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DEFINIÇÃO Apresentação dos modelos de seleção adversa, como o dos “limões” de Akerlof, e de sinalização e filtragem, bem como o problema de risco moral por meio de um modelo de salário eficiência. PROPÓSITO Estudar os principais modelos de informação assimétrica em economia: seleção adversa, sinalização, filtragem e risco moral. PREPARAÇÃO Antes de iniciar o conteúdo desse tema, certifique-se de ter papel e lápis por perto para acompanhar os exemplos e demonstrações. Lembre-se: o estudo de teoria microeconômica não se faz com a mera leitura, mas com o acompanhamento dos passos das demonstrações para que a intuição por trás das contas seja compreendida. O conteúdo utiliza conceitos de cálculo multivariado, otimização e teoria dos jogos. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever modelos de seleção adversa MÓDULO 2 Descrever modelos de risco moral INTRODUÇÃO Diversas transações econômicas são caracterizadas por informação assimétrica. Uma firma não conhece perfeitamente a produtividade de um funcionário, nem consegue acompanhar o esforço que ele colocará em cada tarefa. Neste tema, trataremos de alguns dos principais problemas informacionais em economia. 1º Veremos o modelo de seleção adversa e duas soluções possíveis: sinalização e “filtragem” (screening). 2° Veremos o modelo de risco moral. MÓDULO 1 Descrever modelos de seleção adversa O MERCADO DOS LIMÕES DE AKERLOF A informação incompleta é um dos principais problemas que pode afetar uma transação econômica. EXEMPLO Quando você quer comprar um carro usado, não sabe se ele está ou não em bom estado. Vamos começar revisitando formalmente os conceitos ligados à estrutura informacional. Informação completa ou incompleta diz respeito ao conhecimento dos jogadores sobre os payoffs do jogo. PAYOFFS É a utilidade (ou o lucro) que um jogador obtém para cada combinação de estratégias de todos os jogadores. Por exemplo, se jogamos par ou ímpar, e eu ganho um ponto se o resultado for par, a combinação de estratégias ‘eu jogo par, você joga par’ me oferece um payoff igual a 1. Informação completa Todos os jogadores conhecem os payoffs de todos os demais jogadores para todas as combinações possíveis de estratégias. Informação incompleta Pelo menos um jogador não conhece o payoff de, no mínimo, outro jogador, para uma combinação possível de estratégias. QUANDO HÁ ASSIMETRIA DE INFORMAÇÃO, FREQUENTEMENTE, HÁ PERDA DE EFICIÊNCIA. OU SEJA, O MERCADO NÃO CONSEGUE REALIZAR TODOS OS GANHOS DE TROCA. O preço de equilíbrio será diferente do obtido caso todos soubessem todas as informações sobre todos os outros agentes. Vamos voltar ao exemplo do carro usado: Um veículo se desvaloriza imediatamente após a sua retirada da concessionária. Inicialmente, isso parece não ter muito sentido, afinal de contas, o carro é o mesmo e, logo, deveria manter um valor igual ou — pelo menos — próximo, nos primeiros instantes após a retirada. javascript:void(0) Para entender esse fenômeno, precisamos analisar a situação em contexto geral. Intuitivamente, o raciocínio segue de tal modo: poucos indivíduos compram um carro zero quilômetro já pensando em sua revenda. Em geral, alguém só revenderá o veículo se não estiver satisfeito com ele por algum motivo. Mas, então, um cliente que observa alguém tentando vender um carro novo, recém-tirado da concessionária, sabe que a probabilidade desse vendedor ter encontrado algum problema em seu carro é alta (ou, pelo menos, maior que a de um carro comprado na concessionária, direto da fábrica). Logo, ele só aceita pagar um valor baixo pelo carro. ESSE PROBLEMA É O QUE SE COSTUMA CHAMAR DE SELEÇÃO ADVERSA. A ESTRUTURA DO MERCADO FAZ COM QUE CARROS BONS NÃO SEJAM VENDIDOS. Estudaremos, neste módulo, um modelo formal para representar esse tipo de situação. Para exemplificarmos, suponha que tenhamos uma certa quantidade de carros para serem vendidos em nossa economia. 1 Cada um é representado pela sua qualidade q. Por simplicidade, assumiremos que a qualidade q de um carro pode variar entre 0 e 1. Mais do que isso, assumiremos que a qualidade dos carros vendidos na economia é uniformemente distribuída entre 0 e 1. Também vamos assumir que, dada uma qualidade q, os potenciais compradores do carro estariam dispostos a pagar um valor q + α pelo carro, em que α > 0. 