito preocupados conosco mesmo e a desculpa de não termos 
recursos ou conhecimento cai muito bem. 
Não estou minimizando as dificuldades. Diante de um mundo avesso aos valores do Reino de Deus, nós 
estamos em uma situação difícil sem saber como servi-lo. A complexidade da vida e nossas limitações são 
reais. Assim como eram reais os cinco mil homens de um lado, e os cinco pães e dois peixes do outro. Mas 
Jesus nos desafia: dêem vocês mesmos o pão que eles necessitam. 
A multidão sem Deus necessita de alguém que lhes sirva e essa ordem veio para nós da Igreja. Porém, a 
Igreja muitas vezes está incapacitada para servir ao mundo. 
P3: Jesus capacita os discípulos para servir à multidão 
A despeito da nossa incapacidade, Jesus capacita os discípulos para servir à multidão. 
Jesus percebe a dificuldade dos discípulos. Os discípulos conhecem a capacidade de Jesus para realizar 
milagres. Os milagres que eles conhecem estão relacionados a cura, expulsão de demônios e até ressurreição 
de mortos. Mas nenhum dos discípulos imagina o que Jesus é capaz de fazer naquela circunstância. Ao 
serem desafiados, os discípulos se concentram neles próprios, nos pães e peixes em suas mãos e na multidão 
faminta. O desespero se instala. Mas Jesus está no controle. É ele quem está dando as ordens. Ele é o 
senhor da situação. Jesus percebe a dificuldade dos discípulos e antes que o desespero se torne em pânico, 
Jesus age. 
Jesus ordena que os discípulos façam a multidão sentar em grupos de cinqüenta. 
Ah! Isso os discípulos podem fazer. Finalmente uma ordem sensata. 
Os Doze desfazem a roda em torno de Jesus, voltam-se para a multidão, espalham-se e caminham multidão a 
dentro gesticulando os braços em sinal para que sentem-se. Ao mesmo tempo gritam as ordens: 
- Sentem-se! Sentem-se em grupos de cinqüenta! O Mestre pede que sentem-se na grama em grupos de 
cinqüenta pessoas. Repassem a ordem adiante. 
Há muita grama naquele lugar e, depois de algum tempo, todos se assentam. 
Enquanto os últimos, lá no fundo, estão se ajeitando, Jesus e os Doze estão juntos em uma roda sentados na 
parte alta do terreno. Jesus toma o cesto com os pães em uma das mãos e o cesto com os peixes em outra 
mão. Como de costume, ele eleva os alimentos até a altura dos olhos e então com uma leve inclinação da 
cabeça, ele levanta a face e olhando os céus, dá graças: 
- Pai, obrigado pelo alimento que nos dás! 
Como era o costume na época, antes de qualquer refeição, agradecia-se a Deus pelo alimento servido. 
Normalmente com uma frase simples. Assim, conforme os costumes da época, a oração de Jesus não é 
longa. Muito menos pede para que algum milagre aconteça. Como de costume, simplesmente ele eleva os 
olhos aos céus e agradece pelo alimento servido. 
Em seguida Jesus parte os pães ao meio e entrega cada metade a um discípulo. 
Depois faz o mesmo com os peixes. Quando todos os discípulos estão com um pedaço de pão ou de peixe, 
Jesus ordena que vão e distribuam os alimentos à multidão. 
Os discípulos entre olham-se. Suas faces demonstram preocupação. Mas aos poucos se levantam. Hesitantes, 
espalham-se caminhando entre a multidão sentada. 
Como de costume, os discípulos partem o alimento com as mãos e passam a parte da mão esquerda adiante. 
À medida que os discípulos caminham entre a multidão e vão distribuindo o alimento, o pedaço que fica na 
mão direita não diminui. Há sempre um bocado suficientemente grande para ser partido novamente para o 
próximo grupo. O mesmo acontece com as partes recebidas pelas pessoas da multidão. Aquele que recebe de 
um dos discípulos, parte o alimento recebido, passa adiante o pedaço da mão esquerda, mas o pedaço que 
fica não diminui. 
Não demora muito e os discípulos percebem o milagre que acontece em suas próprias mãos. Ganham 
confiança. A hesitação passa. Os discípulos passam a distribuir os pães e os peixes com rapidez e agilidade. 
À medida que terminam sua tarefa, retornam até Jesus ainda com um pedaço do alimento distribuído. 
Alguns discípulos são mais ágeis que outros. Jesus espera que todos os Doze retornem para fazerem a 
refeição juntos. E quando todos estão juntos, os discípulos se entre olham. Mas agora com um largo sorriso 
no rosto. O ambiente agora é outro. 
Quando terminam a refeição, Jesus ordena que cada discípulo recolha o que sobrou. O pão é sagrado para o 
povo hebreu. Um pedaço maior que um caroço de azeitona deveria ser guardado para a próxima refeição. Os 
viajantes sempre carregavam um cesto de vime vazio para guardar as sobras de pão. Assim cada discípulo 
tinha o seu. 
