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BPM 2 FARMACOLOGIA ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTEROIDES (AIEs) Introdução Os anti-inflamatórios esteroides ou chamados corticosteroides são análogos sintéticos dos glicocorticoides e mineralocorticoides naturais. Estes são produzidos e secretados pelo córtex da suprarrenal a partir do colesterol e constituem compostos de 21 átomos de carbono com um núcleo pentano peridrofenantreno (esteroides). Suprarrenais: • Zona glomerulosa → Mineralocorticoides • Zona fasciculada → Glicocorticoides • Zona reticulada → Hormônios sexuais • Medula → Catecolaminas Síntese de corticosteroides A glândula adenohipófise produz ACTH responsável por estimular a glândula suprarrenal a iniciar a produção de esteroides. Os corticosteroides derivam do colesterol. Os glicocorticoides atuam sobre o metabolismo de carboidratos e lipídios. Os mineralocorticoides agem sobre a reabsorção de sódio. Pequenas diferenças de conformação espacial podem acarretar em mudanças significativas na efetividade da substância. Betametasona → Maior ação anti-inflamatória do fármaco para uso tópico. Mecanismo de ação dos anti-inflamatórios esteroides • Atuam sobre receptores nucleares: O fármaco adentra a célula por difusão (alta lipossolubilidade) → Encontra o receptor solúvel no citoplasma, que se dimeriza (ganha estabilidade) → Vai até o núcleo → No núcleo ele interfere alterando a síntese proteica (ativando ou inibindo) • Inibição em nível nuclear da transcrição de proteínas e de mediadores inflamatórios • Efeito geral: Supressão gênica OBS: Esteroides específicos podem gerar efeitos secundários à supressão gênica, como a inibição de proteínas específicas dentre outros efeitos Possíveis ações Efeitos metabólicos e sistêmicos • Redução da captação e utilização da glicose • Aumento da gliconeogênese • Tendência à hiperglicemia Por conta desses efeitos, o uso desses medicamentos obviamente é altamente contraindicado a pacientes diabéticos. Efeitos de retroalimentação negativa: • Administração de glicocorticoides exógenos diminui a secreção de CRH e ACTH • Inibem secreção de glicocorticoides endógenos → Atrofia do córtex adrenal • São necessários meses para o retorno da função normal Efeitos fisiológicos • Metabolismo: carboidratos, lipídios e proteínas • Diminuição da massa muscular, fraqueza • Redução do crescimento em crianças • Efeitos catabólicos sobre ossos, tecido conjuntivo, tecido adiposo e pele • Acúmulo de gordura em certas regiões e retenção hídrica Efeitos anti-inflamatórios Todas as etapas do processo inflamatório são bloqueadas ou retardadas pelo uso de corticoides • Reduzem a permeabilidade do endotélio → Redução do edema • Inibem a produção de substancias vasodilatadoras • Inibem a marginação e migração de leucócitos, impedindo o infiltrado celular de identificar o agente invasor, de secretar fatores de crescimento, de repor as células lesadas, etc. • Dificultam a deposição de fibrina e proliferação de fibroblasto → Retardando a cicatrização • Inibem a cascata de reação que leva à produção de PGs, através da diminuição da disponibilidade de ácido araquidônico. • Diminuem a liberação de histamina Efeitos imunossupressores: Inibem a expressão de moléculas de adesão, a migração celular, a expressão de citocinas, a degranulação de mastócitos, a expressão de COX- 2, a expressão de antígenos, a vascularização, a cicatrização Estimulam a síntese de lipocortinas. As lipocortinas são responsáveis por inibem Fosfolipase A2 (PLA2) → Diminuição da formação de ácido araquidônico, comprometendo toda a cascata de formação de eicosanoides OBS: Por suprimir o sistema imune, os esteroides podem ser usados para diminuir a rejeição a transplantes e a enxertos Precauções relacionadas ao uso crônico • ↑K+ – Aumentar a ingestão de potássio, pois o paciente tem aumento da excreção desse íon • ↓Na+ – Reduzir ingestão de sódio na dieta do paciente, pois ele está reabsorvendo mais • Pacientes que fazem uso devem ter um controle calórico, pois o desequilíbrio do metabolismo de lipídios pode aumentar a tendência à obesidade • O paciente deve aumentar a ingestão proteica para compensar a perda gerada pela gliconeogênese e aumento do catabolismo proteico • Para prevenir osteoporose esses pacientes devem ser acompanhados por um fisioterapeuta e alguma suplementação de vitamina D • Esses pacientes ficam mais predispostos a infecções oportunistas. Deve-se, então, tomar cuidado em ralação a isso Efeitos colaterais do tratamento Outros: • Aumento da pressão intraocular • Podem provocar úlcera ao diminuir a resposta imune contra a H. pilory • Redistribuição da cordura corporal (Síndrome de Cushing) Síndrome de Cushing: É uma desordem endócrina causada por níveis elevados de glicocorticoides no sangue. São sintomas dessas síndromes: • Acúmulo de gordura na região abdominal baixa → Corpo piriforme • Afinamento de membros superiores e inferiores por conta do catabolismo dos músculos → Fraqueza proximal • Face em lua-cheia → Acúmulo de gordura • Corcunda de búfalo → Acúmulo de gordura na região posterior ao pescoço • Afinamento da pele • Hipertensão arterial e intracraniana • Maior facilidade de hematomas • Dificuldade de cicatrização • Osteoporose • Susceptibilidade a infecções • Tendência a hiperglicemia Contraindicações • Pacientes com úlceras • Hipertensos • Cardiopatas, pacientes com ICC • Diabéticos • Pacientes com osteoporose • Em casos de glaucoma • Pacientes com infecções crônicas (Herpes, HIV) • Hepatopatas* → Deve-se evitar compostos que passem por metabolização hepática para ativação, como cortisona e prednisona Farmacocinética • Podem ser administrados por via tópica, oral e/ou parenteral • Possuem alta afinidade por proteínas plasmáticas e entram nas células por difusão (lipossolúveis) • São metabolizados no fígado, onde sofrem inativação • Sofrem conjugação com ácido glicurônico para serem eliminados pela urina • Atravessam a barreira placentária → Podem ser administrados para prevenir a virilização em fetos femininos portadores de hiperplasia adrenal congênita. Também podem induzir a maturação pulmonar nos fetos que sofreram interrupção prematura da gestação