2 3 Finalmente, quando o consumidor não sabe a qualidade do carro que ele está pensando em comprar, aceita pagar um valor igual ao esperado pela qualidade do carro mais α. Por exemplo, se todos os carros em nossa economia estivessem à venda, o consumidor aceitaria pagar um preço médio: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Usaremos o conceito de equilíbrio competitivo para estudar essa situação, mas precisamos fazer algumas adaptações. Formalmente, trabalharemos com a seguinte definição: DEFINIÇÃO Para o modelo anterior, o equilíbrio competitivo será um preço p*, tal que se todos os carros com qualidade menor que p* estiverem sendo vendidos, a qualidade esperada q* de um carro satisfaz q* + α = p*. A definição apresentada se baseia na ideia de que existe um número grande de potenciais compradores de carros. SITUAÇÃO 1 SITUAÇÃO 2 Se a qualidade esperada dos carros à venda no mercado, somada a α, for maior que o preço, então, mais clientes desejarão comprar carros, levando a um aumento nos preços até que a igualdade seja novamente estabelecida. Por outro lado, se a qualidade esperada dos carros à venda no mercado somada a α for menor que o preço, então, nenhum cliente comprará, levando a uma queda de preços até que a igualdade seja estabelecida. ASSIM, A ÚNICA SITUAÇÃO DE EQUILÍBRIO TEM QUE SATISFAZER À IGUALDADE Q* + Α = P* DA DEFINIÇÃO EXPOSTA. Suponha que o preço de reserva dos consumidores, isto é, o quanto eles estão dispostos a pagar por um carro novo é dado por p. Nesse caso, todos os vendedores que possuem um carro com qualidade inferior a p estarão dispostos a vender os seus carros. Em outras palavras, os carros à venda serão dados pelo intervalo [0,p]. Contudo, isso implica que a qualidade esperada de carros à venda no mercado será dada por: p = + α = + α 0+1 2 1 2 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal E também que o preço que os consumidores estão dispostos a pagar por um carro novo é: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Para obtermos uma situação de equilíbrio, como vimos, precisamos que o preço de reserva dos consumidores seja igual à qualidade esperada de um carro novo mais α. Ou seja, precisamos que: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Resolvendo, obtemos p=2α Note que: Quando α=0, isto é, quando os consumidores só aceitam pagar exatamente a qualidade esperada por um carro novo, nenhum é vendido, pois a qualidade esperada dada por fica menor que p. Afinal, não faz sentido pagar um valor p em um carro que acredito valer apenas . q∗ = = . 0+p 2 p 2 + α p 2 + α = p p 2 + α p 2 p 2 Similarmente, quando , os consumidores pagam um preço igual à qualidade máxima de um carro, e todos são vendidos. Para ver isso, lembre-se de que q está distribuído entre 0 e 1, se , segue que p=1, ou seja, o valor máximo de q. Intuitivamente, esse segundo caso significa que os compradores estão dispostos a pagar o mesmo que pagariam em um carro comprado direto da concessionária, imaginando que a qualidade deles é a melhor possível e o preço a ser pago deve ser o de uma mercadoria desse tipo. Segue que, para valores de α entre 0 e , os consumidores acabam pedindo um preço igual a 2α, e apenas carros com qualidade inferior a 2α são vendidos. A PREVISÃO GERADA PELO MODELO É JUSTAMENTE PORQUE O PREÇO É BAIXO E, EM EQUILÍBRIO, SOMENTE CARROS DE BAIXA QUALIDADE SÃO VENDIDOS. O fato de os compradores não conseguirem diferenciar um carro de alta qualidade faz com que eles só queiram pagar um valor muito baixo, o que acaba tirando os carrosde qualidade mais alta do mercado. Em uma situação econômica real, seria natural que os proprietários pudessem garantir a qualidade aos compradores. Um meio simples de fazer isso seria permitir que o comprador levasse o carro a um mecânico para ser avaliado. α = 1 2 α = 1 2 1 2 SINALIZAÇÃO Soluções desse tipo levaram ao desenvolvimento de modelos de sinalização em economia. Passaremos, agora, a um exemplo que é particularmente importante. Imagine que, em uma economia, existam firmas procurando por trabalhadores. Suponha que, nessa economia, existem apenas dois tipos de trabalhadores: De produtividade alta Conseguem produzir uma quantidade θA>0. Suponha que a proporção de trabalhadores de alta produtividade seja α. De produtividade baixa Só conseguem produzir uma quantidade θB, onde θA>θB>0. Suponha que a proporção de trabalhadores de produtividade baixa seja (1-α). Isso implica em uma situação na qual, caso não houvesse a possibilidade de sinalização, as firmas ofertariam um salário: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal w = αθA +(1 − α)θB A intuição é que, como as firmas não conseguem diferenciar os trabalhadores no mercado antes de contratá-los, elas oferecem um salário igual à produtividade média nesse mercado para todos os trabalhadores. EDUCAÇÃO Agora, imagine que os trabalhadores podem obter educação, aprendendo, por exemplo, sobre teoria dos contratos. Nesse modelo, a educação não terá nenhum efeito sobre a produtividade dos trabalhadores. Assumimos isso porque queremos “isolar” o efeito da sinalização — pense como se estivéssemos desprezando o atrito do vento em física. Essa hipótese não afeta as conclusões principais do modelo. O diploma obtido poderá ser usado pelos trabalhadores mais produtivos como um sinal sobre sua produtividade. Embora a educação não tenha efeito sobre a produtividade dos agentes, assumiremos que, para obtê-la, os trabalhadores de produtividade baixa incorrem em custo cB>0. É intuitivo imaginar que os trabalhadores menos produtivos terão que se esforçar mais para passar com notas boas nas disciplinas da universidade, por exemplo. Ou seja, estamos supondo que a produtividade do indivíduo afeta sua performance tanto