Ao final, todos os doze cestos ficaram cheios. 
O milagre de suprir 5000 com 5 pães e 2 peixes em lugar deserto traz à memória de qualquer judeu piedoso 
as figuras de Moisés e do profeta Elias. Lembra como Móises organizou o povo durante a caminhada no 
deserto (Ex.18:21). Lembra como o profeta 
Elias alimentou 100 homens com 20 pães (II Rs 4:42-44). O milagre dos pães indica que o Dia do Senhor 
está próximo, conforme profetizado por Malaquias (Ml.4:5-6). O milagre que os discípulos acabaram de 
presenciar e participar confirma que Jesus é um profeta especial. Ele é o Messias prometido. 
A necessidade foi suprida. A multidão está satisfeita. A ordem foicumprida. Os discípulos serviram à 
multidão. 
Quem alimentou a multidão? Quem colocou os pães e os peixes nas mãos da multidão? Os discípulos. Mas 
quem supriu o que faltaria? Quem capacitou os discípulos para servirem à multidão? Jesus. 
Os discípulos estavam incapacitados para servir à multidão. O plano deles não era de servir, mas de 
dispensar a multidão. Porém, Jesus nos surpreende. Indo além de qualquer expectativa, Jesus supre as 
necessidades dos discípulos. Jesus capacita os discípulos para servir à multidão. 
Aos discípulos coube apenas obedecer, passo a passo suas ordens. À medida que obedeciam, o milagre foi 
ocorrendo. Os discípulos não fizeram nada de extraordinário. 
Tudo o que eles fizeram, estava ao seu alcance. Partir o pão e o peixe estava ao seu alcance. Entregar parte 
do alimento estava ao seu alcance. Tudo foi natural. O sobrenatural quem realizou foi Jesus. 
Jesus percebeu a dificuldade dos discípulos: a limitação de sua fé. Os discípulos não estavam preparados 
para o sobrenatural. Eles ficaram imobilizados diante do desafio. 
Então Jesus toma a iniciativa e dá os primeiros passos para que a multidão fosse servida. 
Jesus dá ordens “aceitáveis”, “realizáveis” aos discípulos. Jesus divide a missão em passos que os discípulos 
pudessem dar. À medida que os passos são dados, o milagre vai acontecendo. 
Os discípulos não fazem nada de extraordinário. O extraordinário quem faz é 
Jesus. Passo a passo, Jesus capacita os discípulos para servir à multidão. 
P4: Jesus capacita a Igreja para servir ao mundo 
Assim como Jesus capacitou os discípulos para servir à multidão, Jesus capacita hoje a Igreja para servir 
ao mundo. Há 15 anos atrás, em um retiro, em um lugar deserto, um grupo de pessoas foi desafiado a 
responder a necessidade de equipar novos obreiros para suas comunidades. 
Um grupo que não tinha a menor idéia de como fazer. Não tinham recursos nem conhecimento. Mas aquele 
grupo respondeu ao desafio. Começaram com o que tinham. 
Começaram em uma garagem. Quem assistiu às primeiras aulas naquela garagem se espanta com o que vê 
hoje aqui. 
O espanto não é apenas com as instalações, mas também com o que é feito aqui. 
O Seminário Servo de Cristo é hoje referência para as comunidades evangélicas das igrejas orientais, 
especialmente chinesas, japonesas e coreanas. E sua influência se estende a grande parte da comunidade 
evangélica da cidade de São Paulo. 
Jesus supriu todas as necessidades daquele grupo de pessoas que respondeu ao desafio. Jesus supriu com 
todos os recursos necessários para que a ordem dada fosse cumprida. E passo a passo, Jesus capacitou 
aquele grupo a servir. 
Depois da garagem, o seminário mudou-se para Rua Maquerobi. No início, as instalações eram adequadas, 
pois o número de alunos era pequeno. Mas Jesus sempre nos surpreende e o número de alunos e de cursos 
cresceu. Logo a casa tornou-se apertada e desajeitada. Nas semanas em que havia aulas da turma chinesa 
faltavam salas de aula! 
Além disso, o imóvel era antigo. Então os problemas com manutenção surgiram. 
Lembram-se dos problemas de goteiras e vazamentos? E os problemas com a rede elétrica? Tantos 
equipamentos delicados como computadores, fax, máquinas de xérox, todos ligados na mesma tomada sem 
aterramento. 
Havia uma necessidade: adequar o espaço para atender ao crescimento do número de alunos e 
professores. Mas como fazer a reforma sem interromper as aulas? E o dinheiro, de onde viria? 
Enquanto se discutia como adequar aquela casa para as novas necessidades do seminário, o Pr. Ricardo 
Chen colocou a possibilidade da mudança de endereço. Depois de alguns meses de procura, foi apresentado 
o prédio da Rua Bartolomeu de Gusmão. 