nos estudos quanto no trabalho. Para completar a descrição desses trabalhadores, definiremos suas funções de utilidade. Nossa hipótese será que dado um salário w: Trabalhador A A utilidade de um trabalhador do tipo A será igual a w (independentemente de ter obtido educação). Trabalhador B A utilidade do trabalhador do tipo B, se houver obtido educação, será igual a w-cB. Uma vez definidas as utilidades dos trabalhadores, precisamos definir formalmente o comportamento das firmas que os contratarão. AS FIRMAS NÃO CONSEGUEM OBSERVAR O TIPO DOS AGENTES, MAS SABEM SE ELES OBTIVERAM OU NÃO EDUCAÇÃO. Se os dois trabalhadores nesse mercado fizerem a mesma escolha - seja obter educação, seja não obtê-la -, as firmas não serão capazes de distingui-los, e oferecerão o mesmo salário para todos. Esse salário será simplesmente a produtividade média: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Agora, pense que: Um trabalhador resolve obter educação. Enquanto o outro trabalhador, não. Nesse caso, as firmas conseguem, facilmente, diferenciar um trabalhador do outro. Assim, elas oferecem um salário θA para o trabalhador A e um salário θB para o trabalhador B. Indivíduos com maior nível educacional obtêm salários maiores mesmo que educação não tenha impacto sobre a produtividade. Se elaborarmos a hipótese de que educação aumenta a produtividade, esse efeito fica ainda mais forte. O jogo que surge dessa descrição pode ser representado pela seguinte matriz de payoffs: Jogador B Estudar Não estudar Jogador A Estudar αθA +(1 − α)θB αθA +(1 − α)θB, αθA +(1 − α)θB − cB θA, θB javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Não estudar Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Podemos, então, obter os equilíbrios de Nash. Vamos considerar parâmetros tais que: EQUILÍBRIO DE NASH É uma combinação de estratégias na qual nenhum jogador tem incentivo unilateral ao desvio. Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal A produtividade do trabalhador B é baixa, mas não tanto — é maior que a média. Isso pode ocorrer porque a produtividade do trabalhador do tipo B não é tão baixa em relação à do tipo A, ou porque a proporção do tipo A na economia (medida por α) é baixa. SAIBA MAIS Você pode analisar o caso em que essa desigualdade é revertida, lendo o arquivo modelo de sinalização. Nesse caso, haverá somente um equilíbrio de Nash no jogo, descrito por: (A estuda,B não estuda) Ou, simplesmente: (Estuda,Não estuda) Vamos mostrar o processo de decisão ótima dos jogadores para chegar a esse equilíbrio: QUANDO O JOGADOR B JOGA NÃO ESTUDAR Quando B joga Não estudar, a melhor resposta para A é Estudar. Nesse caso, a melhor resposta que B pode dar para a decisão de A é, justamente, Não estudar. Segue que (Estuda,Não estuda) é o único equilíbrio de Nash em que B decide não estudar. QUANDO O JOGADOR B JOGA ESTUDAR Supondo agora que B jogue Estudar. Nesse caso, a melhor resposta de A é Não estudar. Mas quando A joga Não estudar, a melhor resposta de B é não estudar. Segue que não há equilíbrio de Nash onde B estuda. LOGO, HÁ UM ÚNICO EQUILÍBRIO DE NASH NESSE JOGO: (ESTUDAR,NÃO ESTUDAR). Podemos concluir que, quando o custo de obter educação para um trabalhador menos produtivo (isto é, menos qualificado) for suficientemente alto, o trabalhador mais produtivo escolherá obter educação para sinalizar ao mercado que é diferente do trabalhador improdutivo. θA, θB − cB αθA +(1 − α)θB, αθA +(1 − α)θB αθA +(1 − α)θB − cB ≤ θB javascript:void(0) javascript:void(0); FILTRAGEM OU SCREENING Agora, vamos pensar em um problema diferente dentro do mercado de trabalho. No problema que acabamos de ver, o trabalhador decide por se educar ou não, mesmo que não afete sua produtividade, pois isso mandava um “sinal” para as firmas. Vamos supor que, em vez de as firmas ofertarem apenas salários, elas possam oferecer contratos mais elaborados para descobrir quão produtivos de fato são esses trabalhadores que elas pretendem contratar. Esse problema é conhecido na literatura, como “screening”, “filtragem” ou “triagem”, por descrever o processo das firmas no oferecimento de contratos que “filtrem” os mercados, separando, por exemplo, os trabalhadores produtivos dos improdutivos. Suponha que uma firma, nesse mercado, tenha a possibilidade de oferecer contratos que especificam um salário w e uma tarefa com nível de dificuldade t. Nossa hipótese, aqui, é que a dificuldade t poderá tomar qualquer valor positivo e que uma tarefa com essa dificuldade não afeta a produtividade do trabalhador. Essa tarefa pode ser um desafio mais fácil para trabalhadores mais produtivos, mas sem impacto sobre a produtividade. Dessa forma, um trabalhador tipo i, onde i = A ou B, ao assinar um contrato (wi,ti ), recebe uma utilidade da forma: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Na expressão anterior, temos que . Assumiremos que uma fração α dos trabalhadores é do tipo A, e uma fração 1-α é do tipo B. Assumiremos, também, que o mercado é competitivo. O problema de uma firma atuando nesse mercado é escolher um par de contratos que serão direcionados aos dois tipos de agentes possíveis. Dado esse par escolhido, o lucro dela será dado por: ui(wi, ti)= wi − cit cA < cB {(wA, tA),(wB, tB)} Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Ou seja, a firma obtém um lucro (produtividade menos salário) para cada trabalhador do tipo alto, o que ocorre em uma proporção α dos trabalhadores. Analogamente, a firma obtém , para cada trabalhador do tipo baixo, o que ocorre em uma proporção 1-α. Para queexista um equilíbrio nesse mercado, um par terá que satisfazer algumas condições. Temos, inicialmente, as chamadas restrições de participação (RP): Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Essas restrições dizem apenas que vale a pena, para um trabalhador, aceitar um contrato que paga wi e exige uma tarefa ti, em que podemos ter i = A ou i = B. A primeira linha diz que a utilidade do trabalhador do tipo A, ao aceitar o contrato ( ), é maior do que zero — caso contrário, ele não aceitaria esse contrato. A segunda linha é análoga para o tipo B. Temos, ainda, as restrições de compatibilidade de incentivos (RCI): Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Observe a primeira linha: Do lado esquerdo Temos a utilidade do trabalhador A, que tem custo cA, ao aceitar o “contrato certo” para ele: . Do lado direito Temos a utilidade que o trabalhador A teria ao pegar o “contrato errado”, ou seja, o contrato desenhado para o tipo B: . A segunda linha é análoga para o trabalhador B. Como as firmas operam em um mercado competitivo, os contratos ( ) e ( ) devem gerar lucro esperado zero: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Por último, não existe um par de contratos , tal que uma firma nova possa entrar nesse mercado e obter lucro positivo. π = α(θA − wA)+(1 − α)(θB − wB) (θA − wA) (θB − wB), {(wA, tA),(wB, tB)} wA − cAtA ≥ 0 wB − cBtB ≥ 0 wA − cAtA wA − cAtA ≥ wB − cAtB wB − cBtB ≥ wA − cBtA (wA, tA) (wB, tB) wA, tA wB, tB α(θA − wA)+(1 − α)(θB − wB)= 0 {(wA, tA),(wB, tB)} Vamos, primeiramente, verificar a situação em que a firma consegue identificar os dois tipos de trabalhadores. Nesse caso, o único equilíbrio será o par: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal O QUE ISSO SIGNIFICA? Que a firma paga a cada tipo de trabalhador exatamente a sua produtividade ( e ), e, portanto, obtém lucro zero. Em segundo lugar, não há necessidade de fazer uma exigência de tarefas custosas e sem impacto sobre produção; logo, . Esses contratos dão utilidades positivas para os agentes. Logo, satisfazem as restrições de participação. Para ver isso, basta reescrever as utilidades de cada agente: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal CONDIÇÕES RCI As condições de RCI são trivialmente satisfeitas, pois a firma consegue oferecer contratos separados para os dois agentes, por conseguir diferenciá-los. Efetivamente, as condições RCI sequer são necessárias, pois estamos supondo que a firma conhece o tipo de cada trabalhador e, portanto, pode condicionar a cada um deles apenas um tipo de contrato. A terceira propriedade, na qual as firmas obtêm lucro zero, pode ser imediatamente verificada, substituindo os valores de θi na equação de lucro: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal A quarta propriedade, na qual não existe um par de contratos que uma firma entrante possa oferecer que lhe forneça lucro positivo, é a que resta verificar. Se uma firma quiser entrar no mercado, ela deve oferecer um contrato que seja aceito por, pelo menos, um dos trabalhadores. Observe que: 1. Os dois trabalhadores estão recebendo um salário igual às suas produtividades marginais enquanto realizam uma tarefa com esforço igual a zero. 2. A única forma de uma firma entrante oferecer um contrato mais atrativo para um dos dois tipos de agente seria via aumento de salário, uma vez que o esforço já está no menor valor possível. {(wA, tA),(wB, tB)}= {(θA, 0),(θB, 0)} wA = θA wB = θB tA = tB = 0 wA − cAtA ≥ θA − cA × 0 = θA > 0 wB − cBtB ≥ θB − cB × 0 = θB > 0 α(θA − wA)+(1 − α)(θB − wB)= α(θA − θA)+(1 − α)(θB − θB)= 0 3. Porém, um salário maior que a produtividade marginal θi dos trabalhadores levaria a um lucro negativo, o que viola a condição de lucro zero. 4. Segue que é impossível que uma firma que queira entrar nesse mercado consiga oferecer um par que lhe forneça lucro positivo. Por fim, precisamos mostrar que esse equilíbrio é único. Suponha que exista um outro equilíbrio em que o agente tipo i = A ou B assine um contrato , tal que . Com base nisso, vamos analisar alguns pontos: 1 2 3 Nesse caso, há uma diferença positiva entre a produtividade marginal e o salário do trabalhador. Isso permite que uma firma entrante ofereça um contrato em que o trabalhador possui o mesmo nível de esforço, porém ganha um salário um pouco superior, ou seja, um contrato . Mais precisamente, um contrato com qualquer valor , tal que e . Nesse caso, como , e , temos que a firma consegue lucro positivo e o agente aceita o contrato novo. Para evitar que essa situação ocorra, as