Não se tinha nem o dinheiro para a reforma, imagine então para a compra de um prédio enorme em área 
nobre. Um imóvel com área 6 ou 7 vezes maior. O prédio não foi apenas comprado, como também foi 
totalmente reformado. O prédio foi adaptado para as necessidades do seminário. Além do prédio novo, 
equipamentos novos: quadros, móveis, computadores aparelhos de ar condicionado. Para quem pensou em 
uma reforma na Rua Maquerobi, o seminário foi longe. 
Jesus supriu as necessidades financeiras além do que qualquer um de nós imaginava, quando o desafio da 
mudança foi lançado. Mas não só as finanças foram supridas, como também o tempo foi remido. Lembro-
me que em setembro de 2003 as chaves foram entregues e em janeiro 2004 estávamos iniciando o ano letivo 
no novo endereço. Em meio às obras, é verdade. Professores e alunos tentando se entender em meio às 
marteladas dos pedreiros, que por sua vez estavam pressionados pelos prazos dos arquitetos. Mas o ano 
letivo não foi interrompido. 
Jesus supre todas as necessidades para que suas ordens sejam cumpridas. 
Jesus nos capacita para servir. O milagre acontece à medida que obedecemos. Não fazemos nada de 
extraordinário. Tudo o que fazemos é usar aquilo que já está em nossas mãos. Jesus está no controle. Ele nos 
envia. Ele está dando as ordens. Ele está no comando. Quem realiza o milagre, o extraordinário, é Jesus. 
Jesus sabe de nossas dificuldades. Ele conhece nossas limitações. Nós conhecemos a capacidade de Jesus 
para realizar milagres. Mas em muitas circunstâncias, nós nem imaginamos o que Jesus é capaz de fazer. Ao 
sermos desafiados, temos a tendência de nos concentrar em nós mesmos, nas nossas limitações e nas grandes 
necessidades a nossa frente. Mas Jesus está no controle. É ele quem está dando as ordens. Ele é o senhor 
da situação. Jesus percebe nossas dificuldades e antes que o desespero se torne em pânico, Jesus age. 
Jesus conhece nossas limitações, inclusive de fé. Por isso, ele divide a missão em passos que podemos dar. 
À medida que os passos são dados, o milagre acontece. Nós não fazemos nada de extraordinário. O 
extraordinário quem faz é Jesus. Passo a passo, Jesus nos capacita para o serviço. Passo a passo, Jesus 
capacita a Igreja para servir ao mundo. 
Conclusão 
Assim como existem variados tipos de pães para cada necessidade, há variadostipos de dons para as diversas 
necessidades a nossa volta. Jesus nos desafia: - Dêem vocês mesmo o pão que eles necessitam. 
Qual é o tipo de pão que você carrega? Coloque-o a disposição do Senhor Jesus. 
Sirva-o ao seu próximo. Não se preocupe com suas limitações. Obedeça passo a passo. 
Jesus está no controle. 
Jesus fornece todos os recursos necessários para participarmos de sua missão. 
A graça de Jesus cobre nossas necessidades e nossa falta de fé. 
A graça de Jesus nos capacita a servir ao mundo. 
Jesus capacita, agora e sempre, os seus discípulos para servir à multidão. 
ANEXO 3: SERMÃO DE 4 PÁGINAS 
Deus Preserva o Evangelho através da Pregação Fiel da Palavra! 2 Tm 4:1-5 
Adrien Bausells 
Introdução 
Há algumas semanas atrás encontrei um amigo pastor em um shopping de São 
Paulo. O ponto de encontro foi à praça de alimentação. Diante de tantas opções de restaurantes fast food 
demoramos uns 15 minutos para decidir o que comer. Durante a conversa ele me contava suas frustrações no 
ministério, principalmente pelo fato de muitas de suas ovelhas estarem saindo da igreja e buscando outras 
comunidades mais renovadas. No meio da conversa ele disse: “Estas igrejas são como restaurantes de 
fast food, não oferecem alimento sólido, só oferecem porcarias!” Esta imagem ficou em minha mente e eu 
fiquei meditando nisso. Realmente tem muitos pastores oferecendo fast food. O problema é que as pessoas 
gostam deste tipo de comida! E nós muitas vezes também não oferecemos o alimento sólido da Palavra para 
nosso rebanho. 
Paulo nem sabe o que é fast food, mas ele certamente sabe o que significa o crescimento dos falsos mestres, 
apostasia e cristãos buscando estes mestres segundo as suas próprias cobiças. 
P.1 - O Abandono da Sã Doutrina e a Busca de Mestres Segundo a Própria Cobiça! 
Durante 30 anos Paulo pregou fielmente as boas novas do Evangelho. Nunca negociou ou mercadejou a 
Palavra de Deus e a mensagem do Evangelho. Mesmo quando isso lhe custou apedrejamentos

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