firmas que já estão no mercado devem definir um salário , tal que para i = A ou B. Como vimos, não é possível oferecer para qualquer tipo de trabalhador, pois a firma incorreria em lucro negativo, o que viola uma das condições para o contrato, se for de equilíbrio. Portanto, em qualquer equilíbrio, temos que para qualquer i = A ou B. Agora, vamos analisar uma situação em que o contrato oferecido em equilíbrio pelas firmas exija um nível de esforço positivo. Ou seja, o contrato oferecido a um trabalhador tipo i (em que podemos ter i = A ou i = B) é um par com . ANÁLISE DO CASO Nesse caso, uma firma entrante poderia oferecer um contrato , em que e , que atrairia os agentes do tipo i e daria um lucro positivo à firma entrante. Logo, o único equilíbrio para essa situação é o par de contratos .Isso conclui a demonstração de unicidade do equilíbrio. Lidaremos, agora, com o caso mais interessante desse modelo de “screening” ou “filtragem”: Vamos supor que a firma, operando nesse mercado, não consegue identificar os dois tipos de trabalhadores. Ela observa apenas o conjunto daqueles disponíveis, porém não consegue dizer quais são os mais produtivos. {(wA, tA),(wB, tB)} (wi, ti) wi < θi θi − wi > 0 (w̃i, t̃ i) w̃i t̃ i = ti wi < w̃i < θi θi − w̃i > 0 w̃i > wi t̃ i = ti, wi, wi ≥ θi wi > θi wi = θi (θi, ti) ti > 0 (w̃i, t̃ i) t̃ i = 0 θi − citi < w̃i < θi {(wA, tA),(wB, tB)}= {(θA, 0),(θB, 0)} Como ela pode oferecer um par de contratos em que um deles seja atraente somente para os trabalhadores do tipo A, de alta produtividade, e outro, somente para trabalhadores do tipo B, de baixa produtividade, permitindo que eles se separem entre contratos? Essa possibilidade terá uma série de implicações: O par de contratos de equilíbrio contará com um contrato diferente para cada tipo de trabalhador; O contrato oferecido para o trabalhador do tipo i, necessariamente, satisfaz à condição , ou seja, cada trabalhador recebe pagamento pela sua produtividade e, portanto, as firmas têm lucro zero; wi = θi Em equilíbrio, : o trabalhador B (pouco produtivo) não precisa realizar qualquer tarefa para demonstrar sua produtividade; Em equilíbrio : o trabalhador A (muito produtivo) realiza algum esforço adicional (o valor de tA) para se diferenciar do trabalhador B. Provaremos cada um desses resultados. PRIMEIRO Verificaremos que cada trabalhador recebe um tipo diferente de contrato. Se uma firma oferece um mesmo contrato (w,t) para ambos os trabalhadores, temos, pela condição de lucro zero em mercado competitivo: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Lembre-se de que . Resolvendo a condição anterior, temos, necessariamente, . Isso indica que é possível que uma firma entrante surja e ofereça um novo contrato , onde: (wB, tB)=(θB, 0) (wA, tA)=(θA, )θA−θB cB α(θA − w)+(1 − α)(θB − w)= 0 θA > θB θA − w > 0 (w̃, t̃ ), E Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal ATENÇÃO Note a ausência do subscrito i no contrato oferecido: a firma entrante também oferece um contrato igual a ambos os agentes, bem como um único contrato, com salário maior e esforço diferente. Como isso afetaria a decisãodos trabalhadores de tipos diferentes? Para trabalhadores tipo A, temos: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Ou seja: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal De maneira análoga, podemos obter que, para trabalhadores do tipo B: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal O contrato da firma entrante conseguiria atrair somente os trabalhadores do tipo A, deixando os trabalhadores do tipo B nas firmas antigas. Mas se a firma entrante atrai somente trabalhadores do tipo A, ela conseguiria obter lucro positivo, pois , contrariando a definição de equilíbrio. Assim, em equilíbrio, as firmas oferecem contratos diferentes para tipos de trabalhadores diferentes. SEGUNDO Vamos verificar se o contrato oferecido para o trabalhador do tipo i = A,B satisfaz, necessariamente, a condição . Para isso, analise as duas suposições a seguir: SUPOSIÇÃO 1 SUPOSIÇÃO 2 w < w̃ < θA t̃ = t + (w̃ − w)1 cA+cB 2 w̃ − cAt̃ = w̃ − cAt − (w̃ − w)> w̃ − cAt −(w̃ − w)= w − cAt cA cA+cB 2 w̃ − cAt̃ > w − cAt w̃ − cBt̃ < w − cBt θA − w̃ > 0 wi = θi Suponha que o salário no contrato oferecido ao trabalhador do tipo B satisfaça . Nesse caso, a firma entrante poderia oferecer um contrato , tal que e . Ainda nesse ponto, trabalhadores do tipo B aceitariam tal contrato, pois oferece um salário maior e o mesmo nível de esforço, e a firma ainda conseguiria lucro positivo. Conclui-se que, em equilíbrio, o contrato oferecido tem que obedecer . Suponha agora que o contrato oferecido ao trabalhador do tipo A satisfaça . Nesse caso, a firma entrante pode oferecer um contrato , tal que e . Fazendo uma conta semelhante à do caso no qual a firma oferece o mesmo contrato para os trabalhadores, chegamos a: Portanto, trabalhadores do tipo B não seriam atraídos por esse contrato. Nesse caso, a firma entrante, ao oferecer , obteria lucro positivo, o que violaria a condição de lucro zero das firmas em mercado competitivo. Logo, precisamos ter . Consequentemente, como precisamos ter , e, também, , vemos que necessariamente , . TERCEIRO Vamos verificar que, em equilíbrio, temos necessariamente: Já sabemos que . Precisamos agora mostrar que . Suponha que estejamos em uma situação de equilíbrio onde . Uma firma entrante, nesse caso, poderia oferecer um contrato , onde e . Note que, aqui, teríamos . Isso implica que os trabalhadores do tipo B aceitariam esse contrato. Porém, significa ainda, que a firma obtém lucro positivo em equilíbrio, contradizendo a condição de lucro zero. Assim temos que no contrato de equilíbrio de um modelo de screening, e esse contrato deve ser . QUARTO Por último, vamos verificar que, em equilíbrio, temos necessariamente: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Já sabemos que o contrato para o trabalhador do tipo B é: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal wB < θB. (w̃B, t̃ B) wB < w̃B < θB t̃ B = tB wB ≥ θB (wA, tA) wA < θA (w̃A, t̃ A) wA < w̃A < θA t̃ A = tA + (w̃A − wA)1 cA+cB 2 w̃A − cAt̃ A > wA − cAtA w̃A − cAt̃ A < wB − cBtB (w̃A, t̃ A) wA ≥ θA wB ≥ θB wA ≥ θA α(θA − wA)+(1 − α)(θB − wB)= 0 wB = θB wA = θA (wB, tB) = (θB, 0) wB = θB tB = 0 tB > 0 (w̃B, t̃ B) t̃ B = 0 θB − cBtB < w̃B < θB θB − cBtB < w̃B − cBt̃ B. tB = 0 (wB, tB) = (θB, 0) (wA, tA)=(θA, )θA−θB cB (wB, tB) = (θB, 0) Contudo, o mesmo deve satisfazer a sua restrição de compatibilidade de incentivo (RCI), ou seja, o trabalhador do tipo B não pode considerar mais vantajoso para si o contrato oferecido para o trabalhador do tipo A. Portanto, é necessário que , já considerando o fato de que, em equilíbrio, temos . Isolando o termo nessa desigualdade, obtemos que . Suponha que: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Nesse caso, uma firma entrante pode oferecer um contrato em que E Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Note que: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Logo, esse contrato não seria atrativo para agentes do tipo B. Por outro lado, temos que: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Logo, o contrato oferecido pela firma entrante atrairia os agentes do tipo A e ela conseguiria lucro positivo, violando uma das condições de equilíbrio. O contrato de equilíbrio oferecido para o trabalhador do tipo A tem que ser, necessariamente, θB ≥ θA − cAtA wA = θA tA tA ≥ θA−θB cB tA > θA−θB cB tA = θA−θB cB θA − cA(tA − t̃ A)< w̃A < θA θB = θA − cBt̃ A > w̃A − cBt̃ A wA − cAtA = θA − cAtA = θA − cA(tA − t̃ A)−cAt̃ A < w̃A − cAt̃ A (wA, tA)=(θA, ). θA−θB cB Neste vídeo, o especialista explicará alguns pontos que foram abordados nas quatro possibilidades referentes às ofertas dos contratos para trabalhadores dos tipos A e B. Esse conjunto de proposições que acabamos de verificar caracteriza o contrato de equilíbrio em um mercado competitivo de firmas. Note, porém, que — em nenhum momento — mostramos que o equilíbrio existe, apenas assumimos isso. Essa discussão não será realizada neste momento. Para os fins presentes, assumiremos que os parâmetros são tais que existe um equilíbrio competitivo. Observe que a assimetria informacional gera uma distorção alocativa, com perda de eficiência. Tanto em sinalização quanto em filtragem, algum agente precisa incorrer no custo de fazer algo sem valor para se diferenciar de outro. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Descrever modelos de risco moral MODELOS DE RISCO MORAL: ESTRUTURA BÁSICA Até aqui, vimos situações em que há incerteza a respeito do tipo de um dos lados do mercado, seja a respeito da qualidade de um carro ou da produtividade de um potencial empregado. AGORA, VAMOS FOCAR EM UM PROBLEMA MUITO IMPORTANTE NA ECONOMIA: INCERTEZA A RESPEITO DA AÇÃO DOS AGENTES. ESSES SÃO OS PROBLEMAS DE MORAL HAZARD OU RISCO MORAL, EM PORTUGUÊS (CHAMADO, ÀS VEZES, DE PERIGO MORAL). Pense em uma situação na qual uma firma planeja contratar um gerente para implementar um projeto. Vamos supor que o lucro que a firma ganha com esse projeto é aleatório, porém depende do esforço do gerente, ou seja, o trabalho do gerente afeta a distribuição do lucro da firma. Se o gerente se esforçar, temos uma maior probabilidade de lucro alto. Formalmente, temos um projeto que pode ter retorno alto πA ou baixo πB , logo: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Vamos também supor que ambos sejam maiores que zero. Vamos analisar duas situações: πA > πB Com esforço Se há esforço por parte do gerente, há uma probabilidade pe de se obter o retorno alto πA. Portanto, há uma probabilidade (1-pe) de que o retorno seja baixo. Sem esforço Se não há esforço por parte do gerente, a probabilidade do retorno ser alto é apenas pn, tal que 0 < pn < pe. Ou seja, um menor esforço do gerente gera menor probabilidade de retorno alto. Nesse caso, a probabilidade de retorno baixo é (1-pn). O ESFORÇO É CUSTOSO PARA O GERENTE. CASO ELE DECIDA REALIZAR UM ESFORÇO ALTO, PAGARÁ UM CUSTO PESSOAL CE>0 (NÃO HÁ CUSTO SE NÃO HOUVER ESFORÇO). COMO A FIRMA LIDA COM ESSA SITUAÇÃO? Idealmente, ela gostaria de oferecer uma remuneração condicional ao esforço: Pagamento mais alto, caso o gerente se esforce. javascript:void(0) javascript:void(0) Pagamento mais baixo na ausência de esforço. Se a firma não consegue observar o esforço do gerente, uma vez que só pode condicionar sua remuneração ao retorno observado (alto ou baixo). O problema é que esse lucro não depende apenas do esforço do gerente, mas também da sorte. O ESFORÇO AUMENTA A PROBABILIDADE DE SUCESSO, MAS NÃO É UMA GARANTIA! Assumiremos que a firma é neutra ao risco e, por conta disso, deve, simplesmente, maximizar o lucro esperado. Assumiremos, também, que a função utilidade do gerente é da seguinteforma: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Onde w é o salário recebido por ele e ce, o custo que incorreu ao se esforçar, na forma de perda de utilidade. RELEMBRANDO O custo de esforço é igual a zero caso o gerente não exerça esforço! A FUNÇÃO U(.) É CONTÍNUA, ESTRITAMENTE CRESCENTE (I.E. U' > 0) E ESTRITAMENTE CÔNCAVA (I.E. U'' < 0). Dada essa função, o problema do gerente é maximizar sua utilidade esperada. Como a utilidade é estritamente côncava, o gerente é avesso ao risco. u(w) − ce javascript:void(0) javascript:void(0) MODELOS DE RISCO MORAL: EQUILÍBRIO Como referência, vamos, primeiramente, investigar o caso de esforço observável, em que a firma consegue verificar se o gerente se esforçou ou não para aumentar o seu retorno. Vamos supor que ela, realmente, deseje que o gerente se esforce — ou seja, o retorno quando o esforço é alto compensa quaisquer custos. SAIBA MAIS Você pode ver uma versão deste modelo de contrato em que o incentivo ao esforço do gerente não vale a pena para a firma. VAMOS CONSTRUIR O LUCRO ESPERADO DA FIRMA, SUPONDO QUE O AGENTE SE ESFORCE. Precisamos considerar as duas probabilidades: COM SUCESSO SEM SUCESSO Há uma probabilidade pe de sucesso, na qual a firma obtém um retorno (πA-wA), ou seja, a diferença entre o retorno alto πA e a remuneração wA que paga ao gerente em caso de sucesso. Em caso de fracasso, o que ocorre com probabilidade (1-pe ), a firma tem lucro (πB-wB): analogamente, essa é a diferença entre o retorno baixo πB e a remuneração wB que paga ao gerente em caso de fracasso. O lucro esperado é, portanto: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Para maximizar esse lucro esperado, a firma escolhe as remunerações: Porém, ela precisa garantir que esses pagamentos sejam tais que, uma vez considerada a probabilidade de sucesso e o custo pessoal de esforço, o gerente aceite o contrato. Incluímos, então, a restrição de participação do agente: AGENTE No caso analisado, o agente é o gerente. Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal pe(πA − wA) + (1 − pe)(πB − wB) pe(u(wA)−ce) +(1 − pe)(u(wB)−ce) ≥ 0 javascript:void(0); javascript:void(0) O lado esquerdo é simplesmente a utilidade esperada que o gerente obtém ao se esforçar. Vamos entender cada termo: 1 Com probabilidade pe, o retorno da firma é alto e, portanto, o gerente recebe um salário wA, que dá a ele utilidade u(wA). Descontando o custo de esforço ce, obtemos a utilidade “líquida” do gerente nesse caso: (u(wA)-ce). 2 3 Analogamente, há uma probabilidade (1-pe) de obtenção de um retorno baixo. Nesse caso, o gerente recebe um pagamento wB e fica com utilidade líquida (u(wB)-ce). A desigualdade diz apenas que essa utilidade esperada é não negativa — caso contrário, o agente nem assinaria o contrato. 4 A firma quer maximizar seu lucro esperado, respeitando a restrição de participação do agente. Matematicamente, ela irá escolher pagamentos para maximizar a seguinte função: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Sujeito a: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal O que esse problema nos diz é: A FIRMA DEVE ESCOLHER REMUNERAÇÕES (SALÁRIOS) CONDICIONAIS AO RETORNO OBSERVADO (ALTO OU BAIXO), DE FORMA A MAXIMIZAR SEU pe(πA − wA) + (1 − pe)(πB − wB) pe(u(wA) − ce) + (1 − pe)(u(wB) − ce) ≥ 0 LUCRO ESPERADO, GARANTINDO QUE O GERENTE OBTENHA UMA UTILIDADE ESPERADA NÃO NEGATIVA. Podemos escrever o lagrangeano desse problema: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal As condições de primeira ordem em relação a wA e wB são: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Simplificando e resolvendo, obtemos a seguinte condição: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal U''< 0 Como u''< 0, temos que u' é estritamente decrescente. Se uma função estritamente decrescente assume o mesmo valor em dois pontos wA e wB, devemos ter necessariamente wA=wB. Assim, a decisão ótima da firma será oferecer um salário fixo we que satisfaça a condição u(we) = ce. A INTUIÇÃO POR TRÁS DO RESULTADO É SIMPLES. UMA VEZ QUE A FIRMA É NEUTRA AO RISCO E O GERENTE É AVESSO, A FIRMA ASSUME TODO O RISCO DA SITUAÇÃO. O QUE SIGNIFICA ISSO? Que o gerente, avesso a risco, recebe uma utilidade constante — ou seja, sua utilidade não varia com o retorno, que pode ser alto ou baixo. A firma, simplesmente, paga um valor constante para o gerente se esforçar, e aceita o risco de ter um lucro maior ou menor. Isso leva a um aumento de lucro da firma, pois o gerente está disposto a abrir mão de um pouco da sua renda para ter menos incerteza sobre seu salário. Vamos, agora, resolver o caso mais interessante, quando a firma não consegue observar o esforço do gerente: Esforço não observável O caso de esforço não observável é o que mostra o tipo de ineficiência que pode surgir quando existe assimetria de informação a respeito da ação de um dos agentes. L = pe(πA − wA) + (1 − pe)(πB − wB) + λ[pe(u(wA) − ce) + (1 − pe)(u(wB) − ce)] wA ∶ −pe + λpeu′(wA) = 0wB ∶ −(1 − pe) + (1 − pe)u'(wB) = 0 u′(wA) = u'(wB) javascript:void(0) Contrato salarial Em casos assim, a firma não poderá definir, em seu contrato salarial, o nível de esforço. Agora, a função do contrato será a de incentivar um certo nível de esforço desejado pela firma. Vamos supor que a firma deseje que o gerente se esforce. Nesse caso, ela resolve o problema abaixo: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Sujeito à restrição de participação e à restrição de compatibilidade de incentivo: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Vamos olhar com atenção essa segunda desigualdade (RCI), a restrição de compatibilidade de incentivo. O LADO ESQUERDO É IGUAL AO QUE TEMOS NA PRIMEIRA DESIGUALDADE (RP), QUE FOI DISCUTIDA ANTERIORMENTE: TRATA-SE DA UTILIDADE ESPERADA DO GERENTE AO FAZER ESFORÇO ALTO. O lado direito da RCI é a utilidade esperada do gerente ao não se esforçar. Observamos, então, duas diferenças: PRIMEIRA Substituímos a probabilidade de sucesso pe, que se aplica quando o gerente se esforça, pela probabilidade (reduzida) de sucesso pn, que se aplica quando o gerente não se esforça. SEGUNDA Do lado direito da RCI, não temos o custo de esforço ce. Ou seja, o gerente tem um trade-off: pode se esforçar menos e evitar o custo de esforço, mas, com isso, ele reduz a probabilidade de obter um salário alto wA, que é pago em caso de sucesso. pe(πA − wA) + (1 − pe)(πB − wB) pe(u(wA) − ce) + (1 − pe)(u(wB) − ce) ≥ 0 pe(u(wA) − ce) + (1 − pe)(u(wB) − ce) ≥ pnu(wA) + (1 − pn)u(wB) javascript:void(0) javascript:void(0) Neste vídeo, você verá o passo a passo da conta de como simplificar e reescrever a segunda restrição, sem a necessidade de montar o lagrangeano. Esse resultado, apesar de a matemática parecer complicada por lidar com intuições sobre formas de funções e manipulação de restrições de incentivos, é — na verdade — bem intuitivo. O QUE APRENDEMOS COM ELE? Aprendemos que a firma, para induzir um gerente a se esforçar mais, deve oferecer um salário maior. Esse conceito é chamado de salário eficiência na literatura de Economia do Trabalho. É importante observar que o risco moral gera ineficiência no sentido de Pareto. ESFORÇO OBSERVÁVEL ESFORÇO NÃO OBSERVÁVEL Quando o esforço é observável, todo o risco fica com a firma, e o gerente tem uma remuneração constante. Essa é a alocação correta de risco, já que a firma é neutra e o gerente é avesso ao risco. Com esforço não observável, o contrato oferecido pela firma gera risco para um agente, que ganha mais em caso de retorno alto, e menos em caso de retorno baixo, mesmo que o retorno dependa, também, de fatores aleatórios, fora do controle do gerente. POR QUE O CONTRATO COM ESFORÇO NÃO OBSERVÁVELGERA RISCO PARA O AGENTE? Isso ocorre porque a mesma ferramenta que gera incentivo a esforço para o gerente acaba por repassar algum risco. Podemos interpretar essa ferramenta, em nosso exemplo, como um bônus quando o resultado é o desejado pela firma. Dizemos, então, que há um trade-off entre incentivos e seguro. SEGURO javascript:void(0) Entendemos “seguro” como uma distribuição de risco adequada, dada a aversão a risco de cada parte envolvida. VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste tema, vimos alguns modelos canônicos da literatura de teoria dos contratos. Eles são importantes como arcabouços para pensar em diversas situações econômicas do dia a dia, como definição de salários e mercados de seguros. Entendemos que a assimetria informacional gera ineficiência e analisamos alguns mecanismos para minimizar as perdas. Fique atento a esses mecanismos: você irá encontrá-los em contratos de trabalho, políticas públicas e diversas formas de relacionamento em que há assimetria informacional. Por último, é importante registrar que os modelos de teoria de contratos são, frequentemente, chamados de modelos de principal-agente. Nesse caso, a firma é o principal e o gerente é o agente, como visto no exemplo do módulo 2. Você encontrará essa nomenclatura com frequência. PODCAST AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS SALANIÉ, Bernard. The economics of contracts. Cambridge: MIT Press, 2017. EXPLORE+ Leia o artigo A teoria dos contratos e o Nobel da economia, disponível no site ProJuris, e aprenda um pouco com os economistas que ganharam o prêmio Nobel em 2016 por suas contribuições à teoria de contratos. CONTEUDISTA Raphael Guinâncio Bruce CURRÍCULO LATTES javascript:void(0); javascript:void(0);